Ituiutaba (MG): um estudo sobre seu processo de verticalização

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ITUIUTABA (MG): UM ESTUDO SOBRE SEU PROCESSO DE VERTICALIZAÇÃO Suene Silva de Assis Acadêmica do Curso de Geografia – FACIP/UFU Laboratório de Geografia Humana e Ensino – LAGHEN Bolsista PIBIC/CNPq E-mail: [email protected] Hélio Carlos Miranda de Oliveira Docente do Curso de Geografia – FACIP/UFU Laboratório de Geografia Humana e Ensino – LAGHEN E-mail: [email protected] Eixo 2: “Olhares sobre as cidades e dinâmicas socioeconômicas”

RESUMO: O presente trabalho tem por objetivo espacializar e identificar as áreas de verticalização com quatro ou mais pavimentos da cidade de Ituiutaba, que surgiram nos últimos 40 anos a fim de diagnosticar metodologicamente as áreas de crescimento vertical, bem como compreender como o processo econômico atual que influencia diretamente na configuração da cidade e da paisagem urbana. Para isso, buscou-se a execução de pesquisas documentais e levantamentos de dados junto à Prefeitura Municipal de Ituiutaba, instituições públicas e empresas imobiliárias da cidade. Realizou-se também trabalho de campo e aplicação de questionários, visando identificar e mapear os empreendimentos imobiliários verticais. Os resultados mostram que a cidade de Ituiutaba na década de 1970 e 1980 recebeu vários investimentos em construções verticais. Atualmente a cidade possui um total de 44 edifícios com quatro ou mais pavimentos, que se concentram em sua maioria no bairro Centro, assim é possível perceber o valor ideológico, cultural e social que a construção vertical acaba carregando. Palavras-Chave: Ituiutaba; Verticalização; Status Social.

ABSTRACT: This paper aims spatialize and identify areas of vertical with four or more floors of the city of Ituiutaba, which emerged in the last 40 years to diagnose methodologically areas of vertical growth, as well as understand how the current economic process that influences directly in the configuration of the city and the urban landscape. For this, we sought to document the execution of research and survey data from local government of Ituiutaba, public institutions and real estate companies in town. Was also conducted fieldwork and questionnaires, to identify and map the real estate vertical. The results show that the city of Ituiutaba in the 1970 and 1980 received a number of investments in vertical constructions. Currently the city has a total of 44 buildings with four or more floors, which are concentrated mostly in the neighborhood center, so you can see the value ideological, cultural and social construction ends vertical loading. Keywords: Ituiutaba; Verticalization; Social Status.

1. Introdução: O referido trabalho é uma contribuição para o estudo sobre as cidades médias1, visto que o processo de verticalização vem novamente ocorrendo em grande intensidade e em varias cidades brasileiras, representando uma retomada desse seguimento e das modificações que o mesmo exerce no espaço urbano. O município de Ituiutaba localiza-se na porção oeste do estado de Minas Gerais, na mesorregião do Triângulo Mineiro, exclusivamente, na microrregião de Ituiutaba2. Esta cidade nos últimos anos vem recebendo vários investimentos na construção civil, onde a construção vertical toma destaque. Portanto, o presente trabalho tem como objetivo especializar e identificar as áreas de verticalização com quatro ou mais pavimentos na cidade de Ituiutaba (MG), que surgiram nos últimos 40 anos a fim de diagnosticar metodologicamente as áreas de crescimento vertical, bem como compreender o processo econômico atual que influencia diretamente a configuração da cidade e da paisagem urbana. 2. O processo de verticalização: algumas considerações. De acordo com Ramires (2001), retratando o símbolo de modernidade e status, as classes médias e altas desde o início se viram atraídas pelo modo de moradia vertical, então as construtoras buscavam retratar exatamente uma casa, com suas divisões e espaços de socialização seja de familiares ou de empregados: Assim, no apartamento típico a área social era composta pela sala de visitas, sala de jantar, copa e sacada. A sacada era uma versão estilizada da varanda, enquanto que a copa também era uma tentativa de reproduzir algo que existia anteriormente na casa, ou seja, o espaço de socialização dos membros da família e dos empregados. Estes tinham um espaço reservado no apartamento – a dependência de empregada. (RAMIRES, 2001, p. 49).

