Kardec educador. Textos pedagógicos de Hippolyte Léon Denizard Rivail - fragmentos

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Kardec Educador Textos Pedagógicos de Hippolyte Léon Denizard Rivail

Editora Comenius Av. Marcus Vinicius Valle, 640 12916-420 - Bragança Paulista - SP Tel. (11) 4032 8515 E-mail: [email protected] www.editoracomenius.com.br www.editoracomenius.com

Tradução do original em língua francesa Capa e Projeto gráfico: Lili Lungarezi 1ª Edição - julho de 2005 2ª Edicação - fevereiro de 2012

RIVAIL, H.L.D., 1804-1869, INCONTRI, Dora, GRZYBOWSKI, Przemysław. Kardec Educador/Textos Pedagógicos de HippolyteLéon Denizard Rivail/tradução, apresentação, organização e notas de Dora Incontri e Przemysław Grzybowski/Bragança Paulista, SP. Editora Comenius, 2005. 148 p. 1.História da Educação 2. Educação moral I. Título ISBN 85-98472-04-2

CDD - 370.1

Kardec Educador Textos Pedagógicos Hippolyte Léon Denizard Rivail

Dora Incontri Przemysław Grzybowski Tradução, apresentação, organização e notas

Sumário Encontro com Rivail…………………....……........9 (Dora Incontri e Alessandro Cesar Bigheto)

Rivail, o educador………………………….......…25 (Przemysław Grzybowski) Plano Proposto para a Melhoria da Educação Pública……….….......….57 Discurso procunciado na Distribuição de Prêmios………………..........…105 Projeto de Reforma de Exames e de Educandários para Moças…………....……121 Proposta tratando da aceitação de obras clássicas pela Universidade em relação ao Novo Projeto de Lei de Ensino….……....…137 Bibliografia……………………………...............141

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Encontro com Rivail Manuseio os séculos E solto os gênios benévolos Engarrafados nas letras. E eis-te aqui. Volita nas páginas A tua serenidade. Tua palavra certeira Adianta-se no tempo E nos alcança ainda, Para traçar roteiros. Dora Incontri

É inegável que o Espiritismo se tornou uma força sociocultural de grande representatividade no Brasil e está lentamente se projetando mundo afora. No ano de 2004, o bicentenário de nascimento de Allan Kardec, inúmeras comemorações, livros, programas, encontros mostraram a importância deste nome na cultura brasileira. E, para entender melhor esse fenômeno, tanto espíritas, quanto não-espíritas, devem procurar suas raízes históricas. O próprio Kardec indicava a necessidade de se historicizar o Espiritismo. Ora, nada mais apropriado para isso do que conhecermos mais profundamente aquele que semeou as suas bases. A historicização do Espiritismo passa necessariamente pela Educação, já que Kardec, assinando-se ainda como Rivail, havia sido durante 30 anos emérito educador na França. Aliás, a própria compreensão da doutrina espírita passa por uma compreensão pedagógica. Apesar de, no Brasil, no caldo cultural católico-jesuítico, o espiritismo ter assumido muito mais o aspecto religioso, Kardec vinha de uma tradição filosofico-pedagógica e não compreendia a doutrina espírita como mais uma religião, no sentido tradicional da palavra. Como nova forma de religiosidade, sim. Mas acima de tudo, seu ideário era o da educação. Discípulo de Pestalozzi, que por sua vez recebeu a influência de Rousseau – todos herdeiros de Comenius (o pai da escola moderna) e mais longinquamente inserido da tradição socrático-platônica, Rivail movia-se, com sua linguagem didática e precisa, entre as propostas dos grandes educadores. Para compreender a intermediação entre essas influências e o Espiritismo, é preciso conhecer o período pedagógico de Rivail. Nessa fase, observamos traços marcantes da sua personalidade: sua segurança já aos 24 anos, a serenidade e a precisão de estilo, o idealismo juvenil de se dedicar à causa da Educação com devotamento total, seu espírito científico, sua concepção de vida, que poderíamos talvez rotular como de um livre-pensador, com profundos sentimentos religiosos. Suas propostas pedagógicas ainda juvenis vão encontrar acabamento e consistência na maturidade espírita. Em vários trechos, prenuncia-se a Pedagogia Espírita, cuja sistematização pertence à nossa época. Kardec não chegou a elaborar

