Jorge Peixinho: um compositor português como ponte entre a América latina e os países de expressão ibérica

Share Embed


Descrição do Produto

III Encontro Ibero-americano de Jovens Musicólogos Sevilha (Espanha) 10 e 11 de Março de 1016

Jorge Peixinho: um compositor português como ponte entre a América latina e os países de expressão ibérica

Francisco Pessanha de Meneses CESEM – Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical (Universidade Nova de Lisboa) Bolseiro de Doutoramento da FCT — Fundação para a Ciência e Tecnologia (Portugal)

Abstract: Jorge Peixinho (1940-1995) é um dos compositores portugueses mais importantes da segunda metade do século XX. A sua relevância manifesta-se não só através da influência que teve no meio musical português, contribuindo decisivamente para uma actualização estética e estilística da música portuguesa, mas também através do alcance geográfico das suas ligações pessoais e, sobretudo, profissionais. Admissivelmente, Peixinho não será o mais internacional dos compositores portugueses do século XX. É provável que Emmanuel Nunes, compositor coetâneo de Peixinho, tenha uma projecção internacional mais impactante, mas talvez mais limitada ao contexto musical europeu. Porém, a internacionalização que Peixinho conheceu impactou muito particularmente os países de expressão ibérica na Europa e na América, deixando um lastro relevante em Espanha, na Argentina, mas — sobretudo — no Brasil. Este artigo não avalia directamente o impacto que Peixinho teve nos meios musicais desses países. Antes se pretende mostrar o alcance das relações internacionais de Peixinho em Espanha e no Brasil — entre outros países de expressão ibérica — através de uma visão pessoalizada e humanizante não só do compositor, mas também do homem que foi Jorge Peixinho, e — através dessa leitura — observar o seu impacto. Para isso, socorro-me de um espólio de enorme valor musicológico que, até à data, permanece virtualmente desconhecido: o espólio documental de Jorge Peixinho depositado no Arquivo Municipal do Montijo. Especialmente relevante para este estudo é o acervo de correspondência trocada entre Peixinho e diversos compositores brasileiros, argentinos e espanhóis durante várias décadas. Trata-se de correspondência pessoal e profissional em que, frequentemente, as distinções entre pessoal e profissional eram transpostas, deixando à vista a profundidade das ligações de amizade que Peixinho estabeleceu com compositores tão diversos como Gilberto Mendes, Luiz Carlos Csekö, Enrique X. Macias, Ramón Barce e Jesús Villa Rojo. Palavras-chave: Jorge Peixinho; música contemporânea; espaço cultural ibero-americano 1

———————————————————————————————————————— Sumário 1. Introdução ............................................................................................................................................. p. 2 2. A dimensão internacional de Jorge Peixinho ...................................................................................

p. 3

3. Peixinho e o Brasil ................................................................................................................................ p. 4 4. Peixinho e a Espanha ........................................................................................................................... p. 6 5. O Encontro Luso-espanhol de Compositores ................................................................................. p. 6 6. Conclusão ..............................................................................................................................................

p. 9

Bibliografia ................................................................................................................................................. p. 10 Anexo .......................................................................................................................................................... p. 11 ———————————————————————————————————————— 1. Introdução Jorge Peixinho (1940-1995) é um dos compositores portugueses mais importantes da segunda metade do século XX. A sua relevância manifesta-se não só através da influência que teve no meio musical português, contribuindo decisivamente para uma actualização estética e estilística da música portuguesa, mas também através do alcance geográfico das suas ligações pessoais e, sobretudo, profissionais. Apesar de não ser o mais internacionalmente conhecido compositor português contemporâneo — esse epíteto pertencerá a Emmanuel Nunes ou João Pedro Oliveira, compositores com maior presença concertística internacional e prémios recebidos — teve, sem dúvida, uma exposição internacional relevante. A internacionalização que Peixinho conheceu impactou muito particularmente os países de expressão ibérica na Europa e na América, deixando um lastro relevante em Espanha, na Argentina, mas — sobretudo — no Brasil. Esta comunicação não pretende avaliar directamente o impacto que Peixinho teve nos meios musicais desses países. Antes se pretende mostrar o alcance das relações internacionais de Peixinho nos países de expressão ibérica através de uma visão pessoalizada e humanizante não só do compositor, mas também do homem que foi Jorge Peixinho, e através dessa leitura, tentar criar uma imagem — limitada, mas tão fidedigna possível — da sua ligação aos meios musicais da vanguarda ibérica e latinoamericana. O objectivo principal desta breve comunicação é evidenciar que Jorge Peixinho excedeu os limites confinados do espaço cultural português. A exiguidade do trabalho de investigação que aqui apresento pretende ser apenas e só um “aperitivo”, um vislumbre de um trabalho mais aprofundado que poderá (ou deverá?) um dia ser feito: o estudo e análise da rede de contactos internacionais de Peixinho através da sua correspondência. Para isso, socorro-me de um espólio de enorme valor musicológico que, até à data, permanece virtualmente desconhecido: o espólio documental de Jorge Peixinho depositado no Arquivo Municipal do Montijo. Especialmente relevante para este estudo é o acervo de correspondência trocada entre Peixinho e diversos compositores brasileiros, argentinos e espanhóis, entre interlocutores de diversas outras nacionalidades, durante várias décadas. Trata-se de correspondência pessoal e profissional em que, frequentemente, essas distinções são rapidamente transpostas, deixando à vista a profundidade das ligações de amizade que Peixinho estabeleceu com compositores tão diversos como Gilberto Mendes, Luiz Carlos Csekö, Enrique X. Macias, Ramón Barce e Jesús Villa Rojo. Adicionalmente, faço uso de outras fontes de informação, como alguma bibliografia sobre a vida e obra de Peixinho que reflicta sobre essas ligações, mas também a um outro acervo de documentos existentes no Arquivo Municipal do Montijo: a colecção de programas de concertos e conferências nacionais e internacionais com a participação do compositor português. 2

