Joaquín Rodrigo — Concerto em Modo Galante para Violoncelo e Orquestra

June 8, 2017 | Autor: Igor Reyner | Categoria: Music, Music History, Musicology
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sÉRIE ALLEGRO 24 de março 20H30 GRANDE TEATRO DO PALÁCIO DAS ARTES

Maximiano Valdés regente convidado Asier Polo violoncelo PROGRAMA Juan ORREGO-SALAS Abertura festiva, op. 21 (1947) [9 min] Joaquín RODRIGO Concerto em modo galante para violoncelo e orquestra (1949) [26 min] I. Allegretto grazioso II. Adagietto III. Rondo giocoso Solista: Asier Polo INTERVALO Dmitri SHOSTAKOVICH Sinfonia nº 11 em sol menor, op. 103, “O Ano 1905” (1957) [55 min] I. A praça do palácio: Adagio II. 9 de janeiro: Allegro III. Memória eterna: Adagio IV. O dobrar do sino de alarme: Allegro non troppo

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Em sua longa carreira de compositor e professor, Orrego-Salas recebeu os mais altos prêmios de seu país e, da Organização dos Estados Americanos, o Prêmio Interamericano Gabriela Mistral. Em 2005 voltou ao Chile para lançar o livro Encuentros, visiones y repasos, de memórias e reflexões sobre música e sobre a sua obra. Muitas de suas composições têm sido motivadas por encomendas de fundações (Koussevitzky, Cooolidge, etc.), universidades, orquestras, solistas. Destacam-se em sua vasta produção as obras corais, a Cantata de Natal, a Sonata para Violino e Piano, entre tantas outras. Hoje vive em Los Angeles, Califórnia. A Obertura Festiva (título original em espanhol) para grande orquestra foi composta em 1947 e a estreia se deu em excursão da Orquestra Sinfônica do Chile, em 1948. Orrego-Salas utilizou nessa obra sua extrema habilidade de orquestrador e compôs, com rica palheta de nuances, uma peça em três partes, sem interrupção – Allegro vivace, Lento, Allegro vivace – que segue a tradição das “aberturas” independentes, as quais não antecedem ou preparam uma ópera, nem obedecem a um “programa”. Neste caso, a Obertura Festiva tem motivação comemorativa – como algumas aberturas de Beethoven e Brahms – porém de natureza especialmente afetuosa, já que o compositor festejava o nascimento de sua filha, Francisca. A primeira parte apresenta dois temas: o primeiro, baseado em compasso binário composto, muito dinâmico, dançante, desenho bem marcante formado por intervalos de quarta ascendente e descendente; o segundo tema, melódico, em compasso binário, introduz uma característica canção espanhola. Após a volta vigorosa do primeiro tema, surge, sem interrupção, em pianíssimo, a segunda parte da obra, Lento, em ritmo de valsa lenta, com orquestração tênue, em que ressaltam intervenções de flauta e clarinete solistas. A terceira parte, Allegro vivace, também sem preparação, utiliza os dois temas da primeira parte, inclui um pequeno interlúdio delicado e, com progressivo adensamento da orquestração, vertiginosos rasgos de semicolcheias e grande crescendo, chega ao brilhante final. *Agradecimento especial a Gustavo Marín Navarro, que colaborou com valiosas informações.

Berenice Menegale Pianista, Diretora da Fundação de Educação Artística

Orrego-salas, Juan_ Encuentros, Visiones y Repasos Santiago, Ediciones Universidad Católica de Chile, 2005.