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uma teoria com métodos e objetivos de uma educação espírita, mas transfere da sua pedagogia uma forte conotação educacional ao espiritismo. Na cosmovisão espírita, todos os seres humanos são essencialmente iguais, todos são perfectíveis, chegarão à realização completa de suas potencialidades, através das vidas sucessivas e construirão um mundo mais justo, igualitário e fraterno. A ideia da reencarnação enfatiza a autonomia humana, no processo permanente de evolução – leia-se auto-educação – e a responsabilidade individual ante o progresso coletivo. Portanto, o espiritismo LAPLANTINE, François & AUenfatiza muito a capacidade do ser humano de BRÉE, Marion. La table, le se educar integralmente e confia plenamente livre et les Esprits Paris, Ed. Lattès, 1990, p. 79. em suas ações e possibilidades. Assim, “a educação está no centro do espiritismo”. Não temos, entretanto, nessa obra apenas uma curiosidade histórica, para deleite dos amantes da pesquisa. À parte algumas poucas polêmicas ultrapassadas pelo progresso (como o caso do ensino do latim, contra o qual Rivail se põe), esses textos pedagógicos palpitam de atualidades. A ênfase na Educação moral, por exemplo, vem de encontro às nossas perplexidades contemporâneas. À questão de como educar moralmente, Rivail responde, nos passos de Pestalozzi, que se trata de cercar a criança de impressões positivas que desencadeiem ações no bem. Não se trata assim, como se pretende hoje, de impor limites de fora, mas de despertar a consciência. Quando se refere ao desprezo ligado à profissão de educador; quando reclama da monotonia dos estudos e quer torná-los mais vivos, interessantes e integrados à experiência concreta; quando demonstra sua preocupação com a vocação do educador; quando concita a escola a incentivar o gosto de aprender e não a entupir a memória de dados inúteis – parece todo o tempo estar se dirigindo ao leitor de hoje. Isso se dá, como veremos, porque Rivail fazia parte do grupo de educadores, cuja liderança pertenceu a Pestalozzi, que propunha reformas radicais no sistema de ensino – reformas que ainda são buscadas e foram apenas parcialmente implantadas nos últimos 200 anos.

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Rivail e seu contexto histórico Nesse período, a França ainda não havia melhorado seu sistema de educação pública. A chamada fase da Restauração, que foi de 1815 a 1830, caracterizou-se por uma pequena subvenção do Estado às escolas estaduais primárias. Autorizou a volta do ensino das ordens religiosas, que a Revolução tinha afastado. Mesmo anteriormente, Napoleão não havia se preocupado com a educação popular e pública, que deixou nas mãos das ordens religiosas. Pestalozzi, que tentou manter um diálogo com ele, não obteve nenhuma atenção sua. Rivail critica essa desvalorização: “Desejaria vê-la elevada ao nível que me parece dever ocupar na sociedade (...) porque sinto que isso é necessário ao progresso da educação, cuja influência sobre a felicidade dos homens seria assegurada...”.. Põe-se assim na defesa do sistema público e popular de educação. Diz mais adiante: “É preciso falar para a massa e não para os indivíduos que são de alguma forma uma exceção. Eis por que me detive mais no que concerne à educação pública do que à particular...” Somente dois anos mais tarde, depois deste primeiro texto de Rivail, a partir de 1830, a situação da educação pública francesa se modificaria. Com Guizot, novas propostas ganham impulso, tendo suas reformas sido inspiradas pelo filósofo Victor Cousin. As ideias desse filósofo eclético influenciaram a educação francesa e deixaram fortes marcas. Começam a ocorrer mudanças no plano das concepções educacionais, pois cresce cada vez mais o interesse pela educação, da parte da burguesia que buscava se tornar hegemônica também nesse campo. Entender e delinear um novo papel para a educação era fundamental. Embora ainda com ares conservadores, as reformas de Guizot dedicam grande atenção à educação pública. Lança uma lei que obriga os municípios a manter escolas primárias, melhora as condições de trabalho dos professores, amplia o alcance dos colégios secundários, organiza escolas normais, cria os inspetores primários e funda o primeiro periódico pedagógico da Europa:

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O manual geral de instrução primária. Os liceus também se desenvolveram, assim como o ensino superior, ambos a partir das ideias de Cousin. Houve uma reorganização da Escola Normal Superior, encarregada de formar professores, da qual Cousin foi diretor. Mas, a princípio, a obrigatoriedade fica de fora dessas reformas, aparecendo somente mais tarde, em 1873. As mudanças não incorporam a gratuidade total do ensino e não admitem o elemento laico na educação; no primeiro caso acredita-se ser um sonho impraticável, o Estado deve dar instrução apenas àqueles que não possam pagar; no segundo caso, considera-se a ação da Igreja importante na instrução do povo. Com suas reformas no domínio da educação, Guizot não aponta quase nenhum processo de mudança em termos pedagógicos; preocupa-se quase que exclusivamente com os aspectos políticos. De um modo geral, as ideias desenvolvidas por Rivail estavam na linha pestalozziana, propondo inovações pedagógicas que iam além das modificações políticas, legislativas e administrativas. Sem dúvida, engajava-se em modificações de caráter político. Mas tratou também de promover e desenvolver mudanças pedagógicas e didáticas. Defendeu a ideia de uma educação integral, com o desenvolvimento simultâneo dos aspectos morais, intelectuais e físicos. Posicionou-se a favor da educação ativa, do respeito às fases do desenvolvimento da criança, da valorização da infância, da formação de professores. Sendo assim, a voz de Rivail parece estar mais de acordo com as novas vozes pedagógicas que ganhavam eco na França, ligadas ao ideário iluminista da Revolução Francesa, do que ao momento em que escreve, em que ainda imperava a velha mentalidade da fase da Restauração. A respeito dessas vozes, informa Cambi: “Com Comte foi se elaborando uma pedagogia positivista, laica, racionalista, científica, que exige uma profunda reforma da escola e a elaboração de novos modelos formativos de modo a tornar a formação adequada ao desenvolvimento da sociedade industrial. Com Fourier e Proudhon, foi se elaborando um socialismo utópico que é uma das vozes mais radicais de inovação também educativa do século XIX europeu, que reclama uma voz utópica para a pedagogia

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CAMBI, Franco. História e um papel central para instauração da ‘sociedade da Pedagogia. São Paulo, liberada, caracterizada por um forte espírito comuUnesp, 1999, p.439. nitário ”

CAMBI, 432.

É também nas primeiras décadas do século XIX, que se iniciaram os debates sobre a pedagogia como ciência, impulsionados por Herbart, que foi um dos primeiros a se empenhar para dar cientificidade aos estudos pedagógicos. Na mesma época, Rivail enfatiza a necessidade da criação de uma ciência específica para dar suporte à função do educador: “A educação, dizemos, é uma ciência particular que deve ser estudada. O meio de se atingir isso pois, seria criar uma escola teórica e prática de pedagogia, como há escolas de direito e de medicina.” E assim como Herbart, entende que a pedagogia deve ocupar um lugar específico e eminente entre as várias ciências. Mas, em certos aspectos, seu pensamento contrasta fortemente com o do pensador alemão. Cambi afirma que, para este, a educação não deve passar à mão do Estado, devendo sim permanecer sob responsabilidade da família, o que demonstra um claro conservadorismo. Já Rivail via a educação, associada à criação de instituições de ensino superior gratuitas, sustentadas pelo Estado, para que os jovens pudessem se dedicar à função de educar. Segundo o educador francês: “Em alguns anos, a educação faria mais progresso do que fez num século. Seria uma instituição digna de nossa época de um governo esclarecido, que conquistaria a glória de ter sido o primeiro, de alguma forma, a criar uma nova ciência...” E ainda idealizou a criação de uma escola de aplicação gratuita, feita no mesmo local da escola pedagógica, onde os alunos pudessem exercitar a sua aprendizagem: “Formar-se-ia para isso, no mesmo local da escola pedagógica, um vasto estabelecimento gratuito, onde alunos-educadores colocassem em prática as lições que houvessem recebido sobre a arte de educar os homens.” A formulação sistemática dessa ideia de unir teoria e prática, ciência e arte feita por Rivail pode ser encontrada na proposta pedagógica de Herbart. Diz Cambi: “A cientificidade pedagógica – de Herbart – é uma cientificidaFranco. Op. Cit., p. de filosófica que conjuga teoria e prática, “ci-

