Large Labia Project por uma abordagem não-sexual da vulva: um estudo sobre estratégias de resistência e (auto)representação de corpos femininos na Internet

July 6, 2017 | Autor: Marcelle Da Silva | Categoria: Resistance (Social), Género, Interatividade, Vagina, Vulva, Feminino
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XVII Congresso Brasileiro de Sociologia 20 a 23 de Julho de 2015, Porto Alegre (RS)

Grupo de Trabalho 26: Sexualidades, corporalidades e transgressões

Título do Trabalho: Large Labia Project por uma abordagem não-sexual da vulva: um estudo sobre estratégias de resistência e (auto)representação de corpos femininos na Internet

Autores: Marcelle Jacinto da Silva (UFC) Antonio Cristian Saraiva Paiva (UFC)

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Resumo Com o interesse em discutir e compreender práticas de resistência engendradas por ativismos na Internet que destacam a difícil relação entre corpo ideal e corpo real, propomos refletir sobre um projeto chamado Large Labia Project, criado por Emma P., cujo objetivo é divulgar vaginas reais, como referência para mulheres reais. De acordo com sua idealizadora/autora, as mulheres não têm muitas oportunidades de conhecer a aparência da região íntima de outras mulheres nem de falar abertamente sobre o assunto, então o projeto ajudaria a dissipar os modelos e mitos que cercam esse assunto. A iniciativa visa ser um protesto contra a indústria pornô que comercializa determinado modelo de vulva, lançando, assim, olhar sobre o poder da (auto)representação de corpos e estimulando a interatividade com pessoas que vivenciam/vivenciaram “situações de opressão de gênero”, investindo na abertura de espaços de discussão e contribuição através de depoimentos e imagens pessoais/íntimas de mulheres que se sentem oprimidas pelo “modelo vigente” de beleza e normalidade. São propostas estratégias de desconstrução de padrões estéticos normalizadores sobre o corpo feminino para, dentre outros motivos, que haja uma diminuição na procura de cirurgias de labioplastia. Propomos, portanto, pensar o poder que é potencialmente acionado por esses movimentos e as estratégias de resistência contra a objetificação do corpo da “mulher”. Palavras-chave: Resistência. Vulva. Corpo Feminino. Interatividade.

Introdução

O corpo feminino ainda hoje é definido através de normas que fazem parte de um dispositivo de sexualidade; peças desse dispositivo, saberes médicos, de higiene corporal e o discurso pornográfico que têm como objetivo enquadrar e normatizar o corpo feminino segundo determinados modelos, um tipo de “culto da beleza feminina” (LIPOVETSKY, 2000, p. 113-127) que é bem específica voltada para uma ideia de corpo “belo”, simétrico, branco e sem 2

pelos. Revistas voltadas para a “beleza” apostam em conselhos para lançar atenção a “necessidade de ser bela da cabeça aos pés, em todas as horas e em todas as idades (SANT’ANNA, 2001, p. 67); também “expressam imperativos, conselhos e dicas de o que é e o que se deve fazer para que a leitora se torne um verdadeiro exemplar de mulher moderna...” (BRUGGE, VASCONCELOS, 2012, p. 408). Large Labia Project1 visibiliza o corpo feminino desnudo e insubmisso a normas que ditam como o corpo feminino deve ser e o que pode mostrar. Emma P., idealizadora/autora do blog estrangeiro Large Labia Project aposta na estratégia da exibição de vulvas, as “vulva selfies”, como estratégia de empoderamento e criação de autoconfiança. O projeto de Emma tem como um dos objetivos servir como uma forma de divulgar “vaginas reais”, como referência para “mulheres reais”. Emma argumenta que as mulheres não têm muitas oportunidades de conhecer a aparência da região íntima de outras mulheres nem de falar abertamente sobre o assunto, então o projeto2 ajudaria a dissipar os ideais e mitos que cercam esse assunto3, elaborado com o intuito de protestar contra a indústria pornô que comercializa um determinado modelo de vulva4. A pornografia seria como um insulto, “de degradar sua imagem, de incitar aos estupros e às violências”, veiculadora de estereótipos, uma inferiorização da mulher, reforçando “uma política do macho destinado a consagrar a dominação masculina” (LIPOVETSKY, 2000, p. 41). É um espetáculo no qual a mulher não se reconhece e não há nenhuma identificação (LIPOVETSKY, 2000, p. 42). Os discursos que subalternizam a mulher são insistentemente reiterados nos discursos midiáticos, combatidos pela crítica feminista e por mulheres que não se sentem representadas ou adaptadas, as “mulheres reais”, que não conseguem aderir a “febre da beleza e o mercado do corpo” (LIPOVETSKY, 2000, p. 130-135) que implica “práticas de embelezamento” (LIPOVETSKY, 1