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“Uma obra que enriquece sensivelmente o repertório de violoncelo e orquestra. A economia de sua instrumentação faz com que resulte em uma das raras partituras nas quais o solista nunca fica afogado pelo peso da orquestra.” Gaspar Cassadò

Joaquín RODRIGO (Espanha, 1901 – 1999) Concerto em modo galante para violoncelo e orquestra A Paris dos anos de 1920 voltava a ser um centro de efervescência cultural. Após o final da Primeira Guerra Mundial, a intensa movimentação cultural vivida nos anos anteriores a 1914 era retomada. Com a lembrança recente da guerra, a cidade via florescer movimentos artísticos vigorosos e ousados: Cubismo, Fauvismo, Abstracionismo, Futurismo, Dadaísmo, Surrealismo. Paris recuperara seu papel de “capital do século XIX” e despontava também como a capital das artes do século XX. Era para lá que se dirigiam aqueles que iam rumo à modernidade. Assim, artistas dos mais variados países ali se reuniam. Os mais expressivos artistas espanhóis estavam por lá – Buñuel, Dalí, De Falla, Picasso, Turina – quando, em 1927, chega a Paris Joaquín Rodrigo, para estudar composição com Paul Dukas. Com esse mestre, Rodrigo desenvolveu algumas de suas principais características estilísticas, como um lirismo delicado, um colorido orquestral por vezes ousado e uma harmonia que lembra Ravel e Granados. Ao iniciar-se a Segunda Guerra Mundial chega a Madri o compositor Joaquín Rodrigo que, após três anos de exílio na Alemanha e França, em razão da Guerra Civil Espanhola, é convidado a ocupar um cargo na Rádio Nacional. A década de 1940 será especialmente importante na vida de Rodrigo: em 1941 nasce sua primeira filha, Cecília; em 1943 recebe o Prêmio Nacional de Música pelo Concierto heroico para piano e orquestra; ocupa de 1944 a 45 a direção do Departamento de Música da Rádio Nacional; conquista o primeiro prêmio do Concurso Cervantino, em homenagem aos 400 anos de nascimento de Cervantes, com a obra Ausencias de Dulcinea, e compõe, em 1949, o Concierto en modo Galante para violoncelo e orquestra. Entre os gêneros musicais, aquele que o fez mundialmente reconhecido é sem dúvida o concerto para solista e orquestra. Entre suas obras somam-se pelo menos doze peças desse gênero, incluindo o

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famoso Concierto de Aranjuez de 1939, para violão e orquestra. Por diversas vezes, quando da composição de seus concertos, Rodrigo o fazia por encomenda de grandes intérpretes ou em contato com eles: Andrés Segovia na Fantasía para un gentilhombre, para violão e orquestra; James Galway no Concierto pastoral para flauta y orquestra; e Lloyd Webber Juliano no Concierto como un divertimento, seu segundo concerto para violoncelo e orquestra. Mas foi na composição do Concierto en modo galante que existiu a relação compositor-intérprete mais anedótica da vida de Rodrigo. O Concierto en modo galante foi escrito a pedido de um importante violoncelista espanhol, Gaspar Cassadò, que prometeu a Rodrigo: “Eu irei tocá-lo, irei gravá-lo, verei se é possível publicá-lo em Paris”. Poucos meses depois, Rodrigo já havia atendido ao pedido do violoncelista que, ao ouvir os temas, ofereceu-se para escrever a partitura (como Rodrigo era cego, precisou sempre de ajuda para escrever suas partituras). Assim, durante o verão de 1949, Rodrigo e Cassadò trabalharam por longas madrugadas na escrita do concerto. Sua estreia se deu a 4 de novembro de 1949, no Palacio de la Música, em Madrid, com a Orquestra Nacional de España regida por Ataulfo Argenta. Após a première em Madrid, um ano se passou até que houvesse a segunda récita, em Roma. Embora tendo sido a obra bem recebida, Gaspar Cassadò começou a achá-la longa demais e cortou-lhe passagens que considerava desnecessárias (aliás, passagens nas quais o solista não tinha muito o que fazer). Quando veio a possibilidade de publicação da obra, a esposa do compositor, pianista Victoria Kahmi, deparou-se com as dificuldades de restaurá-la. Rodrigo, quando compôs esse concerto, mostrava-se resistente em escrever concertos, porém, convencido a fazê-lo por Cassadò, chegou finalmente à forma que lhe pareceu mais adequada, em que se sucedem um Allegretto Grazioso, um Adagietto e um Rondo Giocoso. A obra inspira-se no ambiente da Espanha do século XVIII e na música de Boccherini; apresenta caráter popular e alguma ironia. Sobre o concerto, diz Cassadò: “uma obra excelente que enriquece sensivelmente o repertório de violoncelo e orquestra. A economia de sua instrumentação faz com que resulte em uma das raras partituras nas quais o solista de violoncelo nunca fica afogado pelo peso da orquestra”. Igor Reyner Pianista e mestrando em música pela UFMG

