Laboratório de dança e filosofia: documento sensível

July 18, 2017 | Autor: Ana Mira | Categoria: Dance Studies, Performance Studies, Philosophy of Dance, Dance and Philosophy
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CICLO INVESTIGAÇÕES COREOGRÁFICAS

conferência_performance by Ana Vidigal

Sílvia Pinto Coelho: 16 e 17 de Maio | Ana Mira: 6 e 7 de Junho Este ciclo tem como objectivo desenvolver os encontros entre práticas coreográficas e práticas teóricas. Afirmando uma compreensão performativa, relacional e cinestésica da teoria e do discurso, a proposta pretende ao mesmo tempo explorar as diversas maneiras de lidar com a teoria e com formas de articulação discursiva nos processos de criação coreográfica. (PC) O Forum Dança convidou quatro mulheres a partilhar aquilo que as tem ocupado nos últimos anos. Entre a teoria e a performance, todas experimentam e investigam territórios não definidos, confrontando familiaridades de um e de outro, estabelecendo uma conversa que se faz de várias maneiras. Horário sábados, 16h00 – 20h00; domingos, 11h00 – 18h00 (inclui pausa para almoço) Preços 1  workshop:  45€  (até  5  dias  antes  da  data);;  50€  (nos  últimos  5  dias antes da data) 2 ou mais workshops: 10% de desconto sobre o valor total

SÍLVIA PINTO COELHO 16, 17 Maio 2015 Na Casa-Espelho, práticas de pensamento coreográfico Chamo aos estúdios de dança e às relações neles praticadas: «máquinas de pensamento coreográfico». Proponho considerar a ética de trabalho desenvolvida nalguns processos de pesquisa coreográfica, uma ginástica do pensamento crítico e um reconhecimento do político, posto em prática dentro dos estúdios e levado para fora deles, enquanto mestria da atenção. Depois, a partir do estúdio de dança do Forum Dança convido os participantes de uma oficina a jogar vários jogos de atenção e de construção de relações como potenciais constituintes de um pensamento coreográfico contemporâneo. Interessa-me a tensão entre momentos de dissolução numa dança e momentos mais reflexivos. Tomo como referência determinados pensamentos coreográficos que tenho vindo a acompanhar, e imagino-nos a vaguear entre ideias de improvisação, de composição, de composição em tempo real, simplesmente lendo, ou actualizando no corpo, no espaço e no tempo estas noções.

SÍLVIA PINTO COELHO Coreógrafa, bailarina e investigadora. Finaliza a tese de doutoramento : Corpo, Imagem e Pensamento. Da Pesquisa Coreográfica Contemporânea, ou da Produção de Imagens de Corpo enquanto Discurso de Dança: Os Exemplos da Prática e do Pensamento de Lisa Nelson, Mark Tompkins, João Fiadeiro e Olga Mesa, com bolsa da F.C.T. na área de Comunicação e Artes. Lecciona a cadeira «Dança em Contexto» comum ao mestrado de Artes Cénicas e Comunicação e Artes, do departamento de Ciências da Comunicação FCSH. É mestre em Ciências da Comunicação, licenciada em Antropologia, bacharel em Dança, tendo feito também o curso de Intérpretes de Dança Contemporânea do Forum Dança (1997/1999). Iniciou a sua formação em dança na Academia de Bailado Clássico Pirmin Treku, no Porto, em 1981. Desde 1994 que vive em Lisboa integrando no seu percurso o estudo da dança contemporânea europeia, em especial, a portuguesa. Apresentou peças suas em Portugal, na Alemanha, onde viveu três anos, e em Espanha. Colaborou com vários artistas em processos de pesquisa coreográfica, de pedagogia, e em filmes. No seu trabalho destaca as peças «Einzimmerwohnung» (2004), «Süss» (2007) e «Un Femme» (2009). E os seguintes artigos: 2015 «Na Casa-Espelho: Propostas Ético-Estéticas de Pensamento Coreográfico» (a ser publicado na revista online Inflexions) 2015 «Dançar-Pensar Enquanto Investigação e Poética: Corpo #1» in Sinais de Cena nº22, APCT e CET, UL, Lisboa. 2013 «Dançar-Pensar Enquanto Investigação e Poética: Movimento #1» in Actas do Colóquio Movimento e Mobilização Técnica, CECL, FCSH, Lisboa (no prelo). 2012 «Os Tuning Scores de Lisa Nelson», «Go de Lisa Nelson e Scott Smith» in Ciclo Improvisações/Colaborações. Auditório da Fundação de Serralves, Porto.

