Leitura de um texto de divulgacao cientifica - Um exemplo em gravitacao

June 4, 2017 | Autor: João Neto | Categoria: Divulgacion CIentifica
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DEDrvulcnçÃo DEuMTEXTo LErruRA EMcRAvtraçÃo uMEXEMeLo creruríncA: Henrique César da Silva Introdução

HenriqueCésar da Silva é doutorandona Faculdade de Educação/Unicamp, membrodo Grupode Estudo e Pesquisaem Ciência e Ensino - gepCE. -E-mail: henri @turing.unicamp.br

cientíÍica Os textosde divulgação vêm sendoapontadoscomoexemplos alternativas ao livro de possibilidades e Ricon,1993).Com didático(Almeida relaçãoa essetipo de texto,a é muitogrande: encontrada diversidade há textosescritospor jornalistascom ou em sem formaçãocientíficapublicados jornaise revistaspopulares;há textos escritospor cientistaspublicadosem comoé científica revistasde divulgação o caso da CiênciaHoje;há textos escritospor cientistasque énÍocam temasrecenlesda pesquisaem Íísica como O unìversoinílacionáilode Alan Guth.textosque enÍocamtemasda Íísicamodernacomo O incrívelmundo da física modernade G. Gamow,textos que abarcamquasetodosos principais assuntosda f ísicanumaabordagem históricacomo A dançado unÌversode MarceloGleiser. tambémpodeser A diversidade olhadapor outrosângulos:textosde quefocalizamos resultados divulgação textosque científico, do conhecimento dos enÍocamo desenvolvimento ao longo cientíÍicos diÍerentesraciocínios da história,como Á evoluçãoda física e L. InÍeld. de A. Einstein apontadospara Entreos argumentos deÍendero usode textosde divulgação o maior cientíÍicaencontramos: dosalunos e participação envolvimento nas atividadesem classecom o uso de esses linguagemcomumque caracteriza textos;o papeldo ensinona Íormação capazde, ao sairda do sujeilo-leilor, escola,continuara obtere checar de naturezacientíficoinÍormações de a apresentação tecnológica; ou conceitosde Íormacontextualizada, e Íragmentados seja,não destacados, isolados,comonos livrosdidáticos (Almeidae Ricon,1993). um texto Nestetrabalho,analisamos de divulgaçãocientíÍica,A gravìdade, escritopor um físico,HansC. von Baeyer. Trata-sede umaleituraque nãotem a pretensão de sermodeloparaumaleitura

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realizadapor alunos,mas que aponta do texto oossibilidades de funcionamento quenão em salade aula,possibilidades estãodadas,precisamserconstruídas, nas inÌerações em aula. elaboradas, do textose Esta leitura/análise de baseiatantonumaconcepção pautadana linha linguagem e leitura, como francesada Análisede Discurso, de conhecimento numaconcepção da e de ensinoe aprendizagem científico ciência,pautadana epistemologia históricae pedagógicade Gaston Bachelard. Nossaleituradessetextose dá, antesde tudo,no sentidodo ensino,ou dialógico o potencial seja,analisamos de intrínsecoao texto,na perspectiva Íísica. seuusoparaaprender de leiturada discursiva Na concepção análisede discurso, "há um leitor virtualinscritono texto. Um leitorque é constìtuídono próprioatoda escrita.Em termosdo que denominamos "formações imaginárìas"em análisede discurso,trata-seaqui do leitor imaginário,aquelequeo autor imagina(destina)Paraseu brto e para quemele se dìrige.TantoPode um ser um seu'cúmplice'quanto seu'adversário"'.(Orlandi,1988,p.9) éa Em Bakhtin,o dialogismo "Os condiçãodo sentidodo discurso. textossão dialógicosporqueresultamdo embatede muitasvozessociais." (Barrose Fiorin,1994).No textoque procuramos as distinguir analisamos em termosde diversasvozespresentes, no sentido suaracionalidade, Emborao componente bachelardiano. nãosejao único epistemológico no ensino,nesta aspectosinterveniente nossaleiturado texto,iremosnos deter nesseaspecto. maisespeciÍicamente Coerentecom umaperspectiva por de leitura,procuramos discursiva inscritono indíciosde um leitor-virtual verificarcomoo autor texto,procurando dialogacom esseleitore que imagem constróinessediálogo.

