Jogos do Jardim do Cerco - Mafra

July 14, 2017 | Autor: Manuel J. Gandra | Categoria: Cultural History, Mafra, Palácio Nacional de Mafra
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Manuel J. Gandra

JOGOS DO

JARDIM DO CERCO Bola, Laranjinha e Aro

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Manuel J. Gandra

JOGOS DO

JARDIM DO CERCO Bola, Laranjinha e Aro

Mafra 2014 3

Desta 1ª edição fizeram-se duas tiragens: uma normal de 102 exemplares e outra, especialíssima, de XVII exemplares, dedicados ad personam, todos assinados pelo autor.

Manuel J. Gandra © Mafra, Junho de 2014 O conteúdo do presente folheto não pode ser reproduzido sem a prévia autorização por escrito do autor.

www.cesdies.net E-mail: [email protected] Tel.: 963075514

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ANTELÓQUIO

Em regra, os conventos e mosteiros portugueses possuíam uma cerca murada (hortus conclusus), claramente precursora dos jardins botânicos modernos, destinada, concomitantemente, ao recreio dos religiosos e à produção de flores para a ornamentação dos altares, bem como de grande diversidade de plantas medicinais e aromáticas de que se haviam de extrair os símplices nas boticas fradescas. O mosteiro de Santo António, junto à vila de Mafra, não foi excepção. A sua Cerca, com uma área aproximada de 8 hectares, produzia não apenas plantas de interesse utilitário e medicinal (hortorium) mas, igualmente, árvores de fruto (pomarium) e espécies florestais (viridarium), cultivadas de molde a constituírem canteiros bem repartidos, de geometria e formas regulares, separados por ruas. Da plantação dos jardins da Cerca conventual de Mafra foi incumbido António Rebelo da Fonseca, o qual pôs, imediatamente, em prática as instruções recebidas do próprio Dom João V, em 28 de Janeiro de 1718. Porém, a 5

abertura dos alicerces suplementares, em 1728, contemplando o plano definitivo do Monumento (o quarto, eventualmente traçado por Custódio Vieira), ditaria a destruição de parte dos jardins já plantados da Cerca conventual. Alguns anos volvidos, Guilherme de Carvalho Bandeira descrevia-a, na sua Relação do Convento de Santo António de Mafra, detentora de ruas com matas fechadas, onde se criavam coelhos em abundância, e muitos bosques onde não entrava o sol.

Mafra (1814) Estampa a água-tinta, colorida, pelo gravador francês Henri L' Évêque (17691832). Talvez a mais antiga representação dos arredores do Monumento de Mafra, divisando-se, igualmente a Cerca conventual.

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Cerca conventual de Mafra Planta dos encanamentos de água (1899) e representação do Jogo da Bola. Desenho sobre tela incluído na pasta Minas e Encanamentos d’Água dos Almoxarifados (Arquivo Histórico do Ministério das Finanças) Presume-se que o portão que dá para o actual Largo das Tílias tenha sido aberto durante o século XIX (cerca da década de 1875-1885), quando o rei D. Fernando de Sax ordenou ao jardineiro francês Bonard que introduzisse alterações na estrutura e disposição dos canteiros, traçando a alameda nascente-poente.

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No seu Monumento Sacro (1751), Frei João de São José do Prado reporta-se a essa “grande horta” com “pomares de laranja, e fruta com ruas de latadas de piteiras, e grandes tabuleiros de horta, que produzem toda a casta de hortaliças de que se prove o Convento, trabalhando nela efectivamente doze hortelões, a quem governa um Religioso". Também a alguns visitantes estrangeiros são devidas descrições da Cerca conventual, umas enaltecendo-a, outras registando o abandono a que fora votada, designadamente após a extinção das ordens religiosas, com o consequente e definitivo egresso dos arrábidos do convento de Santo António, junto à vila de Mafra.

