Juventude e cidadania no Brasil: uma contribuiçao dos Dispositivos de Sexualidade e de Aliança de Michel Foucault

July 17, 2017 | Autor: Cintia Jorge | Categoria: Internet Studies, Sexuality, Youth
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JUVENTUDE E CIDADANIA NO BRASIL: UMA CONTRIBUIÇÃO DOS DISPOSITIVOS DE SEXUALIDADE E DE ALIANÇA DE MICHEL FOUCAULT Cintia Soares* Michel Perreault** RESUMO: Existe um discurso, que aumenta a cada dia mais e mais em popularidade não apenas no meio acadêmico, mas também no profissional, que se reproduz no cotidiano familiar e sociocultural, sobre uma adolescência que é percebida como um problema, uma etapa de crise com a qual é difícil de se negociar. À partir dos escritos de Foucault pode-se pensar que esta inquietude se inscreve na construção do dispositivo ocidental da sexualidade. À partir deste concepto, o objetivo desta pesquisa foi de deixar emergir as construções possíveis de um ou mais dispositivos de sexualidade dos adolescentes vivendo em situação de pobreza no Brasil (Belém-Pará). O método de pesquisa escolhido foi qualitativo dentro de uma abordagem etnográfica. A principal técnica de coleta de dados, além das técnicas de observação etnográficas e análise documental, foi a entrevista em profundidade, em face à face, à partir de questões abertas. Quatorze adolescentes vivendo no mesmo bairro pobre de Belém foram observados e entrevistados, assim como seus pais. A análise dos dados, efetuou-se segundo a análise de conteúdo proposta por BARDIN (1977) que revelaram um dispositivo de sexualidade presente tanto nos adolescentes, pais e professores encontrados, e se apoiando nas escolas, igrejas, mídias e Estado, que foram descritas como um dispositivo de sexo seguro, enquanto que, um dispositivo de aliança, no sentido de Foucault, foi descrito após análises e confirmação dos dados como aliança dos poderosos. Estes resultados proporcionaram discussões sobre as dificuldades que existem para os jovens vivendo em situação de pobreza alcançarem uma plena cidadania no Brasil.

INTRODUÇÃO Em cada sociedade, o estatuto da adolescência está sujeito a mudanças em função de questões simbólicas, sociológicas ou jurídicas (PERREAULT & BIBEAU, 2003). Vários são os fatores que podem contribuir para tais mudanças como: a cultura, os valores, as classes sociais, a família, os contextos históricos e espaciais. Existe, portanto, um discurso que a cada dia se propaga nos ambientes acadêmicos e profissionais e prolifera-se no cotidiano familiar e sociocultural, discurso este que percebe a adolescência como um problema, etapa difícil e crítica a ser enfrentada pelos pais e familiares, professores e demais entidades que lidam com esta clientela. Os manuais que tratam deste assunto se multiplicam demonstrando técnicas e maneiras diversas de enfrentar esta etapa da vida impregnada de uma complexidade que implica o patológico (MALES, 1996), (SAUCIER & MARQUETE, 1985). No interior desta preocupação constante sobre a adolescência que se manifesta através de uma patologização um tanto quanto mítica, pouco fundada nos fatos e na maioria das vezes enviesada (MALES,op.cit), pode-se pensar no motivo pelo qual há décadas a sexualidade dos adolescentes tem sido objeto de questionamentos incessantes. Ainda que Foucault tenha sido considerado mais um filósofo do que um pesquisador, ele *

Pesquisadora pos-doctoranda no Institut Universitaire en santé mentale de Montréal, PhD em ciências Humanas Aplicadas pela Université de Montréal. E-mail: [email protected] - Autora * * PhD em sociologia pela Université de Montréal. Professor, Politicas sociais e Cidadania, Universidade Cátolica do Salvador – UCSAL. E-mail:[email protected] – Co-Autor

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foi, sobretudo, um grande pesquisador utilizando na maioria de seus trabalhos formas de análise do discurso, e jamais dados empíricos originados de entrevistas e observações de campo com sujeitos de pesquisa. Para este artigo, os autores farão uso da História da Sexualidade (HS,1988) e da Microfísica do Poder (MP, 1996) com o objetivo de operacionalizarem o concepto do dispositivo de sexualidade à partir de uma pesquisa empírica utilizando os conceitos indutivos de dispositivo com adolescentes vivendo em situação de pobreza na Amazônia.