Link: www.largelabiaproject.org. O termo “projeto” é êmico. 3 Autoestima vaginal; como anda a sua? In: Revista Glamour. Disponível em: . Acesso em: 9 de dezembro de 2013. 4 Mulheres protestam contra indústria de filmes pornôs mostrando a vulga. In: Revista Glamour. Disponível em: . Acesso em: 9 de dezembro de 2013. 2

3

2000, p. 130), a “estética da magreza” (LIPOVETSKY, 2000, p. 131), e a “superexposição midiática” (LIPOVETSKY, 2000, p. 144). Vigarello (2006) afirma que a “história da beleza” “carrega o que agrada ou desagrada a respeito do corpo numa cultura e num tempo: aparências valorizadas, contornos sublinhados ou depreciados” (p. 10), com profunda influencia de “modelos” de gênero (p. 11). Essa é uma história que “explora tanto as palavras como as imagens. Em particular as palavras, porque elas traduzem as tomadas de consciência, os interesses distintos, as sensibilidades reconhecidas e experimentadas” (p. 10). A beleza vai estar presente com uma difusão imensa no imaginário das massas, através da cultura e das artes populares, do sonho hollywoodiano, da arte dos ilustradores produtores de pin-up, das fotografias de estrelas, através do aporte multiforme e multiplicador da publicidade para os produtos de beleza, da maquiagem e da moda e, de modo geral, de tudo aquilo em que se espelha um mudo de sonho (CORBIN, COURTINE, VIGARELLO, 2008, p. 554).

É no contexto da critica desse tipo de enquadramento do corpo feminino que situo minha pesquisa de doutorado em Sociologia no Programa de PósGraduação em Sociologia da Universidade Federal do Ceará, iniciada em fevereiro de 2015. Os apontamentos que compõem este artigo são, portanto, fruto de observações preliminares de meu objeto de pesquisa, “autoestima vaginal”. A ideia de pesquisar o Large Labia Project surgiu após ler uma reportagem sobre sites estrangeiros que disponibilizam material contra o modelo estético vaginal propagado pela “indústria pornô” que acaba por estimular a procura por cirurgias plásticas das partes íntimas femininas5. Na contramão desse modelo, o qual remete a cor, formato e tamanhos “ideais” da vulva, Large Labia Project apresenta propostas de reunir imagens e depoimentos de “mulheres reais” para, dentre outro motivos, que haja uma diminuição na procura de cirurgias de labioplastia. Diante disso, me ocorreu pensar sobre essa modalidade de ativismo na Internet: que tipo de ativismo é 5

Autoestima vaginal; como anda a sua? In: Revista Glamour. Disponível no link: . Acesso em: 9 de setembro de 2014.

4

esse? Do que falam e para quem falam? Como podemos entender e quais os aspectos focalizados pelos discursos?

Vaginas: várias biografias

Quando utilizamos aqui o termo “vagina” assumimos a postura proposta por Naomi Wolf (2013, p. 36) quando opta por suplantar o temo médico/técnico por uma forma mais “inclusiva”, por ser este um significado relacionado apenas à abertura vaginal: ou seja, “o órgão sexual feminino como um todo, dos lábios ao clitóris, do introito ao colo do útero”. Wolf (2013, p. 13) afirma que se a vagina é tratada com respeito ou agressividade, esse é um reflexo de como as mulheres são culturalmente tratadas em determinado momento. Ela afirma que: Uma fonte de desconforto a respeito de ser mulher nesta cultura é o fato de que a linguagem que usamos para falar sobre nosso corpo, e sobre a vagina em particular, é tão horrorosa. O mal- entendido comum sobre a vagina como sendo feita de ‘mera carne’ é a principal razão para este desconforto (WOLF, 2013, p. 16).

Enquanto chamamos atenção para a problemática da autoestima vaginal (não necessariamente sexual) e a sua relação com a diversidade estética, Wolf (2013, p. 36-37) aponta para outro fato curioso que nos faz pensar ainda mais a complexividade do tema: “A vulva, o clitóris e a vagina são, na realidade, mais bem compreendidos como a superfície de um oceano que é atravessado por redes vibrantes de raios submarinos”. A autora recorre à estratégia metafórica para identificar estas redes como sendo a “rede neural pélvica feminina”, a qual é “completamente única para cada mulher, individual – não há duas mulheres iguais”. Esta afirmação é desenvolvida no sentido de que a autora atesta, segundo experiência pessoal, que há uma profunda conexão entre vagina e cérebro, e a rede neural pélvica seria um elemento fundamental nesta conexão. No entanto, Wolf (2013, p. 15-16) centra sua análise sobre o “relacionamento com a vagina” e os “sentimentos por esta parte da mulher” mais voltados ao prazer sexual, explorando, através da apresentação de 5