Trecho do jardim do Cerco (antes de 1949)

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Tendo deixado de ter quem cuidasse da sua manutenção, a Cerca foi-se degradando, para o que terá contribuído a cada vez mais evidente ausência, designadamente a partir de 1870, da outrora tão assídua Família Real, e isto não obstante a intervenção mecenática de Dom Fernando II. Só em 1921, já sob o domínio público, e baptizado como Jardim do Cerco, haviam de ser empreendidas, por iniciativa dos Amigos de Mafra, acções no sentido da sua recuperação, com os proventos obtidos a partir da venda de plantas e das festas ali promovidas. A persistência do aludido grupo de mafrenses suscitou o fim da inactividade a que haviam condenado o Cerco, a Administração do Palácio Nacional e a Escola de Tiro, sucessivamente.

O mesmo trecho do Jardim do Cerco (depois das obras de 1949)

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Aos Serviços Florestais e Aquícolas é atribuível, após 1949, a segunda reanimação do Cerco, sob a supervisão do Engenheiro D. Segismundo da Câmara Saldanha.

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O Jogo da Bola da Cerca conventual de Mafra (início do século XX) De acordo com a fotografia homónima, não havia então qualquer barracão encostado à extrema do Cerco, nas proximidades do recinto do Jogo da Bola. Tais edificações, bem como outras entretanto demolidas e, ulteriormente, reedificadas, terão começado a surgir apenas durante o período em que o Cerco foi administrado pela Escola de Tiro de Infantaria, na sequência de um despacho ministerial, datado de 20 de Junho de 1924. Essa tutela vigorou até à entrega da propriedade à Direcção dos Serviços Florestais, em 1941. A 11 de Março de 1946, um Ofício da Direcção dos Monumentos Nacionais comunicaria ao Engenheiro Director Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais que considerava de toda a conveniência proceder à demolição de todos os barracões de arrecadações encostados ao muro da vedação do Jardim do Cerco, anexo à fachada norte do Palácio e, designadamente, da “ barraca [em cimento armado] assente sobre o poço da Nora dos Frades, a qual encerra o motor que faz o abastecimento de água à Escola Prática de Infantaria”. Porém, a Escola Prática de Infantaria tinha planos diferentes, admitindo mesmo a hipótese de “sacrificar uma parte do chamado Jardim do Cerco, anexo ao Palácio Nacional de Mafra, para ali serem construídos uns barracões”, conforme se extrai de Ofício da Direcção dos Monumentos Nacionais, remetido a 12 de Março do mesmo ano de 1946, à Repartição do Património da Direcção Geral da Fazenda Pública. O Director dos Monumentos Nacionais reagiria de imediato ao desiderato da EPI, ordenando ao Engenheiro Director Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais que impedisse a construção de “mais barracões para a Escola Prática de Infantaria” no, ou junto ao Cerco (Ofício de 19 de Março 1946). O braço de ferro persistiria, tendo conhecido outro momento de fricção, quando, em 2 de Outubro de 1961, um Ofício da Direcção dos Serviços dos Monumentos Nacionais informava o Engenheiro Director-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais de que não fora previamente sujeita à aprovação da Junta Nacional de Educação, a edificação de um “barracão em alvenaria de tijolo” no saguão junto ao Pátio do Cerco, bem como o “depósito de água sobre a cortina de cantaria do saguão norte da Escola Prática de Infantaria”, pelo que as referidas construções deviam ser demolidas. O problema nunca chegou a ser definitivamente resolvido, pois o derrube de alguns barracões de madeira forneceu espaço para a edificação de outros, em alvenaria, durante as décadas de 1960 e 1970, de aparência mais elaborada, certamente, com o objectivo de dissuadir quaisquer intenções de demolição.

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O Jogo da Bola da Cerca conventual de Mafra (início do século XX)

O restauro do tanque das Omnias, da Nora e do Jogo da Bola demonstram a evidente preocupação de, ao recuperar algumas das suas estruturas originais, proceder à reabilitação cénica da antiga Cerca conventual. Finalmente, em 1994, o Jardim do Cerco transitaria para a tutela da Câmara Municipal de Mafra, a qual, após ter promovido uma ponderada e meticulosa recuperação do seu património histórico e natural, o devolveu, integralmente restaurado, ao usufruto público.

