Km0 - um programa sobre Música Underground

September 16, 2017 | Autor: Luis Rocha | Categoria: Portugal, Rock Music, Musica Portuguesa, Underground Music, História De Arte Em Portugal
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Da garagem para a televisão: música “underground” em Portugal através do programa da RTP2

LICENCIATURA EM ENSINO DA MÚSICA DISCIPLINA DE SEMINÁRIO.

LUÍS ANTÓNIO ROCHA NºMEC: 31749

Disciplina de Seminário

Orientador: Jorge Castro Ribeiro Quilometro Zero (KM0)

Índice: Introdução

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O programa Quilómetro Zero

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Programa #01 – Coimbra (26-07-2008) Programa #02 – Braga (02-08-2008) Programa #03 – Barcelos/Joane (09-08-2008) Programa #04 – Leiria (16-08-2008) Programa #05 – Lisboa 1 (23-08-2008) Programa #06 – Aveiro/Viseu (30-08-2008) Programa #07 – Tomar (06-09-2008) Programa #08 – Porto I (13-09-2008) Programa #09 – Lisboa II (20-09-2008) Programa #10 – Alentejo e Almada (27-09-2008) Programa #11 – Algarve (04-10-2008) Programa #12 – Porto II (11-10-2008) Programa #13 – Lisboa III (18-10-2008) Programa #14 – THE END (25-10-2008)

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Dados estatísticos

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Entrevistas às bandas

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Bandas com destaque nos Media

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Conclusões

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Bibliografia

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Anexos

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Anexo I – Entrevista a J.P. Simões

.......40

Anexo II – Ficha de análise:

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Anexo III – Lista de Influências e o número de bandas que as referenciou:

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Anexo IV – Lista do top 40 de influências:

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Anexo V – Entrevista às bandas:

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Anexo VI – J.P.Simões, nota

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Introdução: “A Popular Music é a chamada banda sonora das nossas vidas: podemos ouvila na televisão, nas rádios, nos nossos leitores de CD pessoais, nos nossos computadores”1 (Wall 2003,1). O Professor Tim Wall, especializado em “Estudos de Música Popular” valoriza a Popular Music de um ponto de vista sócio-cultural, dado que esta está enraizada na nossa vida, associada a tantas experiências e situações marcantes, ou por mero gosto pessoal. Quase todas as pessoas têm a sua música preferida, ou estilo preferido, ou associam uma música a uma pessoa próxima, ou a outros factores ou acontecimentos. A Popular Music está nas nossas casas, seja em que formato for. Qual de nós não tem um CD de Fado, música tradicional, gravações antigas da juventude, uma cassete perdida que já tocou horas a fio. E hoje em dia, nas camadas mais jovens, poucos são os que não têm uma play-list ou um leitor portátil, com inúmeros nomes e autores variados, com sons de todos os géneros ou personalizados, colmatando todas as necessidades e gostos. É esta importância e este valor, que a Popular Music assume no quotidiano, que me levou a escolher esta temática para desenvolver uma pesquisa original no âmbito da disciplina de Seminário. No decorrer da pesquisa preliminar, deparei-me com uma dura realidade, retratada por Pedro Nunes, doutorado pela Universidade de Stirling, no departamento de Filme e Media: “Se os investigadores de jornalismo musical relacionados com a Popular Music, constituem um corpo de trabalho pequeno e disperso, em Portugal a escassez é ainda maior e poucos foram os trabalhos realizados sobre jornalismo musical. Temos de ter em conta que a maioria da literatura disponível sobre Popular Music é sobre a sociedade, a cultura e o jornalismo Anglo-Saxónico.”2 (Nunes 2004,62)

1 Tradução 2 idem

do inglês da minha responsabilidade.

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Acrescenta ainda, que esta falta de estudos e referências bibliográficas sobre o jornalismo Musical e a Popular Music em Portugal, se devem a alguns factores: − visibilidade: não há estudos culturais ou sociológicos (estudos culturais ainda nem sequer são uma área de tradição nas universidades portuguesas) sobre Popular Music, sendo que a maioria da pesquisa académica está sobre a alçada da Etnomusicologia − tipo de mercado: mesmo considerando a existência de jornalismo musical, não há uma imprensa organizada só para a Popular Music, pelo menos, não com o mesmo significado e importância da imprensa de música britânica. − contexto nacional: Portugal, comparado com a Grã-Bretanha, assume uma posição muito inferior no mercado global. Tim Wall no seu livro Studying Popular Music Culture, propõe uma distinção importante na Popular Music: Mainstream Music e Underground Music, ou música marginalizada. A Mainstream Music engloba os nomes de sucesso, de referência, de valor para os Media e o mercado. São os grupos que marcam os top’s de vendas e que fazem mexer o mercado discográfico. A Underground Music é o oposto. Inclui-se neste grupo as bandas e músicos que (ainda) não são conhecidos ou que não trazem influência à indústria discográfica, e que muitos consideram amadoras, tanto pelo número reduzido de trabalhos editados, ou mesmo a ausência desses, ou simplesmente por não cativarem o público, pois também não chegam a ele. Contudo, esta vertente Underground não quer dizer que seja menos criativa ou que tenha menos qualidade, como explica Tim Wall, apenas não tem tanto acesso à visibilidade do público consumista que é alimentada a indústria musical e pelo marketing de vendas. “Dave Hacker registou que os discos mais vendidos nos finais dos anos 60 – período denominado como o período clássico do rock – foram bandas sonoras de filmes e teatro, como “The Sound of Music” (Hacker 1992). Nos anos 60, as músicas

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que se baseavam no formato do rock eram chamadas “the underground” para distinguir dos formatos musicais que dominavam as editoras, as vendas de discos, a rádio e a televisão.”3 (Wall, 2003, 12) Nos E.U.A., muitos dos estilos que conhecemos hoje como Mainstream, como o rock & roll, rock, punk e house, entre outros, surgiram do mundo Underground, tal como o jazz e o blues surgiram de uma minoria étnica, e levou muito tempo até que fossem reconhecidos pelos media e pelas massas. Quando finalmente foram reconhecidos, passaram a fazer parte da Mainstream, surgindo assim nova música Underground. Neste trabalho, pretende-se analisar este processo de passagem da Popular Music em Portugal, através de um programa televisivo que tem por objectivo principal encontrar e documentar bandas com inexistência de contractos e de visibilidade comercial relevante. Considero que é interessante e importante reflectir sobre este aglomerado de pessoas, que na sua garagem, quarto, ou espaço próprio, compõem e criam novas sonoridades, recriam e ressuscitam tendências, acrescentam uma panóplia de talento e emotividade ao panorama musical, a toda a Popular Music. É possível ainda ter uma visão geral das várias influências, constituição das bandas e ideais que cada banda tem, e que se reflecte nas suas música. Neste trabalho pretendo ainda criar uma base para o estudo deste nicho musical, um ponto de partida para futuros estudos, futuras analises, futuros programas. Quando ainda não sabia que tema escolher, já tinha uma ideia de que tipo de trabalho gostava de fazer. Os meus objectivos passavam por estudar a música enquanto factor social, e como desenvolvimento cultural de um grupo de indivíduos. E após ver um dos episódio do programa KM0 surgiram-me algumas questões: “Porque razão, bandas com tanta qualidade, para mim, não tinham mais sucesso?” e “Porque é que estas bandas não estavam no circuito da indústria musical e discográfica de Portugal?”. Quando me foi pedido para escolher o tema e definir uma problemática, escolhi analisar o impacto que a televisão tem na Popular Music, através da analise do programa, apresentado por J.P. Simões, Quilómetro Zero.

3 Tradução

do inglês da minha responsabilidade.

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Foi assim que surgiu o tema, e a proposta de análise ao programa KM0. Propus-me a cumprir os seguintes objectivos: -

Tentar definir Popular Music em Portugal

-

Analisar o fenómeno da música “underground” e o seu impacto, tanto sócio-económico como cultural.

Estava também prevista uma conferência com algumas pessoas ligadas à área da Industria Musical Portuguesa, à realização do programa, a bandas que tenham tido mais destaque depois de participarem no programa, mas que por incompatibilidade de agenda não foi possível marcar a conferência antes do final deste ano lectivo 08/09. A metodologia usada passa por uma análise do programa KM0, que consistem em: -

-

Recolha de dados sobre as bandas: 

B.I. da banda (nome, local, composição, elementos)



Língua usada



Processo de criação



Repertório



Influências musicais



Ferramentas de auto-promoção (MySpace)

Inquirir o maior número de bandas participantes a fim de determinar que alterações houve depois de participarem no programa KM0.

-

Compilar e interpretar os dados, para tirar elações sobre a importância da televisão para a música underground e para a Popular Music.

-

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Análise das “charts”4 nacionais 

Blitz



Ípsilon



Programas de Rádio



Cartazes dos principais eventos musicais do pais, festivais.



Outros tipos de comunicação social

Listas de melhores bandas, listas de vendas de discos, top’s de preferências.

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O programa Quilómetro Zero “E assim, tal como o Mundo, começamos! A equipa do Quilómetro Zero prepara-se para o tremendo desafio de sobreviver nas estradas, nos dilúvios urbanísticos e na sinalização errónea do nosso requintado país.” (J.P. Simões, KM0, #01) O programa Quilometro Zero (KM0), apresentado pelo músico J.P. Simões5, “surgiu de uma vontade antiga do produtor José Luís Rei de fazer um programa “on the road” sobre música portuguesa. Quilometro Zero seria o mote para encontrar jovens músicos talentosos em começo de carreira.” (J.P. Simões, Anexo I). O programa foi distribuído por 14 episódios de 25 minutos, foram seleccionadas 39 bandas de 23 localidade de norte a sul do país. Passaram pelas 130 horas de filmagem um total de 159 músicos. Este programa demorou um ano a gravar, Outubro de 2007 a Outubro de 2008, e foi exibido na Rtp2 entre o período de 26 de Julho de 2008 a 1 de Outubro de 2008. A selecção das bandas foi feita entre Outubro de 2007 e Fevereiro de 2008, “ouvimos 15 mil sites de música feita em Portugal. A restante pesquisa foi feita através de rádios locais e de boca a boca. Nenhuma outra ferramenta de pesquisa se mostrou tão abrangente e acessível quanto o MySpace.” (J.P. Simões, Anexo I) “Quilómetro Zero (KM0) é um programa televisivo sobre músicos portugueses não conhecidos do grande público e que não têm um contracto editorial relevante mas que têm já uma obra, de algum modo, apelativa. Quilómetro Zero é um programa reportagem que em cada emissão está numa região diferente do país realçando os seus aspectos mais actuais. “Entra nos ensaios de fim-desemana, nos concursos de estreantes, nos bares e nas discotecas, nos estúdios das rádios locais que divulgam nomes novos, nos quartos dos DJ’s, nas salas de gravação alugadas à hora, nas redacções dos fanzines, nos jardins dos subúrbios, e nas garagens das bandas.” “O acesso crescente a escolas de música, a instrumentos musicais e tecnologias, o fluir mundial de informação musical através da internet, a disseminação da cultura urbana pela província, a permanente circulação de uma geração estudantil entre as principais cidades e seus locais de origem e o surgimento de micro-estruturas de produção artística contribuíram para um elevado e muito diverso número de projectos musicais: Esta é a matéria-prima que constitui o Quilómetro Zero. Para aceder a este mundo basta pegar numa qualquer ponta e seguir um fio condutor de sucessivos contactos. O conteúdo do programa alimentase a si mesmo. O resto faz-se na estrada, com a equipa.” (J.P. Simões, KM0, Blog6 ) 5 6

J.P. Simões – Músico nascido em Coimbra, nota biografica em Anexo VI Blog do programa KM0, endereço: http://bus-kmzero.blogspot.com/

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A BUS produções multimédia é responsável pelo financiamento do programa piloto do Quilómetro Zero, este programa só foi aceite pela Rtp2 alguns anos após a sua criação. A BUS possuí um blogue, que serve quase como diário de bordo desta viagem, e por cada programa existe uma breve explicação das ideias e dos conceitos das bandas, e muitas vezes, estes textos complementam o conteúdo do programa com mais informações, partes das entrevista que foram forçosamente cortados e conversar que foram tidas para além das objectivas das câmaras. É também uma maneira de divulgar as bandas que participaram, divulgar os endereços do myspace de cada banda e, claro, de ter um “feedback” do público através da opção de comentário aos textos “postados”. No blog podemos ler:

Programa #01 – Coimbra (26-07-2008) O primeiro dos 14 programas foi filmado no distrito de Coimbra, onde ficámos a conhecer o folk dos Man & Bellas, o pop rock marialva dos The Guys From the Caravan e a “torrencial” criatividade de Anaquim. “Fazer música em Portugal, actualmente, é cada vez mais excitante e recompensador, pela crescente facilidade de ligação à comunidade musical, às novas tecnologias e ao público. Contudo, pode melhorar-se a construção e divulgação de salas de espectáculo, bem como fomentar a oferta, procura e exploração de novos projectos, sonoridades e artistas”, argumenta José Rebola, autor do projecto a solo Anaquim, cujo primeiro álbum se prevê chegar ao público em Março de 2009. www.myspace.com/anakinrebolla Para os The Guys From the Caravan, a cultura está longe de ser uma prioridade no nosso país. Vale sobretudo o bom ambiente que se vive entre músicos: “Temos tido oportunidade de partilhar palco com algumas das novas bandas, que têm um papel preponderante no “refresh” da música feita em Portugal” – Outubro é a data prevista para lançamento do álbum desta banda de Coimbra. www.myspace.com/theguysfromthecaravan Num registo mais popular, os Man & Bellas assumem “uma viagem recreativa e festiva às raízes culturais tradicionais (medievais, intercélticas e também à música de dança europeia)”, utilizando sanfonas do séc. XVII, construídas por Fernando Meireles, músico mentor do projecto. www.myspace.com/manbellas

Programa #02 – Braga (02-08-2008) No segundo episódio do KM0, estivemos em Braga, no velho estádio 1º de Maio, a ouvir a precisão dramática dos Peixe : Avião, o rock satírico dos Smix Smox Smux e o funk vigoroso dos Monstro Mau.

