Levantamento Arqueológico das Áreas de Interflúvio na Área de Confluência dos Rios Negro e Solimões-Parte 3

August 12, 2017 | Autor: L. Erig Lima | Categoria: Amazonia, Amazonian Archaeology
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Descrição do Produto

Paredão:

Natureza das Peças: borda (1), aplique (1). Nível: superficial. Forma: assador (1), desconhecido (1) (Fig. 80, A). Medidas: - Espessura das peças: 6-29 mm; Espessura do lábio: 10 mm; Comprimento da peça: 45-121 mm; Inclinação da borda: 135° a 180° (1); Ângulo da base: 120° (1); Diâmetro da borda: 46 cm; Diâmetro da base: 32 cm; Altura da vasilha: 28 mm. Pasta-Antiplástico: Quartzo predominante (1); o cauixi, caco moído, bola de argila e a hematita são freqüentes, mas não predominantes. Técnica de manufatura: roletado (1), modelado (1). Superfície: 2 fragmentos com ambas faces alisadas. Pasta-Queima: Queima oxidante (1); queima redutora externa e oxidante interna (1). Formas: Posição (Relação Diâmetro da Peça/ Diâmetro da Borda): convexa (1). Borda: direta (1). Lábio: apontado (1). Base: pedestal (1). Decoração: 

Inciso largo (1): 1 fragmento com decoração incisa larga na borda interna, com motivo de linhas onduladas compostas (Fig. 80, A).



Aplique modelado (1): aplique biomorfo modelado, oco, talvez representando uma cabeça humana estilizada (Fig. 80, B). Apresenta na superfície decoração escovada. Certamente era fixada em ombros de urnas (Hilbert, 1968).

Figura 80 - Sítio AM-IR-47: Barroso. Cerâmica Paredão: perfil de borda e forma reconstruída de assador com decoração incisa (A) , aplique biomorfo (B).

206

Lítico:

Mesclado: Artefatos Térmicos

Lascas: 3 Matéria-prima: arenito-silicificado (1) e siltito silicificado (2) Descrição: fragmentos de rocha fraturados por ação do fogo, não há ponto de percussão ou bulbo. Uma peça com restos de córtex.

Artefatos Brutos

Quebra-côco: 1 Matéria-prima: arenito-silicificado (1). Descrição: fragmento de artefato, comportando-se como uma lasca em forma de cunha. Sinais de uso: a peça apresenta em uma de suas faces uma depressão circular com 14.14.3 mm. A superfície da depressão é áspera. Uso associado: Esmagamento uniforme em uma face, semelhante a picoteamento, indicando uso associado como triturador. Forma: Q2 (1). Dimensões: 82.58.35 mm.

4.2.1.7. AM-IR-48: Lago Feliciano

Sítio histórico. Localiza-se a 15 Km a NE da cidade de Iranduba, às margens do lago homônimo. Trata-se de uma ocupação de terraço cujo solo corresponde a uma “terra mulata”. A área encontrava-se intensamente tomada pela capoeira, sendo pouco o material recuperado em algumas raspagens: fragmentos de cerâmica e um abrasador lítico, os quais encontravam-se espalhados em uma área circular de 100 m de diâmetro aproximadamente. Coordenadas das extremidades do sítio: 20M 0826414/9641694; 20M 0826513/9641712; 20M 0826495/9641724.

207

Cerâmico:

Histórico: Natureza das Peças: borda (1); base (1); alça (1); parede decorada (1). Nível: superficial. Forma: assador (1); vaso (1); tigela (3, Fig. 81, A). Medidas: - Espessura das peças: 7-20 mm, predomina 7 mm; Espessura do lábio: 5 mm; Comprimento da peça: 16-65 mm; Inclinação da borda: 90° a 135° (1); Ângulo da base: 120° (1) e 160° (2); Diâmetro da borda: 20 cm; Diâmetro da base: 12 cm. Pasta-Antiplástico: Quartzo predominante (7); o cauixi, cariapé, caco moído, bola de argila e a hematita são freqüentes, mas não predominantes; o cariapé B apresenta baixa freqüência. A mica ocorre na forma de traços. Técnica de manufatura: modelado (1, alça, Fig. 81, B), roletado (5), torneado (1, Fig. 81, G). Superfície: 7 fragmentos com alisamento em ambas faces, sendo 1 com polimento associado em ambas faces. Pasta-Queima: Queima oxidante (4); queima “sanduíche” (ox-red-ox): (3). Formas: Posição (Relação Diâmetro da Peça/ Diâmetro da Borda): convexa (1). Borda: extrovertida (1). Lábio: arredondado (1). Base: plana (4) (Fig. 81, D ao G). Decoração: 

Engobo (2): Dois fragmentos com engobo vermelho claro aplicados à base e parede externas (Fig. 81, E e F).



Pintado (1): Fragmento com pintura vermelho claro no motivo de uma faixa fina na parede interna associada a engobo vermelho escuro na parede externa (Fig. 81, C).

Figura 81 - Sítio AM-IR-48: Lago Feliciano. Cerâmica Histórica: Perfil de borda e forma reconstruída de tigela (A), bases planas (D-G), alça modelada (C), pintura vermelha (C).

208

Lítico: Histórico:

Artefatos Brutos

Abrasador convexo: 1 Matéria-prima: arenito ferruginoso (1) Descrição: núcleo tabular (Fig. 82). Sinais de uso: a peça apresenta duas faces convexas e dois lados planos em conseqüência da abrasão. Forma: Q9 (1). Dimensões: 81.34.7 mm.

Figura

82

-

Sítio

AM-IR-48:

Lago

Feliciano. Lítico bruto Histórico: abrasador convexo.

209

4.2.1.8. AM-IR-49: Lago Santo Antônio

Sítio histórico. Localiza-se 1,25 Km a NW da cidade de Iranduba, às margens do Lago Santo Antônio (ou do Caldeirão), ao oeste da rodovia de Iranduba (AM-452). O sítio situa-se em um terraço baixo e caracteriza-se pela presença de material histórico espalhado em uma área de 30 m de diâmetro. Sob o porão de uma casa moderna, bem como nas trilhas e roçados localizados à sua volta, foram encontrados fragmentos de cerâmica histórica, louça de pó-de-pedra (ou faiança fina), fragmento de garrafa de grés, cacos de vidro de garrafa ou de vidraria de farmácia antigos, cravos de ferro, e até uma moeda de cobre no valor de LXXX Réis, datada de 1820, reinado de D.João VI. Um forno de cerâmica antigo foi doado pelos moradores locais, os quais informaram já terem encontrado no terreno, estruturas de construção antiga, como pisos de barro batido, moedas de prata e “pães de índio”. Este sítio provavelmente seja um mocambo (a proprietária, já idosa, relatou ao projeto as memórias de seu pai: no terreno morou antigamente “uma gente preta antiga”), um aldeamento missionário, uma fazenda colonial, ou até mesmo uma ocupação associada à guerra da Cabanagem. Coordenada: 20M 0811579/9639237. Cerâmico: Histórico:

Natureza das Peças: borda (2), base (2), parede (1), alça (1), artefato específico (1). Nível: superficial Forma: assador (3), vaso (1), tigela (1), forno (1), desconhecido (1) (Fig. 83). Medidas: - Espessura das peças: 8-24 mm; Espessura do lábio: 7-23 mm; Comprimento da peça: 41 a 195 mm; Inclinação da borda: 90° a 135° (1) e 135° a 180° (1); Ângulo da base: 120° (1); Diâmetro da borda: 28 e 44 cm; Diâmetro da base: 19 cm (1, forno) (Fig. 83, F); Altura da vasilha: 31 mm; Altura do artefato: 160 mm (forno). Pasta-Antiplástico: O quartzo é predominante (7); o cariapé, caco moído, bola de argila, e a hematita são freqüentes, mas não predominantes; o cauixi é de freqüência baixa. O carvão e a mica ocorrem na forma de traços. Técnica de manufatura: modelado (1), roletado (5), torneado (1). Superfície: 7 fragmentos com alisamento em ambas faces, sendo 1 com polimento associado em ambas faces. Pasta-Queima: queima oxidante (4); queima “sanduíche” (ox-red-ox): (3). Formas: Posição (Relação Diâmetro da Peça/ Diâmetro da Borda): convexa (2). 210

Borda: direta (2). Lábio: plano (2). Base: plana (3, 1 com marca de esteira na face externa, Fig. 83, C), pedestal (1). Decoração: 

Pintado (1): Fragmento de alça com vestígio de pintura preta espalhada na superfície (Fig. 83, E).

