La Tribuna e a ditadura cívico-militar de Alfredo Stroessner no Paraguai (1978-1979)

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Anais do II Simpósio Internacional Pensar e Repensar a América Latina ISBN: 978-85-7205-159-0

La Tribuna e a ditadura cívico-militar de Alfredo Stroessner no Paraguai (1978-1979) Paulo Alves Pereira Júnior Mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em História Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista, Campus de Assis E-mail: [email protected]

Resumo: O objetivo desse trabalho é identificar o papel oposicionista do jornal paraguaio La Tribuna ao governo de Alfredo Stroessner entre novembro de 1978 e janeiro de 1979. Para isso, analisaremos reportagens encontradas nas seções de “economia” e de “política”, textos opinativos redigidos por Juan Andrés Cardozo – colaborador da folha – e editoriais escritos pelo proprietário do veículo, Oscar Paciello. Palavras-Chave: Imprensa; Paraguai; Stronismo. Resumen: El propósito de este trabajo es identificar el papel opositor del periódico paraguayo La Tribuna al gobierno de Alfredo Stroessner entre noviembre de 1978 y enero de 1979. Para eso, analizaremos los reportajes encontrados en las secciones de “economía” y de “política”, los artículos de opinión redactados por Juan Andrés Cardozo – colaborador del diario – y los editoriales escritos por lo propietario del vehículo, Oscar Paciello. Palabras clave: Prensa; Paraguay; Stronismo. Introdução: De acordo com Ciro Marcondes Filho, a criação de um veículo comunicativo impresso é a forma de repercutir as posições de certos grupos políticos ou econômicos através de uma estrutura industrialtecnológica que se proclama como detentora da “verdade” (MARCONDES FILHO, 1986, p. 11). Juarez Bahia destaca que esse sistema se preocupa com os interesses ideológicos, com as exigências do lucro e com o controle propagandístico (BAHIA, 1971, p. 39). Os pontos elucidados pelos autores caracterizam a trajetória do jornal paraguaio La Tribuna. Fundado em 31 de dezembro de 1925 pelo ex-presidente Eduardo Schaerer (1873-1941), o periódico tinha a função de ser porta-voz do setor radical do Partido Liberal, a qual Schaerer pertencia (CRICHIGNO, 2010, p. 346-347). Nessa época, a situação político-econômica do Paraguai era incerta e havia uma grande concorrência jornalística, fruto da liberdade de expressão que o país vivia. Esses fatores dificultaram os primeiros meses de existência da gazeta. Não obstante, o meio impresso despertou o interesse do público e conquistou 1

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leitores assíduos (LA TRIBUNA, 31/10/1965, p. 19). Nos primeiros anos, a folha desenvolveu uma sólida administração que lhe permitiu estabilidade econômica e a organização de um sistema de distribuição a nível nacional. Com o tempo, deixou de atender aos interesses de membros da ala radical do Partido Liberal e voltou-se às informações gerais da sociedade (GONZÁLEZ DE BOSIO, 2008, p. 232). A Guerra do Chaco, conflito bélico entre Paraguai e Bolívia pela posse da região do Chaco Boreal, iniciou-se em 1932 e mobilizou a população de ambos os países. Nesse período, La Tribuna defendeu os direitos da nação sobre o território disputado e fortaleceu o moral dos combatentes. Após o término da guerra, em 1935, o diário homenageou os militares e os governantes que atuaram durante a contenda (LA TRIBUNA, 31/10/1965, p. 20). Através de uma quartelada militar, Rafael Franco assumiu a presidência em fevereiro de 1936. No mês seguinte, o Primeiro Governo da Revolução publicou o decreto 152, o qual determinou que as manifestações de organizações partidárias ou sindicais que não atendessem ao ideário da nova gestão seriam proibidas por um ano (MARIÑAS OTERO, 1978, p. 185). Em virtude da postura ideológica de seus diretores, o veículo foi fechado pela administração de Franco e reaberto em 1937, quando Félix Paiva assumiu a Presidência da República (LA TRIBUNA, 31/10/1965, p. 21). O presidente José Felix Estigarribia emitiu, em 1940, o decreto 1776, cuja função foi limitar a liberdade de imprensa no país (NERI FARINA, 2003, p. 263). No ano seguinte, o presidente Higinio Morínigo criou o Departamento Nacional de Prensa y Propaganda (DENAPRO). O propósito principal desse órgão era controlar os meios de comunicação (GONZÁLEZ DE BOSIO, 2008, p. 207). Nesse período, a gazeta foi obrigada pelo DENAPRO a substituir sua administração por funcionários governamentais. Após três anos, Arturo Schaerer (1907-1979) – filho de Eduardo – assumiu a direção do periódico e o transformou em uma empresa independente1 que alcançou, tempos depois, a hegemonia no mercado jornalístico paraguaio (LA TRIBUNA, 31/10/1965, p. 20-21). Nessa gestão, o jornal foi lançado diariamente e ampliou-se, sendo composto por doze páginas e dois cadernos. Era constituído pelas seguintes seções: notícias internacionais e nacionais, esportes, mulheres e informações do interior do país. Estrategicamente, La Tribuna suprimiu o campo editorial que opinava sobre os principais assuntos da sociedade. Eliminando tal espaço crítico, deixou de ser um veículo reconhecido por seu “foro de discussão” político e transformou-se em um periódico preocupado com assuntos triviais (ORUÉ POZZO, 2007, p. 150-153). Em 1954, iniciou-se a ditadura cívico-militar2 de