pesquisas em laboratório, que há conexão entre a vagina e “a criatividade e confiança femininas e um sentido de ligação às coisas e às pessoas”. [O prazer sexual] Serve também como uma mídia para o autoconhecimento e a positividade femininos; para a criatividade e a coragem femininas; para o foco e a iniciativa femininos; para o êxtase e a transcendência femininos; e como uma mídia para uma sensibilidade que se parece muito com a liberdade. Entender a vagina apropriadamente é perceber que não se trata apenas de uma extensão do cérebro feminino, mas que ela faz parte, essencialmente, da alma das mulheres (WOLF, 2013, p. 16).

Através do contato com pesquisas realizadas em laboratório (a maioria com animais de pequeno porte, como ratos), mas também de sua experiência pessoal e de entrevistas realizadas pra seu livro, Wolf (2013, p. 17) afirma que “experiências da vagina podem – no nível da biologia – aumentar a autoconfiança feminina, ou, da mesma forma, levar à falta de autoconfiança”, além disso, “podem ajudar a desenvolver a criatividade feminina ou apresentar bloqueios a ela”. Por esses e outro motivos a autora se pergunta: “a vagina possui uma consciência?”. Como falar sobre desenvolver uma autoconsciência da vagina? No caminho dessa reflexão, Livoti e Topp (2006, p. 14) atestam: A maioria das mulheres jamais verá sua vagina. Além de não estar em um local exatamente conveniente para exame, muitas mulheres pensam que uma vez equipadas com um espelho na mão, garantida certa privacidade e criada aquela coragem para enfrentar alguma surpresa inesperada, porque se dar ao trabalho? Essas mulheres são as mesmas que inspecionam cada poro dilatado do rosto, cada defeito no esmalte e cada fio de cabelo fora do lugar, contudo sua vagina e seu ambiente permanecem com um bem não reclamado pela proprietária, examinado por outros, mas deixado de lado durante boa parte do tempo.

Essa afirmação se dá pelo fato de as mulheres não serem incentivadas a pensar suas vaginas, ou enxerga-las como uma parte de seu corpo que merece tanta atenção como seios, unhas e sobrancelhas, e desde meninas, são “desencorajadas de se tocarem ‘lá em baixo’”. Muitas mulheres sentem algum desconforto e caso procurem por alguma referência, há apenas a opção “de se compararem com fotos, imagens na televisão e nos filmes, nas quais, quase sempre, não há chance de ver qualquer vagina (e, caso elas fossem 6

vistas, estariam, certamente, depiladas)” (LIVOLI e TOPP, 2006, p. 15). Além disso, há o constrangimento de falar sobre a vagina: “Raramente discutimos a quantidade de pelos, o odor, a cor ou o tamanho relativo de nossa genitália, porque não temos muitos parâmetros de comparação” (LIVOLI e TOPP, 2006, p. 21). Diante desse fato “É alguma surpresa que as mulheres se sintam de algum modo insatisfeitas não só com seu corpo, mas especialmente com sua vagina?” (LIVOLI e TOPP, 2006, p. 16). O desconforto em relação ao próprio corpo não se limita à busca de nossas partes inferiores em um espelho. Embora muitos padrões não sejam tão rígidos, na realidade, para as mulheres, a nudez fora do quarto ou do banheiro não é comum ou incentivada. A mulher ocidental provavelmente olhará para o Oriente e recriminará outras culturas por levarem o recato feminino ao extremo, mas nem precisamos ir tão longe. As mulheres não têm tantas oportunidades de ver outras mulheres nuas, mesmo em nossa moderna, mas ainda assim recatada, cultura ocidental (LIVOLI e TOPP, 2006, p. 14-

15). Le Breton (2012) assegura que lançar um olhar para o corpo é enxergar e considerar o corpo como “um objeto de análise de grande alcance para uma melhor compreensão do presente”. As representações modernas de corpo apontam para o corpo hoje ser entendido como “informação”, “um banco de dados”, “conjunto de informações programáveis” (SIBILIA, 2001, p. 8), o que já acontecia



tempos,

mas

com

influência

das

tecnologias,

essas

representações adquirem novas proporções. O corpo moderno torna-se cada vez mais ambíguo e se criam mais espaços para falar sobre o corpo e o que interessa ao corpo. É pensando na relação entre corpo e desconforto, falta de espaço para discussão sobre vaginas e a necessidade de criação desses espaços, que não estejam voltados para reprodução de padrões de “beleza” tão massivamente partilhados

pelas

mídias

supracitadas,

que

surge

a

emergência

de

compartilhamento de “vaginas reais para mulheres reais”, o investimento na abertura de espaços de discussão e contribuição para dissipar mitos ou auxiliar as mulheres a aceitarem, conviverem e/ou construírem um momento de partilha, através de depoimentos e imagens pessoais/íntimas de suas vaginas. Eis um dos principais objetivos do projeto “Large Labia Project”.