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Segundo os Peixe:Avião, que lançam o seu primeiro álbum em Setembro – 40.02, “gostamos de fazer boa música em português, independentemente do contexto actual”. A banda irá andar em tournée no segundo semestre deste ano a promover o seu primeiro conteúdo de originais. Elementos: André Covas - guitarras, sintetizador Luís Fernandes - guitarras, sintetizador Pedro Oliveira - bateria Ronaldo Fonseca - voz, sintetizador José Figueiredo - baixo www.myspace.com/peixeaviao O que define os Smix Smox Smux “passa muito também pelas letras, onde a ironia e a inocência se combinam numa forma especial de escrever que provavelmente é a principal responsável pela forma como as pessoas nos ouvem e que normalmente as leva a cair em dois opostos: ou gostam muito ou não gostam mesmo nada; o que nós gostamos bastante, o que importa é não deixar ninguém indiferente.” Elementos: Smix - José Figueiredo - baixo Smox - Filipe Bernardo - guitarra Smux - Miguel Macieira - bateria www.myspace.com/smixsmoxsmux Para o Monstro Mau “fazer música em Portugal nunca foi tão simples e a prova disso é a quantidade de bandas que aparecem. O problema está no resto. Não há circuitos estabelecidos, não há organização, não há produtores de espectáculos para pequenas e médias salas. E sobretudo não há hábitos de consumo de espectáculos, nem de discos. Isso faz com que seja complicado sobreviver da música e torna reduzida a vida útil de uma banda.” Para 2009 o Monstro Mau está já fechado nos seus laboratórios a preparar mais um disco. Elementos: Alex - voz Budda - guitarra Nico - bateria Tó Barbot - baixo http://www.myspace.com/monstromau

Programa #03 – Barcelos/Joane (09-08-2008) Na terceira emissão do programa, rumamos a Barcelos e Joane, para conhecer o delicado ‘quase-jazz’ dos La La La Ressonance, o experimentalismo performativo dos Nikouala e a fusão jazz folk contemplativa dos Gnomon. La La La Ressonance “é um projecto instrumental orientado para o lado mais exploratório e experimental da pop. Com influências óbvias do jazz”. Definem a sua

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criação musical como “um processo semi-autista, apaixonante e obsessivo, com pontadas ocasionais de mediatismo fugaz." Para 2009 projectam a edição do seu 2º àlbum de originais bem como a de um split-ep de versões. André Simão – baixo eléctrico /sampling e programação. Gil Teixeira – guitarra eléctrica /teclados/ sampling e programação Jorge Aristides – bateria Paulo Miranda – saxofone alto e soprano/ teclados Ricardo Cibrão – guitarra eléctrica. José Arantes – sound design http://www.myspace.com/lalalaressonance Nikouala é um duo que opera em conjunto desde 2005 e que trabalha com áreas tão específicas como o teatro ou o cinema estando agora a desenvolver uma maior experimentação com a performance ao vivo e com as artes plásticas. Segundo os músicos "o projecto Nikouala destina-se à composição de temas e ao trabalho de sonoplastia inerentes à criação de bandas-sonoras originais”. Filipe Miranda – guitarra eléctrica / sintetizadores / samples / latocello / voz José Arantes – guitarra preparada / sintetizadores/ samples / violoncelo/ voz http://www.myspace.com/nikouala Gnómon é a palavra universal para o ponteiro do relógio do sol. Segundo os dois fundadores do projecto (Tiago Machado e Carlos Ribeiro) “esta obra é o reflexo de algum trabalho prévio de pesquisas às raízes da música étnica, não só portuguesa, mas também mundial, e o reflexo de experiências vividas no momento da gravação”. Crêem que atravessamos uma fase dourada da música em Portugal e até ao final deste ano contam ter o seu primeiro álbum de originais gravado. Carlos Ribeiro – guitarras Tiago Machado – guitarras Mário Gonçalves – bateria Carlos Barros – percussão Rui Ferreira – piano e acordeão Bruno Rodrigues – Baixo Daniela Silva – convidada João Guimarães – convidado baixo eléctrico www.myspace.com/gnomongnomon

Programa #04 – Leiria (16-08-2008) Na quarta emissão do programa e depois da nossa primeira investida no norte do país a equipa do KM0 vai estar na região de Leiria, a desbravar os projectos artísticos de Madman Underground, The Clits e Canal 0.

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Baseados na belíssima vila da Nazaré os Madman definem como principal objectivo deste projecto “experimentar novas dinâmicas sonoras, criar híbridos musicais de forma a sair um pouco do mainstream nacional”. Estes 5 músicos oriundos de cidades diferentes pretendem começar a divulgar a sua música - que definem como “indefinível” - este ano e têm como premissa: “os nossos planos vão sendo delineados consoante as oportunidades que vão surgindo pelo caminho”. Sónia Codinha – voz e letras Fernando Codinha – baixo Wilson Ferreira – saxofone Hugo Almeida – guitarra Bruno Monteiro – bateria http://www.myspace.com/madmanunderground 20 Quilómetros a Norte da Nazaré, na Marinha Grande, vamos encontrar um projecto que se enquadra na nova vaga de electro-punk feminista - The Clits. Provocantes e cheios de maquilhagem gostam de ir “brincar para o palco como duas miúdas”. Não têm planos para o futuro mas já em Setembro de 2008 vão ser destaque no site da Levi´s Europeia. Ana Leorne – voz Carlos Martins – programação/guitarra e voz www.myspace.com/myclits Provenientes das Caldas da Rainha mas filmados no Centa7, em Vila Velha de Ródão, apresentamos o Canal 0, um projecto musical multimédia que “faz musica inspirada em imagens e em imagens que lhes inspiram musica” com base no que afirmam ser “um dialogo entre instrumentos analógicos, electrónicos, capturas sonoras e projecções visuais de objectos manipulados em tempo real”. Os músicos afirmam que “é ponto assente que não temos a pretensão de fazer parte do mainstream nacional ou internacional mas que falta, na realidade, um apoio coerente em relação a novos projectos na área experimental”. João Bento – teclado/ pequenas percussões/ melódica/ modelações analógicas/sampler João Cabaço – guitarra/ teclado/ programação Rodolfo Pimenta – imagem em tempo real/som www.myspace.com/canal0

Programa #05 – Lisboa 1 (23-08-2008) Cinco semanas decorridas após o primeiro quilómetro da nossa viagem pelo país, o KM0 chega à capital do nosso pequeno império. Vamos trocar palavras em

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Centa – Centro de Estudos de Novas Tendências Artísticas

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crioulo com o MC da Cova da Moura – Kromo Di Ghetto, sentir o rock pesado dos Zieben e dançar ao som do ska de inspiração balcânica dos Kumpania Algazarra. Kromo Di Ghetto é um projecto que brota do dia-a-dia e da realidade específica de um subúrbio que muitos definem como marginal mas que é indiscutivelmente um dos mais criativos e férteis terrenos da produção hip-hop nacional. Kromo apresenta-se como “original e 100% realista” e o objectivo primordial da sua articulação verbal em crioulo é “educar as massas com a mensagem que transmito”. Kromo di Ghetto - Mc/ Produtor Freesytle - Mc Mean / Kady/ Kromo di Ghetto www.myspace.com/kromodighettokovam De Sintra chega-nos o rock alternativo dos Zieben. Definem-se como um “grupo de bons amigos que tem gosto pela música, que prima pela criatividade, originalidade e irreverência transmitindo-as através da sua música e dos seus concertos”. Estão na recta final da gravação de um novo EP e pretendem divulgar o projecto através dos média e dessa forma conseguir o máximo de actuações possíveis. Ricardo Campos – baterista Sérgio Marçal – voz Rodrigo Sousa – guitarra João Pereira – baixo www.myspace.com/zieben Também em Sintra chocámos com a energia de um projecto que já não necessita de apresentação. Quando nos cruzámos com eles no estúdio dos Blasted Mechanism tinham acabado de editar o seu primeiro álbum cuja aceitação pelos meios especializados em geral foi instantaneamente positiva e em menos de um ano passaram das ruas para os grandes palcos dos festivais de Verão. Tudo se resume numa frase – “Dance and fun until the end!”. Luís (Trinta) – voz/ saxofone Chiara Picotto – voz Francisco (Kiko) – trombone Ricardo Pinto – trompete Pedro Pereira – contrabaixo/sousafone Rui Sá – acordeão Hugo Fontainhas – bateria Hélder Silva – percussões www.myspace.com/kumpaniaalgazarra

Programa #06 – Aveiro/Viseu (30-08-2008) Bem-humorada com a própria finitude, a equipa do KM0 ruma agora em direcção a Viseu e Aveiro, para conhecer o jazz e a música tradicional de Carlos

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Peninha, o folclore hardcore dos Fadomorse e a electrónica melancólica dos Montecalvo 146. Foi em Tondela, na ACERT8 – uma estrutura que meritoriamente projecta a região de Viseu no panorama cultural nacional – que nos encontrámos com Carlos Peninha. Músico cujo percurso no panorama jazz nacional é já conhecido por muitos e vai apresentar na emissão de hoje do programa dois projectos distintos: “Os Cantos da Língua” que são o recente passado do novo “A Cor da Língua” e um projecto mais pessoal. “O meu projecto pessoal pretende ser uma ponte entre a poesia do espaço lusófono, com incidência nos poetas que fizeram e fazem a fusão da escrita em língua portuguesa com as suas línguas locais, criando canções e músicas que reflectem as sonoridades dos locais que vou conhecendo, nomeadamente em África, de onde trago ideias musicais que procuro fundir com referências e texturas musicais de sabor popular português e universal”. Para o futuro Carlos Peninha pretende “continuar a tentar furar o grande anonimato” e também “continuar a tentar dar a conhecer o meu projecto no estrangeiro”. Brian Carvalho – trompete Carlos Peninha – composição e guitarras José Rui Martins – voz Lydia Pinho – violoncelo Miguel Cardoso – contrabaixo Marcos Cavaleiro – bateria Mariana Abrunheiro – voz Pedro Lemos – baixo eléctrico Rui Teixeira – saxofones www.myspace.com/carlospeninha Como se pode ler no site da banda o projecto “Fadomorse surgiu há oito anos atrás em Trás-os-Montes, nos quais tem vindo a desenvolver uma forma única de intervir culturalmente junto do público menos cultivado na alma e no sentir nacional, através de intervenções culturais e com a edição por meios próprios de registos discográficos. A música e a poesia são assim, os meios de propagação da mensagem construtiva para um futuro cultural de um povo, no qual o projecto Fadomorse se empenha com todo o profissionalismo e singularidade, levando até vós um espectáculo único, digno do melhor conteúdo cultural que vai desde as raízes populares portuguesas até ao expoente moderno da sonoridade do mundo”. Podem assistir aos já famosos e intensos concertos da banda na festa do Avante já no próximo dia 6 de Setembro e percebam como se pode cozinhar Frank Zappa, Mr Bungle, Zeca Afonso e Sérgio Godinho na mesma panela. Hugo Correia – voz/ guitarra portuguesa eléctrica Hugo Ferraz – voz David Leão – flauta transversal Ronaldo Firmino – bateria Rui Ferreira – acordeão/ teclado 8

ACERT – www.acert.pt - Associação Cultural e Recreativa de Tondela

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Bruno Rodrigues – baixo eléctrico http://www.myspace.com/fadomorse http://www.fadomorse.net/ Depois de nos perdermos e sem indicação no GPS do nosso próximo destino chegámos à Rua Montecalvo nº 146 para conhecer os Montecalvo 146. São um trio de músicos profissionais que “tentam adaptar-se a este novo paradigma que é o de conquistar público e o de fazer com que esse público lhes retribua em capital o trabalho reconhecido sem ter de os “obrigar” a tal”. Definem-se como “uma metáfora musical/social, uma ruralidade urbana característica de um país conservador globalizado”. Depois de editarem a sua maquete de apresentação – “Chaves de Casa” pretendem “fazer uma tour de concertos por esse Portugal fora e se “tivermos tempo” tirarmos umas férias dos nossos empregos”. Ricardo Raimundo – guitarras/ voz/ programação Cristiano Moreira – bateria eléctrica/ voz/ programação Lionel Fernandes – bateria acústica/ percussões/ programação www.myspace.com/montecalvo146

Programa #07 – Tomar (06-09-2008) No episódio de hoje do KM0, estaremos em Tomar, cidade com vários projectos musicais, essencialmente electrónicos. Vamos conhecer a vertente industrial dos Waste Disposal Machine, o ‘electro-pop’ de Peltzer e o laboratório conceptual dos U-Clic. “These people are not musicians” é o mote para a apresentação deste projecto. Waste Disposal Machine é o reflexo musical da união de quatro personalidades com trajectos díspares e influências variadas. “Musicalmente acabamos por reflectir essas diferenças e o resultado pode definir-se genericamente como rock electro-industrial.” Depois de em 2003 terem editado o seu primeiro trabalho – I.D. Code, os WDM preparam-se para lançar já em Outubro o álbum “Interference”, totalmente gravado nos estúdios Zero em Tomar. Passem pelo MySpace do projecto e aproveitem para ouvir a versão de “24 Hours” dos Joy Division. João Gonçalves - voz e samplers Miguel Silva - guitarra/ back vocals/ programação Hugo Santos - baixo Vítor Silva – laptop

