IS Working Papers - Midsummer Madness e Balaclava Records. Um estudo da comunicação e da imagem em dois selos indies brasileiros

June 3, 2017 | Autor: Luiz Alberto Moura | Categoria: Music, Communication, Indie Music, Independent record labels, Alternative Rock Music
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IS Working Papers 3.ª Série, N.º 22

Midsummer Madness e Balaclava Records. Um estudo da comunicação e da imagem em dois selos indies brasileiros Luiz Alberto Moura

Porto, abril de 2016

IS Working Paper, 3.ª Série, N.º 22

Midsummer Madness e Balaclava Records. Um estudo da comunicação e da imagem em dois selos indies brasileiros Luiz Alberto Moura Universidade do Minho, Portugal E-mail: [email protected] Submetido para avaliação: fevereiro de 2016/Aprovado para publicação: março de 2016.

Resumo Este trabalho propõe discutir o uso ou a ausência, acertos e possíveis erros, estratégias e as ferramentas de comunicação utilizadas no rock independente brasileiro centrando a pesquisa em dois selos1 de renome do cenário brasileiro. Um, o Midsummer Madness, com mais de 25 anos de existência; e outro, a Balaclava Records, mais recente, que busca novas ideias para o mercado com bases oriundas de um comportamento mais empresarial e menos artístico. O foco aqui é analisar como ambos, separados por décadas de nascimento, trabalham a comunicação com seus públicos (em geral, o mesmo), um tipo de imagem institucional e com a imprensa. Lembrando que selos indies por definição são formados no lema do punk rock o DIY (“Do It Yourself”), e assim, possuem poucos fundos e pouca mão de obra disponível. Serão analisados possíveis paralelos entre eles e alguns dos selos mais emblemáticos da história da música indie como a 4AD e a Creation Records, dois selos ditos “de autor”. Se estes serviram como “modelo” para os brasileiros e como o pioneirismo de Ivo Watts-Russel e Alan McGee (respetivamente os chefões da 4AD e da Creation) ajudou a impulsionar o surgimento e a manutenção dos aqui estudados. Neste sentido, comentar-se-á o trabalho de divulgação, de formação de imagem e conversa com o público e a imprensa, e no que acertariam/falhariam nessas questões. Sempre levando em consideração as dificuldades citadas acima e assumidas quando se trata de um projeto indie. Palavras-chave: indie, comunicação, imagem, mercado.

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As palavras “selo” e “selos” referem-se respectivamente a editora e editoras fonográficas. Mantemos o uso das

palavras originais do autor com esta ressalva – Nota da editora.

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Abstract This paper aims to discuss the usage (or the lack thereof) communication tools and strategies by Brazilian indie rock record labels, focusing on two bespoke brands in the scene. The first, Midsummer Madness, has been around for more than 25 years now; the second, Balaclava Records, is younger and in search of now ideas for the market, based on a behaviour that is more business-like and less artistic. Focus here is to analyse how both labels, born decades apart, communicate with their public (which is generally the same), build a certain type of brand image and also position themselves to the media. Above all, we must bear in mind that indie labels are, by definition, based on the punkrock motto "Do it Yourself", which means they all share lack of funds and working force. We will aim to trace parallels between them and some of the most successful labels from indie history, such as 4AD and Creation Records, which have been known by their uniqueness. If these two served as models to the Brazilians, and if the pioneerism of Ivo Watts-Russel and Alan McGee (respectively, the big names behind 4AD and Creation) helped the pushing and perduring of the two that we are studying. In that sense, we will comment the publicity works, the branding and the conversation they've maintained with audiences and press, and which way they have succeeded or failed. Always bearing in mind the difficulties that are in place when you try to build an indie project. Keywords: indie, comunication, image, market.

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Introdução Indie é uma corruptela de independent. “A expressão deriva do ethos faça-você-mesmo, não inaugurado, mas fortemente disseminado e posto em prática pelo movimento punk e o que se seguiu daí, como o pós-punk, por exemplo” (Campos, 2013: 1). O conceito do “faça você mesmo” envolve ser responsável por todas as etapas de produção de algo com viés artístico, seja musical, seja editorial, como no caso de um selo (Guerra, 2013). Assim, bandas e gravadoras2 indie se proliferaram a partir da década de 80. O conceito ganha mais força se analisarmos o contexto socioeconómico em que esses produtores se encontram. A receita é antiga: quando há poucas oportunidades há sempre um movimento de criação e em direção da inovação e do risco. Se o embrião foi gerado na Inglaterra no fim dos anos 70, foi nos Estados Unidos que a estética indie se desenvolveu e proliferou. A partir da segunda metade dos anos 80 acontece um boom de bandas e com elas, as rádios universitárias (as College Radios, que deram até nome a um estilo de rock, o “college rock”) e fanzines que serviram de “imprensa oficial” dessa nova cena que não cabia e não tinha espaço no mainstream. (...) pequenos selos e gravadoras – também chamados de ‘indies – desempenharam historicamente um importante papel no que se refere ao registro e comercialização de géneros musicais geralmente pouco contemplados pelas grandes empresas fonográficas. (Galleta, 2014: 3) O indie se configura em torno de sons e de códigos estéticos, fundados em princípios artísticos. O que já se mostra como uma primeira forma de comunicação com o “mundo externo”. Bandas que não querem aparecer nas capas de discos, preferindo tomadas artísticas, sem videoclipes na maioria, sem grandes aparatos visuais ou produções. Claro que os fatores económicos ajudam e muito a moldar esse tipo de postura. Com isso, o indie se torna um género com vocabulário e linguagens próprios usados por quem vive no meio (Guerra, 2015). É um género cultural, mais do que um estilo musical apenas. Significa ter controle sobre o que se faz, ter autonomia, e carregar a estética “lo-fi”: Em meados dos anos 90, o trabalho de Barlow3 (juntamente com seus companheiros de banda Eric Gaffney e Jason Lowenstein), se tornou parte central do movimento

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O mesmo que editora – Nota da editora.

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Lou Barlow, antigo membro do Dinosaur Jr, atualmente no Sebadoh e em mais uma “dezena” de bandas.