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Análise do texto Paraefeitode análise,dividimoso textoem cincopartes,descrevendo as características de cada uma delasem separado. A primeirapartecompreendeda página17 à 18,ou seja,os dois primeirosparágrafos do texto.O autor iniciafalandosobreEinstein, notadamente Íazendoreferência à sua imagempública,popular, mítica:"(...)o mundo ìnteiroassr'sÍiuàs comemorações do centésimoaniversáriode nascimento de AlbertEinstein;'De certo,a Íigurade Einsteiné um íconeda culturado século XX, estampadaem camisetas,posters, "há mais associadaa comerciaisde TV: de meio séculoo nome de Eìnsteine umapalavra familiarque extrapolaos limites da comunidadede f ísicos''.E que autor coma imagemde Einstein (pertencente à comunidadede físicos)e algoem leitor(leigo)têm inicialmente comum.A imagemde Einsteiné peloautorde Íormamuito relembrada nítida,não apenasem seustraços f ísicos("o seu rostocândido"," uma desgrenhadamadeixa branca de cabelo, que permaneciaem pé como que eletrificadapor excessode inteligência"), comoem seustraçosde personalidade "gentilezahumana", (genialidade, "humildade"e "decência"),que compõem sua imagemmítica. conjuntamente O leitorvirtualdo textoé partede um mundoculturaldo ouala ciênciafaz parte.E supondoesse leitore o em seu textoque o autor inscrevendo procurase aproximardo leitorreal. O leitore logolevadoa pensarno que sabe,no queconhece:a imagemde E, Einstein, tornandoo textoconvidativo. o primeiroparágrafo simultaneamente o que nãose sabe,o que não apresenta o seutrabalho: se conhecede Einstein, "incompreensível para os leigos". Assim "os iniciao segundoparágrafo: mistérios que ocuparamEinsteindurante toda a sua vida podem ser sintetizadosem três perguntas:O que é espaço?O que é tempo?O que é gravidade?'Seu trabalhonãoÍoi dar as respostasa essasperguntas,mas descobrir relaçõesentresessasidéias.Desta formao textosintetizaa essênciado a de Einstein, temado principaltrabalho suaTeoriada Gravidade(Teoriada Relatividade Geral).Em síntese,após

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um convitea leitura,o autorcolocaseu tema principal,o objetodo texto. A segundapartecompreendeda página18 ao inícioda20. Nestaparte,o autorexpõeo objetode que trataa explicitando teoriada gravidade, aspectosdo nossocotidiano Chamarelacionados com a gravidade. nos a atençãoa linguagemcom que tratao conceito:a gravidade"vence";"a primeira vitóriasobre a gravidade","às vezes, essepequeno conflito se transformaem uma batalha e termina em derrota."Sáotermosque aludemàs desdeque nossasaçõescotidianas, (há nascemos a Íigurade um bebê deitadosobreum colchão),à nossa primeira, imediata, e tão experiência cotidlanaoue não nos damosconta.O conceitoganhaentãoumageneralidade quese estende,na página19, para "o afémdas nossassensações: mundo é moldadopela gravidade"e não apenas o nossocorpo,as nossasações diárias,mas tambéma Terra,os vulcões,as montanhas,a formadas coisas,das estrelas,das galáxias.Nos " " termos" vencel', lutaÌ', aglutinaÌ', podemosentrevera idéiade Íorça.Uma da qualsó Íorça,no entanto,invisível, podemosperceber,com nossocorpo, nossalutacontraela. Mas o conceito de forçaextrapolao nossocorpo.Enfim, é universal! a gravidade O autorleva,assimo leitora sentiro conceitoem seu corpoem sua diáriae ao mesmotempo,a experiência essa sensaçãoparao corpo extrapolar da Terra,paratudoque é material,para as Íormasdo Universo.De um ladoo autorvai ao encontrodo leitorem sua primeira, mas,de outro experiência produzum deslocamento ao ampliar "experiência" para coisas,a as essa trata aindade Terra,o Universo.Não se uma ruptura,mas estaextensão preparao leitorparao conceitode ação a distância. O leitorvirtualdo textoé partede um está mundo,universoondea gravidade presente sempree seuprimeiro no é "experimental" conhecimento dada, sentidode umaexperiência primeira,e nãoconstruída. Na terceirapartedo texto,que os doisprimeiros compreende parágrafos da página20,o autorexpõe umaconcepçãoconstruídasobrea