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Hector Borrat acredita que o veículo escrito independente apenas depende de seu grupo empresarial (BORRAT, 1989, p. 67). Benjamín Arditi (1992) define o governo de Stroessner como um poder militar dominante na política que contou com o apoio expressivo de uma parte da sociedade. 2

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Alfredo Stroessner. Sua gestão caracterizou-se por recriar um sistema que reprimiu as críticas realizadas à presidência. Dentre os alvos da repressão estatal estavam os jornalistas e determinados meios de comunicação. O item 73 da Constituição de 1967 decretou livre a atividade jornalística e desautorizou a publicação de temas considerados imorais (MARIÑAS OTERO, 1978, p. 228). Ademais, o artigo 71 proibiu o desenvolvimento de uma ideologia de luta de classes e de apologia ao crime ou à violência. O documento constitucional também incluiu o parágrafo 79, cujo escopo era legalizar o Estado de Sítio, parcial ou total, sancionado a cada noventa dias e seguidamente renovado (MARIÑAS OTERO, 1978, p. 227-229). Em 1970, o governo ratificou a lei 209, nomeada De Defensa de la Paz Pública y Libertad de las Personas. Seu oitavo item cerceou a liberdade de expressão e condenou por até cinco anos de prisão todas as pessoas que possuíssem, vendessem ou distribuíssem revistas e jornais que defendessem a doutrina de uma organização que pretendesse destruir o regime vigente (GONZÁLEZ DELVALLE, 2014, p. 79). Tais regulamentos jurídicos legitimaram as ações arbitrárias dos órgãos estatais durante a presidência de Stroessner. Os periódicos que manifestavam opiniões contrárias ao governo foram fechados com a justificativa de estarem incentivando o ódio entre os paraguaios (NERI FARINA, 2003, p. 263-264). Os meios impressos durante o stronismo3 foram administrados por três grupos sociais: empresariado, partidos políticos e Igreja Católica. Os principais veículos independentes do período eram ABC Color, El Día, El Independiente, El País, Hoy, La Mañana, La Tribuna e Última Hora. Setores eclesiásticos opositores ao regime manifestaram-se através dos periódicos Comunidad e Sandero. Dentre as gazetas vinculadas aos agrupamentos políticos ressaltamos: Adelante!, do Partido Comunista Paraguaio; El Enano, do Partido Liberal; El Pueblo, do Partido Revolucionário Febrerista; El Radical, do Partido Liberal Radical; e Patria, do Partido Colorado. La Tribuna começou seu processo de decadência após a fundação do diário ABC Color em 1967, deixando de ser o principal veículo da grande imprensa4 paraguaia (ORUÉ POZZO, 2007, p. 170). Em 25 de dezembro de 1977, a empresa jornalística encerrou suas atividades e, na primeira página, publicou uma nota de esclarecimento aos seus leitores, comprometendose em voltar dentro de três meses com uma nova vestidura.

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Apesar de encontrarmos em algumas obras as terminologias stronato ou stroessnerismo, adotaremos a expressão stronismo, frequentemente utilizada por pesquisadores paraguaios que estudam a ditadura de Stroessner. 4 Maria Aparecida de Aquino entende a “grande imprensa” como os meios comunicativos que possuem uma circulação diária ou semanal e que apenas dependem do financiamento publicitário (AQUINO, 1999, p. 37).