2.! A dimensão internacional de Jorge Peixinho Ao longo de várias décadas Peixinho correspondeu-se com centenas de pessoas e entidades em circunstâncias muito diversas. Isso, em si, não é surpreendente. O que é surpreendente — e interessante — é observar o modo como Peixinho estabelecia relações de proximidade e amizade com as pessoas com as quais trabalhava. De forma bastante simplista poder-se-ia dizer que (fora algumas excepções — e quem não as tem, afinal?) as pessoas com as quais Peixinho trabalhava — em Portugal e no estrangeiro — eram seus amigos, ou, pelo menos, pessoas com as quais tinha um relacionamento amistoso. Torna-se evidente, a partir da leitura das cartas recebidas e enviadas entre o final da década de 1960 e 1995 (ano em que morreu), que a linha que separa a correspondência pessoal da profissional é, pelo menos, ténue, flexível — e frequentemente transposta. Bom exemplo disso é a correspondência com Gilberto Mendes. Os dois compositores foram, ao longo de muitos anos, grandes amigos. O mesmo pode ser dito de Luiz Carlos Csekö. A amplitude dos contactos internacionais de Jorge Peixinho fica bem patente através de uma análise sumária da sua correspondência depositada no Arquivo Municipal do Montijo. Ao longo de décadas foi criando uma rede de contactos muito ampla. Os nomes que mais se destacam — e não se trata aqui de fazer uma lista exaustiva de todos os nomes com os quais se correspondia no universo dos países de expressão ibérica — são: em Espanha: Jesús Villa Rojo, Ramón Barce, Luís de Pablo e Enrique X. Macias; no Brasil: Gilberto Mendes e Luís Carlos Csekö; na Argentina: Armando Krieger; no Uruguai: Leon Biriotti 1. Estas cartas, porém, apenas nos mostram uma parte de um diálogo. Apenas podemos ler os interlocutores de Peixinho e, a partir dessas cartas (excepto quando se encontram rascunhos ou cópias — normalmente de cartas enviadas para instituições e não tanto para pessoas individuais) reconstruir, com certos recursos de imaginação, a parte ausente desse diálogo — a voz de Jorge Peixinho. Essa parte, em formato físico, i.e. as cartas em si, encontrar-se-ão (assim se espera) nos espólios documentais das pessoas com as quais se correspondia. É necessário colocar a questão daquilo que se entende por “internacional”. Se entendermos internacionalização segundo uma óptica de encomendas ou de obras tocadas por agrupamentos instrumentais de grande fama (Ensemble Intercontemporain, Ensemble Modern, Klangforum de Viena, etc.), então, não — Peixinho não é um compositor muito internacional. Porém, não é esse tipo de internacionalização que me interessa aqui dado que o exemplo que dei é, para mim, mais próximo de uma certa ideia de prestígio e reconhecimento público do que de internacionalização em sentido lato. A internacionalização de Peixinho poderá ser vista através de duas ópticas distintas. Por um lado, o seu percurso como estudante de música: as suas viagens de estudo, as bolsas da Fundação Calouste Gulbenkian para estudar em Roma e noutros sítios, por exemplo; por outro lado, as digressões e deslocações frequentes a Espanha, ao Brasil, a Itália, França, Bélgica, Alemanha, Croácia e Polónia com o GMCL (o Grupo de Música Contemporânea de Lisboa, fundado em 1970 e por si dirigido até ao ano em que morreu) ou a solo, para conferências, concertos e participações em júris de concursos de composição. Há um factor de diferenciação entre estas duas fases de internacionalização: a primeira fase, de estudo e aperfeiçoamento, é como receptor de conteúdos; a segunda fase é uma fase de maturidade na qual é emissor de conteúdos. Se não, vejamos. Depois de terminar os cursos superiores de piano e de composição no Conservatório Nacional de Lisboa, iniciou a sua primeira fase de internacionalização. A partida para Roma em 1958 inicia uma década de frequentes e longos períodos fora de Portugal para estudar, para aperfeiçoar a sua técnica como compositor e para adquirir as ferramentas estéticas necessárias para o desenvolvimento de uma linguagem musical em alinhamento com as estéticas internacionais da música contemporânea. Esse período começa com os trabalhos em Roma com Goffredo Petrasi e Boris Porena na Academia de Santa Cecília (1958-1961). Fora desse contexto são de destacar Harry Sparnaay em França, Piotr Lachert e Karel Goeyvaerts na Bélgica e Aldo Brizzi em Itália. Repito que esta lista não é, de modo algum, exaustiva. Trata-se apenas de um destaque resultante de uma análise estatística bastante empírica. 3 1