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gravidade: a concepçãoaristotélica. Ao m e s m ot e m p oq u e e x p õ ea racionalidadearistotélic a, "Aristóteles ensina que o movimentonatural das coisas pesadas é descendenteem dìreção ao centro da Terra, uma si tuação deveras tranq uiIizadora", exoõetambéma sua crítica.A razáo aristotélica não explicaa gravidade, não a questiona,não a analisa.E uma concepçãoque entravao No texto,ao criticara conhecimento. racionalidade aristotélica, críticaque só teve sentidohistórico,com a construção da racionalidade newtoniana, o autorcriticaa base presentenos dessaracionalidade, peloque Bachelard chama indivíduos, histórica(Lopes,1993). de recorrência "Dizerque uma coisa é natural isenta-ade maior especulação. Natural sign ifica n ormal, s a u d á v eel c o m u m , e n ã o anômalo,patológicoe carente de análise e interpretação.A palavra'naturalmente'servepara encerrarconversas,e não para ìniciá-las"(p. 20) Queremospontuaresseaspecto peculiar como uma característica dessetexto.Trata-sede um textoque racionalidades aoresentadiÍerentes por que progrediram historicamente rupturasumascom as outras:a aristotélica, a racionalidade newtoniana ea racionalidade einsteiniana. O textonão racionalidade mas, trazdefiniçõesda gravidade, comoÍicarámaisevidenteno restante da análise,localizaa essênciade cada as críticas,os Íormade pensamento, que,superados, levaramà obstáculos construçãode um outraracionalidade. E assimque apresentaas idéiasde comojá evidenciamos. Aristóteles, O leitorvirtualinscritono textoé um e leitorque possuisuas racionalidades o autorse contrapõea elas.De um lado,identiÍicao leitorcom a aristotélica: todasas racionalidade coisascaem,e isso é simplesmente natural.De outrolado,se contrapõea mediadopela essaracionalidade, razáode Newton:naturalx comumx anômalo. extraordinário, L o p e s( 1 9 9 3 )n, u ma r t i g oe m q u e de Bachelard discuteas contribuicões

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a o e n s i n od a c i ê n c i ar, e s s a l t a l g u n s aspectossobreo papelda historicização no ensino:"(...)é preciso o alunoadquirira consciência da retiÍicaçãoconstanteda ciência,do eternorecomeçoda razâoque se Íaz (Lopes, todanovaa cadadesilusão" 1 9 9 3 ,p . 3 2 6 ) .S e g u n d oa a u t o r a , do apresentar a históriado progresso numavisão conhecimento, é importante de ensinoque enfocaos problemas cientíÍicos, os raciocínios e não os resultados. E na apresentação da das teorias tessituraepistemológica que a históría, diríamos, científicas epistemológica da ciência,tem seu pela"colocação das carátereducativo, lutasentreidéiase fatosoue constituíram o progressodo c o n h e c i m e n t (oL" o p e s1, 9 9 3 ,p . 3 2 7 ) . Seguindoportanto,a linhadessa na epistemológica, historicização quartapartedo texto,da página20 à 22, o aulorapresentaa racionalidade newtoniana, em oposiçãoà aristotélica: "(...)lsaac Newton transformoua gravidade em algo extraordinário,algo de que se tenha cìêncÌa,algo que necessita de expIicação",rompendo a s s i m s, u p e r a n d oa, i m o b i l i d a ddeo pensamento ico. aristotél O autorÍocalizasua exposiçãoda teoriade Newtonno pontocentralda que resideno newtoniana racionalidade conceltode açãoà distância,uma idéia Íorado empirismoimediato,sem primeirado traduçãona experiência s u j e i t oS. e g u n d oK o y r é( 1 9 8 6 )u, m d o s pontosmais atacadosda teoria justamente estárelacionado aristotélica de se suporaté Galileu à incapacidade e Newtonque os corpospudessem interagirsem contato.Paraexplicar porqueos projéteiscontinuamse movendomesmocessadaa forçade tinhaque Íazer contato,Aristóteles que consideramos suposições mantendoseu pressuposto estranhas, de que sem força em contatocom o E nesse corpo,não há movimento. da sentidoque a racionalidade negaa mecânicanewtoniana ea racionalidade aristotélica, comum. experiência sempre Comoo conhecimento possuimovimento, e comodiz B a c h e l a r d" (, . . . ) oh o m e mm o v i d op e l o espíritocientíÍicodesejasaber,mas

