Ler a cidade pelo olhar

June 14, 2017 | Autor: Maria Cardoso | Categoria: Non-Governmental Organizations (NGOs)
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LER A CIDADE PELO OLHAR


Não farei balanço de pensamentos e de constatações debatidas e registadas
ao longo de vários artigos no Suplemento de economia do Diário de Aveiro.
Não tem interesse. Mas sei que se não agirmos em conformidade com os
riscos que a vida nos coloca no nosso dia a dia, todas as questões mais
dificeis ficarão por ter resposta e passarão a ser realmente, os nossos
maiores problemas. Por isso falei de arte, de venda de arte, de leilões, de
artistas renegados e de artistas eleitos, do valor da arte e do sentido da
arte na nossa vida, e ainda, das novas modalidades de financiamento das
artes e dos seus criadores....houve conceitos modernos escritos em
estrangeiro – crowdfunding; fundrising; coworking; houve velhos conceitos
escritos em português – mecenato; direitos autorais; património; literacia
artística; amor pela arte!

Mas desta vez vou basear este meu texto de final de ano na escrita de
Gonçalo M. Tavares, desejando que possa reter das palavras de GMTavares
alguma energia do ser criativo que este escritor sabe ser e sabe ter, que
mais parece desenhar com as letras e com o sentido das palavras; desenha a
partir dos pensamentos que constrõe no deambular pela cidade.

Este jovem escritor tem uma cidade onde cresceu e residiu durante os anos
de formação da sua personalidade, e esta cidade foi a de Aveiro.
Mas, na realidade, nasceu em Luanda. Hoje vive em Portugal e é publicado em
diversos países.

Como as cidades interagem com sua escrita? Foi a pergunta que lhe fizeram:

 O Gonçalo respondeu assim: realmente tenho uma relação muito forte com a
cidade. Se eu tentar encontrar alguma vez que tenha escrito num campo ou
num sítio calminho, com uma paisagem muito extensa, provavelmente vou
chegar à conclusão de que nunca escrevi nada nesse tipo de paisagem. Ou
seja, acho que escrevi sempre em alguma cidade. E, mais do que isso, a
cidade é um conceito de que eu tiro imagens... Por exemplo: andar pela
cidade, passear pela cidade, pelo meio de pessoas, muitas pessoas.
Considero-a quase uma espécie de prefácio ao meu trabalho. (…) Observar
pequenos gestos entre namorados, pequenos encontros, pequenas tragédias...
A cidade está cheia disso.

Foi mesmo este o sentido que retirei das coisas que fui escrevendo ao longo
deste ano de 2015: a arte e a economia foram o prefácio das minhas
experiências de vida e a reflexão que estas atividades motivou, também me
permitiu comunicar convosco - com os leitores que amavelemente leiem o que
as palavras dos jornais lhes trazem.

E os jornais são, na verdade, os mensageiros dos pensamentos de todos e de
cada um de nós, e como tal dão-nos as pistas para sermos mais curiosos e
atentos; para termos na ponta da língua o direito à construção do nosso
próprio pensamento, informando e abrindo o nosso olhar, ajudando a
deambular pelas cidades do nosso tempo.

Bom ano de 2016
Maluz Nolasco
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