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indie. Enquanto a maioria dos álbuns do Sebadoh continua uma banda, Barlow lançou várias gravações “lo-fi” sob vários nomes (…) (Hibbett, 2006: 7).4 Ryan Hibbett, no seu trabalho, “What’s is Indie rock”, vai fundo na análise de estigmas e comportamentos que o género suscita, como ele explica abaixo: (...) (o indie rock)' não apenas é um género estético, mas um método de diferenciação social, bem como uma ferramenta de marketing. Usando o conceito de Pierre Bourdieu de capital cultural, que traça um paralelo entre indie rock e arte elevada, ambos dependem de uma falta de popularidade para o seu valor, e requerem conhecimento especializado para ser totalmente apreciado. (...) Como partículas atómicas, eles existem em um estado paradoxal de antagonismo e de interdependência (Hibbett, 2006: 3). Esta mesma forma de pensamento pode ser visto de uma forma mais simples nas palavras de Natália Vladi: O indie rock torna-se um mercado de nicho, no qual produtores, músicos, críticos e fãs compartilham certas ideologias, posições estéticas centradas em torno de um gosto partilhado por atos e atitudes comuns, atividades comerciais e bens culturais, uma comunidade de conhecimento. São posições ideológicas divulgadas, difundidas e assimiladas através de um conjunto comum de convenções discursivas praticadas por fãs, músicos e intermediários culturais (Vladi, 2009: 4). Hibbett recorre novamente a Bourdieu para inserir a estética indie dentro da sociedade atual: Como o sociólogo Pierre Bourdieu nos fez saber, julgamentos e definições de arte têm tanto a ver com poder social e económico quanto com "gosto", que funciona para naturalizar e legitimizar tal poder; enquanto o rock indie marca a consciência de uma nova estética, ele também satisfaz junto ao público um desejo pela diferenciação social e oferece aos provedores de música uma ferramenta para explorar este desejo (Hibbett, 2006: 3). É uma cultura que se faz dos produtores para o consumidor e vice-versa. Sem o “boca a boca”, a ajuda dos fãs, o envolvimento das pessoas (não só comprando discos ou indo a shows) não haveria como a engrenagem funcionar.

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By the mid-nineties, Barlow’s work (along with that of fellow band members Eric Gaffney and Jason Lowenstein) had

become a central part of the Indie movement. While the majority of Sebadoh albums feature a full band, Barlow has released a number of superstripped-down, ‘‘lo-fi’’ recordings under various names (…). Tradução livre.

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(…) este movimento (ou momento) musical teve como um de seus aspetos significativos a busca não somente por ultrapassar as barreiras de produção fonográfica, mas também por constituir circuitos autónomos de distribuição e promoção das produções musicais. Com isto possibilitou-se que estes trabalhos pudessem circular junto a pequenos públicos, e repercutir na média impressa da cidade, ainda que não contassem o aporte das majors e que fossem muito pouco veiculados em grandes rádios e TVs (Galleta, 2014: 9). A imagem que o indie passa torna-se o cartão de visitas, a “marca”, valores e atitude perante o mercado. Assim, o entusiasmo indie se transforma num valor simbólico, defendendo que eles seriam “bons demais” para o rádio, inovadores e desafiadores demais para se ‘ouvir a toda numa estrada’. Eles se tornam os académicos e conservadores da “boa” música (Hibbett, 2006: 7).5

1. Interagindo – ou não - com o público e com os média É importante destacar alguns temas e possíveis erros cometidos pelos próprios artistas indie e que se replicam nas gravadoras escolhidas como assunto desse trabalho. Assim como o resto do mundo, para as bandas indie, a internet é o principal meio de divulgação dos seus trabalhos. Toda – ou quase toda - comunicação de um grupo indie hoje em dia é feita pela web. Há porém um erro comum de avaliação neste caso que é considerar – quase que ingenuamente – que a grande rede fará o trabalho por si mesma. Que a partir da música ou vídeo estar online que ele vai “viralizar” tendo como força propulsora a “qualidade” do material e o “poder de network” da banda. Marcos Bragatto, editor do Rock em Geral, um dos principais portais do género no Brasil, concorda com essa visão: As pessoas hoje em dia criam posts em redes sociais e acham que o serviço está feito. Não está. Poucas vezes as mensagens são direcionadas e talvez seja este o motivo de muita gente dizer que não conhece algo novo ou que nada novo é bom.

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Thus indie enthusiasts turn to symbolic value, defending what they like as ‘‘too good’’ for radio, too innovative and

challenging to interest those blasting down the highway. They become the scholars and conservators of ‘‘good’’ music. Tradução livre.

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Digo de forma geral, não só os selos. Hoje, quem quiser que ‘se vire’ para pesquisar na internet e descobrir as coisas.6 Um outro equívoco aconteceria quando essas bandas não aparecem nos média e que isso não faria diferença para elas. Hoje, ficar fora da divulgação dos veículos tradicionais não é sinónimo de não ser visto. As ferramentas na internet possibilitam a este artista mostrar o seu trabalho e consolidar um público sem, muitas vezes, estar presentes nos veículos de comunicação tradicionais como rádio e televisão. Desta forma o artista independente pode preservar sua estética (Silva, 2015: 34). Não há dúvidas quanto a isso. Mas, o erro é que nesta relação de snobismo em relação aos media não haja um plano de comunicação bem definido das bandas dentro do universo que eles escolheram trabalhar, no caso a Internet. O erro maior estaria no que Vaz afirma a seguir: O artista independente possui, mais do que ou além da intenção de preservar seus valores estéticos, uma natural aspiração aos meios de produção, movido pela convicção interior de que o seu trabalho, considerado de maior ou menor qualidade por outros, é merecedor de uma divulgação à qual os veículos estabelecidos não lhe conferem acesso (Vaz, 1988: 14). Há um sentido de “se faço algo diferente, mereço tratamento diferente” dentro do universo indie que pode ser encarado como um entrave para um melhor trabalho na comunicação. Ao tratar o que faz como artístico e não também um produto, o indie “esnoba” a comunicação como um ponto importante e vital para um público consumidor, exigente e informado. Silva ainda se foca no facto de que a internet estaria fazendo todo o trabalho para essas bandas e se não, menciona – pelo menos no texto utilizado – de que há mais componentes que estão no meio dessa relação “artista – público” e que medeiam essa “conversa”: O artista pode atualizar o site sempre que quiser e postar novas formas de conteúdos, como vídeos e áudios. Outra importante ferramenta utilizada é a interação direta com o público, a partir de uma característica da internet, que permite interação com o outro, que pode ser imediata ou não. Com isso, o público se sente mais próximo da banda e mantém uma interação mais próxima (Silva, 2015: 36).

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Marcos Bragatto, contato pessoal.

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O que ela propõe é o sonho indie ao extremo. Ser a banda mais famosa do seu grupo de amigos. Da sua rua. Se esta for a meta de sucesso da banda, perfeito. Mas então porque há a reclamação constante no meio indie de que não há espaço para este tipo de música, de que estão restritos a guetos e nichos e etc.? A maioria quer um lugar ao sol, mas não sabe como ou não está disposta a abrir mão de “dogmas” para chegar lá. Comparar ações de bandas indies com a de artistas consagrados como Radiohead na internet (como no caso do disco In Rainbows, de 2009) soa como um erro. Parece redundante, mas a internet funciona como qualquer outro veículo. Precisa ser trabalhado, de metas, de pessoas pensando em como divulgar um produto – artístico ou não – e quem ele deve atingir. Bragatto reforça a crítica à falta de planeamento: “um assessor de imprensa de uma banda perguntar, em um post público, quem queria entrevistar o artista que ele representava, que ele possuía três horários. Quem vai se interessar por uma banda oferecida assim?”. E pontua: “Depois da chegada da internet nunca mais fui bem informado. De um modo geral, as pessoas não querem mais saber profundamente sobre um determinado assunto. Ninguém desce o cursor para a tela seguinte, e há quem só fique nas manchetes”7. Em Silva, vê-se que as bandas analisadas usavam quase que na totalidade a internet e os sites de relacionamentos como Facebook, o “desaparecido” Orkut, Myspace, etc. Nenhuma das bandas pareceu ter qualquer plano de comunicação que não envolvesse ações dentro dessas redes. Em parte alguma vê-se o contacto com jornalistas, ou formadores de opinião. A visão romântica dos anos 80 e 90 parece ainda estar impregnada no indie brasileiro. Como se ainda vivessem no tempo das duas gravadoras modelo de que falaremos agora.