para,imediatamente, melhor q u e s t i o n a(rB " a c h e l a r d1,9 9 6 ,p . 2 1 ) ,o autorexplicitanovasperguntasque a racionalidadenewtoniana levanla'."Mas de onde provém essa força? O que faz com que as coisasse atraiam mutuamente?' SegundoLopes(1993): "Bachelard (1972a)inclusive consideraa históriadas ciências como um imensaescola,na qual existembonsalunose os alunos medíocres,enfatizandoa imoortância de se trabalharcom a históriade ambos:a transmissão de verdadese a transmissão dos erros.O dasverdadesnos conhecimento Íaz entenderas progressivas O construções racionais. conhecimento dos errosnos permiteentendero que obstruio (p. 327) conhecimento cientíÍico" de Newtonnão A teoriada gravidade questões, mas o autor respondeessas dá um exemplode um erro,de um "maualuno"da escolanewtoniana, ao Coldem exporas idéiasde Cadwallader ( 1 6 8 8 - 1 7 7 6E) .n e s s em o m e n t o , generaliza de o tipode raciocínio nele leitor: incluindo o Cadwallader "As pessoas comuns não comp artilham a alienação enlevadade Newton. Muitos procuram - e muitos ainda pIgplIam - modelos que façam sentido,que tranqúilizema mente quandoa terrívelpergunta lhes assalta o pensamento:Por que será que as coisa se atraem (p.21) mutuamente?" Esteé o segundotrechodo texto e m q u e o a u t o ri n c l u oi l e i t o rn u m raciocínio superadopelaracionalidade newtoniana, agorade Íormamais Novamenteum exemplodo explícita. que Bachelard chamade recorrência "e muitos aindaprocuram". histórica: inclusão do sujeitoNovamente uma no texto leitor,de sua racionalidade quandoo autorse reÍereàs "pessoas comuns". Em outrosmomentosdo textohá reÍerênciascríticasa atitudesque podemser consideradas ao obstáculos

conhecimento científico:"A creduIidade é uma fraquezahumana"(p. 22); "4 preguiça é um outra fraqueza humana" (p.23). Na página22 enconïramosoutro indíciodo diálogoentreautore leitor: "A explicação de Newton para a gravidade é repetida com tanto freqüêncìae autorìdadeque todos nos acreditamose, na realidade,sentimos que a sua verdade passou a fazer parte da nossa ìntuição". A palavragravidadejá Íaz partedo nossocotidianocultural,quasetoda criançasabeque "os objetoscaempor causada gravidade".No entanto,tratase de umaaoreensãonão racionalizada, de umaextensãodo sensocomum.Maisuma vez, o autor, em seu diálogocom o leitor,se Estaé contraoõeà sua racionalidade. Íundamental da umacaracterística formacomoo autordialogacom o leitor,comoum leitorque,embora possapensarcomoAristóteles, não mas que vivenumaculturaaristotélica, também,ainda,nãovivenumacultura no newtoniana, da racionalidade dela. sentidode ter-seapropriado Numa Apenasum parêntesis. por nóscom desenvolvida atividade a l u n o sd e u m ap r i m e i r as é r i ed o ensinomédiocolocamosem questão se a Terrase moviaou não. aos alunosque se Solicitamos dividissem e m d o i sg r a n d e sg r u p o s , em gruposmenorespara subdivididos propiciaruma primeiratrocade idéias. Um dos gruposgrandesdeveriapensar a favordo movimentoda argumentos Terrae o outrogrupo,argumentos contrao movimentoda Terra.Em princípiofoi diÍícildividira classe,pois a m a i o r i ad o s a l u n o sq u e r i aÍ i c a rn o da grupoque deÍendiao movimento ser mais Terra,por acreditarem simples,teremmaisargumentos. Após uma primeiradiscussãocom a classe,tornou-seevidenteque era muitomaisfácildefendera imobilidade da Terrado que o oposto,e a maior parteda classepassouparaesse grupo.A quantidade de argumentos que essesalunosapresentaram foi realmentemuitomaior,tornandomuito do grupoque difícila argumentação da Terra,e deÍendiaa mobilidade