PARA OUVIR_ CD Rodrigo – Concerto en modo galante – Castile and Leon Symphony Orchestra – Max Bragado-Darman, regente; Asier Polo, solista – Naxos

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Shostakovich, no fundo, compunha um canto fúnebre para toda e qualquer repressão popular, não apenas a de 1905, mas, principalmente, a que existia na Rússia desde 1917.

Dmitri SHOSTAKOVICH (Rússia, 1906 – 1975) Sinfonia nº 11 em sol menor, op. 103, “o ano 1905” O subtítulo da 11ª Sinfonia de Shostakovich, “o ano 1905”, refere-se à Revolução Russa de 1905, mais precisamente ao massacre de centenas de inocentes em frente ao Palácio de Inverno do Czar, conhecido como Domingo Sangrento. Em São Petersburgo, no domingo 9 de janeiro (22 de janeiro no calendário gregoriano), o Padre Georgi Gapon liderou uma procissão pacífica de milhares de trabalhadores grevistas e suas famílias, pedindo por melhores salários e condições de trabalho mais humanas. A procissão dirigiu-se para o Palácio de Inverno carregando fotos do Czar, cantando hinos e canções patrióticas. O corpo de guarda que protegia o Palácio abriu fogo contra a multidão. Centenas foram mortos a tiros ou pisoteados quando o pânico se instaurou. O Czar Nicolau II não estava no Palácio e, mais tarde, ao saber das notícias, expressou sua profunda tristeza com o acontecimento. Em 1956 Shostakovich recebeu a encomenda do governo soviético para compor uma obra sinfônica em comemoração aos quarenta anos da Revolução Russa de 1917. Não desejando escrever uma obra que exaltasse o sistema soviético, Shostakovich escolheu ilustrar o episódio do Domingo Sangrento de 1905. Embora o alto escalão do Politburo tenha aceitado o argumento de que, ao se falar do massacre dos inocentes pelas tropas do Czar, falava-se indiretamente da Revolução de 1917, Shostakovich, no fundo, compunha um canto fúnebre para toda e qualquer repressão popular, não apenas a de 1905, mas, principalmente, a que existia na Rússia desde 1917. A Sinfonia nº 11 foi composta no início de 1957. Sua estreia se deu no dia 30 de outubro do mesmo ano, na Grande Sala do Conservatório de Moscou, pela Orquestra Sinfônica da URSS, sob a regência de Natan Rakhlin. A sinfonia possui quatro movimentos que devem ser executados sem intervalos. O primeiro (Adagio), A Praça do Palácio, evoca a manhã

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ORQUESTRA FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS | Março | 2011 Primeiros Violinos

Anthony Flint spalla

Eliseu Martins de Barros con-

certino

Rommel Fernandes assistente de spalla

Arthur Vieira Terto Bojana Pantovic Leonidas Cáceres Carreño Luis Felipe Damiani Marcio Cecconello Martha de Moura Pacífico Mateus Freire Patrick Desrosiers Rodolfo Marques Toffolo Rodrigo de Oliveira Elias Barros **** Tiago Paganini **** Yllen Almeida **** Segundos Violinos

Frank Haemmer * Jovana Trifunovic ** Eri Lou Miyake Nogueira Gláucia de Andrade Borges José Augusto de Almeida Leonardo Ottoni Luka Milanovic Marija Mihajlovic Radmila Bocev Tiago Ellwanger Valentina Gostilovitch Olga Galeano **** Violas

