Karl Marx e a Educação

August 22, 2017 | Autor: Marcos Spitzer | Categoria: Marxismo, Educação
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Karl Marx e a Educação

Para aqueles que conhecem o mínimo do pensamento do filósofo alemão Karl Heinrich Marx, se lembram dele como um pensador da revolução. Um pensamento que propõe o rompimento da classe trabalhadora com a classe dominante, dita burguesia, no sistema capitalista. Com a atenção mais voltada para a Educação, observa-se a importância que Marx dá a gratuidade do ensino, com necessidade desta estar desvinculada da religião. Ele entendia que o papel da escola deveria ser o de transformar intelectualmente, tecnicamente e fisicamente o aluno, entretanto esta não deveria interferir na atmosfera do afeto e da moral, que por sua vez deveria ser transmitida por outros indivíduos adultos. Marx não é propriamente um pensador da educação, seus estudos estão voltados às questões de cunho histórico social, dando a ele o título de filósofo mais importante de todos os tempos na Europa, segundo universidades inglesas no século atual.1 Sua teoria sustenta a ideia de que a Educação despertará o trabalhador de sua alienação – no sentido original da palavra, onde o indivíduo é afastado daquilo que ele produz – eliminando a lacuna que existe entre o aprendizado simples e teórico para o exercício de uma função técnica no sistema, partindo para um aprendizado que potencialize o ser humano como todo. Em suma, se os trabalhadores lutarem por um salário digno, por uma instrução intelectual e não simplesmente técnica, mas uma instrução politécnica, essa classe estaria preparada para assumir o comando de sua nação, através da luta armada. Uma observação faz-se necessária no que diz respeito ao segundo parágrafo deste capítulo, onde Marx influenciado por seu contexto histórico critica o papel da escola em interferir nas questões morais dos indivíduos, indo ao encontro do pensamento de Cortela citado em outro texto.

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Revista Nova Escola,Dez. de 2005.p.32

Já Paulo Freire não só defende outra postura como afirma ser impossível a não interferência nesse campo, uma vez que a educação não se dá de “A para B, ou A sobre B, mas de A com B”2, assim não só o educador vai interferir em questões de cunho moral no educando, como o educando interferirá nos conceitos morais do educador. Todavia para que esse conceito de educação tenha sucesso a primeira coisa a ser transformada é a consciência dos indivíduos envolvidos, ou seja, educar é uma questão social, onde apenas membros com mesmo interesse conseguirão resultados positivos, pois lutam “no mesmo time”. Mas, se oprimidos se unem em sua própria defesa o que será dos opressores? A educação deve ser usada como ferramenta de alistamento militar para a revolução marxista? Paulo Freire defendendo uma pedagogia humanista, diz que os opressores também precisam se libertar, mas sua postura confortável na sociedade e sua falsa generosidade alimentada por um sistema hipócrita, desumano e falho não permitiriam que isso acontecesse. Nesse componente Marx e Freire se completam, o opressor jamais libertará o oprimido. É o oprimido que precisa se libertar e libertar o opressor. É algo como estudar o racismo. O racista por mais absurdo que seja sua compreensão do assunto precisa de esclarecimento, a ignorância o transforma em racista e sua postura dominadora não o permite que reconheça seus erros. Mas, como disse Nelson Mandela, “para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar”. Essa é a ideia, mostrar a oprimidos e opressores a hipocrisia do sistema vigente, onde a esmola dada ao oprimido, nada mais é que a riqueza tomada pelo opressor em outra cena. A desumanidade se dá no fato de que as relações de “afeto” são na verdade relações econômicas entre as classes e são alimentadas pela morte,

2

Pedagogia do Oprimido.p97

pelo desalento e pela miséria3. Afetando não só a classe explorada, mas também os exploradores. Uma vez que a violência atinge toda a sociedade. É inegável que oprimidos sofrem infinitamente mais as mazelas dessas contradições. Contudo, numa visão macro histórica, observa-se a fragilidade e as falhas desse sistema. Que no momento de suas crises cíclicas atingem a todos, claro que em proporções diferentes.

Professor Marcos Spitzer [email protected]

3

Pedagogia do Oprimido.p.33.

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