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JOGO DA BOLA

São incertas e remotas as origens do Jogo da Bola, sendo conhecidas na Europa pós-renascentista distintas formas de o praticar, variáveis consoante a região, as quais perduraram até hoje, sobretudo no seio de comunidades rurais. Em Portugal, foi muito popular, mesmo entre o clero e a nobreza. Em quinhentos achava-se de tal modo difundido, ao ponto de se haver transformado num autêntico vício, que as Ordenações de D. Manuel (1521) proibiram quer aos fidalgos e cavaleiros (nos domingos e dias de guarda antes da missa), quer aos mecânicos e homens de trabalho (durante toda a semana), decretando multa de “300 reais pagos da cadeia” aos que, na varanda do paço, o jogassem. Aparentemente, em princípios do século XVII, de acordo com Rebelo da Silva1, o abuso crescera “e o alarme também entre os moralistas, tanto mais que os poderes públicos confessavam a sua impotência para pôr cobro ao 1

Cf. História de Portugal, v. 5, p. 524.

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escândalo”, que chegou a provocar desacatos públicos e crimes violentos. De facto, em 1656, seriam postos a ferros na Torre Velha, o conde de São João, o conde de São Lourenço, Castelo Melhor, e Rui Fernandes Almada, em virtude do primeiro, durante um jogo da bola ter altercado com o conde de Vimioso, seu cunhado, a quem feriu mortalmente.

Painel de azulejos do Senhor Roubado (Odivelas) O oratório do Senhor Roubado, edificado no ano de 1744, à saída das Portas de Carriche (Calçada de Carriche), memora o roubo e profanação da igreja local, em 1671. A legenda do painel que figura o Jogo da Bola é o primeiro, possuindo uma legenda cujo sentido é o seguinte: “António Ferreira estando ao jogo e vendo passar o sacristão da freguesia o seguiu e às escondidas se meteu na igreja onde ficou. Caso 1º”. Existe outro retábulo de azulejos com representação da mesma versão do Jogo, com nove paulitos, numa das naves do claustro baixo da Universidade de Coimbra

Durante o século XVIII o Jogo da Bola era prática muito corrente, inclusivamente no seio das comunidades 14

monásticas de Arouca, Santa Cruz Necessidades 2 e Mafra, entre outras.

de

Coimbra,

Jardins do Palácio de Fronteira Painel azulejar com representação do Jogo da Bola

Parque de Santa Cruz de Coimbra Estado actual dos dois recintos do Jogo da Bola O recinto situava-se no topo norte da Cerca da Casa dos Oratorianos, acima das terras de semeadura. Foi destruído entre 1856-1896, uma vez que já não consta de uma planta da Tapada das Necessidades datada deste último ano. 2

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Jardins do Palácio das Necessidades Recinto do Jogo da Bola, assinalado com o n. 43 (topo esquerdo da planta)

Sabe-se que, em 1780, funcionava um Jogo da Bola e Laranjinha, numa horta da cerca de São Roque, para a qual dava uma janela conventual do recolhimento das Órfãs, apinhando-se as moças sobre o peitoril para usufruir do espectáculo, de sorte que a mesa intimidaria “o rendeiro a acabar com o jogo” 3. De todos os recintos de jogo outrora existentes, o único que subsiste em bom estado de conservação pertenceu aos frades de Mafra, localizando-se no recinto do antigo Horto ou Cerca conventual, actualmente denominado Jardim do Cerco. Conservam-se ainda as Vitor Ribeiro, O Arquivo da Misericórdia de Lisboa na Exposição Olissiponense de 1914, p. 24. 3

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bancadas de pedra para os assistentes desfrutarem dos episódios do jogo, que, na opinião de Gustavo de Matos Sequeira, “não eram poucos, e que proporcionavam aos jogadores algumas atitudes bastante cómicas” 4. Na aura popular mafrense, não sei se partilhada por outras regiões, o Jogo da Bola ficou também conhecido por jogo das Almas. De facto, além do jogo da bola do Jardim do Cerco (Mafra), pelo menos as vilas de Cheleiros (actual Largo da Praça) e da Ericeira (actual Praça da República), possuíram recintos públicos destinados à prática do dito jogo, ainda hoje imunes às alterações institucionais da toponímia. A designação jogo das Almas, pela qual também era conhecida a diversão, derivava da circunstância de os jogadores depositarem dinheiro, a título de pagamento do aluguer do recinto, numa caixa de esmolas destinadas às Almas do Purgatório. Ulteriormente, nas primeiras décadas do século XX, a prática do jogo da Bola no concelho de Mafra tornar-seia restrita e confinada a mercearias e tabernas, locais onde o chinquilho e a malha haviam de destroná-lo, aparentemente de forma irremediável. [página seguinte] Cerca Conventual de Mafra Planta do Jogo da Bola, medindo 226 x 40 palmos (49,72 x 8,8 m), guarnecido com assentos de pedra e duas varandas. No topo Norte possuía um gradeamento que já havia sido retirado no início do século XX. Os 7 jogos (quatro de bola, dois de laranjinha e um de aro) que, segundo vários memorialistas, existiram primitivamente, utilizariam, presume-se, o mesmo recinto. 4