Em 1960 fez estudos privados com Luigi Nono em Veneza e fez um estágio no estúdio de música electrónica de Bilthoven, na Holanda. Ainda em 1960 participou pela primeira vez nos cursos de Verão de Darmstadt. Em 1962 estudou na Academia de Música de Basileia com Pierre Boulez, Karlheinz Stockhausen e Gottfried Michael Koenig. A sua fase de formação e aperfeiçoamento culmina com as duas participações de Peixinho nos trabalhos de composição colectiva conduzidos por Stockhausen em Darmstadt nos anos de 1967 e 1968, respectivamente Ensemble e Musik für ein Haus. O trabalho com Stockhausen foi fundamental para a sedimentação de Peixinho como representante da vanguarda musical em Portugal, mas também como uma possível ponte ligação entre a vanguarda europeia e as vanguardas emergentes da América Latina. Essa primeira fase de internacionalização colocou-o em contacto com os “mestres” do seu tempo e, ainda em fase de formação, ajuda-o a criar, como diria Pierre Bordieu, o seu “capital social”. Nesse período Peixinho fez amigos e contactos de diversas naturezas e enriqueceu grandemente o seu currículo como compositor. Antes dos 30 anos de idade Peixinho já tinha tido ocasião de trabalhar com os 3 “grandes” da Escola de Darmstadt: Nono, Boulez e Stockhausen — e isso era um aspecto de grande relevância. Dentro desta linha inclui-se ainda a ‘internacionalização’ da sua técnica de composição, ou seja, a adopção do repertório técnico do serialismo, ainda que usado de forma livre e idiossincrática. O uso da técnica serial colocou Peixinho firmemente no campo de uma linguagem musical claramente definida como europeia e vanguardista. Existe, depois, a outra linha de internacionalização que, de algum modo, se encontra ligada à primeira. É nos périplos internacionais que se fazem os contactos que, em fase posterior, permitem e alimentam a fase seguinte de internacionalização2 . Assim, a partir de finais dos anos 60 Peixinho passa a incluir nos seus concertos a solo, e, a partir de 1970 nos programas do GMCL peças de compositores espanhóis e brasileiros — sobretudo de Ramón Barce, Tomás Marco e Gilberto Mendes. Este último é possivelmente o compositor latino-americano cuja música Peixinho toca mais cedo, logo em 1965 (na época de concertos do Orfeon da Covilhã). Os contactos internacionais de Peixinho não se limitavam apenas às suas funções como compositor, pianista e conferencista. A partir de 1977, ano a partir do qual integra o Conselho Presidencial da SIMC - Sociedade Internacional de Música Contemporânea, e assume funções de direcção da secção portuguesa dessa sociedade, recebe inúmeros contactos relacionados com as actividades dessa sociedade (nomeadamente a programação do festival World Music Days). 3. Peixinho e o Brasil Segundo Maria Lúcia Pascoal 3, investigadora e professora na Unicamp - Universidade Estadual de Campinas, os contactos de Peixinho com alguns compositores brasileiros datam de vários encontros nos cursos de Darmstadt (especificamente em 1968). Contudo, afirma a autora, a sua primeira viagem ao Brasil só acontece em 1970 para o Festival de Música de Curitiba, II Festival de Música de Guanabara, Rio de Janeiro (Brasil) 4 e Cursos Internacionais de Música do Paraná (a convite de Roberto Schnorrenberg). Esses cursos decorreram entre 1965 e 1977 e Peixinho ministrou aí seminários de composição e matérias teóricas. Os cursos, segundo a autora, chegaram a reunir uma média de 600 alunos por ano, provenientes de diversas partes do Brasil e restante América Latina. Assim, é plausível assumir que essa participação no curso poderá ter sido crucial para colocar Peixinho em contacto com muitos outros compositores latino-americanos. Existe no Arquivo Municipal do Montijo uma colecção significativa de correspondência recebida na sequência da participação de Peixinho em cursos no estrangeiro, sobretudo no Brasil. Trata-se de correspondência de estudantes participantes nesses festivais que, motivados pelo contacto positivo que tinham tido com Peixinho, decidem escrever a agradecer ou a pedir informações sobre uma possível deslocação à Europa, questionando sobre se ele Para efeitos de manutenção do enfoque deste texto no espaço cultural ibero-americano, apenas farei referência a deslocações feitas a Espanha, Brasil, Argentina e outros países de expressão ibérica. 2

3

PASCOAL, Maria Lúcia — Momentos de Jorge Peixinho no Brasil in: ASSIS, 2012 (pp. 175 - 180).

4

Nessa altura participa ainda no I Festival de Música Contemporânea de Buenos Aires (Argentina). 4

poderá interceder ou exercer alguma influência no sentido de conseguir uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian, por exemplo. É justamente com esse propósito que Luiz Carlos Csekö, compositor que em fase final da sua formação académica e procurando especializar-se, escreve a Jorge Peixinho no dia 16 de Novembro de 1972. Csekö questiona Peixinho sobre as bolsas da Fundação calouste Gulbenkian e manifesta os seu interesse em estudar com ele na sequência do curso que fez com Peixinho no II Festival de Música de Guanabara, Rio de Janeiro, em 1970. Há, então, que colocar uma questão importante: como é que um país tão grande como o Brasil, tão capaz (então, como hoje) e com tão grande capacidade de criar produtos culturais descobre um compositor português relativamente obscuro como era, pelo menos no contexto global, Peixinho? Se, segundo afirma Maria Lúcia Pascoal, os primeiros contactos com compositores e músicos latinoamericanos acontecem em Darmstadt, então é nessa ligação de Peixinho a Darmstadt e, em particular, a Stockhausen, que reside a sua relevância no contexto brasileiro. Não esquecer, igualmente, que Peixinho também participou (em 1962) em cursos de composição com Pierre Boulez em Basileia e, no Inverno de 1960, estudou com Luigi Nono em Veneza. Peixinho era, portanto, um dos poucos compositores — se não mesmo o único — compositor de língua portuguesa a ter contactado directamente com todos os três compositores-chave da Escola de Darmstadt: Stockhausen, Nono e Boulez. O facto de falar português, para o contexto cultural brasileiro em 1970, era um aspecto de grande importância por causa da acessibilidade linguística. Jorge Peixinho, em 1970, seguramente na senda de uma experiência positiva no Brasil, terá ponderado a possibilidade de emigrar para esse país ou, pelo menos, de encontrar forma de aí dedicar mais do seu tempo ao ensino. Em 1971 recebe uma carta, datada de 2 de Fevereiro desse ano, enviada por Conrado José de Marco, na altura Chefe do Departamento de Música da Universidade de Brasília. A carta em questão frusta as expectativas de Peixinho dado que, segundo Conrado José de Marco, a Universidade de Brasília estava a ultrapassar dificuldades financeiras e que, apesar de a perspectiva de contar com Peixinho no corpo docente do Departamento de Música ser muito interessante, não seria, naquele momento, possível perspectivar qualquer contratação. De qualquer forma, e mesmo tendo gorado as suas expectativas, Peixinho regressa ao Brasil mais oito vezes: em 1978, 1982, 1984, 1985, 1986, 1990, 1991 e, pela última vez, em 19945. Em 1967 Gilberto Mendes publica um artigo intitulado Portugal na Música Nova6 . Esse artigo terá sido, em parte, escrito com base em informações recolhidas através da correspondência com Peixinho e do contacto com Ernesto de Melo e Castro, poeta experimental português, conhecido ou amigo de Peixinho que terá dado a conhecer o trabalho do compositor português ao seu colega brasileiro por ocasião de uma deslocação ao Brasil. Segundo Gilberto Mendes (in MACHADO, 2002), este artigo foi escrito ainda antes de ter travado conhecimento pessoal com Peixinho. Isso só veio a acontecer no ano seguinte, em Darmstadt. Gilberto Mendes foi uma das pessoas com quem Peixinho estabeleceu uma das ligações mais duradouras no Brasil. Mendes, no depoimento publicado no livro Jorge Peixinho: In memoriam (2002) 7, explica as circunstâncias nas quais travou conhecimento com Peixinho em 1968 e alude a um momento de emergência de uma série de compositores jovens — portugueses, espanhóis, mexicanos, equatorianos e franceses. Os compositores a que se refere são: Tomás Marco (Espanha), Mário Lavista (México), Messias Maiguashca (Equador) e Fernand Vandeboegaerde (França). Juntamente com Peixinho e o próprio Gilberto Mendes formavam um grupo de amigos em Darmstadt 1968. A partir desse momento os dois compositores tornaram-se amigos — não obstante a diferença de idades —, divulgavam e faziam circular a música um do outro: Mendes convidou frequentemente Peixinho para participar em concertos e cursos no Brasil e Peixinho tocou diversas vezes a música de Gilberto Mendes nos Encontros Gulbenkian de Música Contemporânea. Mantinham contacto regular por carta e o Arquivo do Montijo contém diversas cartas de Gilberto Mendes e rascunhos de cartas de Peixinho para o amigo brasileiro. Há que tentar entender os motivos deste interesse mútuo — de Mendes e Peixinho — pelas músicas de vanguarda de Portugal e Brasil. É de notar que, nesta altura e por ainda mais uns anos, 5

Ver Anexo: 1. Programas de Jorge Peixinho no Brasil.

