Leis do Antigo Testamento Hoje

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As Leis do Antigo Testamento nos Dias de Hoje Livreto adaptado de uma série de mensagens pregadas na Iglesia Nueva Alianza (Filadelfia, Paraguay) por Paul G. Janzen nos anos 2012 e 2013*

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Veja informações de contato no final desse livreto.

ÍNDICE Introdução ao Tema.................................................................................................1 1º Resumo dos Capítulos........................................................................................1 2º A Obediência......................................................................................................3 3º O Mandamento de Jesus....................................................................................5 Capítulo II - Leis do Antigo Testamento ANTES de Moisés........................................7 1º O pecado existia antes da lei ser dada a Moisés?..............................................7 2º Quais foram os primeiros mandamentos de Deus?...........................................7 3º O que podemos aprender da história de Caim?.................................................8 4º O que dizer do adultério e do engano?..............................................................9 5º E o que podemos ler sobre honestidade e roubo?..........................................10 6º O que podemos aprender de Abraão?.............................................................12 Capítulo III - Leis do Antigo Testamento dadas a Moisés........................................15 1º Qual foi a Aliança que Deus ofereceu aos Israelitas?.......................................15 2º O que exatamente Deus ordenou?..................................................................16 3º Qual era a importância dos mandamentos dados a Moisés?..........................19 Capítulo IV - Jesus e a Lei do Antigo Testamento diante da Nova Aliança..............22 1º O que Jesus achava da Lei................................................................................22 2º Os novos ensinos de Jesus...............................................................................23 3º O principal mandamento.................................................................................24 Capítulo V - Leis do Antigo Testamento no Novo Testamento................................26 1º A Igreja Primitiva..............................................................................................26 2º O Apóstolo Paulo..............................................................................................28 Capítulo VI - Exemplos de Leis Obsoletas...............................................................31 1º O Dízimo...........................................................................................................31 2º O sábado..........................................................................................................46 Conclusão Geral.....................................................................................................50

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INTRODUÇÃO AO TEMA A questão da validade das leis do Antigo Testamento é um tema muito interessante para mim. Ao mesmo tempo é importante para os cristãos. Durante os últimos anos pensei e meditei sobre essa questão e algumas perguntas surgiram: Como as Leis do Antigo Testamento influenciam meu dia a dia? Como posso saber quais leis se aplicam aos nossos dias? Devo continuar obedecendo essas Leis? Todas? Algumas? Quais? Percebi que esse assunto não é um dos tópicos mais ensinados na igreja atu almente. Com o objetivo de esclarecer essas dúvidas em minha própria mente surgiu uma série de mensagens, pregadas na Iglesia Nueva Alianza, em Filadelfia, Paraguai nos anos 2012 e 2013. O livreto que você está lendo nesse momento é uma adapta ção dessas mensagens. Quando lemos o Antigo Testamento, ficamos um pouco confusos. Encontramos ali tantas leis dadas ao povo de Deus, que nos perdemos. O pior é que elas parecem fazer parte também do cristianismo que aprendemos. São leis de índole moral, ritual, sacrificial e comportamental. Mas quanto mais eu me aprofundei no estudo desse tema, mais eu percebi que existe uma diferença entre o Antigo e o Novo Testamento. Logo cheguei à conclusão que Jesus, o Messias, é o centro dessa mudança. E eu creio que é assim que essa é a melhor maneira com a qual podemos abordar esse assunto: de forma cristocêntrica. Primeiro, vejamos um pequeno resumo do que nos espera nesse estudo.

1º RESUMO DOS CAPÍTULOS Esse capítulo introdutório trata de um princípio básico: “C RISTÃOS OBEDECEM A DEUS.” Ele é a base, o fundamento sobre o qual vamos construir nosso conjunto de pensamentos a respeito das Leis do Antigo Testamento. O segundo capítulo trata das leis que existiam antes de Moisés, ou seja, antes mesmo até de existir a escrita. As pessoas tinham dentro de si esse sentimento sobre o

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que era certo e errado. Caim sabia que era errado matar seu irmão. Mas de onde ele sabia isso? O terceiro capítulo trata da lei de Moisés propriamente dita. Uma lei dada por Deus na chamada Antiga Aliança. Essa Lei era bastante completa, foi dada por escrito e estava relacionada a todos os aspectos da vida. É justamente essa Lei que estamos colocando na balança. O capítulo quatro nos mostra como Jesus se posicionou em relação às Leis do Antigo Testamento. Ele nasceu debaixo do poder dessa lei, mas veio justamente para mudar toda a história e nos libertar da escravidão da Lei. No capítulo cinco vamos analisar o que os diferentes autores do Novo Testamento pensam e ensinam sobre essas leis. O que ensinou o apóstolo Paulo? O que podemos aprender da Igreja Primitiva? O último capítulo trata de dois exemplos específicos: o Dízimo, e o Sábado. Que são talvez as duas leis mais polêmicas hoje em dia. O cristão é obrigado a dar o dízimo? Ele é obrigado a guardar o “Sabbath”?

Minha oração é que através desse pequeno livreto Deus possa falar ao teu coraçãopara viver em liberdade. Tenha uma mente e um coração aberto.

João 8:32 - “E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará.”

Boa leitura!

Obs.: Os textos bíblicos citados são da Nova Versão Internacional

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2º A OBEDIÊNCIA Os cristãos voluntariamente podem escolher o caminho certo, tomando a decisão de obedecer a Deus. E o que Deus espera de nós é exatamente isso: Cristãos OBEDECEM a Deus. O que Jesus ordenou aos discípulos em Mateus 28:19-20? “Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos.” E como você acham que eles deveriam fazê-lo? A ordem foi clara, pregando o Evangelho. Esse Evangelho consiste basicamente em anunciar o arrependimento e o perdão dos pecados através da fé em Jesus Cristo. Fé e arrependimento andam juntos. Porque pessoas que creem também se arrependem. A Fé é a causa e o arrependimento o resultado. E todos aqueles que tem essa fé em Jesus Cristo devem ser batizados e ENSINADOS A OBEDECER TUDO O QUE ELE ORDENOU . O servo de Cristo é obediente até mesmo nas mais difíceis circunstâncias. Assim como cães policiais, perfeitamente treinados, olham com água na boca um gato passando livremente na sua frente. Eles tem um forte desejo de correr atrás, mas eles permanecem sentados, apenas por obediência aos seus donos. Com essa mesma dedicação os cristãos deveriam obedecer ao seu Mestre.

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Jesus deu grande importância ao fato de que devemos colocar suas palavras em prática. Veja o seguinte texto de Mateus 7:21 24-26 - Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos céus, mas apenas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as pratica é como um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela não caiu, porque tinha seus alicerces na rocha. Mas quem ouve estas minhas palavras e não as pratica é como um insensato que cons truiu a sua casa sobre a areia. Jesus insiste em que coloquemos seus mandamentos em prática. Se o chamamos de Senhor, devemos também obedecê-lo. Porque um Senhor não é apenas um protetor, mas também alguém que tem autoridade para nos dizer o que fazer. E se verdadeiramente o amamos com toda certeza vamos fazer o que ele nos diz.

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3º O MANDAMENTO DE JESUS Qual foi o mandamento que Jesus enfatizou mais que outros? Em Mateus 22:37-40 lemos o seguinte: Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento’. Este é o primeiro e maior mandamento. E o segundo é semelhante a ele: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas. Sim, podemos dizer que o amor é o resumo da lei, mas isso não é desculpa para deixar os outros mandamentos de lado. Na verdade o amor é o motivo para obedecermos com mais fervor aos mandamentos de Deus. Claro que não podemos obter a salvação por meio da obediência, pois essa vem pela graça, um presente de Deus. E, mesmo que pudéssemos nos salvar por obediência, ninguém seria salvo, pois ninguém é capaz de obedecer 100% Jesus pagou um grande preço para nos redimir do pecado, e por isso não devemos levar nossa vida levianamente. O simples fato de saber desse preço pago pelo nosso Senhor, deveria ser motivo suficiente para nos afastarmos do pecado que tanta dor e tristeza lhe causaram. Pela fé nessa obra de Jesus, podemos ser salvos. E mesmo assim a Bíblia nos incentiva a obedecer. Qual é então a relação entre a fé e a obediên cia? Leia os seguintes textos: Romanos 1:5 - Por meio dele e por causa do seu nome, recebemos graça e apostolado para chamar dentre todas as nações um povo para a obediência que vem pela fé. Romanos 3:31 - Anulamos então a lei pela fé? De maneira nenhuma! Pelo contrário, confirmamos a lei. Romanos 16:26 - Jesus Cristo é revelado e dado a conhecer pelas Escrituras proféticas por ordem do Deus eterno, para que todas as nações venham a crer nele e a obedecer-lhe, Tiago 2:14-17 - De que adianta, meus irmãos, alguém dizer que tem fé, se não tem obras? Acaso a fé pode salvá-lo? Se um irmão ou irmã estiver necessitando de roupas e do alimento de cada dia e um de vocês lhe disser: "Vá em paz, aqueça-se e ali -

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mente-se até satisfazer-se", sem porém lhe dar nada, de que adianta isso? Assim também a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está morta. O fato de sermos salvos pela fé somente, não nos isenta de obedecer, pelo contrário, vamos justamente provar nossa fé aos outros com nossa obediência. As duas coisas andam juntas: a fé leva à obediência, e os resultados da obediência dando visíveis evidências de que a fé é real.

APLICAÇÃO: Muito bem, chegamos então à conclusão que devemos obedecer. Isso

é fundamental para o cristianismo. Isso é fundamental para mim e para você. Pois as decisões que tomamos diariamente dependem da nossa posição em relação à fé e à obediência. O perdão também depende disso, pois não podemos honestamente pedir pelo perdão dos nossos pecados, se deliberadamente continuamos a viver em desobediência. Jesus, Pedro, Paulo e Tiago todos pregaram a mesma mensagem: cristãos são servos de Deus, fazendo a sua vontade e se esforçando em viver uma vida digna do nome de Deus. Esse é o fundamento para o restante desse livreto, pois naturalmente, queremos fazer o que Deus quer, queremos obedecer. E a razão principal dessa série de mensagens é justamente o fato que eu quero obedecer melhor ao meus Senhor. Eu estava em dúvida quanto aos mandamentos do Antigo Testamento, será que o que aprendi na igreja está certo? Será que estou realmente fazendo a vontade de Deus? Se você não quiser obedecer a Deus, então esse estudo da Palavra de Deus não faz sentido, e você pode parar de ler agora mesmo. E digo mais, se não queremos obedecer a Deus, nada do que estamos fazendo aqui na igreja faz sentido. Pense a respeito disso e peça a Deus para que te mostre a Sua Vontade. Mas cuidado! Ouvi di zer que Deus atende as orações daqueles que o buscam com sinceridade no coração.

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CAPÍTULO II - LEIS DO ANTIGO TESTAMENTO ANTES DE MOISÉS Começamos nosso estudo propriamente dito sobre o período da humanidade desde Adão até Moisés. Dividi o capítulo em seis perguntas, que serão respondidas com base em textos bíblicos e alguns pensamentos próprios.

1º O PECADO EXISTIA ANTES DA LEI SER DADA A MOISÉS? RESPOSTA: Sim, com toda a certeza. Romanos 5:12-14 - Portanto, da mesma forma como o pecado entrou no mundo por um homem, e pelo pecado a morte, assim também a morte veio a todos os homens, porque todos pecaram; pois antes de ser dada a lei, o pecado já estava no mundo. Mas o pecado não é levado em conta quando não existe lei. Todavia, a morte reinou desde o tempo de Adão até o de Moisés, mesmo sobre aqueles que não cometeram pecado semelhante à transgressão de Adão, o qual era um tipo daquele que haveria de vir. Nesse trecho, o autor de Romanos está falando a respeito do período entre Adão e Moisés. O pecado entrou no mundo através de Adão. O salário do pecado é a morte, e com exceção de Jesus, a morte tem poder sobre todos os homens. No verso 13, o escritor usa a palavra LEI em dois sentidos diferentes. Uma lei foi a dada a Moisés, mas antes dessa lei ser dada aos homens, existia uma lei mais fundamental. Entre Adão e Moisés, as pessoas pecaram, elas andavam em seus próprios caminhos, ignorando a Deus. Faziam coisas que Deus não queria que fizessem. A lei de Deus já exis tia, mesmo que ainda não havia sido escrita, e todos estavam transgredindo essa lei. Por isso lemos que todos pecaram e estão separados de Deus. (Rm 6:23)

2º QUAIS FORAM OS PRIMEIROS MANDAMENTOS DE DEUS? RESPOSTA: encontramos diretamente nos seguintes textos: Gênesis 2:16-17 - E o Senhor Deus ordenou ao homem: "Coma livremente de qualquer árvore do jardim, mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer, certamente você morrerá".

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Gênesis 1:27-28 - Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Deus os abençoou, e lhes disse: "Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela terra". Como criador, Deus tem tinha todo o direito de dizer a Adão e Eva o que eles deveri am fazer. Ele também providenciou tudo o que eles precisariam. Adão e Eva deveriam ter obedecido, mas foram egoístas e por causa disso pecaram. A ordem era clara, multiplicar-se, e dominar sobre os animais, subjugar a terra, com a autoridade que Deus lhes havia dado. Eles queriam esse poder e a sabedoria, mas tentaram consegui-los de maneira ilegal. O resultado foi a morte deles e de todos os seus descen dentes. Toda a humanidade tem esse egoísmo dentro de si, que leva cada um a pecar. E por isso, mesmo que não exista lei escrita, todos estamos predispostos a desobedecer a Deus. Ninguém escapa. E é por esse motivo que todos precisam do sacrifício de Jesus Cristo, como lemos em Romanos 5.