Cf. Depois do Terramoto, v. 3, 1967, p. 355.

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Regulamento do Jogo da Bola

1. Equipamento Quatro bolas de madeira (normalmente de oliveira ou pinho) com um diâmetro aproximado de 13-14 cm; nove paulitos (ou mecos) de pinho, com cerca de 30 cm de altura. Um ou dois paulitos suplementares, que poderão ter as dimensões dos anteriores (a vinte e a trinta), assumindo qualquer uma de tais funções. Barreira em pinho, denominada tabão, destinada a limitar o movimento das bolas e a ricocheteá-las, colocada no lado oposto àquele onde se dispõem os jogadores no início do jogo. Seis estacas cilíndricas (com cerca de 1,20 m de altura e 10 cm de diâmetro), as quais são dispostas na metade do recinto do lado do tabão e a cerca de 50 cm das tabelas laterais; destinam-se a dificultar o jogo à trinta. 2. Local e estrutura do jogo Um rectângulo plano de terra batida, com dimensões variáveis e ligeira inclinação longitudinal. 21

Sensivelmente a meio do terreno de jogo, acha-se o tabuleiro no qual se observam nove pequenas concavidades destinadas à colocação dos nove paulitos. Na extremidade onde, no início do jogo, se colocam os jogadores existe um pequeno triângulo (ou quadrado) para limitar a posição de um dos pés do jogador - a postilha.

Jogo da Bola Disposição do equipamento no recinto de jogo

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Recinto do Jogo da Bola Observam-se, sucessivamente: a postilha (em primeiro plano), o tabuleiro destinado aos paulitos, as estacas e o tabão

3. Disposição dos paulitos Os nove paulitos são dispostos no tabuleiro de forma a constituírem três linhas e três colunas com três elementos cada. 23

O décimo e, por vezes, o décimo primeiro paulito (a vinte e a trinta, respectivamente) são colocados em posições variáveis no campo, móveis portanto. 4. Regras, pontuação e gíria Cada paulito derrubado do tabuleiro vale dois pontos, excepto o do meio que vale três pontos. Quando se derruba apenas o paulito do meio do tabuleiro este vale dez pontos. O décimo paulito vale vinte pontos (a vinte). O décimo primeiro paulito vale trinta pontos (a trinta), sendo jogado só depois de se jogar a vinte. Trinta abaixo Diz-se quando o jogador consegue apanhar à mão o paulito do meio do tabuleiro, mantendo os dois pés encostados à bola. Vinte de canistrel Quando os paulitos que constituem as duas colunas de fora do tabuleiro são encostados aos do meio, ficando ligados três a três, colocando-se a vinte entre duas dessas linhas; se todos esses paulitos forem derrubados valem trinta e nove pontos. Trinta de roda Quando, com a ponta de um paulito, o armador traça uma circunferência na terra e coloca a trinta no meio; a bola terá de cair dentro da circunferência (se não cincou) e derrubar a trinta. Trinta de risco O armador risca uma linha à largura em qualquer zona do campo; coloca a trinta próximo da postilha para que o jogador 24