Artefato específico: 

Forno (1): Forno circular, base em pedestal com ângulo de 120° e diâmetro de 190 mm. Na parede apresenta abertura retangular de 80 x 78 mm, no topo há uma abertura circular com 130 cm de diâmetro, a qual apresentava três traves de seção quadrada, destas só uma encontra-se conservada. A superfície externa foi bem alisada, a interna é áspera; no topo há um cordel aplicado em todo o contorno da peça, cuja superfície apresenta decoração incisa composta no motivo de linhas verticais paralelas. Há alguns pontos de fuligem em ambas faces (Fig. 83, F).

Lítico: Nenhuma peça lítica coletada.

Material Histórico Industrializado: ver item 4.3. O Material Histórico e Seus Sítios.

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Sítio AM-IR-49: Lago Santo Antônio. Cerâmica Histórica

Figura 83 – Perfis de bordas e formas reconstruídas: assador (A), vaso (B), base plana com marca de esteira (C), alças (D e E) e forno (F, crédito: Francisco Carlos Nascimento – UFAM, 2002).

4.2.1.9. AM-IR-50: Boa Sorte

Sítio multicomponencial cerâmico de ocupação Guarita e histórico. Localiza-se no flanco SW periférico da malha urbana da cidade de Iranduba. Trata-se de um sítio de terra preta antropogênica situado em terraço, cujo flanco oeste é banhado por um igarapé de orientação NE-SW, contributário do rio Solimões. Sua área é elíptica, com dimensões de 430 x 180 m, sendo o maior eixo com orientação N 96 e o menor N 194 (Prancha 15). A coleta superficial rendeu um material não só farto como variado, além dos numerosos fragmentos de vasilhas de cerâmica Guarita, ocorreu uma rodela de fuso e alguns artefatos líticos: abrasadores, talhadores, lascas. No flanco sul do sítio ocorreu cerâmica histórica torneada, fragmentos de louça histórica de pó-de-pedra (ou faiança fina) inglesa (Sécs. XVIII-XIX) e faiança portuguesa (Séc. XVIII). Uma peça interessante é um cachimbo de cerâmica com decorações em motivos florais, do mesmo estilo descrito por Barata (1951) e Rydén (1962) para os cachimbos de Santarém, no Pará e do rio Mequéns, em Rondônia. Os motivos florais seriam de influência jesuítica, indicando uma origem pós-colombiana para esse tipo de cachimbo (Meneses, 1972: 30-31). Coordenadas UTM das extremidades dos sítios: 20M 0812049/9636967;

20M

0811709/9636835;

20M

0811712/9637014;

20M

0811616/9636919. Cerâmico: Paredão:

Natureza das Peças: base (1, Fig. 84). Nível: superficial. Forma: vaso (1). Medidas: - Espessura da peça: 14 mm; Espessura do lábio: 104 mm; Comprimento da peça: 104 mm; Ângulo da base: 140°; Diâmetro da base: 8 cm. Pasta-Antiplástico: Quartzo predominante (1); o cauixi, caco moído, bola de argila e a hematita são freqüentes, mas não predominantes; carvão e mica ocorrem como traços. Técnica de manufatura: roletado (1). Superfície: 1 fragmento com ambas faces alisadas. Pasta-Queima: Queima oxidante externa e redutora interna Formas: Base: plana (1, Fig. 84).

213

Prancha 15 – Sítio AM-IR-50: Boa Sorte

3 00 2

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Figura 84 - Sítio AM-IR-50: Boa Sorte. Cerâmica Paredão: perfil de base plana.

Guarita:

Natureza das Peças: borda (30, uma com flange mesial); parede (7); base (3); flange mesial (1); artefato específico (3). Nível: superficial. Forma: assador (7); prato (1); vaso (10); tigela (21); desconhecido (5) (Figs. 85, 87 a 92). Medidas: - Espessura da peça: 6- 51 mm, predomina 11-12 mm; Espessura do lábio: 5- 34 mm, predomina 11 mm; Comprimento da peça: 45 - 340 mm; Inclinação da borda: 45° a 90° (3); 90° a 135° (17); 135° a 180° (9); desconhecido (1); Ângulo da base: 140° (1), 150° (1), 160° (1); Diâmetro da base: 10-20 cm; Diâmetro da borda: 15-296 cm, predomina 20, 32 e 36 cm. Três peças pertencentes a assadores atingiram diâmetros elevados, tais como: 92, 160 e 296 cm, duas apresentam perfurações de restauro, uma cilíndrica (8 x 22 mm) e outra bicônica (11 x 30 mm), destinadas a amarração com cordas (Fig. 87, Foto 56).

Foto 56 - Sítio AM-IR-50: Boa Sorte. Cerâmica

Guarita.

Fragmento

cerâmico de um grande assador de beiju.

Observar

a

perfuração

de

restauro para amarração com cordas.

Pasta-Antiplástico: Quartzo predominante (44); o cauixi, caco moído, bola de argila e a hematita são freqüentes, mas não predominantes. O cariapé é de baixa freqüência, o cariapé B é de freqüência rara. A mica e o carvão ocorrem na forma de traços. Técnica de manufatura: roletado (41), modelado (3). Superfície: 31 fragmentos com ambas faces alisadas, sendo 3 com polimento associado (1 em ambas faces, 1 na face externa, 1 na face interna); 1 com alisamento na face interna e marca de esteira na face externa (Fig. 86); 10 com as duas faces erodidas; 2 com a face interna erodida e a face externa alisada. 215

Pasta-Queima: Oxidante (20); redutora (3); oxidante externa e redutora interna (4); queima “sanduíche” (ox-red-ox): (17). Formas: Posição (Relação Diâmetro da Peça/ Diâmetro da Borda): vertical (1); com flange (2); côncava (13); convexa (22). Borda: direta (5), extrovertida (2), expandida (6), reforçada externamente (15), vertical (1). Lábio: arredondado (5), plano (12), apontado (11), erodido (1). Base: convexa (1, Fig. 91), plana (2, Fig. 86). Um curioso fragmento convexo apresenta contorno biconvexo e apontado, semelhante a uma proa de barco, há engobo vermelho escuro em ambas faces e enegrecimento na face externa (Fig. 91). Decoração: 

Acanalado (14): 8 fragmentos com decoração de motivos geométricos (7, 1 com engobo branco em ambas faces) ou espiralados (1) em bordas externas. 6 fragmentos com motivos geométricos em paredes externas (3 são flanges mesiais), destes, 3 com engobo branco na face externa, e 1 com engobo branco na borda interna e engobo vermelho escuro na borda externa (Figs. 92 e 93).



Digitado (4): 4 fragmentos com decoração digitada no motivo de uma fileira de sucessivas marcas provocadas por pressão de dedos. 3 aplicados em bordas externas e 1 em parede externa (Fig. 90).



Engobo (6): 5 fragmentos com engobo branco (3 em ambas faces de bordas, 2 em bordas externas). 1 fragmento com engobo vermelho claro na borda interna (Fig. 91).



Entalhado (1): fragmento de borda com múltiplos entalhes biselados aplicados ao lábio (Fig. 89).



Exciso (1): 1 fragmento com decoração excisa tipo “champ-elevê”, com motivos espiralados, formando a face estilizada de um felino. Há engobo branco associado (Fig. 94, B).



Inciso (1): 1 fragmento com algumas linhas verticais na borda de um assador.



Pintado (4): 3 fragmentos com pintura preta sobre engobo branco, 1 com motivo de faixa grossa na parede externa, 2 na forma de vestígios em bordas (1 externa, 1 em ambas faces). 1 fragmento com pintura vermelho claro sobre engobo branco em ambas faces de borda, no motivo de faixas finas compostas na borda externa.