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www.myspace.com/wastedisposalmachine Peltzer é um projecto de um só homem (não confundir com solitário) – Rui Gaio: “As raízes electrónicas analógicas que caracterizam o meu género migraram para as combinações de bits, e o electro pop que veste as minhas canções foi integralmente emulado com instrumentos virtuais. Os timbres e sequências melódicas são pré-programadas para serem executadas e enquadradas durante a performance. Esta automação liberta fisicamente o elemento humano de PELTZER que usa a sua matéria orgânica para interagir com a máquina em tempo real quer através do canto quer usando periféricos flexíveis que se adaptam à minha biologia”. Peltzer tem uma parceria com o Homem Bala que faz a gestão e o VJing das suas performances. Para breve está prevista a edição do seu primeiro e.p. de originais “Outdated”. O álbum será editado no segundo trimestre de 2009 e podem assistir, hoje (06-09-08), pelas 22.30, ao seu concerto no Calça Perra em Tomar. Rui Gaio - voz/laptop/ sintetizadores www.myspace.com/peltzerr Para a apresentação do próximo projecto transcrevemos a entrevista que fizemos por e-mail. Tem tudo a ver com o conceito: 1. Como apresentam o vosso projecto? U-Clic: rock´n´roll, artes visuais, conceitos quotidianos e assim exponencialmente. 2. Quais os vossos planos para o próximo ano? U-Clic ao vivo, U-Clic em estúdio, U-Clic nas pessoas, U-Clic 2009. 3. Como é fazer música aqui e agora? Aqui em U-Clic: fácil, aqui em Portugal: difícil, agora em pleno século XXI: fácil, agora de repente: difícil. Este ano e após a estreia do álbum “Console Pupils”/2007 os U-Clic fizeram uma digressão com mais de 50 datas que culminou com um grande concerto em Paredes de Coura. U-Salgado - sintetizador/guitarra e voz U- Confra - voz U- Gonçalo - vj/sintetizador e laptop www.myspace.com/uclic www.u-clic.com/

Programa #08 – Porto I (13-09-2008) Percorridos 6 mil Km’s a equipa do Quilómetro Zero, penetra airosa e finalmente no centro do Porto e começa este episódio com o pop rock romântico dos Stoaways, apresenta os 6 discípulos dos Cenáculo e termina com a auto-ironia de Pz. Stowaways é um projecto com 6 anos de existência e que já tem um património com 2 álbuns editados: “We Have Made Thousands of Lonely People

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Happy - Why Not You?” (em parceria com os Alla Polacca www.myspace.com/allapolacca) e “Huntclub”. Segundo palavras da banda o projecto “nasceu de uma vontade de fazer assim uma espécie de qualquer coisa ou qualquer coisa em forma de assim. Neste momento é de certa forma um anti-projecto, reflexo de uma imensa vontade de não fazer coisa alguma a não ser feitio”. Para o próximo ano “temos agendados alguns aniversários e casamentos de amigos. Pensamos também em publicar na internet de forma gratuita alguns temas antigos que nunca viram a luz do dia nem o breu da noite. O problema é que temos muito poucos temas pelos quais não sentimos algum embaraço, daquele embaraço que se sente quando se vêm fotografias da altura da adolescência em que ainda líamos o diário de Adrian Mole e estávamos com um corte de cabelo ridículo naquela fase em que ele está a crescer e não sabe muito bem para onde ir”. Nuno Sousa – voz/ guitarra Pedro Gonçalves – guitarra João Carujo – bateria Pedro Silva – contrabaixo João Covita – acordeão Fred – piano www.myspace.com/stowawayshuntclub Os Cenáculo bebem da veia tradicional da canção e tradição musical Portuguesa fundindo-a com Pop, Rock e World Music e …poesia. Para 2009 pretendem “dar muitos concertos”. Acreditam que ”as editoras continuam a não apostar o suficiente na música portuguesa” mas que “em contrapartida a novas tecnologias permitem que se possa realizar e divulgar a baixo custo os projectos musicais de cada um”. As suas principais referências musicais são Fausto e José Mário Branco: “o primeiro porque tem uma musicalidade tão própria que é inconfundível. O segundo porque, no nosso entender, é um dos maiores letristas portugueses”. Seis discípulos da boa tradição musical. Carlos Raposo: compositor/ guitarra portuguesa/ guitarra Vasco Arizmendi: compositor/ voz Bilan: guitarra Sérgio Pires: baixo Márcio Silva: percussão Tito Santos: flauta http://www.myspace.com/cenaculopt PZ é Paulo Pimenta: “este projecto tem um cunho muito pessoal e tem como expoente máximo o próprio disco: as músicas, a capa, as fotografias inseridas no booklet, o design, foi tudo feito por mim como uma gravação integral da minha vida, dos meus medos, das personagens que habitam na minha cabeça, do meu dia-a-dia, das minhas rotinas quebradas por flashbacks e flash-forwards, um auto-retrato musical se quiserem”. Web designer de profissão PZ pretende “acabar e compilar as novas músicas que tenho feito” e desenvolver projectos paralelos como a Zany Luís António Rocha n.mec: 31749 01 de Julho de 2009

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Dislexic Band e os Lazy Burns. A sua produção musical passa por desenvolver o que lhe vai na cabeça no momento, qualquer que seja o lugar. “O meu projecto não seria possível de desenvolver há 20 anos atrás por exemplo. Os temas vão mudando, as ideias transformam-se ao logo do tempo à medida que vamos sendo influenciados por nova metamorfoses musicais. Mas o sentimento que nos leva a fazer música é o mesmo de sempre. A comunicação transcendental entre seres humanos, ou algo do género”. “Sofá Efervescente” já está no meu IPod há uns mesitos”. Paulo Pimenta: voz/ sintetizadores/laptop www.myspace.com/pzpimenta

Programa #09 – Lisboa II (20-09-2008) A música felizmente é outro mundo que só se ouve neste. Cansados regressamos a Lisboa para mais um olhar sobre o som que se produz na capital. Vamos perceber o que está por detrás da mascara dos Gueixa, ouvir o afro-beat dos Cacique 97 e os mecanismos de precisão enferrujados dos München. “A vontade de fazer algo de original surgiu, tendo como base ideias musicais que acumulavam pó nas nossas mentes”. Foi em 2006, numas sessões de fado em Miratejo que Miguel Baptista e Nuno Correia se conheceram e lançaram as bases para o projecto Gueixa. Pelo meio, na estação fluvial de Belém conhecem Paulo Oliveira, o terceiro elemento. Gueixa é um projecto onde existe um espaço de criação e intercâmbio de ideias musicais, com incentivo a colaborações permanentes ou temporárias. “Procuramos assim fugir à noção fechada de banda musical, e procuramos aprender e trocar ideias com qualquer pessoa interessada”. De facto podem ler no MySpace um post do tipo classificados que identifica essa busca constante por novos músicos e instrumentos. Para a banda o desafio de produzir aqui e agora é complicado porque “o ser humano já explorou muitos caminhos a nível de experimentação entre instrumentos diferentes. No entanto, com o desenvolvimento destes e acima de tudo com a tecnologia que existe, algumas coisas estão mais facilitadas, se compararmos com tempos passados. Nos diálogos que criamos entre instrumentos tentamos fazê-lo com sonoridades não demasiado exploradas ou divulgadas. Por vezes experimentamos outras abordagens aos instrumentos, na esperança que nasça algo que ainda não tenhamos ouvido”. Nuno Correia – viola Miguel Baptista – viola/ guitarra portuguesa Paulo Oliveira – baixo http://www.myspace.com/gueixa Os Cacique´97 são um colectivo afrobeat. No espírito de Fela Kuti e Tony Allen (inventores do afrobeat), os Caciques misturam Ritmos africanos com Funk, Jazz, Soul, adaptando-os à realidade da música africana dos Palops e do Brasil. “Fela e Allen misturavam o Funk e o Jazz com os ritmos tradicionais nigerianos, nós

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adicionamos também os ritmos de Angola, Moçambique, Cabo Verde, Brasil, etc”. E utilizando sempre um discurso de intervenção, o que é característico do afrobeat. Estão a apontar a estratégia deles para o circuito da World Music estando prevista para o final deste ano ou no começo do próximo a edição do seu primeiro álbum de originais. Para já o objectivo é tocar ao vivo … contagiar com boa onda. Milton Guilli – voz/ guitarra Francisco Rebelo – baixo/ back vocals João Gomes – teclado/ back vocals Marco Alves – bateria/ back vocals Marisa Gulli – percussões/ back vocals Zé Lencastre – saxofone alto/back vocals João Cabrita – saxafone tenor/barito e vocals Vinicius de Magalhães – trombone/back vocals http://www.myspace.com/cacique97 München é o som de uma nova urbanidade acústica. Servem os palavrões para dizer que esta música tresanda a mecanismos de precisão enferrujados e, por isso, doces. São cordas em desuso e percussões em multiusos. Não há meninos. Todos os elementos dos München já tocaram noutras bandas. Quase todas mais ruidosas. Em 1999, Bruno Duarte decide sentar-se e desde então os München deram mais de vinte concertos, todos sentados. Em palco nunca são menos de quatro e nunca foram mais de nove. O dinheiro para as batatas nunca veio da música. Esta situação permitiu e permite uma liberdade criativa que enquanto confundir próprios e alheios é a razão da existência dos München. Confundir próprios é ouvir folclore turco ou electroacústica experimental e, para raiva ou deleite do parceiro, não tocar nem uma coisa nem outra. Confundir alheios é mais perigoso. A vida não é fácil. É claro que há quem, com gavetas e rótulos, a tente simplificar. München é uma banda de toy music: existem de facto brinquedos sonoros. München é uma pequena orquestra de câmara: tocam guitarra clássica e viola de arco. München é uma banda rock: a bateria e guitarra eléctrica estão lá. Em que é que ficamos? Ficamos, como no princípio, sentados a tocar. Bruno Duarte – guitarra de plástico/ melódica/ bateria Mariana Ricardo – ukelele/ guitarra/ melódica João Matos – percussões/ xilofone/ baixo João Nicolau – guitarra/ cavaquinho/ melódica www.myspace.com/munchenpt

Programa #10 – Alentejo e Almada (27-09-2008) O Alentejo é muito curioso no que toca à sua relação com a música: tem um povo cantor, com um imenso património de música popular e de modos musicais, e tomou por sua como nenhuma outra zona do país a música de Zeca Afonso e dos cantores e compositores de intervenção dos anos 1960 e 1970.

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Por outro lado, o constante abandono político da região desde que o tempo dos latifundiários quase esclavagistas cessou não tem contribuído para o progresso material e cultural que seria desejável. A água das barragens limitou-se a afundar aldeias. Resumindo, foi-nos difícil encontrar novas criações musicais nesta belíssima região mas, teimosamente, conseguimos. Em Almada, portanto para além do Tejo estivemos com o Dr. Estranho Amor e o seu pop rock romântico, melancólico mas exaltante. As suas histórias falam de um homem na cidade, debatendo-se na sua luta moral com o passado e à procura da iluminação do amor … um tema nobre e inesgotável. “Musica estranha para pessoas normais ou vice-versa” nas palavras de Luís Filipe Martins. Estranho Amor ainda nos diz que o futuro terá algum sentido se o projecto for mais do que uma simples recordação e que a luta se faz contra os “bretões, com a ajuda da Nossa Senhora de Fátima”. Donavan Bettencourt - baixo eléctrico Hugo Costa - guitarra/ letras Luís Filipe Martins - voz Paulo Sérgio Borges - teclados/voz/ harmónio Pedro Madeira - guitarra Rui Freire - bateria http://www.myspace.com/drestranhoamor Finalmente no Alentejo, nas imediações de Montemor-o-Novo, vamos encontrar o estúdio do compositor e produtor Pedro Pereira, mentor do Projecto Fuga, vencedor do prémio SPA/Antena 3 de 2007 na categoria de melhor colectivo. E a ideia de colectivo é o que melhor ilustra o primeiro disco do projecto: trata-se essencialmente de um disco de colaborações onde participam vários artistas de diferentes quadrantes, portugueses, brasileiros, nigerianos e guineenses, unidos sobre as composições e sob a batuta de Pedro Pereira. Num futuro próximo “esperamos levar a nossa música para os palcos de vários auditórios, centros de arte e teatros no território nacional e visto que iremos editar o disco no Brasil, através da Allegro Discos, com certeza surgirá uma pequena digressão em parceria com bandas brasileiras. Seria desejável não ter que esperar 4 anos, como aconteceu com o disco de estreia, para editar o nosso "02"... Pedro Pereira: compositor/ piano Ricardo Moura: baixo eléctrico Vasco Teodoro: guitarra eléctrica Milton Lehmkhl: bateria Miguel Gomes: violinista Rosete Caixinha: voz www.myspace.com/projectofuga E foi com muito prazer que chegámos ao Baixo Alentejo para conhecer um estúdio incrivelmente situado no alto de uma serra, com vista sobre um mar de Luís António Rocha n.mec: 31749 01 de Julho de 2009

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pequenos montes. O estúdio Pomar da Serra pertence a Harida, músico de nacionalidade chilena, incansável viajante e responsável pela editora Nazca, essencialmente dedicada à New Age. Por coincidência, num monte um pouco mais abaixo, vive o exímio teclista português Pedro Sotiry: um simpático pastor foi o responsável pelo encontro entre os dois que haveria de gerar o projecto Oxalá: chill out, world music, jazz ambient e lounge music. Pedro Sotiry - teclados/ sintetizadores Harida - tablas/santur/ taças tibetanas www.myspace.com/harida