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O retorno de La Tribuna ocorreu em 19 de novembro de 1978. Seu novo proprietário era Oscar Paciello (1932-1998), advogado e membro do Partido Colorado. Nessa gestão, o diário apresentou um conteúdo mais crítico e contabilizava cerca de vinte páginas. Seu valor era de vinte mil guaranis e contava, aproximadamente, com vinte empresas que enunciavam em suas laudas. O número de exemplares lançados não era informado. Entretanto, acreditamos que manteve a média diária de sessenta mil edições impressas5. Dividia-se em dezenove seções: política, governo, economia, tecnologia, Igreja, indigenismo, educação, saúde, editorial, opinião, empresarial, cidade, exterior, arte/espetáculos, interior, sociais, esportes, feminina e suplemento cultural. Divulgava notícias das seguintes agências internacionais: United Press International, Agence France-Presse, Reuters, Agencia Latinoamericana de Información, Agenzia Nazionale Stampa Associata e Inter Press Service. O jornal era publicado pela Editorial Gráfica S.A., distribuído em vinte bancas da capital paraguaia e localizava-se na rua 15 de Agosto, na região central de Assunção. A taxa de crescimento populacional no quinquênio 1975/1980 foi de 3% (4,2% entre a população urbana e 2,1% entre a população rural). O Paraguai contava com três milhões e cem mil habitantes, sendo que 42,1% residia no âmbito urbano e 57, 9% no setor rural (UNESCO, 1981, p. 24). Nesse período, a taxa de analfabetismo do país era de 19,9% (UNESCO, 1981, p. 10). As informações da situação social e demográfica corroboram com a afirmação de que o país possuía um considerável público-leitor, sobretudo nas áreas urbanas. As informações sobre La Tribuna são exíguas, por essa razão, perfilar a idiossincrasia de seus leitores é uma tarefa complexa. Entretanto, ao observarmos o conteúdo das edições do diário, acreditamos que empresários, estudantes, clérigos, políticos, sindicalistas, líderes sociais, trabalhadores urbano-industriais, artistas e intelectuais formavam o seu público. La Tribuna circulava, predominantemente, na região metropolitana de Assunção e em poucas áreas urbanas do interior. Este trabalho pretende identificar a oposição desenvolvida por La Tribuna ao governo de Alfredo Stroessner entre 19 de novembro de 1978 e 03 de janeiro de 1979. Para tal, analisaremos reportagens existentes nas seções de “política” e de “economia”, artigos opinativos redigidos por Juan Andrés Cardozo – colaborador do jornal – e editoriais escritos por Paciello. Consideramos o referido periódico como fonte principal de nossa análise e objeto central desse texto. A seguir, apresentaremos certos referenciais para a análise dos materiais jornalísticos. Aspectos teórico-metodológicos nas pesquisas de fontes impressas

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Estimativa pautada na quantidade de exemplares impressos e circulados a partir de 1966 (La Tribuna, 31/12/1965, p. 22).