Artefatos específicos: 

Trempe (2): fragmentos de trempes (suportes de panelas) modelados, com formato de cone truncado, com dimensões de 110 x 50 e 115 x 51 mm. Um destes apresenta base plana e vestígios de uma perfuração central longitudinal e na superfície vestígio de decoração ponteada (Fig. 95).



Conexão de vasilha geminada (1): peça cilíndrica modelada em cujas extremidades observamse as faces internas que teriam pertencido às vasilhas. Apesar de apresentar superfícies erodidas, há vestígios de uma decoração acanalada com motivo geométrico. Dimensões: 60 x 50 mm (Fig. 94, A).



Rodela de fuso (1): Rodela de fuso confeccionada a partir de fragmento cerâmico plano, modificado através de polimento; contorno circular e há uma perfuração central de 13 x 11 mm. Dimensões: 63. 60.11 mm (Fig. 94, C). 216

Histórica: Natureza das Peças: bordas (8, 2 com alças), base (3), parede decorada (5, 3 com vestígios de alças), alça (2), cachimbo (1). Nível: superficial. Forma: vaso (17), tigela (1) (Figs. 96 e 97). Medidas: - Espessura da peça: 7-41 mm, predomina 12 mm; Espessura do lábio: 5-10 mm, predomina 6 mm; Comprimento da peça: 27 a 180 mm; Inclinação da borda: 45° a 90° (2) e 90° a 135° (6); Ângulo da base: 120° (1); 140° (2); Diâmetro da borda: 16 a 46 mm; Diâmetro da base:10 a 12 cm, predomina 10 cm. Pasta-Antiplástico: Quartzo predominante (19); o cauixi, cariapé, caco moído, bola de argila, e a hematita são freqüentes, mas não predominantes. A freqüência do cariapé B é baixa. O carvão e a mica ocorrem na forma de traços. Técnica de manufatura: modelado (3); roletado (12); torneado (3). Superfície: 14 fragmentos com alisamento em ambas faces, sendo 10 com polimento associado: 6 em ambas faces e 6 na face interna (desses, 2 apresentam brunidura e 2, enegrecimento). Pasta-Queima: Queima oxidante (10); queima redutora (5), queima oxidante externa/ redutora interna (1); queima redutora externa/ oxidante interna (1); queima “sanduíche” (ox-red-ox): (2). Formas: Posição (Relação Diâmetro da Peça/ Diâmetro da Borda): côncava (5); convexa (3). Borda: direta (6); extrovertida (2). Lábio: arredondado (4); plano (3); apontado (1). Base: plana , 3 são torneadas (Fig. 98). Decoração: 

Engobo (4): 2 fragmentos com engobo vermelho escuro, 1 na borda externa (Fig. 97, C), 1 na parede externa (Fig. 97, C); 1 fragmento com engobo vermelho claro na borda interna (Fig. 97, A); 1 fragmento com engobo branco em ambas faces de borda (Fig. 97, C).



Escovado (1): 1 fragmento com decoração escovada associada a brunidura na borda externa, com engobo vermelho na borda interna (Fig. 97, A).



Inciso (2): 1 fragmento com decoração incisa simples com motivo espiralado. 1 fragmento com resto de alça com decoração incisa simples no motivo de linhas paralelas (Fig. 99, D).

Artefato específico: 

Cachimbo (1): 1 exemplar trata-se de um cachimbo modelado do tipo angular, apresenta decoração excisa com motivos florais associado com faixas entrelaçadas incisas no motivo de linhas cruzadas. É do mesmo estilo de cachimbo tapajônico descrito por Barata (1951), Rydén (1962) e Meneses (1972), cuja decoração floral seria de influência jesuítica. Dimensões: 49.29.39 mm (Fig. 99, A; Fotos 57 a e b).

217

Sítio AM-IR-50: Boa Sorte. Cerâmica Guarita 85

86

87 Figura 85 – Perfis de bordas e formas reconstruídas de cerâmica simples: tigelas. Figura 86 – Perfis de bases planas, uma com marca de esteira (A). Figura 87 – Perfis de bordas e formas reconstruídas de assadores de beiju de grandes dimensões. Observa-se perfurações para amarração com cordas (A e B).

Sítio AM-IR-50: Boa Sorte. Cerâmica Guarita

89

88

90

91 Figura 88 – Perfis de borda e formas reconstruídas de cerâmica simples: vasos. Figura 89 – Perfil de borda e forma reconstruída de vaso com decoração entalhada no lábio. Figura 90 – Perfil de base convexa reconstruída e de contorno apontado, semelhante à uma proa de barco. Figura 91 – Perfis de bordas e formas reconstruídas de tigelas com decoração digitada.

Sítio AM-IR-50: Boa Sorte. Cerâmica Guarita

Figura 92 – Perfis de bordas e formas reconstruídas de tigelas (A) e vasos (B e C), estes últimos com decoração acanalada.

Sítio AM-IR-50: Boa Sorte. Cerâmica Guarita 93

94

Figura 93 – Perfis de flanges mesiais com decoração acanalada, um exemplar com engobo branco associado. Figura 94 – Elementos cerâmicos: conexão de vasilha geminada com decoração acanalada (A), aplique biomorfo com decoração excisa (B) e rodela de fuso (C).

Sítio AM-IR-50: Boa Sorte. Cerâmica Guarita

Figura 95 – Trempe modelado com restos de decoração ponteada.

Sítio AM-IR-50: Boa Sorte. Cerâmica Histórica

Figura 96 – Perfis de bordas e formas reconstruídas de vasos com alças modeladas.

Sítio AM-IR-50: Boa Sorte. Cerâmica Histórica 97

98

Figura 97 – Perfis de bordas e formas reconstruídas, algumas com engobo vermelho ou branco, ou decoração escovada com brunidura associados: tigela (A) e vasos (B e C). Figura 98 – Perfis de vasilhames torneados, uma delas apresenta marca de torno (A).

Sítio AM-IR-50: Boa Sorte. Cerâmica Histórica 99

57a

57b

Figura 99 – Elementos cerâmicos: cachimbo (A), alças (B e C) e fragmento com vestígio de alça e decoração incisa (D). Fotos 57 a e b – Cachimbo histórico modelado com decoração de motivos florais no mesmo estilo dos cachimbos da região de Santarém, Pará (vide Figura 99 A).

Lítico:

Mesclado: Artefatos Térmicos

Lasca: 1 Matéria-prima: quartzito (?) Descrição: fragmento de rocha fraturada por ação do fogo, não há ponto de percussão ou bulbo. Há restos de córtex.

Artefatos Brutos

Abrasador côncavo: 2 Matéria-prima: arenito conglomerático (1), laterita (1). Descrição: núcleos poliédricos irregulares (Fig. 100). Sinais de uso: as peças apresentam uma face côncava em conseqüência da abrasão, de modo que uma peça apresenta superfície bem lisa e lustrosa. Forma: Q7 (1) e Q9 (1). Dimensões: variam de 62.62.50 a 116.86.61 mm.

Figura 100 - Sítio AM-IR-50: Boa Sorte. Lítico Mesclado bruto: abrasador côncavo.

Abrasador plano: 3 Matéria-prima: arenito ferruginoso (3). Descrição: fragmentos de núcleos tabulares. Sinais de uso: aplanamentos em conseqüência da abrasão são vistos em uma face de três peças, e também em um lado de uma destas. Formas: Q2 (1), Q6 (1) e Q7 (1). Dimensões: variam de 48.37.11 a 109.67.40 mm.

226

Bigorna: 2 Matéria-prima: arenito ferruginoso (2) Descrição: núcleo tabular (1) e núcleo poliédrico retangular (1). Sinais de uso: os artefatos apresentam em uma face, levemente côncava, uma série de depressões de superfícies ásperas, provocadas por ação de impacto. Forma: Q6 (1) e Q7(1). Dimensões: variam de 986.61.47 a 110.85.34 mm. Corante: 2 Matéria-prima: arenito ferruginoso (1), laterita (1). Descrição: bloco irregular de arenito ferruginoso com uma face plana, e, nódulo de laterita com uma face e arestas planas. Sinais de uso: as faces e arestas encontram-se desgastadas em conseqüência da constante fricção para obtenção de pigmentos. Formas: P3 (2). Dimensões: variam de 54.42.24 a 11.87.62 mm.