Programa #11 – Algarve (04-10-2008) “Há 800 anos, a capital imperial do Algarve era nem mais nem menos do que Bagdade: vivia-se já o fim da maior dinastia de califas do Islão, os Abássidas, mas esta zona era ainda um importante centro mundial de cultura e ciência. Hoje, a palavra progresso substituiu o progresso da palavra; o conceito de auto-estrada substituiu o conceito de viagem; e o conceito de indígena substituiu o de cidadão. Mas vale a pena ver o lado bom das coisas; hoje uma lagosta ou um D. Rodrigo, quando bem avaliados, conseguem ter uma excelente aproveitamento, a matemática.” (J.P. Simões, texto de abertura do programa 11) Vamos até à zona de lagos conhecer o jovem e prodigioso acordeonista João Frade. Um músico natural que começou por aprender a sua arte nas composições tradicionais algarvias e que agora embarcou num promissor percurso pelos géneros mais sofisticados da música instrumental. João Frade: acordeão/harmónio Tuniko Goulart: guitarra www.myspace.com/joaofradetrio A nossa próxima viagem é o velho teatro Lethes, em Faro, um edifício com cerca de 400 anos que se dedica às artes da representação desde 1845. Se há um género musical que tem evoluído no Algarve, graças à persistência de músicos como o contrabaixista Zé Eduardo e de toda a equipa da Associação Grémio das Músicas, é o Jazz. Composto essencialmente por músicos algarvios, o grupo Jazztaparta é um produto dessa evolução. Jazz, Funk e Rock respirando um imaginário que deve tanto ao cinema popular quanto ao espírito iconoclasta da vida boémia. André Capela: saxofone/ flauta Leon Baldesberger: trompete Amadis Monteiro: bateria

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João Aráujo: piano eléctrico Marco Martins: baixo www.myspace.com/jazztaparta Nanook é um bluesman algarvio: toca em bares e hotéis, dá aulas de baixo, tem um programa de rádio, é desde há pouco tempo presidente do conselho fiscal da Associação Grémio das Músicas e, sempre que pode, compõe os seus próprios temas que apresenta ora sozinho ora com a sua banda. Vamos encontrá-lo em Faro na Associação Recreativa e Cultural de Músicos, pequeno complexo de salas de ensaio, bar e sala de espectáculos instalado num velho edifício à espera de ser demolido para dar lugar a mais um belo negócio imobiliário. Tércio Freire: guitarra/ voz Sónia Cabrita: bateria Jorge Pamplona: baixo www.myspace.com/nanookspace

Programa #12 – Porto II (11-10-2008) Vagueamos agora pelo concelho da Maia em direcção ao local de ensaios da banda 2008. O trio formado em 2005 por Pedrim, Andrim e Nicolim, produz canções de cuidada melodia que conduzem quase sempre à intensa descarga eléctrica. De repente, a sua música conquistou o interesse do público e de grandes editoras, ganhou concursos e o quarto concerto da banda teve como palco o Festival do Sudoeste. E segundo Nicolim – “Gostamos de dizer que os 2008 são uma banda e não um projecto. Só pela esperança de longevidade ou seriedade. Somos três rapazes da Maia que ensaiam debaixo da terra. Há quem diga que misturamos rock velho com música paneleira”. Pedro Pereira: voz/guitarra André Augusto: bateria/ teclados/back vocals Nicolau Fernandes: baixo/ teclados www.myspace.com/trio2008 A viagem prossegue em direcção a Espinho, onde The Weatherman prepara o seu novo álbum com a participação de músicos da Academia de Música de Espinho. A música pop, entre os Beatles e os Beach Boys, é a grande referência do trabalho de The Weatherman: mas o seu talento como compositor, arranjista e intérprete confere à sua música algo que ultrapassa o universo de estilos a que se remete: uma personalidade. Alexandre Monteiro: compositor/ piano/ guitarra/ voz André Tentugal: guitarra/back vocals

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www.myspace.com/theweathermanpt De volta à cidade do Porto, temos encontro marcado num velho edifício essencialmente ocupado por grupos de teatro e conhecido como A Fábrica. A música dos Mimical Kix tem nascido em estreita colaboração com o teatro, cruzando a canção com a sonoplastia, o acústico e o electrónico, e os textos clássicos com os de novos dramaturgos, resultando em temas que conferem uma invulgar frescura à musica portuguesa. Rui Lima: voz/guitarra Sérgio Martins: baixo/laptop Helena Guerreiro: voz Pedro Cardoso (Peixe): guitarra eléctrica www.myspace.com/mimicalkix

Programa #13 – Lisboa III (18-10-2008) Norberto Lobo é um caso ímpar na nova música Portuguesa: o seu primeiro disco é composto exclusivamente de temas tocados a solo na guitarra, composições preciosas, universais e ao mesmo tempo tão próximas de qualquer coisa que podemos chamar de nossa, interpretadas com um invulgar fôlego e sabedoria por um músico e compositor no mínimo fascinante. Norberto Lobo - Guitarra Portuguesa www.myspace.com/norbertolobo Seguimos em direcção à Bobadela, mais precisamente para uma praceta onde, num complexo de pequenas garagens para automóveis, ensaiam cerca de 120 bandas. Os Lobster são um duo de guitarra eléctrica e bateria: fazem rock e fazemno com imensa liberdade, quase insolência. O seu som é poderoso e intenso, conseguindo desenhar todas as nuances de uma gigantesca tempestade hormonal. Ricardo Martins - bateria Guilherme Canhão – guitarra www.myspace.com/wearelobsters Marco Franco sempre foi um músico com espírito de explorador: toca vários instrumentos, principalmente bateria, e sempre percorreu um caminho na fronteira dos estilos ou géneros, aberto à experimentação, tanto no jazz como na música improvisada. Com os Mikado Lab, Marco Franco conseguiu unir o jazz e o rock numa série de composições originais que respondem facilmente aos epítetos de luminosas, graciosas, inspiradas e felizes. Marco Franco - composição/bateria

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Ana Araújo - teclados/ programação/sampler Pedro Gonçalves - baixo www.myspace.com/mikadolab

Programa #14 – THE END (25-10-2008) “A primeira série do programa “KM0” terminou hoje com um best of de 50 minutos que compila os melhores momentos da longa viagem musical exibida ao longo de três meses, na RTP2. Com uma média de 62 mil espectadores por emissão (920 mil no total), o “Quilómetro Zero” promete voltar aos ecrãs da televisão pública, para continuar a documentar o fôlego, originalidade e valor da criação musical portuguesa.”

“Criámos um espaço televisivo de excelência para a documentação e divulgação da música nacional – desígnio que não acontecia há 14 anos. Já estamos a preparar uma nova edição do KM0, renovada em termos de imagem, forma e conteúdos. Há ainda muitos quilómetros de música por desvendar e revelar no nosso país. Queremos ouvir as vossas opiniões sobre esta primeira série por forma a podermos melhorar a próxima.” (J.P Simões e a produtora BUS) Assim termina o “diário de bordo” da viagem pelos quatro cantos de Portugal, desta equipa, que durante um ano procurou documentar e difundir o melhor da música underground, ou mais amadora, dos nossos jovens artistas.

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Dados estatísticos A análise do programa consistiu em recolher dados importantes, através do visionamento de cada programa, compilados numa grelha de análise (anexo II). Cada banda foi identificada com: nome, localidade, programa, data de emissão, estilo, elementos, influências, entre outros parâmetros. Depois das fichas estarem todas preenchidas, procedi a contagem de dados, tendo chegado a valores possíveis de representar em gráfico. Os gráficos representam o número de bandas escolhidas por distrito, o número de elementos por banda e ainda a informação cruzada das influências de cada músico. Gráficos esses que podemos observar a seguir. Gráfico 1

Nº
de
Bandas


Número
de
bandas
por
Distrito
 10
 9
 8
 7
 6
 5
 4
 3
 2
 1
 0


Distritos


Como podemos observar no gráfico 1, a escolha das bandas foi mais ou menos uniforme, se dividida por distrito. Como é de prever, os distritos de Lisboa e Porto são os distritos normalmente mais representados, mas neste programa surge um distrito mais forte que o Porto, Braga tem 6 bandas representadas no KM0. Uma surpresa agradável e mais descentralizada, e que em parte se verificam devido ao emprenho do município em promover a cultura na sua cidade, ao disponibilizar salas do estádio 1º de Maio, em Braga, a bandas ou grupos que procurem um local para ensaiar. É uma medida a louvar e os seus frutos são visíveis neste gráfico. Pela negativa, estão os distritos de Beja, Évora, Setúbal, Viseu e Castelo Branco, com apenas uma banda a representá-los. O próximo gráfico representa o número de elementos por banda. É um dado que a partida é desinteressante, mas a longo prazo pode revelar-se importante para retirar outro tipo de informações como por exemplo ao nível social e a das relações entre amigos. Nos tempos que correm, com as dificuldades e incompatibilidades, Luís António Rocha n.mec: 31749 01 de Julho de 2009

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tanto de horários como de personalidades, e pelo desenvolvimento criativo, podemos verificar que há muitos mais projectos musicais só com uma ou duas pessoas, pois a electrónica e as novas tecnologias vieram substituir elementos, instrumentos e mão de obra. Contudo, ainda há puritanos e gente que gosta de se juntar para fazer uma grande festa, como é o caso dos Kumpanhia Algazarra com 8 elementos bem como o Gnomon.

nº
de
elementos
por
banda
 7
 0%
 6
 15%


9
 3%
 8
 8%


1
 10%


5
 10%
 4
 18%


2
 15%
 3
 21%


Gráfico II Assim podemos concluir que, 10% das bandas têm 1 elemento, 15% têm 2, 21% possui 3 elementos, 18% tem 4 elementos, 10% das bandas são compostas por 5 elementos, com 6 elementos temos 15% das bandas, com 7 elementos não foi seleccionada nenhuma banda, 8% das bandas têm 8 elementos, e 3% tem 9 elementos. Deste gráfico, podemos generalizar, que os trios de rock (baixo, guitarra e bateria) e os quartetos da pop (baixo, bateria, 2 guitarras ou uma guitarra e instrumento solista) são os mais frequentes e os mais usados como formação das bandas. Se formos analisar a música Internacional, neste aspecto, vamos encontrar valores também muito aproximados. Se compararmos com o número de elementos das bandas que influenciaram estas gerações, podemos ainda concluir que os números se mantêm. Outro parâmetro da ficha técnica de análise é o de influências. Neste campo foram colocados todos os nomes de bandas, filmes, livros, compositores, realizadores e escritores, que de certa forma influenciaram e inspiraram a criação artística destas bandas. De uma lista com mais de 190 nomes (anexo III), escolhi os 40 mais referenciados (anexo IV), os nomes que tiveram maior destaque foram os mais conhecidos da população em geral. Os Beatles são unanimemente a banda que mais influenciou a geração destes novos criadores, 6 das 39 bandas entrevistadas fizeram referencia a este grupo. Depois segue o nome dos Nirvana, com 5 Luís António Rocha n.mec: 31749 01 de Julho de 2009

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referências. Miles Davis, Frank Zappa, John Coltrane e Carlos Paredes foram nomeados por 4 bandas, o que não deixa de ser interessante, o nome de Carlos Paredes aparecer num pódio tão famoso como é o destes dois grandes mestres do Jazz. Em destaque surgem ainda, os Smashing Pumpkins, Sérgio Godinho, Primus, Mr Bungles, José Afonse, Keith Jarrot, José Mário Branco, Jeff Buckley, Fausto, Jesus and Mary Chane com o álbum Candy e Bahaus, todos eles com 3 referências. GráficoIII

InSluências


Bandas
de
InSluência
 Weather
Report
 Tom
Waits
 The
Doors

 The
Beatles
 Smashing
Pumpkins
 Sergio
Godinho

 Revolver
 Red
Hot
Chili
Peppers
 Rage
Agaist
the
Machine
 Radiohead
 Primus
 Pixies

 Nirvana
 Nick
Cave
 Neil
Young
 Mr
Bungles
 Miles
Davis
 Maria
João
e
Mario
Laginha
 Leonard
Cohen

 Led
Zeppelin
 Kraftwerk
 Keith
Jarrett
 José
Mario
Branco
 José
Afonso

 Jorge
Palma
 John
Coltrane
 Jesus
and
Marie
Chane
(Candy)
 Jeff
Buckley
 Hermeto
Pascoal
 Frank
Zappa
 Fausto
 Deus

 Dead
can
dance
 David
Bowie
 Closer
OST
 Charles
Mingus
 Carlos
Paredes

 Bahaus
 Antibalas


0


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2
 4
 6
 nºde
bandas
inSluênciadas


8


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Todas as restantes bandas deste top 40, foram referidas por 2 das 39 bandas. É interessante ver que nomes portugueses continuam a influenciar as nossas bandas. Um pouco relacionado com as influências e com a quantidade de músicos, está a escolha dos instrumentos. Através das fichas de análise é possível saber quais os instrumentos mais usados e que intensidade tem a electrónica e os computadores ocupam na música portuguesa. Gráfico IV Xilofone
 Voz/Coros
 Violoncelo
 Violino
 Trompete
 Trombone
 Sousafone
 Sintetizador/teclados
 Saxofone
Tenor
 Saxofone
Soprano
 Saxofone
Baritono
 Saxofone
Alto
 Sanfona
 Samplers
 Programação/computador
 Piano
 Percussão
 Melódica
 Latocello
 Harmónica
 Guitarra
Portuguesa
 Guitarra
Electrica
 Guitarra
Acustica
 Flauta
Transversal
 Flauta
de
Bisel
 Contrabaixo
 Cavaquinho
 Bateria
electrica
 Bateria
 Banjo
 Bandolim

 Baixo
Electrico
 Acordeão
 0


5


10


15


20


25


30


35


40


45


50


O gráfico IV representa todos os instrumentos usados pelas bandas. A voz é o instrumento mais predominante. Guitarra eléctrica, baixo eléctrico e bateria acústica são os instrumentos com mais destaque. Curiosidade para o “Latocello”, instrumento inovador e único, que consiste numa lata com um braço e cordas de baixo. De salientar ainda o uso do sampling e da programação, na procura de novos sons, ou numa tentativa de personificar

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instrumentos da nossa cultura como o cavaquinho e a guitarra portuguesa ou o acordeão. Ao nível dos sopros temos os instrumentos mais usuais duma big band, e nas cordas o violoncelo e o contrabaixo destacam-se do violino. A Melódica, a fazer lembrar a bienal Francesa ao som de Yann Tirsen ou Rène Aubry, também está bem presente nestes projectos musicais. A língua é outro item da ficha de análise (anexo II). Dum total de mais de 100 temas musicais, foram cantados em diferentes línguas e idiomas: -

28 temas em Português (3 em “brasileiro”)

-

22 temas em Inglês

-

2 em Crioulo, 1 em Francês, 1 em Espanhol, 1 em Romeno.