A verticalização acaba modificando a paisagem em qual está inserida, além de segregar e elevar os custos dos terrenos próximos. A partir da década de 1970, notou-se no Brasil uma maior individualização com a criação de condomínios exclusivos, dotados de áreas de lazer, segurança e comércios, evidenciando a segregação e o medo de morar em cidades grandes.

1

Pesquisa vinculada ao Projeto: “Araguari, Ituiutaba e Patos de Minas: agentes econômicos e reestruturação urbana”. A microrregião de Ituiutaba é formada pelos municípios de Cachoeira Dourada, Capinópolis, Gurinhatã, Ipiaçu, Ituiutaba e Santa Vitória (IBGE, 2011). 2

O consumo do apartamento se tornou relacionado ao status social e não só ao ato de se possuir um abrigo: Desde a década de 1970 os condomínios fechados continuam sendo objetos urbanos bastante consumidos pela classe média e alta nas grandes metrópoles [...] tendo em vista o aumento da criminalidade e o constante estado de insegurança da população. Criam-se, dessa forma, verdadeiras mini-cidades, dotadas de vários equipamentos que isolam os indivíduos das cidades. Com a banalização dos playgrounds, piscinas e salões de festas, novas estratégias são criadas com introdução de serviços – cabeleireiros, restaurantes, creches, berçários, academias. (RAMIRES, 1998, p. 182).

A segregação vai transformando o espaço, e a vida da sociedade se modifica, há um grande contraste na paisagem urbana, a riqueza e pobreza vivem muitas vezes lado a lado. O medo e a criminalidade acabam modificando e influenciando a paisagem urbana, dando um novo modelado nas construções, assim a construção de símbolos de status por sua vez acaba gerando a afirmação das desigualdades sociais (CALDEIRA, 1997). O medo e a criminalidade acabam modificando a paisagem urbana, a cidade se transforma com a construção de altos muros, juntamente com equipamentos de segurança, que acabam moldando os novos modelos de construção. Enclaves fortificados representam uma nova alternativa para a vida urbana dessas classes médias e altas, de modo que são codificados como algo que confere alto status. A construção de símbolos de status é um processo que elabora distâncias sociais e cria meios para a afirmação de diferenças e desigualdades sociais. (Grifo do autor) (CALDEIRA, 1997, p. 159).

A segregação é algo que se modifica constantemente, gerando novos espaços e novas construções urbanas, deixando a visível separação de classes. Por sua vez a área central acaba também exercendo uma grande função econômica, onde seu espaço é mais verticalizado, concentrando um grande número de empreendimentos imobiliários. As localizações do solo urbano estão ligadas a alguns fatores referentes à forma de ocupação. Assim, as classes de maior renda habitam as melhores áreas, seja as mais centrais, ou no caso das grandes cidades, quando nestas áreas centrais afloram aspectos negativos como poluição, barulho, congestionamento, lugares mais distantes do centro. Buscam um novo modo de vida em terrenos mais amplos, arborizados, silenciosos, e com maiores possibilidades de lazer. À parcela de menos poder aquisitivo da sociedade restam as áreas centrais, deterioradas e abandonadas pelas primeiras, ou ainda a periferia, logicamente não a arborizada, mas aquela em que os terrenos são mais baratos, devido à ausência de infra-estrutura, à distância das “zonas

privilegiadas” da cidade, onde há possibilidades da autoconstrução – da casa realizada por mutirão. (CARLOS, 2005, p.48).

No mesmo sentido, Machado e Méndes (2003), destacam que o processo de verticalização pode ser considerado como uma: [...] das características das áreas centrais, mas também é uma forma de expansão dessas áreas. Ela proporciona a concentração de um número elevado de atividades centrais em uma reduzida extensão territorial, sendo uma das formas de crescimento do centro. (MACHADO e MENDÉS, 2003, p. 56).