Fragmentos atípicos: 2 Matéria-prima: laterita (1), siltito ferruginoso silicificado (1). Descrição: fragmentos irregulares de rocha, sem sinais de trabalho humano. Uma peça apresenta contrabulbos (negativos) provocados por choque. Seu contexto no sítio pode indicar que foram coletados como fonte de matéria prima.

Triturador: 1 Matéria-prima: diorito (?) Descrição: fragmento de seixo rolado. Sinais de uso: na porção do córtex há um esmagamento em conseqüência do uso, semelhante à picoteamento, produzindo uma superfície quase plana. Uso associado: a peça foi fragmentada, sendo posteriormente utilizada como quebra-côco, ao julgar por uma depressão circular de superfície áspera, com 11.11.5 mm, localizada em uma das faces irregulares fragmentadas da peça. Forma: SC Dimensões: 90.99.48 mm.

227

4.2.1.10. AM-IR-51: Ilha

Sítio multicomponencial cerâmico de ocupação Guarita e histórico. Localiza-se no flanco periférico SW da malha urbana da cidade de Iranduba, e 250 m a SE do sítio AM-IR-50: Boa Sorte. Situa-se em um topo convexo de morro, cujo flanco NW é banhado por um igarapé de orientação NE-SW, contributário do rio Solimões. Todo o terreno circunscrito ao morro é de terreno de várzea periodicamente inundável, cercando-o de água no período das cheias. O sítio apresenta forma elíptica com dimensões de 230 x 110 m, com o eixo maior orientado N118 e o menor N193 (Prancha 16). O material arqueológico pré-colonial (cerâmica Guarita) e histórico (louça e cerâmica histórica) encontra-se misturado, e não ocorre só no topo do morro, como em toda meia-encosta e nas extensões de várzea aos flancos S e L do sítio. Uma concentração de material cerâmico Guarita foi localizada no flanco SE do sítio, próximo a uma casa, trata-se de uma área elíptica de 9 x 5 m, respectivamente com orientações NW-SE e NE-SW, com concentração de grandes fragmentos de cerâmica Guarita, expostos por ação das chuvas no limite do topo com a meia encosta do morro. Além de algumas raspagens, uma amostra de sedimento e cerâmica foi coletada para datações de termoluminescência (TL). No flanco leste do sítio, na extensão da várzea, onde há um campo de futebol, um cachimbo de cerâmica histórico com restos de pintura vermelha foi achado pelos moradores locais e doado à pesquisa. Coordenadas das extremidades

do

sítio:

20M

0812272/9636578;

20M

0812048/9636639;

20M

0812140/9636680; 20M 0812139/9636570. Cerâmico: Guarita:

Natureza das Peças: borda (26), base (7), parede decorada (18), flange mesial (1). Nível: superfície. Forma: assador (6); prato (1); vaso (36); tigela (9) (Fig. 101). Medidas: - Espessura da peça: 5-27 mm, predomina 8 mm; Espessura do lábio: 4-25 mm, predomina 7 mm; Comprimento da peça: 24-208 mm; Inclinação da borda: 45° a 90° (3); 90° a 135° (16); 135° a 180° (9); Ângulo da base: 100° (1); 120° (3); 160° (1); 180° (1); Diâmetro da borda: 10-46 cm, predomina 20 e 22 cm; Diâmetro da base: 10-45 cm.

228

Dissertação de Mestrado

Prancha 16 – AM-IR-51: Ilha

LEVANTAMENTO ARQUEOLÓGICO DAS ÁREAS DE INTERFLÚVIO NA ÁREA DE CONFLUÊNCIA DOS RIOS NEGRO E SOLIMÕES, AM.

Aluno: Luiz Fernando Erig Lima Orientador: Prof. Dr. Eduardo Góes Neves Museu de Arqueologia e Etnologia / USP

2003

Sítio AM-IR-51: Ilha. Cerâmica Guarita

Figura 101 – Perfis de bordas e formas reconstruídas: assadores (A ao C), tigelas (D ao F) e vasos (G ao K).

Pasta-Antiplástico: Quartzo predominante (52); o cauixi, cariapé, caco moído, bola de argila e a hematita são freqüentes mas não predominantes; a freqüência do cariapé B é baixa. A mica ocorre na forma de traços. Técnica de manufatura: roletado (52). Superfície: 50 fragmentos com alisamento em ambas faces, 20 com polimento associado (8 em ambas faces, 9 na face interna, 3 na face externa), 12 com brunidura, 5 com enegrecimento, 1 com fuligem. 1 com alisamento na face interna e a face externa erodida, 1 com ambas faces erodidas. Pasta-Queima: Queima oxidante (6); redutora (11); oxidante externa e redutora interna (5); redutora externa e oxidante interna (3); “sanduíche” (ox-red-ox): (27). Formas: Posição (Relação Diâmetro da Peça/ Diâmetro da Borda): côncava (3); convexa (23). Borda: inclinada internamente (3); expandida (6); direta (8); extrovertida (3); reforçada externamente (5); introvertida (1). Lábio: arredondado (9); plano (8); erodido (1); apontado (8). Base: plana (10, uma aparenta ter contorno reto, indicando que o recipiente teria um formato quadrado ou retangular) (Fig. 102).

Figura 102 - Sítio AMIR-51: Ilha. Cerâmica Guarita.

Perfis

de

bases planas.

Decoração: 

Digitado (4): Fragmentos com decoração digitada aplicada na borda externa com marcas alinhadas horizontalmente, um apresenta um rolete digitado aplicado à borda, formando um motivo de gomos modelados (Fig. 103, A). Um apresenta engobo branco em ambas faces de borda.



Engobo (10): 7 fragmentos com engobo branco nas paredes (5, 2 em ambas faces e 3 internas) ou bordas (2, 1 em ambas faces e 3 internas). 2 fragmentos com engobo vermelho claro nas bordas (2, 1 em ambas faces e 1 interna, Fig. 105). 2 fragmentos com engobo vermelho escuro nas paredes (2, 1 interna e 1 externa).



Escovado (1): fragmento com decoração escovada na borda externa, talvez efetuada com um pente (Fig. 108).



Inciso Fino (4): 3 fragmentos com decoração na borda externa: 1 com motivo de linhas compostas paralelas (Fig. 106, A), 1 com motivo de linhas verticais paralelas (com brunidura na face externa e com engobo branco na borda interna, Fig. 107, C), 1 com motivo geométrico (com brunidura em ambas faces, Fig. 107, B); 1 fragmento com decoração na parede interna com 231

motivo geométrico (com engobo vermelho claro em ambas faces, Fig. 106, B). 

Inciso Largo (1): 1 fragmento com decoração na borda externa. As incisões foram efetuadas provavelmente com um instrumento espatulado de bambu, cujas cerdas provocaram um efeito de múltiplas linhas, tal como uma escova. Apresenta brunidura em ambas faces (Fig. 107, A).



Ponteado (1): 1 fragmento com decoração na borda externa, com motivos ponteados alinhados em uma fileira horizontal (Fig. 104).

Histórica: Natureza das Peças: borda (2); parede decorada (4, 2 com alças, Fig. 110, C); base (3); alça (3, Fig. 110, A e B); artefato específico (1). Nível: superficial Forma: assador (1); tigela (1); vaso (9); desconhecido (2) (Fig. 109). Medidas: Espessura da peça: 5-27 mm, predomina 8-9 mm; Espessura do lábio: 3-6 mm; Comprimento da peça: 24-87 mm; Inclinação da borda: 90° a 135° (2); Ângulo da base: 70° (1) e 140° (2); Diâmetro da borda: 10 e 28 cm; Diâmetro da base: 6 e 18 cm. Pasta-Antiplástico: Predomina o quartzo (12); o cauixi, cariapé, bola de argila e a hematita são freqüentes, mas não predominantes; o caco moído e o cariapé B são de freqüência baixa. A mica ocorre como traço. Técnica de manufatura: modelada (4), roletada (9). Superfície: 8 fragmentos com ambas faces alisadas, sendo 4 com polimento associado: 1 na face interna, 3 em ambas faces (1 com enegrecimento); 5 fragmentos com ambas faces erodidas. Pasta-Queima: Queima oxidante (3); oxidante externa e redutora interna (2); redutora externa e oxidante interna (2); “sanduíche” (ox-red-ox): (5). Formas: Posição (Relação Diâmetro da Peça/ Diâmetro da Borda): vertical (1), convexa (1). Borda: vertical (1), direta (1). Lábio: arredondado (1), biselado (1). Base: plana (3) (Fig. 109, C ao E). Decoração: 

Acanalada (2): 2 fragmentos de alças apresentam decoração acanalada no motivo de sulcos largos e profundos, certamente efetuados por pressão dos dedos (Fig. 110, A).