É interessante ver que a língua portuguesa é cada vez mais usada, e é um tema muito falado no programa. Segundo a opinião dos Smix Smox Smux, “o povo português ainda tem um pouco de vergonha de se autocriticar e de brincar consigo mesmo, e quando chega à língua ainda mete luvas brancas”. Das fichas de análise foi possível retirar imensa informação mas que, sem haver qualquer tipo de registo anterior ou estudo de uma temática como esta, se torna em informação curiosa, pois não há possibilidades de comparar valores ou comparar comportamentos. Contudo, sinto que é importante a continuidade deste tipo de trabalhos, porque só assim poderemos chegar a conclusões mais credíveis e menos subjectivas. Outro ponto de informação, foi obtido através do contacto com as bandas, embora indirecto (via MySpace), mostrou-se ser fiável e até sincero. Nestas entrevistas às bandas podemos ainda perceber como pensa esta nova geração de músicos e que visão prevêem para o futuro da música e da industria musical em Portugal.

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Entrevistas às bandas A informação dos gráficos e da descrição de cada banda, forma informações retiradas directamente do visionamento do programa. Para além desta recolha, foi também realizada uma entrevista às bandas. Tal como a equipa do Quilometro Zero, também eu próprio me rendi às evidências e capacidades de funcionalidade da ferramenta MySpace9. Através do MySpace foi-me possível consultar informações sobre as bandas, ouvir as suas músicas e comunicar com eles. Foi enviado a cada banda um breve questionário. As questões foram as seguintes: 1. Qual foi o impacto que sentiram ao participar no programa? Porquê? 2. Em que é que se observou? 3. O que é que mudou na carreira da banda depois de aparecerem na televisão? 4. Na vossa opinião, qual é a importância de um programa destes? 5. Acham que o programa teve influência na vida musical em Portugal? Porquê? 6. Que perspectivas têm para o futuro da música em Portugal? Das 39 bandas, apenas 10 responderam, o que não deixa de ser um sinal positivo, embora considere ser baixo. As bandas foram os Nanook, Jazztaparta, Mad Man Underground, U-clic, Carlos Peninha, LaLaLa Ressonance, PZ, Mikado Lab, Nikoala, e Rui Gaio – Petzel. Deste grupo de 10, consegui aperceber-me de várias formas de pensar e de várias formas de estar na música, um pouco pela experiência de cada grupo aliada à idade de cada um. Na 1ª questão a opinião foi mais ou menos geral. O impacto que o grupo sentiu foi positivo, foi uma maneira interessante de se mostrarem e de reforçarem a sua confiança no trabalho que têm desenvolvido. Aumentou a motivação para continuar a trabalhar e para continuar a compor mediante o seu estilo próprio. Há apenas duas bandas que consideram um acto banal, Carlos Peninha de 47 anos, afirma que “ já fui a muitos programas de tv, foi mais um (...) nada de especial, alguma espectativa, (...) és mais divulgado na Fátima Lopes do que num programa da Rtp2”. Os Nikoala, consideram que a participação no programa não foi significativa, pois a sua música é rotulada como “alternativa à alternativa”, porque “o nosso projecto é um complemento para outras manifestações, não vive do mediatismo usual que qualquer banda de pop ou rock necessita para se dar a conhecer”.

9

http://www.myspace.com/index.cfm?fuseaction=misc.aboutus - Ideia desenvolvido por Tom Anderson, e mais tarde tornado num site de rede social global, com especial atenção para músicos e grupos musicais. Nesta página pode-se ler os principios do site. Luís António Rocha n.mec: 31749 01 de Julho de 2009

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A participação no programa trouxe algumas alterações significativas para as bandas. Nas respostas à questão número 2, é unânime o aumento de comentário por parte do público, amigos e desconhecidos, na plataforma do MySpace. As visitas aos MySpace das bandas aumentou, houve mais convites para “tocar fora dos circuitos habituais”. Rui Gaio dos Petzel afirma: “ Ser documentado no KM0 fez-me sentir seguro em relação ao registo histórico da minha passagem no panorama musical popular emergente”. Os Nikoala salientam o facto de ficarem com um “registo de vídeo em que existiu uma ligação do figurado barcelense – no caso, a Rosa Ramalho – com a nossa música, o que é importante ao nível de arquivo, tanto nacional como regional”. Os restantes referem ainda a importância de estarem a ser vistos por espectadores, que muito provavelmente, não tinham conhecimento de uma corrente musical desta espécie, e ainda que a motivação aumenta, “vi-me retratado ao lado de músicos que muito admiro e que aos poucos têm visto o seu trabalho reconhecido” (Rui Gaio). Na 3ª questão as bandas mostraram-se fieis à sua própria origem. Ao colocar esta questão, vi-me um pouco influenciado pela mediatização e pelo poder da televisão, e após ler as respostas consegui reconhecer isso. Para as bandas, a participação no programa foi algo que estava no seu percurso natural. As bandas afirmam, que os seus estilos já estavam definidos, e os caminhos que tomaram jamais seriam alterados pela mediatização/fama dada pela televisão. A generalidade respondeu “nada” a esta questão. Os U-clic afirmam: “(...) a participação em programas como o KM0, não muda propriamente carreiras, ajuda a consolidar uma ideia de escolhas de caminhos e a mostrar o que se faz às pessoas certas”, acrescentam ainda que o seu caminho já foi escolhido há muito tempo e a passagem pela televisão será sempre em “programas de qualidade como este e não a vender telemóveis ou a musicar casos amorosos em qualquer novela televisiva”. Contudo, os efeitos da participação num programa de televisão “aumenta a exposição de um músico”, e PZ continua, “Como exemplo concreto posso referir que a minha página do MySpace duplicou em visitas diárias e recebi feedback positivo (...) fiquei surpreendido por ter resultados imediatos”. Na generalidade, o que se notou mudar na carreira das bandas, foi o aparecimento de mais comentário, concertos e alguma exposição. Quando questionados acerca da importância de programas como o KM0, as bandas afirmam que é importante uma certa continuidade. Divulgar música nova é fundamental, e é uma forma de premiar artistas que trabalham arduamente para fazerem música “Underground”, programas com estas característica “é fundamental, porque nas televisões nacionais não existem divulgações da música que se faz em Portugal fora dos meios mais Mainstream” (U-clic). Este programa conquistou o respeito das bandas pelo “método justo de selecção”, pela sua equipa motivadora, organizada e ao mesmo tempo tão relaxada, refere PZ, “(...) tenho de referir que a equipa do KM0 foi fantástica, a maneira como nos tratam não tem reparos. Muito simpáticos, motivados com o que fazem (...) óptima experiência, tudo organizado e preparado ao pormenor”. A importância deste programa reside ainda na descentralização e na demonstração que “Portugal não é só Lisboa”, os Nikoala acrescentam ainda que o programa “demonstrou que Portugal é culturalmente mais desenvolvido do que aquilo que se pensa. Muito do público generalista ficou mais Luís António Rocha n.mec: 31749 01 de Julho de 2009

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consciente de que existe mais música em Portugal que não apenas aquela que é feita com o apoio da grande indústria discográfica e dos canais Mainstream da rádio e televisão”. A selecção das bandas é novamente referida como sendo lúcida e representativa dos vários modos e direcções de criação da música dita independente. Uma das problemáticas da música em Portugal surge nas respostas a 4ª questão, a problemática da industria musical em Portugal e dos circuitos fechados das Editoras nacionais e dos produtores que definem as tendências e o mercado discográfico. Esta controvérsia tem origem na falta de aceitação destes projectos alternativos por parte dos meios de divulgação musical. Como as tendências da música são definidas pelo mercado, é natural que estes projectos sintam uma certa resistência em singrar no mercado, tanto pela falta de procura como pelos gostos do povo com poder comercial, que compram mais depressa um álbum de Tony Carreira do que um álbum destas bandas, e daí as editoras não quererem produzir os trabalhos apresentados publicamente pelo programa KM0. Mas polémicas à parte, as bandas referem nas suas respostas outros meios e caminhos que começam a fazer frente à industria musical, caminhos esses como as edições de autor, editoras estrangeiras e a internet, com a plataforma MySpace a liderar as opções para a divulgação das músicas. Quanto à influência que o programa poderá trazer à música portuguesa, é importante salientar a rotura do preconceito e a rotura da supremacia da musica Mainstream. Esta influência é visível, quanto mais não seja “por ter dado visibilidade a um mundo que existe fora da esfera populista das televisões” (U-clic). A resposta de Carlos Peninha cinge-se a um comentário curioso: “Como diria um produtor: para vender um projecto diz-me quanto dinheiro tens, depois se a música não for boa arranjo-te outra qualquer”. Este programa provocou ainda algumas sinergias, contactos entre bandas e público, bandas e bandas, e bandas e empresas. Quando questionados acerca do futuro da música em Portugal, Nanook responde: “ o que conta, é continuarmos a tocar, a compor e a transmitirmos os nossos sentimentos através desta linguagem universal que é a música”, os U-clic também não sabem como será o futuro, mas quanto ao presente “ faz-se muito boa música em Portugal e divulga-se mal (...) KM0 foi sem dúvida a excepção à regra.”, os LaLaLa Ressonance são um pouco mais objectivos e pensam que “o futuro da música passa pelo entendimento, cada vez mais óbvio, da necessidade de ultrapassar fronteiras. O conceito “música portuguesa” é um rótulo mais adequado ao Rui Veloso ou ao André Sardet”. PZ afirma que “há que dar tempo de antena a estes músicos com alma do norte, do sul, do centro, dar mais oportunidades a músicos que tenham a coragem de desenvolver projectos alternativos em Portugal.”, é mais uma vez um apelo a descentralização e a inovação da cultura portuguesa. Alguns afirmam ainda que há falta de produtores de eventos, de bons agentes e organizadores de espaços culturais para a música nacional alternativa e mais contemporânea. Embora sejam opiniões de variados artistas, muitos referem os mesmos pontos. Assinalam a inexistência de um circuito para música nova e alternativa, e a importância do programa KM0 porque “dá a conhecer ao público música que não vai Luís António Rocha n.mec: 31749 01 de Julho de 2009

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aparecer tão cedo no telejornal das nove ou publicitada num festival “Super-Rock, Super-Bock”, ou num “Rock in Rio”. São bandas novas que estão a começar e que produzem música no mínimo interessante e que cresceram em Portugal.” Referem ainda que só com a teimosia e insistência, se conseguem fazer ouvir, e recorrer a edições de autor é um passo necessário para que possam ganhar algum respeito e fundos para se manterem activos. De salientar também, que grande parte destes grupos não vive profissionalmente da música, muitos por necessidade financeira outros porque a música se tornaria um meio de obter sustento em vez de um meio de expressividade.

Bandas com destaque nos Media: O jornalismo musical em Portugal, segundo Pedro Nunes, está datado, com acontecimento muito curtos devido ao regime, desde 1969. Em 1970 foram publicados alguns jornais ou suplementos de jornal, que eram inteiramente dedicados à música. Memoria do Elefante, Mundo da Canção e Música & Som são alguns dos nomes dos jornais que surgiram entre a década de 60 e 70, mas que, ou pela censura ora por dificuldades financeira, não prosperavam ou lançavam artigos raramente. Em 1984 é publicada a revista Blitz, com apenas dois escritores, um designer gráfico e três colaboradores, e um orçamento muito baixo, tentaram cobrir eventos da popular music tanto nacional como internacional, um trabalho realizade em parttime, como se tratasse de um hobby de fim de semana. O sucesso da revista Blitz deu-se devido à sua equipa, que embora reduzida, era constituída por membros de rádios e pessoas relacionadas com o mundo editorial. Para além disso, ao nível gráfico foram postas em prática ideias vanguardistas. Rui Monteiro (membro inicial da Blitz), António Duarte, Luís Pinheiro de Almeida, Luís Maio, Luís Peixoto e o conhecido dj de rádio António Sérgio, constituíam a equipa que conseguiu dar credibilidade ao jornalismo musical, embora o conteúdo fosse “non-mainstream”10. Apesar de já existir algumas fontes de jornalismo musical11, foram poucas as noticias sobre o programa KM0. Contudo, as bandas que lá participaram foram conseguindo alguma atenção de alguns meios de comunicação social, dai ser importante destacar que o programa conseguiu ter impacto na divulgação destas bandas de música underground. Para analisar este impacto retirei informações de vários focos: meios de comunicação social (rádios, televisão e jornais/revistas), os testemunhos das bandas e recolhi nas páginas das bandas no MySpace informações interessantes. Destas informações, “postadas” nos blogs, fiquei a conhecer agentes de divulgação da música underground, como é o caso do portal online A Trompa12 ou a empreendedora Rádio Universitária de Coimbra.

