Jeff Koons: Uma Retrospectiva

June 4, 2017 | Autor: Sara Garzon | Categoria: Art History, Contemporary Art, Exhibitions, Jeff Koons, Whitney Museum of American Art
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do mundo

Gazing Ball (Mailbox), 2013

FOTOs Coleção Privada © Jeff Koons

Jeff Koons: uma retrospectiva Whitney Museum de Nova Iorque apresenta a maior mostra dedicada ao artista e suas polêmicas Por Sara Garzon

A

o adentrar a exposição Jeff Koons: A Retrospective você é impactado pelas esculturas da série Gazing Ball (algo como “bolas que observam”), incluindo a considerável Farnese Hercules (2013), uma das 150 peças que a compõem. Abrangendo mais de 35 anos de produção artística de Koons, a mostra – montada seguindo ordem cronológica – começa com as flores infláveis, a série Pre-New, e os icônicos aspiradores Hoover do início dos anos 1980. Ao ser confrontado com os primeiros trabalhos de Koons, lembramo-nos da influência da Pop Art e do readymade sobre sua criação. Apesar de pertencer a uma geração diferente, Andy Warhol e Marcel Duchamp são duas figuras importantes que marcaram a carreira nascente de Koons. Saindo do boom da publicidade, do consumismo e da crescente apreciação por todas as coisas novas que marcaram os anos 1960, Koons faz uma crítica à cultura do consumo norte-americana. Sua seleção de itens desejáveis leva os objetos prontos de Duchamp e as imagens apropriadas de Warhol um passo adiante e redefine a estética do atraente, do brilhantemente novo e acessível da qual as mercadorias faziam uso para apelar à sensibilidade e vaidade dos observadores – uma atitude representativa da bonança econômica dos Estados Unidos dos anos 1980. O crítico Eric Gibson declarou, em 1987, que, na produção de Koons, “o caráter essencial da década de 1980 pode ser encontrado», e ele não estava sozinho, com vários outros críticos reconhecendo o trabalho do artista como emblemático de seu tempo. Ao caminhar para o terceiro andar, somos recebidos por Made in Heaven (1989), um retrato de Jeff Koons e a atriz pornô húngara Ilona Staller – ex-mulher de Koons, também conhecida como La Cicciolina. As representações sexualmente explícitas 75

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Moon (Light Pink), 1995–2000

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do casal foram uma peça pregada entre o erótico e o kitsch que chacoalhou o mundo da arte e arremessou Koons em direção à tão desejada fama. Neste andar também se encontram as esculturas icônicas da série Banalidade, incluindo a famosa porcelana dourada de Michael Jackson and Bubbles (1988). É nesse ponto da exposição que se pode começar a apreciar a estética de Koons e reconhecer, através do verniz, seus vários manifestos sociais e políticos. Um olhar mais atento à obra revela como as imagens que parecem casualmente justaposicionadas de várias fontes, como publicidade, história da arte e desenhos animados, funcionam como gestos satíricos que caçoam com ironia de tabus sexuais, questões de gênero e classe e outros aspectos da vida moderna. Olhando para as obras que ao longo dos anos têm gerado tanta controvérsia, somos cativados não só pela imensa escala dos trabalhos, mas também pelo uso surpreendente de materiais. Pinturas como o Aqui Bacardi e propagandas de Myers’s Dark Rum parecem, à primeira vista, serem gráficos gerados por computador, quando na verdade são óleos sobre tela. Outro exemplo são as esculturas Elefante (2003) e Lagosta (2003), da série Popeye, que são fundidas em prata e alumínio policromado em vez do que poderia ser erroneamente tomado por poliéster barato. Koons certamente não é do tipo que economiza em materiais. Parte da grandeza do artista é a forma como ele sempre empurra os limites de técnicas artísticas para alcançar a qualidade e a cor que ele deseja. Muitas vezes, até

Lobster, 2003

A mostra desmistifica a obra de Koons e sua reputação como artista faminto de celebridade.

Split Rocker, obra instalada no Rockefeller Center em Nova Iorque

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Michael Jackson and Bubbles, 1988

mesmo cria novas tecnologias para atingir esses efeitos que fazem com que nada seja o parece. O melhor exemplo é sua aclamada escultura Play-Doh, que, em virtude de sua dificuldade técnica, levou mais de 20 anos para ser concluída. Koons replica magistralmente em alumínio as rachaduras, dobras e cores características da massinha de modelar criando uma réplica exata de um enorme monte de Super Massa. A mostra é a primeira retrospectiva do artista nos EUA e também a maior individual já exibida no Whitney. Tem atraído incrível atenção do público, com as longas filas que se formam fora do museu já antes de sua abertura, resultando em horários estendidos para atender à enorme demanda do público. Este é o grande evento de encerramento das atividades no edifício Breuer antes da mudança do Museu para sua nova casa no Meatpacking District. Paralelamente, a Galeria Gagosian comissionou a obra Split-Rocker, com 37 metros de altura e mais de 50 mil plantas floridas. O cachorrinho, instalado no Rockefeller Center, ficou em exibição até meados de setembro. 78

A retrospectiva oferece uma oportunidade para desmistificar a obra de Koons e a reputação que ele ganhou como o artista faminto de celebridade e fazedor de truques para o mercado de arte. É uma celebração de sua capacidade para produzir um trabalho que, independentemente de ser considerado bom ou ruim, vulgar ou de bom gosto, sempre conseguiu ser instigante.

Jeff Koons: a retrospective Whitney Museum of American Art – Nova Iorque

até 19 de outubro

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