2. A 4AD e a Creation Records Aqui não se pretende fazer comparações – por questões óbvias – com grandes empresas e seus departamentos de comunicação. Nem também pode se furtar de associar o trabalho em si diretamente com a questão da comunicação. O que os selos indie vendem na verdade é uma imagem. Eles são um reflexo de seus criadores. O gosto de seus fundadores é o que define – pelo menos no começo – o que ele oferecerá ao público. Portanto, não são apenas bandas sendo comercializadas. São conceitos.

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Marcos Bragatto, contato pessoal.

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No meio, sabe-se do que se trata quando se fala em “Creation Records”, por exemplo. Logo vem a cabeça nomes como Jesus and Mary, Ride, My Bloody Valentine, Primal Scream, Oasis e tantos outros. Pode-se associar com os termos “shoegazer”, “noise”, drogas, entre outros. Mas, principalmente, com a palavra vanguarda. E temos o mesmo sentimento quando falamos na 4AD. Selos independentes com longevidade comprovada são, quase sem exceção, reflexos de seus patronos. Assim é com os quatro pilares da pós-punk apocalipse da GrãBretanha - Rough Trade, Fáctory, Mute e 4AD, e três deles sobrevivem até hoje 8 (Aston, 2015). A Creation, nascida em 1983, acabaria – da forma como se iniciou – em 1999. E até hoje Alan McGee segue fielmente a cartilha de “estar em todos os lugares, ver todas as bandas, saber de tudo que se passa”. Uma regra no meio: “Geoff Travis (dono da Rough Trade Records) estava nos shows, o cara estava em todos os lugares” (King, 2012: 140)9. Assim, esse “estar presente” torna-se uma forma de comunicação. Um selo, cujo dono, está de olho em tudo, vê tudo, sabe de tudo, logo, deve estar na vanguarda. Se ele “conhece tudo”, “pode ser” um filtro para os meus gostos. Se eu descobrir o que ele lança, eu posso descobrir mais do que eu gosto. Ou do que eu não gosto.

2.1 4AD A Rough Trade e a 4AD começaram como “braços” de lojas que eram pontos de encontro e referências da vanguarda musical em Londres. A Rough Trade, vem da loja de mesmo nome e a 4AD vinha da Begars Banquet, que também era um selo. WattsRussell foi impulsionado pelo chefe, Martin Mills, a usar a estrutura da Begars Banquet lançando novas bandas, mas que deveria ter mais refinamento. “Na 4AD, Ivo Watts-Russell poderia, com seu estilo refinado, criar um selo cujas identidades visual e musical eram um diferencial como seu gosto, sua elegância, sua

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Independent labels with proven longevity are, almost without exception, reflections of their patrons. So it goes with

the four cornerstones of Britain’s post-punk apocalypse – Rough Trade, Factory, Mute and 4AD, and three of them (Factory being retired years before Antony Wilson’s death from cancer) still survive today. Tradução livre. Em http://www.thevinylfactory.com/vinyl-factory-releases/art-rock-adventurism-the-complete4AD-story/, acessado em 01.05.2015. 9

Geoff Travis went to gigs, the guy was just everywhere”. Tradução livre.

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beleza e seus olhos de águia” (King, 2012: 91).10 A 4AD seria uma forma de divulgar arte e lançar bandas, com uma imagem de vanguarda e sofisticação. O próprio nome do selo é embebido num conceito. Nele, estaria contida toda uma gama de informações que levaria as ideias mencionadas e a muitas outras. A comunicação com seu futuro público começava a partir daí. Após ter que mudar o primeiro nome escolhido Axis por questões legais, Russell acharia que aquele definiria um estilo: Rebatizando de 4AD, sua gravadora, desprovida de qualquer coisa prosaica como a palavra ‘Records’ ou qualquer palavra, se encaixavam perfeitamente com a estética que Russell iria começar a desenvolver 11 (King 2012: 94). E o nome foi escolhido nessa estética minimalista, experimental como mostra King (King, 2012: 95): 1980 FORWARD 1980 FWD 1984 AD 4AD A palavra forward, numa brincadeira com o numero “4” (‘four’ e “for”, ‘para’ em inglês) e o ano de 1980, se misturam num anagrama com o que Russell queria mostrar ao mundo. Traduzindo-se nas bandas que ele contrataria, na relação conflituosa com a imprensa e num trabalho visual que se destacaria dos demais dentro do género. Na 4AD, a comunicação do selo era toda revestida desses conceitos. Arte, vanguarda, design arrojado, polémicas e contradição. Ivo Watts-Russell acabaria por se tornar tão grande (ou até maior) quanto as bandas que vendia. Porém, ninguém foi tão associado com a música que comercializava – e que criava – como Alan McGee.

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In 4AD Ivo Watts-Russell would, with his refined sense of style, create a label whose musical and visual identity was

a distinct as his piercingly good taste, his thin frame and his handsome, aquline features. 11

Rechristened 4AD their label, devoid of anything prosaic as the word "Records" or any words at all, would fit perfectly

with the aesthetics Russell would begin to develop. Tradução livre.