10

Non-Mainstream: termo usado por Pedro Nunes na sua tese de douturamento sobre Popular Music, o mesmo que não-Mainstream. 11 Blitz e Ípsilon são as mais credíveis. 12 http://a-trompa.net Luís António Rocha n.mec: 31749 01 de Julho de 2009

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No site A Trompa, é possível consultar o top de preferências de 2006 a 2008, e ainda os nomeados para 2009. Na lista de 2006 são apenas 3 os nomes das bandas que participaram no programa KM0: - The Weatherman 13º lugar - Stoaways 16º lugar - LaLaLa Ressonance 18º lugar Na lista de 2007 temos mais nomes que em 2006, embora diferentes: - The Guys From the Caravan 54º lugar - U-clic 73º lugar - Nikouala 94º lugar - Norberto Lobo 15º lugar Em 2008, o número de bandas dispara para 7 participantes, sendo eles: - Mikalo Lab 13º lugar - Peixe : Avião 28º lugar - FadoMorse 38º lugar - Kumpanhia Algazarra 40º lugar - The Guys From the Caravan 46º lugar - Wasted Disposal Machine 54º lugar - Anaquim 69º lugar Para nomeados em 2009 temos: Cacique 97, Noberto Lobo e Weatherman. Algumas conclusões que posso tirar daqui é que após o programa KM0, houve um aumento do nome das bandas nesta lista do site A Trompa, e dos nomes que já contavam da lista mesmo antes da participação no KM0, subiram de posição após a sua exposição na televisão. Contudo, e como a televisão assim exige, é um momento efémero, como podemos ver pela quantidade de nomes para 2009, apenas 3. Da análise do número de concertos por banda, visíveis no MySpace, e de notícias pelos jornais, revistas e sites, é possível ver alguma evolução em certas bandas. Partindo do principio que as bandas tinham pouco sucesso antes do programa KM0, é notável que algumas evoluíram, ou pelo menos expuseram-se mais, ou simplesmente tiveram mais cobertura pelos media. Fiz um apanhado de algumas notícias e reportagem feitas no período pósKM0, já que antes do programa não há registos, à excepção de algumas bandas como os LaLaLa Ressonance, Stoaways, the Weatherman e Kumpanhia Algazarra, mesmo assim estas bandas tiveram mais concertos e participaram em eventos mais importantes. As bandas com mais destaque nos media foram, por ordem cronológica, os Peixe:Avião, que logo após terem surgido no programa da Rtp2, lançaram o álbum 40.02 com o tema “a espera e um arame” tema esse que teve o interesse da Antena3 que o manteve a tocar na sua Play-list durante alguns meses. Esta banda deteve ainda o 1ºlugar no top 2008 da RUC13, o 2º lugar no top 2008 da Rádio Universitária do Minho, e o 2º lugar no top 2008 do site A Trompa, a revista online Magnética 13

RUC – Rádio Universitária de Coimbra

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Magazine14 publicou uma entrevista sobre a banda numa das suas edições. Na Blitz, ouve alguns comentários e o nome apareceu numa edição, mas sem qualquer importância. Outros nomes que se destacaram foram os Dr. Estranho Amor. Com um visual arrojado, conquistaram uma página do jornal Metro, edição de 9 de Junho de 2009.

Esta banda também conquistou a atenção da Rádio Antena 3, o tema “Wisky Mundo Novo” foi adicionada à Play-list de onde constaria ainda a presença da banda 2008 com o tema “Bem melhor 12200074”. Outros fenómenos interessantes para além do maior número de concertos, é a qualidade desses concertos. Nas intervistas feitas às bandas, PZ referia o facto de que muitas destas bandas e da sua música “não vai aparecer tão cedo no telejornal das nove ou publicitada num festival”. O certo é que é admirável ver na agenda dos Anaquim a confirmação de presença no festival Sudoeste, um dos 3 maiores do país. Outra banda que se salientou foram os Projecto Fuga, que deram uma entrevista para o site A trompa, para as rádios Antena 1 e Rádio Clube de Portugal. Os Gnomon conquistaram o 5º lugar nos melhores de 2007 (lançado em 2008) da RUC. Os The Clits chegaram ao cartaz do festival de Serralves. João Frade Trio tem uma lista com mais de 15 concertos para os próximos 2 meses. Norberto Lobo estreia-se em Londres este Verão. Os Mikado Lab tiveram direito ao reconhecimento da conceitoada revista de jazz, Jazz.pt, e ainda um destaque do site A Tompa, valorizando o álbum “Baligo”.

14

Magnética Magazine - http://www.magneticamagazine.com/

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Para terminar este rol de notícias escolhi os Kumpania Algazarra. Talvez pelo seu estilo inconfundível e apaixonado, fazendo-nos remeter às fanfarras de Kusturica e à música dos Balcãs, ou simplesmente pela sua vontade de fazer música, foram os mais destacados na imprensa, tendo concertos por Portugal e Espanha. Este recortes pertencem a Revista Visão, jornal Time Out de Lisboa, e nas Crónicas de Victor Sá na Buzz.

Este Verão têm datas para vários festivais espanhóis, e ganharam em 2008 o concurso “Merce a Banda” Internacional de Bandas de Rua de Barcelona. Luís António Rocha n.mec: 31749 01 de Julho de 2009

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No top dos melhores de 2008 da Blitz, os Kumpania Algazarra foram a banda com melhor cotação, das que participaram no KM0, com os Peixe:Avião numa posição abaixo: 30. Aldina Duarte - Mulheres Ao Espelho 29. Projecto Fuga - Fuga 01 28. Alla Polacca - We're Metal And Fire In The Pliers Of Time 27. Rádio Macau - 8 26. We Are The Damned - The Shape of Hell To Come 25. You Should Go Ahead - Emotional Cocktail 24. Dama Bete - De Igual para Igual 23. Men Eater - Hellstone 22. Moonspell - Night Eternal 21. Navegante - Meu Bem, Meu Mal 20. Mafalda Arnauth - Flor de Fado 19. Peixe : Avião - 40.02 18. Kumpania Algazarra - Kumpania Algazarra 17. Bunnyranch - Teach Us Lord 16. Riding Pânico - Lady Cobra 15. Novembro - À Deriva 14. Tiago Guillul - IV

13. If Lucy Fell - Zebra Dance 12. Mão Morta - Maldoror 11. Gala Drop - Gala Drop 10. Nel Assassin - Reconstrução 9. Mariza - Terra 8. Rita Redshoes - The Golden Era 7. Os Pontos Negros - Magnífico Material Inútil 6. X-Wife - Are You Ready For The Blackout? 5. Deolinda - Canção ao Lado 4. Buraka Som Sistema - Black Diamond 3. Foge Foge Bandido - O Amor Dá-me Tesão/Não Fui eu que Estraguei 2. Camané - Sempre de Mim 1. Dead Combo - Lusitânia Playboys

Na revista Ípsilon foram feitas algumas entrevistas, nomeadamente a Nobertos Lobo. Até à data, e pelos dados de 2008, acho que é legitimo dizer que o programa KM0 é importante para este tipo de estilo e de criação musical. O programa, nas palavras de J.P. Simões, tinha como interesse principal “surpreender pessoas com o prazer que (as bandas) suscitaram através da sua música”, foi a motivação de participar no programa que fez as bandas continuarem a trabalhar e a esforçarem-se por serem melhores e terem mais mérito e visibilidade. “Para se ter sucesso em Portugal ainda é preciso ter apenas uma coisa, dinheiro”. A sorte é sempre um factor a ter conta, mesmo quando existe talento.

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Conclusões: Com esta análise apercebi-me de algumas mudanças no jornalismo musical e na forma de se fazer música em Portugal. Existem mais meios para divulgar a música dita underground, há cada vez mais bandas talentosas e com um grau de criatividade muito grande, e há uma efeméride de bandas que fugazmente aparecem e desaparecem, e que lutam contra a Industria Musical divulgando a sua música através da Internet, da edição de autor, ou criando as suas próprias editoras. Apercebi-me que há inúmeros festivais pelo país fora, com estilos bem definidos, muitos deles dedicados às músicas do Mundo (World Music) ou a música Mainstream aliada a uma companhia de cerveja ou a outra fonte de capitalismo. Falta, talvez, apostar mais em festivais para este tipo de bandas e de conceitos, para públicos mais exigentes, ou com outro tipo de conceito como a promoção da novidade. Contudo, o Programa KM0 abriu o caminho e mostrou que é possível fazer-se “melhor” música em Portugal, basta procurar e estudar, faz-se tão boa ou melhor música do que aquela que importamos e que ouvimos nas nossas rádios, esta não é uma opinião pessoal, mas também de muitos consumidores de música, público de alguns concertos destas bandas que tive oportunidade de ouvir ao vivo no teatro Aveirense e em Coimbra. Este estudo, tendo-se distanciado propositadamente da ideia inicial do estudo da música Underground em Portugal e do jornalismo musical em Portugal, converteu-se numa dissecação do programa, KM0, por uma questão de coerência metodológica. O método que usei, que considero eficaz para analisar este movimento musical a um nível etnomusicológico, é apenas uma primeira parte ou capítulo de um grande estudo de jornalismo musical. Muitas questões ficam por responder, muitas ideias por clarificar, mas o mais importante de tudo é que o primeiro passo foi dado, e que finalmente alguém se interessou pela novidade e pela excelência de mentes nobres ou simplesmente experimentalistas, que gostam de música e de arte, e que não a vêm como um fim monetário mas sim um fim lúdico e artístico. Infelizmente, a maior conclusão que tiro deste trabalho é que o dinheiro corrompe a música portuguesa, e muitos em prol do dinheiro deteriora-se a música. Sendo nós estudantes de música, mesmo que erudita, e hipoteticamente com um gosto musical mais apurado, porque não nos preocupamos com o rumo da música portuguesa? Sinto que a música underground em Portugal merece mais respeito e estudo, não só pela sua qualidade, mas também pela sua transparência em definir como pensa e age uma geração jovem e a precisar de ser ouvida. Outra conclusão que tiro desta análise, é que uma banda para ter sucesso, necessita mesmo do ar mediático das televisões e dos meios de propaganda para as massas como são as novelas e os anúncios publicitários. Ter dinheiro é fundamental para que se vendam discos. Uma das razões para muitas destas bandas não terem mais visibilidade está na população a que se

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dirigem. Pelo géneros de concertos, podemos ver que muitas destas bandas já actuaram em palcos das “Queimas das Fitas” ou outros eventos universitários, define-se assim o público alvo, e como é do conhecimento geral e com a crescente taxa de “pirataria” musical, este público não são os consumidores assíduos das discográficas, nem são estes que alimentam os cofres dos produtores e dos estudos de gravação. Com isto, quero dizer que, não compensa monetariamente a nenhum produtor ou editora apostar nestas bandas pois vende poucos discos. Surge assim mais uma questão, será que a política de lucros das editoras não está um pouco ultrapassada? No Brasil as editoras chamam-se “gravadoras”, o que permite a que os discos sejam mais baratos para quem os manda fazer. Penso que o truque passa, como dizem os Nikoula: “faltam ainda – e infelizmente – bons agentes, promotores de eventos e programadores de espaços culturais tomarem essa consciência e decidirem apostar mais seriamente em produções e músicos nacionais”. É de louvar e reproduzir em outros municípios, teatros e salas de espectáculo, eventos como promoveu o teatro Aveirense ao receber as bandas Mikado Lab e Peixe:Avião, ou o trabalho desenvolvido pelo CENTA ou pela ACERT, associações que desenvolvem e divulgam a cultura. Porque cultura não é só música erudita, e porque já Nietzsche dizia: “a vida sem Música seria um erro”, sinto que devemos nos preocupar mais com estas outras correntes de Popular Music, que me Portugal está ainda a nascer. Espero que seja lançada a segunda série do KM0, ainda à espera do consentimento da Rtp2, para que este estudo possa ter mais credibilidade e para que eu tenha uma oportunidade de estudar novas bandas e a fim de traçar a linha de evolução da música Underground em Portugal. Espero que vos tenha cativado para espreitarem o site da RTP e vejam o programa KM015, apresentado por J.P. Simões, com produção BUS.

Para terminar, gostava de deixar um testemunho de ética e estética. “Qual é a sua visão sobre a indústria musical portuguesa em relação aos mercados internos e internacionais? -

É uma visão turva. A indústria é comercio, coisa sobre a qual não tenho opinião especializada: música é poesia, risco, relação com outras coisas que não a expectativa apenas do reconhecimento quantitativo. Trabalho e amor: o público é a entidade mais secundária da Arte e o mercado é anexo ao suburbano.” (J.P. Simões, Anexo I, questão 4a)

15

Programas na íntegra: http://ww1.rtp.pt/wportal/sites/tv/kmzero/

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Bibliografia -

Bennett, Andy; Shank, Barry; Toynbee, Jason (2006) “The Popular Music studies reader”, Edição de Routledge. Londres.

-

Clarke , Eric; Cook, Nicholas (2004) “Empirical Musicology: Aims, Methods, Prospects”, edição: Oxford University Press. Oxford

-

NUNES, Pedro (2004), “Popular Music and the Public Sphere: the Case of Portuguese Music Journalism”, Dissertação de Doutoramento. Universidade de Stirling. Sem edição. Stirling.

-

Sandie, Standley (2001) “The New Grove, Dictionary of Music and Musicians”, Popular Music. Edição: Oxford University Press, Oxford.

-

Wall, Tim (2003) “Studing Popular Music Culture”, edições: Hodder Arnold, Londres.