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derrubandoquasetodosos seus argumentos. Voltandoao textode von Baeyer,na quintapartedo texto,da página23 em diante,o autorapresentaa einstein iana,novamente racionalidade comocontraposição à racionalidade anterior.Destaformao autorcontrapõe (da conceitoscomoespaçotempo de Einstein)ao teoriada relatividade espaçoabsoluto(dateoriade Newton). Poderíamos ser levadosa crerque a verdadeatingiuseu limitejá que nos no pontoda históriaonde encontramos a teoriada gravidadede Einsteiné a ú l t i m aP . o d e r í a m ossu p o rq u e a s outrasteoriasestavamerradasno s e n t i d od e o u e a h o r ad a v e r d a d eÍ i n a l . a sm a i s a i n d an ã oh a v i ac h e g a d oM u m av e z p o d e m o sc o n s i d e r aers s e poisem vários textobachelardiano. momento,o autor,explicitatambémas i n c o m p l e t u d edsa t e o r i ae i n s t e i n i a n a , a s q u e s t õ e sq u e d e l as u r g e mq u e e l a deixasem resposta,num movimento sem fim, no pontoonde os cientistas se encontramhoje,menosdiantedas respostasda teoriada relatividade geral,do que diantedas interrogações que ela levanta. "Mas não existe uma resPosta definitiva. O que falta no novo raciocínio é uma explicação da razãopela qual uma massa, como a do Sol ou da Terra, distorce a direção dos cursos. (...) Mas antes de tudo,Por que é que as massas curvam o (p.32) espaçotempo?" O diálogocom o leitor,que se iniciou em suaculturano encontrando-o sentidomaisamplo,ondea imagemde Einsteintem um sentidomítico,e em primeira, no sua culluraexperimental termina,no sentidobachelardiano, texto,numoutronívelepistemológico, ouandoo leitoré convidado a pensarjunto com explicitamente Einstein: "Tente.lmagine-sesegurando uma pedra. lmagine-selargandoa. Agora imagine-asendo carregadasilenciosae rapidamenteao longo do rio do tempo,que por acaso tem uma ' u uf ;.1#i

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pequenacurvaturabem aqui, voltadapara o solo. A pedra segue a dÌreçãodo curso do espaçotempoexatamentecomo um gravetosegue uma corrente. Existealgo de mais natural?"(p. 33) O leitore sua pedranão se encontrammaisno mesmomundoem que estavam.Trata-seagorade um mundomediadopeloconceito de espaçotempo. einsteiniano ComentáriosÍinais São diversosos aspectosque p o d e ms e r c o n s i d e r a d onsa e s c o l h ae seleçãode textosparatrabalhoem salade aula.O interessee motivação d o s a l u n o sp e l ot e m ad o c u r s o ,a a geraçãode debatese polêmicas, produção de aspectosda apresentação da ciênciae tecnologia,de aspectos da do contextohistórico-social produçãodo conhecimento científico,a introduçãode conteúdosde maior relevânciasocial,a série,o lugardos textosno curso,a relaçãodos textos com outrosrecursoscomovídeoe etc. etc. O texto experimentação, escritonão só pode ser usadocom como diÍerentesintençõese objetivos, Íuncionaráde modosdiferentes conformea atividade,o contextode a históriade vida e de interações, l e i t u r ad o s a l u n o se o t r a b a l h os o b r e suasexpecÌativas. Na análiseque Íizemosdo textode von Baeyerressaltamoso asPecto o concebendo historico-epistemológico, interlocução textocomo um espaçode polêmicanumaperspectiva bachelardiana. Trata-sede um textoPolifônico, segundoBakhtin(Barrose Fiorin,1994) vozesentramem em oue diferentes a voz do leitorqueé inclusive conÍronto, com as vozesdo passado identiÍicada da históriada ciência,poiscomoafirma "a do aluno, Lopes(1993), diÍiculdade fazendo muitasvezes,nãoé individual, partede uma recorrência (p. histórica" 327). assim,a ciênciaque o EnÍatizamos textode von Baeyerapresenta plural ressaltando o aspectoracionalista que Pluralidade inclui e descontinuísta. ';.,r '.

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no textocomo a voz do sujeito-leitor que deveser umaracionalidade comomeiode produçãodo contestada sentidoda racionalidade cientíÍica, pois,comoaÍirmaBachelard(1996), "psicologicamente, não há verdadesem (p. 293). erroretiÍicado"

BARROS,D. P.e trIORIN,J. L. (orgs.)(1994) polifonia, Dialogismo, intertextualidade: em torno de de culBakhtin Mikhail. (E,nsaios tura.7). SãoPaulo;EDUSP.

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