João Calvino - 500 anos

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DIVINO JOSÉ DE CAMARGO







RESENHA

JOÃO CALVINO – 5OO ANOS – INTRODUÇÃO AO SEU PENSAMENTO E OBRA






Resenha apresentada Universidade Presbiteriana Mackenzie, como requisito parcial para a obtenção da Graduação em Teologia.






São Paulo
2013

RESENHA

JOÃO CALVINO – 5OO ANOS – INTRODUÇÃO AO SEU PENSAMENTO E OBRA



COSTA, Herminsten Maia Pereira da. João Calvino – 500 anos. São Paulo: Cultura Cristã.2009. 400 pp.

Hermisten Maia Pereira da Costa é pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil, teólogo calvinista e escritor. Mestre e doutor em Ciências da Religião, é bacharel em Teologia e possui formação em Filosofia e Pedagogia, Didática do Ensino Superior e História do Brasil Contemporâneo. . Tem cerca de 200 artigos publicados em diversos periódicos, 15 livros editados e centenas de textos que circulam, especialmente em seus cursos e conferências, atuando principalmente nos seguintes temas: João Calvino, Reforma Protestante e Teologia Sistemática.
Nesta obra, lançada por ocasião dos 500 anos do nascimento do grande reformador, Costa apresenta ao público brasileiro e de fala portuguesa o resultado de sua farta pesquisa, exposta anteriormente em forma de palestras, conforme o autor explicita já no início da obra, agora, compilada nesta farta produção literária, de maneira tal, que se possa apreciar ainda mais, de forma clara e viva a vida, mente profícua e a produção literária vastíssima, testemunho e principalmente, submissão a Deus, bem como a exegese bíblica de João Calvino de forma objetiva sem, contudo deixar de ser profunda. Costa, faz esta relevante análise da personagem dentro do contexto em que se deu a reforma protestante do sec. 16, tanto quanto apresenta a sua relevância para o desenvolvimento do pensamento reformado, impresso nas confissões de fé e teólogos posteriores, além da influência do pensamento calvinista no mundo ocidental nas mais diversas áreas.
A tônica da obra é simples e clara, sem com isto, abandonar a profundidade. Empolga o leitor ao conduzi-lo no conhecimento do que Deus fez naquele momento tão peculiar, por meio da vida daquele grande exegeta e maior expositor das Escrituras, por meio da avaliação de amplo cabedal de citações de seus comentários atrelados às ampliações e desenvolvimento que fazia nas Institutas da Religião Cristã, fruto da sua exegese bíblica.
A leitura da obra conduzirá muito naturalmente cristão à leitura da Bíblia, conhecimento e divulgação da fé reformada.
Na primeira parte composta por dois capítulos iniciais, Costa explica o ambiente político, religioso e econômico e a profunda carência espiritual pela qual passava a igreja dominada pelo papado em que a reforma se apresentou como um movimento religioso e teológico de retorno à Bíblia e seus originais, dentro do escopo humanismo renascentista florescente naquele momento (cap. 1). Em seguida ele apresenta o surgimento do reformador, sua origem e formação acadêmica e os meios e recursos que utilizados para a sua formação acadêmica, descrevendo de forma breve a sua conversão do romanismo para o protestantismo, possivelmente fruto do trabalho de seu primo Olivétan. Neste capítulo, ainda, é descrita a formação renascentista e humanista de Calvino e a influência dos clássicos, porém levando-o a valorizar o homem especialmente pelo fato de ser criado à imagem e semelhança de Deus, e não do homem partindo de si para si mesmo.
Na segunda parte, que abrange o restante do livro, o autor apresenta Calvino como o discípulo da Escritura na Escola do Espírito por causa do seu senso pastoral que o faz ensinar tudo que as Escrituras ensinam dentro da sua perspicuidade central, e como tal a sua compreensão a respeito da mesma quanto a sua origem,autoridade e suficiência, advindos do seu testemunho interno e do Espírito que dela é inseparável, por quem Deus nos ilumina na sua compreensão criteriosa e não alegórica, harmonizando a interpretação pelo princípio da acomodação (cap.3).
No quarto capítulo ao tratar da eleição o autor pontua que Calvino não partiu de uma questão meramente especulativa, mas de fatos existenciais compartilhados por todos os homens, por meio de uma abordagem soteriológica e pastoral. Para tanto é feita uma abordagem deste assunto desde o A.T. até as páginas do N.T. Evidencia-se neste capítulo os aspectos bíblicos teológicos e a influência da doutrina nos documentos de fé posteriores e o seu caráter modelador da obediência ao amor eletivo de Deus.