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2.2 Creation Records A Creation talvez seja a mais reconhecida e a mais citada quando tratamos de selos independentes. Talvez pelo sucesso comercial, pela atitude, pela forma como fora criada, gerida e trabalhada por Alan McGee. Surgida em 1983, já na primeira banda contratada, o Jesus and Mary Chain, a Creation mostrava o que seria. No primeiro show da banda assistido por McGee, toda o conceito de microfonia e distorção no volume máximo da banda acontecera por descuido do técnico de som. Combinando sorte e visão, McGee decidiu que a banda seria assim a partir dali, usando as microfonias, vindas de um erro, como uma “marca”. Deu tão certo que até hoje o Jesus é tratado como seminal no quesito noise. A Creation é a típica gravadora de “autor”. Distante dos desejos artísticos de WattsRussell, McGee tinha na cabeça apenas combinar bandas que ele gostasse com negócios. Começou com um fanzine “Communication Blur”, depois passou para agendamento de shows em pequenos pubs, até chegar à gravadora. Uma das primeiras declarações à imprensa, em entrevista à revista Sounds em 1985, mostra bem como seria a imagem que McGee venderia ao mundo: Eu dirigia o maior selo do mundo’. Lá dentro eu sabia que não era verdade, mas sabia que não havia jeito de ser o maior selo do mundo sem que as pessoas acreditassem que você era. Eu usaria qualquer truque que eu pudesse para sair da obscuridade indie e eu sabia que ninguém mais teria a coragem de fazer esse tipo de declaração12 (McGee, 2013: 40). O curioso é notar que McGee, lisonjeado entre os indies como um ícone de independência (e ele realmente é) e um suprassumo do conceito “Indie” queria na verdade fazer tanto dinheiro quanto qualquer empresário. A diferença é que McGee é visionário e trata o assunto com a paixão de qualquer outro independente. Ele é a combinação de duas ideologias com sucesso. Ele não tinha a veia artística de WattsRussell, mas possuía o dom de ser mediático. “A imprensa musical sempre me achou divertido. Eu era o sopro de ar fresco depois de todo o ‘politicamente correto’ vindo de bobões como os da Rough Trade”13 (McGee, 2013: 40).

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‘I run the greatest label in the world’. Deep down I knew it wasn’t true, but I knew there was no way you could

become the greatest record label in the world without people believing you were. I’d use any trick I could to rise out of Indie obscurity and I knew no one else had the balls to make these kinds of claim. (grifo do autor). Tradução livre. 13

The music press had always found me amusing. I was the breath of fresh air after all the worthy Brown-rice-for-tea

bollocks the likes of Rough Trade would spout to them. Tradução livre.

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Um exemplo é a forma como a Creation lidou com os relatos de violência nos primeiros shows da turnê do Jesus and Mary Chain pela Grã-Bretanha. A cada cancelamento de show devido a má fama da banda, ele estava ao telefone com as principais publicações musicais inglesas fazendo assim crescer o mito em torno deles. Com isso, mais discos eram vendidos. Mais curiosidade era alimentada. Resultado: número um na parada independente daquele mês (fevereiro de 1986). Mas não se tratava de invenções. Como o próprio McGee diz “(...) isto é tudo que você pode pedir a uma gravadora: a verdade”. 14(McGee, 2013: 68). Estratégia? Plano de comunicação? Zero. Tanto na 4AD quanto na Creation a comunicação era feita no começo pelos próprios donos do negócio. Tudo era feito levando-se em conta a experiência, o networking e o instinto. Deu certo. “As bandas assinariam connosco por que elas me entendiam”15 (McGee, 2013: 152). O modus operandi de McGee era: ir a um show, gostar da banda ao vivo, conversar com ela no fim do evento e, ao oferecer um contrato, receber um “sim”. “Eu apenas confiei nos meus instintos. Como eu sempre fiz”16 (McGee, 2013: 263). Tanto a Creation quanto a 4AD encontraram um campo fértil para plantar suas ideias. Era uma época de recessão, de agitação social na Grã-Bretanha. Nenhuma grande gravadora queria assumir riscos, todas apostavam no trivial. Ambas eram uma nova forma de tratar a música. Música vendida por quem entendia e fazia música. Isso as chancelava. Em tempos de seca cultural no mainstream, apareciam como integrantes de um “bando” que trazia aos jovens britânicos a novidade e uma válvula de escape aos tempos difíceis pelos quais eles passavam. Conhecer uma banda através de ambos, era ter algo diferente em mãos. E essa era toda a comunicação da qual precisavam naquele momento. Mesmo querendo “ser a maior gravadora do mundo”, McGee conservou o que podemos chamar de “essência indie”. Isto pode ser explicado por que até meados de 1989, portanto, seis anos após a fundação, não havia contratos assinados, não havia uma pessoa para cuidar das finanças. Com isso, para salvar as finanças e o próprio selo, McGee juntou o seu desejo de ser maior, abandonar o mundo indie, e vendeu 49% das ações para a Sony, em troca de ainda ter, além dos 51%, o controle de assinar com quaisquer bandas que quisesse.

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(...) that’s all you can ask for from a Record label: the truth. Tradução livre.

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Bands would sing to us, because they understand me. Tradução livre.

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I Just trusted my instincts, like I always had done. Tradução livre.

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Mas sempre com ressalvas, afinal, como ele mesmo diz: “Se você jogar o jogo corporativo demais, você aliena os seus fãs indies”17 (McGee, 2013: 242). Sem ter a veia artística da 4AD, McGee era um homem de negócios a serviço da música indie. Ou a música indie o tornou um homem de negócios. E foi essa dualidade, essa ambiguidade que foi “vendida” como a imagem do homem por trás da Creation Records. Graças a isto, à forma quase que “artesanal” de como ele geria o selo e como contratava as bandas, havia nele uma marca. Conceitos que se aplicam no que virá a seguir.

3. O antigo e o novo 3.1 Midsummer Madness Em 1989, o hoje produtor de televisão Rodrigo Lariú, então com 15 anos, resolveu criar um fanzine motivado por programas de televisão, pelo amor ao The Smiths e pela apresentação de uma amiga a publicações estrangeiras similares. Eu pegava onda em Niterói, surfista, ouvia a Fluminense FM18 e assistia ao Realce, na TV Record. Isso fez com que eu comprasse meu primeiro vinil, Hatful of Hollow do Smiths. Tinha uma amiga da minha irmã. Um dia essa mesma amiga me trouxe uns fanzines e eu pirei com aquilo: "Você pode fazer seu próprio jornal?". Como minha mãe era historiadora, sempre de esquerda, contra o governo militar, poder fazer o próprio jornal foi uma coisa óbvia para mim.19 Este número Um era um “diário aberto ao público”20 e depois, o assunto do fanzine seria a cena rock de Niterói21. “Devido ao movimento rock de lá, (…) eu resolvi começar a falar de bandas nacionais. Ia a shows, ouvia demos, quanto mais obscura a banda brasileira, mais eu gostava”22. As edições do fanzine seguiam a cartilha do DIY: feitos em fotocópia, com a ajuda dos amigos, e a diagramação à base de corte e colagens. O Midsummer Madness era o equivalente brasileiro aos fanzines americanos e ingleses da década de 80/90 que misturavam poesia, música, crítica social num recorte comportamental do meio e do momento em que estava inserido.

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If you played the corporate game too much, you alienate the Indie fans. Tradução livre.

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Rádio Carioca, extinta, baseada em conteúdo independente e alternativo.

19

Em: http://monkeybuzz.com.br/artigos/6842/entrevista-rodrigo-lariu/ acessado em 01.05.2015

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Em: http://monkeybuzz.com.br/artigos/6842/entrevista-rodrigo-lariu/ acessado em 01.05.2015

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Cidade a 13km do Rio de Janeiro.