3º O QUE PODEMOS APRENDER DA HISTÓRIA DE CAIM? Gênesis 4:6-11 - O Senhor disse a Caim: "Por que você está furioso? Por que se transtornou o seu rosto? Se você fizer o bem, não será aceito? Mas se não o fizer, saiba que o pecado o ameaça à porta; ele deseja conquistá-lo, mas você deve dominá-lo". Disse, porém, Caim a seu irmão Abel: "Vamos para o campo". Quando estavam lá, Caim atacou seu irmão Abel e o matou. Então o Senhor perguntou a Caim: "Onde está seu irmão Abel? " Respondeu ele: "Não sei; sou eu o responsável por meu irmão? " Disse o Senhor: "O que foi que você fez? Escute! Da terra o sangue do seu irmão está clamando. Agora amaldiçoado é você pela terra, que abriu a boca para receber da sua mão o sangue do seu irmão. Como Deus chamou a atenção de Caim quanto ao perigo da tentação e do pecado? E que pecado Caim cometeu se não havia lei? Bem no fundo, Caim sabia o que era certo e errado. Ele sabia que a sua atitude em relação ao seu irmão era errada. Deus lhe disse para resistir ao pecado, lutar contra a tentação, mas ao invés disso, ele per mitiu que o pecado o dominasse e ele assassinou seu irmão. E o pecado não foi tan to que ele matou seu irmão, mas que ele sabia que isso era errado, mesmo que não havia lei escrita. Da mesma maneira, todos nós temos dentro de nós esse senso natural para saber o que é certo e o que é errado. Deus escreveu essa lei, esse senso moral no coração humano. E mesmo que o conhecimento que cada um tem não seja perfeito, pelo menos cada um de nós tem um conceito básico de certo e errado. Sabemos a dife-

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rença entre egoísmo e amor. Mesmo que ninguém seja capaz de obedecer perfeitamente essa lei interna, algumas pessoas têm um comportamento melhor comparado a outros em relação a essa lei natural, e acabam fazendo o que agrada a Deus, mesmo sem ter conhecimento da Bíblia. Na época de Caim e Abel, muitas pessoas tentaram fazer o que elas achavam certo, mas ninguém era perfeito. Porém, a maior parte das pessoas escolheu o caminho do egoísmo, violando os valores e padrões da sociedade onde viviam. A Bíblia nos conta a história assim: Gênesis 6:11-13 - Ora, a terra estava corrompida aos olhos de Deus e cheia de violência. Ao ver como a terra se corrompera, pois toda a humanidade havia corrompido a sua conduta, Deus disse a Noé: "Darei fim a todos os seres humanos, porque a terra encheu-se de violência por causa deles. Eu os destruirei juntamente com a terra. As pessoas estavam se distanciando cada vez mais dessa lei natural, que Deus resolveu destruir tudo o que havia criado com um dilúvio, com exceção da família de Noé, e alguns animais. Depois do dilúvio, Deus deu uma advertência adicional sobre assassinato: Gênesis 9:5-6 - A todo que derramar sangue, tanto homem como animal, pedirei contas; a cada um pedirei contas da vida do seu próximo. "Quem derramar sangue do homem, pelo homem seu sangue será derramado; porque à ima gem de Deus foi o homem criado. Além disso, fez um pacto com Noé, prometendo nunca mais destruir toda a humanidade com um dilúvio (Gênesis 9:8-11).

4º O QUE DIZER DO ADULTÉRIO E DO ENGANO? Temos uma história muito interessante no Antigo Testamento. Lembre-se, estamos falando do tempo quando não havia lei escrita. Na verdade, nem mesmo existia a escrita. Vamos ler o texto: Gênesis 20:1-11 - Abraão partiu dali para a região do Neguebe e foi viver entre Cades e Sur. Depois morou algum tempo em Gerar. Ele dizia que Sara, sua mulher, era sua irmã. Então Abimeleque, rei de Gerar, mandou buscar Sara e tomou-a para si. Certa noite Deus veio a Abimeleque num sonho e lhe disse: "Você morrerá! A mu lher que você tomou é casada". Mas Abimeleque, que ainda não havia tocado nela, disse: "Senhor, destruirias um povo inocente? Não foi ele que me disse: ‘Ela é minha irmã’? E ela também não disse: ‘Ele é meu irmão’? O que fiz foi de coração puro e de mãos limpas". Então Deus lhe respondeu no sonho: "Sim, eu sei que você fez isso de coração puro. Eu mesmo impedi que você pecasse contra mim e por isso não lhe permiti tocá-la. Agora devolva a mulher ao marido dela. Ele é profeta, e orará em

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seu favor, para que você não morra. Mas se não a devolver, esteja certo de que você e todos os seus morrerão". Na manhã seguinte, Abimeleque convocou todos os seus conselheiros e, quando lhes contou tudo o que acontecera, tiveram muito medo. Depois Abimeleque chamou Abraão e disse: "O que fizeste conosco? Em que foi que pequei contra ti para que trouxesses tamanha culpa sobre mim e sobre o meu reino? O que me fizeste não se faz a ninguém! " E perguntou Abimeleque a Abraão: "O que te levou a fazer isso? " Abraão respondeu: "Eu disse a mim mesmo: Certamente ninguém teme a Deus neste lugar, e irão matar-me por causa da minha mulher. Eu acho essa história fantástica. Principalmente olhando do ponto de vista de que mesmo não existindo leis escritas havia um padrão de conduta que era respeitado pela humanidade em geral. Abraão agiu considerando que o povo onde estavam hóspedes não temia a Deus. Sabendo que naquela época isso significava violência e morte, ele decidiu enganar o rei, dizendo que sua mulher era na verdade sua irmã. Assim, de acordo com seu pensamento, ele não seria morto. O rei, não sabendo da verdade, tomou Sara para si, como uma de suas esposas ou concubinas, o que era uma prática normal naquele tempo. Mas adultério era pecado. Um rei poderia pegar para si qualquer mulher solteira, mas nunca uma casada. Pois estaria cometendo adultério. E onde estava escrito essa lei? Não estava, mas de certa forma era conhecida e obedecida. Nesse caso, Deus mesmo, apareceu num sonho para avisar ao rei o pecado que ele estava por cometer. Realmente algo interessante. E, até mesmo o engano era considerado pecado. Perguntou o rei a Abraão: “O que fizeste conosco? Em que foi que pequei contra ti para que trouxesses tamanha culpa sobre mim e sobre o meu reino? O que me fizeste não se faz a ninguém!”

5º E O QUE PODEMOS LER SOBRE HONESTIDADE E ROUBO? Um outro exemplo espetacular é o de Jacó, que trabalhava para o seu sogro, quando ele era fugitivo do seu irmão. Mas pensando em seu futuro, e ele não quis mais ficar ali. Labão, que era o sogro de Jacó, não era temente a Deus, e descobriu por meio de adivinhação que Deus o havia abençoado por causa de Jacó, que cuidava dos seus rebanhos. E por isso, pediu que ficasse. Os rebanhos aumentaram muito em número, sendo que Labão era agora muito mais rico. Por isso disse a Jacó: me diga o teu preço que eu pagarei. Mas Jacó, muito astuto, disse: Gênesis 30:32, 33 - Hoje passarei por todos os seus rebanhos e tirarei do meio deles todas as ovelhas salpicadas e pintadas, todos os cordeiros pretos e todas as ca-

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bras pintadas e salpicadas. Eles serão o meu salário. E a minha honestidade dará testemunho de mim no futuro, toda vez que você resolver verificar o meu salário. Se estiver em meu poder alguma cabra que não seja salpicada ou pintada, e algum cordeiro que não seja preto, poderá considerá-los roubados." Aqui, o que me chama a atenção é que mesmo sem nenhuma lei escrita, era de con senso geral que o roubo era algo ruim, e a honestidade era uma qualidade e uma virtude a ser buscada. Mesmo entre povos e pessoas que não necessariamente andavam com Deus, honestidade e roubo eram corretamente avaliados como certo e errado. Uma boa explicação para isso é a questão das gerações. Hoje em dia, é comum vermos fotos de 4 gerações juntas, mas nesse tempo, até 11 gerações viveram juntas. Isso quer dizer que Abraão, que nasceu uns 350 anos depois do dilúvio, ainda chegou a conhecer o filho de Noé, que passou pelo dilúvio. Isso quer dizer também que ele escutou as ordens e instruções de Deus, diretamente daqueles que viveram o antes e depois do dilúvio. Quando analisamos a linha de tempo com mais cuidado, notamos que entre Adão e Abraão, que são aproximadamente 2000 anos, existem apenas 3 passos de separação, pois Adão viveu até Lameque (pai de Noé), que viveu com Sem (filho de Noé,) que viveu junto com Isaque (filho de Abraão). Ou seja, de certa forma é como se eu ouvisse o meu avô contando as histórias sobre Deus. Isso é fascinante. E por causa disso, não precisavam nada escrito, pois escutaram de primeira mão das pessoas que o vivenciaram.

Para visualizar melhor esse gráfico veja-o na Internet: http://paulgjanzen.com/images/Linha-do-tempo.png

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6º O QUE PODEMOS APRENDER DE ABRAÃO? Em Gênesis 12:1-3 - Deus falou com Abraão o seguinte: "Saia da sua terra, do meio dos seus parentes e da casa de seu pai, e vá para a terra que eu lhe mostrarei. Farei de você um grande povo, e o abençoarei. Tornarei famoso o seu nome, e você será uma bênção. Abençoarei os que o abençoarem, e amaldiçoarei os que o amaldiçoarem; e por meio de você todos os povos da terra serão abençoados". Isso era algo novo para Abraão, ele não havia escutado esse tipo de coisa dos seus antepassados. Mas ele havia aprendido o suficiente sobre Deus, para saber que ele deveria obedecer, e que era mesmo Deus falando com ele. No verso 4 lemos: “Partiu Abrão, como lhe ordenara o Senhor, levou sua mulher Sarai, seu sobrinho Ló, todos os bens que haviam acumulado e os seus servos.” Depois de vários anos, e o fato de que Abraão e Sara ainda não tinham filhos, Deus fez uma promessa adicional como lemos em Gênesis 15:5-6 - Levando-o para fora da tenda, disse-lhe: "Olhe para o céu e conte as estrelas, se é que pode contá-las". E prosseguiu: "Assim será a sua descendência". Abrão creu no Senhor, e isso lhe foi creditado como justiça. Daqui podemos concluir o seguinte: Abraão creu em Deus, e por causa disso ele foi considerado alguém que andava num bom relacionamento com Deus. Ele não era perfeito, mas ele queria obedecer a Deus, ele tinha suficiente fé para fazer o que Deus lhe pedia, mesmo que esse pedido parecesse ir contra as próprias promessas de Deus. E essa fé, essa atitude para com Deus, é que lhe deu a reputação de ser considerado justo diante de Deus. A mesma coisa observamos à pouco no exemplo de Abimeleque, ele apelou a Deus por sua consciência que estava limpa, ele não tinha intenções de praticar o adultério, ele apenas não sabia que Sara era casada. E Deus honrou essa atitude, por isso lhe avisou em sonho, antes que o pecado fosse cometido. Em Gênesis 17:1-14 lemos que um pouco antes de Isaque nascer, Deus mais uma vez reafirmou sua aliança e as promessas que havia dado a Abraão de torná-lo um grande povo e abençoar as nações, mas dessa vez havia uma condição: (v. 9-11) "De sua parte", disse Deus a Abraão, "guarde a minha aliança, tanto você como os seus futuros descendentes. Todos os do sexo masculino entre vocês serão circuncidados na carne. Terão que fazer essa marca, que será o sinal da aliança entre mim e vocês. E mais uma vez, Abraão, agora com 99 anos, obedeceu sem fazer perguntas, e naquele mesmo dia, ele, e todos os do sexo masculino (servos, parentes, e Ismael) foram circuncidados. Mostrando novamente a disposição dele de obedecer a Deus a qualquer custo.

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Temos o ponto alto da obediência de Abraão quando Deus lhe pediu que sacrificasse seu único filho legítimo, Isaque, que nesse tempo era um adolescente já. E mesmo que isso ia contra toda lógica humana, Abraão obedeceu. No último momento, Deus providenciou um cordeiro, vendo que Abraão era realmente um servo fiel. Abraão não era perfeito. Ele obedecia a Deus, mas também riu da sua promessa, ele enganou Abimeleque colocando a vida da sua esposa em risco, ele teve relações se xuais fora do casamento, tendo um filho com Hagar, a serva de Sara; e algumas vezes sua fé era fraca, mas Abraão continuou obedecendo a Deus até o final da sua vida, guardando todos os decretos, mandamentos e leis que Deus havia lhe passado, e isso lhe foi creditado como justiça.

APLICAÇÃO: estamos falando do período onde não havia leis escritas. A lei de Deus

dada a Moisés ainda não existia. E eu nunca havia lido a Bíblia com isso em mente. Para nós é lógico que adultério, engano, roubo e coisas assim são pecado, pois nós nascemos com as leis escritas. Mas naquele tempo, as pessoas tomavam suas decisões de certo e errado, baseadas na lei natural, escrita em seus corações, e nas revelações dadas diretamente por Deus a cada indivíduo. Por exemplo, o sacrifício que Abraão deveria fazer do seu filho não era permitido na lei mosaica. E Abraão jamais o faria, porque assim iria desobedecer a Lei, ele pensaria que essa ordem não vinha de Deus. E o que eu quero dizer com isso é que os mandamentos de Deus, dados a alguém, ou a um povo num período de tempo não precisam ser necessariamente obedecidos para sempre. Não somos obrigados a obedecer mandamentos dados a Adão, ou a Noé, ou a Abraão. Ninguém vai construir uma arca porque Deus ordenou isso a Noé. O sacrifício humano é totalmente proibido hoje. Mandamentos específicos podem mudar com o tempo, mas o princípio fundamental de obediência a Deus, fica o mesmo. Todos devem obedecer a Deus de acordo com os mandamentos que Deus lhes dá. As condições, os mandamentos e as formas de obediência mudam, mas o que permanece o mesmo é que Deus exige um coração com fé e disposição para obedecer. Contextualizando isso para nós: se uma pessoa acha que dançar é pecado, ela não deveria dançar. Não porque alguma lei proíbe, mas porque a sua fé lhe diz assim. Lemos em Romanos 14:23 - Mas aquele que tem dúvida é condenado se comer, porque não come com fé; e tudo o que não provém da fé é pecado. Se essa pessoa dança, crendo que Deus não quer que ela dance, ela está sendo rebelde e está desobedecendo a Deus. Cada pessoa tem que agir de acordo com sua compreensão dos mandamentos de Deus e de acordo com sua consciência. Esta é a lei da fé.

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E por isso, é tão importante sabermos o que Deus quer de nós. Por isso esse estudo das leis do Antigo Testamento é importante para mim. Quero entender quais, de todas aquelas leis escritas para o povo de Israel, nós ainda somos obrigados a obedecer hoje em dia. E pelo meu estudo até agora, descobri que muitas daquelas leis já não se aplicam mais. Provavelmente vivemos escravos de um sistema das religiões, ao invés de viver livres. Livres para obedecer a Deus de acordo com o nosso entendi mento de suas leis, e não como as igrejas atuais querem que vivamos. Se você, assim como eu, quer obedecer a Deus, é importante para nós saber o que devemos fazer com as Leis do Antigo Testamento. Que Deus nos ajude a entender seus mandamentos para cada um de nós individualmente, e também para nós como igreja.