OBJETO DE PESQUISA A partir do conceito de dispositivo de sexualidade proposto por Foucault, o objetivo da pesquisa deste artigo foi buscar as possíveis construções de um ou mais dispositivos de sexualidade e de aliança de adolescentes1 vivendo em situação de pobreza na Amazônia/ Brasil (Belém-Pará). A fim de tal empreitada foram definidos como questões norteadoras da pesquisa: * O que pensam os adolescentes de sua própria sexualidade, possibilidades de expressão desta sexualidade levando-se em consideração os familiares, a escola, a igreja a qual pertencem, a mídia que não cessa de falar deles, os serviços de saúde que são oferecidos a eles? * * O que pensam da sexualidade dos adolescentes os pais, a escola, as igrejas, as mídias, os serviços de saúde e o Estado brasileiro? Levando em consideração estas duas questões, será apresentada a seguir a metodologia de pesquisa utilizada a fim de obter os resultados empíricos no discurso dos adolescentes e de seus pais e mães no que tange exclusivamente aos possíveis dispositivos encontrados na indução do conceito de dispositivo segundo Foucault.

QUADRO TEÓRICO - DISPOSITIVOS DE SEXUALIDADE E DE ALIANÇA BASEADO EM FOUCAULT Foucault, em seu primeiro livro HS (1988) de sua trilogia sobre a sexualidade, explicita dois dispositivos em particular: os de sexualidade e de aliança. Ele escreveu que as relações de sexo deram lugar “em toda sociedade, a um dispositivo de aliança: sistema de matrimônio, de fixação e desenvolvimento dos parentescos, de transmissão dos nomes e dos bens” (op.cit., pagina 100) . “O dispositivo de aliança se estrutura em torno de um sistema de regras que define o permitido e o proibido, o prescrito e o ilícito [...]”, e possui “[...] entre os seus objetivos principais, o de reproduzir a trama de relações e manter a lei que as rege” (op.cit., pagina 101.). Foucault conclui que: “se o dispositivo de aliança se articula fortemente com a economia devido ao papel que pode desempenhar na transmissão ou na circulação das riquezas [...]” ele está ordenado “[...] para uma homeostase do corpo social, a qual é sua função manter, daí, seu vínculo privilegiado com o direito, daí também, o fato de o momento decisivo, para ele, ser a “reprodução” (op.cit.)”. Ainda para Foucault, o dispositivo pode ser considerado como “[...] um conjunto decididamente heterogêneo que engloba discursos, instituições, organizações arquitetônicas, decisões regulamentares, leis, medidas administrativas, enunciados científicos, 1

O gênero masculino é utilizado sem discriminação e apenas com o único objetivo de preservar a fluidez do texto. Ainda, jamais foram encontrados nestes resultados diferenças entre os gêneros em relação ao futuro deles.

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proposições filosóficas, morais, filantrópicas [...]”. Para ele, este dispositivo é “[...] a rede que se pode estabelecer entre esses elementos [...]” (MP, p. 138). No caso, por exemplo, da sexualidade dos adolescentes, objeto principal deste artigo, as instituições como a família; a igreja; o sistema de saúde; as escolas; os amigos e a arquitetura são mecanismos que fazem parte desta rede heterogênea que possuem cada uma suas características específicas, seja como exemplo um programa implantado para aperfeiçoar e/ou implantar a promoção da saúde sexual e reprodutiva dos adolescentes que pode situar-se numa mesma linha como portador de um discurso normativo pleno de poder e saber e onde, em geral, estes elementos também podem mudar o local de suas atuações segundo o contexto histórico e social. “[...] em suma, entre estes elementos, discursivos ou não, existe um tipo de jogo, ou seja, mudanças de posição, modificações de funções, que também podem ser muito diferentes [...]” (op.cit) Resumindo, “[...] O dispositivo, portanto, está sempre inscrito em um jogo de poder, estando sempre, no entanto, ligado a uma ou a configurações de saber que dele nascem mas que igualmente o condicionam”. Ele engloba “[...] estratégias de relações de força sustentando tipos de saber e sendo sustentadas por eles [...] ”(op.cit., pagina 139). Ainda, para o autor supracitado “[...] o poder não é uma instituição e nem uma estrutura, não é uma certa potência de que alguns sejam dotados: é o nome dado a uma situação estratégica complexa numa sociedade determinada.” (HS, pagina 89). Ora, o poder é produtivo de ações e reações que podem ser positivas ou negativas, como por exemplo, tem-se a educação que pode ser um instrumento de poder produtivo quando exerce seu poder não apenas na escola, mas no centro da família desde a infância, seja através dos exemplos, regras ou normas implementadas. Entretanto, existem forças contrárias, como a mídia, a própria escola, os pares e pode-se pensar como os adolescentes vão reagir a estes mecanismos instituídos. A partir do exposto acima, o conceito de dispositivo representa um desafio para compreender de uma outra forma a construção da sexualidade dos adolescentes vivendo em situação de pobreza. Os autores julgaram interessante examinar os principais campos de estruturação para esta construção: a família, a igreja, as redes sociais, assim como o Estado e suas políticas públicas no quadro da saúde reprodutiva e sexual, a escola, a mídia e a urbanização entre outras através dos poderes legislativo, judiciário e executivo. De fato as Instituições acima relacionadas são consideradas de extrema importância no processo de construção sociocultural dos dispositivos de sexualidade à luz do referencial foucaudiano. Da mesma forma, a dimensão espacial, que para Foucault faz parte de todo fenômeno social, tem sua relevância na análise dos dados, haja vista estar relacionada à construção e à expressão da sexualidade adolescente.