7

O Large Labia Project: “um lugar para ser vulnerável, mas não ser julgada” 6 O Large Labia Project é um blog que se define como “corpo-positivo”, no sentido de mostrar que grandes lábios vaginais são normais e que têm sua beleza, principalmente quando são assimétricos e têm coloração, comprimento e

textura

diferentes.

Emma

P.,

sua

idealizadora/autora,

na

descrição/apresentação do blog menciona o quanto é importante que o blog sirva de “suporte para aquelas pessoas que se sentem inseguras, autoconscientes, vitimadas ou vilipendiadas sobre seus grandes lábios”. O blog é recheado de depoimentos de mulheres que sofrem com diversas experiências negativas sobre suas vaginas, vida sexual e baixa autoestima, muitos depoimentos sendo acompanhados de “vulva selfies”, de fotos das vaginas das contribuintes anônimas. A própria Emma P, ainda na descrição do blog fala sobre como é a aparência de sua vulva (e também compartilha fotos suas), afirma que ama seus lábios e que compartilhar esse tipo de imagem de si pode ser um desafio e uma forma de empoderamento, com a finalidade de encorajar outras pessoas a mandarem as suas, e parece uma estratégia eficaz, pois existem dezenas de imagens de outras vulvas no decorrer do blog. Emma estimula o envio de fotos das leitoras, não importa a quantidade de fotos.

Eu fui corajosa e decidida a mostrar os meus lábios, então eu sei como esse desafio que é também empoderador, catártico e libertador pode ser. Se você gostaria de enviar as suas fotografias, histórias, experiências e seus sentimentos sobre seus lábios também, então você pode se orgulhar, sabendo que sua contribuição está ajudando 7 outras pessoas com lábios a se sentirem aceitas e normais .

Nota-se uma preocupação em situar que a proposta do blog é abordar a nudez genital em contexto não-sexual, apesar de o blog mostrar fotos e conter conteúdo escrito (histórias, problemas e experiências) com temas adultos. Além disso, reforça que é importante a interatividade e compartilhamento das imagens, desde que as pessoas sejam maiores de 18 anos. É, portanto, um 6

Trecho de uma postagem do dia 6 de maio de 2015 na qual uma anônima submeteu um depoimento no qual ela falava da aparência de sua vagina e de como estava tentando gostar do que via. Tradução minha. 7

“About”, disponível no link: http://largelabiaproject.org/About. Acesso em: 22 de maio de 2015.

8

projeto “inclusivo e todas as pessoas com lábios são bem-vindas, independentemente de raça, idade, orientação sexual ou de gênero” 8. Nesta ocasião, trazemos algumas postagens do mês de maio de 2015 que tratam em sua maioria, de depoimentos que mencionam principalmente o impacto do blog na vida das mulheres, as quais mencionam problemas diversos relacionados à aparência de suas vulvas e como o blog aparece como uma importante estratégia na construção de uma autoconsciência do corpo e da vagina, mas também evidencia uma falta de espaço para discutir com pessoas mais próximas (familiares, amigos/as e companheiros/as) esse tipo de assunto e uma carência de referências “reais”. Tenho 23 anos agora e eu amo meu corpo e tudo sobre mim, mas esta pequena parte de mim sempre me incomodou mais. Um par de dias atrás eu pesquisei 'grande lábios' e aqui estou eu. Eu não posso expressar o quanto me senti aliviada quando vi inscrições de outras meninas e ouvi o que elas têm a dizer. Eu me senti um grande peso sendo tirando de meus ombros. Eu não sou estranha. Eu sou como qualquer outra pessoa. Obrigada, Emma. Você tem feito muitas meninas sentirem o mesmo que eu! Eu sinto que eu poderia olhar para os meus lábios por horas agora. Eu os acho bonitos e eles me 9 lembram uma flor que eu nunca tinha visto antes!”.