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CAPÍTULO III - LEIS DO ANTIGO TESTAMENTO DADAS A MOISÉS INTRODUÇÃO: Depois que Deus havia prometido as terras de Canaã à Abraão e à

sua descendência. Passaram-se mais três gerações até que ele começou a executar seu plano. Isaque, filho de Abraão. Jacó e Esaú, filhos de Isaque, e finalmente os filhos de Jacó, entre os quais estava José, e que mais tarde tornaram-se as 12 tribos do povo de Deus. Durante o período de Jacó, houve uma terrível seca na terra, e essa família foi morar no Egito. Ali eles se multiplicaram, e uns 400 anos mais tarde, eles eram um grande povo no meio dos egípcios. Eles, porém, eram escravos nessa terra tendo que trabalhar duramente; e estavam clamando a Deus por libertação. Deus então chamou um homem para ser o líder desse povo, e guiá-los novamente rumo à terra prometida a Abraão. Esse homem foi Moisés. Depois de uma saída extraordinária do Egito, com as 10 pragas, a travessia no mar vermelho e a destruição do exército egípcio, o povo se encontra no deserto, perto do Monte Sinai e é aqui que Deus faz uma Aliança com o seu povo. É nessa ocasião que ele entrega a Moisés as tábuas de pedra contendo os 10 mandamentos. Aqui começa um novo período na história do povo de Deus. Termina uma era de leis contadas de boca em boca, e co meça a era da lei escrita. A famosa Lei de Moisés, que é justamente a qual estamos colocando na balança. Mas além dos 10 mandamentos ainda são muitas e muitas leis, para cada detalhe e aspecto da vida.

1º QUAL FOI A ALIANÇA QUE DEUS OFERECEU AOS ISRAELITAS? Êxodo 19:3-6 - Logo Moisés subiu o monte para encontrar-se com Deus. E o Senhor o chamou do monte, dizendo: "Diga o seguinte aos descendentes de Jacó e declare aos israelitas: ‘Vocês viram o que fiz ao Egito e como os transportei sobre asas de águias e os trouxe para junto de mim. Agora, se me obedecerem fielmente e guardarem a minha aliança, vocês serão o meu tesouro pessoal dentre todas as nações. Embora toda a terra seja minha, vocês serão para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa’. Essas são as palavras que você dirá aos israelitas". Deus é soberano sobre toda a terra, e sobre todos os seres humanos, mas ele queria fazer um pacto, ou uma aliança especial com um povo. Esse povo seria um reino de sacerdotes, uma nação santa. Esse foi o desejo de Deus, ter um grupo de pessoas

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que mostrasse ao resto do mundo como se deve viver. E, contextualizando, isso é exatamente o que ele espera hoje dos cristãos também. Moisés foi incumbido com a missão de contar esse plano aos israelitas. Essa promessa de uma aliança com Deus, de ser um povo escolhido estava condicionada a apenas uma coisa: (que é o tema do primeiro capítulo) OBEDIÊNCIA. Se vocês me obedecerem; se vocês guardarem... então.... E qual foi a resposta do povo? Êxodo 19:8 - O povo todo respondeu unânime: "Faremos tudo o que o Senhor ordenou". E Moisés levou ao Senhor a resposta do povo. Não sei se essa resposta era mais por medo do Senhor do que por fé, pois a história nos mostra que nos anos futuros, esse povo não passou no teste de obediência. Com certeza eles não entende ram bem o que estava acontecendo. Eles provavelmente também não conheciam sua própria incapacidade de cumprir com as promessas feitas a Deus de que eles iri am: “fazer tudo o que o Senhor ordenou.” O fato é que a aliança foi feita. Deus pro pôs abençoar o povo se esse obedecesse, e o povo aceitou as condições. Moisés era o mediador. Deus falava a Moisés, e este passava as informações ao povo. Da mesma forma ele também contava as coisas do povo a Deus.

2º O QUE EXATAMENTE DEUS ORDENOU? 2.1 - Os Dez Mandamentos Êxodo 20:1-17 - E Deus falou todas estas palavras: "Eu sou o Senhor, o teu Deus, que te tirou do Egito, da terra da escravidão. "Não terás outros deuses além de mim. "Não farás para ti nenhum ídolo, nenhuma imagem de qualquer coisa no céu, na terra, ou nas águas debaixo da terra. Não te prostrarás diante deles nem lhes prestarás culto, porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que castigo os filhos pelos pecados de seus pais até a terceira e quarta geração daqueles que me des prezam, mas trato com bondade até mil gerações aos que me amam e guardam os meus mandamentos. "Não tomarás em vão o nome do Senhor teu Deus, pois o Se nhor não deixará impune quem tomar o seu nome em vão. "Lembra-te do dia de sábado, para santificá-lo. Trabalharás seis dias e neles farás todos os teus traba lhos, mas o sétimo dia é o sábado dedicado ao Senhor teu Deus. Nesse dia não farás trabalho algum, nem tu, nem teus filhos ou filhas, nem teus servos ou servas, nem teus animais, nem os estrangeiros que morarem em tuas cidades. Pois em seis dias o Senhor fez os céus e a terra, o mar e tudo o que neles existe, mas no sétimo dia descansou. Portanto, o Senhor abençoou o sétimo dia e o santificou. "Honra teu pai e tua mãe, a fim de que tenhas vida longa na terra que o Senhor teu Deus te dá.

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"Não matarás. "Não adulterarás. "Não furtarás. "Não darás falso testemunho con tra o teu próximo. "Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem seus servos ou servas, nem seu boi ou jumento, nem coisa alguma que lhe pertença". Um texto muito conhecido. Também chamado: Os dez mandamentos. Não vou falar sobre nenhum deles especificamente hoje, mas por isso fiz questão de colocar todos os 17 versículos, para que esteja dentro da nossa cabeça uma vez mais. Esses man damentos formam a base para o código de leis mais completo que conhecemos como a Lei Mosaica. E como o povo reagiu? Qual foi sua resposta? Êxodo 20:18-19 - Vendo-se o povo diante dos trovões e dos relâmpagos, e do som da trombeta e do monte fumegando, todos tremeram assustados. Ficaram à distância e disseram a Moisés: "Fala tu mesmo conosco, e ouviremos. Mas que Deus não fale conosco, para que não morramos".

2.2 - Mandamentos Sobre a Adoração Em seguida, Deus dá ordens sobre como o povo deveria adorá-lo. E, como podemos observar daqui pra frente, suas ordens eram bastante específicas, às vezes entrando em detalhes tão pequenos que pareciam insignificantes. Êxodo 20:24-26 - "Façam-me um altar de terra e nele sacrifiquem-me os seus holocaustos e as suas ofertas de comunhão, as suas ovelhas e os seus bois. Onde quer que eu faça celebrar o meu nome, virei a vocês e os abençoarei. Se me fizerem um altar de pedras, não o façam com pedras lavradas, porque o uso de ferramentas o profanaria. Não subam por degraus ao meu altar, para que nele não seja exposta a sua nudez".

2.3 - Mandamentos sobre o relacionamento humano No capítulo 21 de Êxodo, Deus ordena uma série de leis e mandamentos referentes aos relacionamentos humanos. Nos primeiros 11 versos encontramos leis sobre os servos/escravos. Por exemplo, o v.2 - “Se você comprar um escravo hebreu, ele o servirá por seis anos. Mas no sétimo ano será liberto, sem precisar pagar nada.” Nos versos 12-32 lemos a respeito dos castigos em caso de ferimentos, palavras agressivas ou assassinatos. Por exemplo os v.14-17 - “Se alguém tiver planejado matar outro deliberadamente, tire-o até mesmo do meu altar e mate-o. Quem agredir o próprio pai ou a própria mãe terá que ser executado. Aquele que sequestrar alguém e vendê-lo ou for apanhado com ele em seu poder, terá que ser executado. Quem amaldiçoar seu pai ou sua mãe terá que ser executado.” São leis real-

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mente fortes. Quase consigo entender quando as pessoas obedeciam a Deus mais por medo de morrer do que por outra coisa. Você nem podia olhar muito torto pra alguém sem merecer algum castigo. Nessa parte também encontramos o conhecida lei (mencionada por Jesus) “Vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferida por ferida.” (v23-25). A lista de danos causados ao próximo segue pelo capítulo 22, referindo-se agora ao roubo, e a danos materiais. Por exemplo v.1 - “Se alguém roubar um boi ou uma ovelha e abatê-lo ou vendê-lo, terá que restituir cinco bois pelo boi e quatro ovelhas pela ovelha.” ou ainda o v.5 - “Se alguém levar seu rebanho para pastar num campo ou numa vinha e soltá-lo de modo que venha a pastar no campo de outro homem, fará restituição com o melhor do seu campo ou da sua vinha.” A partir do v.16 temos uma série de mandamentos de assuntos diversos, Por exemplo, v.16 a 22 - "Se um homem seduzir uma virgem que ainda não tenha compromisso de casamento e deitar-se com ela, terá que pagar o preço do seu dote, e ela será sua mulher. Não deixem viver a feiticeira. Todo aquele que tiver relações sexuais com animal terá que ser executado. Quem oferecer sacrifício a qualquer outro deus, e não unicamente ao Senhor, será destruído. Não maltratem nem oprimam o estrangeiro, pois vocês foram estrangeiros no Egito. Não prejudiquem as viúvas nem os órfãos;” e assim por diante... No capítulo 23 Deus adiciona mais alguns mandamentos e leio alguns exemplos: v.6 a 8 - “Não perverta o direito dos pobres em seus processos. Não se envolva em falsas acusações nem condene à morte o inocente e o justo, porque não absolverei o culpado. Não aceite suborno, pois o suborno cega até os que têm discernimento e prejudica a causa do justo.” lembrem-se, estou apenas lendo alguns exemplos. Ainda existem muitas outras, e a Bíblia parece não enfatizar nenhuma ordem, ou importância. O que ela ensina é que todas as leis de Deus deveriam ser obedecidas. Todos os detalhes de cada mandamento deveriam ser guardados. Deus foi muito exigente com o seu povo nesse período. E eu fico pensando, como seria nossa vida hoje se ainda tivéssemos que obedecer todas aquelas leis. Graças a Deus, Jesus veio, cumpriu com a lei e nos libertou dessa escravidão, e vivemos no período da graça. Mas isso me deixou pensando novamente: será que não é esse o motivo porque existem tantos cristãos mornos com falta de compromisso? O fato de que não somos mais castigados imediatamente ao quebrar alguma lei de Deus? Nós todos sabemos como devemos viver, a Bíblia é bastante clara nesse assunto, mas por alguma razão nós não levamos nossa vida muito a sério. Tudo o que temos é promessas para um futu ro: ou de vida eterna, ou de morte eterna. E, para a maioria das pessoas, a morte é algo muito distante: pelo menos é o que nós pensamos. Às vezes penso que se vol -

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tássemos a esse tempo, onde alguém cai morto, de repente, por ter desobedecido a Deus, o cristianismo iria melhorar. Mas olhando a história do povo, vejo que isso também não ajudou. O fato é que a lei veio para mostrar que somos todos pecado res, e não temos condições de obedecer aos mandamentos de Deus com o nosso esforço próprio. Dependemos da graça de Deus para sermos aceitos diante de dele, e para vivermos de acordo com a sua vontade.

2.4 - Outros Mandamentos No capítulo 23:10-12 temos ainda alguns exemplos sobre o trabalho: “Plantem e colham em sua terra durante seis anos, mas no sétimo deixem-na descansar sem cultivá-la. Assim os pobres do povo poderão comer o que crescer por si, e o que restar ficará para os animais do campo. Façam o mesmo com as suas vinhas e com os seus olivais. "Em seis dias façam os seus trabalhos, mas no sétimo não trabalhem, para que o seu boi e o seu jumento possam descansar, e o seu escravo e o estran geiro renovem as forças. ” nos versos 14 a 16 lemos a respeito das festas: “Três vezes por ano vocês me celebrarão festa. Celebrem a festa dos pães sem fermento; durante sete dias comam pão sem fermento, como eu lhes ordenei. Façam isto na época determinada do mês de abibe, pois nesse mês vocês saíram do Egito. Celebrem a festa da colheita dos primeiros frutos do seu trabalho de semeadura. Celebrem a festa do encerramento da colheita, quando, no final do ano, vocês armazenarem as colheitas.” A lista continua ainda com alguns outros assuntos que hoje já não vamos tratar.

3º QUAL ERA A IMPORTÂNCIA DOS MANDAMENTOS DADOS A MOISÉS? Para Deus, essa Aliança era sagrada. No capítulo 24, ela é selada num pacto de sangue, do sacrifício de novilhos. E o povo concordou novamente, confirmando sua lealdade. Lemos: v.3 - “Quando Moisés se dirigiu ao povo e transmitiu-lhes todas as palavras e ordenanças do Senhor, eles responderam em uníssono: "Faremos tudo o que o Senhor ordenou” v.8 - Depois Moisés aspergiu o sangue sobre o povo, dizendo: "Este é o sangue da aliança que o Senhor fez com vocês de acordo com todas essas palavras". E o v.11 - Disse o Senhor a Moisés: "Suba a mim, ao monte, e fique aqui; e lhe darei as tábuas de pedra com a lei e os mandamentos que escrevi para a instrução do povo". Vemos que foi feita toda uma cerimônia na entrega das tábuas. Repito mais uma vez a importância dessa Aliança. Ela era um conjunto de leis a respeito da adoração, do relacionamento com Deus e com o próximo, leis econômi -

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cas, civis, etc. Elas não são listadas em ordem de importância, mas misturadas. Pois, toda a lei do Senhor deveria ser obedecida. Nos mínimos detalhes. Diz nosso texto no final desse capítulo (v.15-18) - Quando Moisés subiu, a nuvem cobriu o monte, e a glória do Senhor permaneceu sobre o monte Sinai. Durante seis dias a nuvem cobriu o monte. No sétimo dia o Senhor chamou Moisés do interi or da nuvem. Aos olhos dos israelitas a glória do Senhor parecia um fogo consumi dor no topo do monte. Moisés entrou na nuvem e foi subindo o monte. E permaneceu no monte quarenta dias e quarenta noites.” Durante esse tempo, Deus estava dando instruções muito detalhadas sobre a construção do tabernáculo. O templo móvel, ou portátil que podia ser montado e desmontado em um dia. Esse plano de construção encontramos nos capítulos 25 a 32. Mas, infelizmente, o povo não teve paciência para esperar nem mesmo esses 40 dias, e desobedeceu a Deus no mandamento mais básico, que era não fazer outros deuses. Êxodo 32:1 - O povo, ao ver que Moisés demorava a descer do monte, juntou-se ao redor de Arão e lhe disse: "Venha, faça para nós deuses que nos conduzam, pois a esse Moisés, o homem que nos tirou do Egito, não sabemos o que lhe aconteceu". v.4 - Ele recebeu os brincos de ouro dos israelitas e os fundiu, transformando tudo num ídolo, que modelou com uma ferramenta própria, dando-lhe a forma de um bezerro. Então disseram: "Eis aí os seus deuses, ó Israel, que tiraram vocês do Egito!" e v.6 - Na manhã seguinte, ofereceram holocaustos e sacrifícios de comunhão. O povo se assentou para comer e beber, e levantou-se para se entregar à farra.” Enquanto Deus ainda estava terminando de dar as leis à Moisés, o povo já se tornou impaciente e desobedeceu. É realmente triste. Deus então quis destruir o povo, mas Moisés, como mediador, intercedeu por eles. Ele então desceu do monte, com duas tábuas de pedra nas mãos. Eram as tábuas da Aliança, escritas pelo próprio Deus. Mas, ao chegar no acampamento, vendo o bezerro e as danças, creio que ele se arrependeu de ter pedido misericórdia pelo povo, pois ele mesmo se irou de tal maneira que lançou as tábuas de pedra no chão, quebrando-as. A seguir destruiu o bezerro e ordenou um ataque aos israelitas. Nesse dia, morreram umas 3 mil pessoas pela espada, como castigo da desobediência. O povo não foi completamente destruído, pois havia ainda muitos que queriam seguir o Senhor, mas o castigo foi grande. E a história continua, como vocês todos sabem com o povo se arrependendo e prometendo lealdade. Depois pecando novamente, Moisés intercedendo, o povo se arrependendo. E assim muitas vezes, até chegarem à terra prometida, certo? Ali tudo era um paraíso outra vez. Quem dera... Nessa terra a história continua a mesma. E eu arrisco a dizer que até hoje essa história continua a mesma. Nós ainda promete -

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mos lealdade e obediência a Deus. Até mesmo nos nossos cultos, cantamos a Deus, e às vezes nem esperamos pela segunda-feira. No próprio domingo à tarde comete mos pecados deliberados contra ele.