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Em: http://monkeybuzz.com.br/artigos/6842/entrevista-rodrigo-lariu/ acessado em 01.05.2015

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Em 1991, ele resolveu lançar uma fita K7 encartada num dos números do fanzine contendo o que de melhor se ouvia pelos palcos na época. A receção foi tão boa que acabou sendo o embrião do que viria ser a gravadora Midsummer Madness. Inventamos (nós, os zines, as bandas) um mercado paralelo via correios e lojas especializadas, (…) Uns amigos meus entraram de sócios no Midsummer Madness e depois resolvemos prensar CDs. Isso era 1997, e criamos o mmRecords.com.br, que na época era quase que um release eletrónico. O fanzine impresso basicamente parou nessa época, na edição 8, ou 8.1 se não me engano.23 Desde o começo, o Midsummer Madness, como outros similares, usou a imagem, o conceito, como o fator principal de divulgação e de garantia de boa música. Como diz Hibbett: “O nome ‘indie’ denota um esforço mais concentrado em separar o que é ‘bom’ do que é ‘popular - não ser apenas uma ‘alternativa a,’ mas ‘independente de’. (Hibbett, 2006: 5)24. Nenhum empreendimento, por mais independente que seja, chega aos 26 anos de existência sem ter deixado uma marca e, no caso do Midsummer Madness, uma grande contribuição à música, já que, segundo Rodrigo, mais de 100 bandas já foram lançadas pelo selo nesse tempo. “ (...) o passado é venerado e os símbolos são valorizados porque contem e perpetuam a experiência de gerações” (Hall, 1992: 14). “Com 15 anos, comecei um zine que virou um zine com fita cassete, que virou uma gravadora de fitas cassete, que virou gravadora em 1997, que virou produtora de eventos em 1997, que virou empresa e produtora audiovisual em 2007 e assim por diante”, diz Rodrigo. Como atesta Terence Machado, apresentador do programa musical Alto-Falante, da Rede Minas, não haveria o indie no Brasil sem o Midsummer Madness. Acho que é o selo indie brasileiro desde a essência. O trabalho dele e dos principais artistas sempre me pareceu bem focado e levado com bastante seriedade. Acho impossível pensar no universo indie brasileiro sem pensar no Midsummer Madness. É como pensar no indie norte americano e não lembrar da Matador ou Sub Pop.25

23

Em: http://monkeybuzz.com.br/artigos/6842/entrevista-rodrigo-lariu/ acessado em 01.05.2015

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The very name ‘‘indie’’ denotes a more concerted effort to separate the ‘‘good’’ from the ‘‘popular’’—to be not just

an ‘‘alternative to,’’ but ‘‘independent of.’’ Tradução livre. 25

Terence Machado, em entrevista por email, 25 de maio de 2015.

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Rodrigo ainda faz questão de pontuar que desde sempre foi parte integrante e ativa da cena indie brasileira, não só gerindo o selo, mas também procurando novas formas de expressão para o estilo no mercado brasileiro. Durante todos estes anos eu produzi shows locais e festivais, organizei shows de bandas estrangeiras com as bandas do Midsummer Madness, interagi com público tentando usar os meios disponíveis, tentei abrir espaços na imprensa tradicional e prospetar novas audiências. Buscamos bandas de todo país e o catálogo do selo hoje em dia é uma amostra disso. Fizemos crowdfunding quando isso se chamava vaquinha; tentamos profissionalizar o mercado participando e até fundando associações e movimentos de classe (ABRAFIN, Rede Rio Música). Tudo isso para tentar melhorar, para acompanhar as mudanças.26

3.2 Balaclava Records A Balaclava Records chegou ao mercado de independentes trazendo uma visão moderna e empresarial. Fundada em 2012, em São Paulo, por Fernando Dotta e Rafael Farah, saídos de multinacionais para “dar vazão a um sonho”

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e criar e cuidar

exclusivamente do selo. A Balaclava nasceu do “desejo de reunir bandas que realmente acreditassem num trabalho de expansão da visibilidade e formação de público”28. O selo ainda se intitula agência musical, ou seja, além do lançamento de discos, faz a organização e produção de shows, promoções e licenciamento, além de divulgação, produção executiva e gerenciamento de carreira. Não só com bandas de São Paulo, mas do Brasil inteiro. Também organiza uma feira de produtores e selos independentes chamada “Sacola Alternativa”, em parceria com o Museu da Imagem e do Som de São Paulo, em que há venda de discos, discussões, encontros e etc. (…) aproximar músicos e produtores que movimentam o mercado fonográfico e cultural no país, valorizando o trabalho dessas empresas independentes em seus diferentes modelos de negócio. (...) além de instigar o empreendedorismo e o método "faça você mesmo" que deu origem aos selos participantes.29

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Rodrigo Lariú, em entrevista por email.

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Fernando Dotta, em entrevista via skype, 15 de maio de 2015.

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Em http://www.balaclavaRecords.com/#!sobre/c21yk acessado em 01/05/2015

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Em http://www.balaclavaRecords.com/#!sobre/c21yk acessado em 01/05/2015

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Além disso, a Balaclava promove parcerias com selos estrangeiros para intercâmbio de bandas pelo mundo. Algumas já abriram shows de ícones indie como Sebadoh, Mac de Marco e J. Mascis (Dinosaur Jr.), além de participar em festivais pelo mundo. Terence elogia o trabalho da Balaclava, mas cita o agendamento de shows no que seria hoje a grande vitrina para o selo. (...) parecem estar seguindo o mesmo caminho do Midsummer, talvez com um pouco mais de estrutura. Pelo que soube conseguiram emplacar um case com artista deles no Primavera Sound deste ano. Têm conseguido shows com bandas que lançaram aqui, como o Real Estate, com as brasileiras abrindo. Acho que estão no caminho certo.30 A Balaclava surgiu, como diz Fernando, músico, por saber o que falta a uma banda independente no cenário brasileiro. “Basicamente: espaço para tocar, divulgação e intercâmbio” 31 . É importante que levar em consideração o ambiente em que se encontram. Não se poderia criticar um selo indie por não ter um “departamento de comunicação” quando os recursos são escassos. Segundo Fernando32, havia a necessidade de criar um ambiente mais propício para as bandas e enxergar um mercado que poderia gerar dinheiro. Além da possibilidade da dupla de abandonar seus empregos formais para cuidar do que gostam. Diferentemente de Rodrigo Lariú, que sempre trabalhou paralelamente ao selo que comanda. Com o crescimento, a Balaclava, desde 2014, conta com uma assessoria de imprensa, já que o lançamento de discos deixou de ser a única atividade do selo. Por questões financeiras, viu-se na produção cultural um atalho para gerar caixa para financiar essas atividades. E era preciso divulgá-las melhor. O público com que conversamos é bem exigente. Vimos que a assessoria era essencial e os selos no Brasil não tem isso muito forte, o contato com o consumidor final. Sempre admiramos esse trabalho em selos americanos e europeus. O público acompanha mais de perto a atividade do selo, as festas, os festivais, e etc.33

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Terence Machado, em entrevista por email, 25 de maio de 2015.