6

In: Jornal O Estado de São Paulo, 30 Setembro 1967, suplemento literário (p. 42).

7

MENDES, Gilberto — depoimento in: MACHADO, 2002, pp. 63 - 67 5

ambos os países eram ditaduras. Seria uma questão de “irmanamento” político da dissidência políticocultural e artística? Ou seria uma lógica mais utilitária de entrada e circulação em mercados culturais mais abrangentes? Um dos momentos mais significativos da presença de Peixinho no Brasil foi, em 1985, o 70º aniversário de Hans-Joachim Koellreutter (1915-2005) — compositor alemão exilado no Brasil a partir de 1937, que deu um contributo fundamental para a introdução da técnica serial no Brasil e, como tal, para a modernização ou actualização estética do meio musical brasileiro. Na iniciativa organizada para celebrar esse aniversário, vários compositores foram convidados a escrever peças em sua homenagem e Peixinho foi um dos compositores que participaram. Para o efeito escreveu Greetinsg für H. J. Koellreutter. As várias peças encomendadas foram gravadas em disco — obras de Peixinho, Claudio Santoro, Gilberto Mendes, Flávio Oliveira e Ricardo Tacuchian. 4.! Peixinho e a Espanha Peixinho deslocava-se com frequência a Espanha, sobretudo a Madrid e a Vigo. O facto de Enrique X. Macías — de quem, aliás, Peixinho era bastante próximo — fazer parte da direcção do departamento de música contemporânea das Xuventudes Musicales de Vigo garantia a Peixinho presença regular em Vigo e nas várias iniciativas de E. Macías no final dos anos 80 e início dos anos 90. Macías organizava o Festival Musical de Vran e as Xornadas de Musica Electroacústica. Através do LIM — Laboratório de Interpretación Musical de Jesús Villa Rojo, Peixinho também tinha alguma presença em Espanha e outros países da América Latina, não precisando de fazer uma viagem a solo ou com o GMCL para que a sua música tivesse presença em Espanha. Em 1974 faz a sua primeira deslocação a Espanha (com o GMCL) para participar no II Festival Ibérico de Badajoz; regressa a esse país em 1977, 1978, 1979, 1981, 1984, 1985 e 19868. Dois dos compositores com os quais Peixinho se relaciona são Luis de Pablo e Ramón Barce, além de Jesús Villa Rojo e Enrique X. Macías. Este último, conforme se pode verificar através de uma análise da correspondência depositada no Arquivo Municipal do Montijo, era aquele com quem Peixinho mantinha uma correspondência mais frequente e, alías, era a Vigo, cidade onde Macías residia, trabalhava e organizava iniciativas ligadas à música contemporânea, que Peixinho mais vezes se deslocava. Luis de Pablo, num depoimento publicado em 2002 no livro Jorge Peixinho: In Memoriam, afirma ter conhecido Peixinho em Palermo, Sicília, em 1960 ou 1961. Aparentemente, conta Luis de Pablo, um grupo de compositores italianos tiveram a ideia de fazer de Palermo uma nova Darmstadt para os anos 60 e, afirma, quase conseguiram. Recorda Peixinho muito jovem, muito cheio de vida. Apesar da diferença de idades (Luis de Pablo é 10 anos mais velho, nascido em 1930) deram-se bem e fizeram-se amigos. Luis de Pablo organizou durante muitos anos concertos em Madrid e Peixinho marcou aí presença regular9 . Ramón Barce, em depoimento publicado no mesmo livro, afirma que, pelo menos a partir de 1970, Jorge Peixinho se tornou o grande animador da vida musica portuguesa no que refere a criação musical. Destaca a fundação do GMCL como factor determinante para isso e especifica 25 anos de actividade e centenas de concertos em Portugal e no estrangeiro. O facto de ser o pianista, maestro, director artístico e compositor residente do grupo revela, segundo aponta Barce, uma capacidade de trabalho incrível 10. Quanto a isso não parece haver qualquer dúvida; porém, acho o comentário manifestamente exagerado; talvez tenha sido um dos principais animadores, mas não estava isolado; o seu impacto relaciona-se com o facto de ter viajado muito com o GMCL e de ter dado concertos em sítios tão diversos como salas de concerto de certo vulto e auditórios de escola sem aparente distinção. 5. O Encontro Luso-espanhol de Compositores Em Junho de 1985 teve lugar em Lisboa uma iniciativa notável e que, tanto quanto foi possível 8

Ver Anexo: 2. Programas de Jorge Peixinho em Espanha.

9

MACHADO (2002, pp. 82 - 83)