APLICAÇÃO: No passado, quando eu lia essas histórias do povo desobediente, eu

sempre pensava comigo: que povo estúpido e ignorante. Eles tinham tudo para seguir a Deus. Uma nuvem durante o dia, uma coluna de fogo durante a noite. Água e comida no deserto para quase 2 milhões de pessoas. Incrível, um milagre toda essa gente sobrevier essa longa jornada no deserto. Logo depois do acontecimento do bezerro de ouro, Deus mesmo disse em Êxodo 34:10 - "Faço com vocês uma aliança", disse o Senhor. "Diante de todo o seu povo farei maravilhas jamais realizadas na presença de nenhum outro povo do mundo. O povo no meio do qual você habita verá a obra maravilhosa que eu, o Senhor, farei. E mesmo assim eles só reclamavam e desobedeciam. Mas hoje, quanto mais observo o povo de Deus que se chama igreja, vejo que somos igualmente burros e ignorantes. Nós também temos tudo para seguir a Deus. Estamos fazendo a mesma jornada, só que num deserto espiritual, um mundo que está bastante afastado de Deus. Idolatria, pornografia, adultério, mentiras, etc, etc. Um lugar difícil para sobreviver. Deus está conosco; ele nós dá o alimento e a proteção que precisamos. Basta que confiemos nele. Obedecer seus mandamentos e permanecer fiel. Mas não conseguimos. Somos incapazes. Como sabemos, os cristãos não precisam mais obedecer todos aqueles mandamentos dados pelo Senhor. Não somos mais obrigados a oferecer sacrifícios de animais, e nem de seguir aquelas leis civis de pena de morte, etc. Mas por que é assim? Por que esses rituais não são observados mais hoje? E pergunto ainda mais ousadamente: por que ainda continuamos obedecendo a algumas dessas leis, e outras não? Continue essa jornada comigo e assim estaremos mais perto da resposta à pergunta: Quais leis do Antigo Testamento ainda continuam válidas para nós hoje?

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CAPÍTULO IV - JESUS E A LEI DO ANTIGO TESTAMENTO DIANTE DA NOVA ALIANÇA Introdução: Sobre o tema de hoje, quero começar com algumas perguntas: 1. Jesus obedeceu a todos os mandamentos da Lei Mosaica? (Hebreus 4:15 - Portanto, visto que temos um grande sumo sacerdote que adentrou os céus, Jesus, o Fi lho de Deus, que pode compadecer-se das nossas fraquezas, pois como nós, passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado.) 2. Os pais de Jesus cumpriram com as obrigações da Lei? Por exemplo, foi Jesus circuncidado ao 8 dia? (Lucas 2:21-23 - Completando-se os oito dias para a circuncisão do menino, foi-lhe posto o nome de Jesus, o qual lhe tinha sido dado pelo anjo antes de ele nascer. Completando-se o tempo da purificação deles, de acordo com a Lei de Moisés, José e Maria o levaram a Jerusalém para apresentá-lo ao Senhor , como está escrito na Lei do Senhor: "Todo primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor") 3. A família de Jesus cumpria com as cerimônias religiosas? (Lucas 2:42 - Todos os anos seus pais iam à Jerusalém para a festa da Páscoa. Quando ele completou doze anos de idade, eles subiram à festa, conforme o costume.)

1º O QUE JESUS ACHAVA DA LEI Em Mateus 5 encontramos a melhor descrição da atitude Jesus para com a Lei de Deus. Creio que não temos tempo para ler todo o capítulo, por isso encorajo vocês a lerem em casa. Eu vou pescar alguns versículos para hoje: No verso 17 Jesus diz o que ele veio fazer: "Não pensem que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim abolir, mas cumprir.” Muitas das leis da Antiga Aliança foram feitas apontando pra Jesus, e quando ele finalmente veio, ele cumpriu boa parte delas, tornando desnecessário continuarmos a praticar essas leis, por exemplo o sacrifício de animais. No verso 20 ele encoraja seus seguidores a não somente cumprir com a Lei, mas fazer até melhor: “Pois eu lhes digo que se a justiça de vocês não for muito superior à dos fariseus e mestres da lei, de modo nenhum entrarão no Reino dos céus” Jesus estava querendo chamar a atenção para o fato de que a Lei foi dada para mostrar o

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que Deus realmente queria deles como povo: dedicação e pureza. O sentido da lei que é importante, e não todos os seus detalhes. Ele resume o ensino sobre a lei do AT com o seguinte pequeno comentário: verso 48 - Portanto, sejam perfeitos como perfeito é o Pai celestial de vocês. Fácil, não é mesmo? O fato de Jesus ter cumprido com a lei, significa que agora devemos obedecer a uma “nova lei”, que Deus chama de nova Aliança. Vamos ler para isso Hebreus 8:10, 13 "Esta é a aliança que farei com a comunidade de Israel depois daqueles dias", declara o Senhor. "Porei minhas leis em suas mentes e as escreverei em seus corações. Serei o Deus deles, e eles serão o meu povo. Chamando "nova" esta aliança, ele tor nou antiquada a primeira; e o que se torna antiquado e envelhecido, está a ponto de desaparecer. O mais interessante é que isso foi predito pelos profetas. O texto que acabamos de ler de Hebreus é uma citação direta do livro de Jeremias 31:31-34, onde Deus já tinha avisado seu povo que vem mudança por aí. Eles sabiam, que esse dia ia chegar. No fundo eles também sabiam que a Lei e os profetas estavam apontando para o Filho de Deus, mas o fato é que eles não queriam acreditar que Jesus era esse Messias prometido. No capítulo 32 de Jeremias, Deus reforça esse pensamento, afirmando que essa nova aliança vai mudar algo dentro das pessoas. Jeremias 32:39-40 - Darei a eles um só pensamento e uma só conduta, para que me temam durante toda a sua vida, para o seu próprio bem e o de seus filhos e descendentes. Farei com eles uma aliança permanente: Jamais deixarei de fazer o bem a eles, e farei com que me temam de coração, para que jamais se desviem de mim. Essa ideia é reforçada ainda pelos profetas Ezequiel e Isaías.

2º OS NOVOS ENSINOS DE JESUS Muitas coisas Jesus ensinou diferente do que Moisés, como lemos em João 1:17 Pois a Lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por intermédio de Jesus Cristo. Jesus é o mediador, o realizador dessa nova aliança. (Hebreus 9:15) Ele é a causa dessa transição. E esse era justamente o problema que os mestres e fariseus tinham com ele. Para a sua época, Jesus foi um revolucionário. Ele mudou completamente o modo de pensar das pessoas em relação a Deus e à sua lei. E isso incomodava os líderes da época. E se eu conheço nossas igrejas, um revolucionário assim não seria bem aceito na nossa cidade. Alguém que vem ensinar que nossas tradições religiosas e nossas crenças estão erradas seria expulso da mesma forma como Jesus não foi entendido no seu tempo. Acho que o momento decisivo para os discípulos foi na transfiguração de Jesus. Vocês conhecem a história. Jesus levou Pedro, Tiago e João ao monte e na frente deles

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ele foi transfigurado, com um rosto brilhando e suas vestes brancas como a luz. Apareceram também Moisés e Elias. E Pedro pensou. Senhor, isso aqui está perfeito. Temos tudo o que precisamos, temos Moisés representando a Lei, temos Elias representando os Profetas, e temos a Jesus como filho de Deus. O que mais queremos. Enquanto Pedro ainda falava, veio uma voz do céu dizendo: “Este é o meu Filho amado em quem me agrado. Ouçam-no!” Não a Lei e os profetas, mas ouçam ao que meu Filho tem a vos ensinar. Pois nele me agrado. Ele veio para cumprir o que Moisés e Elias pregaram. Jesus veio com autoridade, e muitas vezes lemos a seguinte expressão: “ MOISÉS LHES DISSE ASSIM … MAS EU LHES DIGO DIFERENTE ” como por exemplo: Moisés lhes ensinou: não matarás, pois qualquer que matar seu próximo estará sujeito a julgamento. Mas eu lhes digo que se vocês apenas se irarem contra seu próximo já esta rão sujeitos a julgamento. Ou então Moisés lhes disse: não adulterarás. Mas eu lhes digo: qualquer que olhar para uma mulher para desejá-la, já cometeu adultério com ela no seu coração. E assim por diante. Ou seja, ao invés de abolir a Lei, Jesus estava ensinando um modo melhor e muito superior de viver. Eu quero repetir esse pensamento com outras palavras: Jesus disse que para viver de acordo com a vontade de Deus, devemos fazer melhor do que simplesmente obedecer as leis da Antiga Aliança. Ele estava dizendo, vocês não precisam mais dar o dízimo, vocês devem dar tudo a Deus. Vocês não precisam mais guardar o sábado, vocês devem dedicar todo o seu tempo a Deus. Fazendo assim, estaremos como Jesus, cumprindo com a verdadeira Lei de Deus, aquela escrita nos nossos corações. Esse é o modo superior de viver.

3º O PRINCIPAL MANDAMENTO O mandamento que Jesus mais enfatizou foi o amor. Vamos ler Mateus 22:35-40 Um deles, perito na lei, o pôs à prova com esta pergunta: "Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?" Respondeu Jesus: " ‘Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento’. Este é o primeiro e maior mandamento. E o segundo é semelhante a ele: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas." Sem dúvida nenhuma, o amor é o resumo da lei como Jesus mesmo disse, mas por meio desse texto eu entendo que o amor é simplesmente a motivação correta para a obediência a Deus. Tudo gira em torno da obediência. O povo de Israel tinha a Lei e os profetas, com suas promessas e castigos que os forçavam a obedecer. Nós temos o amor, que não força, mas motiva. Amor a Deus, amor ao próximo, amor a si

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mesmo. Se permitirmos que o amor de Deus realmente inunda nossa vida, é muito difícil sermos egoístas, é quase impossível desejar o mal aos outros, e com certeza é muito fácil obedecer a Deus.

APLICAÇÃO: Que Deus nos ajude a entender Sua Vontade, e que acima de tudo seu amor nos encha de tal forma que não sejamos mais capazes de fazer o mal. Ore para que Deus te encha com seu Espírito Santo, e te ajude a obedecer hoje e sempre.

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CAPÍTULO V - LEIS DO ANTIGO TESTAMENTO NO NOVO TESTAMENTO INTRODUÇÃO: Com a mesma atitude de Jesus quando ele disse: não vim para abolir

a lei, mas para cumprir a lei, eu quero sinceramente buscar uma resposta que seja correta diante de Deus, e que nos ajude a obedecer seus mandamentos. Nesse capítulo eu gostaria de tratar do período de adaptação, pelo qual passaram as primeiras igrejas. Depois que Jesus voltou para junto de seu Pai, o que fizeram os apóstolos em relação à Lei de Moisés? Como reagiu a igreja de Jerusalém? E o que fizeram as primeiras igrejas missionárias?

1º A IGREJA PRIMITIVA A primeira igreja, composta por judeus e gentios, levou um tempo para entender a transição da antiga aliança para a nova. Pelo que sabemos, Jesus não explicou essas coisas especificamente a seus discípulos, por exemplo: não lemos que ele disse que o sacrifício de um cordeiro não seria mais necessário. Ele não ensinou que as leis de Moisés eram obsoletas. O que ele fez foi simplesmente anunciar que o seu sangue era o sangue de uma nova aliança. E muitos anos foram necessários para entender isso. Lucas, no livro de Atos, relata alguns episódios da igreja que mostram esse conflito, vejamos:

1.1 - A História de Cornélio Cornélio era um centurião romano, um comandante de alto nível do exército, que adorava a Deus. De alguma forma ele ouviu sobre Deus, seja por um escravo hebreu em sua família, seja por algum prisioneiro, sei lá, não sabemos. Mas a Bíblia diz que ele dava muitas esmolas aos pobres, e orava continuamente a Deus. E Cornélio foi o homem que Deus usou para mudar a maneira de pensar que Pedro tinha sobre a Antiga Aliança. Vamos ouvir essa história, que encontramos em Atos capítulo 10 e 11. Leio o verso 3: “Certo dia, por volta

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das três horas da tarde, Cornélio teve uma visão. Viu claramente um anjo de Deus que se aproximava dele e dizia: “Cornélio! Suas orações e esmolas subiram como oferta memorial diante de Deus.” A seguir o anjo disse a Cornélio que el mandasse buscar a Pedro. E assim ele fez. No dia seguinte, enquanto os mensageiros se aproximavam da casa, Pedro subiu ao terraço para orar, e ali Deus o preparou para seguir aqueles homens até a casa de Cornélio. Pedro teve uma visão. Nessa visão ele viu como um lençol descendo do céu, onde havia toda sorte de animais, considerados impuros pelos judeus. E uma voz do céu dizendo: “Pedro, mate e coma.” Mas Pedro não quis, pois nunca havia comido animais impuros. E Deus disse: não chame de impuro o que Deus purificou. Isso aconteceu 3 vezes e o lençol subiu outra vez. Enquanto Pedro estava pensando no significado dessa visão, os homens haviam chegado, e no dia seguinte Pedro foi com eles até Cornélio. Chegando lá, a casa estava cheia com parentes e amigos, querendo ouvir sobre Deus, Leio o verso 44: “Enquanto Pedro ainda estava falando estas palavras, o Espírito Santo desceu sobre todos os que ouviam a mensagem.” Pedro já havia entendido a visão que teve, mas quando o Espírito Santo desceu sobre aquelas pessoas, ficou confirmado que Deus não queria salvar apenas judeus, mas a todo aquele que o teme e faz o que é justo. A partir daí, Pedro começou a divulgar isso no meio dos judeus, e como você pode imaginar, deu o que falar. O relato dessa história era tão convincente, que todos viram nisso a mão de Deus, e começou a evangelização do mundo. E o que essa história tem a ver com as leis do Antigo Testamento? Bem, os gentios não obedeciam às leis de Moisés. Eles não davam dízimo, eles não guardavam o sábado, e eles não faziam todos aqueles rituais e sacrifícios; e mesmo assim eles foram salvos, e apesar da surpresa dos judeus, eles também receberam o Espírito Santo de Deus. Qual é então a lição que Pedro, os apóstolos e os primeiros cristãos aprenderam da história de Cornélio? Que não é preciso ser judeu ou obedecer à lei de Moisés, para fazer parte da família de Deus. Deus dá a oportunidade para que todos sejam salvos, seja judeu ou não. E com isso ele esclareceu o verdadeiro sentido da Lei de Moisés. E que ela não é necessária para ser salvo. Vale lembrar, que quando o Novo Testamento usa o termo “Lei de Moisés”, isso se refere a tudo o que Moisés escreveu, não somente as leis, específicas. E quando Jesus usa o termo: Moisés e os Profetas, isso é sinônimo do Antigo Testamento, ou seja, toda a Escritura da época.