Dueto, 2006

ANA MIRA 6, 7 Junho 2015 Laboratório de dança e filosofia: documento sensível Como é que a escrita traduz as sensações, as pequenas percepções e as imagens da dança em linguagem verbal e pensamento conceptual? Como é que a reflexão filosófica sobre a continuidade profunda dos movimentos que fazem a dança, pode intensificar a nossa experiência desse continuum do movimento? Existe, ou não, uma transformação perceptiva quando experimentamos o corpo na dança em ressonância com a linguagem verbal e o pensamento conceptual? E, se não existe, como podemos inventar modos para que essa transformação perceptiva possa acontecer na nossa prática em dança e filosofia? Este laboratório consiste numa experimentação do corpo na dança, sua documentação e reflexão filosófica. Pela experimentação do corpo na dança, convocamos a escuta e a consciência-desperta (awareness) das sensações, trazendo a quietude (stillness) ao movimento e à presença do corpo. A quietude convoca a imersão do movimento na atmosfera destilada (distillness) das sensações, e não a

suspensão   do   movimento:   a   quietude   desperta   no   corpo   que   dança   uma   “microscopia   vibrátil”   (Lepecki, 2000). O método experimental consiste  na  “mudança  de  escala”,  isto  é,  na  passagem  da  macroscopia  para   a microscopia dos fenómenos corpóreos (Gil, 2010). Na prática de dança, operamos essa mudança de escala pela escuta e imersão do corpo nas sensações de peso, leveza, sombra, luz, densidade, volatilidade,   vibração,   calor   e   pó.   Este   método   compreende   os   “dois   planos   de   movimento”   que   definem  o  “gesto  dançado”  – o  “primeiro  plano  de  movimento”  à  superfície  do  movimento  visível  do   corpo  e  o  “segundo  plano  de  movimento”  na  subterraneidade  de um continuum que sustenta o gesto dançado (Gil, 2001). Numa relação de ressonância entre a dança e a filosofia, abordamos os textos selecionados para este laboratório pela leitura e reflexão colectiva: lendo, reflectindo, mapeando conceitos e problemas sobre um plano continuum e subterrâneo que sustenta o gesto dançado e preenche o corpo que dança de presença mais intensa. No limite da sensação, na passagem entre a experimentação do corpo na dança e sua reflexão filosófica, desenvolvemos a prática do documento sensível como um mapeamento das sensações do corpo que dança. Através da escrita, do desenho e da fotografia, o documento sensível cria uma relação de ressonância entre as duas instâncias – dança e filosofia –, preservando a sua autonomia e, ao mesmo tempo, fazendo vibrar os seus fenómenos, imagens e durações. Os materiais filosóficos para este laboratórios são os seguintes: Gil, J. (2001) 4. O Gesto e o Sentido In: Movimento total: O corpo e a dança (pp.104-130). Lisboa: Relógio  d’Água. Gil, J. (2002)   “The   Dancer”s   Body”   In:   Massumi,   B.   (ed.)   A Schock to Thought – Expression after Deleuze and Guattari (pp.117-127). London: Routledge. Gil, J. (2010). 2. Questões de Método In: A arte como linguagem (48-58).  Lisboa:  Relógio  d’Água. Langer, S. (1976)   “The   Dynamic   Image:   Some   Philosophical   Reflections   on   Dance”   Salmagundi. 33/34, Dance (Spring-Summer) pp.76-82 http://www.jstor.org/stable/40546920 [accessed 21 October 2013]. Lepecki,   A.   (2000)   “Still:   On   the   Vibratile   Microscopy   of   Dance”   In:   Branstetter,   G.   &   Völckers,   H.   (eds.) Remembering the Body (pp. 334-366). Ostfildern-Ruit: Hatje Cantz Publishers. Estes materiais destinam-se apenas à investigação e estão disponíveis no seguinte link e na secção “teaching  documents”:  https://unl-pt.academia.edu/AnaMira