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Fernando Dotta, em entrevista via skype, 15 de maio de 2015.

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Fernando Dotta, em entrevista via skype, 15 de maio de 2015.

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Fernando Dotta, em entrevista via skype, 15 de maio de 2015.

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No caso, Fernando assume a postura de um trabalho direcionado. Como ele diz, um nicho. Toda a comunicação é voltada para um público culto, crítico, que compra discos, viaja para festivais e etc. Fábio Massari, figura quase mítica no indie brasileiro, chamado de Reverendo, consegue enxergar já o que seria uma “cara” da Balaclava e ainda destaca duas bandas do cast que ajudam nesta configuração: “(o selo) tem catálogo bem decente constituído, com cara própria (que acaba sendo sempre reflexo dos donos) - e só de ter o Terceira Terra do Supercordas no time, já vale muito”. Como parte do processo, aqui são bandas que dão a chancela ao selo. Importantes peças de comunicação hoje em dia, quem administra os medias sociais e o site do selo são os próprios fundadores, mesmo com o fluxo de trabalho tendo aumentado exponencialmente desde o ano passado. Trabalham basicamente com posts patrocinados e vídeos das bandas no canal no You Tube. É uma preocupação terceirizar ou deixar a cargo de pessoas específicas os médias sociais, mas Fernando ainda acredita que neste momento é importante que seja feito por eles e tenha a cara de ambos. Abrindo o leque dos negócios, e como forma de subsistência, resolveu-se que a parte mais importante a comunicar seria os trabalhos em agendamento e produção cultural. Como diz Fernando: “até como um meio de sobrevivência para nós, não depender apenas de venda de disco ou de licenciamento, achamos uma boa trabalhar com produção cultural” 34 . Ou seja, as festas, os shows e as atividades culturais que a Balaclava promove em paralelo com o selo. Com as bandas, há toda uma preocupação em gerir a carreira do artista, segundo Fernando. “Logo no começo, a gente já planeja como vai divulgar o disco. Não somente lançamos as bandas, é toda uma questão de gerir a carreira e a imagem”35. Isso porque sentiram na pele o que faltava às bandas, uma vez que tocavam (e tocam) juntos em uma, a Single Parents. Assim, imaginam que reforçam uma imagem do selo, dando-lhe uma marca de qualidade, de um trabalho bem feito desde o começo até o final quando chega aos ouvidos do público. A gente ataca por vários meios. E, dentro disso, tenta ver com qual tipo de público (mesmo dentro do nicho) a banda X ou Y vai funcionar melhor. Para cada banda

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Fernando Dotta, em entrevista via skype, 15 de maio de 2015.

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que fechamos, tentamos entender o que eles precisam mais. Queremos personalizar ainda mais o tratamento da banda.36 Porém, com toda a produção “empresarial” que a Balaclava possui, ainda trabalham dentro de um ambiente que “exige” certas práticas artesanais, como parcerias com veículos para lançamentos, bandas, permutas com festivais, entre outros. Ao contrário de selos que surgem para impulsionar ou se inserir numa cena local, como foi o caso do Midsummer Madness, a Balaclava aposta na descentralização, que pode garantir mais visibilidade. Porém, perdem quando fala-se em estética indie e criação de uma cena. Levar para o Brasil artistas do exterior faz com que o nome do selo seja mais forte dentro desse nicho. Faz com que haja uma impressão do público que a Balaclava tenha créditos como incentivadores e fornecedores de “boa” música (como manda a cartilha indie) - “as coisas precisam acontecer”37 – e, mais importante, de estarem conectados e bem informados sobre o que circula no meio indie internacional. Este conhecimento é uma mais valia e está intrinsecamente comunicada dentro destes eventos. “Isso nos diferencia”38. Mas ainda assim, a Balaclava tenta circular entre os nichos promovendo eventos. As pessoas comparecem aos shows, mas ainda a proporção do público que compra x público que vai aos shows seria muito desigual para o primeiro. Sabe-se quem vai tocar no evento da Balaclava, mas talvez haja pouca nenhuma perceção de quem pertenceria do selo propriamente dito, a não ser quem acompanha o dia a dia deles. Há uma escolha clara pelo caminho que daria mais retorno financeiro em um possível detrimento de uma imagem de um selo indie, provocador e divulgador de novidades. Massari vê uma dificuldade não só da Balaclava, mas da música nos dias atuais quando se fala em descobrir seu público: “talvez haja uma dificuldade em localizar, horizontalmente, os nichos que devem ser ocupados”. Talvez resida aí o grande X da questão que envolve a imagem da Balaclava, como atesta Kobena Mercer, citado por Hall: “a identidade somente se torna uma questão quando está em crise, quando algo que se supõe como fixo, coerente e estável é deslocado pela experiência da dúvida e da incerteza” (Mercer, 1990: 43). Não diríamos crise, mas certamente a imagem da Balaclava sofreria com a falta de posicionamento neste caso.

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Fernando Dotta, em entrevista via skype, 15 de maio de 2015.

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Fernando Dotta, em entrevista via skype, 15 de maio de 2015.

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Fernando Dotta, em entrevista via skype, 15 de maio de 2015.

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3.3 Ruídos Grosso modo, a “estrutura” do Midsummer se assemelharia a da Creation. Uma pessoa que se cerca de amigos para gerir um selo e lança aquilo que o gosto dele manda. Não se pensou em lucro, nem em balancetes. Foi a questão de se inserir num mercado ainda incipiente, se divertir, conhecer bandas novas. Motivos mais “românticos”, como podemos chamar. Desde o princípio, a comunicação do Midsummer se baseava nestes princípios: a proximidade, a informalidade e o artesanal. Numa época em que tal atitude era comum e necessária para a divulgação da música alternativa em tempos pré-internet. “O que mudou é que, nos anos 90, os fanzines e as gravadoras como o Midsummer Madness eram necessárias, eram canais de divulgação e hoje é muito mais fácil para uma banda se auto produzir e divulgar”39. Porém, Lariú sustenta que sem a ajuda de um selo por trás, este trabalho fica mais difícil. Neste ponto, há uma convergência entre os dois selos, a ideia de ser um provedor de facilidades e divulgação para as suas bandas. (...) quando as bandas hoje dizem que não precisam de gravadoras para ajudá-las, eu acho um retrocesso. As bandas que se isolam, pensam em gravadoras ‘do mal’, que ‘sacaneiam’ as bandas. O Midsummer Madness nunca foi uma dessas. Hoje, quando me aproximo de bandas para fazer um trabalho em parceria, elas são arredias, autossuficientes demais. Elas se esquecem que a lógica de "unidos venceremos" ainda faz sentido. Então, quando eu ofereço ajuda, em vez de pensar ‘tem mais uma pessoa querendo ajudar, participar’, as bandas se fecham e acabam errando em coisas bobas. Acho que com o tempo de estrada que temos, o mínimo que o Midsummer Madness tem a oferecer são experiências e ideias. Este é um exemplo de mau uso da internet, no ponto de vista da gravadora.40 Um dos diferenciais que o Midsummer Madness tenta vender é a longa estrada de vida. Mostra-se como um selo que se estabeleceu como marca de boa música independente. Teoricamente, a banda que estiver neste selo, leva toda esta bagagem nas costas. Se foram “escolhidos” pelo Midsummer é porque tem as qualidades necessárias para estar lá: boa música, boa atitude e “bom gosto”. Como evidencia esta foto, postada na página do Facebook de Ana Garcia, uma das fundadoras do festival de música Coquetel