Engobo (3): Engobo vermelho claro aplicado em ambas faces de borda (1, Fig. 109, A) e em duas paredes externas (2).



Inciso Largo (1): 1 fragmento com decoração na parede externa com motivos de linhas compostas (Fig. 110, F).



Pintado (1): 1 fragmento apresenta na base interna pintura vermelho claro no motivo de faixas grossas sobre engobo vermelho claro de tonalidade mais suave (Fig. 110, G).

Artefatos Específicos: 

Cachimbo (1): Cachimbo modelado angular, superfície alisada, apresenta vestígio de engobo vermelho claro na superfície externa. Dimensões: 31.19.20 mm (Fig. 110, E). 232

Sítio AM-IR-51: Ilha. Cerâmica Guarita

103

104 105

Figura 103 – Perfis de bordas e formas reconstruídas com decoração digitada: vasos (A) e tigela (B), sendo uma com brunidura associada. Figura 104 – Perfil de borda e forma reconstruída de vaso com decoração ponteada. Figura 105 – Perfil de borda e forma reconstruída de vaso com engobo vermelho.

Sítio AM-IR-51: Ilha. Cerâmica Guarita 106

107

108

Figura 106 – Perfil de borda e forma reconstruída de vaso com decoração incisa fina (A), fragmento de parede de vasilhame com decoração incisa fina associada a engobo vermelho (B). Figura 107 – Perfis de bordas e formas reconstruídas de vasos com decoração incisa larga (A) e incisa fina (B e C). Figura 108 – Perfil de borda e forma reconstruída de vaso com decoração escovada.

Sítio AM-IR-51: Ilha. Cerâmica Histórica

109

110 Figura 109 – Perfis de bordas e formas reconstruídas de vasos (A e B) e bases (C ao E). Figura 110 – Elementos cerâmicos: alças (A e B), fragmento de parede com resto de alça (C), fragmento de parede com apêndice aplicado (D), cachimbo (E), fragmento de parede com decoração inciso largo (F) e fragmento de parede com pintura vermelha (G).

Lítico:

Mesclado: Artefatos Brutos

Abrasador Acanalado: 1 Matéria-prima: arenito ferruginoso (1). Descrição: núcleo poliédrico (Fig. 111, B). Sinais de uso: a peça apresenta em uma face uma canaleta com 44.6.4 mm desgastada em conseqüência da abrasão. Forma: P5 (1). Dimensões: 68.55.31 mm. Abrasador Côncavo: 1 Matéria-prima: arenito fino (1). Descrição: núcleo tabular (Fig. 111, A). Sinais de uso: a peça apresenta em duas faces, superfícies côncavas em conseqüência da abrasão. A peça também apresenta três arestas aplanadas. Forma: T4 (1) Dimensões: 93.51.22 mm.

Abrasador de Escotadura/Grosa: 2 Matéria-prima: laterita (2) Descrição: núcleos tabulares. Sinais de uso: as peças apresentam reentrâncias laterais côncavas desgastadas em conseqüência da abrasão de objetos cilíndricos (Fig. 111, C e D). Formas: Q7 (2). Dimensões: variam de 41.31.18 e 69.42.16 mm Uso associado: uma das peças apresenta em uma face aplanamentos em conseqüência da abrasão, indicando uso associado como abrasador plano. Abrasador Plano: 2 Matéria-prima: laterita (2) Descrição: núcleos tabulares. Sinais de uso: aplanamentos em conseqüência da abrasão são vistos em uma face de 2 peças, e também em um lado de uma destas. Formas: P5 (2). Dimensões: variam de 40.26.11 a 66.42.13 mm.

236

Alisador: 1 Matéria-prima: silexito (1). Descrição: seixo rolado. Sinais de uso: algumas porções do córtex patinado são mais desgastadas, indicando que a peça pode ter sido utilizada como alisador de cerâmica. Formato: EL Dimensões: 42.24.19 mm. Fragmentos atípicos: 12 Matéria prima: laterita (12) Descrição: núcleos tabulares de rocha, sem sinal de trabalho humano, ou fragmentados por choque. Sua presença no contexto do sítio pode indicar coleta de matéria prima para confecção de artefatos.

Figura 111 - Sítio AM-IR-51: Ilha. Lítico bruto Mesclado: abrasador côncavo (A); abrasador acanalado (B), abrasador de escotadura (C e D).

237

4.2.1.11. AM-IR-52: Apolônio

Sítio multicomponencial cerâmico de ocupação Guarita e Paredão. Localiza-se no flanco sul periférico da malha urbana da cidade de Iranduba, e distancia-se a 200 m a E do sítio AM-IR-51: Ilha. Trata-se de um sítio de terra preta antropogênica situado em um terraço, cujo flanco NW é banhado por um igarapé de orientação NE-SW, contributário do rio Solimões. Hoje, este sítio é ocupado por dezenas de casas e construções de repartições públicas (posto de saúde, delegacia, etc...), mas foi possível encontrar vestígios nos quintais e trechos de ruas não asfaltados. Sua área é elíptica com 200 x 75 m, sendo o eixo maior orientado SW-NE e o menor NW-SE. Do material cerâmico e lítico (lascas, fragmento de lâmina de machado, percutores) coletado, uma peça foi bastante chamativa: um carimbo com motivos sinuosos certamente utilizado em pinturas corporais. Coordenadas UTM das extremidades do sítio: 20M 0812420/9636549; 20M 0812468/9636572; 20M 0812452/9636599; 20M 0812602/9636649. Cerâmica: Paredão:

Natureza das Peças: bordas (4), base (1), parede decorada (1), aplique (1). Nível: superficial. Forma: vaso (3), tigela (1), desconhecido (3) (Fig. 112). Medidas: - Espessura da peça: 3-22 mm, predomina 8 mm; Espessura do lábio: 4-7 mm; Comprimento da peça: 36 a 144 mm; Inclinação da borda: 45° a 90° (1); 90° a 135° (2); 135° a 180° (1); Diâmetro da borda: 10-28 cm; Diâmetro da base: 44 cm. Pasta-Antiplástico: Quartzo predominante (7); o cauixi, hematita e a bola de argila ocorrem com freqüência mas sem predominância. O cariapé, cariapé B e o caco moído são de baixa freqüência. A mica ocorre na forma de traços. Técnica de manufatura: modelado (1) e roletado (6). Superfície: 6 fragmentos com alisamento em ambas faces, sendo 1 com polimento em ambas faces, 1 com polimento externo associado à brunidura e, 1 com fuligem). 1 fragmento com alisamento na face externa e a face interna erodida. Pasta-Queima: oxidante (1); redutora (3); oxidante externa/ redutora interna (1); redutora externa e oxidante interna (1); queima “sanduíche” (ox-red-ox): (1). Formas: Posição (Relação Diâmetro da Peça/ Diâmetro da Borda): côncava (1), convexa (3). Borda: extrovertida (1), direta (1), reforçada externamente (1), inclinada internamente (1). 238

Lábio: apontado (1), arredondado (1), plano (2). Base: plana (1, Fig. 112, D). Decoração: 

Aplique Modelado (1): aplique biomorfo na forma de três mamilos (Fig. 112, F).



Entalhado (1): 1 fragmento de borda apresenta no lábio múltiplos entalhes biselados alinhados (Fig. 112, B).