O MÉTODO DE PESQUISA Esta pesquisa teve em sua base entrevistas realizadas com adolescentes e seus pais, usando uma abordagem qualitativa do tipo etnográfica. A principal técnica de coleta de dados, além das técnicas de observação etnográfica e de analise documental, foram entrevistas em 3

profundidade face a face, a partir de questões abertas. Critérios da escolha da amostra: Vários autores (PARAZELLI, 2000; GALLAND, 1991) afirmam que atualmente não existe nenhum consenso estabelecido a fim de definir a adolescência. Tendo em vista que a maioridade no Brasil, assim como em diversos outros países ocorre aos dezoito (18) anos e este momento se constitui uma mudança de estatuto bastante significativa, os autores decidiram definir que adolescentes neste estudo seriam os que apresentassem idade entre 12 e 18 anos, o que também preconiza o estatuto da criança e do adolescente no Brasil.

CRITÉRIOS DE INCLUSÃO DA AMOSTRA PRINCIPAL A fim de obter uma amostra homogênea esta deveria ser composta por 16 adolescentes sendo 08 do sexo feminino e 08 do sexo masculino, e as mesmas deveriam ser recrutadas de acordo com os critérios de inclusão seguintes: 1)

Habitarem em um mesmo bairro pobre da cidade de Belém

2)

Terem a idade entre 12 e 18 anos;

Também deveriam ser realizadas entrevistas com os pais e mães destes adolescentes, assim como com os profissionais que trabalhassem com questões relacionadas à sexualidade com estes mesmos adolescentes, seja na escola, no sistema de saúde e, se fosse o caso, no espaço religioso. Como fonte de dados suplementares, uma entrevista deveria ser realizada com o secretário de planificação e de urbanização da cidade de Belém. Destaca-se que dada à importância para esta pesquisa de reconstituir um ou mais dispositivos foi preciso abordar as mesmas questões para todos os atores do estudo. Estabeleceu-se ainda os princípios de diversificação e de saturação.

QUESTÕES ÉTICAS A fim de favorecer o anonimato e a confidencialidade aos adolescentes, eles escolheram cores, os pais e mães, nome de flores e os/as profissionais, nomes de frutas. Estas escolhas se deram de forma espontânea pelos próprios atores e atrizes do estudo. A coleta de dados foi realizada apenas após o recebimento do certificado de ética emitido pela Université de Montréal, assim como a autorização do centro de saúde, como exige a prática dos estudos de pesquisa no Brasil. O primeiro encontro permitiu oferecer informações concernentes ao estudo, à condição de participação e de confidencialidade. Os formulários escritos eram entregues e detalhados no momento deste primeiro encontro e foi dado a cada um tempo para refletirem na proposta do estudo e se desejavam participar do mesmo. Após serem informados e haverem refletido no objeto do estudo, modalidades e condições de participação, vantagens e desvantagens, desconfortos e possíveis conseqüências a participar, tendo sempre a liberdade de se retirarem a qualquer momento sem nenhum prejuízo, estas pessoas eram convidadas a dar seu consentimento por escrito. Neste momento, um novo encontro era fixado para a entrevista. Os formulários de consentimento ou de aceitação foram todos assinados antes do início das entrevistas. Uma cópia foi entregue a cada participante e outra foi conservada pela autora 4

principal. O consentimento do titular da autoridade materna ou paterna ou tutor e do próprio sujeito da pesquisa foram necessários e indispensáveis.