O trecho supracitado contém um teor positivo, mas nem sempre os depoimentos apresentam um conteúdo semelhante, de aceitação. A sensação de estranheza diante do próprio corpo é uma constante, assim como autoconfiança e autoestima abaladas: Emma, eu quero a sua confiança. Eu quero ser como você. Você é incrível e este blog tem me ajudado muito. Eu não sei o que teria acontecido, se não tivesse já encontrado este blog. A única coisa que eu lamento é que eu não tenha encontrado anteriormente. Eu não posso amar minha vulva ainda, mas pelo menos eu não estou 10 chorando. Obrigado por sua existência!” .

8

Idem.

9

Trecho de depoimento em postagem do dia 9 de maio de 2015, disponível no link: http://largelabiaproject.org/post/118480033078/submission-my-labia-story-i-startedmasturbating. Acesso em: 22 de maio de 2015. Tradução minha. 10

Depoimento em postagem do dia 6 de maio de 2015, disponível no link: http://largelabiaproject.org/post/118279365518/emma-i-want-your-confidence-i-want-to-be-like. Acesso em: 22 de maio de 2015. Tradução minha.

9

Em algumas postagens, Emma reproduz o depoimento da pessoa anônima e sua resposta para o depoimento, geralmente, como no trecho seguinte, Emma, mesmo quando apenas conhece a descrição do problema, faz questão de elogiar sua interlocutora:

Sua vulva parece bonita. Não se preocupe, não há nenhum problema em ter pigmentação mais escura em seus lábios. Cerca de 30% têm pequenos lábios que são ou tons de marrom, roxo, cinza, azul ou preto, ou uma combinação de tudo isso. Rosa no interior e uma cor mais escura do lado de fora é muito comum. E cerca de metade de todos com os lábios são mais escuras. Você não tem nenhuma necessidade de se preocupar. E o que disse soa lindo. É tão bonito que tenha uma sarda lá! Como uma mancha de beleza para a sua já bonita vagina. É apenas a pigmentação da pele novamente e nada para se preocupar. Se você estiver com mais de 18, então eu adoraria que você compartilhe a sua vulva aqui - isso soa tão bonito! 11

Nem todas as postagens têm fotos, como essa postagem interessante que fala sobre a importância do material do blog como forma de empoderamento e auxilio na “reconquista” da autoestima: Oi Emma, eu sou tão grata que eu tropecei em seu blog. Eu tenho 17 anos e por muitos anos tenho sido autoconsciente que meus pequenos lábios são maiores do que o "normal", acho que alguns meses eu posso aceitar como pareço, no entanto, logo que meninos ou meninas ou mesmo sites de mídia social mencionam "cortinas de carne bovina" eu me sinto deprimida e insegura sobre isso por algum tempo depois, eles dizem como é nojento, é honestamente a coisa 12 mais dolorosa, mas o pior é encobrir a dor.

11

No original: “Your vulva sounds beautiful. Don’t worry, there’s no problem in having darker pigmentation in your labia. About 30% have labia minora that are either shades of brown, purple, grey, blue or black, or some combination of all of those. Pink on the inside and a darker colour on the outside is very common. And about half of everyone with labia have darker tips. You have no need to worry. And they sound gorgeous. That’s so cute having a freckle there! Like a beauty spot for your already beautiful vagina :) It’s just skin pigmentation again and nothing to worry about. If you’re over 18 then I’d love for you to share your vulvas here – it sounds so pretty!”. Postagem de 11 de maio de 2015.

12

No original: “Hi Emma, I am so grateful I stumbled across your blog. I am 17 years old and for many years have been self conscious of my Labia Minora being larger than "normal", I find that some months I can accept how I look, however as soon as boys or girls or even social media sites mention "beef curtains" I find myself being depressed and insecure about it for sometime after, they say how disgusting they are, it is honestly the most hurtful thing but the worse is covering up the pain”. Depoimento publicado em 11 de maio de 2015.

10

O trecho anterior faz referência à autoconsciência da diversidade e do próprio corpo, além de citar o impacto de mídias na construção negativa da diversidade, no caso, o “excesso” de carne nos pequenos lábios. Muitas mulheres procuram intervenções médicas, as cirurgias íntimas, para “concertar” o que para elas parece ser um defeito. Aline Lage, fisioterapeuta especializada em Saúde da Mulher, em seu blog, informa que: As alterações na genitália podem ser congênitas (de nascença), adquiridas (por partos e cirurgias) ou simplesmente causadas pelo tempo (envelhecimento) e podem gerar ansiedade, depressão, perda da autoestima, insatisfação sexual nas mulheres que valorizam a 13 aparência pessoal, bem como a sexualidade .

