Jogar e viver a notícia Caminhos para a construção de narrativas jornalísticas em ambientes digitais interativos Giovanni Rocha | Prof. Dr. André Pase
Jogar e viver a Anual notíciaEncontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo – SBPJor | UNISUL - Palhoça, SC | nov. 2016 14º Encontro Caminhos para a construção de narrativas jornalísticas em ambientes digitais interativos
Estrutura da apresentação
Estrutura da apresentação • Jornalismo, entretenimento e a linguagem “fácil” • Mídias interativas, narrativas complexas • Caminhos interativos e complexos
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Informação e entretenimento no jornalismo
DEJAVITE, Fábia A. INFOtenimento. Informação + entretenimento no jornalismo. São Paulo: Paulinas, 2006.
GABLER, Neal. Life: the movie. How intertainment conquered Reality
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Informação e entretenimento no jornalismo
[...] uma narrativa, uma performance ou qualquer outra experiência que envolva e agrade alguém ou um grupo de pessoas, que traz pontos de vista e perspectivas convencionais e ideológicas. Isso porque seu significado remete, na maioria das vezes à anti-seriedade, à rejeição da moralidade, à política e à não-estética. (DEJAVITE, 2006, p. 41)
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Informação e entretenimento no jornalismo De acordo com Dejavite (2006) • Debates intensos nos campos teóricos e práticos do jornalismo • Conteúdos do entretenimento, em geral, são associados à fugas da realidade cotidiana • Normalmente esses conteúdos orbitam o imaginário • Devem ser compreendidos também por questões estéticas e visuais • Estão também determinados por ações de agenda, gate e newsvalues • Fronteiras foram e são mais porosas do que normalmente se compreende Jogar e viver a notícia Caminhos para a construção de narrativas jornalísticas em ambientes digitais interativos
Informação e entretenimento no jornalismo Século XIX: Jornal impresso fundamental para as transformações sociais 1830 – EUA - New York Sun, The World e Journal, definem um gênero de notícias sensacionalistas O formato de seleção e abordagem dos acontecimentos será um elemento de competição com outros periódicos de leitura mais rebuscada Início século XX: Esse modelo de imprensa precisou se reinventar em razão da resistência que as classes alta e média começavam a ter desse tipo de conteúdo 1950 - A chegada da televisão Jogar e viver a notícia Caminhos para a construção de narrativas jornalísticas em ambientes digitais interativos
Informação e entretenimento no jornalismo
A teve trouxe uma nova direção para a notícia. O entretenimento foi o discurso escolhido para caracterizar-se. A partir disso, converteu tudo o que aparecia em diversão, inclusive a notícia. [...] diante disso, os jornais viram-se obrigados a adotar características desse novo e forte concorrente, procurando empregar recursos artísticos na tentativa de seduzir o público. (DEJAVITE, 2006, p. 60).
TV nos EUA (Foto AP/1954)
https://global.britannica.com/art/television-in-the-United-States
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Informação e entretenimento no jornalismo
The New York Times, 1923
http://wezen-ball.com/2009-articles/the-yankees-on-the-front-page.html
USA Today. 1ª edição, 1982
http://www.technobuffalo.com/2010/08/29/usa-today-preparing-for-a-larger-digital-presence/
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Informação e entretenimento no jornalismo
O jornalismo de notícia light O segredo de seu sucesso está na simplicidade, ou seja, no modo fácil de ser entendida e comentada, no estímulo do imaginário social e na ocupação do tempo livre dos indivíduos. Sua essência baseia-se na interpretação ou recriação dos fatos, com o uso da linguagem do entretenimento, como fazem as telenovelas e os filmes. Resumidamente, a notícia light pode ser definida como aquele conteúdo rápido, de fácil entendimento, efêmero, de circulação intensa que busca divertir o receptor. (DEJAVITE, 2006, p. 70).
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Informação e entretenimento no jornalismo Produção de realidades menos complexas Toda reportagem deve ser iniciada com a informação que mais interessa ao leitor e ao debate público (o lide); deve ainda contextualizar os fatos e expô-los objetiva e criticamente, com exatidão, clareza, concisão, didatismo e uso correto da língua. (FOLHA, 2010, p. 28). [...] profissionais de edição de texto realizam um trabalho semelhante ao de um roteirista de cinema e de TV. [...] a matéria-prima deles é a realidade. A obsessão deles é a fidelidade aos fatos. [...] o bom editor determinará a ordem em que as informações de uma reportagem serão fornecidas ao espectador — de maneira a facilitar ao máximo a compreensão. (BONNER, 2009, p. 53)
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Informação e entretenimento no jornalismo
O que parece ser sensível e emerge de maneira potencial é a constituição de uma estrutura textual do jornalismo que precisou se transformar em uma narrativa fácil para atender a “necessidade” do público
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O conceito de entretenimento dentro do conteúdo jornalístico
Como fica o jornalismo quando a própria indústria do entretenimento identificou que o público exige novas abordagens complexas?
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Mídias interativas, narrativas complexas
MURRAY, Janet H. Hamlet no Holodeck. O futuro da narrativa no ciberespaço. São Paulo: Itaú Cultural: Unesp, 2003. Jogar e viver a notícia Caminhos para a construção de narrativas jornalísticas em ambientes digitais interativos
JOHNSON, Steven. Tudo que é ruim é bom para você. Rio de Janeiro: Zahar, 2012.
Mídias interativas, narrativas complexas O surgimento das “audiências ativas” (MURRAY, 2003, p. 52).