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ência” e “arte”(...)” Tanto assim que Herbart, ocupando o cargo de Kant em Königsberg, criou para os estudantes de pedagogia um seminário teórico-prático que não obteve muito sucesso. As semelhanças entre Herbart e Rivail devem-se ao fato de ambos terem Pestalozzi como principal influência. Mas no método didático-pedagógico, Rivail permanece mais fiel ao mestre, pois Herbart envereda pelo caminho de um mecanicismo, que Pestalozzi não aprovaria. Antes da insistência de Cousin em mostrar a necessidade de preparar devidamente o magistério, para que os mestres atuassem melhor nas escolas e da reorganização da Escola Normal Superior, destinada a formar professores, realizada por Guizot, sob inspiração do primeiro, Rivail, com anos de antecedência, alerta para essa urgência. Entretanto, em sua proposta, essas modificações ganham feições diferentes: “A distinção que estabeleço, entre a função de simples professor e a de educador, deixa naturalmente entrever a diferença que existiria entre a antiga Escola Normal e a escola pedagógica, que proponho estabelecer. Na primeira, não se preocupava senão em formar professores hábeis; a segunda abarca um campo muito mais vasto, e os estudos de que depende são, como se viu, infinitamente mais extensos e de fatos novos. Ela teria por meta formar educadores, não somente capazes de ensinar, mais ao mesmo tempo de desenvolver o homem em todos os sentidos. Aprofundar-se-ia aí a arte da pedagogia em todos os seus detalhes e, pela aplicação imediata que se faria, ficaríamos seguros de confiar a juventude apenas a homens de uma habilidade reconhecida, vantagem enorme, que não se encontra em nenhum outro país.”

Em 1848, com a Revolução e o advento da República, o sentimento da Revolução Francesa volta à tona. O ministro Carnot apresenta ao Parlamento um projeto educacional que continha as ideias de uma educação primária, laica, gratuita e obrigatória. E ainda propõe que a educação atenda à necessidade de se formar um cidadão para a dignidade e não apenas com noções de gramática e leitura. Mas seu projeto não é aprovado. Não tardará a se manifestarem as diferenças entre os ideais de Rivail e as leis francesas. Diz Luzuriaga: “Com a reação subsequente ao movimento revolucionário de 1848 e a eleição de Luís Napoleão para presidente da República, a atmosfera mudou totalmente em matéria pedagógica e deu lugar

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LUZURIAGA, Lorenzo. História da Educação Pública. São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1959, p. 67.

a outro projeto, que chegou a converter-se em lei em 1850. Foi resultado de uma campanha empreendida pelos elementos católicos reacionários, adversários do laicismo e dos progressos sociais, por temor ao predomínio do Socialismo.”