Na sequência faz-se a abordagem inicial a partir da perspectiva dos questionamentos do humanismo renascentista e do iluminismo na busca por respostas, em meio aos seus conflitos, angústias e necessidades vitais acerca de quem é homem? Destarte, Costa propõe como título do capítulo 5 – O homem como imagem e semelhança de Deus. Ocasião em que se faz a crítica ao humanismo renascentista, fruto do pensamento grego. Contudo Calvino faz elabora uma visão bíblica da grandeza do homem como cabeça da criação de Deus, definindo o significado de imagem e semelhança e as suas implicações da queda à restauração, destacando o lugar do homem no cosmos criado por Deus e a sua em termos de identidade na relação com Deus, o cosmo e seus semelhantes.
Tendo estabelecido estes princípios embasadores sobre a teologia de Calvino, como: suficiência das Escrituras, eleição e o homem, Costa avança para a demonstração da espiritualidade do reformador no capítulo 6; o seu relacionamento com Deus, o que de fato, demonstra ser a razão da felicidade humana, quando pelo Senhor aceito e conduzido à uma vida de oração.
Além destes, outros resultados à semelhança do culto, educação, ética social e as ciências, são demonstrados como fruto de uma teologia relacionada à vida prática, oriunda da sua fé na pessoa e obra de Cristo, evidenciada na sua exegese, comentários e sucessivas edições das Institutas, por meio das quais se demonstra a piedade obediente do mesmo.
Ao tratar sobre o culto (cap. 7), embora não sendo dogmático acerca da liturgia do culto, ele estabelece que o mesmo deveria despir-se da pompa dos papista, evitando-se as corrupções de Satanás e do Anticristo, sendo o mais simples possível e no vernáculo popular dentro de uma perspectiva teocêntrica, embora não desprezando a possibilidade do mesmo ser acomodado à condição e gosto das pessoas. Neste particular ele redimensiona os sacramentos, em especial a ceia, acerca da qual ele diz nãoser um poder mágico, mas que só alcança a sua eficácia por meio da fé, que é a principal obra do Espírito Santo. Os cânticos dos hinos, a adoração e pregação bíblica alcançam um elevado crescimento neste período, dentro da igreja. Esta prática cúltica deveria ser observada com fervor e decência, sem contudo permitir-lhes exagero, inclusive no uso da música.
Tratando das implicação decorrentes da Reforma na área da educação o que ocorre no capítulo 8, inicialmente verifica-se a influência exercida sobre na colonização norte americana, pelos puritanos pioneiros, em seguida as bases do ensino público obrigatório por Lutero. Enfim, no restante do capítulo o autor lança-se a explicar a efetiva atuação no aspecto educacional, decorrente da sua compreensão de graça comum. Como resultado, funda-se a Academia de Genebra, com implicações práticas de sólido conhecimento somado à piedade.
Ao tratar da ética social de Calvino, Costa dedica ao assunto um breve capítulo, sem, contudo, deixar de descrever com profundidade, a significativa diferença da dignidade, nobreza e valor espiritual dado pelo reformador ao trabalho distintamente do pensamento tomista. Calvino desenvolve o significado de mordomia cristã de forma responsável, pontuando que tudo pertence a Deus; fato que tornariam mais relevantes as realizações laborais humanas.
No último capítulo, também, não extenso aborda-se a interação entre calvinismo e ciência, apresentando a percepção de unidade entre fé e ciência por parte do autor que verifica que a ciência é fruto da fé que desperta para o mundo do conhecimento. É feita uma breve avaliação da filosofia bem como do desenvolvimento científico, em especial os então pressupostos de Kepler, Copérnico e Galileu dentre outros, e suas interações com a igreja católica e protestante. Neste assunto, desmistifica a suposta declaração que teria feito Calvino acerca de Copérnico. Finalmente o capítulo final do livro é concluído cocitando os seus leitores a irem além de discípulos de Calvino, mas do mestre de Calvino, sendo de fato reformado, o que significa um apego irrestrito ao Deus da Palavra.
Em conclusão, registra-se voto de apreciação ao Rev. Hermisten Pereira da Costa e a Editora Cultura Cristã por obra tão significativa e esclarecedora acerca do grande reformador genebrino. Tão abalizada obra com inúmeras citações e transcrições bibliográficas contribuiu em extremo para uma maior aproximação e divulgação do pensamento do insigne reformador, que ora, já ultrapassa os 500 anos de comemoração do seu natalício, deixando que ele por si mesmo falasse inúmeras vezes acerca dos mais variados temas abordados.
Como tema da presente obra é Cristo e as Escrituras em diálogo com os movimentos intelectuais dos nossos dias, somos desafiados a nos engajar nos debates eruditos do nosso tempo e na busca de aprofundamento intelectual para se estabelecer este diálogo e exercer influência transformadora. O desafio aqui apresentado não é para nos intimidar, mas para que avaliemos os vários pontos positivos e de interação, de maneira tal que sejam explorados os vários pontos positivos mencionados pelo autor.





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