10

MACHADO (2002, pp. 106 - 108) 6

determinar, nunca se repetiu. Trata-se do Encontro Luso-espanhol de compositores. O Encontro foi uma iniciativa da SPMC - Sociedade Portuguesa de Música Contemporânea e contou com os apoios institucionais dos Ministérios da Cultura português e espanhol e a colaboração da Câmara Municipal de Lisboa11. Peixinho estava directamente envolvido na direcção da SPMC, fazendo ainda parte (eleito em 1977) do Conselho Presidencial da SIMC - Sociedade Internacional de Música Contemporânea. O Encontro — que, na expectativa de se tornar uma actividade recorrente, alternando o acolhimento da iniciativa entre Portugal e Espanha, contando com o apoio dos ministérios da cultura respectivos e secções da SIMC — foi apelidado de “primeiro encontro”. A direcção artística do Encontro foi, inicialmente, da responsabilidade de Jorge Peixinho. Porém, na altura em que o Encontro estava a ser organizado, Peixinho começou a sofrer de problemas cardíacos12 e viu-se forçado a delegar as tarefas de direcção e organização a Isabel Soveral13 , compositora portuguesa que nessa altura era a mais relevante aluna de Peixinho e em fase adiantada de profissionalização, contando com peças do seu repertório tocadas na Fundação Calouste Gulbenkian. Segundo Isabel Soveral, o Encontro foi um grande sucesso, reuniu muita gente e desempenhou um papel relevante termos de geração de consciência para os problemas da música contemporânea nos países ibéricos. É possível, contudo, que tenha sido uma ideia um pouco ambiciosa dado que o encontro realizado em Lisboa entre os dias 17 e 22 de Junho de 1985 foi o único que alguma vez se realizou 14. O programa do Encontro incluía diversas comunicações sobre temas de grande relevância para os compositores num total de 15 comunicações: 1. Situação da música contemporânea e o seu papel no panorama sócio-cultural dos dois países (C. C. Castro15 e Jorge Peixinho); 2. Educação musical básica e específica (Maria de Lourdes Martins); 3. A obra de Tomás Marco (Tomás Marco); 4. O ensino da composição na actualidade (José Peris Lacasa); 5. Problemas do compositor actual: situação profissional, meios técnicos necessários, lacunas e carências de infra-estruturas (Filipe de Sousa); 6. Trajectórias e inquietações: conferência sobre alguns aspectos da música portuguesa do séc. XX (Álvaro Salazar); 7. Função dos instrumentistas e instrumentos na música contemporânea: grafia musical e novas notações (Jesús Villa Rojo); 8. Improvisação colectiva, técnicas e funções (José Lopes e Silva); 9. Problemática e perspectivas da música electroacústica espanhola (Enrique X. Macias) 16; 10. Música electro-acústica e meios audiovisuais (Andrés Lewin-Richter e Cândido A título de curiosidade: o Presidente da Câmara de Lisboa era Nuno Krus Abecasis; o Ministro da Cultura de Portugal era António Antero Coimbra Martins e Teresa Gouveia era Secretária de Estado da Cultura; o Ministro da Cultura de Espanha era Javier Solana. 11

Durante o período do Encontro Peixinho esteve sob apertada vigilância médica dada a sensibilidade do seu problema de saúde; ainda assim manteve uma participação activa durante o Encontro. Participou em conferências e concertos — nomeadamente no dia 20 de Junho, dia em que foi hospitalizado com um enfarte. Documentação médica não catalogada que se encontra no Arquivo Municipal do Montijo comprova o internamento e o diagnóstico. O Encontro Luso-espanhol de Compositores terá sido um factor de grande pressão para Peixinho que, em 1985 tinha uma saúde debilitada por causa de alimentação, alcoolismo, tabagismo e sobrecarga de trabalho. O estado de saúde de Peixinho gerou alguma consternação durante o Encontro e foi, de certo modo, um prenúncio para aquilo que dez anos depois (quase exactamente), foi a razão da sua morte. 12

13

Informações obtidas através de conversa telefónica com a compositora Isabel Soveral no dia 2 de Março de 2016.

As razões exactas para não ter havido seguimento para esta iniciativa não são claras. Isabel Soveral afirma não ter memória dessas razões, mas estima que possa ter sido — como frequentemente é — um problema de financiamento para uma iniciativa futura. 14

15

Lamentavelmente não me foi possível decifrar este nome.

16

Título original: “Problemática y prespectivas de la música electroacústica española”. (Trad. do autor.) 7

Lima); 11. Teatro musical (Albert Sardà e Constança Capdeville); 12. O paradoxo da originalidade (Emmanuel Nunes) 17; 13. Sistema de níveis (Ramón Barce) 18; 14. Intercâmbio (Claudio Prieto e Jorge Peixinho) 15. Conclusões e comentários de ordem geral (Cândido Lima) 19. Durante o Encontro foram tocadas 38 peças, distribuídas por 10 concertos, algumas delas integradas nas conferências. As obras, segundo o programa, foram: 1. We (Luis de Pablo); 2. La soledad sonora, la musica callada (C. Halfher20); 3. Retablo (Alfredo Aracil); 4. Canto da Sibila (Jorge Peixinho); 5. Lim 79 (Claudio Prieto;) 6. ... y tambien improvisacion colectiva (Jesús Villa Rojo); 7. Gravitações (António Pinho Vargas) 8. Spell (Paulo Ferreira de Castro); 9. Suite Rústica nº 2 (Fernando Lopes-Graça); 10. Monólogos (Filipe Pires); 11. Momentos Memórias I (Cândido Lima); 12. Arambol (Claudio Prieto); 13. Música Fúnebre (Ramón Barce); 14. Lied für Maria (Enrique X. Macias); 15. Toilles III (Cândido Lima); 16. [sem título no programa] (S. Afonso21); 17. Entropia (Jacobo Durán-Loriga); 18. El Viento II (Andrés Lewin-Richter) 19. Variaciones (G. Brucic22) 20. Litanies du Feu et de la Mer I (Emmanuel Nunes); 21. Avec Picasso ce matin... (Constança Capdeville) 22. Sonoritá (Maria de Lourdes Martins); 23. Figurações II (Filipe Pires); 24. Variantes II (Clotilde Rosa); 25. Sub memória para guitarra solo (António Lopes e Silva); 26. Paisage Grana (Tomás Marco); 27. Estigma (Paulo Brandão); 28. Sonata III (Claudio Prieto); 29. Acte Prealable (Francisco Guerrero Marín) 30. Traspasa Elaire y todo (Eduardo Pérez Maseda); 31. Desmod (A. Nunez 23) 32. Opus 22 (José Ramón Encinar) 33. Música para 3 grupos (Clotilde Rosa) A comunicação, apresentada dia 20 de Junho de 1985 foi, mais tarde, publicada no nº 7/8 (1985/1986) da Revista “Conséquences”. Foi publicada novamente em ASSIS (2011), pp. 187-190. 17

Título original: “Sistema de niveles”. (Trad. do autor.) O sistema de níveis é um sistema de composição musical desenvolvido pelo compositor Ramón Barce. 18

19

Não foi possível identificar este compositor. Possivelmente Cristóbal Halffter.

20

Não foi possível identificar este compositor.

21Não

foi possível identificar este compositor.