ANÁLISE DOS DADOS Antes de se iniciar a análise propriamente dita, os autores seguiram as recomendações de ERICKSON (1986) quando este propõe fazer uma releitura de conjunto a fim de ter uma visão global do texto. O material foi gravado, transcrito, escutado e relido com atenção minuciosa por diversas vezes, tendo como objetivo adquirir uma visão de conjunto e bem como se familiarizar com as diferentes particularidades do texto e antecipar os possíveis tipos de dificuldades que poderiam se apresentar. Ainda, este procedimento permitiu fixar o tipo das unidades informadas a serem mantidas para realizar a classificação e o recorte em enunciados específicos (preparação e transcrição) e apreender certas particularidades que permitiram alimentar e construir os temas e categorias de análise. A codagem dos dados foi realizada com a ajuda de um programa de análise qualitativa Atlas.ti, de acordo com um processo de simplificação e de transformação das informações brutas, através da codificação, do recorte, da classificação e do tratamento em relação aos temas e as dimensões de análise. Um guia de codificação foi construído com 65 códigos diferentes respeitando os consignes seguintes: a verificação da fidelidade das regras pelo processo de codificação em momentos diferentes que permitiram verificar se as mesmas observações foram classificadas da mesma maneira a cada momento, a verificação da exaustividade das categorias analíticas e da revisão das regras de codificação. Uma parte do material foi codificado e analisado pelo orientador da tese a fim de uma concordância intra-examinador (validação interjuge). Não havendo divergências significativas, e tendo o orientador participado estritamente na construção do guia de codificação, continuou-se o procedimento do tratamento dos dados para a análise. Destaca-se que esta análise tornou-se extremamente complexa, uma vez a imensa quantidade de material coletada. Uma análise vertical de todas as entrevistas realizadas com os adolescentes foi efetuada. Depois, uma outra análise vertical com todas as mães e pais destes adolescentes (decidiu-se agrupar todas as análises dos pais(mães) mesmo quando as entrevistas foram com os casais, tomando cuidado em anotar individualmente as divergências) e apenas depois desta avaliação é que finalmente uma análise horizontal foi feita com cada adolescente e depois com seus pais e mães. A fim de completar o estudo foi realizada uma análise cruzada de todos os adolescentes e de todos os seus pais e mães ao mesmo tempo. Foi apenas após este procedimento detalhado e exaustivo que claramente começaram a aparecer os dispositivos. Os de sexualidade foram aparecendo cada vez mais no discurso dos adolescentes e depois no discurso de seus pais e mães e o de aliança apareceu primeiramente no discurso dos pais e das mães e apenas depois foi observado no discurso dos adolescentes.

RESULTADOS A autora principal precisou respeitar os critérios de financiamento do terreno de pesquisa pela Instituição financiadora (CNPq), desta forma o terreno teve que ser realizado em somente três (3) meses, que corresponderam aos meses de julho, agosto e setembro : um período muito 5

inadequado, uma vez que as férias letivas se dão no mês de julho. Esta situação se tornou um obstáculo para contatar escolas e entidades, assim como os próprios sujeitos do estudo. A única maneira possível encontrada a fim de recrutar tantas pessoas e em tão pouco tempo se deu através da parceria com um programa de saúde do Estado. O primeiro passo se deu a partir de um encontro com o diretor do centro de saúde que apresentou a pesquisadora a todos os profissionais envolvidos com os adolescentes. Também foi cedida uma sala discreta para a realização das entrevistas, assim como o livre acesso ao banco de dados da Instituição. O recrutamento foi realizado através do banco de dados do programa de saúde dos adolescentes. Todos foram contatados por telefone ou por ocasião de uma visita em seus domicílios (muitos não possuíam telefones de contato). Devido ao exposto acima (período de férias escolares), a amostra foi comprometida no sentido da quantidade prevista inicialmente (10 adolescentes do sexo feminino e outros 10 do sexo masculino) uma vez que apenas foi possível entrevistar no total 18 adolescentes como verse-á a seguir. O restante foi mantido como as entrevistas com os pais e mães, profissionais que lidavam com os adolescentes e com o secretário de planejamento e dirigentes da Unidade e de programa ligados à sexualidade.

AMOSTRA FINAL DO ESTUDO Foram entrevistados para esta pesquisa 18 adolescentes em seu total, sendo que apenas 14 destes puderam ser analisados em profundidade. É de suma importância destacar que, no que tange à cor/raça, prevaleceu em grande maioria a negra. Os 4 restantes foram utilizados como teste e validação do roteiro de entrevista. Dois destes (um do sexo masculino (14 anos) e outra do sexo feminino (15 anos), não puderam ser incluídos na análise em profundidade porque solicitaram exclusão da pesquisa durante a realização das entrevistas, alegando não estarem se sentindo confortáveis com a temática em questão. No que tange aos princípios éticos inerentes ao estudo, ainda que as entrevistas com suas respectivas mães já houvessem sido realizadas, ambas foram anuladas e destruídas. Um outro adolescente foi excluído por ter apenas 11 anos e não estar de acordo com os critérios preestabelecidos da amostra, ou seja, estar entre 12 e 18 anos, ainda que as entrevistas com seus pai e mãe já tivessem sido realizadas, foi apenas durante a própria entrevista com o pré-adolescente em questão que a pesquisadora se deu conta da faixa etária. E por último uma adolescente (Salmon (♀)) foi excluída da análise em profundidade porque não foi possível realizar a pesquisa com seus pais. No que diz respeito à família, pais e mães, foram entrevistados 2 casais, sendo que cada casal conjuntamente, dando-se tempo para que cada um pudesse se expressar, estabelecendo um diálogo bastante proveitoso entre eles e a entrevistadora. Também foram entrevistadas outras 11 mães, sendo que aproveitados para esta análise em profundidade apenas 9 destas e dois casais. Os motivos da exclusão foram os mesmos relatados acima, ou seja, as duas mães dos adolescentes que durante o processo de entrevista solicitaram ser excluídos, um casal que não foi possível encontrar para a pesquisa, devido a uma questão de agendamento para eles, embora tenham havido repetidas tentativas por parte da pesquisadora, e um outro casal que, apesar de ter sido realizada a entrevista, o filho não correspondia aos critérios da amostra. Sobre os profissionais: Foram realizadas 16 entrevistas individuais com profissionais, sendo que 7 dentre estes ocupavam, por ocasião das mesmas, cargos estratégicos e de gerência, 6