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Para conseguirmos desenvolver o objetivo proposto, necessitamos de um arcabouço teóricometodológico que nos auxilie nas investigações das edições de La Tribuna. De acordo com Tania Regina de Luca, em uma pesquisa hemerográfica, deve-se observar certas estruturas técnicas e produtivas dos periódicos, como a aparência física (papel, formato, capa), a divisão e a composição do conteúdo publicado, as relações com o sistema comercial, o público pretendido e os objetivos propostos. Também é importante atentar-se às motivações que levaram certo acontecimento a ser publicado por um veículo comunicativo. Por essa razão, o conhecimento dos responsáveis pela linha editorial auxilia na compreensão das distintas linguagens políticas existentes nesse espaço intelectual (LUCA, 2008, p. 132-141). Ao destacar que a imprensa age dentro do plano político-ideológico (ZICMAN, 1985, p. 90-93), Renée Barata Zicman expõe o modelo desenvolvido por Pierre Albert para examinar o conteúdo dos veículos impressos: “atrás”, “dentro” e “em frente” dos periódicos. O “atrás” do jornal corresponde aos elementos essenciais para a sua realização: proprietários, redatores, jornalistas. Entende-se por “dentro” das gazetas os modelos de publicação, do estilo linguístico e da diagramação das notícias, além da exposição publicitária e as tendências das edições. Já o “em frente” à folha refere-se ao público-leitor e à audiência de sua impressão (ALBERT, 1976 apud ZICMAN, 1985, p. 92.). Para Juarez Bahia, dentro do campo midiático há duas orientações conflitivas: a imprensa deve ser impessoal, mas não pode prescindir da opinião. Essa contradição foi solucionada no momento em que o noticiário se separou do editorial nos diários. A existência de um espaço opinativo é importante para enunciar as posições dos responsáveis sobre diversos assuntos (BAHIA, 1971, p. 126-127). Adotaremos a perspectiva da História Política. Tal vertente tem como proposta identificar os elementos culturais, midiáticos, linguísticos, ideológicos e representacionais pelos quais os indivíduos significam suas existências, abrangendo as múltiplas interações sociais sob as quais estão envolvidos (MENDONÇA; FONTES, 2012, p. 60). Ao inserimos nossa pesquisa nesse campo historiográfico, pretendemos nos diferenciar de outros estudos sobre a imprensa durante o governo de Stroessner. As edições de La Tribuna examinadas nesse artigo estão disponíveis na hemeroteca “Carlos Antonio López” da Biblioteca Nacional del Paraguay e foram consultadas em junho de 2015. A partir dos referenciais teórico-metodológicos apresentados, desenvolveremos uma análise qualitativa das fontes consultadas. Buscaremos cruzar as informações existentes nas reportagens e nos textos opinativos com a leitura da bibliografia levantada, a fim de verificar o objetivo proposto. As críticas ao stronismo realizadas por La Tribuna (1978-1979) 5

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Bacharel em Direito e Licenciado em História, Oscar Paciello foi professor da Universidad Nacional de Asunción e membro do Partido Colorado. Em 1977, tornou-se um dos responsáveis pelo diário Hoy. Ao final do ano seguinte, adquiriu as instalações de La Tribuna. Na primeira edição sob sua direção, publicou uma carta externando a necessidade do retorno da gazeta e o seu compromisso com o público-leitor. No editorial desse número, Paciello apresentou os valores defendidos pelo jornal. Afirmando-se como formadora de uma opinião pública crítica, a empresa jornalística comprometeu-se em construir um novo país, estabeleceu sua posição contestadora e defendeu um jornalismo investigativo que resguardasse os interesses nacionais (LA TRIBUNA, 19/11/1978, p. 16). Como destacado anteriormente, a bibliografia sobre La Tribuna é escassa. Não obstante, acreditamos que o diário durante a administração de Paciello refletiu certos elementos do ideário colorado. A defesa do republicanismo e da democracia, a valorização dos paraguaios como credores da paz e da liberdade, a intervenção na vida socioeconômica do país para evitar o abuso dos interesses privados e a aversão a qualquer modelo ditatorial são alguns dos valores externados na Declaración de principios do Partido Colorado – aprovada em 07 de outubro de 1967 – que foram defendidos nas páginas do veículo. Apesar de sustentar a mesma ideologia do partido governista, a gazeta criticou duramente determinadas atitudes e características da gestão de Stroessner. O papel oposicionista de La Tribuna ao stronismo é observado em seu noticiário político. Em 19 de novembro, o jornal informou que os deputados do Partido Liberal Radical, Justo Pastor Benítez e Emilio Loureiro, apresentaram à Câmara um informe exigindo explicações da presidência sobre a expulsão do país de Mario Mallorquín, Waldino R. Lovera e Faustino Centurión, que retornaram ao Paraguai dois dias antes. Tais deputados questionaram o motivo de o Partido Colorado ter adotado uma medida tão drástica contra seus correligionários e enquadraram essa ação como uma violação aos direitos humanos. Sobre o assunto, a mesa coordenadora do Acuerdo Nacional – coligação político-partidária que trabalhava para enfraquecer o regime – emitiu um comunicado denunciando a deportação de Virgilio Cataldi a Clorinda, na Argentina. Foi evidenciado que Cataldi pertencia ao Movimiento Popular Colorado (MOPOCO) (LA TRIBUNA, 19/11/1978, p. 04). Em dezembro de 1955, formou-se um grupo democratizante dentro do Partido Colorado que se opôs à gestão de Stroessner. Dentre esses membros estavam Mallorquín, Lovera, Centurión e Cataldi. Não tendo apoio militar e sendo enfraquecido pelo stronismo, esse movimento dividiu o partido, criando o MOPOCO em 1959. Tal estratégia visava despertar a simpatia dos militantes democráticos e, dessa forma, derrotar os apoiadores do regime. Entretanto, essa ação malogrou e muitos dissidentes foram exilados (CANO RADIL, 6