bata com a bola na trinta, de forma a conseguir que esta ultrapasse o risco e, simultaneamente, largar a bola com força para que ela toque no tabão (se não cincou). Cincar Corresponde a perder cinco pontos para o adversário quando o jogador comete alguma penalidade. Cincou quando: a) a bola toca a estaca ao tentar derrubar a trinta que se acha escondida atrás dela; b) a bola ultrapassa a estaca, isto é, não passa da trinta acima; c) jogando de cima para abaixo, não se acerta em nenhum paulito; d) a bola lançada cai fora do terreno de jogo; e) se joga à trinta de roda e a bola não cai dentro do circunferência; f) se joga à trinta de risco e a bola não bate no tabão. Passou Quando se derruba a trinta ou a bola passa para o tabão. Clementina Jogar à trinta escondida atrás da estaca. Está todo Jogada que completa cem ou mais pontos. 5. Partida Uma partida é constituída por dois ou três jogos: primeiro, segundo e, em caso de empate, o terceiro (a da negra ou a do vinho). Cada jogo vale cem pontos. 6. Modalidades de jogo Mano a mano; duas equipas de dois elementos cada; um contra dois. 25

7. Pessoal auxiliar Um armador que coloca e levanta os paulitos; um riscador que traça no chão os pontos de cada equipa.

Recinto do Jogo da Bola O tabuleiro onde são colocados os paulitos, no início do Jogo da Bola.

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Regulamento da Laranjinha

O recinto de jogo é perfeitamente plano e liso, com 25 a 30 m de comprimento. Numa das extremidades existe um pequeno fosso transversal. Um paulito ou uma laranjinha são colocados sobre um tabuleiro de mármore, distante cerca de um metro do eixo do fosso, para servir de alvo, existindo raias no centro do recinto, para assinalar os locais a partir dos quais poderão ser lançadas as bolas. Tira-se à sorte a ordem dos ensaios, isto é a ordem pela qual os jogadores (ou as equipas) lançarão cada uma das duas bolas (com cerca de 10 cm de diâmetro e 1400 g de peso máximo) de que dispõem. O jogo inicia-se com os jogadores no centro do recinto, tentando colocar as bolas o mais perto possível do alvo ou, eventualmente, afastar as dos adversários da proximidade dele, sem cair no fosso. A primeira bola é obrigatoriamente pointée, quer dizer o jogador deve lançá-la fazendo-a rolar. A segunda poderá ser tirée, quer dizer, lançada ao ar para cair directamente em cima

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da bola de um competidor, que se procura afastar do alvo, ou em cima do próprio alvo, para o fazer mudar de lugar. A bola que cair no fosso fica morta, não participando na contagem final dos pontos. É permitido jogar utilizando as tabelas. O vencedor de cada lance é o jogador cuja bola se encontrar mais próxima do paulito ou laranjinha. Marca então dois pontos, equivalendo a um ponto a segunda bola melhor posicionada. O vencedor da partida é o jogador ou a equipa que primeiro atingir o número total de pontos previamente convencionado (11, 13 ou 15 pontos) ou somar mais pontos ao fim de determinado número de jogadas ou lançamentos.

Fosso do Jogo da Laranjinha

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Regulamento do Aro

Joga-se com um aro de ferro com cerca de 8 cm de diâmetro, duas bolas de madeira e uma vara, chamada palheta, de preferência num recinto de terra batida. No Jogo do Aro intervêm dois jogadores que tentam, alternadamente, introduzir uma bola de madeira num aro de ferro, afastando, na medida do possível, a do adversário. Riscam-se no terreno três linhas paralelas e equidistantes: a primeira constitui a linha contínua do eixo do próprio aro, a segunda é a arraia ou linha do cabo (único limite do jogo) e a terceira é a linha do lançamento. O pé do aro é enterrado no solo de modo a permitir a rotação em volta de si próprio. A primeira jogada de cada partida é feita à mão. As restantes são efectuadas com a palheta segura, regra geral, pelo cabo e batendo a bola com a superfície mais larga. No entanto, em algumas situações de jogo, em particular quando a bola se encontra mais próxima do aro, pode ser jogada com o cabo e até à mão.

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Gíria do jogo Toque em buque Introdução da bola na boca do aro, batendo previamente na do adversário (toque para o qual é necessário o consentimento do adversário) Toque de cula Bola introduzida pela parte de trás do aro. Emborcada Colocação da bola no primeiro lançamento à mão à boca do aro. Anhas Transportar a bola à mão até junto do aro e após cálculo de um comprimento com a palheta, deixar a bola rolar sobre ela. Colar Introduzir a bola pela boca do aro. Venena Colocação da bola de molde a tapar a boca do aro impedindo o colar do adversário.