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1.2 - A Igreja de Jerusalém e as Igrejas dos Gentios Vários discípulos, incluindo os apóstolos, e seguidores de Jesus em geral saíram pelo mundo divulgando as boas novas do evangelho, e muitos judeus e gentios se conver teram, formando igrejas em todo o mundo daquela época. Mas, como era de se es perar, começaram algumas desavenças. Apesar do acontecimento na casa de Cornélio, onde gentios receberam o Espírito Santo, e também outros exemplos, a igreja de Jerusalém basicamente continuou em seus rituais judeus. Eles continuavam circuncidando seus filhos, eles continuaram praticando os rituais de purificação, eles guardavam o sábado, davam o dízimo, etc. Eles acharam que esse era o caminho certo. E estavam tão convencidos disso que começaram a forçar os gentios a fazer o mesmo. Em outras palavras, além de se tornarem cristãos, os gentios também deveriam tornar-se judeus, ou seja, deveriam ser circuncidados, e deveriam obedecer à lei de Moisés. Isso naturalmente trouxe problemas. Paulo e Barnabé não concordavam com isso, nem tampouco Pedro. A situação ficou tão grave que eles resolveram fazer um concílio em Jerusalém para discutir essa questão. Líderes religiosos de todos os lugares se reuniram, e depois de muita discussão (diz a Bíblia), Pedro lembrou a todos o que ele havia experimentado, o apóstolo Paulo também compartilhou suas experiências, e ao final Tiago levantou dizendo algumas palavras de sabedoria e eles decidiram duas coisas importantes nesse concílio: 1. que eles não deveriam impor a Lei de Moisés e os costumes judaicos aos gentios novos convertidos. 2. eles iriam enviar uma carta com algumas recomendações às igrejas, para que observassem pelo menos algumas coisas importantes, como por exemplo: se abster de comida oferecida aos ídolos, de comer carne com sangue e se abster da imoralidade sexual. A carta termina assim: “Vocês farão bem em evitar estas coisas. Que tudo lhes vá bem.” Ou seja, não são leis, mas são dicas para ter um melhor relacionamento com Deus. Toda essa história pode ser lida em detalhes no livro de Atos capítulo 15.

2º O APÓSTOLO PAULO O apóstolo Paulo escreveu em muitos lugares a respeito da Antiga e da Nova Alianças. Ele mesmo se considerava um ministro da Nova Aliança, vejam em 2. Coríntios 3:6 - “Ele nos capacitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do Espírito; pois a letra mata, mas o Espírito vivifica.” Se continuarmos lendo

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esse capítulo, vemos que Paulo se refere nesse texto às tábuas de pedra, onde foi escrita a lei de Deus, os 10 mandamentos. E ele diz que essa lei trouxe morte e condenação. Ela exigia sacrifícios pelas transgressões e não podia limpar a consciência, a antiga aliança era temporária. A nova Aliança, por sua vez é diferente, ela é escrita em nossos corações, e nos transforma de uma maneira que as leis externas não podem. A nova aliança traz o Espírito Santo, traz vida e justiça. Veja o versículo 17. “Ora, o Senhor é o Espírito e, onde está o Espírito do Senhor, ali há liberdade.” E esse é na verdade o grande objetivo. Ser livre da lei, para servir a Deus de coração. Em Gálatas, nós observamos o seguinte ponto de vista: Deus fez uma promessa a Abraão, e que através dele todas as nações seriam abençoadas. Paulo explora essa ideia, dizendo que se Deus fez essa promessa a Abraão, el não poderia anular essa promessa com um código de leis, dados 430 anos mais tarde. Essas leis simplesmente serviram para organizar a vida do povo de Deus e preparar o caminho para Jesus Cristo, que veio para cumprir essa lei, de uma vez por todas. Dado esse contexto, quero citar alguns versículos do capítulo 3 de Gálatas. v. 3 - “Será que vocês são tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, querem agora se aperfeiçoar pelo esforço próprio?”, v. 9 e 10 - “Assim, os que são da fé são abençoados juntamente com Abraão, homem de fé. Já os que são pela prática da lei estão debaixo de maldição, pois está escrito: "Maldito todo aquele que não persiste em praticar todas as coisas escritas no livro da Lei". v. 13 - “Cristo nos redimiu da maldição da lei quando se tornou maldição em nosso lugar”, v. 17 - “Quero dizer isto: A lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois, não anula a aliança previamente estabelecida por Deus, de modo que venha a invalidar a promessa.” v. 24-28 - “Assim, a lei foi o nosso tutor até Cristo, para que fôssemos justificados pela fé. Agora, porém, tendo chegado a fé, já não estamos mais sob o controle do tutor. Todos vocês são filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus, pois os que em Cristo foram batizados, de Cristo se revestiram. Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus.” Aos Efésios, Paulo também oferece seus comentários a respeito da lei. No capítulo 2, Paulo fala de dois povos, os judeus e os gentios. Anteriormente eles eram dois povos separados por uma grande barreira. Qual era essa barreira? Ora, a lei, com seus regulamentos, sacrifícios e rituais. Pouquíssimos gentios queriam passar por todo o processo de se tornarem parte do povo de Deus. Mas quando Cristo veio, ele uniu esses dois povos por meio do seu sacrifício, destruindo essa barreira entre eles. Agora, ambos fazem parte da grande família de Deus. Veja os versículos 11, 12, 13 e 19. - “Portanto, lembrem-se de que anteriormente vocês eram gentios por nascimento e chamados incircuncisos. Naquela época vocês estavam sem Cristo, separa-

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dos da comunidade de Israel, sendo estrangeiros quanto às alianças da promessa, sem esperança e sem Deus no mundo. Mas agora, em Cristo Jesus, vocês, que antes estavam longe, foram aproximados mediante o sangue de Cristo. Portanto, vocês já não são estrangeiros nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus.”

APLICAÇÃO: Com todos esses exemplos no Novo Testamento, tanto das igrejas,

como dos apóstolos, espero que o verdadeiro sentido da Lei tenha ficado claro. Existem tantos detalhes que eu poderia tratar, mas de um modo geral, os princípios básicos foram estabelecidos, pelos quais podemos decidir por nós mesmos sobre a maneira como obedecemos às leis encontradas na Bíblia. Muitas leis que hoje obedecemos se encontram na antiga aliança, mas esse não é o motivo pelo qual obedecemos. O fato de uma lei se encontrar na Antiga Aliança não nos diz se ela ainda é váli da ou não. Porém, se essa mesma lei se encontra na Nova Aliança, então é por isso que estamos obedecendo. Jesus é nosso grande exemplo e mestre. Durante os seus ensinos, ele confirmou algumas leis de Moisés, algumas ele modificou, outras ele reforçou, algumas ele mudou radicalmente, e algumas ele aboliu completamente. Jesus não estava dizendo que a lei de Moisés havia perdido sua validade. Ele deu novo significado à lei. Como lemos a princípio, ele não veio para abolir, mas para cumprir. Devemos considerar as profundas mudanças introduzidas pela Nova Aliança. Nesse contexto, como poderíamos definir o que é uma igreja saudável? Eu responderia: Uma igreja saudável é aquela que entende a Lei de Deus pelo que ela verdadeiramente é, assim como Jesus, obedecendo e cumprindo essa lei. Que Deus nos abençoe nessa caminhada com ele. Que seu Espírito Santo nos dê a paz, a sabedoria e a força para obedecer à sua Palavra.

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CAPÍTULO VI - EXEMPLOS DE LEIS OBSOLETAS INTRODUÇÃO: Desde 2011, tenho procurado a verdade bíblica sobre o dízimo. O que

segue é um estudo aprofundado desse tema, e que foi na realidade, o motivo principal desse estudo completo. O livreto que você está lendo surgiu por causa desse capítulo. Apesar de ser um assunto polêmico e aberto a discussões, creio que posso apresentar a linha geral daquilo que a Bíblia nos ensina.

1º O DÍZIMO Para começar, eu tenho boas notícias. Eu creio que nós fomos mal informados e erroneamente educados na questão do dízimo. E... eu acho que essa mensagem vai ser uma surpresa para você, mas peço que leia até o final antes de julgar. Ou melhor, acompanhe-me ao longo desse capítulo e dos textos bíblicos, e faça como os cristãos da Beréia, pois diz em Atos 17:11 - “Os cristãos da Beréia eram mais nobres do que os cristãos de Tessalônica, pois receberam a mensagem com grande interesse, e examinavam todos os dias as Escrituras, para ver se tudo era assim mesmo.” Eu não vou entrar nos detalhes de cada texto mencionado, pois iria levar muito tempo. Mas quero te encorajar a pesquisar por si mesmo. Eu vou dizer já no começo qual é o meu objetivo principal. Dessa forma você sabe onde quero chegar, e os pontos que vou citando no caminho fazem mais sentido: “Eu quero provar pra você que o dízimo não é obrigatório para os cristãos, como as igrejas evangélicas gostam de ensinar.” De acordo com o meu estudo da Bíblia, essa lei pertence ao Antigo Testamento e ao povo judeu. Nesse sentido, eu peço perdão publicamente, por ter falado, pregado e ensinado diferente no passado. Certamente o fiz na ignorância, e Deus sabe disso, mas quero me retificar. E eu não estou sozinho nisso. Uma rápida pesquisa na Internet me mostrou que tem muitas igrejas aprendendo a viver de acordo com os princípios da Graça e conforme os planos de Deus para a Igreja. O que é muito mais saudável, e faz parte do plano original de Deus.

1.1 - O Dízimo antes da Lei Antes da Lei Mosaica, encontramos duas ocasiões na Bíblia onde é mencionado o dízimo: a primeira encontramos em Gênesis 14:17-20, onde lemos que Abraão deu um dízimo a Melquisedeque, presumivelmente como uma expressão de gratidão a

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Deus por capacitar-lhe e conceder-lhe resgatar seu sobrinho Ló, que tinha sido levado cativo. Nesse texto podemos ver que o dízimo não era um mandamento de Deus, mas foi dado por livre escolha de Abraão. Também nunca mais lemos de outro dízimo dado por Abraão; esse foi o único da sua vida. E além do mais, ele já era rico e tinha muitas posses. Com essa vitória militar ele tinha mais do que precisava. Seria como se eu recebesse um carro num sorteio de supermercado por exemplo. Se eu pensar humanamente, poderia citar 20 razões pra ficar com o carro. Mas se eu olhar as coisas da perspectiva de Deus, eu poderia pensar: “Por que Deus iria me dar um carro, se eu já tenho um.” Por livre escolha eu poderia, por exemplo, vender o carro e dar parte do dinheiro pra missão. A outra passagem encontramos em Gênesis 28:20-22, onde lemos que Jacó ao ter uma visão de Deus, fez uma promessa a ele. Ele disse: se Deus estiver comigo e cuidar de mim nesta viagem e me trazer de volta em segurança, certamente darei o dí zimo de tudo o que receber.” Nesse acontecimento também vemos que dar o dízimo era algo voluntário da parte de Jacó. Se ele realmente deu o dízimo daquilo que recebeu, não sabemos, pois a Bíblia não registra. Mas ele somente retornou ao lugar da promessa, 20 anos depois. Podemos assumir que durante todos esses anos ele não dizimou. Com isso, podemos afirmar que o dízimo existiu antes da Lei. Era um assunto conhecido, porém não muito praticado. E, acima de tudo, não serve como argumento de que os cristãos hoje são obrigados a dar o dízimo, pois nos dois casos era algo voluntário e de livre escolha.

1.2 - O Dízimo sob a Lei Mosaica O povo judeu, que era o povo de Deus, recebeu a lei de para ser seguida e obedecida. O objetivo era formar um povo que fosse exemplo para as demais nações, de como viver para Deus. Nesse período sim, o dízimo era um mandamento do Senhor. Mas mesmo assim, ele era bastante diferente daquilo que nós praticamos hoje em dia. Vejamos: Em Levíticos 27:30-33 lemos que todos os dízimos da terra (ou seja, cereais, frutas, etc) e também 1 de cada 10 animais pertenciam ao Senhor e deveriam ser entregues e consagrados a Ele. Note que Deus não fala de dinheiro aqui. Ele fala dos produtos da terra e do gado. Sabendo que a terra e o gado produzem de forma anual, podemos assumir também que o dízimo era dado uma vez por ano. Nisso já vemos uma diferença da nossa maneira semanal ou mensal em dizimar.