ANA MIRA Performer, coreógrafa, investigadora e docente em dança e filosofia. Concluiu doutoramento em filosofia/estética na Universidade Nova de Lisboa em 2014, com a investigação Silêncio, potência e gesto: um corpo na dança. Em 2008 terminou o mestrado em filosofia/estética, na mesma universidade, com a investigação ABCDEFG: the feet understand; ambos sob orientação do filósofo José Gil. Fez formação em dança contemporânea no C.E.M., Fórum Dança e em cursos independentes na Europa e Estados Unidos, destacando a influência de Sofia Neuparth, Peter Michael Dietz, Howard Sonenklar, Steve Paxton, Lisa Nelson, Eva Karczag, Daniel Lepckoff, Kirstie Simson, entre outros. Desde 2011 colabora com a coreógrafa Rosemary Butcher (UK) como performer da sua peça After Kaprow: The Silent Room + Book of Journeys (2012), estreada no The Place Theater, e Memory in the Present Tense (2015), com estreia no Nottdance Festival. O seu trabalho coreográfico foi desenvolvido em colaboração com vários artistas de artes plásticas, performativas e apresentado em teatros, galerias e outros espaços públicos (entre os quais, Dueto (2006, Casa Fernando Pessoa/Festival Alkantara) e 3 Estudos para Shihtao (2007, Teatro Camões). Em 2010 estreia a adaptação do solo At Once, coreografia de Deborah Hay (Solo Performance Commissioning Project/2009), no Teatro Maria Matos [este projecto foi financiado pela DGArtes, Teatro Maria Matos e FIAR]. Ainda como performer colaborou com os coreógrafos Pauline de Groot (NL) e Russell Dumas (AUS). Foi investigadora no Center for Research in Modern European Philosophy/Kingston University (UK) com bolsa de doutoramento da Fundação para a Ciência e Tecnologia (2009); no departamento de

Performance Studies na Tisch School of the Arts/New York University, Trisha Brown Studio, Movement Research, New York Public Library for the Performing Arts e Fales Library /Bobst Library /NYU (USA) como bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian /Programa de apoio à dança (2007); no Dans Studio Pauline de Groot (NL) e Dance Exchange/Russell Dumas (AUS/FR) com bolsa do Departamento de Relações Culturais e Internacionais /Ministério da Cultural (2002). Actualmente, colabora com IFILNOVA - Instituto de Filosofia da Nova e Baldio: Estudos de Performance. A sua abordagem experimental ao corpo, movimento e dança, em ressonância com a filosofia, é influenciada pela corrente da avant-garde americana, suas práticas de release, estudos experienciais de anatomia, fisiologia e embriologia, body-mind centering (Bonnie Bainbridge Cohen), material for the spine (Steve Paxton), fasciaterapia (Danis Bois), zhan zhuang chi kung (Master Lam Kam Chuen), improvisação e composição coreográfica (Lisa Nelson, Deborah Hay). Numa prática incorporada, recorre, também, à documentação, reflexão filosófica e escrita, pela perspectiva do corpo que dança e sob a sua própria condição de dançar. Tem leccionado no ensino académico e artístico: Faculdade de Motricidade Humana, Esc. Sup. de Artes e Tecnologias de Lisboa, Escola de Dança do Conservatório Nacional, Fórum Dança, CEM, Evoé – Escola de Actores, Balleteatro, (PT), Independent Dance (UK), Experiencia Danza (ES), Dans Studio Pauline de Groot (NL). Escreveu os seguintes ensaios de filosofia estética da dança: The feet understand: o filme ABCDEFG (Sment, 2015); Corpos escutando, na dança (Relógio   d’Água,   2015)   e   Asas e voo: um documento sensível (Universidade Lusíada, 2015) .

Seminários anteriores:

SÓNIA BAPTISTA 21, 22 Março 2015 Milking the Conceptual Cow (A Idade de Ouro da Conferência/Performance, o que é, onde se encontra e como se faz?) Eu não tenho a presunção de saber os truques todos ou sequer alguns, ainda pergunto a mim própria, o que é isto da conferência performance? E como fazê-la? Deve puxar mais pelos galões da investigação filosófica ou conceptual? Ou atirar para o ar a ver se apanha uns fantasmas vagamente coreográficos ou meta-performáticos? Com toda a honestidade confesso que a minha espingarda é a da palavra, é a natureza da palavra e as suas possibilidades poéticas e filosóficas que constroem uma dramaturgia performativa que é também momento de transmissão de informação, de exposição do ser, sendo e de admissão de uma eterna dúvida e, oxalá, de aprendizagem. Perceber porque se faz o que se faz e será que não se pode fazer outra coisa ou o mesmo mas de outra maneira? Começo eu. Eu prefiro dançar sentada porque tenho costas de tábua de passar a ferro, dessa vicissitude arranjei sustentações filosófico-conceptuais e fiz de um handicap discurso poético e performativo. Parece-me que ajuda misturar a experiência e história pessoais com um discurso de investigação mais ou menos académico, trata-se de transcender a pulsão egóica e humildemente parasitar o que foi pensado e/ou feito antes de nós, digo parasitar mas com respeito e homenagem devido ao hospedeiro original porque, para além do essencial que é almejar ser um artista melhor é importante ser uma pessoa melhor, . (Nesta senda criativa convém ter conhecimento de línguas estrangeiras para propósitos de reforço conceptual e/ou dramático. Ter um filósofo fetiche também ajuda. Adivinham o meu?). Sónia Baptista