-

http://ww1.rtp.pt/wportal/sites/tv/kmzero/ (site oficial, RTP)

-

http://bus-kmzero.blogspot.com/ (blog do programa)

-

http://www.myspace.com/quilometrozero (MySpace)

-

http://blitz.aeiou.pt/ (revista Blitz online)

-

http://ipsilon.publico.pt/ (revista Ípsilon online)

-

http://a-trompa.net/ (A-Trompa blog musical)

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Anexos Anexo I – Entrevista a J.P. Simões 1- O início. a) Porque é que foi criado este programa? O Programa nasceu da vontade antiga do produtor José Luís Rei em fazer um programa on the road sobre música portuguesa. Quilómetro Zero seria o mote para encontrar jovens músicos talentosos em começo de carreira. 2- Questões práticas da organização do programa. a) Quais os critérios para a selecção das bandas? Porquê? Os critérios foram sendo inventados à medida da pesquisa, até se chegar aos princípios básicos de selecção: inexistência de contratos e de visibilidade comercial relevante; competência expressiva e, de preferência, alguma originalidade. Depois, a pesquisa revelou o habitual desiquilíbrio entre Litoral e Interior, grandes cidades e outras, forçando a dedicar mais programas a determinadas zonas do que a outras, traçando assim um quadro assimétrico da quantidade e qualidade da criação musical em Portugal. Por último, a escolha dos projectos pré-seleccionados foi feita pela produção do programa, respeitando a soma dos gostos e tendências. b) Porquê o MySpace como ferramenta de selecção? De Outubro de 2007 a Fevereiro de 2008, ouvimos 15 mil sites de música feita em Portugal. A restante pesquisa foi feita através de rádios locais e de boca a boca. Nenhuma outra ferramenta de pesquisa se mostrou tão abrangente e acessível quanto o MySpace. c) Que interesse demonstrou a RTP neste programa e que directivas foram dadas em relação aos grupos gravados? A produtora BUS investiu na criação, estruturação e no programa piloto, aguardando alguns anos até à primeira demonstração de receptividade por parte da RTP. Depois de estabelecido um acordo, a equipa, na figura do seu produtor José Luís Rei, fez garantir à RTP que não existiria qualquer espécie de ingerência do canal nas opções e directivas que a equipa viesse a tomar. 3- As bandas, e o decorrer das entrevistas. a) Quais os principais objectivos destas bandas e dos músicos que as constituem? Todos querem ser ouvidos e, depois, cada um terá a sua ideia de sucesso para cumprir. b)

Que relação nutrem com a indústria musical e a comunicação social?

À partida, não escolhemos projectos que tivessem relações relevantes com a indústria e/ou com a comunicação social: a nosso ver, seria tornar o programa redundante. c)

Para si, qual é a maior dificuldade em apostar nestes projectos?

Nenhuma. Como em tudo, é preciso juntar ao talento e à perseverança, uma boa dose de sorte. d) Há bandas que já tiveram êxito e continuam a crescer, acha que se prende com o facto de terem participado no seu programa?

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Naturalmente que a televisão dá alguma visibilidade, mas o interesse principal do programa foi o de surpreender pessoas com o prazer que suscitaram através da sua música. Isso é motivante. 4- A música portuguesa e a industria musical. a) Qual é a sua visão sobre a indústria musical portuguesa em relação aos mercados internos e internacional? É uma visão turva. A indústria é comércio, coisa sobre a qual não tenho opinião especializada: música é poesia, risco, relação com outras coisas que não a expectativa apenas do reconhecimento quantitativo. Trabalho e amor: o público é a entidade mais secundária da arte e o mercado é anexo ao suburbano. b)

Quais são os principais “ingredientes” para ter o sucesso comercial em Portugal?

Ter dinheiro. c) O que será mais importante? Ser “reconhecido” (vender) ou criar música com liberdade e sem olhar aos resultados, apenas pelo instinto de se fazer arte? Depende do que é importante para quem faz música. O principal é ser múltiplo, livre e reconhecido: o tempo, em geral, assiste a quem o assiste.

Anexo II – Ficha de análise:

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Anexo III – Lista de Influências e o número de bandas que as referenciou: 2001 Odisseia no Espaço OST

1

Bobby McFerrin

1

Abby Rode

1

Breeder

1

Acordeon Romantic Colection

1

Burt Bacharach

1

Al di Meola

1

Camel (dark side of Moon)

1

Alan Girberg

1

Carlos Bica

1

Alice in Chanes

1

Carlos Paredes

4

Amelie OST (Yann Tiersen)

1

Charles Mingus

2

Amsterdam Klezman Band

1

Cick Corea

1

Ana Faria

1

Cinematic Orchestre

1

Anos Dourados da canção Italiana

Clash

1

1

Closer OST

2

Anthony Jackson

1

David Bowie

2

Antibalas

2

Dead can dance

2

Arvo Part

1

Dead Kennedys

1

At the drive In

1

Deep Purple

1

Ataraxia

1

Deus

2

Audioslave

1

Devo

1

Baader Meinhof

1

Dino Saluzi

1

Bach J.S.

1

Dj Vadim

1

Bahaus

3

Django Reinhardt

1

Beasty Boys

1

Dori Caymmi

1

Bech

1

Edu Miranda

1

Beethoven

1

Egberto Gismonti

1

Bela Fleck and the Fleck Tones

1

Eletric Gypsy Land

1

Black Sabat

1

Elliot Smith

1

Black Velvet

1

Elvis Presley

1

Blur

1

Erik Truffaz

1

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Eugénio Lima

1

John Coltrane

4

Fausto

3

John Mclaughlin

1

Fear Factor

1

Joni Mitchell

1

Feed

1

Jorge Palma

2

Fela Kuti

1

José Afonso

3

Felix Kubin

1

José Mario Branco

3

Filó Machado

1

Joshua Redwin

1

Finger Sticks

1

Joy Division

1

Frank Zappa

4

Júlio Pereira

1

Franz Ferdinand

1

Kal

1

Garid Blak

1

Keith Jarrett

3

Gavona

1

King Crimson

1

Gismonti

1

Kraftwerk

2

Grand Thomas

1

Kusturica

1

Groren Gregorovisch

1

Led Zeppelin

2

Haja Steely Dan

1

Leonard Cohen

2

Hard Floor

1

Linkin Park

1

Heitor Villa-Lobos

1

Los Alegres Colombianos

1

Herbie Hancock

1

Luciano Berio

1

Hermeto Pascoal

2

Madness

1

I am Sam OST

1

Mão Morta

1

Isaac Eyes

1

Marc Berthoumieux

1

Isequiel

1

Maria João e Mario Laginha

2

Ivan Lins

1

Marvin Gaye

1

Jacke Mittoo

1

Mercury Rev

1

James Last (Beatles)

1

Mesa

1

Jeff Buckley

3

Metalica

1

Jesus and Marie Chane (Candy)

3

Michel Petrucciani

1

Jesus Christ Superstar OST

1

Miles Davis

4

Jim Morruke

1

Morgan Geist

1

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43

Disciplina de Seminário

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MotorHead

1

Revolver

2

Mr Bungles

3

Rian In

1

Neil Young

2

Richard Bona

1

Neon Golden

1

Robert Frit Brian In

1

Nick Cave

2

Robert Johson

1

Nick Drake

1

Robert Whites

1

Nirvana

5

Royksoop

1

Nuno Prata

1

Rufus Wainwright

1

Oasis

1

Sabina Xanadu

1

Ocibisa

1

Salif Keita

1

Ojos de Burro

1

Sepultura

1

Os poetas OST

1

Sergio Godinho

3

Overkill

1

Sétima Legião

1

Paco de Lucia

1

Smashing Pumpkins

3

Pat Metheny

1

Sô Jorge

1

Paulo Gomes Emsemble

1

Space Boys

1

Pearl Jam

1

Steave Gadd

1

Pink Floyd

1

Stevie Wonder

1

Pixies

2

Stone Temple Pilots

1

Pizzicatos 5

1

Suite Afrincane

1

Pole

1

Suspicious

1

Primus

3

Sven Venid

1

Prodigy

1

Take 6

1

Queens of the Stone Age

1

Tertúlia Coimbrã de Miratejo

1

Quinteto Tati

1

The Beach Boys

1

Radiohead

2

The Beatles

6

Rage Agaist the Machine

2

The Doors

2

Rammstein

1

The Fall

1

Red Hot Chili Peppers

2

The Lookest

1

Resistência

1

The Queen

1

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The Sins

1

Tosca

1

The Smiths

1

Trance Balcanic Experienc

1

The Stranglers

1

Tuniko

1

The Virgin Suicides OST (Air)

1

Upalapushvinishas

1

Thelonious Monk

1

Vaia

1

To My Boy (liverpool)

1

Vitalogy

1

Tom Waits

2

Viviane

1

Tony Allen

1

Weather Report

2

Tool

1

Wily Colón (trombone)

1

Tortuase TNT

1

Yellow Jackets

1

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Anexo IV – Lista do top 40 de influências: Antibalas

2

Leonard Cohen

2

Bahaus

3

Maria João e Mario Laginha

2

Carlos Paredes

4

Miles Davis

4

Charles Mingus

2

Mr Bungles

3

Closer OST

2

Neil Young

2

David Bowie

2

Nick Cave

2

Dead can dance

2

Nirvana

5

Deus

2

Pixies

2

Fausto

3

Primus

3

Frank Zappa

4

Radiohead

2

Hermeto Pascoal

2

Rage Agaist the Machine

2

Jeff Buckley

3

Red Hot Chili Peppers

2

Jesus and Marie Chane (Candy)

Revolver

2

3

Sergio Godinho

3

John Coltrane

4

Smashing Pumpkins

3

Jorge Palma

2

The Beatles

6

José Afonso

3

The Doors

2

José Mario Branco

3

Tom Waits

2

Keith Jarrett

3

Weather Report

2

Kraftwerk

2

Led Zeppelin

2

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Orientador: Jorge Castro Ribeiro Quilometro Zero (KM0)

Anexo V – Entrevista às bandas: Entrevistas às bandas: NANOOK Oi Luís, mil desculpas por só agora responder, mas por vezes o tempo é muito pouco!Desde já agradeço o convite e desejo o melhor para o teu trabalho! Respondendo ao questionário: (1) Tanto a nível profissional como a nível pessoal, o convite e a participação no programa Km0 foi bastante positivo. Sabe-se que a televisão abrange um maior numero de ouvintes e a escolha da nossa banda foi uma gratificação para o nosso trabalho! (2) Como consequência observaram-se mais comentários por parte da audiência e fomentou um maior numero de visitas no myspace da banda, originando também um maior numero de convites para tocar ao vivo fora do circuito habitual. (3) Naturalmente a banda continuou e continua a trabalhar, mas nada a ver com a participação no programa...É um processo natural! Como a propria televisão impõe, tudo é mediátio, tudo apenas conta na altura...Passado 5 meses, já não se observa grandes consequências da participação no programa Km0! (4) Isto talvez pela continuidade do programa e pela audiência, no entanto valorizamos, como qualquer músico Português, a existência de programas televisivos como o Km0, pois de algum modo divulgam a música moderna feita em Portugal por músicos e bandas menos conhecidas! É no entanto de salientar o facto de não haver mais programas televisivos com este tipo de conteúdo e a passar em canais televisivos mais mediáticos e com mais audiência! (5) Essa resposta, espero que nos venhas dizer depois do teu trabalho concluído:) A tendência (da música) infelizmente em Portugal, será aquela que as grandes editoras e produtoras quiserem, no entanto esperemos que seja por pouco tempo pois novos caminhos estão a ser traçados, novos meios estão a ser cada vez mais utilizados e claro, haverá sempre a alternativa na musica e mais poder de escolha por parte dos ouvintes...Uma delas a Internet! Quanto a nos, o que conta, é continuarmos a tocar, a compor e a transmitirmos os nossos sentimentos através desta linguagem universal que é a musica! Jazztaparta De uma forma resumida: O impacto do convite para participar neste programa foi principalmente a surpresa. A nossa actividade musical foi sempre motivada pela amizade, convivio, experimentação musical e proporcionar bons momentos a quem nos ouvia. Nunca levamos muito a sério o destino da banda profissionalmente. Paralelamente à participação no programa, isto é antes da emissão, a solicitação para fazer concertos foi aumentando. Após a emissão, o que se destacou mais foi a recepção de mensagens de reconhecimento por pessoas que já nos conheciam e por pessoas que

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nos conheceram através do programa. Da nossa parte o efeito do programa não foi mais longe do que isto porque na mesma altura tivemos de deixar de tocar. Talvez um pouco pelo "susto" de a música passar a ser uma coisa séria, alguns membro decidiram largar o projecto para uma mais profunda aprendizagem da música outros para se concentrarem nas profissões não musicais. No entanto ficamos com uma noção do poder que a participação num programa destes pode ter, principalmente se explorada esta oportunidade por parte dos projectos. Neste momento viu-se que muitos dos projectos selecionados tinham tudo para arrancarem a sério precisando apenas do empurrão mediatico. O método deste programa parece-me justo e de bom gosto, mas a verdade é que os lançamentos gigantes fazem-se de outras formas menos elegantes e injustas: padrinhos, novelas, publicidade, etc... A continuação deste tipo de programas deverá então continuar, mesmo que não chegando a toda a gente, pois pela nossa experiência, quem realmente se interessa por música e novos projectos não os vai perder. Abraço e bom trabalho! João Araújo (teclista Jazztaparta) Mad Man Underground Caro Luis, antes de mais muito obrigado pelo teu contacto, creio (quem está a escrever é a Sónia) que o teu projecto de seminário é muito interessante e pertinente. Infelizmente não te podemos ajudar para a tua base de dados na medida em que o projecto MadMan Underground terminou pouco tempo antes do programa ir para o ar. A verdade é que questões de ordem profissional dos membros da banda, aliados à distância geográfica, inviabilizaram, com muita pena nossa, a continuação do projecto. Quem sabe um dia possamos voltar a trabalhar juntos, mas por agora é muito complicado. Desculpa não te poder ajudar mais. Desejo-te muita sorte e continuação de um bom trabalho. Um abraço Sónia Codinha U-clic Olá Luis, seguem as respostas de U-Clic. Bom trabalho. Abraço