Singer (1978) destaca que “[...] os preços no mercado imobiliário tendem a ser determinados pelo que a demanda estiver disposta a pagar”. (SINGER, 1978, p. 23). Como a demanda está freqüentemente mudando, os preços das áreas urbanas são sujeitas as modificações grandes, tornando o mercado urbano especulativo. Então o preço do solo “[...] ou melhor, dos direitos sobre o solo – é, pois, extremamente variável, em pormenor, e pode, também, evoluir com o tempo sob a acção de diversas forças” (BEAUJEU – GARNIER, 1997, p. 151). Para Beaujeu-Garnier (1997) os loteamentos com equipamentos necessários para uma vida confortável gerarão uma alta local nos preços quanto mais próximo for o loteamento do centro. Deve-se levar em conta a ação dos promotores, os especuladores adquirem terrenos agrícolas um pouco afastados da frente de urbanização para vender e/ou construir, têm-se esta versão especulativa em cidades de grande crescimento. Vários espaços não urbanizados ficam aguardando certo período para serem incorporados à estrutura urbana, assim a área se torna mais valorizada. A demanda de solo urbano para fins de habitação também distingue vantagens locacionais, determinadas principalmente pelo maior ou menor acesso a serviços urbanos, tais como transporte, serviços de água e esgoto, escolas, comércio, telefone, etc., e pelo prestígio social da vizinhança. Este último fator decorre da tendência dos grupos mais ricos de se segregar do resto da sociedade e da aspiração dos membros da classe média de ascender socialmente. (SINGER, 1978, p. 27).

Afonso (2010) ressalta que o fundamento estrutural da sociedade está assentado no consumo do espaço, onde as transformações sociais se relacionam às transformações espaciais. A verticalização acaba por valorizar algumas áreas e segrega outras, deixando a visível diferença em infraestrutura, segurança, proximidade dos comércios, dentre outras.

A prática de valorização da terra é difundida pela especulação imobiliária, que consiste em uma antecipação especial, que seria a aquisição de um terreno ocioso cujo uso e ocupação se darão futuramente. São terrenos grandes que a incorporadora/imobiliária compram em um determinado bairro onde as condições necessárias e favoráveis para a construção ainda não são completamente satisfatórias e, visando a obtenção de lucro, ela faz tais investimentos para o local. (AFONSO, 2010, p.996).

De acordo com Corrêa (2005, p.61-62), a segregação residencial pode ser vista como, “[...] um meio de reprodução social, e neste sentido o espaço social age como um elemento condicionador sobre a sociedade”. Assim, a segregação residencial: [...] implica necessariamente em separação espacial das diferentes classes sociais fragmentadas. A separação, por sua vez, origina padrões espaciais, ou seja, as áreas sociais que emergem da segregação estão dispostas espacialmente segundo uma certa lógica, e não de modo aleatório. (CORRÊA, 2005, p. 62).

Botelho (2007, p. 15) procura mostrar como a segregação sócio-espacial está cada vez mais presente no espaço urbano, de maneira que “[...] ao mesmo tempo em que a distância em quilômetros entre ricos e pobres diminui, a distância socioeconômica aumenta [...]”, isso pode ser notado através de condomínios fechados e fortificados, shopping Centers, como também em áreas exclusivas de lazer, que é privilegio de um determinado grupo socioeconômico. Assim, imóveis iguais, porém localizados em áreas diferentes, possuem também preços diferenciados por metro quadrado nas áreas da cidade, criando um verdadeiro mapa dos “valores urbanos”, o que torna o espaço urbano fragmentado (BOTELHO, 2007). 2.1. Ituiutaba (MG): consolidação da verticalização no período de 1970-2010. Em Ituiutaba, a produção e o consumo da habitação verticalizada foi intensificada após a década de 1970, pois anteriormente a este período não havia muita preocupação com o aspecto de construção vertical, sendo que o período durante 1950 e 1960 os empreendedores imobiliários estavam mais interessados na abertura de loteamentos, deixando de lado à construção verticalizada (OLIVEIRA, 2003, p. 110). Nota-se que a construção vertical nesse período se caracterizava como algo muito moderno, revolucionário, demonstrando o poder e o luxo, para uma cidade considerada ligada ao campo e pouco desenvolvida. De acordo com Oliveira (2003, p. 112), somente após 1970 que os empreendedores voltaram à atenção para esse tipo de construção.

Durante a década de 1970, dez edifícios foram erguidos, contendo, na sua maioria, 10 a 14 andares. Na década seguinte, reduziu-se o número de loteamentos urbanos, e investiu-se, cada vez mais, na construção em alvenaria, mediante novos edifícios e conjuntos habitacionais. Em 1990, o a atuação dos agentes imobiliários enfraqueceu, os edifícios erguidos somavam apenas um total de seis, abrigando a elite local, o que evidencia o arrefecimento urbano local.