[...] os passeios nos filmes estão demonstrando que o público não se satisfaz apenas com fortes emoções. Uma vez que as pessoas “entram no filme”, elas querem mais do que uma volta na montanha-russa; querem uma história [...]. Numa atitude mais ambiciosa, eles [os produtores] estão oferecendo ao público maior liberdade para dirigir o passeio e mais oportunidades para influenciar a história que se desenvolve. (MURRAY, 2003, p. 60).
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Mídias interativas, narrativas complexas
Quatro propriedades essenciais do ambiente digital, segundo Murray (p. 78)
1) procedimental: Murray compreende o computador como um motor. Nas palavras da autora, “Ele não foi projetado para transmitir informações estáticas, mas para incorporar comportamentos complexos e aleatórios”. 2) participativo: A característica procedimental nos atrai não somente por exibir comportamentos a partir de regras, mas porque podemos inserir nesses ambientes as regras 3) espacial: O mundo tridimensional e contínuo das paisagens imaginárias [...] são percebidos pelo usuário através do processo de navegação, que é exclusivo do ambiente digital” 4) enciclopédico: potencial artístico de oferecer riqueza de detalhes, de representar o mundo de modo tanto abrangente quanto particular Jogar e viver a notícia Caminhos para a construção de narrativas jornalísticas em ambientes digitais interativos
Mídias interativas, narrativas complexas
Curva do Dorminhoco (Johnson) “a cultura popular, diferentemente do que o senso comum profetiza, nos educou e, principalmente, nos faz mais exigentes em períodos cada vez mais curtos”
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Mídias interativas, narrativas complexas
Na era Nintendo, esperamos da televisão uma nova forma de entretenimento: uma série de testes competitivos que vão se tornando cada vez mais difíceis com o tempo. Muitos reality shows também aproveitam um artifício mais sutil da cultura dos videogames: as regras não são claramente estabelecidas no início. Você aprende enquanto joga. (JOHNSON, 2012, p. 75).
REALITY SHOW E GAMES: SE APRENDE ENQUANTO SE JOGA
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Mídias interativas, narrativas complexas
Não se progride no jogo sem aprender as regras do ambiente. Nas palavras do autor (p. 37), “busca é a palavra perfeita para definir o impulso que esse modelo instiga nos jogadores. [...] o que o atrai é uma forma elementar de desejo: de descobrir o que vem a seguir”.
DESCOBRIR O QUE VEM A SEGUIR
Formato narrativo baseado na multiplicidade de linhas
Nas palavras de Johnson (p. 55), “[...] preencher as lacunas: compreender informações deliberadamente incompletas ou obscuras. Narrativas que exigem dos espectadores o trabalho de acrescentar elementos cruciais levam a complexidade a um nível mais desafiador”. Jogar e viver a notícia Caminhos para a construção de narrativas jornalísticas em ambientes digitais interativos
MAIS COMPLICADO E MELHOR
NEM TUDO ESTÁ DITO
Mídias interativas, narrativas complexas
Nas palavras de Johnson (p. 92) “os fãs de 24 horas documentam e debatem à exaustão cada ligeiro olhar, cada breve alusão na série, elaborando guias minuciosos dos episódios e listas de ‘perguntas mais frequentes’[...] Se alguém se perde na rede social de 24 horas, sempre poderá encontrar orientação na internet”
O poder em repetir a experiência
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Caminhos possíveis dos meios digitais participativos
Newsgames Jornalismo imersivo “Ser digital é ter licença para crescer” (Negroponte, 1995, p. 46)
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Caminhos possíveis dos meios digitais participativos
Newsgames: jogos digitais baseados em acontecimentos reais com mecânicas de interação muito semelhantes aos videogames atuais. O usuário toma ações com base no desenvolvimento da narrativa. Jornalismo imersivo: Relacionado ao desenvolvimento de experiências visuais e sonoras em primeira pessoa aos usuário. Busca nos recursos do novos aparelhos de realidade virtual para transmitir sensações durante as narrativas
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Caminhos possíveis dos meios digitais participativos
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Caminhos possíveis dos meios digitais participativos Comentários de Lyila “Demonstra a realidade escondida por debaixo dos panos. Emocionante” “Jogos podem ajudar a entender esse mundo” “sem palavras pra descrever esse jogo Melhor app de conscientização que já joguei, msm durando tão pouco” “Muito bom o jogo, relata os acontecimentos que ocorreram na faixa de Gaza, na verdade nem chega ser um jogo, é apenas uma demonstração do que realmente aconteceu na guerra, parabéns aos desenvolvedores”
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Caminhos possíveis dos meios digitais participativos
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Caminhos possíveis dos meios digitais participativos Considerações finais Ambiente digital é um campo para a exploração de modelos narrativos voltados à participação dos usuários As novas formas de consumo de informação e entretenimento exigem novas habilidades técnicas e estéticas dos produtores de conteúdo Servir como reflexão com o objetivo de garantir que o jornalismo se mantenha como agente protagonista, de reflexão, com capacidade de atração pelas novas audiências A apropriação da linguagem do jogo digital emerge com potencial para uma nova fase de produção. Porém, envolve primeiramente novas capacidades técnicas e, principalmente, dissolução de conceitos que reduzam essas narrativas a meios inferiores, distrativos ou de compreensão simplista. Não se supõe que a incorporação de qualquer nova capacidade para produção de narrativas envolva o abandono das práticas técnicas e éticas
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Obrigado Giovanni Rocha
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