SÓNIA BAPTISTA Nasceu em Lisboa em 1973. Completou o Curso de Intérpretes de Dança Contemporânea do Fórum Dança em 2000. Obteve, com distinção, o grau de Master Researcher in Choreography and Performance da Universidade de Roehampton em Londres, Reino Unido. A sua formação foi complementada em workshops de dança, música e teatro e vídeo. No seu trabalho explora e experimenta com as linguagens da Dança, Música, Literatura, Teatro e Vídeo. Como intérprete e co-criadora colaborou com vários artistas e companhias, entre eles, Laurent Goldring, Patrícia Portela, Aldara Bizarro, Vera Mantero, Thomas Lehmann, Arco Renz, Teatro Cão Solteiro, AADK. Em 2001, foi-lhe atribuído o Prémio Ribeiro da Fonte de Revelação na área da Dança pelo Ministério da Cultura por Haikus(o seu primeiro trabalho), uma série de pequenos solos que tiveram estreia oficial no festival Danças da Cidade em 2002. Nesse mesmo ano foi bolseira do Centro Nacional de Cultura. Em 2003 cria um díptico a solo, Icebox Fly. Winter Kick (Festival A8). Em 2006 cria Subwoofer, uma extravagante performance vídeo-musical, com estreia no Festival Alkantara. Vice-Royale.Vain-Royale.Vile-Royale estreou em Fevereiro 2009 na Culturgest em Lisboa. Em Outubro desse mesmo ano cria a sua primeira peça infantil, Um Capucho, Dois Lobos e Um Porco vezes Três com estreia no Teatro do Campo Alegre no Porto. Em Abril de 2011 apresenta Haikai Zoo Kino no Theatro Circo em Braga e em Novembro estreia Peaufine no  Festival  Temps  d’Images  em  Lisboa,  com  o  apoio  da  Fundação  Calouste  Gulbenkian. A sua segunda peça infantil, Alva 7.0, estreou em Dezembro de 2011 no teatro Turim em Lisboa. Tempus Fugit,  estreou  em  2012,  no  Teatro  S.  Luiz,  no  âmbito  do  Festival  Temps  d’Images.   Em  2013  participa  na  exposição  colectiva  “Ilha”  na  Livraria  Sá  da  Costa  com  a  obra  escultórica  coisa frágil Apresenta Today is it a squirrel? No Michaelis Theatre em Londres. A versão portuguesa, E hoje, é um Esquilo? estreou no Festival Triciclo em Lisboa em 2014. Apresentou uma performance de homenagem à pintora Vieira da Silva e um dueto a capella com Tanja Simic Queiroz, em que cantou obras de sua autoria, na Fundação Arpad Szenes- Vieira da Silva. Participa na exposição colectiva, Light&Sound no espaço Attic em Lisboa com a obra, O Processo dos Peregrinos Deslizando pela Água. Interpretação e co-criação com Patrícia   Portela   e   Cláudia   Jardim   da   peça   infantil   “Fábulas   Elementares”  Teatro  Maria  Matos. Ainda em 2014 estreia in the fall the fox, e na queda raposar no Festival  Temps  d’Images  em  Lisboa. Lança o seu primeiro livro pelas (não) Edições, de água por todos os lados, e, já em 2015, publica o texto da peça , E hoje, é um Esquilo? pela Douda Correria e participa na colectânea de poesia Voo Rasante da Mariposa Azual. Prepara um texto dramatúrgico sobre a obra de Pedro Tudela para o Festival END em Coimbra e a estreia da sua nova criação, a falha de onde a luz, no âmbito do Festival Cumplicidades. Tem continuado paralelamente a escrever, a criar peças curtas e a desenvolver inúmeros e variados projectos dentro do domínio das artes performativas. Colabora com a CNB nos Programa de Aproximação à Dança. Ao longo do seu percurso artístico o seu trabalho foi apoiado pelo Ministério da Cultura-DGartes, Fundação Calouste Gulbenkian e Centro Nacional de Cultura. O seu trabalho tem sido apresentado em vários Festivais e Teatros em Portugal, França, Dinamarca, Alemanha, Suíça, Bélgica, Croácia, Áustria, Brasil, Espanha, Itália e Reino Unido, Rússia, Tunísia e Brasil. Os seus textos foram publicados  no  livro  “Ideias  Perigosas  para  Portugal”,  Ed.  Tinta  da  China  e  “Revista  Inútil”  nº  3,    e  n   º4, Lisboa, Portugal (2010 e 2012). Artista Associada da AADK Portugal.