É importante atentar para o caráter negativo dessas alterações que são tidas como gerando situações de constrangimento e com profundas influencias sobre como a mulher enxerga a si e seu próprio corpo. Emma procura contornar esse tipo de pensamento negativo: Não há melhor ou pior, apenas diferente. É uma cor do arco-íris mais normal do que as outras? É uma rosa mais normal do que uma margarida? A ideia do normal apenas não se aplica quando há diversidade e beleza em cada variação. Se você pode entender que você está bem do jeito que você é, que você não é mais ou menos normal do que qualquer outra pessoa, e você pode apreciar que há tanta variação na aparência genital, talvez você pode começar a sentir que, no fundo, você está ok... Olhe ao redor, veja os arquivos deste blog e aprecie a maravilhosa diversidade, e todos as vulvas 14 normais com lábios normais. Essa é a realidade... .

13

“Estética genital: entenda o que é”. Disponível no link: http://alinelagefisioterapia.blogspot.com.br/2013/06/estetica-genital-entenda-o-que-e.html). Acesso em 8 de março de 2015. 14

“…There is no better or worse, only different. Is one colour of the rainbow more normal than the others? Is a rose more normal than a daisy? The idea of normal just doesn’t apply when there’s diversity and beauty in every variation. If you can understand that you’re fine just the way you are, that you’re no more or less normal than anyone else, and you can appreciate that there’s so much variation in genital appearance, perhaps you can start to deep down feel that you’re ok…Look around this blog’s archives and take in the wonderful diversity, and all the normal vulvas with normal labia. That’s the reality”. Trecho de Postagem de 11 de maio de 2015.

11

A professora Lola Aronovich15 afirma que é “a coisa mais normal do mundo” achar que nosso corpo está “cheio de defeitos”. Isso se deve ao fato de que: [...] nos ensinam a achar, pra que a gente possa consumir mais e mais, em busca de uma cura para problemas inexistentes. É o que o capitalismo faz: inventa falhas em busca do lucro. Você passa anos da sua vida sem saber que aquela parte do seu corpo era inadequada. E, de um dia pro outro, você aprende que precisa resolver urgentemente o maior problema da sua vida.

Heloísa, uma das autoras do blog “Eu sou uma mulher livre”16 lembra que falar em autoestima vaginal a procura por cirurgias íntimas para a correção de “defeitos” estéticos significa “Mais uma vez o tal ‘padrão de beleza’ interferindo na vida da mulher”. Já não bastasse mulheres sendo induzidas a serem magras, ter peitões, ser alta, ter bunda, etc, ou então ter que usar tal roupa, por que está na moda para atender a um padrão exigido pela sociedade, agora me vem com esta questão de “vagina perfeita, seguindo um padrão estético”. Para piorar a situação, as explicações de fazer uma cirurgia dessas são voltadas diretamente para a alegria dos homens. A psicanalista e escritora Regina Navarro Lins tem sua teoria: “Mais uma vez, são as mulheres querendo se ajustar ao que elas supõem que os homens querem. Não é diferente do que faziam as gueixas, que espremiam os pés em sapatos minúsculos para ficarem atraentes aos olhos masculinos”, compara. “Porque, ao contrário do que acontece com os homens, que associam o ideal masculino de força e poder ao tamanho do pênis, no universo feminino vagina não tem nada a ver com competição. A gente não fica mostrando os lábios vaginais umas para as outras no banheiro de uma festa. Se mulheres se submetem a procedimentos cirúrgicos, é na tentativa de ficarem lindas para eles”, critica

O Large Labia Project realiza a função de conscientização de que o tamanho da vagina não deve ser motivo para interferir na vida sexual, que não é preciso mudar seu corpo, cirurgicamente, em decorrência de uma ideia negativa sobre o que seu parceiro sexual pode pensar.

15

“Vergonha da minha parte íntima”. Disponível no link: http://escrevalolaescreva.blogspot.com.br/2014/05/vergonha-da-minha-parte-intima.html. Acesso em: 8 de março de 2015. 16 Faça por você. Disponível no link: https://eusouumamulherlivre.wordpress.com/author/eusouumamulherlivre/. Acesso em: 28 de maio de 2015.

12

Querida Emma, muito obrigada pela execução de seu blog! Isso me fez sentir tão bem por me certificar de que minha buceta não é a única e enorme. Tenho 26 anos. Eu costumava ir regularmente para a piscina e eu sempre senti que eu tinha que esconder a minha buceta por ser maior do que as outras. Eu me masturbo muito regularmente e eu gostaria de poder fazê-lo mais. Eu também tive um monte de parceiros sexuais. Algumas das histórias eu me arrependo, mas agora sinto-me feliz por ter um grande amor por sexo. A masturbação também me acalma, ajuda a adormecer. É um medicamento. Então, basicamente eu estou feliz com esta parte da vida, mas eu sempre tive uma pequena sensação de que meus lábios são muito grandes. Mas agora eu acho que eles são apenas talvez um símbolo de meu apetite sexual vibrante... Obrigado pela possibilidade de 17 compartilhar”

O blog e o material compartilhado parecem ajudar as mulheres a “conviverem” com seu próprio corpo e lutarem contra pensamentos negativos, e é muito importante como um elemento que auxilia a construir sua autoconfiança através da autoconsciência.