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Em http://monkeybuzz.com.br/artigos/6842/entrevista-rodrigo-lariu/ acessado em 01/05/2015

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Em http://monkeybuzz.com.br/artigos/6842/entrevista-rodrigo-lariu/ acessado em 01/05/2015

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Molotov, que acontece anualmente em Recife, Pernambuco, em que chama Lariú de “papai do indie”. O nome de Rodrigo é sinónimo de indie. Como confirma Bragatto41: “Era até comum chamarmos muitas guitar bands (antes do indie), nos anos 80 e 90, de Lariú music”.

FIGURA 1 Rodrigo Lariú entrevista a banda Boogarins no Festival Banana 2014

Mas o que procuram as bandas hoje em dia num selo? A estrutura e visão empresarial da Balaclava? Em que pese a falta de história e a imagem fortemente carregada como uma agência de eventos (afinal, uma banda quer tocar), ou um local onde expressar a música somente e ter a certeza de estar num selo de reconhecimento que vai gerar “créditos” para ela, artisticamente falando? Ambos os processos são importantes. Não há música sem “alma”, ao mesmo tempo que essa “alma” só por si não garante êxito. É preciso trabalho. E, neste caso, Terence faz uma espécie de advogado do diabo dos selos, colocando também nos artistas a responsabilidade de sucesso na empreitada. Em vários casos, o artista não relaxa e mesmo contando com assessoria de imprensa e distribuição dos próprios selos correm atrás e marcam em cima os principais jornalistas que cobrem música seja em impresso, rádio, internet ou TV. É aí que está toda a diferença. Alguns se acomodam como se estivessem em uma grande gravadora

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Marcos Bragatto, contato pessoal

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e o trabalho de divulgação fosse só do selo ou das assessorias contratadas por eles. Aí, a coisa pode desandar geral ou, como costumo dizer: vão para o fim da fila.42 O Midsummer Madness trabalha a comunicação muito baseada no site e depois replicada nas redes sociais, feita basicamente pelo seu dono. Mas, como o próprio Lariú destaca, não há uma periodicidade de postagens, o que acaba atrapalhando o processo de conexão com o público. O selo não possui assessoria de imprensa e só em alguns eventos um profissional é contratado para fazer esse tipo de serviço. Assim, a comunicação do Midsummer Madness continua restringido a um nicho que não tem o mesmo poder de capital da Balaclava e isso se reflete na comunicação. Falta aqui um plano. Rodrigo afirma que até já tentou usar publicidade paga na internet, mas não funcionou. Assim como a logo do Midsummer, feita e cuidada pelo próprio Rodrigo, que não é designer. Esta atitude se reflete quando ele fala sobre como mensura o sucesso de uma ação de comunicação. Não tenho esta métrica (avaliar o sucesso de uma ação). Geralmente, é a repercussão nas redes sociais, na venda de lançamentos e nos acessos ao site mmrecords.com que ‘explicam’ se a comunicação teve êxito. Mas eu diria que a comunicação é feita mais no ímpeto de espalhar a notícia do que no êxito de um planejamento.43 Logo, o jeito artesanal de ser ainda existe. Só não é tão mais eficaz quanto antes. Precisamos também destacar que o Midsummer Madness, como dito acima, atinge um público mais velho maioritariamente, que não gosta de ser “incomodado” com um fluxo alto e despersonalizado de comunicação. Temos um cronograma de lançamentos, eventos e fatos comunicáveis que é bem esparso, por isso, acho que não saturamos nossos leitores. Há um critério para postar notícias, que é a relevância do que está sendo noticiado.44 Essa atitude se revela na hora de Rodrigo comentar sobre a busca de novos públicos. E também evidencia a diferença frente a Balaclava, que busca a todo momento mais aficionados, ou seja, mais verba. O público chegaria pela curiosidade ou atraídas por novas bandas que assinam com o selo. Não vamos procurá-los, somos procurados. Não há iniciativas atualmente para trazer mais público. O que fazemos é estar em contato com pessoas que já nos

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Terence Machado, em entrevista por email, 26 de maio de 2015.

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Rodrigo Lariú, em entrevista por email, 04 de abril de 2015.

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Rodrigo Lariú, em entrevista por email, 05 de abril de 2015.

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conhecem ou conhecem as bandas. Toda vez que uma nova banda entra no mm, creio que isso traz novo público.45 Mas ainda assim, contraditoriamente, haveria uma preocupação em atingir pessoas que ainda não teriam o Midsummer nos seus “radares”. Mas sempre mantendo a postura acima descrita. “Mas não queremos saturar nem invadir. Queremos que o público nos perceba como um "oásis" de boa música na internet” 46 . Falta como descobrir qual o mecanismo ideal para se chegar a este público. Um grupo que: gosta de música inovadora, ávido por novidades, com bom poder de compra, mas que não quer se incomodado. Estar neste círculo de quem gosta do tipo de música que o Midsummer lança. Ser uma fonte, não invadir. “Jogar a isca” e esperar. E, como em pescarias, pode demorar. Marcos Bragatto, na condição de recetor de material independente e de majors, acredita que simples ações poderiam resolver vários problemas de ruído entre selos e jornalistas: Talvez convidar para uma audição coletiva com outros jornalistas, em primeira mão, antes de um lançamento. Ou chamar para assistir a uma banda nova em um show pequeno. Sinto falta do corpo a corpo. O crítico/jornalista precisa ser motivado a ter interesse naquele artista e em como ele ser potencializado na publicação.47 A Balaclava mantém o contacto com a imprensa via assessoria, ou seja, com um discurso pensado e planejado para jornalistas ou quem quer que vá receber essa comunicação, porém, talvez distante. No caso do Midsummer, lembra muito atitudes tomadas pela Creation e 4AD: a opinião do selo, é a opinião do dono do selo. Muitas vezes, baseada no humor do dono do selo. O que garante mais autenticidade, mas também mais ruído.

Conclusão No fim, o relacionamento que o Midsummer Madness tem com seu público é aquele que seu dono, Rodrigo Lariú, deseja. Que a atitude que o público tenha com o Midsummer seja a mesma que ele sempre teve ou tem com selos, publicações e etc. do exterior.