PAULA CASPÃO 11, 12 Abril 2015

Coreografias da Investigação / Investigações coreográficas Tratar-se-á de considerar o fazer artístico e a performance como investigação, ao mesmo tempo que afirmamos a investigação teórica como fazendo parte das práticas do corpo, nomeadamente cartografando as suas ecologias e dispositivos, as suas formas de vida, a sua gestualidade e as suas economias afectivas. Partindo assim de uma compreensão situada e relacional da investigação e da produção de conhecimento, vamos explorar, por um lado, diversas maneiras de re-ler, re-entender e re-praticar o fazer teórico; serão por outro lado observados casos particulares de investigação artística e de “performance  como  investigação”  no  âmbito  da  criação  coreográfica  contemporânea.     Facto é que na paisagem actualmente multidimensional das artes coreográficas, as práticas de criação/produção artística não podem considerar-se independentemente da produção de conhecimento. Tendo em conta um muito activo espaço de toque crítico entre a performance, a investigação, a teoria e a documentação, tentaremos perceber que desafios metodológicos, epistemológicos e estéticos – para os espaços e instituições de criação artística como para as instituições universitárias que desenvolvem programas de investigação artística – estão implícitos na desejável ideia de intermediação entre os processos de criação, a investigação artística e/ou teórica, a reflexão, a documentação e a produção de conhecimento (situado!).

PAULA CASPÃO Investigadora, docente, dramaturgista e artista interdisciplinar, trabalha no cruzamento das artes coreográficas com outras áreas do conhecimento. Concluiu doutoramento em filosofia/epistemologia na Universidade de Paris-10 em 2010, e é investigadora de pós-doutoramento em estudos de performance no Centro de Estudos de Teatro da Universidade de Lisboa, como bolseira da FCT; é investigadora integrada no Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa. Intervém frequentemente como professora convidada na Danish National School of Performing Arts, em Copenhaga, bem como no Master de Coreografia do Centre National Chorégraphique de Montpellier. Facilita workshops de dramaturgia e de práticas discursivas, coeográficas e performativas através da Europa e Austrália. Juntamente com Bojana Bauer, Ivana Müller e Joachim Hamou desenvolve actualmente INSTITUT, um grupo experimental de actividades críticas e artes performativas com base em Paris. Movendo-se entre actividades diversas, investiga as modalidades de conhecimento geradas pela ficção, bem como as dimensões ficcionais implicadas na produção de conhecimento. Interessam-lhe as políticas e as economias afectivas da percepção, do pensamento, do movimento e do discurso, bem como uma abordagem crítica das modalidades de investigação artística actualmente em expansão. No âmbito do seu trabalho artístico tem vindo a relacionar materiais, metodologias e práticas díspares: conversas ouvidas em espaços públicos, previsões meteorológicas, teorias do afecto, filosofia da linguagem, política, gastronomia, histórias de animais, objectos, taxonomias botânicas, paisagens transformadas em arquivos, sons e ruídos, práticas somáticas apropriadas de forma selvagem, documentos de vários tipos e, claro, fantasmas. Colaborou com os coreógrafos João Fiadeiro (PT), Petra Sabisch (D), Alix Eynaudi (F/A), Anne Juren (F/A), Agata Maszkiewicz (PL/F), Valentina Desideri (I/F), Zoë Poluch (CA/SE), Linda Luke (AU), Hellen Sky (AU). Os seus trabalhos encontram-se publicados em revistas e antologias de artes coreográficas, filosofia e performance (Austrália, Áustria, Bélgica, Eslovénia, EUA, França, Portugal, Espanha, Suécia, Turquia); é autora do livro Relations on paper (Ghost, 2013), e co-autora/editora de The Page As a Dancing Site (Ghost, 2014).

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