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2014, p. 57-67). Adotando uma posição extremamente nacionalista, o MOPOCO defendeu uma transformação econômica e social através de meios democráticos (LEWIS, 1980, p. 412-414). Esses colorados começaram a retornar ao país entre 1983 e 1984, após distintas tentativas (NERI FARINA, 2003, p. 224). No dia 07 de dezembro, o diário elucidou que o Partido Democrata Cristão (PDC) lamentou, através de uma declaração, que não havia condições de participar equitativamente do processo eleitoral nacional. Ademais, a agremiação pediu às autoridades sua inclusão na junta eleitoral central (LA TRIBUNA, 07/12/1978, p. 02). Uma semana depois, La Tribuna informou aos leitores que o presidente do PDC, Aníbal Recalde Sosa, entregou à imprensa um documento intitulado “Carta 78”. O objetivo desse material foi denunciar as ações antidemocráticas desenvolvidas pelo regime e sustentadas pelo aparelho jurídico. A gazeta selecionou e publicou alguns excertos desse texto, privilegiando certos temas. Primeiramente, a fonte expôs a necessidade de se encontrar uma saída para a frágil situação socioeconômica e política que o país vivia. Outrossim, apontou que os trabalhadores que possuíam ideias dissonantes eram perseguidos pelos organismos governamentais (LA TRIBUNA, 14/12/1978, p. 02). O documento destacou, ainda, que os salários baixos, a falta de liberdade sindical aos trabalhadores urbanos e interioranos e a acumulação das fontes de produção pelas elites oligárquicas eram alguns dos problemas do Paraguai. Além disso, denunciou que os cidadãos não tinham o direito de ocuparem cargos na administração pública se não fossem vinculados ao Partido Colorado. Sobre a situação da liberdade de expressão, a carta esclareceu que respeitava as normas impostas pelo governo, evitando difundir informações que alterariam a imagem das autoridades. O material também apontou irregularidades nos processos eleitorais do país e o controle das ações cotidianas dos opositores políticos. Todavia, o jornal não externou os trechos relacionados a esses temas (LA TRIBUNA, 14/12/1978, p. 02). Através dessas notícias, percebemos que La Tribuna cedeu espaços aos partidos oponentes para que pudessem criticar as ações antidemocráticas do regime. Essas reportagens se encontram em posição de destaque no periódico, ocupando as primeiras laudas da edição. Qual o motivo pelo qual a equipe editorial optou em publicar essas informações? Acreditamos que Paciello mantinha vínculos com a facção democrática do Partido Colorado. Por esse motivo, é justificável a menção ao fato ocorrido com Mallorquín, Lovera, Faustino e Cataldi. Isso traz à tona a seguinte indagação: La Tribuna reproduziu as inquietações dos setores colorados contrários a Stroessner? Afirmar que o diário desempenhava a função de porta-voz dessa ala é uma tarefa dubitável. Entretanto, a vinculação de tal notícia pode ser interpretada como uma forma de denunciar as atividades autoritárias do governo e informar o público-leitor sobre esse caso. 7