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Em Números 18:21-24 lemos sobre o Dízimo dos Levitas. Aqui Deus separa a tribo de Levi das outras no tocante ao dízimo. Eles, por servirem no Tabernáculo, não tinham terras para arar ou criar gado. E, ao invés de dar o dízimo, os levitas deveriam receber o dízimo dos israelitas. Nesse texto lemos que o dízimo foi planejado para ser o sustento dos levitas. O dízimo foi o pagamento que Deus supriu para os levitas, pelos seus serviços sacerdotais. Isto é similar ao sustento que os funcionários do governo recebem hoje no nosso país, através dos impostos e taxas pagos pelo trabalhador comum. A próxima passagem, Deuteronômio 14:22-27 fala do Dízimo para os Festivais. Este é um segundo dízimo, usado para as festividades religiosas do povo. As Festas ordenadas por Deus. Cada um trazia o seu dízimo, e juntos, em comunhão, e diante da presença de Deus, eles comiam esses dízimos. Lembrando que os dízimos não era dinheiro, e sim, os frutos da terra e do gado. E dessa forma, o povo aprendia a temer e obedecer a Deus, mas ao mesmo tempo tinha comida e bebida suficiente para se alegrar diante Dele. Seguindo esse texto, encontramos um outro tipo de dízimo, que eu achei muito interessante, e todas esses anos que eu li a Bíblia não me chamou a atenção. Deuteronômio 14:28-29. “Ao final de cada três anos, tragam todos os dízimos da colheita do terceiro ano armazenando-os em sua própria cidade, para que os levitas, que não possuem propriedade, e os estrangeiros, os órfãos e as viúvas que vivem na sua cidade venha a comer e saciar-se, e para que o Senhor, o seu Deus, os abençoe em todo o trabalho das suas mãos.” Se estou lendo certo, lemos aqui sobre dízimo aos pobres, ou seja, ao invés de serem obrigados a pagar o dízimo, como é feito nas nossas igrejas, os pobres, incluindo ainda os órfãos, estrangeiros e viúvas, RECEBIAM o dízimo do povo. Este deveria ser armazenado nas próprias aldeias e cidades, e não no templo em Jerusalém. Em Neemias 12:44, num tempo mais adiantado do povo, lemos de pessoas especialmente designadas para cobrar os dízimos. Homens foram contratados para cobrar e supervisionar os dízimos nas câmaras do tesouro, das quais se alimentavam os levitas e sacerdotes. Diz o texto: “Das lavouras eles deveriam trazer as porções exigidas por Lei para os sacerdotes e levitas.” E em Hebreus 7:5, no mesmo contexto lemos: “A Lei requer dos sacerdotes que recebam o dízimo do povo.” Em outras palavras, vemos claramente que debaixo da Lei de Moisés o dízimo não tinha um caráter voluntário. O povo era obrigado a dar o dízimo. E não apenas 1 dízimo, mas 2 dízi mos e a cada 3º ano, um terceiro dízimo. Isso é um total de 23,3% da prdução por ano.

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E, finalmente, o texto mais conhecido sobre dízimo do Antigo Testamento: Malaquias 3:8-12. Esse é o texto mais usado para ensinar sobre o dízimo na igreja. Eu mesmo já o usei para isso. Mas como vamos ver a seguir, o fazemos fora do contexto. Vamos ler: 8

Pode um homem roubar de Deus? Contudo vocês estão me roubando. E ainda perguntam: “Como é que te roubamos?” Nos dízimos e nas ofertas. 9 Vocês estão debaixo de grande maldição porque estão me roubando; a nação toda está me roubando. 10 Tragam o dízimo todo ao depósito do templo, para que haja alimento em minha casa. “Ponham-me à prova”, diz o Senhor dos Exércitos, “e vejam se não vou abrir as comportas dos céus e derramar sobre vocês tantas bênçãos que nem terão onde guardá-las. 11 Impedirei que pragas devorem suas colheitas, e as videiras nos campos não perderão o seu fruto”, diz o Senhor dos Exércitos. 12 “Então todas as nações os chamarão felizes, porque a terra de vocês será maravilhosa”, diz o Senhor dos Exércitos. No verso 8 Malaquias está acusando o povo judeu de ser ladrão. Lembrando que debaixo da Lei o dízimo era obrigatório, o fato de reter o dízimo para si era considerado roubo, pois o dízimo pertence a Deus. Notamos também que o povo estava deixando de dar não o dízimo, mas OS DÍZIMOS. Ou seja, os 3 tipos diferentes: o dízimo dos levitas, o dízimo para os festivais e o dízimo aos pobres. O texto vai além: ele diz que o povo estava roubando nos dízimos e nas ofertas. Ofertas também não eram quantias de dinheiro colocadas em saquinhos. Ofertas naquele tempo era sinônimo de sacrifícios de animais. Os levitas eram autorizados a comer parte desses sacrifícios, que era o seu sustento, e outra parte era queimada em aroma agradável a Deus. Agora eu pergunto: se hoje somos obrigados a dar o dízimo, porque não continuamos com os sacrifícios também? Nesse versículo eles estão juntos, Deus considerou os dois “farinha do mesmo saco”. Sabemos que não precisamos mais dos sacrifícios de animais, porque Jesus veio a ser o sacrifício final. Ele deu a sua vida de uma vez por todas e acabou com esses rituais religiosos. A lei de moisés foi completamente cumprida em Jesus, e isso inclui o dízimo. Nos versículos 9 a 12 lemos que o povo, por sua desobediência estava debaixo de uma maldição. Lemos sobre essa maldição em Deuteronômio 28. Resumindo lemos lá que a terra iria parar de produzir, e o gado perderia suas crias. Em nossas palavras atuais: crise financeira. E por isso Deus diz: “Vejam, vocês podem me testar: obedeçam aos meus mandamentos, e verifiquem se eu não vou abençoar vocês outra vez. Vocês são o meu povo querido, meus filhos, não quero ver vocês sofrendo, a única coisa que peço é obediência. ” Esse princípio ainda vale nos dias de hoje. As outras nações terão inveja ao ver que a ter ra de vocês é produtiva e vocês são um povo feliz e abençoado.

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Resumindo: podemos afirmar que o dízimo no Antigo Testamento não tinha nada a ver com o nosso dízimo atual. Não era entregar dinheiro mensalmente à igreja. Era um mandamento de Deus para sustento dos sacerdotes, para provisões às festas e para ajuda social. E o fato do povo ser abençoado ou maldito, não tem a ver muito com o dízimo. Ele tem a ver com a obediência aos mandamentos de Deus. O dízimo era apenas um desses mandamentos. E se nós concordamos que Jesus Cristo cumpriu a Lei de Moisés, abolindo o sacerdócio levítico, os sacrifícios de animais, as festas religiosas, a circuncisão, santificar o sábado e todas as outras partes da lei, porque insistimos em manter e obrigar os cristãos a dar o dízimo? Claramente ele faz parte desse mesmo conjunto de leis. Nós não vivemos mais debaixo da lei, estamos livres dela. Nós vivemos debaixo da graça de Deus.

1.3 - O Dízimo no Novo Testamento Quando falamos de dar o dízimo no Novo Testamento, a coisa mais interessante sobre isso é que ele quase não é mencionado. Apenas 3 passagens mencionam o tema. Vejamos: Mateus 23:23 - “Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês dão o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas têm negligenciado os preceitos mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Vocês devem praticar estas coisas, sem omitir aquelas.” Muitos pregadores e igrejas usam esse texto para dizer que Jesus ensinou que o dízimo era obrigatório. Mas devemos lembrar que Jesus e o povo judeu ainda viviam debaixo da Lei. O Novo Pacto foi iniciado com a morte e ressurreição de Jesus. Na verdade Jesus estava falando duramente aos líderes daquela época dizendo que eles estavam obedecendo à lei escrita, pois davam o dízimo, mas estavam esquecendo o mais importante. Eles estavam apenas cumprindo deveres mecanicamente, esquecendo do propósito original de porquê a lei foi dada em primeiro lugar. Portanto, esse texto não serve para usar como base de que devemos dar o dízimo. Outro texto está em Lucas 18:12, onde Jesus está ensinando a parábola acerca do fariseu e do cobrador de impostos. O fariseu orou assim: “Jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho.” O ensino principal de Jesus aqui é de alguém erroneamente se considera justo pelas suas obras e da sua obediência aos mandamentos da Lei. O fariseu “agradece” a Deus, por que ele não vive como aquele publicano. Por outro lado, o cobrador de impostos reconhece que está errado e pede perdão. E é isso que Deus procura: um coração humilde e arrependido. A ênfa-

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se dada ao dízimo aqui é meramente ilustrativa da obediência à Lei Mosaica, e não podemos usar esse texto para nos ensinar sobre se devemos ou não dar o dízimo. Hebreus 7. Esse capítulo é um pouco longo, e seria um texto interessante para uma outra mensagem. Em resumo, o autor da carta aos Hebreus está usando o exemplo do sacerdote Melquisedeque, que era uma pessoa muito importante da época de Abraão. Ele era sacerdote do Altíssimo. Não sabemos de onde era, nem da sua descendência, mas a Bíblia nos diz que até mesmo o patriarca Abraão deu o dízimo dos despojos a esse sacerdote. É apenas um relato daquilo que já vimos no primeiro ponto dessa capítulo. E apesar de Melquisedeque ser um sacerdote tão grande, Jesus é superior. O sacerdócio de Cristo é eterno, e por isso bem melhor que o sacerdócio levítico. Na verdade o dízimo aqui é novamente usado apenas como um exemplo. Abraão deu o dízimo a Melquisedeque que era um grande sacerdote e foi por isso abençoado. Mas Cristo é superior. Ele veio para oferecer uma aliança superior. Esse texto de forma alguma pode ser usado para forçar os cristãos a dizimarem. E era isso. O Novo Testamento não fala mais nada sobre dízimos. Nenhuma passagem obrigando os cristãos a dar o dízimo. MAS.... mesmo que o Novo Testamento fica em silêncio sobre o dízimo, não significa que não devemos dar mais nada. Como eu mencionei numa ocasião anterior, o Novo Testamento fala mais vezes sobre finanças, dinheiro e riquezas do que sobre amor e fé. Indicando que é um assunto muito importante na vida dos cristãos e Deus não o considera algo secundário.

1.4 - O Dízimo substituído pelo Dar O que acontece é que a lei do dízimo é substituída por algo superior, assim como as outras leis também. Como lemos em Mateus 22, quando Jesus disse que devemos amar a Deus acima de tudo, e ao próximo como a si mesmo. Com isso estamos cumprindo toda a lei. No Novo Testamento, o dízimo é substituído pelo DAR, ou também podemos dizer DADIVAR. Sobre esse tema o Novo Testamento fala bastante. Existem muitas passagens bíblicas que nos ensinam o propósito para qual devemos dar, passagens que nos mostram quanto devemos dar, outros textos nos ensinam o modo como devemos dar, e finalmente qual deve ser nossa motivação ao dadivar. Esses são os pontos tratados a seguir. Abrindo um parêntesis aqui quero dizer que: (a beleza desse ensino é que todos vamos ser mais felizes. Os cristãos não vão mais se sentir obrigados a dar um dinheiro que realmente não querem ou não podem dar. Os pastores não precisam mais ficar correndo atrás de ovelhas desobedientes. E as igrejas podem aprender a viver pela

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fé, como nos primeiros tempos. E Deus poderá começar a nos abençoar. Do jeito que está, somos escravos da lei, e deveríamos ser livre em Cristo.)

1.5 - Quanto eu devo dar a Deus? Se o Dízimo (ou seja 10%) não é mais um padrão para os cristãos, quanto realmente devo dar a Deus? Vamos examinar 3 textos bíblicos: Em 1 Coríntios 16:1-2 lemos: “Quanto à coleta para o povo de Deus, façam como ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana, cada um de vocês separe uma quantia, de acordo com a sua renda, reservando-a para que não seja preciso fazer coletas quando eu che gar.” Nenhuma quantia exata é mencionada nesse texto, nem tampouco uma porcentagem. A mensagem é simples: os cristãos em Jerusalém estão passando necessidade e precisam de ajuda. Se vocês puderem ajudar, cada um separa uma quantia de acordo com o que pode. Ou seja, os ricos dão mais, e os pobres dão menos. Mui to claro e simples. Em Atos 11:27-30 lemos algo muito parecido: “Os discípulos, cada um segundo as suas possibilidades, decidiram providenciar ajuda para os irmãos que viviam na Judéia.” Importante é notar nos dois textos que CADA UM dava de acordo com o que podia. Não somente alguns. E mais uma vez aos Coríntios, Pau lo escreve: “Cada um dê conforme determinou em seu coração, não com pesar ou por obrigação, pois Deus ama quem dá com alegria.” (2 Coríntios 9:7). Outra vez a expressão: cada um. Cada um deve dar de acordo com aquilo que propôs em seu coração. Esse texto também não fala de uma quantia exata. Na verdade, em nenhum lugar do Novo Testamento vamos encontrar uma regra ou lei dizendo que devemos dar 10%, ou 20% ou seja lá qual o valor. Deus quer que cada um contribua para o seu Reino, mas a decisão de quanto eu quero ou posso dar, é totalmente minha. Ou no caso dos casados, essa decisão deveria ser tomado em conjunto. Isso não é libertador? Saber que eu não estou pecando se não der meus 10% todo mês a Deus? Saber que sou livre para contribuir com aquilo que quero? Claro. Sempre vão existir pessoas que vão se aproveitar dessa situação, mas essas pessoas farão (ou já fazem de qualquer forma) o mesmo com a lei do Dízimo. Escutei de histórias onde igrejas for çaram os líderes e outros cristãos a tomar um empréstimo no banco para poder ofertar em certas campanhas, sob a desculpa de que a obra de Deus iria fracassar. A vontade de Deus é que, quando vemos uma necessidade, oremos com fervor pedindo por direção e sabedoria, para então, com base na nossa situação financeira, dadivar com um coração prazeroso e alegre.

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1.6 - Para o que eu devo Dar? Quais os tipos de necessidades que devemos suprir com aquilo que damos? De acordo com os seguintes textos, o Novo Testamento nos diz que há 3 propósitos principais para o nosso dinheiro.

a) Satisfazer as Necessidades dos Santos E encontramos muita base bíblica para suportar essa afirmação. Não restam dúvidas que esse era o objetivo principal das coletas feitas nas primeiras igrejas. Aqueles que tinham mais ajudavam os que não tinham muito. Vejamos alguns textos. Atos 2:44-45 - “Todos os que criam mantinham-se unidos e tinham tudo em comum. Vendendo suas propriedades e bens, distribuíam a cada um conforme a sua necessidade.” Na igreja primitiva o espírito de unidade e amor era tão forte que as pessoas chegaram a abrir mão de suas posses para ajudar outros cristãos. Em 1 João 3:7 lemos: “Se alguém tiver recursos materiais e, vendo seu irmão em necessidade, não se compadecer dele, como pode permanecer nele o amor de Deus?” Essa pergunta nos deixa claro que, se tenho recursos materiais, sou de fato cristão e digo que o amor de Deus está em mim, é natural e lógico que vou ajudar ao meu irmão. E eu acho que se não somos mais forçados a dar o Dízimo à igreja, vamos começar a abrir os olhos e ajudar nossos irmãos que estão precisando. Agora podemos dizer que é obrigação da igreja ajudar os outros com meus 10%. Gálatas 6:10 não fala especificamente de dinheiro: “Portanto, enquanto temos oportunidade, façamos o bem a todos, especialmente aos da família da fé.” Mas fazer o bem aos irmãos na fé, pode e deve incluir nossos bens. Ainda existem muitos outros textos que reforçam essa ideia, deixando-nos bastante claro de que um dos propósitos do nosso dadivar são as necessidades dos santos.

b) Satisfazer as Necessidades dos Obreiros Cristãos Além de usarmos nosso dinheiro para satisfazer as necessidades dos nossos irmãos e irmãs em Cristo, as Escrituras também nos levam a usar nosso dinheiro para sustentar os que trabalham na obra do Senhor. Consideremos as seguintes passagens: 1 Timóteo 5:17-18 - “Os presbíteros que lideram bem a igreja são dignos de dupla honra, especialmente aqueles cujo trabalho é a pregação e o ensino, pois a Escritura diz: 'Não amordace o boi enquanto está debulhando o cereal', e 'o trabalhador merece o seu salário'.” Esse ensino também não é novo, e o encontramos em várias outras passagens como por exemplo 1 Coríntios 9:6-14 e também em Filipenses 4:15-18. onde Paulo agradece as ofertas a ele enviadas: “Recebi tudo, e o que tenho