1. Qual foi o impacto que sentiram ao participar no programa? Porquê?

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Devido ao facto de o target de um programa destes ser semelhante ao target de UClic, concerteza que foi mais uma maneira de poder mostrar o que fazemos a pessoas que gostam, procuram e escolhem a musica que ouvem sem qualquer tipo de formatação à partida. 2. Em que é que se observou? É sempre complicado avaliar esse tipo de impacto. 3. O que é que mudou na carreira da banda depois de aparecerem na televisão? Apesar de não ter sido a primeira vez que o projecto U-Clic apareceu na televisão, a participação em programas do genero do KM0, não muda propriamente carreiras, ajudam é a consolidar uma ideia de escolhas de caminhos e a mostrar o que se faz às pessoas certas. O nosso caminho já foi escolhido à muito tempo e quando passa por televisão é em programas de qualidade como este e não a vender telemóveis ou a musicar casos amorosos em qualquer novela televisiva. 4. Na vossa opinião qual é a importância de um programa destes? É fundamental, porque nas televisões nacionais não existe divulgação da musica que se faz em Portugal fora dos meios mais mainstream. 5. Acham que o programa teve influência na vida musical em Portugal? porquê? Teve concerteza. Quanto mais não seja porque deu visibilidade a um mundo que existe fora da esfera populista das televisões. 6. Que perspectivas têm para o futuro da música em Portugal? Quanto ao futuro da musica não fazemos ideia. quanto ao presente... faz-se muito boa musica em Portugal e divulga-se mal, nos sítios errados e normalmente sem conhecimento do que se passa...o KM0 foi sem duvida uma excepção à regra. Carlos Peninha Olá em primeiro lugar o convidado era eu proprio decidi mostrar um pouco do meutrabalho com os cantos da lingua da acert e um tema meu com a cantora mariana abrunheiro. ela fez um, casting e está nos madredeus 1. Qual foi o impacto que sentiram ao participar no programa? Porquê? tenho 47 anos ja fui a muitos programas de tv foi mais um nada de especial, alguma espectativa mas rtp2 nao tem amostragem significativa és mais divulgado no fatima lopes do que na rtp2 2. Em que é que se observou? alguns amigos e curiosos musicos viram

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3. O que é que mudou na carreira da banda depois de aparecerem na televisão? Nada 4. Na vossa opinião qual é a importância de um programa destes? é bom poder aparecer a tocar ao vivo 5. Acham que o programa teve influência na vida musical em Portugal? porquê? como diria um produtor: para vender um projecto diz me quanto dinheiro tens , depois se a musica nao for boa eu arranjo-te outra qualquer 6. Que perspectivas têm para o futuro da música em Portugal? só a teimosia dos projectos os faz existir e só podes ser musico se tiveres outras formas de ganhar dinheiro, ou o teu projecto um dia se converter num negocio rentavel exemplos xutos e pontapes uhf gnr quase nunca sucesso é sinónimo de qualidade LALALA RESSONANCE 1 - O impacto nota-se fundamentalmente nas felicitações e mensagens via myspace e algum burburinho de imprensa. Na altura da nossa participação o jornal Expresso fazia uma reportagem sobre o programa, acabamos por aproveitar as duas montras. 2 - É dificil medir os reflexos do impacto, podes no entanto presumi-los: casuais ou intencionais são sempre milhares de espectadores. 3 - A carreira de uma banda não é suposto mudar por causa de um programa de televisão. Não estarás a sobrevalorizar o poder da caixa mágica? 4 - É naturalmente importante, mais do que tudo, porque a selecção nos pareceu muito lúcida e representativa dos vários modos e direcções possíveis para a música dita independente em portugal. 5 - Provocou sinergias, contacto entre bandas e público, entre bandas e bandas, entre bandas e imprensa. 6 - O futuro da música passa pelo entendimento, cada vez mais obvío, da necessidade de ultrapassar fronteiras. O conceito "música portuguesa" é um rótulo mais adequado ao Rui Veloso ou ao André Sardet. Música a metro para mercado interno. Abraço, Boa sorte, espero ter sido útil este modesto contributo.

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PZ Olá Luís, daqui PZ. http://www.myspace.com/pzpimenta 1.Senti um impacto positivo, um "boost" de confiança na música que faço, e o orgulho de ter alguém realmente interessado no meu projecto, dispostos a divulgar um género de música que não vende tão bem, que não é mainstream, basicamente que não é a música que normalmente entope os nossos dias na televisão, num café, num bar, num taxi, etc. 2. Desculpa, não percebi muito bem esta pergunta... Mas tenho que referir que a equipa do KM0 foi fantástica, a maneira como nos tratam não tem reparos. Muito simpáticos, motivados com o que estavam a fazer, o JP Simões pôs me logo à vontade desde que nos conhecemos, e ele tem um sentido de humor que ajuda claramente uma pessoa a estar relaxada sem pensar muito no processo "filmático" que de repente se instalou no meu estúdio de música. Foi uma óptima experiência, tudo organizado e preparado ao pormenor, eles mais do que ninguém, merecem o sucesso do programa porque trabalharam para isso. 3. Realmente senti que depois de aparecer na televisão a exposição de um músico aumenta. Como exemplo concreto posso referir que a minha página do mySpace duplicou em visitas diárias, e recebi feedback positivo de pessoas que deixavam comentários a dizer que me tinham visto no KM0 e tinham gostado, pessoas que nunca tinham ouvido falar no "PZ" agora já o tinham visto no seu estúdio a cantar ao vivo, a falar um bocado sobre música com o JP Simões, viram parte do meu videoclip; fiquei surpreendido por ter "resultados imediatos". 4. Acho que este programa é importante a partir do momento em que dá a conhecer ao público música que não vai aparecer tão cedo no telejornal das nove ou publicitada num festival "Super-rock, super-bock," ou num "rock in Rio". São bandas novas que estão a começar e que produzem música no mínimo interessante e que cresceram em Portugal. Há que dar tempo de antena a estes músicos com alma do norte, do sul, do centro, dar mais oportunidades a músicos que tem a coragem de desenvolver projectos alternativos em Portugal. E acho que este parágrafo responde um bocado às perguntas 5 e 6. Mikado LAB 1. . Qual foi o impacto que sentiram ao participar no programa? Porquê

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O km0 deu sem duvida oportunidade a todos os projectos que reuniu e é sempre importante participar num acontecimento tão extenso e essencial que deu tanto a informar, e para nós foi talvez a única maneira de aparecer na televisão! eu não vejo televisão sou alérgico e não tenho tempo. mas fiz questão de seguir o programa. 2. Em que é que se observou? O interesse foi geral e muito positivo e compensador para quem fez e participou. 3. O que é que mudou na carreira da banda depois de aparecerem na televisão? Mudou o numero de solicitações através da pagina myspace e também contactos para concertos. 4. Na vossa opinião qual é a importância de um programa destes? De grande importância, estão de parabéns. acho que vem outro a seguir! espero que sim. 5. Acham que o programa teve influência na vida musical em Portugal? porquê? Sem duvida que sim porque deu a conhecer muitas maneiras e abordagens de se criar e fazer musica. 6. Que perspectivas têm para o futuro da música em Portugal? As mesmas de sempre...ter concertos, gravar álbuns e continuar inspirado com tanta musica para ouvir e fazer. Marco Franco, Obrigado Luis e desculpa o atraso!

Nikoala 1. Qual foi o impacto que sentiram ao participar no programa? Porquê? 2. Em que é que se observou? Connosco o impacto não foi significativo. O tipo de som que produzimos será sempre empurrado para uma "alternativa à alternativa". O nosso projecto é um complemento para outras manifestações, não vive do mediatismo usual que qualquer banda de pop ou rock necessita para se dar a conhecer. É um projecto mais de laboratório, de investigação sonora em estúdio e de trabalho de campo. Com Nikouala, não fazemos o percurso tradicional de uma banda - ambos fazemos ou fizemos parte de outro tipo de projectos que poderiam ser mais beneficiados mediaticamente com este programa. Mas foi agradável participar, recebemos algumas mensagens positivas de algumas pessoas e ficámos com um registo de vídeo em que existiu uma ligação do figurado

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barcelense - no caso, a Rosa Ramalho - com a nossa música, o que é importante ao nível de arquivo, tanto nacional como regional. 3. O que é que mudou na carreira da banda depois de aparecerem na televisão? No nosso caso não mudou em praticamente nada. Nikouala são dois artistas, músicos e produtores que normalmente trabalham em bandas-sonoras e criação de sonoplastia. Raramente tocamos ao vivo e quando o fazemos é sempre enquadrado em situações específicas, como numa performance relacionada com as artes plásticas, o teatro ou o cinema. 4. Na vossa opinião qual é a importância de um programa destes? Muito do público de tendência generalista ficou mais consciente de que existe mais música em Portugal que não apenas aquela que é feita com o apoio da grande indústria discográfica e dos canais mainstream da rádio e televisão. Houve, também, o demonstrar que Portugal não é só Lisboa, que existe mais para além disso. Ajudou a demonstrar que as cidades portuguesas não estão mais atrasadas que a sua capital e que até se supera, em muitos dos casos, aquilo que se faz em Lisboa. Demonstrou que Portugal é culturalmente mais desenvolvido do que aquilo que se pensa. Foi um bom contributo por parte da produtora do programa e da RTP2. 5. Acham que o programa teve influência na vida musical em Portugal? Porquê? Sim, soubemos da parte de algumas das bandas que participaram que tiveram propostas para tocar, fazer concertos, e algumas até interesse na edição de um disco. É muito importante existirem cada vez mais programas deste e esperamos que o Km0 continue a viajar pelo país a mostrar bandas. Tem de existir mais democratização e independência nos media e este é um bom exemplo do que se pode fazer. 6. Que perspectivas têm para o futuro da música em Portugal? A música produzida em Portugal tem, na nossa opinião, cada vez mais qualidade. Pensamos que, progressivamente e ao longo do tempo, será mais fácil olharem para os músicos portugueses que se dedicam a uma vertente mais contemporânea e/ou alternativa como uma mais valia no que se faz cá. Para já faltam ainda - e infelizmente - bons agentes, promotores de eventos e programadores de espaços culturais tomarem essa consciência e decidirem apostar mais seriamente em produções e músicos nacionais. Rui Gaio – Petzel Caro Luís, Como solicitado segue a minha análise: Ser documentado no KM0 fez-me sentir seguro em relação ao registo histórico da minha passagem no panorama musical popular emergente. O impacto que causou na minha pessoa foi substancial pois vi-me retratado ao lado de músicos que muito admiro e que aos poucos têm visto o seu trabalho reconhecido. Não duvido que o Luís António Rocha n.mec: 31749 01 de Julho de 2009

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meu trabalho também virá a ser reconhecido num futuro qualquer, mas, ao figurar na única série documental televisiva das últimas décadas sobre nova música portuguesa faz-me sentir um degrau acima na difícil escalada rumo à auto-realização. Ao condensar uma pequena selecção da nova música portuguesa de uma forma séria, inteligente e ao mesmo tempo descontraída, a equipa do KM0 abriu um precedente que poderá inspirar a classe dos jornalistas a se reaproximar da arte, e em especial da música, como fonte de notícias e reportagens, devolvendo a devida visibilidade a quem se esforça todos os dias pelo enriquecimento da cultura popular. A verificar-se essa continuidade, a população em geral irá perceber que no nosso pais continua a existir uma efervescente actividade musical que labora à margem, fazendo mais gente aproximar-se de uma imensa minoria que a aprecia e dela tira experiências ricas, quer através da escuta e interacção directa na rede Myspace, quer através de concertos pelo circuito nacional de pequenos concertos. Espero que ajude, um abraço, Rui Gaio – PELTZER

Anexo VI – J.P.Simões, nota JP Simões é um cantor e compositor português. É um artista que passou pelos projectos Pop Dell’Arte, Belle Chase Hotel e Quinteto Tati. Biografia: João Paulo Simões de seu nome, é conhecido por J.P. (leia-se "JêPê"). Nasceu em Coimbra em 1970, mas ainda criança emigrou para o Brasil. Regressou a Portugal e mudou-se para Lisboa, onde se licenciou em Comunicação Social, tendo encetado o retorno a Coimbra para participar na fundação dos Belle Chase Hotel. Belle Chase Hotel e Quinteto Tati têm sido os habitats onde J.P. Simões tem concebido e produzido muitas das composições com que se foi distinguindo como magnífico escritor de canções e intérprete. Em 2003 foi levado ao palco, através da encenação de João Paulo Costa e da companhia do Teatro do Bolhão, a "Ópera do Falhado", projecto cujo texto saiu da pena de JP Simões e a música foi composta a meias com Sérgio Costa, eterno companheiro de lides, nos Belle Chase Hotel e no Quinteto Tati. O libreto da ópera foi publicado pela editora "101 Noites", em 2004. Em 2006, preparou um novo espectáculo intitulado de "Canções do jovem cão" e anunciou o lançamento da sua carreira a solo. Foi ante-estreado em 2006 o filme de animação Jantar em Lisboa, com desenhos e realização de André Carrilho e textos e banda sonora de J.P. Simões. Foi ainda nesse ano que estreou no cinema o filme "Pele", realizado por Fernando Vendrell, com banda sonora de J.P. Simões.

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O seu primeiro disco em nome individual, com o título de "1970", é editado no início de 2007. O disco recebeu elogios dos críticos. O público também se rendeu ao trabalho, tendo o álbum passado pelo top 30 de discos mais vendidos em Portugal durante 3 semanas, tendo chegado ao 12º lugar. No Outono de 2007, é publicado o livro "O Vírus da Vida", contos de J.P. Simões, ilustrados por André Carrilho. Em 2009 é editado o álbum "Boato", registo do concerto ao vivo onde recupera canções gravadas pelos grupos por onde passou. Discografia: 1970 (2007) Boato (2009) Compilações Tribute to Scott Walker (2005) - Rosemary Uma Outra História (2005) Colaborações: Rodrigo Leão - Pásion (apenas em concertos) Riciotti Ensemble Lusitano Tour (2002) Wordsong (2002) Couple Coffee (2005) Cindy Kat (2006) Grupos: Pop dell'Arte Belle Chase Hotel Quinteto Tati - álbum e participação na compilação "3 Pistas" Livros: Próteses O Vírus da Vida (2007)

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