identificados na tabela 02 abaixo. Foram escolhidos nomes de frutas para identificá-los, lembrando que esta escolha foi pessoal, à exceção do Secretario Estadual de Urbanização, que preferiu ser identificado por seu próprio nome. Além destas entrevistas acima citadas, também foi realizada uma entrevista coletiva com 4 profissionais responsáveis por uma organização não governamental (ONG) que realiza um trabalho com crianças e adolescentes de forte impacto na cidade de Belém. Esta ONG se localiza no mesmo bairro onde os adolescentes e seus pais moravam. Em suma, o interesse maior foi conhecer o que eles/elas pensavam de sua própria sexualidade a fim de descobrir se existia um ou mais dispositivo tal qual/ tais quais concebido (s) por Foucault.

CONCEPÇÕES DE SEXUALIDADE O tema da sexualidade quando abordado em quase todas as entrevistas é relacionado ao coito, bem como se encontra fortemente representado em seus discursos as relações de gênero. A religião é outro fator contribuinte na construção social da sexualidade dos adolescentes, no qual o pecado, a interdição e a tentação são constantemente mencionados. Mas embora interditos, o proibido é estrategicamente camuflado ou mesmo utilizado como estimulador e incita a dor da «transgressão». Na família, enquanto instituição, a mãe parece ser a mais buscada para o diálogo com as filhas e os pais com os filhos, reforçando as relações de gênero presente neste contexto. Somente nos casos de famílias formadas por mães solteiras existe o diálogo da mãe com o filho sobre o sexo, embora nem sempre aceito por este. O grande despertar sexual acontece na infância dentro do espaço familiar, na maioria das vezes com primos e primas mais velhos(as). Os jogos de infância são instrumentos importantes neste processo de tocar e ser tocado pelo outro. Brincadeiras sexuais existem de forma quase que unânime em todos os entrevistados. A concepção da sexualidade apresentada por todos os atores sociais do estudo (adolescentes e os pais e mães destes) em seus depoimentos pessoais não apenas em relação a si próprios, mas também em relação às entidades da Escola; da Igreja da qual fazem parte, da Mídia que os cerca, bem como do Governo, foi de concordância com o sexo não como prazer, mas de maneira que se ele tiver que acontecer nesta faixa etária, que deva ser absolutamente seguro.

DISPOSITIVO DE SEXUALIDADE A partir dos depoimentos analisados pode-se inferir a presença de um dispositivo de sexualidade que para todos os adolescentes entrevistados nesta pesquisa deu-se como um dispositivo do sexo seguro. Neste dispositivo, a prática do coito deverá se dar através do sexo seguro, seja ele com prazer ou não. Vermelho é um destes adolescentes que apresenta um discurso coerente em toda sua entrevista, no qual a concepção que ele tem da sexualidade é compartilhada por todos os atores sociais: alguns adolescentes que não praticam sempre o sexo seguro, a escola que fala em sexo protegido, os profissionais de saúde e o Estado que oferecem preservativos durante o período das festas carnavalescas, ratificando a abordagem preventiva do Brasil que tem sido proclamada como uma das mais positivas se considerada em escala mundial, bem como a prática de oferecer camisinhas no Carnaval que vale muito mais do que quaisquer eventuais discursos; e ainda, este mesmo adolescente afirma discordar das igrejas que não permitem sexo antes do casamento, para ele o sexo deve acontecer sem a necessidade daquele. Para ilustrar a pertinência do sexo seguro de acordo com o adolescente Vermelho supra citado:

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“R- a influência do meu pai e da minha mãe, sempre eles ficam me dando conselhos, ai fica melhor né? [...] E- e eles dão que tipo de conselho? R- pra usar camisinha sempre, sempre mais eu usar camisinha. E- qual a vantagem de usar a camisinha? R- é... a gente não pega doença e não engravida”. Ou ainda de Beije (♀), que deixou de ser virgem aos 12 anos: “ B: (risadinha), [...] minha sexualidade é... a minha relação é com o meu namorado é boa... [...] É bom, é bacana mas, [...] a gente faz bem pensado pra depois a gente não se arrepender...” Outro fator relevante encontrado foi que a partir dos depoimentos dos adolescentes entrevistados que apresentam uma vida sexual ativa, a utilização da camisinha foi explicada como uma preocupação em evitar uma gravidez indesejada, e de prevenir as doenças, aparecendo nestes discursos a preocupação em serem responsáveis. Por exemplo Beije (♀) disse: “[...]. é bom.... mas eu acho que no meio desse bom tem que ter uma responsabilidade... pra pensar o que a gente esta fazendo... [...] sou muito nova pra... pra ter um filho agora...” Percebeu-se que a rede construtora da sexualidade nos moldes Foucauldianos constituiuse por elementos pertencentes ao Estado, à família, às redes sociais, aos espaços públicos e privados, às mídias, às igrejas e às escolas e cada um destes elementos apresentam uma substancial importância a serem considerados e examinados atentivamente. Pode-se pressupor que o país busca, através de suas políticas publicas, avançar no que tange à prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, bem como da gravidez na adolescência, na legislação sobre as práticas abortivas e contraceptivas, muito embora que em sua amplitude pareça ter um papel extremamente inoperante quando se leva em consideração a falta de diálogo nas escolas a este sujeito, bem como a relação com instituições religiosas que são formadoras de opiniões, reforçando comportamentos discriminatórios entre seus membros. Pode-se citar, por exemplo, discursos veiculados na mídia que exaltam a prostituição, ou mesmo através de programas televisivos pornográficos percebe-se a contradição de um país mesclado de possibilidades alienadoras e simultaneamente imbricado em lutas em defesa do aborto e de uma saúde reprodutiva e sexual igualitária. Percebe-se aqui este novelo de instituições que participam a favor de uma sexualidade libertária, mas que simultaneamente promovem a interdição pela legislação de contraceptivos e do aborto.

DISPOSITIVO DE ALIANÇA Quando questionados sobre o desejo de se casarem dos 14 adolescentes entrevistados, 12 (86%) responderam sem titubear positivamente, enquanto que apenas 2 (14%) deles se mostraram confusos. Dentre os 12 que foram unânimes em suas respostas quanto ao desejo de se casarem, vale a pena ressaltar o discurso de Verde quando respondeu que poderia se casar com qualquer mulher, uma vez que o que vigora realmente em seu depoimento é a urgência e necessidade que tem de fazer sexo, e por conta de seus princípios religiosos e familiares o casamento seria condicional para este ato. Dentre os dois adolescentes que se mostraram reticentes quanto ao casamento, Vermelho 8