22

Não foi possível identificar este compositor.

23

Não foi possível identificar este compositor. 8

34. Quarteto (Isabel Soveral) 35. Nacht Musik II (Enrique X. Macías) 36. Sagitário (C. C. Castro24) 37. Diapason (Clotilde Rosa) 38. Jardim de Belisa (Jorge Peixinho) Da última sessão, coordenada por Cândido Lima, resultou um documento intitulado “Propostas e recomendações saídas do I Encontro Luso-espanhol de compositores” que foi enviado a todos os participantes do encontro. No Arquivo Municipal do Montijo encontra-se a cópia que Peixinho recebeu nessa altura. A cópia de Peixinho apresenta-se extensivamente anotada com alterações ao texto original, recomendações, apontando inclusivamente para a organização de uma segunda edição do encontro em Espanha em 1986 e, mais importante do que isso, aponta para uma agenda para a divulgação, estímulo e cultivo da música contemporânea. 6. Conclusão Falar de Jorge Peixinho como “ponte” entre os países da América Latina e os países ibéricos pode induzir em erro, atribuindo a Peixinho um papel mais relevante do que aquele que efectivamente teve. No entanto, o facto de, a partir de 1977 Peixinho fazer parte do Conselho Presidencial da SIMC Sociedade Internacional de Música Contemporânea e ser um dos membros activos da direcção da delegação portuguesa dessa sociedade, colocou Peixinho numa posição de relevância institucional, bem colocado numa posição de influência e capaz de mediar intercâmbios culturais. Peixinho frequentemente programava obras de compositores espanhóis e brasileiros, não só para os concertos do GMCL, mas também nas frequentes ocasiões em que se apresentava a solo ou em dueto com um outro instrumentista. Isso é bem visível nos programas nacionais de Peixinho onde figuram peças de diversos compositores espanhóis e brasileiros desde Ramón Barce, Claudio Prieto, Luiz Carlos Csekö, Gilberto Mendes, entre outros. Peixinho parecia querer “fugir” à programação dos “grandes nomes” da música contemporânea — apesar de, em diversas ocasiões, ter tocado obras de, por exemplo, Stockhausen — e tocar obras de compositores menos conhecidos, mas que considerava serem igualmente válidos. Existia, para Peixinho, uma agenda de divulgação da música contemporânea num sentido tão vasto quanto possível. Curiosamente, a programação do início dos anos 90 parece ser menos rica em obras de compositores espanhóis e brasileiros. Daquilo que me foi possível perceber pela correspondência que foi sendo trocada entre Peixinho e os amigos compositores espanhóis, brasileiros e outros, a programação de peças estava (mutuamente) dependente de receber peças novas para estrear. Digo mutuamente porque não era apenas Peixinho que tocava as peças dos colegas compositores; o inverso também era verdade. Presumo, portanto, que um misto de disponibilidade de peças e exigências de programação ditasse a inclusão e exclusão de peças do repertório. Existe, aliás, no Arquivo Municipal do Montijo um vasta colecção de cartas cujo tema é, justamente, o pedido de partituras novas ou o envio de partituras. Uma coisa que me parece ser um ponto de destaque é o facto de, nos Encontros Gulbenkian de Música Contemporânea — nos quais o GMCL participava frequentemente — o programa incluir frequentemente peças de compositores brasileiros ou espanhóis. Assim, tendo passado em revista a correspondência e a colecção de programas internacionais com a participação de Peixinho a solo, ou com o GMCL concluo que: a) o maior período de internacionalização de Peixinho corresponde ao final da década de 1970 e toda a década de 1980; b) à excepção de ocasionais e esparsas idas a Itália, França, Polónia, Bélgica, Canadá (uma única vez em 1990 para participar num festival dedicado à sua música) e Israel, a maioria das deslocações internacionais de Peixinho são a Espanha (Madrid, Santiago de Compostela e Vigo) e ao Brasil (Santos, São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro); c) alguns anos, em particular o ano de 1984, são fortemente preenchidos com concertos internacionais. Como nota conclusiva, gostaria de fazer uma reflexão final sobre a ligação de Jorge Peixinho 24

Não foi possível identificar este compositor. 9

aos seus colegas espanhóis e latino-americanos, partindo de uma ideia de Gilberto Mendes. O compositor brasileiro afirma que Peixinho se tornou uma figura popular nos “lendários” cursos latinoamericanos de música contemporânea, itinerantes pelo continente americano e que, num período de ditaduras, se tornaram num foco de resistência cultural e intelectual aos regimes ditatoriais que estavam em vigor na América Latina 25 e, também, na Península Ibérica. Talvez estas circunstâncias políticas contribuíssem para um sentido de irmanamento e de solidariedade entre povos semelhantemente oprimidos? Este é, no meu entender, o ponto de ligação entre Peixinho e os compositores brasileiros — e também os compositores espanhóis seus contemporâneos —, um factor de ligação seguramente mais importante do que aquela que estabeleceria com outros compositores provenientes de outros países. Havia um factor importante que ligava Portugal, Espanha, Brasil e outros países da América Latina, um mínimo denominador comum da situação política e cultural: as ditaduras. Assim, poderá falar-se de uma solidariedade da dissidência através da música, de uma resistência comum às ditaduras através da arte. Trata-se de uma ideia difícil de verificar, é certo. Contudo, a proximidade estética, a dedicação a uma agenda de vanguarda, o desejo de explorar novas fronteiras no mundo da arte não são o suficiente para um irmanamento assim — teria que haver uma ligação humana mais profunda. Não se tratava apenas de fazer circular repertório; antes seria a criação de uma rede de “compagnons de route” para os quais a luta por um mundo melhor era também a luta por um lugar da música contemporânea. Bibliografia, fontes online e documentação de arquivo ASSIS, Paulo (ed.) — Jorge Peixinho: Escritos e entrevistas. Porto: Casa da Música; CESEM, 2010.  • ASSIS, Paulo (ed.) — Emmanuel Nunes: Escritos e entrevistas. Porto: Casa da Música; CESEM, 2012.  • BARCE, Ramón — depoimento in: MACHADO, José (org.) — Jorge Peixinho: In Memoriam. Lisboa: • Editorial Caminho, 2002. (pp. 106-108) IDDON, Martin — “The Haus that Karlheinz built: composition, Authority, and control at the • 1968 Darmstadt Ferienkurse” in: The Musical Quarterly, Vol.87, No. 1. Oxford: Oxford University Press, 2004. MENDES, Gilberto — depoimento in: MACHADO, José (org.) — Jorge Peixinho: In Memoriam. • Lisboa: Editorial Caminho, 2002. (pp. 63-67) MENDES, Gilberto — “Portugal na Música Nova” In: O Estado de São Paulo, 30 de Setembro de • 1967. (p. 42) PABLO, Luis de — depoimento in: MACHADO, José (org.) — Jorge Peixinho: In Memoriam. Lisboa: • Editorial Caminho, 2002. (pp. 82-83) PASCOAL, Maria Lúcia — Momentos de Jorge Peixinho no Brasil in: ASSIS, Paulo — Mémoires... • Miroirs: Conferências do Simpósio Internacional Jorge Peixinho. Lisboa: Colibri, 2012. (pp. 175-180) Cronologia de Jorge Peixinho in: http://www.gmcl.pt/jorgepeixinho/cronologia.htm (consultado • em 2 de Março de 2016) Arquivo Municipal do Município do Montijo: Arquivo Pessoal Jorge Peixinho, colecção de • correspondência. Arquivo Municipal do Município do Montijo: Arquivo Pessoal Jorge Peixinho, colecção de • programas nacionais com participação de Jorge Peixinho. Arquivo Municipal do Município do Montijo: Arquivo Pessoal Jorge Peixinho, colecção de • programas internacionais com participação de Jorge peixinho.