João Carlos Ferreira * Nathan Medina *** Bruno Leandro da Silva Cleusa de Sana Nébias Glaúcia Martins de Barros Marcelo Nébias Katarzyna Druzd Vitaliya Martsinkevich William Martins Sofia von Atzingen ****

Fabio Mechetti

REGENTE ASSISTENTE

Camila Pacífico Lina Radovanovic Matthew Ryan-Kelzenberg Pedro Bielschowsky Claudio Urgel **** Luiz Sena **** Sergio Rabelo **** Thiago Vilela **** Contrabaixos

Colin Chatfield * Mark Wallace ** Brian Fountain Hector Manuel Espinosa Marcelo Cunha Nilson Bellotto Valdir Claudino Flautas

Eliah Sakakuschev * Elise Pittenger **

Jesse Sadoc **** Paulo Ribeiro **** Mark John Mulley * Wagner Mayer ** Renato Lisboa André Pastore **** Wendell Mayer **** Tuba

Eleilton Cruz * Tímpanos

Ambjorn Lebech * Percussão

Daniel Lemos ** Werner Silveira Sérgio Aluotto Danillo Valle **** Felipe Kneipp **** John Boudler **** Harpa

Oboés

Mareike Burdinski *

Alexandre Barros * Ravi Shankar ** Moisés Pena Clarinetes

Dominic Desautels * Marcus Julius Lander ** Ney Campos Franco

Teclados

Ayumi Shigeta * Patrícia Valadão **** Gerente da Orquestra

Jussan Fernandes Inspetora da Orquestra

Karolina Cordeiro

Fagotes

Catherine Carignan * Laurence Messier ** Raquel Carneiro Ariana Pedrosa

Assistente Administrativo da Orquestra

Débora Vieira Arquivista

Vanderlei Miranda

Trompas

Evgueni Gerassimov * Ailton Ramez Ferreira Gustavo Garcia Trindade ** José Francisco dos Santos Lucas Filho **** Sarah Ramez **** Marlon Humphreys * Erico Oliveira Fonseca ** Daniel Leal

PatrocÍNIO

Trombones

Cássia Renata Lima* Renata Xavier ** Fernando Pacifico Homem Alexandre Braga

Trompetes Violoncelos

Marcos Arakaki

Assistentes de Arquivista

Klênio Carvalho Sergio Almeida MONTADORES

Carlos Natanael Felix de Senna Matheus Luiz Ferreira Rodrigo Castro

Apoio Cultural

*chefe de naipe **assistente de chefe de naipe ***chefe/assistente substituto ****músico convidado

DIRETOR ARTÍSTICO e REGENTE TITULAR

Divulgação

APOIO INSTITUCIONAL

Instituto Cultural Filarmônica Diretoria Executiva

Analista de Comunicação Pleno

Analista Financeiro Sênior

Thais Boaventura

Diretor Presidente

Andréa Mendes

Diretor Administrativo-financeiro

Marcela Dantés

Eliana Salazar

Analista de Marketing de Relacionamento Pleno

Secretária Executiva

Diomar Silveira Tiago Cacique Moraes

Diretor de Comunicação

Fernando Lara

Diretor de produçÃO MUSICAL

Richard Santana

Diretor de Projetos E Marketing

Bruno Volpini Equipe Técnica

Gerente de Produção Musical

Angela Heffner

Gerente de Comunicação

Merrina Godinho Delgado

Analista de Comunicação Pleno

Mônica Moreira

Assistente de Comunicação

Pedro Leone

Assistente de Programação Musical

Francisco César Araújo

Estagiário

Marcos Sarieddine Equipe Administrativa Analista de Recursos Humanos Sênior

Quézia Macedo Silva

AnalISTA ADMINISTRATIVO Sênior

REALIZAÇÃO

Flaviana Mendes

AuxiliarES AdministrativoS

Vivian Figueiredo Cristiane Reis

Auxiliar de Serviços Gerais

Lizonete Prates Siqueira Mensageiros

Lucas Barbosa João Paulo de Oliveira ESTAGIÁRIO

Alexandre Moreira

Produtora

Carolina Debrot

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