(♂) e Branca (♀) tiveram, cada um deles deles, formas diferentes de se expressarem à este tema; como por exemplo, Vermelho, que respondeu ainda não pensar neste assunto e caracterizando a si mesmo como uma pessoa confusa e no que se trata ao desejo de sua família sobre a menina ideal respondeu que algumas vezes eles falam sobre a questão do amor, uma vez que ele não pode se casar e se separar logo. Do outro lado, Branca que gostaria de fazer sexo antes do casamento, porque ela não pensava em se casar, e um pouco mais adiante na entrevista colocou como condicional se formar como professora ou como enfermeira. Ainda assim, disse que deve se casar virgem e após o casamento não pode se separar, e que se por ventura venha a existir sexo antes do casamento corre-se o risco de engravidar e o homem pode não querer assumir, daí a importância de se fazer o sexo apenas após o casamento. Vale a pena destacar que os dois adolescentes que foram reticentes ao quererem se casar, justamente foram os mesmos a apresentarem em seus depoimentos a nuance da perpetuidade matrimonial. Existe também fortemente demarcado, tanto no discurso dos adolescentes como de seus próprios pais, um dispositivo de aliança calcado na formação profissional e/ou trabalho, sendo que para muitos destes é relevante que o parceiro também trabalhe. Pode-se inferir que exista um tipo de dispositivo de Aliança, o qual será nomeado neste estudo como: O Dispositivo de Aliança dos Poderosos (DAP). Este, caracteriza-se como sendo o meio pelo qual os pais fazem de tudo para que seus filhos possam pertencer ao rol dos bem sucedidos, e para alcançarem este objetivo é preciso que estudem e sejam inseridos no mercado de trabalho, daí a necessidade de serem estimulados às atividades extra-curriculares a fim de enriquecerem seu mundo social e econômico, aperfeiçoando assim um processo de vigilância/controle das atividades destes a fim de atingir a meta, a qual é tirar seu filho do meio da pobreza. Para ilustrar o exposto acima vejamos o depoimento de Margarida, mãe de Vermelho que quando questionada sobre o futuro do filho fala: “[...] _Quero que meu filho Vermelho estude, que ele faça cursos, seja de maior, tenha um curso profissionalizante [...]”. e ela ainda acrescenta: “[...] Aqui no Brasil eles preferem que as crianças fiquem analfabetas, façam trabalho escravo pra depois não competirem com os filhos deles (...)”. O pai de Vermelho também concorda com o pensar da companheira. Ou Rosa, mãe de Azul, que diz: “[...] quando ele estiver pronto pra ele casar, primeiro ele tem que estudar, [...] tem que ser alguém na vida dele [...] termine o primeiro grau, faça o ensino médio, faça um curso, estude pra ser alguma coisa na vida dele... lá quando ele trabalhar e se sustentar e que ele encontrar uma moça que também seja prendada, que saiba fazer as coisas, que saiba lavar uma roupa, que saiba passar, que saiba cozinhar...”. Ainda, Crisântemo, a mãe de Cinza, que corrobora no mesmo sentido: “ [...] queria que ele fizesse é estudar, se formar, pra mostrar pro pai dele que negro também é gente [...]”. O discurso se repete para as filhas também, como Açucena e Girassol, pais de Preto (♀) e de Verde (♂) que afirmaram costumar dizer a seus filhos: “_... minha filha termina teus estudos [...] “. E referindo-se ao filho Verde também afirmaram: “[...] ele é homem, tem que estudar, se formar, arranjar um bom emprego pra depois pensar em se casar... (risos).”. Açucena também diz : “_ [...] que eles arranjem pessoas de bem, não interessa se é rico, se é pobre, se é preto, se é branco [...] eu desejo e espero que sejam pessoas de bem [...] trabalhadora, honesta, esse é o perfil que eu quero de genro e nora pros meus filhos. [...] que tenham um trabalho, ganhe seu dinheiro honestamente, não tenha passagem pela policia [...] ta ótimo... “. Aqui, percebe-se este dispositivo presente explicitamente no discurso de 10 (75%) dos pais e ele está implícito nos 9

outros 3 (25%.) Para este dispositivo emergiram como alicerces fundamentais os valores moral (influenciado pela Igreja, caráter do indivíduo) e de emancipação, compreendendo-se educação e trabalho, em busca da autonomia e independência profissional e financeira. O DAP é evidenciado quando a maioria dos pais entrevistados afirmam que eles querem dar a seus filhos uma educação que lhes permitirá a entrada no rol dos poderosos. Aqui, a escolha do marido ou esposa não é importante uma vez que os pais têm a certeza de que se seus filhos forem bem educados, eles saberão escolher seus futuros parceiros também bem educados, fazendo com que eles não baixem na escala social. Esses pais têm uma visão clara da aliança dos poderosos. O melhor exemplo é o dos pais de Vermelho(♂), Cravo e Margarida, como já foi citado acima, que seria um desejo dos políticos perpetuarem o status quo no qual os poderosos conservam intacto o dispositivo e fazem tudo para que apenas seus filhos tenham boa educação e assim façam parte do dispositivo de aliança dos poderosos.

OS DISPOSITIVOS DE SEXUALIDADE E DE ALIANÇA E A CONQUISTA DA CIDADANIA PELOS JOVENS MORANDO EM SITUAÇÃO DE POBREZA Os resultados dos jovens e pais vivendo em situação de pobreza aqui entrevistados mostram, sem nenhuma ambigüidade, que existe um desejo muito grande de viverem com saúde, boa alimentação e lazer, em suma, com a possibilidade de experienciarem uma cidadania plena, tal qual proclamada pela sociedade brasileira, sem a necessidade de terem sempre que lutar a fim de poderem viver além da sobrevivência, a qual eles parecem estar condenados. No Brasil, o acesso a uma cidadania plena parece extremamente difícil às classes populares cujos filhos e filhas devem obter ensino fundamental e médio de menor qualidade do que as classes favorecidas, consideradas poderosas, que podem ter acesso com seus investimentos financeiros a uma formação que permitirá aproveitar de todos os direitos considerados nesta sociedade como privilégios de “alguns que os merecem” e não como direitos universais. E essas classes populares devem conseguir educação suficiente com poucos recursos sociais e culturais: os sujeitos nesta pesquisa fazem de tudo a fim de obterem melhores recursos e tirarem proveito de um programa público de saúde para, como foi bem destacado nos resultados, que esses jovens possam pertencer ao rol dos bem sucedidos. Estes resultados parecem diferentes de outras sociedades. Assim, LAREAU (2007) apresenta resultados de uma pesquisa etnográfica efetuada nos EUA em que os pais de classe média, tanto brancos quanto negros, participam de um crescimento orquestrado (concerted cultivation) ao tentarem cultivar os talentos dos filhos através de atividades de lazer organizadas e intensa racionalização. A classe trabalhadora e os pais pobres promovem um crescimento natural (natural growth), oferecendo condições para que os filhos possam crescer, mas deixando as atividades de lazer à escolha das próprias crianças. Estes dados situam-se na contra mão dos resultados desta pesquisa que foi limitada aos jovens participando de atividades extracurriculares. Mas, os resultados aqui apresentados concordam com outros resultados brasileiros que não falam dessa distinção entre as culturas de crescimento orquestrado e de crescimento natural. Concordam particularmente com a pesquisa de OZELLA & DE AGUIAR (2008, paginas 119-120), segundo qual para os adolescentes de classe C, sexo masculino, predominantemente brancos e orientais, “o trabalho é uma categoria presente.