25

MENDES, Gilberto — depoimento in: MACHADO, 2002, pp. 63 - 67 10

ANEXO 1.! Programas de Jorge Peixinho no Brasil 1970 6º FESTIVAL DE MÚSICA DE CURITIBA / 6º CURSO INTERNACIONAL DE MÚSICA DO PARANÁ 31 Jan 1970 Curitiba MÚSICA CONTEMPORÂNEA PORTUGUESA Conferência do compositor Jorge Peixinho 18 Fev 1970 Casa de Portugal Nova Difusão Musical, são Paulo RECITAL DE JORGE PEIXINHO II Festival de Música da Guanabara 27 Mai 1970 Instituto Cultural Brasil Alemanha 6º FESTIVAL DE MÚSICA DE CURITIBA / 6º CURSO INTERNACIONAL DE MÚSICA DO PARANÁ 31 Jan 1970 Curitiba MÚSICA CONTEMPORÂNEA PORTUGUESA Conferência do compositor Jorge Peixinho 18 Fev 1970 Casa de Portugal Nova Difusão Musical, são Paulo RECITAL DE JORGE PEIXINHO II Festival de Música da Guanabara 27 Mai 1970 Instituto Cultural Brasil Alemanha 1978 JORGE PEIXINHO ? ? 1978 Concerto organizado pela Prefeitura de Cubatão, Brasil Programa com obras de W. Corrêa de Oliveira, Ernst Widmer, Manuel Enriquez, Gilberto mendes, Filipe Pires, Maria de Lourdes Martins e Jorge Peixinho PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTOS APRESENTA CONCERTO DO PIANISTA JORGE PEIXINHO 26 Jan 1978 Santos, Minas Gerais, Brasil Concerto com o mesmo programa do de Cubatão III BIENAL DE MÚSICA 28 Jan 1978 Universidade de São Paulo, Instituto Goethe Concerto dividido com pianista Caio Pagano 11

1982 XVIII FESTIVAL MÚSICA NOVA DE SANTOS 18 a 31 Ago 1982 Sociedade Ars Viva/Sociedade Brasileira de Música Contemporânea/Prefeitura Municipal de Santos Concerto de piano de Jorge Peixinho no dia 23 Ago 1982 1984 FESTIVAL MÚSICA NOVA 14 a 19 Ago 1984 Cidade de São Paulo/Centro Cultural de São Paulo Concerto com uma peça electroacústica de Peixinho XX FESTIVAL MÚSICA NOVA DE SANTOS 17 a 30 Ago 1984 Concerto do GMCL no dia 19 Ago 1984 CONCERTOS DO MEIO-DIA 22 Ago 1984 UNICAMP - Universidade estadual de Campinas Concerto do CMCL GRUPO DE MÚSICA CONTEMPORÂNEA DE LISBOA 24 Ago 1984 Brasília, Teatro Nacional de Brasília Concerto do GMCL GRUPO DE MÚSICA CONTEMPORÂNEA DE LISBOA 28 Ago 1984 Belo Horizonte, Teatro de Arena Ceschiatti — Palácio das Artes Concerto do CMCL 1985 CONTRA-PONTOS 1985 NA LAPA 21 Ago a 2 Set 1985 festival internacional de música contemporânea, dir. Margarita Schack Rio de Janeiro Concerto de Jorge Peixinho a 2 Set 1985 KOELLREUTER 70 7 Nov 1985 Rio de Janeiro, Sala Cecília Meireles Concerto comemorativo dos 70 anos de Hans Joachim Koellreuter Com obras de Koellreuter, Jorge Peixinho (Greetings für H. J. Koellreuter), Edward Staempfli, Dietrich Erdmann, Claudio Santoro e Gilberto Mendes. 1986 XXII FESTIVAL MÚSICA NOVA DE SANTOS 13 a 31 Ago 1986 Concerto de Peixinho no dia 18 Ago SEMANA DE MÚSICA CONTEMPORÂNEA 15 a 25 Ago 1986 Bahia, Departamento de Música da UFBA (Univ. Federal da Bahia) Conferência de Peixinho no dia 15 Ago sobre música contemporânea portuguesa 12