Resistência, autoconsciência e cultura afetiva “Amai os vossos corpos, senhoras. Desenvolver a autoconfiança é a coisa mais importante que você pode fazer por si 18 mesmo” .

Parece possível encaixar na discussão a expressão utilizada por Raymond Williams (1969, p. 325) de uma “comunidade de experiência”, a configuração de uma “cultura em comum” que se faz importante por remeter o aprendizado a partir da experiência (p. 323). Essas experiências partilhadas no espaço criado por Emma P., podem também significar a criação de uma “cultura afetiva”, aqui no sentido abordado por Le Breton (2009), que afirma 17

No original: “Dear Emma, thank you very much for running your blog! It made me feel so good to be sure that my pussy is not the only huge one. I am 26 years old. I used to go regularly to the swimming pool and I always felt that I had to hide my pussy because of being larger than others. I masturbate very regularly and I wish I could do it more. I also had quite a lot of sex partners. Some of the stories I regret now but I feel happy to have a great love of sex. Masturbating also calms me down, help to fall asleep. It is a medicine. So basically I am happy with this part of life but I always had a small feeling that my labia are too big. But now I think they are just maybe a symbol of my vibrant sexual appetite… Thank you for the possibility to share”. Depoimento postado no dia 10 de maio de 2015. 18

No original: “Love your bodies, ladies. Developing self confidence is the most important thing you could do for yourself”. Depoimento em postagem de 6 de maio de 2015.

13

que, para que “um sentimento (ou emoção) seja experimentado ou exprimido pelo indivíduo ele deve pertencer, de uma forma ou de outra, ao repertório cultural do seu grupo” (LE BRETON, 2009, p. 126); Para Le Breton (2009, p. 113), a afetividade “simboliza o clima moral que envolve em permanência a relação do indivíduo com o mundo e a ressonância íntima das coisas e dos acontecimentos que a vida quotidiana oferece”. Nesse sentido,

“As

emoções

são,

portanto,

emanações

sociais

ligadas

a

circunstancias morais e à sensibilidade particular do indivíduo”, mobilizando “um vocabulário e discursos: elas provêm da comunicação social” (LE BRETON, 2009, p. 120); são “modos de afiliação a uma comunidade social, uma maneira de se reconhecer e de poder se comunicar em conjunto sobre a base da proximidade sentimental” (LE BRETON, 2009, p. 126-127). Uma cultura afetiva está socialmente em construção. Cada um impõe sua colocação pessoal ao papel que representa, com sinceridade ou distância, embora sempre reste uma tela de fundo que torna as atitudes reconhecíveis... compreender uma atitude afetiva implica desenrolar inteiramente o fio da ordem moral do coletivo, identificando a maneira como o sujeito que vive a situação define essa última (LE BRETON, 2009, p. 127).

A construção de uma cultura afetiva é, assim, uma estratégia de resistência e referência. Le Breton (2009, p. 114) lembra que, de acordo com o senso comum, emoção é geralmente associada com irracionalidade, falta de autocontrole e vulnerabilidade, “uma imperfeição que se deve emendar, corrigindo-se seu rumo na direção de uma existência razoável”. Essa afirmação confirma o receio expresso na noção de que o Large Labia Project seria “um lugar para ser vulnerável, mas não ser julgada”. No entanto, enquanto Le Breton afirma que a emoção é um momento provisório, o Large Labia Project propõe o contrário, que esse momento ultrapasse o momentâneo, seja um estado permanente de autoconsciência e aceitação, que se transforma em amor ao próprio corpo, através da expressão das emoções de suas interlocutoras anônimas sobre suas vaginas.

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Considerações finais ou O elogio da vagina?

Entendendo o projeto como parte de uma rede que estimula a formação de um campo de ativismo a favor da autonomia feminina em/na rede, a Internet funciona como meio de aumentar o alcance do feminismo, ou algumas questões importantes de lutas femininas19 de uma forma mais visual20. Esse fenômeno assinala as potencialidades da Internet como ambiente de troca, de produção de conhecimentos, criação de comunidades (NOVELLI, 2010). Acredito que se forma, assim, uma rede de cooperação e re-criação coletivas configuradas através da Internet, e essas mulheres reais buscariam alargar o campo de identificações para produzirem suas identidades femininas, suas subjetividades e uma “cultura comum”, formando um aprendizado em rede, uma [...] troca contínua de ideias e de sentimentos e como que uma assistência moral mútua, que faz com que o indivíduo, em vez de ficar reduzido a suas próprias forças, participe da energia coletiva e nela venha recompor a sua quando esta chegar ao fim [ou esteja abalada] (DURKHEIM, 2000, p. 259).