Com a criação de edifícios, Ituiutaba foi vista como uma cidade que estava se modernizando apesar de ser pequena perto de outros centros urbanos. Percebe-se que desde o inicio existe uma segregação de classes na cidade, onde a elite se situava em lugares privilegiados e na maioria das vezes em construções verticais. De acordo com o Censo 2010 a cidade de Ituiutaba possui cerca de 97.159 mil habitantes, nas últimas três décadas a cidade tem recebido importantes empreendimentos, o que vem acarretando um crescimento populacional e conseqüentemente investimentos habitacionais. Tabela 1 – Evolução da população do município de Ituiutaba- MG no período de 1950- 2007. População

1950

1960

1970

1980

1991

2000

2007

Urbana

10.113

30.698

46.784

65.153

78.205

83.853

88.132

Rural

43.127

37.520

17.744

9.094

6.372

5.238

4.595

Total

53.240

68.218

64.228

74.247

84.577

89.091

92.727

Fonte: Censos demográficos 1950, 1960, 1970, 1980, 1991 e 2000. Contagem populacional 2007. IBGE 2010. Org. ASSIS, S. S. 2010.

Na Tabela 1, podemos observar a diminuição considerável que ocorreu no campo e o crescimento populacional urbano principalmente a partir da década de 1970. No final da década de 1980 e início do ano 1990 a cidade recebeu novos agentes econômicos ligados às atividades agroindustriais, se destacando no crescimento econômico. Nos últimos anos, alguns agentes socioeconômicos se inseriram no processo de desenvolvimento socioeconômico de Ituiutaba, além do aumento de investimentos na construção civil que acaba modificando o espaço urbano. Podemos dizer que atualmente a cidade vive um momento de crescimento urbano, onde grandes conjuntos habitacionais estão sendo construídos para poder minimizar os

déficits habitacionais, e novas construções verticais fazem uma modificação visual na paisagem da cidade, juntamente com a segregação sócio-espacial. 3. Materiais e métodos: A proposta metodológica desenvolvida para o trabalho baseou-se primeiramente na realização de pesquisas bibliográficas e de leituras abordando as temáticas: a formação das cidades e sua caracterização; o processo histórico e a formação da cidade de Ituiutaba; a economia da cidade de Ituiutaba; o processo de verticalização; especulação imobiliária; valor cultural e ideológico; atuação do marketing; segregação e a expansão da verticalização nos últimos 40 anos na cidade de Ituiutaba. Em um segundo momento, realizou-se o trabalho de campo durante os meses de janeiro e fevereiro de 2011, com intuito de coletar dados através de um questionário referente às construções verticais situadas na cidade de Ituiutaba (MG), como também levantamento de dados secundários junto a órgãos públicos como: Secretaria de Planejamento Urbano e levantamento de dados junto às imobiliárias que exercem certas funções na cidade em estudo. Os dados coletados foram analisados e sistematizados em tabelas, figuras e mapas. 4. Resultados e discussões: Quanto à verticalização do período aproximado a 1960 até o ano de 2011, foram construídos quarenta e quatro edifícios (esta quantidade corresponde aos que possuem quatro ou mais pavimentos) onde a distribuição espacial dos mesmos se manteve inalterada até o início da década de 1980, já em meados da década de 1980 iniciaram a construção de edifícios em outras áreas, mas que ainda se aproximavam da área central. Desta forma, é possível perceber na Foto 1, que no ano de 1926 a cidade de Ituiutaba não possuía edifícios, já a Foto 2 destaca a vista da cidade de Ituiutaba no ano de 2011, totalmente diferente das fotos anteriores. Foto 1 – Ituiutaba: vista da cidade no ano de 2011.

Fonte: ASSIS, S. S., 2011.