RECITAL DO PIANISTA E COMPOSITOR PORTUGUÊS JORGE PEIXINHO 1 Set 1986 São Paulo, Conservatório Musical “Brooklin Paulista” Concerto de piano de Peixinho 18º FESTIVAL DE INVERNO: SÃO JOÃO DEL-REI 15 Jul 1986 e 29 Jul 1986 (duas brochuras) Conservatório de São João Del-Rei/Teatro Municipal Duas brochuras de concertos — Peixinho é o único compositor português e um um dos poucos europeus (além de Messiaen, Stravinsky e outros históricos...); a maioria dos compositores tocados são brasileiros. 1990 VIIº CICLO DE MÚSICA CONTEMPORÂNEA DE BELO HORIZONTE 29 Nov a 6 Dez 1990 Belo Horizonte Concerto de piano de Jorge Peixinho dia 6 Dez 1990 1991 8º CICLO DE MUSICA CONTEMPORÂNEA 2 a 8 Dez 1991 Belo Horizonte Concerto do GMCL “JORGE PEIXINHO” PIANISTA E COMPOSITOR 17 Dez 1991 Santos, Conservatório musical de Santos Conferência-concerto: a música contemporânea portuguesa - conferência ilustrada por gravações e solos de piano 1994 XXX FESTIVAL MÚSICA NOVA DE SANTOS 10 Ago a 1 Set 1994 Santos Concerto de piano a solo de Jorge Peixinho dia 24 Ago 1994 FESTIVAL MÚSICA NOVA 11 a 31 Ago 1994 Recital de piano de Jorge Peixinho 25 Ago 1994 11º CICLO DE MÚSICA CONTEMPORÂNEA DE BELO HORIZONTE 18 a 21 Ago 1994 Belo Horizonte, Núcleo de música contemporânea de Belo Horizonte Concerto de piano de Jorge Peixinho VII ENCONTRO DA ANPPOM 29 Ago a 2 Set 1994 São Paulo, Departamento de Música, Escola de Comunicações e Artes da USP Comunicação no tema “complexidades” no painel de composição dia 30 Ago 1994 ENCONTRO INFORMAL COM JORGE PEIXINHO 5 e 6 Set 1994 Campinas, Univ. Estadual de Campinas 13

FESTIVAL MÚSICA NOVA 13 a 30 Ago 1994 Santos Concerto do GMCL dia 20 Ago 1994 2. Programas de Jorge Peixinho em Espanha 1973 MÚSICA DE LAS NACIONES Out 1972 a Jan 1973 Radio Nacional de España Música de Peixinho inserida num concerto de música portuguesa (c/ compositores mais antigos) 1974 II FESTIVAL IBERICO DE MUSICA 30 Abr a 10 Mai 1974 Badajoz Concerto de 6 Mai 1974 c/ peças de Gilberto Mendes, Claudio Prieto, Tomas Marco, Peixinho e Stockhausen 1977 DÍAS DE MÚSICA CONTEMPORÁNEA DE RADIO NACIONAL 25 Abr a 30 Abr 1977 Madrid Concerto do GMCL a 28 Abr 1977 CULTURA PORTUGUESA EM MADRID 14 Dez 1977 Fundación Juan March, Madrid, org. da FCG, concerto do GMCL 1978 CONCIERTOS DEL L.I.M. Jan. Fev. 1978 Vários concertos com obras de Peixinho (L.I.M. — Laboratorio de Interpretación Musical, Jesús Villa Rojo) FESTIVAL MUSICAL DE VRAN “CIDADE DE VIGO” 1978 7 a 18 Jul 1978 Concerto de Peixinho com Clotilde Rosa e Carlos Franco Direcção artística de Enrique X. Macías Alonso 1979 SEMANA DA CULTURA PORTUGUESA 22 a 27 Jan 1979 Círculo Ourensán Vigués, Vigo Concerto do GMCL 1981 HOMENAJE A PESSOA Jun 1981 Fundación Juan March, Madrid Concerto do GMCL dia 10 Jun 1981 7º FESTIVAL INTERNACIONAL DE MUSICA CONTEMPORANEA 14

22 a 29 Set 1991 Alicante Concerto do GMCL dia 25 Set 1991 I XORNADAS DE MUSICA CONTEMPORANEA 9 a 14 Mar 1987 Santiago de Compostela, Centro para la difusión de la música contemporânea Concerto e seminário de composição 1984 I CURSO INTERNACIONAL ACSE DE INTERPRETACION DE LA MUSICA CONTEMPORANEA 1 a 13 Jul 1984 Salamanca, ACSE e Universidade de Salamanca Peixinho era um dos docentes de escrita musical neste curso, juntamente com outros compositores como Tomás Marco e Álvaro Salazar. JORNADAS DE MUSICA ELECTROACUSTICA 22 a 23 Mar 1984 Cuenca, Asociación de Compositores Sinfónicos Españoles/Gabinete de Música Electrónica de Cuenca (também com o apoio da FCG), org. de Ramón Barce. (Peixinho é um dos compositores que participaram nestas jornadas.) 1985 CENTRO PARA LA DIFUSIÓN DE LA MÚSICA CONTEMPORÂNEA 5 16 Dez 1985 Madrid, Concerto de compositores portugueses (Lopes e Silva, Isabel Soveral, Filipe Pires, Constança Capdeville, Clotilde Rosa, Jorge Peixinho] Concerto do GMCL DÍAS DE MÚSICA CONTEMPORÁNEA: premio de composicion Martin Codax 18 a 29 Mar 1985 Vigo, sector de cultura do consello de Vigo, dir. Enrique X. Macías Concerto de piano dado por Peixinho com música de compositores portugueses e com uma peça de Gilberto Mendes. 1986 I JORNADAS DE MÚSICA CONTEMPORÁNEA DE SEVILLA 7 Abr 1986 Concerto do GMCL 3. Programas de Jorge Peixinho na Argentina ARTE CONTEMPORANEO 82 Set 1982 Buenos Aires Concerto de Peixinho; estreia mundial de Retrato de Helena dia 6 Set 1982 PI-JP Caixa 20 [pasta 5] 4. Programas de Jorge Peixinho em Portugal com música latino-americana ou espanhola fora do âmbito dos Encontros Gulbenkian de Música Contemporânea RECITAL DE PIANO 15

21 Jan 1980 Fundação Calouste Gulbenkian Peças para piano de Angel Oliver, E. Macias Alonso, Julian Hernadez, Tomas Marco, K. Serocki, Manuel Enriquez, Friedhelm Döhl, Corrêa de Oliveira. [Quase todos são latino-americanos.] CONCERTO LUSO-ESPANHOL 9 Mai 1981 Teatro Municipal S. Luiz 2º concerto da sociedade ibero-americana das artes musicais obras de: Xavier Montsalvatge, Ernesto Halffter, Jorge Peixinho, Heitor Villa-Lobos. Iº ENCONTRO LUSO-ESPANHOL DE COMPOSITORES 17 a 22 Jun 1985 Teatro D. Maria II / Palácio Galveias (flyer com programação de conferências e concertos)

16

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.