Com o fracasso da Revolução de 1848, pela pressão do movimento reacionário, surge a lei de 1850, denominada Falloux. Fundamentava-se, claramente, em concepções autoritárias e confessionais da educação e favoreceu o ensino privado em detrimento do público. As escolas deixam de ser gratuitas e os professores públicos perdem suas garantias, passadas aos professores das escolas particulares religiosas. Assim a defesa de Rivail da escola pública, laica e gratuita, seus ideais pedagógicos e didáticos inovadores, não combinavam com as mudanças da lei Falloux, o que deve ter sido motivo determinante para fazê-lo abandonar a educação.

O espíritas e a educação Depois da morte de Kardec (1869), o movimento espírita que o sucedeu, dele herdou a mesma atitude de defesa da educação laica, obrigatória e gratuita. Retomando as discussões em prol da escola gratuita, esses espíritas exerceram uma forte influência nos debates feitos nessa matéria, marcando a presença do movimento espírita sobre as disputas e debates educacionais do período, mantendo a tradição de Rivail. Pois, somente após 1870, com a derrota da França para a Prússia, que a educação novamente ganha espaço privilegiado no cenário francês. Entre os importantes acontecimentos do período, realizam-se uma série de reformas educacionais, as mais importantes feitas pelo ministro Jules Ferry, que, com suas leis de 1882, reorganiza o ensino, estabelecendo a escola primária leiga, gratuita e obrigatória. É um pesquisador francês que nos informa a influência dos espíritas em todo esse processo: “A Liga parisiense de Ensino foi fundada por seis militantes laicos: Jean Macé, Camille Flamarion, Emmanuel Vauchez, Alexandre Delanne, Pierre-Gaëtan Leymarie e André Vautier. Ora, fora Jean Macé, todos são espíritas, e a própria associação tem sua sede no

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domicílio de Leymarie, sucessor de Kardec (...). Assim, os pioneiros do que vai se tornar em 1881 a Liga Francesa de Ensino, são em sua maioria espíritas, que com a sua própria doutrina, LAPLANTINE, François e AUlutam pela instrução gratuita, laica e obrigatória.” BRÉE, Marion. Op.Cit., p.75.

Rivail inaugurou assim uma linha de procedimento que os adeptos do espiritismo seguiriam depois, que aliás descende diretamente de Comenius e Pestalozzi. Poderíamos resumir essa proposta no seguinte: trata-se de defender a escola pública como um cenário possível para a realização de uma educação que lide com todas as dimensões humanas – e não apenas a cognitiva. Um cenário de experimentação e de formação. Mesmo pública, a educação não poderia ser apenas instrução. Deveria ser educação dos sentimentos, do intelecto e da ação (como queria Pestalozzi, educação do coração, da cabeça e das mãos). Os professores deveriam ser altamente preparados e conscientes de sua missão social e humana. Como a idealizava Comenius: “Toda escola pública deve se tornar: 1) uma casa pública de saúde, onde os alunos aprenderão a viver em boa saúde; 2) um parque público, onde treinarão sua agilidade e vigor, que será útil para a toda a vida; 3) a casa das luzes, onde suas mentes se iluminarão com a luz do conhecimento; 4) a casa da oratória, onde todos aprenderão o uso da linguagem e das palavras; 5) um lugar de trabalho, onde ninguém viverá (e nem depois na vida) como os grilos do campo, desperdiçando o tempo em cantilenas, mas como formigas sempre operosas; 6) uma oficina da virtude, em que todos os membros da escola aprenderão as virtudes mais refinadas; 7) a imagem da vida civil, onde todos aprenderão a serem governados e a governar por sua vez, como num Estado em miniatura, e assim aprendendo desde a infância a governar as coisas, a si mesmos e aos outros; 8) e finalmente uma representação de Igreja, onde (...) aprenderão a sabedoria sobre Deus e a reverência pelo divino. Assim, deverão diariamente (...) ser ensinados na fé e iniciados em diferentes doutrinas religiosas. E afinal, devo mencionar os exercícios, pois em todas as escolas públicas, tudo deve estar COMENIUS, Johann Amos. Pampædia.Heidelberg, Quelvivo por exemplos e práticas, pois é o caminho mais le & Meyer, 1965, p. 125. curto e eficiente para a aprendizagem.”