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Dessa questão, o que chama a atenção é o fato de o Partido Liberal Radical apresentar tal denúncia à Câmara dos Deputados. Explica-se tal ponto a partir da ciência de que, nesse período, o projeto de o Acuerdo Nacional estava se firmando no cenário político-partidário do país. O escopo dessa coligação era enfraquecer a ditadura e intensificar a luta pela democracia. As discussões referentes à proposta finalizaram-se em 1979 e o movimento foi composto pelo Partido Febrerista, Partido Democrata Cristão, Partido Liberal e MOPOCO. Cremos que foi por conta dessa aliança que La Tribuna publicou trechos da “carta 78”. Ao selecionar excertos que denunciavam a postura antidemocrática do regime, a perseguição aos trabalhadores, os baixos salários e a corrupção governamental, o diário corroborou com o posicionamento dos democratas cristãos e difundiu as acusações entre seu público. Utilizando-se do discurso de veículo imparcial e propagador da “verdade”, o periódico transformou tal informe em um produto, cujo propósito foi criticar a presidência. Entre 1973 e 1980, o Produto Interno Bruto (PIB) do Paraguai cresceu quase 600% e o produto per capita alcançou uma baliza de 314 a 1404 dólares estadunidenses (NERI FARINA, 2003, p. 287). A taxa de variação do PIB nos anos 1977/1978 foi de 12%. Esse período coincidiu com a alta inversão externa e pública em torno da construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu, em parceria com o Brasil (SOSTOA; CÁCERES; ENCISO, 2012, p. 266-267). Apesar de conseguir estabilizar financeiramente o país, a política econômica conduzida pelo governo fomentou o desenvolvimento do sistema clientelista, concedeu divisas fiscais a determinados grupos sociais e permitiu a importação de produtos sem o pagamento de impostos (NERI FARINA, 2003, p. 288). É importante ressaltar que a população paraguaia não usufruiu dos logros econômicos. Enquanto os salários aumentaram um pouco mais de 33,3% entre 1970 e 1977, o custo de vida elevou-se a 73%. A expansão dos setores de construção e de serviços – por conta das obras de Itaipu – permitiu que milhares de trabalhadores fossem empregados. No biênio 1977/1978, apenas 4% dos paraguaios adultos estava desempregado (LEWIS, 1980, p. 311-312) O questionamento de La Tribuna aos atos realizados pelo governo é percebido no campo econômico. No exemplar de 19 de novembro de 1978, noticiou-se o aumento do preço dos produtos básicos no país. Apesar desse problema, o regime manifestou-se contrário à limitação do custo dos artigos de primeira necessidade e comprometeu-se em aumentar o salário mínimo da classe trabalhadora. Tais dificuldades econômicas foram resultado do impacto gerado pela construção de Itaipu. Diante dessa situação delicada, o jornal posicionou-se contrário a elevação do salário mínimo, pois tal ação deflagraria o aumento da inflação, e defendeu o controle de preço de bens básicos (LA TRIBUNA, 19/11/1978, p. 07). Publicado em 21 de novembro, Paciello expôs que a distribuição de renda entre os cidadãos deveria seguir 8

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os preceitos da justiça e a injusta distribuição de riqueza representaria a liquefação dos pilares básicos da paz (LA TRIBUNA, 21/11/1978, p. 12). Dois dias depois, a gazeta informou aos leitores que a estimativa de endividamento externo do Paraguai para aquele ano estava prevista para oitenta e cinco milhões de dólares. Frente a tal questão, sugeriu-se que o governo desenvolvesse políticas para a promoção das exportações e para a criação de novos mercados. Caso contrário, a situação socioeconômica poderia agravar-se (LA TRIBUNA, 23/11/1979, p. 04). Em outro artigo, o diretor-proprietário do diário defendeu o sistema de cooperativas, com o propósito de impulsionar o desenvolvimento nacional. Para ele, essa forma organizacional representaria a democracia, o civismo e o sentimento de solidariedade social (LA TRIBUNA, 25/11/1978, p. 12). Paciello, em editorial lançado em 02 de dezembro, sugeriu a implementação de uma eficaz política tributária, com o propósito de reduzir as diferenças entre ricos e pobres e acelerar o crescimento socioeconômico (LA TRIBUNA, 02/12/1978, p. 12). Nas edições subsequentes do periódico, informações sobre a cobrança de instituições sindicais e de partidos políticos ao aumento salarial foram externadas. O último exemplar de 1978 publicou um artigo destacando que o desenvolvimento econômico moderado registrado naquele ano foi responsável pelo aumento do emprego. Ademais, registrou-se nesse período o crescimento das obras de infraestruturas realizadas pelo Estado. Apesar dos logros nesse campo, o jornal evidenciou que a beneficiária das melhorias no âmbito econômico deveria ser a população. Para tal, propôs que o governo implementasse uma política social baseada na redistribuição do ingresso, proporcionando melhores condições de saúde, educação e bem-estar para o povo. Também ressaltou que, diante das condições econômicas favoráveis, a gestão de Stroessner deveria atentar-se às necessidades do campesinato e dos indivíduos com poucos recursos financeiros (LA TRIBUNA, 31/12/1978, p. 05). No terceiro dia de 1979, La Tribuna anunciou que o índice dos preços de consumo aumentou 10,6% no ano antecedente, segundo o Banco Central. De acordo com o órgão estatal, essa cifra evidenciou que o país vivia uma inflação moderada, não sendo tão afetado pela frágil conjuntura econômica internacional (LA TRIBUNA, 03/01/1979, p. 04). Na mesma lauda, o jornal publicou uma reportagem que questionou as informações oficiais do regime. Segundo funcionários de instituições governamentais e de bancos privados, a inflação real entre 1978 e 1979 seria de 30 a 35%. A estimativa de 10,6% teria sido um índice “político” apresentado pelo Banco Central com o propósito de evitar reivindicações de investidores e de assalariados (LA TRIBUNA, 03/01/1979, p. 04). 9