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Rodrigo Lariú, em entrevista por email, 05 de abril de 2015.

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Rodrigo Lariú, em entrevista por email, 05 de abril de 2015.

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Marcos Bragatto, contato pessoal.

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Nós acreditamos na criação e na fonte: com o dilúvio de informação que existe hoje, nós selecionamos muito bem as fontes. A nossa, de formação e informação musical, são as bandas que gostamos e principalmente as gravadoras. Gravadoras e selos que admiramos são um filtro do bom conteúdo. Seguimos canais da Slumberland, da Heavenly, da Sub Pop. Assinamos newsletter da K, entre outras.48 O estilo limitaria as ações de comunicação? Ao mesmo tempo que o “indie” sempre reclama da falta de espaço nos media, diz assim mesmo que não precisa dela. Mas quando vê a banda favorita num desses canais, fica com medo dela se ter vendido. Sabe que é um trabalho, mas o trata mais como arte. O Midsummer Madness é a própria essência do indie brasileiro. É um ícone e usado como referência por outros selos do estilo. Porém, esbarra nas próprias barreiras que acaba criando. Descrita como “de amor e ódio”49 a relação com a imprensa ou com um público que ainda desconhece o selo poderia ser muito mais amenizada e mais bem trabalhada usando aquilo que o Midsummer tem de melhor, a sua imagem de respeito e liderança dentro de um nicho. Sem a atitude passiva de esperar chegar o público, há maneiras de alcançá-lo sem o detrimento desta imagem que é tão importante para o indie. Mas dentro da estética indie, com a valorização da logo, a criação de um espírito artístico combinado com “negócios”, textos curtos, pessoais, valorizando as bandas, dando-lhes voz, etc. Entrevistas em vídeos, divulgação dos videoclipes das bandas, diários de viagens, sempre calcando na história do Midsummer Madness como pioneiro dentro do estilo. Essas ideias não são inventadas. Selos como a Matador, a Sub Pop fazem ações do género. E se público não procura, o selo não vai atrás dele, ficando a relação com novos consumidores, inexistente. Se estar em um nicho nos anos 90 era algo proposital para garantir a sobrevivência dentro dele e se firmar como uma marca, hoje em dia essa postura poderia ser revista. Adequando-se aos novos tempos e estar mais aberto e conectado com o que se faz atualmente, sem perder a essência. Falta a aproximação de ambas as partes e cabe mais ao selo se livrar das amarras que diminuem o estilo. Do outro lado, viu-se que a Balaclava possui uma visão mais voltada para o lado empresarial. A Balaclava vai por um caminho mais organizado, porém menos romântico, menos artesanal, que poderia ser mais identificado com o público, que “consome” os eventos, e não “consumiria” a marca.

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Rodrigo Lariú, em entrevista por email, 04 de abril de 2015.

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Rodrigo Lariú, em entrevista por email, 05 de abril de 2015.

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Hoje, a Balaclava seria mais conhecida como um propagador de eventos, como uma empresa que leva bons artistas que dificilmente iriam para o Brasil e ainda apresenta bandas do cast nestes shows. Fica claro que a Balaclava leva uma grande “vantagem” por ser bem mais nova e surgir em tempos de um melhor entendimento do “negócio Indie” como um todo. Ela continua, de uma forma muito organizada e que prevê grandes frutos, o que já fora feito antes. Porém, a falta de uma comunicação (no sentido de lidar diretamente com o público) mais “pessoal” e os poucos anos de estrada, não ajudem à Balaclava a afirmar-se no imaginário como um selo que dá aos seus artistas a mesma chancela de qualidade que o Midsummer tem. A criação do fanzine talvez possa abrandar essa situação, já que publicações como esta são mais informais e artísticas, embora esteja sendo produzida de forma moderna sem as tradicionais colagens que caraterizaram este tipo de publicação. O que vemos então é uma repetição de ações e atitudes já observadas nas gravadoras majors, trazidas para o âmbito independente. A mesma maneira como a internet é tratada no macro é repetida no micro, no indie. Faltaria uma visão personalizada e atual voltada para o seu tipo de público que quer um tipo de cultura, mais do que somente a música? Ele quer consumir uma cultura que recusa que venha das majors. No geral, há a ideia de a Balaclava ainda não encontrou uma imagem que a solidifique como um selo provedor de novidades ao invés de da perceção de uma agência de eventos. Talvez, o meio tenha grande responsabilidade em como a “aura” ou a falta dele se instaura, neste caso, numa gravadora indie. Para finalizar, é como o que Hall diz sobre o “sujeito fragmentado”, ou, tendo em mente essa dicotomia entre as dos objetos aqui estudados, em como cada um desses selos necessita do que o outro tem de mais forte: (...) em vez de falar da identidade como uma coisa acabada, deveríamos falar em identificação, e vê-la como um processo em andamento (...) é ‘preenchida’ a partir de nosso exterior, pelas formas através das quais nós imaginamos ser vistos por outros (Hall, 1992: 39).

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Martin.

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Outras Dotta, Fernando (2015) – Fernando Dotta: depoimento por email. Entrevistador: Luiz Alberto Moura. Braga. Entrevista: Rodrigo Lariú. Importante figura do Rock Independente carioca nos concedeu

uma

entrevista

exclusiva,

10/09/2013.

http://monkeybuzz.com.br/artigos/6842/entrevista-rodrigo-lariu/.

Disponível

em:

Acesso

em:

01/05/2015. Lariú, Rodrigo (2015) – Rodrigo Lariú: depoimento por email. Entrevistador: Luiz Alberto Moura. Braga. Machado, Terence (2015) – Terence Machado: depoimento por email. Entrevistador: Luiz Alberto Moura. Braga.

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IS Working Paper, 3.ª Série, N.º 22

IS Working Papers 3.ª Série/3rd Series

Editora/Editor: Paula Guerra Comissão Científica/ Scientific Committee: João Queirós, Maria Manuela Mendes, Sofia Cruz

Uma publicação seriada online do Instituto de Sociologia da Universidade do Porto Unidade de I&D 727 da Fundação para a Ciência e a Tecnologia IS Working Papers are an online sequential publication of the Institute of Sociology of the University of Porto R&D Unit 727 of the Foundation for Science and Technology

Disponível em/Available on: http://isociologia.pt/publicacoes_workingpapers.aspx ISSN: 1647-9424

IS Working Paper N.º 22 Título/Title “Midsummer Madness e Balaclava Records. Um estudo da comunicação e da imagem em dois selos indies brasileiros” Autor/Author Luiz Alberto Moura O autor, titular dos direitos desta obra, publica-a nos termos da licença Creative Commons “Atribuição – Uso Não Comercial – Partilha” nos Mesmos Termos 2.5 Portugal (cf. http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/2.5/pt/).

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