Como se vê, para Comenius, todos os aspectos do homem deveriam ser trabalhados na educação pública, inclusive o religioso (de forma ecumênica) e o político (de forma participativa), com métodos sempre ativos.

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Foi exatamente nesse parâmetro de raciocínio, que nasceu a escola laica, obrigatória e gratuita. A laicidade era uma forma de oposição ao predomínio católico na educação, mas não significava desprezo pela dimensão moral e espiritual do ser humano. Pestalozzi, por exemplo, realizava no Instituto de Yverdon uma educação pluralista (completamente inédita na época), mas sem perda desses aspectos. Essa herança de Rivail e dos personagens importantes do movimento espírita do final do século XIX está presente nas diversas experiências educacionais espíritas brasileiras. Ao longo do século XX, iniciando-se na primeira década, com o marco histórico da fundação do primeiro colégio espírita do Brasil – Colégio Allan Kardec – pelo educador mineiro Eurípedes Barsanulfo (1880-1918) e alcançando a dobra do século XXI, diversas propostas foram teorizadas e postas em prática, envolvendo a relação entre educação e espiritismo. Antes é preciso considerar que existem claramente duas tendências no movimento espírita brasileiro: a mais popular, que se tornou massa crítica nas últimas décadas, praticada na maior parte dos centros espíritas e nas obras sociais que levam o rótulo de espírita, tem um perfil politicamente conservador e socialmente assistencialista. Realizando quase um sincretismo com a herança católica, essa tendência é criticada pela outra face do espiritismo brasileiro, representada entre outros pelo jornalista e filósofo J. Herculano Pires: “O católico, o protestante, o espírita se equivalem neste sentido, todos buscam o caminho do espírito para soluções de questões imediatistas ou para garantirem a si mesmos uma situação melhor depois da morte. A maioria absoluta dos espiritualistas está sempre disposta a investir (esse é o termo exato) em obras PIRES, Herculano. Editorial. (in: Jornal “Mensagem”. São assistenciais, mas revela o maior desinteresse pelas Paulo, I (4): setembro/1975) obras culturais. Apegam-se os religiosos de todos os matizes à tábua da salvação da caridade material...”

A outra tendência está mais enraizada na tradição francesa, aquela mesma do século de Kardec, em que espíritas militavam socialmente, em sintonia com as doutrinas mais progressistas da época. É nessa vertente que se inserem os

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educadores que se empenharam por propostas alternativas de educação. É claro que a dialética não nos aconselha a enxergar os fatos de forma maniqueísta e as contradições fazem parte da natureza das coisas. Os assistencialistas também praticam educação. Às vezes não exatamente da maneira como gostariam os que estão mais à esquerda do movimento. Mas, às vezes, também se inspirando propriamente nestes. E estes, por outro lado, nem sempre conseguiram levar à práxis aquilo que idealizaram. Rastreemos rapidamente algumas posições dos que se põe na vanguarda. Diante do conflito escola privada versus escola pública, os espíritas (e aí se incluem todos) têm adotado duas posturas predominantes: lutam sempre que possível e necessário pela escola pública e fundam escolas próprias, mas em geral gratuitas, ou pelo menos, majoritariamente gratuitas. Raras escolas destas são confessionais, no sentido tradicional do termo, com aulas obrigatórias de espiritismo. A tendência mais forte, mesmo entre os conservadores, é assumir uma posição de respeito à pluralidade religiosa. A pluralidade étnica e a integração da mulher também se inserem neste contexto. Um exemplo dessa postura está em Anália Franco (18531919), espírita, feminista, abolicionista e republicana. Tendo fundado mais de 100 lares para abrigar crianças carentes, dando abrigo, educação e profissionalização aos alunos e às suas mães (muitas delas, mães solteiras, que só teriam naquele contexto a alternativa da prostituição), Anália foi elogiada por seu pluralismo, pelo senador Paulo Egídio, em 1903: “Em um espaço inferior a um ano, esta senhora MONTEIRO, Eduardo Carvae a Associação que ela dirige fundaram no Estado lho. Anália Franco - A grande e na capital e n’algumas cidades do interior 25 es- dama da educação brasileira. São Paulo, Editora Eldocolas e há 4 meses mais ou menos, essas 25 escolas rado Espírita, 1992. p. 80 tinham uma população escolar de 1000 crianças de ambos os sexos, de todas as origens e procedências. Ali estão juntos o turco, o judeu, o maometano, o católico, o cristão e o calvinista.”