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A partir desses exemplos, notamos o posicionamento crítico de La Tribuna frente ao modelo econômico desenvolvido pela ditadura. O diário desaprovou certas ações governamentais, como o progressivo endividamento externo, a elevação desenfreada do preço de bens de primeira necessidade, os problemas decorrentes das obras de infraestrutura, a desestabilização do sistema econômico e o aumento do índice inflacionário causado pelo reajuste salarial. Além do mais, o veículo divulgou alternativas para a economia paraguaia, como o controle do valor dos produtos básicos, a criação de um mercado de capitais, o desenvolvimento de uma política tributária que reduzisse a desigualdade social, a estatização de empresas estrangeiras que não se comprometessem com o bem nacional, a fundação de cooperativas e a melhoria de vida dos camponeses e dos trabalhadores urbano-industriais. A empresa jornalística denunciou o fato de o regime esconder determinados dados da população. O crescimento da economia paraguaia durante a construção da usina de Itaipu foi um dos elementos utilizados por Stroessner para reforçar o seu capital político e manter as estruturas de seu governo. Prevendo que a inflação cresceria, os órgãos governamentais temeram que o discurso progressista propagado fosse questionado pelas classes militares e empresariais que apoiavam o stronismo. Dentre as atividades exercidas por Paciello estava a assessoria jurídica a distintas empresas privadas em diferentes âmbitos. Além disso, acreditamos que os empresários eram assíduos leitores do periódico. Tal hipótese reside no fato de o jornal destinar um espaço significativo para as ações financeiras no país. Dessa forma, os interesses de setores empresariais foram responsáveis pela oposição de La Tribuna ao modelo socioeconômico do governo e pela publicação de alternativas nesse campo? O fortalecimento do empresariado nas distintas regiões paraguaias e o início de problemas econômicos permitiram que esse grupo social se manifestasse contra o regime, a ponto de externar opiniões e projeções através da gazeta? A postura opositora à ditadura pode ser percebida nos textos opinativos redigidos por um dos mais constantes colaboradores do diário, Juan Andrés Cardozo. Poeta, crítico literário, jornalista e professor universitário, Cardozo iniciou sua carreira escrevendo suplementos culturais em diversas revistas (MÉNDEZ-FAITH, 1996, p. 75). Em La Tribuna, foi secretário de redação (GONZÁLEZ DELVALLE, 2014, p. 87). No artigo publicado em 25 de novembro afirmou que o Estado Racional é uma organização político-jurídica, cujo propósito era garantir a segurança e o bem-estar nacional e reconciliar os cidadãos com a moral e o direito. Outrossim, esse sistema garantiria a liberdade de expressão, pois o indivíduo determinaria seus atos de acordo com sua razão. À vista disso, a liberdade é caracterizada como uma ação praticada por sujeitos iguais e só poderia ser instituída em um ambiente democrático. O inverso desse modelo é o Estado de Força, que substitui a justiça pela arbitrariedade e que se fundamenta a partir da 10