Inciso fino (3): 3 fragmentos com

decoração na borda interna (2 com motivos de linhas

onduladas compostas [Fig. 112, A e B], mas um destes apresenta também duas linhas horizontais paralelas rentes ao lábio, Fig. 112, A) ou na parede externa (com motivo de linha ondulada, Fig. 112, E).

Figura 112 - Sítio AM-IR-52: Apolônio. Cerâmica Paredão. Perfis de bordas e formas reconstruídas de vasos incisos (A e C) e tigelas com lábio entalhado (B); base plana (D) ; fragmento inciso (E); aplique biomorfo (F). 239

Guarita: Natureza das Peças: borda (21); base (4); parede (5); aplique (1); flange mesial (7); artefato específico (2). Nível: superficial Forma: vaso (15), tigela (22), desconhecido (3) (Figs. 113 ao 117). Medidas: - Espessura da peça: 3-31 mm, predomina 9-10 mm; Espessura do lábio: 3-23 mm, predomina 10-11 mm; Comprimento da peça: 33-144 mm; Inclinação da borda: 45° a 90° (2); 90° a 135° (14); 135° a 180° (5); Ângulo da base: 140° (3); Diâmetro da base: 8-46 cm; Diâmetro da borda: 12-46 cm, predomina 18 cm. Pasta-Antiplástico: Predomina o quartzo (37) e o cauixi (3). O caco moído, bola de argila e a hematita são freqüentes mas não predominantes; o cariapé e o cariapé B são de baixa freqüência. A mica ocorre como traço. Técnica de manufatura: modelado (2); roletado (38). Superfície: 40 fragmentos com alisamento em ambas faces, sendo 10 com polimento associado (3 em ambas faces, 5 na face interna, 2 na face externa) e 2 com fuligem (1 com enegrecimento associado). Pasta-Queima: Queima oxidante (14); redutora (4); redutora externa/ oxidante interna (1); “sanduíche” (ox-red-ox): (21). Formas: Posição (Relação Diâmetro da Peça/ Diâmetro da Borda): vertical (2); côncava (6). Borda: direta (3); expandida (9); extrovertida (4); reforçada externamente (2); vertical (3). Lábio: apontado (4); arredondado (9); plano (8). Base: plana (2), convexa (1), anelar ? (1) (Fig. 116). Decoração: 

Acanalado (11): 11 fragmentos com decoração na borda (2) ou parede (9, 7 são flanges mesiais) externas. Os motivos são geométricos (10) ou de faixas simples (1). 2 apresentam engobo branco na face externa e 1, pintura vermelha escura sobre engobo branco no motivo de uma faixa grossa (Fig. 115, C; Fig. 118, A ao H).



Digitado (6): 6 fragmentos com decoração no motivo de uma fileira de sucessivas marcas provocadas por pressão de dedos (Fig. 117).



Engobo (6): 5 fragmentos com engobo branco: 2 na borda interna (destes, 1 com engobo vermelho claro na borda externa), 2 na parede externa e 1 na parede interna. 1 fragmento com engobo vermelho claro na base interna (Fig. 114).



Exciso (1): 1 aplique zoomorfo representando a face de um felino estilizado, apresenta decoração excisa espiralada tipo “champ-elevê” com engobo branco associado (Fig. 118, I; Foto 58).

Artefatos Específicos: 

Carimbo (1): carimbo modelado de contorno elíptico, parcialmente fragmentado, apresenta motivos geométricos excisos em sua face externa convexa, conserva parte do cabo. Dimensões: 24.33.33 mm (Fig. 118, J). 240



Fragmento de maracá? (1): Peça circular, superfície convexa, provavelmente pertencente a um maracá cilíndrico. Apresenta na face externa decoração acanalada geométrica no motivo de um rosto humano estilizado, embora esteja parcialmente erodido. Dimensões: 73.67.15 mm (Fig. 118, K; Foto 59).

Lítico:

Mesclado: Artefatos Térmicos

Lasca: 1 Matéria-prima: arenito ferruginoso (1). Descrição: fragmento de rocha fraturada por ação do fogo, não há ponto de percussão ou bulbo. Superfícies alteradas.

Artefatos Brutos

Abrasador acanalado: 1 Matéria-prima: arenito ferruginoso (1). Descrição: núcleo tabular. Sinais de uso: a peça apresenta em uma face uma canaleta com 28.7.3 mm desgastada em conseqüência da abrasão. Uso associado: na mesma face a peça apresenta uma superfície côncava em conseqüência da abrasão indicando um uso associado como abrasador côncavo. Forma: Q3. Dimensões: 42.39.14 mm

Abrasador convexo: 1 Matéria-prima: arenito ferruginoso (1). Descrição: núcleo tabular. Sinais de uso: a peça apresenta uma face convexa e uma aresta plana em conseqüência da abrasão. Forma: Q7. Dimensões: 62.52.14 mm.

Abrasador plano: 2 Matéria-prima: arenito ferruginoso (2) Descrição: núcleo tabular (1) e fragmento de artefato (1). Sinais de uso: aplanamentos em conseqüência da abrasão são vistos em uma face das peças. Forma: Q7 e P5. Dimensões: variam de 56.32.42 a 75.66.23 mm 241

Uso associado: uma das peças apresenta em uma face oposta uma canaleta com 62.22.10 mm desgastada em conseqüência da abrasão, indicando uso associado com abrasador acanalado. Alisador: 5 Matéria-prima: silexito (1), quartzito (4). Descrição: seixos rolados. Sinais de uso: as peças apresentam superfícies bem lisas, uma destas patinadas, com algumas porções mais desgastadas, indicando que as peças podem ter sido utilizadas como alisadores de cerâmica. Formas: P2, EL,SC, T10, P3 Dimensões: variam de 24.15.12 a 78. 43.30 mm

Corante: 1 Matéria-prima: laterita (1) Descrição: nódulo de laterita sub-arredondado. Sinais de uso: a peça apresenta em uma face desgastes provocados pela constante fricção para obtenção de pigmentos, chegando a formar uma depressão alongada com 46.19.6 mm. Forma: EL (1) Dimensões: 62.43.38 mm

Fragmentos atípicos: 3 Matéria-prima: arenito ferruginoso (1), siltito ferruginoso silicificado (1), quartzito (1). Descrição: fragmentos irregulares de rocha (2) sem atividade de trabalho humano, provocados por choque, há um núcleo semi-tabular (1) sem sinal de atividade. Sua presença no contexto do sítio pode indicar coleta de matéria prima para confecção de artefatos.

Artefatos Lascados Artefato em elaboração (talhador?): 1 Matéria-prima: arenito silicificado (1). Descrição: bloco sub-arredondado com algumas retiradas de lascamento, caracterizados por um ponto de percussão espatifado com bulbo, formando uma face principal, a qual se junta com uma outra face, formando um gume, este por sua vez apresenta esmagamentos semelhantes a picoteamento, os quais prolongam-se por toda a periferia da peça. Há restos de córtex e retiradas negativas (contrabulbos) nas demais faces. Forma: EL Dimensões: 116.66.51 mm Goiva: 1 Matéria-prima: siltito silicificado (1). Técnica: lasca preparada por percussão direta. O ponto de percussão é puntiforme, com bulbo e talão linear (Fig. 119, A). 242

Sinais de uso: evidências de uso ocorrem na extremidade distal, caracterizadas por pequenos lascamentos marginais, predominantes na face externa. Ângulo: 60° Forma: P6 Dimensões: 27.30.17 mm Uso associado: Raspador de extremidade, ao julgar por pequenos lascamentos marginais na extremidade proximal, limitados à face interna com ângulo de 50°. Lasca preparada: 1 Matéria-prima: arenito silicificado (1) Técnica: lasca resultante da percussão direta, com ponto de percussão puntiforme, bulbo e talão plano. Forma: P5 Dimensões: 51.38.6 mm Raspador de escotadura: 2 Matéria-prima: arenito silicificado (1) e arenito grosso (1). Técnica: Núcleo sub-arredondado lascado (1) e lasca preparada (1) por percussão direta. O núcleo apresenta múltiplas retiradas negativas (contrabulbos) com pontos de percussão espatifados, bem como restos de córtex; por outro lado, a lasca apresenta bulbo pouco acentuado com ponto de percussão espatifado (Fig. 119, B). Sinais de uso: 1 peça apresenta reentrância na extremidade distal, a outra, na extremidade proximal, medindo respectivamente 38x5 mm e 72x11 mm. Os lascamentos de uso são marginais e ocorrem na face interna de uma peça, e na face externa de outra, nesta última bem intensos, quase arredondando a aresta do artefato. Ângulo: 90° (1) e 120° (1). Forma: P5 (1) e EL (1). Dimensões: 59.72.22 e 124.79.61 mm. Uso associado: O núcleo apresenta duas faces com esmagamentos semelhantes à picoteamento, produzindo superfícies quase planas, e em uma destas uma depressão elíptica com 29.20.6 mm, com superfície áspera, indicando a peça ter sido anteriormente utilizada como um triturador ou quebra-côco. Artefatos Polidos