Anália representa também outras características do engajamento educacional espírita: logo após a lei de ventre livre, dedica-se a educar as crianças negras, que eram marginalizadas nas fazendas; depois, com grande escândalo social, promove

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a inserção das mulheres no mercado de trabalho, pregando a autonomia feminina, entre as mulheres que eram consideradas caídas, pelas rígidas convenções do período. Seu contemporâneo, Eurípedes Barsanulfo, em pleno coração da católica e conservadora província de Minas Gerais, ao fundar seu Colégio Allan Kardec, também demonstra tais princípios, fazendo classes mistas e incluindo negros entre os professores e os alunos. Outro exemplo é o do professor curitibano Ney Lobo (1919-) que, embora diretor de uma instituição mantida na época (décadas de 60 e 70) pela Federação Espírita do Paraná, propôs um estudo de religiões comparadas entre os alunos, devendo cada qual expor as ideias de sua própria religião. No caso de Ney Lobo, já em outro contexto político, destaca-se o fato de que, sendo ele militar, em plena ditadura, realiza uma educação para a democracia, criando a cidade-mirim, em que as crianças elegiam seus prefeitos. Muitos espíritas adotaram assim a postura de lançar-se às obras educacionais, sem esperar a ajuda do Estado, mas sem abandonar o princípio da gratuidade. Arranjaram soluções alternativas para a sustentação de suas escolas: Anália teve o apoio da Maçonaria e fez um grupo de música e teatro ambulante, com os alunos e alunas mais velhos, rodando várias cidades, em busca de recursos. Eurípedes trabalhou com voluntariado. Tomás Novelino (1901-2000), discípulo de ambos, fundou uma fábrica de sapatos, em Franca (São Paulo), cuja renda era toda destinada à manutenção de três escolas da Fundação Pestalozzi. Conseguiu, com isso, relativa estabilidade financeira durante 50 anos, chegando a atender cerca de 2000 crianças, com escola e alimentação. Na década de 60, porém, quando se discutia no Brasil a problemática da escola pública, J. Herculano Pires (militante ardoroso da pedagogia espírita), retomando a tradição daqueles que fundaram a Liga de Ensino, na França, lidera uma campanha no meio espírita, apoiando a campanha nacional pela escola laica, gratuita e obrigatória. Alguns anos mais tarde, Herculano defenderia uma posição, aparentemente em contradição com essa militância:

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“...não podemos ter Educação sem Religião, o sonho da Educação Laica não passou de resposta aos grandes equívocos do passado (...). O laicismo foi apenas um elemento histórico, inegavelmente necessário, mas que agora tem de ser substituído por um novo elemento. E qual seria essa novidade? Não, certamente, o restabelecimento das formas arcaicas e anacrônicas do ensino religioso sectário nas escolas. Isso seria um retrocesso e portanto uma negação de todas as grandes conquistas (...). Reconhecendo que a Religião corresponde a uma exigência natural da condição humana e a uma exigência da consciência humana, e que pertence de maneira irrevogável ao campo do Conhecimento, devemos reconduzi-la à escola, mas desprovida da roupagem imprópria PIRES, J. Herculano. Pedagodo sectarismo. Temos de introduzir nos currículos gia Espírita. São Paulo, Ediescolares, em todos os graus de ensino, a discipli- cel, 1985, p.41. na Religião ao lado da Ciência e da Filosofia. Sua necessidade é inegável, pois sem atender aos reclamos do transcendente no homem não atingiremos os objetivos da paideia grega: a educação completa do ser para o desenvolvimento integral e harmonioso de todas as suas possibilidades.”