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O estudo será o caminho para poderem “se inserir no mercado de trabalho, para ter um futuro” (destaque dos autores). Para as classes D e E, sexo masculino, principalmente negros, “o estudo também é o caminho para a possibilidade de trabalho e de um “futuro melhor”. No entanto, um aspecto que só aparece neste grupo é que, para esses adolescentes, o “bom comportamento” favorece as condições de estudo. Presenciamos uma avaliação bastante moral por parte dos adolescentes: “Eu sempre procurei ser um bom moço, andar direito, estudar... é por isso que meus pais se orgulham de mim, se Deus quiser serei um homem certo e ajuizado na vida, e assim conseguirei um bom futuro”; “tem muitos perigos, os passadores, os policiais, o tráfico”. Tais declarações evidenciam as dificuldades enfrentadas por esses adolescentes, que, sem dúvida, convivem com situações de risco em seu cotidiano. No entanto, mais do que uma análise das condições sociais adversas, falam de um esforço pessoal para seguirem o “bom caminho”, talvez assumindo, mesmo que não explicitamente, a estigmatização da pobreza, da violência, do uso de drogas, geralmente atribuída às populações mais carentes social e economicamente.” Ora, estes resultados para as classes D e E, as menos privilegiadas do Brasil, de uma pesquisa realizada em São Paulo concordam completamente com os da pesquisa em Belém, que mostra que emergiram como alicerces fundamentais os valores morais e emancipatórios necessários para conseguir boa educação e finalmente bom trabalho para se estabelecerem na Aliança dos Poderosos. E temos que afirmar que esta pesquisa sofre do mesmo limite que a de OZELLA & DE AGUIAR (op.cit, pagina 101) porque uma grande parte dos jovens negros e de classe social mais carente tem sido excluída das escolas após o ensino fundamental. Então são excluídos desta pesquisa como da pesquisa aqui apresentada. Podemos acreditar que eles não conseguiram superar as condições adversas. Talvez, a presente pesquisa apresenta jovens negros ainda mais em busca ativa de cidadania através das atividades extracuriculares porque todos deles participaram, tenda em vista que foi a única maneira de encontrar sujeitos de pesquisa neste período do ano em Belém.

CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados desta pesquisa mostram, através dos conceitos de dispositivos de sexualidade e de aliança propostos por Michel Foucault, utilizados aqui pela primeira vez conhecida nos moldes de uma pesquisa empírica (SOARES & PERREAULT, 2013), que o sistema social brasileiro dificulta muito a cidadania para a maioria dos seus jovens: educação e saúde, proclamados como direitos de todos e dever do Estado na constituição de 1988, como ainda nos dias atuais, não são de fato bens públicos, mas ao contrario, bens privados que constituem os direitos de uma minoria que pode pagar por eles. A maioria tem que lutar contra recursos insuficientes, violência institucionalizada e discursos estigmatizantes para conseguir ter acesso aos direitos que definem neste mundo de hoje uma plena cidadania. Infelizmente, para a maioria dos brasileiros o dever do Estado apresenta-se como uma garantia apenas para os poucos privilegiados. Isso é tão intenso, há tanto tempo, que acaba sendo naturalizado. Ou seja, parece tanto “normal” quanto então “natural” nos discursos e debates brasileiros. Mas isso pode ser percebido como intencional por pessoas que têm que lutar cada momento para superar estes obstáculos, como tão bem expressou Margarida, mãe de Vermelho que, como já vimos anteriormente, quando questionada sobre futuro do filho afirma: “[...] Aqui no Brasil eles preferem que as crianças fiquem analfabetas, façam trabalho escravo pra depois não competirem 1 11

com os filhos deles [...]”.

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