Sendo assim, é importante estudar como “quaisquer tecnologias podem ter efeitos na produção de gênero”, e como o gênero “pode (e deve) ser pensado por meio de tecnologias que não apenas materializam instâncias normativas, mas são elas mesmas, parte de sua constituição” (GALINDO e SOUZA, 2012). Esse estudo aposta na fecundidade de trabalhar essa rede visando analisar a tentativa de criação de convenções não hegemônicas de “beleza”, por abordar modos de enfrentamento das causas e consequências de traumas relacionados ao corpo, no entanto, considerando que “aceitar” o próprio corpo 19

Dentre outras, a questão da legalização do aborto e o alto índice de estupro, são algumas das problemáticas que envolvem a vivência e autonomia do corpo feminino, das opressões e violências de gênero. 20 Destaco os trabalhos de Ribeiro, Costa e Santiago (2012), sobre o movimento Riot Grrrl, movimento de cultura juvenil que abrange música, feminismo, arte, literatura, cinema e política, e a dissertação de Wrobleski (2013) sobre o coletivo Fierce Pussy, que aborda a relação entre palavra e imagem no trabalho do referido coletivo. Outras autoras que trabalham a interface entre feminismo e arte: Trizoli (2008), Castanheira, Faria e Alvarenga (2013), Scandolara (2013) e Tvardovskas (2011).

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representa problema central na vida de muitas mulheres, independente da idade, etnia, nacionalidade, classe social e posicionamento político. Dentro de um contexto amplo de mobilizações e repertórios de práticas de resistência, o espaço que Emma P. cria se encaixa no que podemos chamar de novos movimentos, não por trazerem novas reivindicações, mas pela entrada das novas tecnologias de informação/comunicação como um dos instrumentos

de

ação/divulgação,

espaço

e

ponto

de

encontros

de

coletividades. De fato, podemos dizer que os meios “de comunicação de massa configuram o nosso cotidiano, sendo um elemento importante de disputa pela definição de identidades individuais e coletivas que perpassam tanto a esfera privada como pública” (PEREIRA, 2010, p. 14). Naomi Wolf (2013, p. 54) lamenta que “ao contrário do que somos levados a crer, a vagina ainda está longe de ser livre no Ocidente nos dias de hoje – tanto pela falta de respeito como pela falta de entendimento do papel que ela exerce”. Zwang (2000, p. 303-304) completa: primeiro que o “sexo da mulher” não é sujo, já que “A boca é úmida e fendida, a axila, peluda, o pé cheira; ninguém mais pensou que essas são regiões repugnantes que não deveriam ser mencionadas, jamais desenhadas”; segundo que o “sexo da mulher” não é vergonhoso, se assim fosse, “os proponentes dessas teorias deveriam propor a abolição da necessidade alimentar, que leva a resíduos tão inestéticos. Não pode haver nem funções nem órgãos vergonhosos” e, por último, “O sexo da mulher não é feio. Em nome de quais princípios estéticos poder-se-ia censurar os artelhos ou as narinas?”. Segundo Zwang (2000, p. 307-311), parece que o “sexo da mulher” carece “muito de uma salutar reabilitação, seja nos museus e em praças públicas, seja nos espíritos e nos corações”. [...] para derrubar as ultimas prevenções contra a vulva, sempre existe um ‘jeitinho’ simples: a introdução na vida cotidiana de objetos que a simbolizam. Os símbolos fálicos nos cercam e obcecam de maneira excessiva, do obelisco ao campanário, até chegar à obscena e mortífera pistola brandida pelo herói do cinema, o que o desobriga de ter que abrir a vista das calças de seu sedutor terno ou se seu ‘viril’ jeans. Não se trata de erigir ídolos vulvares, embora eles pudessem ser oportunos substitutos desse lúgubre instrumento de suplício que é a cruz, que infesta nossas estradas e desagrada inúmeros outros lugares. Mas é muito desejável, para emparelhar

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com os incontáveis objetos fálicos, que surjam – ou ressurjam, pois já os houve – objetos à imagem do sexo da mulher.

O Zwang, por sua vez, parece esperar que a introdução de elementos “vulvares” no cotidiano modifique a visão que a sociedade tem sobre a vulva/vagina. Será que seria esse um caminho?

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