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é mais que suficiente. Estou amplamente suprido, agora que recebi de Epafrodito os donativos que vocês enviaram. Elas são uma oferta de aroma suave, um sacrifício aceitável e agradável a Deus.” E nada mais lógico, não é verdade? Para que um ministro possa dar sua atenção e dedicar seu tempo à igreja, é preciso que ele seja sustentado por ela. Nesse sentido estamos bem dentro do padrão bíblico. Já estamos praticando bem essa parte.

c) Satisfazer as Necessidades dos pobres Da mesma forma que o Dízimo era usado no Antigo Testamento para ajudar os pobres, o Novo Testamento nos ensina que além de satisfazer as necessidades dos irmãos na fé e de sustentar os obreiros, devemos ter uma reserva para satisfazer as necessidades dos pobres. Vejamos alguns dos muitos textos: Lucas 12:33-34 “Vendam o que têm e dêem esmolas. Façam para vocês bolsas que não se gastem com o tempo, um tesouro nos céus que não se acabe, onde ladrão algum chega perto e nenhuma traça destrói. Pois onde estiver o seu tesouro, ali também estará o seu coração" ou então Efésios 4:28 - “O que roubava não roube mais; antes trabalhe, fazendo algo de útil com as mãos, para que tenha o que repartir com quem estiver em necessidade.” e também Tiago 1:27 - “A religião que Deus, o nosso Pai aceita como pura e imaculada é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades e não se deixar corromper pelo mundo.” Resumindo: podemos notar que o dadivar, no Novo Testamento, é sempre para satisfazer as necessidades DAS PESSOAS. A Bíblia em nenhum lugar relata uma igreja entrando em débito para comprar ou construir um prédio luxuoso para se reunir. Hoje em dia, depois dos salários, as construções e a manutenção dos prédios são os maiores gastos das igrejas. Vejam o orçamento da nossa igreja em 2011 por exemplo. Claro, uma igreja precisa do dinheiro para se manter, mas a prioridade sempre deve ser satisfazer as necessidades das pessoas.

1.7 - Como devo Dar das minhas Finanças? Já vimos que a quantidade não é importante, desde que seja de acordo com as nossas capacidades e o disposto no coração e já vimos que o que damos deve ser para satisfazer as necessidades dos outros. Mas de que forma devemos dar?

a) Devemos Dar Anonimamente Em outras palavras, devemos dar em segredo, não abertamente para que todos vejam. O texto mais conhecido para isso é onde Jesus nos ensina sobre o dar aos po-

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bres. Mateus 6:1-4 - “Tenham o cuidado de não praticar suas ‘obras de justiça’ diante dos outros para serem vistos por eles. Se fizerem isso, vocês não terão nenhu ma recompensa do Pai celestial. Portanto, quando você der esmola, não anuncie isso com trombetas, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, a fim de serem honrados pelos outros. Eu lhes garanto que eles já receberam sua plena recompensa. Mas quando você der esmola, que a sua mão esquerda não saiba o que está fazendo a direita, de forma que você preste a sua ajuda em segredo. E seu Pai, que vê o que é feito em segredo, o recompensará.” Deus irá recompensar a sua dádiva, o seu sacrifício. Mas você precisa confiar nele, Se você vê uma necessidade, procure um jeito de dar sem que a pessoa saiba quem deu o dinheiro. Nesse sentido, eu creio que os leilões que são feitos aqui na festa da Colheita são errados. Eles juntam muito dinheiro para uma boa causa, mas será que a pessoa que deu Gs. 3.000.000 por uma simples coberta fez isso com uma atitude correta? Deus vai usar esse dinheiro também, mas essa pessoa já não receberá recompensa Dele.

b) Devemos Dar Voluntariamente Quando decidimos dar o nosso dinheiro, devemos fazê-lo por livre escolha, com sin ceridade e amor. Deus quer que dadivemos porque temos todo o desejo de fazê-lo. Não forçadamente, não por obrigação. 2 Coríntios 8:3-4 - “Pois eu, paulo, dou testemunho de que os da Macedônia deram tudo quanto podiam, e até além do que podiam. Por iniciativa própria eles nos suplicaram insistentemente o privilégio de participar da assistência aos santos.”

c) Devemos Dar Expectativamente Quando damos, podemos esperar que Deus nos abençoe nesta vida. Não devemos exigir, mas podemos esperar, pois Deus o prometeu. Vejam o que Paulo ensinou: 2 Coríntios 9:6-11 - “Lembrem-se: aquele que semeia pouco, também colherá pouco, e aquele que semeia com fartura, também colherá fartamente. Cada um dê con forme determinou em seu coração, não com pesar ou por obrigação, pois Deus ama quem dá com alegria. E Deus é poderoso para fazer que lhes seja acrescentada toda a graça, para que em todas as coisas, em todo o tempo, tendo tudo o que é necessário, vocês transbordem em toda boa obra. Aquele que supre a semente ao que semeia e o pão ao que come, também lhes suprirá e aumentará a semente e fará crescer os frutos da sua justiça. Vocês serão enriquecidos de todas as formas, para que possam ser generosos em qualquer ocasião e, por nosso intermédio, a sua generosidade resulte em ação de graças a Deus.” Esse texto é muito claro, e ele é apoiado por vários outros, inclusive do Antigo Testamento. Mas nós também pode-

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mos esperar que Deus nos abençoe na vida futura, pois em vários textos (Mateus 6:19-21; Lucas 12:33; 1 Timóteo 6:18-19) lemos a respeito dos tesouros celestiais. Aquele que dá com alegria e generosidade será recompensado com riquezas no céu, onde não sofrerá dano. Eu pergunto: você prefere ser rico aqui, onde uma crise financeira ou uma catástrofe natural pode derrubar tudo, ou você prefere ajuntar tesouros no céu que é um investimento seguro? A resposta a essa pergunta vai basicamente definir o que você faz com o seu dinheiro.

d) Devemos Dar Alegremente Ou seja, dar com alegria, com satisfação, com prazer. Já lemos esse texto antes, onde Paulo diz que Deus ama a quem dá com alegria. Se cada cristão soubesse da chuva de bênçãos que gozamos ao dar a Deus, seríamos como os cristãos da Macedônia que imploraram a Paulo que lhes desse o prazer de dadivar. Dar a Deus deveria ser visto como um privilégio, e não como uma carga, ou um imposto. Deus, o dono do universo, quer usar o meu dinheirinho em sua obra.

e) Devemos Dar Sacrificialmente Não devemos apenas dar daquilo que nos sobra. Não devemos sempre dar de acordo com a nossa capacidade, mas às vezes devemos dar mesmo que nos custe um pouco mais. Em vários lugares a Bíblia nos dá exemplos de cristãos que deram sacrificialmente: 2 Coríntios 8:2-3 - “No meio da mais severa tribulação, a grande alegria e a extrema pobreza deles transbordaram em rica generosidade. Pois dou testemunho de que eles deram tudo quanto podiam, e até além do que podiam por iniciativa própria” Também temos o fato relatado em Marcos sobre a viúva pobre onde Jesus ensina seus discípulos que, a viúva com suas duas moedas, deu mais que os ricos, pois eles davam do que lhes sobrava, mas ela deu tudo o que tinha. Isso não era uma parábola. Foi algo que realmente aconteceu. Uma pergunta para finalizar esse ponto. Será que podemos dizer damos sacrificialmente e com alegria? Não é tão importante a quantia que damos, importante, no dar sacrificial é o quanto nos sobra depois que demos.

1.8 - Qual nossa Motivação ao Dar? A última pergunta que queremos responder é sobre nossa motivação. Aquilo que em realidade mais interessa a Deus. Vimos que as Escrituras nos ensinam sobre a quantidade, sobre o propósito e sobre a maneira que devemos dar. Mas o que realmente nos leva a dar é a nossa motivação. É essa decisão interior que cada um deve

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tomar e que ninguém pode forçar sobre nós. Por que eu quero dar do meu dinheiro a Deus.

a) O Exemplo de Cristo O apóstolo Paulo usa o exemplo de Cristo para motivar os cristãos de Corinto para fazerem o mesmo, vejamos: “Pois vocês conhecem a graça de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, se fez pobre por amor de vocês, para que por meio de sua pobreza vocês se tornassem ricos.” (2 Coríntios 8:9). Jesus, sendo Deus, estava no céu vivendo em toda plenitude de riquezas e poder, e juntamente com Deus e o Espírito Santo reinava sobre todo universo criado. Mas, de livre vontade, ele deixou sua glória e abriu mão de seus poderes celestiais para nascer num estábulo, ser criado por pais pobres, viveu uma vida simples e não acumulou riquezas para si aqui na terra. E qual foi o propósito desse grande sacrifício? Para que nós nos tornássemos ricos. Através da obra salvadora de Jesus, nós nos tornamos herdeiros das riquezas celestiais. Podemos ser chamados filhos de Deus. Pelo exemplo de Cristo podemos aprender que ele não deu apenas 10%. ele deu TUDO. 100%, incluindo sua própria vida. Eu acho que quando damos o Dízimo à igreja, deveríamos nos envergonhar. Al guém lhe pergunta: quanto você dá pra Deus, e você diz todo orgulhoso, eu dou 10% todo mês do meu salário bruto. E essa pessoa lhe diz: O que? Só 10% mas que pão duro, heim? Deus lhe dá tudo, permite que você viva, esteja são e tenha emprego, lhe promete a vida eterna e você só lhe dá 10%? Como discípulos de Jesus, ou seja, seus seguidores, devemos buscar ser igual a Ele. Viver uma vida completamente dedicada aos seus propósitos.

b) A Ordem de Cristo Se o exemplo de Cristo não basta para nos motivar a dar, quem sabe uma ordem sua nos dê aquele empurrãozinho que falta. Em João 15:12-14 lemos as seguintes palavras de Jesus: “O meu mandamento é este: amem-se uns aos outros como eu os amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos. Vocês serão meus amigos, se fizerem o que eu lhes ordeno.” Aqui Jesus nos diz que se queremos ser seus discípulos, devemos fazer o que ele nos ordena. E ele está nos ordenando a amar aos outros como ele nos amou. Ele nos amou ao ponto de morrer por nós. Isso significa que quando nós vamos ajudar alguém em necessidade devemos estar dispostos a dar dos nossos recursos para ajudar. Saberemos se somos verdadeiros seguidores de Cristo quando estivermos abertos e desejosos em abrir nossas carteiras e ajudar pessoas em reais necessidades.

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Aplicação: Deus quer nos libertar para vivermos uma vida plena. Uma vida dedicada a Ele. Ser obrigado a dar um dízimo que fazia parte da Lei Mosaica vai diretamente contra o ensino bíblico. Eu fico triste de não ter visto isso antes. Somos ensinados assim desde pequenos na Escola Dominical e em casa, e não questionamos quando adultos. Mas graças a Deus por sua Palavra e por pessoas dispostas a estudar e a en siná-la aos outros. Eu não me arrependo de ter dado o dízimo todos esses anos. Eu apenas lamento que isso tenha sido feito de forma cega e forçada. Como estamos todos aprendendo recentemente o que Deus quer fazer com o nosso dinheiro, creio que devemos seguir com prudência e sabedoria. A ausência do dízimo na igreja implica que devemos repensar nossa estratégia financeira. E acho que não podemos fazer isso de uma hora pra outra. Isso seria suicídio. Devemos agir com cuidado e sabedoria, procurando sair desse sistema, e abraçar de coração o dadivar com alegria, por que Deus merece muito mais do que nossos míseros 10%. A Bíblia nos ensina que o Dízimo não é obrigatório aos cristãos. Mas ela fala de cris tãos que dão com generosidade, que dão com sacrifício, que dão com alegria, pois querem demonstrar sua gratidão e o seu amor ao Deus que lhes concede a vida. É meu sincero desejo que essas duas mensagens nos ajudem a viver uma vida livre da lei, em plena abundância da vida e da graça de Deus. Sejamos seguidores responsá veis e agradecidos. Sejamos dadivadores por excelência.

2º O SÁBADO Outro exemplo de uma lei obsoleta, que não está mais em vigor é guardar o sábado, ou no original: “Sabbath” Esse mandamento é provavelmente o que tem a maior va riação de interpretação: Alguns afirmam que devemos adorar a Deus somente no sábado. Outros dizem que esse mandamento é apenas para os judeus, e já não serve mais para nós. Ainda outros afirmam que o sábado do Antigo Testamento foi de certa forma modificado, ou transformado, e nós procuramos honrar esse mandamento adorando no domingo. Finalmente ainda existem aqueles que crêem que todo dia é dia do Senhor, e no final não interessa em qual dia adoramos a Deus contanto que tenhamos um dia na semana, estaremos observando o sábado. Então qual dessas interpretações está correta? Bem, preciso dizer que nenhuma delas. Cada uma dessas interpretações está comprometida, pois o foco está no homem, e como ele se relaciona com o sábado. Mas o que deveríamos estar perguntando é como nos relacionamos com aquele que institui o sábado. Qual é nossa atitude para aquele que é Se-

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nhor do sábado. E quando fazemos isso, nossa atitude em relação ao sábado se ajustará naturalmente.

2.1 - A origem do Sabbath Algumas pessoas acham que a lei do sábado começou em Gênesis 2:2 e 3 onde lemos: “No sétimo dia Deus já havia concluído a obra que realizara, e nesse dia descansou. Abençoou Deus o sétimo dia e o santificou, porque nele descansou de toda a obra que realizara na criação.” Mas no original nós não lemos sobre a instituição de um sábado. O que realmente lemos ali é que Deus terminou o seu trabalho. A palavra descansar no original tem mais o sentido de obra concluída. E a diferença entre a palavra sábado e descanso, no hebraico é de apenas uma vogal. Elas tem a mesma raíz. E vou explicar mais sobre isso mais tarde. O fato é que o texto se refere a Deus, e não ao homem. Deus abençoou esse dia, pois havia concluído sua obra e estava satisfeito com o que criara. Em nenhum lugar do Antigo Testamento até o dia em que Deus deu as tábuas com os 10 mandamentos a Moisés, lemos sobre a guarda do sábado. Essa lei não existia antes da lei mosaica, e ninguém de todos os povos daquela época sabia algo a respeito. A primeira vez que lemos sobre a instituição do Sabbath está em Êxodo 20:8-11 “Lembra-te do dia de sábado, para santificá-lo. 9 Trabalharás seis dias e neles farás todos os teus trabalhos, 10 mas o sétimo dia é o sábado dedicado ao Senhor, o teu Deus. Nesse dia não farás trabalho algum, nem tu, nem teus filhos ou filhas, nem teus servos ou servas, nem teus animais, nem os estrangeiros que morarem em tuas cidades. 11 Pois em seis dias o Senhor fez os céus e a terra, o mar e tudo o que neles existe, mas no sétimo dia descansou. Por tanto, o Senhor abençoou o sétimo dia e o santificou.” Esse mandamento se encontra no meio dos 10 Mandamentos, e foi instituído aqui pela primeira vez. Ele faz parte da Antiga Aliança. E é uma lei dada ao povo de Israel, daquela época. Era para ser um dia simbólico, tomando o exemplo de Deus na criação, onde o povo deveria parar sua rotina diária, não fazer nenhum trabalho para meditar e contemplar nas coisas de Deus. Esse mandamento faz parte das leis cerimoniais do Antigo Testamento, e foi obedecido pelo povo judeu até o dia em que Jesus veio.