Existem vários vazios urbanos em Ituiutaba, muitos localizados na região central da cidade, isso mostra que a especulação imobiliária assume forte destaque. Até o ano de 2010 a cidade possuía 58 bairros de acordo com a Prefeitura Municipal de Ituiutaba – Secretaria de Planejamento Urbano/2010 (Mapa 1). A cidade possui um total de quarenta e quatro edifícios (Mapa 2), onde dezesseis possuem quatro pavimentos, destes, dez fazem parte do bairro Centro e seis se localizam em outros bairros como: Setor Sul, Independência, Progresso, Alvorada, Setor Norte. Dos vinte e oito edifícios restantes apenas um que possui entre cinco e dez pavimentos não se insere no bairro Centro, este se localiza no bairro Setor Norte. A Tabela 2 mostra o período de habite-se dos edifícios em estudo, através da tabela é possível notar que entre as décadas de 1970 e 1990 o investimento em construções verticais se deu de forma expansiva, esse período foi marcado pela forte influência que a empresa Seular Comercial e Construtora Ltda. exercia sobre a construção civil na cidade, esta empresa foi responsável pela construção de quinze edifícios. É importante destacar que existe somente um edifício inacabado e abandonado, este possui quatro pavimentos e se localiza no bairro Centro, o mesmo não se inseriu nos levantamentos de dados, pois não esta habitado. Tabela 2 - Ituiutaba (MG): Período de habite-se dos edifícios. Período de Habite-se Até 1970 1971 a 1980 1981 a 1990 1991 a 2000 2001 a 2010 2011 Em construção/acabamento

Quantidade 2 12 13 6 3 1 2

Sem informação Total

5 44

Fonte: PREFEITURA MUNICIPAL DE ITUIUTABA – SECRETARIA DE PLANEJAMENTO, 2011. Org.: ASSIS, S. S. 2011.

A Tabela 3 traz alguns dados sobre a quantidade de edifícios que possuem quatro ou mais pavimentos na cidade em estudo, vale ressaltar que dos quarenta e quatro edifícios construídos no período aproximado a 1960 até a presente data, apenas sete não fazem parte do bairro Centro, isso mostra o valor ideológico que a habitação vertical acaba carregando. Tabela 3 – Ituiutaba (MG): Edifícios com quatro ou mais pavimentos. Pavimentos 4 5 a 10 11 a 16 Total

Quantidade 16 11 17 44

Fonte: PESQUISA DE CAMPO, 2011. Org.: ASSIS, S. S., 2011.

A verticalização na cidade de Ituiutaba tanto no uso residencial quanto no comercial é mais intensa na área central, principalmente nas ruas e avenidas que exercem maior função econômica.

A Tabela 4 destaca a utilização dos edifícios, percebe-se que a maioria refere-se ao uso habitacional e ao uso misto, onde este último é caracterizado por conter em seus primeiros pavimentos o comércio e nos demais à habitação. Tabela 4 – Ituiutaba (MG): Divisão de edifícios por uso. Características Habitação Misto Comercial Instituição Pública Total

Quantidade 26 11 6 1 44

Fonte: PESQUISA DE CAMPO, 2011. Org.: ASSIS, S. S., 2011.

Na Tabela 5 é possível perceber que a maioria dos edifícios possuem portaria 24 horas, esses em grande parte são providos de cerca e portão eletrônico, alarme e sistema de monitoramento por circuito interno de TV. Tabela 5 – Ituiutaba (MG): divisão de edifícios segundo presença de portaria. Portaria Eletrônica Sem Portaria Portaria Temporária/Parcial Portaria 24h Sem Informação Total

Quantidade 13 8 20 3 44

Fonte: PESQUISA DE CAMPO, 2011. Org.: ASSIS, S. S., 2011.

Os edifícios que possuem portaria temporária e parcial são os edifícios comerciais, juntamente com sete edifícios habitacionais, treze edifícios não possuem portaria, somente o interfone individual de cada apartamento, o que acabou dificultando o levantamento de algumas informações. Através desse levantamento foi possível perceber a diferença entre edifícios que possuem portaria e edifícios que não possuem o valor de condomínio de um para o outro é totalmente diferenciado, visto que os que não contem portaria não possuem gastos com esses serviços. Os edifícios levantados na cidade de Ituiutaba mostram que vinte e seis (Tabela 6) possuem de um a dois apartamentos por andar, esses edifícios são voltados para habitação, como também alguns se configuram como uso misto, sete edifícios possuem somente um

apartamento por andar, isso mostra a área que os mesmos desfrutam, buscando muitas vezes retratar uma moradia horizontal. Tabela 6 – Ituiutaba (MG): número de apartamentos por andar/pavimento. Número de apartamentos/salas por pavimento Até 2 3a4 Variados Sem informação Total

Quantidade 26 5 11 2 44

Fonte: PESQUISA DE CAMPO, 2011. Org.: ASSIS, S. S., 2011.