A contradição é apenas aparente. Num momento histórico em que se corria o risco de a escola recair novamente no domínio da confessionalidade majoritária, Herculano alinha-se entre os progressistas, em prol dos interesses da população brasileira, que não tivera acesso à educação, e em nome da liberdade de consciência, princípio máximo que o Espiritismo adota como linha de ação. Entretanto, quando propõe a pedagogia espírita como contribuição à mesma educação brasileira, alerta para a necessidade de recuperarmos a dimensão espiritual no homem num projeto pedagógico que possa realizá-lo integralmente. A sua atitude anterior de luta contra a imposição confessional revela que a atitude posterior de tomar a religiosidade de um ponto de vista mais amplo não tem uma intenção encoberta de homogeneizar a fé. O processo de recuperar a dimensão espiritual do homem para a educação deve ser preservado de qualquer dominação confessional, garantindo-se a liberdade de pensamento de professores e alunos. Assim, reencontra Herculano os pioneiros, a que se refere Laplantine. Exatamente nessa perspectiva começou o embrião da escola laica. Essa herança, como vimos, remonta a Rivail e a seu mestre Pestalozzi.

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Associação Brasileira de Pedagogia Espírita QUEM SOMOS? A Associação Brasileira de Pedagogia Espírita é uma entidade sem fins lucrativos, fundada em 2004, que trabalha por uma Educação de vanguarda, que inclua todas as dimensões do ser humano, inclusive a espiritual. Uma Educação que respeite a liberdade da criança, incentive seu pleno desenvolvimento e trabalhe por uma transformação social. O QUE É PEDAGOGIA ESPÍRITA? As ideias da Pedagogia Espírita remontam a Sócrates e a Platão e foram semeadas por vários educadores no transcorrer dos séculos, tais como Comenius, Rousseau, Pestalozzi, Montessori, Janusz Korczak e tantos outros. Teorias e práticas que valorizam o ser humano, e mais ainda, a criança, que promovem o seu desenvolvimento integral, que lidam com o conhecimento de forma inter- e transdisciplinar, que respeitam a liberdade do indivíduo e pregam o amor pedagógico… aparecem em vários desses grandes educadores ocidentais. Entretanto, a sua especificidade espírita, no sentido em que Kardec criou o termo, se define nos seguintes aspectos: • de uma espiritualidade universal, que aceita que todas as religiões são manifestações reais e podem conter verdades, sem exclusivismos e sectarismos;

• de uma espiritualidade crítica, que invoca os critérios da racionalidade e da ciência na sua formulação e vivência; • de uma concepção de ser humano (e portanto de criança) transcendente e reencarnante, que invoca evidências empíricas da imortalidade e da reencarnação. No Brasil, quase metade da população aceita a idéia da reencarnação e isto revela uma influência generalizada do espiritismo de Kardec em nossa cultura, portanto, temos uma representatividade social para gerar uma proposta pedagógica que leve em conta esse fator. Com tudo isso, a pedagogia espírita não pretende se impor a ninguém, nem criar separativismos, mas apenas se afirmar como uma idéia culturalmente enraizada, solidamente construída, como alternativa para um novo paradigma na educação. A primeira escola, que de fato se inspirou no espiritismo, foi o Colégio Allan Kardec, fundado por Eurípedes Barsanulfo em 1907. Escola de vanguarda para a época, ainda hoje suas propostas podem ser consideradas muito inovadoras, como abolição de notas e recompensas, aulas passeio, estudos interdisciplinares, forte relação afetiva entre educador e educando, incorporação da arte (no caso, o teatro e a poesia) na aula, educação integral e inserção da espiritualidade, de forma não-sectária. SAIBA MAIS SITE: www.pedagogiaespirita.org.br BLOG: http://pedagogiaespirita-abpe.org E-MAIL: [email protected]

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