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violência e da corrupção. Para o autor, a sociedade paraguaia deveria construir tal estrutura para fortalecer as condições referentes à razão (LA TRIBUNA, 25/11/1978, p. 12). Quinze dias depois, Cardozo voltou a refletir sobre a importância da liberdade nas sociedades. Segundo ele, os indivíduos necessitam do referido ideal para pensar, eleger seus governantes e atuar publicamente. Ademais, a liberdade de expressão – entendida como o princípio essencial dos direitos humanos e fiscalizadora de todos os governos – dá dimensão à existência e ao destino dos sujeitos. Ao final do texto, acredita que os cidadãos do Paraguai deixariam de clamar por esse princípio (LA TRIBUNA, 10/12/1978, p. 11). No artigo publicado no segundo dia de 1979, Cardozo afirma que o processo de desenvolvimento nacional só lograria quando houvesse a garantia e o respeito à liberdade (LA TRIBUNA, 02/01/1979, p. 16). Imbuído nessa discussão, discorreu sobre a função pública do governo em um escrito opinativo lançado no dia seguinte. Cobrando a erradicação da corrupção nos organismos estatais, condenando a intolerância da ditadura frente às posições políticas dissidentes e apontando a falta de ética, o autor aclarou que o regime deveria alterar suas estruturas e assumir com honestidade, capacidade e dedicação o compromisso de construir um país para todos (LA TRIBUNA, 03/01/1979, p. 10). A partir desses artigos, observamos que Cardozo externou uma posição contestatória à ditadura, ao destacar os problemas governamentais, o cerceamento da liberdade, o desenvolvimento do autoritarismo e do sistema paternalista e o desrespeito à igualdade civil. Para esse autor, os paraguaios não possuíam o direito de exercer suas atividades físicas, intelectuais e morais. Diante dessa postura, deixaremos alguns questionamentos. O posicionamento de Cardozo partia da oposição a Stroessner ou ao Partido Colorado? Até que ponto as ideais geradas através de seus textos incentivaram as ações da população? De que modo seus escritos contribuíram para o debate sobre os princípios democráticos do país? Considerações finais Comprometendo-se com os ideais republicanos e com as causas nacionais, La Tribuna apresentou ao seu público-leitor um projeto político-ideológico oposto às ações do regime. Em seu conteúdo, destacou a necessidade de elaborar políticas em defesa dos direitos humanos e da liberdade civil, elucidou alternativas socioeconômicas para o desenvolvimento do país e fomentou a ampliação do debate políticopartidário, ao conceder espaço às agremiações opositoras para criticarem a ditadura. Não obstante, o conteúdo externado pelo jornal incomodou o governo de Stroessner. Em 18 de junho de 1979, o regime suspendeu por um mês a impressão e a circulação do diário. O Ministério do Interior alegou que o veículo realizava uma crítica parcial contra os organismos governamentais e aos funcionários públicos. Por essa 11

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razão, a folha foi acusada de ter gerado um clima de desmoralização, em virtude de suas notícias consideradas falsas e tendenciosas. Ao voltar às atividades, o jornal publicou os principais acontecimentos do mês e noticiou o seu próprio fechamento. Nos anos posteriores, alguns de seus jornalistas foram encarcerados, inclusive Juan Andrés Cardozo, que ficou detido por cerca de dois meses. Apesar desses episódios, a gazeta manteve suas opiniões contrárias à presidência de Stroessner até 24 de setembro de 1983, quando fechou definitivamente suas portas após cinquenta e sete anos de atuação no cenário nacional e com 19.999 exemplares impressos. A empresa vendeu suas instalações ao empresário Nicolas Bo que, no ano seguinte, fundou o diário Noticias. Findamos o texto com alguns interrogantes. Que espécie de crítica ao governo foi realizada pelo jornal? A contestação ao modelo político e econômico adotado pelo regime partiu de um embate ideológicopartidário entre os responsáveis pelo periódico e Stroessner? Qual foi a relação do diário com a ditadura? As empresas anunciantes influenciaram na ação oponente ao governo desenvolvida por La Tribuna? As opiniões contrárias da folha ao stronismo residia apenas nos aspectos político-econômicos? O fechamento da gazeta associou-se a um boicote publicitário? Fontes: LA TRIBUNA. “Deuda externa ya supera 70 mil millones de guaraníes”. Asunción, Quinta-feira, 23 de novembro de 1978. ____________. “El cooperativismo”. Asunción, Sábado, 25 de novembro de 1978. ____________. “El hombre como sujeto del desarrollo”. Asunción, Terça-feira, 02 de janeiro de 1979. ____________. “El índice de los precios aumentó 10,6% en 1978”. Asunción, Quarta-feira, 03 de janeiro de 1979. ____________. “El P.D.C. pide ‘apertura democrática' y su inscripción’”. Asunción, Quinta-feira, 07 de dezembro de 1978. ____________. “Función pública e imagen del gobierno”. Asunción, Quarta-feira, 03 de janeiro de 1979. ____________. “Informe sobre expulsiones piden diputados del PLR”. Asunción, Domingo, 19 de novembro de 1978. 12

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