Dos cinco edifícios que possuem de três a quatro apartamentos por andar, dois são habitacionais, dois são mistos e um se configura como comercial. Os onze que possuem números variados correspondem a cinco edifícios comerciais, dois de uso misto, e a Instituição Pública - Universidade Federal de Uberlândia Campus Pontal que possui um bloco com quatro pavimentos com números variados de salas. A Foto 2 mostra o Edifício Gaivotas juntamente com sua planta, demonstrando a quantidade de quartos que o mesmo possui, são cinco quartos com duas suítes, o edifício possui somente um apartamento por andar e o imóvel se configura como o valor mais alto da cidade. No mesmo sentido, a Foto 3 mostra o Edifício Isaura Franco Junqueira, também voltado à habitação, possui cinco quartos com uma suíte cada, não diferente do anterior também possui um apartamento por andar.

Foto 2 – Ituiutaba: Edifício Gaivotas, juntamente com sua planta, 1987. Fonte: Disponível em: . Acesso em 04 de fev. de 2011.

Foto 3 – Ituiutaba: Edifício Isaura Franco Junqueira. Fonte: ASSIS, S. S., 2011.

Os edifícios de uso misto apresentam em maior quantidade de quartos que variam de um a três por apartamento, apresentando em alguns casos a suíte, já os de uso habitacional variam de dois a cinco quartos, apresentando de uma a duas suítes em cada apartamento. Percebe-se também que dos edifícios levantados trinta e um (Tabela 7) não possuem nenhum desses equipamentos apresentados na tabela abaixo, lembrando que sete são voltados para o uso comercial. Apenas dez edifícios são providos desses equipamentos, sendo que alguns chegam a apresentar todos esses itens, o que acaba por valorizar o local, visto que possui uma ampla área de lazer. Tabela 7 – Edifícios: Equipamentos de infraestrutura. Equipamentos de infraestrutura Quiosque Quadra Salão de festa Sauna Piscina Playground Lounge Espaço gourmet Sem informação

Quantidade de edifícios 1 1 9 3 9 2 1 1 3

Fonte: PESQUISA DE CAMPO, 2011. Org.: ASSIS, S. S., 2011.

A Tabela 8 representa os valores aproximados dos edifícios em estudo. Tabela 8 – Edifícios: Valor aproximado dos imóveis. Valor aproximado do imóvel Até R$80.000,00 R$80.001,00 a R$120.000,00 R$120.001,00 a R$160.000,00 R$160.001,00 a R$200.000,00 R$200.001,00 a R$300.000,00 Acima de R$300.001,00 Sem informação Total

Quantidade 4 12 8 4 3 5 8 44

Fonte: PESQUISA DE CAMPO, 2011. Org.: ASSIS, S. S., 2011.

Os doze edifícios que variam os valores de R$80.001,00 a R$120.000,00 possuem de quatro a treze pavimentos, contendo de dois a três quartos, sendo a suíte presente em alguns