2.2 - Jesus e o Sabbath Infelizmente, os escribas e fariseus criaram todo um sistema de regrinhas para garantir que o povo obedecesse aos mandamentos de Deus de forma correta, que eles perderam o objetivo final da Lei de Deus. Eles estavam tão preocupados com os detalhes da Lei que não sabiam mais porquê estavam observando essas Leis. E a pri-

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meira vez que viram Jesus “desobedecendo” a Lei do Sábado, eles se irritaram e imediatamente o colocaram à prova, perguntando-lhe porque ele e seus discípulos estavam colhendo algo para comer. Jesus então respondeu 3 coisas: (Marcos 2:25-28) 1ª foi um exemplo: “Vocês não leram o que fez Davi quando ele e seus companheiros estavam com fome? Ele entrou na casa de Deus e, junto com os seus companheiros, comeu os pães da Presença, o que não lhes era permitido fazer, mas apenas aos sacerdotes, contudo, eles ficaram sem culpa?” Até mesmo uma lei mais importante que o sábado foi violada por Davi, quando ele estava fugindo de Saul e estando com fome, ele e seus companheiros comeram dos pães santificados. E com isso, Jesus quis dizer que a necessidade humana é mais importante do que as leis. E aseguir disse a 2ª coisa: “O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado.” E com isso ele quis realmente dizer que o sábado era para ser um deleite, um dia de descanso que o povo deveria aproveitar. Um dia que servia para honrar e adorar ao Criador. Mas os fariseus haviam feito desse dia uma carga quase insuportável de levar. Era muito difícil ter prazer nesse dia, pois nada era per mitido fazer. Qualquer coisinha era considerada trabalho e por isso não podia ser fei ta no sábado sem correr o risco de pecar. A 3ª resposta de Jesus foi ainda mais chocante: “Assim, pois, o Filho do homem é Senhor até mesmo do sábado.” Agora sim, os fariseus ferveram, pois para eles, Jesus dizer que ele era Senhor do sábado era uma blasfêmia. Nós vemos hoje, assim como Jesus também naquela época, que os líderes judeus estavam realmente cegos, e não viam o agir de Deus. Com esse exem plo de Jesus, vemos que ele tinha uma posição bastante liberal quanto ao sábado. Ele em várias ocasiões curou no sábado. Quando ele curou aquele paralítico que seus companheiros desceram pelo teto, ele inclusive disse ao paralítico que levantesse e carregasse sua cama para casa. Isso era trabalho e não podia jamais ser feito no sábado. Ele podia ter esperado o dia seguinte para curar os enfermos, mas ele deixou claro com isso que a necessidade do homem é mais importante, e o dia de sábado é na verdade perfeito para fazer o bem, mesmo que seja trabalho. Concluindo esse ponto, podemos dizer que Jesus não guardava o sábado no sentido estrito da Lei. Ele ia nas sinagogas para ler a palavra de Deus, e sabemos que ele não pecou, mas ele fez muitas coisas no sábado que não era permitido pelos fariseus e seu conjunto de regras. Se queremos seguir seu exemplo, podemos ficar tranqüilos quando ao dia de descanso. Ele é importante, mas mais no sentido de ser um privilégio para nós, não uma lei a ser obedecida.

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2.3 - O apóstolo Paulo e o Sabbath Continuando na mesma linha de pensamento, mas com explicações teológicas mais profundas, o apóstolo Paulo nos mostra como devemos nos comportar em relação ao Sabbath. Vamos ler um texto de Colossenses 2:16-17 “Portanto, não permitam que ninguém os julgue pelo que vocês comem ou bebem, ou com relação a alguma festividade religiosa ou à celebração das luas novas ou dos dias de sábado. Estas coisas são sombras do que haveria de vir; a realidade, porém, encontra-se em Cris to.” Nos versos anteriores, Paulo fala sobre a obra de Cristo, na cruz, que cancela nossa dívida para com a lei. Então ele usa a palavra portanto, claramente se referin do ao tema da obra redentora de Cristo. Portanto, não deixem que ninguém os julge pelas coisas ordenadas na lei de Moisés. Seja o que vocês comem ou bebem, seja em relação às festas religiosas ou seja por causa do sábado. Ele está dizendo aqui que: tanto faz se você guarda o sábado ou não, a decisão é sua. Pois na nova aliança o Sabbath não é nem ordenado, nem proibido. O que você não deve permitir é que outros decidam isso por você. Outros não devem julgar e fazer com que você se sin ta culpado por agir de uma forma ou outra. A Lei de Moisés não deve ser motivo de julgamento sobre nossas ações. Todas essas coisas são sombra da realidade, que é Cristo. A lei de Moisés era apenas um instrumento que apontava para o Filho de Deus. O verdadeiro Sabbath, ou seja o verdadeiro descanso veio a ser uma realidade em Jesus. No mesmo sentido, o apóstolo escreveu o seguinte aos Romanos 14:5 - “Há quem considere um dia mais sagrado que outro; há quem considere iguais todos os dias. Cada um deve estar plenamente convicto em sua própria mente. Aquele que consi dera um dia como especial, para o Senhor assim o faz.” Parece que o apóstolo não se incomodou muito com o fato de que algumas pessoas queriam adorar no sábado, outros no domingo, e ainda outros que consideravam todos os dias iguais. O importante, diz ele é que cada um deve saber o que fazer, tendo claro em sua mente que está fazendo isso ao Senhor. E não julgar os outros por pensarem e agirem diferente. O autor de Hebreus ainda fala de um descanso para o povo de Deus, (Hebreus 4:1-11) se referindo claramente ao descanso final, quando os santos entrarem nos céus, para celebrar com o seu Criador a vida eterna. Ele descreve esse descanso, e no final nos exorta com as seguintes palavras: “Portanto, esforcemo-nos por entrar nesse descanso, para que ninguém venha a cair.” Mas nesse texto não encontramos nada a respeito de uma ordenança de guardar o sábado semanalmente. De fato, não encontramos esse mandamento em nenhum lugar do Novo Testamento. Ele é claramente uma Lei da Antiga Aliança. Ele não é condenado ou proibido, ou seja, nem Je-

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sus e nem os outros escritores do Novo Testamento ensinaram que o sábado era obsoleto. Mas por outro lado também não encontramos em nenhum lugar a ordem de que os cristãos deveriam guardar o sábado. Enquanto me preparava para essa mensagem, encontrei uma página na Internet de um judeu cristão. Ele se considera convertido, e crê na obra redentora de Cristo como algo consumado, ou seja ele crê no mesmo Jesus que eu e você. Através da sua página ele ensina a língua hebraica a cristãos, para que possam entender melhor a mensagem de Deus. E ele escreveu um artigo muito interessante sobre o sábado 1 e como os judeus o consideram ainda hoje. Infelizmente nosso tempo é curto e não posso entrar em todos os detalhes que ele menciona. Mas quero ressaltar um parágrafo. Ele diz assim: Com todo o respeito, a todos aqueles que acham que devemos voltar ao Sinai e guardar o sábado, juntamente com algumas outras leis que resolveram obedecer, não se esqueçam de que vocês devem cumprir com toda a lei. Pois somente assim o argumento de vocês é válido perante Deus. Não se esqueçam de memorizar as 613 leis da Torah para poder cumprir com todos os detalhes. Vocês também devem ser a favor da escravidão, ter escravos ou considerar vender suas filhas como escravas. Vocês devem ser radicalmente contra o homsexualismo e exigir a pena de morte. Saibam que os pais tem a permissão de Deus para matar um filho rebelde. Vocês até mesmo teriam o direito de apedrejar até a morte a todosque fizesse qualquer trabalho no sábado. Não esqueça que todas as leis morais, sociais e cerimoniais também devem ser observadas. Cuidado para não cumprimentar uma mulher com a mão, pois ela poderia estar no seu período de menstruação e você se tornaria impuro. Além de tudo isso, você irá encontrar uma grande dificuldade de se livrar dos pecados e da culpa, pois o Templo onde isso era feito não existe mais. Eu achei tão interessante a forma sarcástica com a qual esse judeu demonstrou que é em vão tentarmos obedecer a Lei de Moisés. Esse tempo claramente passou. Inclusive os judeus o vêem assim. Por que nós, cristãos, que estamos debaixo da nova aliança, debaixo da Graça de Deus, insistimos em observar determinadas leis da antiga aliança. Eu só vejo duas respostas possíveis: 1ª IGNORÂNCIA – muitos cristãos não sabem o que fazer, foram ensinados numa tradição de igreja e crêem que estão agindo de forma correta. Assim como os fariseus da época de Jesus. Aqueles líderes não eram todos malvados, pelo contrário, eles se esforçavam em cumprir com a lei de Deus, e procuravam fazer tudo para que o povo assim fizesse também. Mas eles estavam cegos, eles não sabiam e não viam o que estava acontecendo diante dos seus olhos. Creio que muitas igrejas e cristãos hoje também estão cegos. Somos ignoran 1

para quem sabe ler inglês e se interessar, veja o endereço na bibliografia (hebrew4christians)

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tes num certo sentido. 2ª EGOÍSMO – as pessoas que sabem da verdade, mas insistem em viver a velha vida são egoístas. Apenas vêem o seu próprio interesse e não querem verdadeiramente servir e amar a Deus, mesmo que digam o contrário. Na verdade eu diria que a maior parte dos cristãos egoístas são os atuais líderes religiosos. São os que estudam a Palavra de Deus e ensinam ao povo. Podem de certa for ma estar cegos também, mas é mais cômodo ensinar a tradição, e deixar as coisas como estão, do que ser radical como Jesus foi e viver a vida conforme Deus quer.

APLICAÇÃO: Finalizando esse tema sobre o sábado, quero repetir rapidamente o que aprendemos a respeito: 1 - O sábado é uma sombra da realidade, um descanso ordenado que aponta para o verdadeiro descanso em Jesus. 2 – a guarda do sábado é uma marca da Aliança do povo de Israel com Deus. 3 – O Novo Testamento nunca ordena a observância do Sabbath. 4 – Jesus era sem pecado e ele obedecia a Deus e ele não observava o sábado, também não exigia que seus seguidores o fizessem. 5 em nenhum lugar da Bíblia vemos outros povos guardando o sábado. 6 – também não lemos nada a respeito de alguém guardando o sábado antes da lei de Moisés. 7 – o apóstolo Paulo proíbe os cristãos de julgarem outros a respeito do Sabbath.

Quero adicionar a esses pontos ainda que o domingo não substitui esse mandamento, visto que ele não tem o mesmo sentido. Muitas igrejas se reúnem nesse dia para cultuar e adorar a Deus, mas isso está muito longe do original sentido do Sabbath. Falando de uma forma rude, podemos concluir que a questão do Sabbath, já era. Kaputti. E o que nós devemos fazer a respeito? Nada. Coincidentemente nossa Igreja se reúne no sábado, mas com isso não estamos cumprindo nenhuma lei do Antigo Testamento. Devemos nos reunir para adorar a Deus, pois essa é uma ordem clara do Novo Testamento, e um exemplo a ser seguido da Igreja Primitiva.

CONCLUSÃO GERAL Foi uma longa jornada, mas eu estou feliz. Sou grato a Deus por esse estudo, pelos recursos e pela capacidade de aprender da sua Palavra. Mas sou muito mais grato pelas verdades reveladas e pelo novo entendimento que adquiri a respeito das Leis do Antigo Testamento. Fica muito mais fácil responder à pergunta incial que é também o título desse livreto: Quais Leis do Antigo Testamento ainda são válidas Hoje? Eu obtive a resposta que eu estava buscando. E conforme o que aprendi, creio que cada um deve responder essa pergunta no seu coração, tendo claro em sua mente o

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que Deus espera da sua vida, e não permitir que outros julguem nossas ações. Mas, cada um deve considerar que está fazendo isso ao Senhor, e que o mais importante é obedecer a Ele em todos os aspectos. Somando a isso o valor e a importância que tem o amor, é difícil errar. Se verdadeiramente amamos a Deus, vamos lhe obedecer. Se verdadeiramente amamos aos outros, vamos fazer o possível para não ser um tropeço, e também para mostrar a maneira certa de viver. Se amamos a nós mesmos, não seremos egoístas, e sim pessoas dedicadas a Deus. Depois de aprender mais detalhadamente sobre a Lei de Deus, de como ela era aplicada antes da escrita, no período dos patriarcas; e de como ela veio a existir quando Deus quis fazer essa Aliança com o seu povo. Depois de ver e aprender dos erros co metidos pelo povo israelita, e saber que tudo isso era apenas para preparar o terreno para a vinda de Jesus Cristo, o Filho de Deus, o Rei e Messias, Salvador do mundo. Depois de ler a respeito de como Jesus fez para obedecer a Deus, e que ele nunca pecou em nenhum detalhezinho, mas mesmo assim não estar preso à lei mosaica. Depois de ver o Novo Testamento ensinando sobre a Nova Aliança, o período da Graça de Deus. Depois de toda essa jornada, eu finalmente posso respirar satisfeito. Eu sei o que eu devo fazer. Eu sei o que eu devo crer. O meu profundo desejo é que esse livreto tenham ilumidado o seu conhecimento também, e que baseado nelas você possa tomar as decisões corretas quanto à maneira de viver. Que você saiba o que fazer para ter um relacionamento com Deus. Que afinal de contas é o objetivo final. Deus criou a você e a mim para ter um relacionamento pessoal. Ponto final.

BIBLIOGRAFIA Foi usado a Bíblia Nova Versão Internacional, juntamente com alguns comentários e uma concordância bíblica como base para esse estudo. A maior parte do texto é de autoria própria, adaptado para a nossa realidade no momento em que esse livreto foi elaborado, com ideias aprendidas e usadas principalmente das seguintes páginas da Internet: (são todas páginas no Idioma inglês, portanto use o Google para traduzi-las caso necessário). http://www.hebrew4christians.com/Holidays/Shabbat/Addendum/addendum.html http://www.gci.org/law/otl http://www.gty.org/resources/search/sabbath

À Deus toda Honra e toda a Glória para todo o sempre. Amém!

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