Lâmina-de-machado: 2 Matéria-prima: dacito? (1) e diabásio? (1). Descrição: fragmentos de artefatos confeccionados a partir de núcleos modificados por retoque, picoteamento e polimento. Uma peça comporta-se como uma lasca em forma de cunha, correspondendo ao talão e parte do corpo da lâmina de machado, respectivamente com superfícies picoteada e polida, divididas por uma linha curva, e ambas convexas, a porção picoteada, de superfície mais áspera , serviria para aprimorar o encabamento (Fig. 119, C). A outra peça corresponde a uma lâmina de machado com reentrâncias laterais, da qual resta apenas o talão e uma porção mediana do corpo, 243

fraturados longitudinalmente; o talão tende a ser plano, mas apresenta suave concavidade, suas reentrâncias laterais são côncavas e interligam-se formando um sulco com 39.7.3 mm, destinado a aprimorar o encabamento, os lados da porção mediana são convexos; a superfície é picoteada e convexa, com polimento incipiente (Fig. 119, D). Forma: T4 (1) e Q2 (1) Dimensões: 58.31.16 e 45.48.16 mm.

244

Sítio AM-IR-52: Apolônio. Cerâmica Guarita 113

114

Figura 113 – Perfis de bordas e formas reconstruídas de tigelas (A, C e D) e vasos (B) simples. Figura 114 – Perfis de bordas e formas reconstruídas de tigelas (A e B) e vasos (C) com pintura e engobo associados.

Sítio AM-IR-52: Apolônio. Cerâmica Guarita 115

116

Figura 115 – Perfis de bordas e formas reconstruídas de tigelas (A e B) e vasos (C) com decoração acanalada. Figura 116 – Perfis de bases planas (A e B), convexa (C) e anelar ? (D).

Sítio AM-IR-52: Apolônio. Cerâmica Guarita

Figura 117 – Perfis de bordas e formas reconstruídas de vasos com decoração digitada.

Sítio AM-IR-52: Apolônio. Cerâmica Guarita

Figura 118 – Elementos cerâmicos: flanges mesiais com decoração acanalada, alguns associados a engobo e/ou pintura (A ao G), fragmento com decoração acanalada (H), aplique biomorfo exciso (I), carimbo (J) e fragmento de maracá cilíndrico ? (K).

Sítio AM-IR-52: Apolônio. Cerâmica Guarita 58

59

Foto 58 – Aplique biomorfo exciso com engobo branco no motivo de um felino. Vide Figura 118 ( I). Foto 59 - Provável fragmento de maracá cilíndrico com decoração acanalada no motivo de um rosto estilizado. Vide Figura 118 (K).

Sítio AM-IR-52: Apolônio. Lítico Mesclado

Figura 119 – Artefatos lascados: goiva (A) e raspador de escotadura (B). Artefatos polidos: fragmentos de lâminas de machado (C e D).

4.2.1.12. AM-IR-53: Lago do Testa

Sítio cerâmico de ocupação Guarita. Localiza-se a 14,5 km a NE da cidade de Iranduba, ao norte da rodovia AM-070: Manaus-Manacapuru. Situa-se em uma borda de terraço da margem sul do Igarapé do Testa próximo à sua nascente. Este igarapé, contributário do rio Negro, apresenta orientação SW-NE, e durante o período das cheias sua bacia transforma-se em um imenso lago. O sítio apresenta forma elíptica, com dimensões de 210x50 m, com o eixo maior orientado N223 e o menor N313 (Prancha 17). O solo é de “terra mulata”, cuja composição é areno fino-síltico-argilosa, cor marrom claro. A área é coberta por vegetação de capim ralo e um campo de futebol no flanco SW. Os vestígios eram esparsos, com fragmentos de cerâmica erodida em alguns casos, ocorreram também algumas lascas de arenito silicificado, e um “pão de índio” foi localizado no flanco SW à beira do campo de futebol. Uma amostra de sedimento com cerâmica foi coletada para datação de termoluminescência. Coordenadas UTM: 20M 0816263/9651763 e 20M 0816159/9651583. Cerâmica: Guarita:

Natureza das Peças: borda (5); parede decorada (5). Nível: superficial. Forma: tigela (3); vaso (2); desconhecido (5) (Fig. 120). Medidas: - Espessura da peça: 6-17 mm, predomina 7-8 mm; Espessura do lábio: 5-14 mm; Comprimento da peça: 25-180 mm; Inclinação da borda: 90° a 135° (4); Diâmetro da borda: 10-32 cm. Pasta-Antiplástico: Quartzo predominante (10); o cauixi, cariapé, bola de argila e a hematita ocorrem com freqüência, mas sem predominância; o caco moído e o cariapé B ocorrem em baixa freqüência. A mica ocorre na forma de traços. Técnica de manufatura: roletado (10) Superfície: 10 fragmentos com alisamento em ambas faces, destes, 1 apresenta polimento em ambas faces associado a brunidura. Pasta-Queima: Queima oxidante (2); redutora (1); “sanduíche” (ox-red-ox): (7). Formas: Posição (Relação Diâmetro da Peça/ Diâmetro da Borda): côncava (2) e convexa (3). Borda: expandida (4), reforçada externamente (1). Lábio: apontado (3), plano (1), erodido (1).

251

Prancha 17 – Sítio AM-IR-53: Lago do Testa

3 00 2

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Decoração: 

Acanalado (1): 1 fragmento com decoração geométrica na parede externa e duas faixas paralelas ao lábio (Fig. 120, C).



Engobo (3): 3 fragmentos com engobo vermelho claro na parede externa (2) ou interna (1).



Inciso Largo (1): 1 fragmento com decoração na borda interna no motivo de linhas concêntricas (Fig. 120, C).



Pintado (1): 1 fragmento com vestígios de pintura preta sobre engobo vermelho claro na parede externa.

Figura 120 - Sítio AM-IR-53: Lago do Testa. Cerâmica Guarita. Perfis de bordas e formas reconstruídas de tigela (A) e vasos (B e C) com decoração incisa (B) e acanalada.

Lítico:

Guarita: Artefatos Brutos

Abrasador convexo:1 Matéria-prima: arenito grosso (1). Descrição: núcleo tabular. Sinais de uso: a peça apresenta uma face convexa em conseqüência da abrasão. Forma: Q7 (1). Dimensões: 78.54.11 mm.

253

Abrasador plano: 1 Matéria-prima: arenito ferruginoso (1). Descrição: fragmento de núcleo tabular. Sinais de uso: aplanamentos em conseqüência da abrasão são vistos em uma face das peças. Forma: Q7 (1). Dimensões: 74.34.15 mm.

Fragmentos atípicos: 1 Matéria-prima: arenito grosso (1). Descrição: fragmento irregular de rocha sem sinal de atividade de trabalho humano, fraturado por ação de choque. Sua presença no contexto do sítio pode indicar coleta de matéria prima para confecção de artefato.

Artefatos Lascados Faca: 1 Matéria-prima: arenito silicificado (1) Técnica: lasca preparada por percussão direta. Ponto de percussão puntiforme, com bulbo e talão irregular (Fig. 121). Sinais de uso: evidências de uso ocorrem no lado esquerdo, caracterizadas por lascamentos marginais presentes nas duas faces. Ângulo: 30°. Forma: Q7. Dimensões: 28.30.16 mm.