apartamentos, alguns contém também o elevador e a portaria que contribui para o aumento do valor do imóvel. Dos doze edifícios somente quatro não fazem parte do centro, se localizam respectivamente nos bairros: Setor Sul, Independência, Progresso e Alvorada. Os valores que atingem de R$120.001,00 a R$160.000,00 são de sete edifícios que se localizam no Bairro Centro, somente um se localiza no bairro Setor Norte, mais que ainda sofre influência das áreas comerciais. Os edifícios variam de quatro a treze pavimentos, três edifícios são de uso misto e cinco são de uso somente habitacional, a maioria possui portaria 24 horas, além de cerca eletrônica e sistema de alarme. Os quatro edifícios cujos valores que variam de R$160.001,00 a R$200.000,00, dois possuem piscina e salão de festas, um ainda está em acabamento. Os edifícios nesses valores possuem quartos que variam de dois a três com uma suíte, além de portaria e garagem. Os três edifícios cujos valores correspondem de R$200.001,00 a R$300.000,00, se localizam no bairro Centro, dois deles possuem cerca, portão eletrônico e portaria 24 horas, os quartos dos três variam de dois a cinco, somente um deles possui salão de festas e dois possuem garagem. Os cinco edifícios cujos valores são acima de R$300.001,00, são os mais equipados e com melhor infraestrutura, chegam a atingir um valor aproximado dos R$490.000,00, todos são voltados para o uso habitacional, variando de treze a dezesseis pavimentos, localizados nas principais ruas e avenidas da cidade, como dois na Rua 18, dois na Rua 24, e um na Avenida 13, os pavimentos variam de um a dois apartamentos. Alguns são equipados com: piscina, sauna, salão de festas, playground, quadra e garagem, como também todos possuem cerca, portão eletrônico e portaria 24 horas, o que aumenta a valorização do imóvel. Assim, percebe-se que os edifícios construídos atualmente na cidade de Ituiutaba, possuem características diferenciadas dos mais antigos, os empreendimentos da atualidade possuem maiores espaços, contendo mais quartos e suítes, além de diversos equipamentos de infraestrutura como: piscina, sauna, playground, quiosque, como também Lounge e Espaço gourmet, que visam uma melhor socialização dos moradores, além de melhor comodidade. Através de análises e trabalhos de campo foi possível perceber que uma considerável parte da população prefere os edifícios, pois além de serem áreas próximas ao centro da cidade propiciando melhor deslocamento, muitos dos edifícios são confortáveis, deixando os moradores mais a vontade e com todos os equipamentos coletivos de que ele necessita em um mesmo local. Por fim, nota-se que a cidade apesar de ser considerada pequena e pacata por muitos, ela possui um número considerável de edifícios.

5. Referências: AFONSO, D. C. Verticalização de Cuiabá/MT: Da modernização às problemáticas urbanas atuais. In: Congresso Brasileiro de Organização do Espaço, 1, 2010, Rio Claro. Anais... 2010, p. 991-1003. ISBN: 978-85-88454-20-0. BEAUJEU-GARNIER, J. Geografia Urbana. 2ª ed. Tradução de Raquel Soeiro de Brito. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkia, 1997. 525 p. BOTELHO, A. O Urbano em fragmentos: a produção do espaço e da moradia pelas práticas do setor imobiliário. 1ª ed. São Paulo: Annablume. FAPESP, 2007. 316p. CALDEIRA, T. P. R. Enclaves fortificados: a nova segregação urbana. Tradução por Heloisa Buarque de Almeida. Novos Estudos CEBRAP, n.47, março 1997, p.155-176. CARLOS, A. F. A. A cidade. 8ª ed. São Paulo: Contexto, 2005. 98p. CORRÊA, R. L. O espaço urbano. 4ª ed. 6ª Impressão. São Paulo: Editora Ática. 2005. 94p. ISBN 8508032609. IBGE. Censos Demográficos de 1970, . Acesso em 18 nov. 2010.

1980,

1991

e

2000.

Disponível

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______. Censos Demográficos de 1950 e 1960. Disponível em: . Acesso em 18 nov. 2010. ______. Contagem Populacional 2007. Disponível em: . Acesso em: 18 nov. 2010. ______. Censo 2010. Disponível em: . Acesso em 21 de ago. 2011. MACHADO, J. R.; MÉNDES, C. M. O processo de verticalização do centro de Maringá – PR, Brasil. In: Investigaciones Geográficas - Bol. Inst. de Geografía, México, v. 1, n. 52, p. 53-71, 2003. OLIVEIRA, B. S.. Ituiutaba na rede urbana tijucana: (re) configurações sócioespaciais de 1950 a 2003. 208f. Dissertação (Mestrado em Geografia). Instituto de Geografia, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2003. RAMIRES, J. C. L. A presença da habitação verticalizada na paisagem urbana brasileira. Geo UERJ: Revista do Departamento de Geografia, Rio de Janeiro, n. 9, p. 45-57, 1º semestre de 2001. _________. A verticalização do espaço urbano de Uberlândia: uma análise da produção e consumo habitação. 320 f. Tese (Doutorado em Geografia Humana). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. USP: São Paulo, 1998.

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