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Manuel J. Gandra

Licenciado em Filosofia (Faculdade de Letras – Universidade Clássica de Lisboa). Enquanto Investigador, tem-se consagrado à investigação da História e da Geografia Míticas de Portugal (nomeadamente no que concerne às Ordens do Templo e de Cristo, ao Culto do Império do Divino Espírito Santo, ao Sebastianismo e ao Hermetismo), da iconologia da Arte portuguesa e da Circunstância Mafrense, temas sobre os quais se tem debruçado em publicações, colóquios, seminários, encontros, conferências, palestras, visitas guiadas e programas televisivos. Foi professor dos ensinos preparatório e secundário, tendo lecionado na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e no IADE. Entre 1990 e 31 de Agosto de 1999, foi Coordenador dos Serviços de Cultura da Câmara Municipal de Mafra. Actualmente, é Professor na Escola Superior de Design do IADE-U. Coordenador Científico da Biblioteca António Quadros (IADE-U). Investigador do CLEPUL (Faculdade de Letras de Lisboa), Colaborador da UNIDCOM (IADE-U) e das Revistas Nova-Águia e Identidades Oceânicas. Membro do Conselho Consultivo do MIL e da Associação Identidades Oceânicas (IDEO, Brasil) e Director do Centro Ernesto Soares de Iconografia e Simbólica 31

[www.cesdies.net] que fundou em 19 de Abril de 1997, com sede em Mafra e actuando no Rio de Janeiro-Brasil, mediante uma parceria institucional com o Instituto Mukharajj Brasilan. Autor de artigos, opúsculos e obras versando a História e a Geografia Míticas de Portugal, nomeadamente: Portugal: Terra lúcida, Porto do Graal (1986); Bibliografia crítica das fontes e estudos respeitantes ao Hermetismo em Portugal: Alquimia (1993); Carrilhões de Mafra (1993); Apocalipse de Esdras: ecos nas letras e na arte portuguesas (1994); Cheiros, Sabores e Comeres regionais de Mafra: tradição e modernidade (1998); Regra Primitiva da Ordem do Templo (1998); A Cerâmica Tradicional de Mafra (1999); Joaquim de Fiore, Joaquimismo e Esperança Sebástica (1999); Os Templários na Literatura (2000); O Império do Espírito Santo na Região de Tomar e dos Templários (2000); Colecção Maçónica Pisani Burnay: catálogo (2000); O Monumento de Mafra de A a Z, v. 1 (2002); A Cristofania de Ourique: mito e profecia (2002); Dicionário do Milénio Lusíada (2003); A Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra (2004); O Projecto Templário e o Evangelho Português (2006); Portugal Sobrenatural (2007); Da Face Oculta do rosto da Europa (2009), 2ª ed.; Astrologia em Portugal – Dicionário Histórico-Filosófico (2010); Iconografia e Iconologia: estudos, notas e fontes de cultura visionária (2012); Livro das Profecias de Cristóbal Colón (2013); Amuletos da Tradição Luso-Afro-Brasileira (2013); Florilégio de Tradições do Concelho de Mafra (2013); O Anjo da Saudade: da Hierarquia Celeste e do Custódio de Portugal (2013); O Projecto Templário e o Evangelho Português (2013), 2ª ed. revista e ampliada; Fernando Pessoa: Hermetismo, Iniciação, Heteronímia (2013); Mafra, do ocaso da Monarquia, ao advento da República (2013); Itinerários da Monarquia Constitucional em Mafra (2013); Hagiografia de D. Sebastião: de desejado a encoberto (2014); Cátaros para um Languedoque Português (2014); António Augusto Carvalho Monteiro: imaginário e legado (2014); Palácio Quintela: Iconologia do Programa Pictórico (2014); As Ilhas Míticas do Imaginário Luso: fontes e iconografia (2014); Os Templários na Literatura de Língua Portuguesa (2014); A Freguesia da Carvoeira (Mafra), de lés a lés (2014); etc. Contactos: Site: www.cesdies.net Email: [email protected]

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