Lâmina:1 Matéria-prima: arenito silicificado (1). Técnica: A peça apresenta-se como uma lasca preparada obtida por percussão bipolar a partir de bloco, o ponto de percussão é quebrado com presença de bulbo. Forma: Q6 (1). Dimensões: 27.7.7 mm.

Figura 121 - Sítio AM-IR-53: Lago do Testa. Lítico Guarita lascado: faca.

254

Lasca preparada: 3 Matéria-prima: arenito silicificado (3) Técnica: lascas obtidas por percussão direta, todas com ponto de percussão puntiforme, bulbo e talão plano. Uma peça apresenta retiradas secundárias negativas (contrabulbos) em suas porções periféricas. Forma: Q6 (1) e Q9 (2). Dimensões: variam de 20.39.11 a 45.36.11 mm. Lasca simples em forma de cunha: 2 Matéria-prima: siltito silicificado (1), arenito silicificado (1). Técnica: lascas obtidas por percussão direta a partir de bloco, uma com ponto de percussão puntiforme, bulbo e talão plano; a outra com ponto de percussão espatifado, bulbo e talão plano, esta última encontra-se rompida ao meio ao longo do bulbo, lembrando o caso do pseudo buril de Siret (Prous,1992: 75). Ambas exibem restos de córtex. Forma: P5(1) e P6(1). Dimensões: variam de 29.15.27 e 54.51.18 mm.

Orgânico:

1 amostra de pão de índio, ver itens 4.4. O Material Orgânico e 5.13. Pão de Índio: Fungo ou Ecofato?

4.2.1.13. AM-IR-54: Vandercléia

Sítio cerâmico de ocupação Guarita. Localiza-se a 15,5 Km a NE da cidade de Iranduba, ao norte da rodovia AM-070: Manaus-Manacapuru. Situa-se em um topo plano de morro na margem norte do Igarapé do Testa, 1,25 Km a SW de sua desembocadura no rio Negro (Prancha 18). Apresenta forma elíptica com dimensões de 70 x 20 m, cujo eixo maior orienta-se N139 e o menor N229. O solo é de composição areno-siltosa, compacto, cor cinza claro. Os vestígios consistiam de fragmentos de cerâmica Guarita e algumas lascas e estilhas de arenito silicificado. Uma lâmina de machado foi doada pelos moradores locais ao projeto. Além da coleta superficial e algumas raspagens com colheres de pedreiro, uma amostra de sedimento e cerâmica foi coletada para datação de termoluminescência. Coordenadas UTM das extremidades do sítio: 20M 0816690/9652618 e 20M 0816627/9652651.

255

Prancha 18 – Sítio AM-IR-54: Vandercléia

3 00 2

PSU / aigolontE e aigoloeuqrA ed uesuM seveN seóG odraudE .rD .f orP :rodatneirO amiL girE odnanreF ziuL :onulA odartseM ed oãçatressiD

.MA ,SEÕMILOS E ORGEN SOIR SOD AICNÊULFNOC ED AERÁ AN OIVÚLFRETNI ED SAERÁ SAD OCIGÓLOEUQRA OTNEMATNAVEL

Cerâmica:

Guarita: Natureza das Peças: bordas (11); parede (4, 1 com flange mesial); base (3). Nível: superficial. Forma: vaso (9); tigela (3), desconhecido (6) (Figs. 122 e 123). Medidas: - Espessura da peça: 4-12 mm, predomina 7 mm; Espessura do lábio: 5-12 mm, predomina 5 mm; Comprimento da peça: 18-123 mm; Inclinação da borda: 45° a 90° (1); 90° a 135° (7); 135° a 180° (3); Ângulo da base: 140° (3); Diâmetro da borda: 10-32 cm, predomina 10 cm; Diâmetro da base: 24-28 cm, predomina 28 cm. Pasta-Antiplástico: Quartzo predominante (18), o cauixi, bola de argila e a hematita são freqüentes, mas não predominantes. O cariapé, cariapé B e o caco moído são de baixa freqüência. A mica ocorre como traço. Técnica de manufatura: roletado (18). Superfície: alisamento em ambas faces (18). Pasta-Queima: Queima oxidante (9); redutora (3); oxidante externa/ redutora interna (1); “sanduíche” (oxred-ox): (5). Formas: Posição (Relação Diâmetro da Peça/ Diâmetro da Borda): côncava (7); convexa (4), com flange (1). Borda: direta (3); expandida (1); extrovertida (3); reforçada externa (4). Lábio: apontado (7); plano (1); erodido (1); arredondado (2). Base: plana (3). Decoração: 

Acanalado (3): 3 fragmentos com decoração de motivo geométrico na borda externa (2, Fig. 123, C ) e em flange mesial (1, Fig. 123, B).



Engobo (8): 7 fragmentos com engobo branco, sendo 5 em ambas faces de borda (Fig. 123, E), 1 na parede externa, e 1 no flange mesial. 1 fragmento com engobo vermelho claro na parede interna.



Inciso fino (2): Dois fragmentos com decoração no motivo de linhas compostas paralelas na parede externa, há engobo branco associado na borda externa e ambas faces da parede (Fig. 123, C).



Ponteado (1): 1 fragmento com decoração na borda externa no motivo de linhas tracejadas paralelas ao lábio; há engobo branco associado na face interna (Fig. 123, A).

257

Sítio AM-IR-54: Vandercléia. Cerâmica Guarita 122

123 Figura 122 – Perfis de bordas e formas reconstruídas de tigelas (A e B) e vasos (C e D) simples. Figura 123 – Perfis de bordas e formas reconstruídas de vasos (A e E) com decoração ponteada ou engobo branco, tigela (B e C) com decoração inciso fino acanalada ou engobo branco, flange mesial com decoração acanalada (D) e bases planas (F ao H).

Lítico:

Guarita: Artefatos Brutos

Abrasador acanalado: 1 Matéria-prima: arenito fino (1). Descrição: núcleo tabular (Fig. 124, A). Sinais de uso: a peça apresenta em uma face três canaletas, duas verticais e uma horizontal, entrecruzadas entre si, desgastadas em conseqüência da abrasão, as quais medem 36.6.4; 17.6.3 e 20.9.1 mm. Uso associado: Abrasador plano, ao julgar pela presença de aplanamentos causados por abrasão na mesma face e na face oposta. Forma: Q7 (1). Dimensões: 44.39.16 mm.

Fragmentos atípicos: 1 Matéria-prima: arenito grosso (1). Descrição: fragmento irregular de rocha sem sinal de trabalho humano, certamente fraturado por choque, porém seu contexto no sítio pode indicar coleta de matéria prima.

Artefatos Lascados

Lasca preparada: 3 Matéria-prima: arenito silicificado (2), siltito ferruginoso silicificado (1). Técnica: lascas obtidas por percussão direta (1) ou bipolar (2), 1 peça com ponto de percussão puntiforme, bulbo, bico e talão plano; 2 peças com ponto de percussão espatifado, com bulbo e retiradas negativas (contrabulbo), sendo o talão irregular. Forma: T9 (2), Q6 (1). Dimensões: variam de 27.13.5 a 33.57.13 mm. Lasca simples em forma de cunha: 2 Matéria-prima: arenito silicificado (2). Técnica: lascas obtidas por percussão direta a partir de bloco. Ponto de percussão puntiforme com bulbo, 1 com talão plano e 1 com talão irregular, 1 peça com bico. Ambas conservam resto de córtex. Forma: P5 (1) e Q3 (1). Dimensões: 58.60.23 e 25.62.14 mm

259

Artefatos Polidos

Lâmina de machado: 1 Matéria-prima: diabásio (1). Descrição: artefato confeccionado a partir de núcleo modificado por retoque, picoteamento e polimento. Apresenta os lados e extremidades convexas. A superfície foi picoteada, mas há marcas de polimento nas porções centrais das faces e em um dos lados. O gume e o talão apresentam seção elíptica, a superfície do segundo apesar de ser convexa, é levemente irregular; por outro lado, o primeiro exibe esmagamentos causados pelo uso (Fig. 124, B). Gume: 90°. Forma: Q9 (1). Dimensões: 160.61.42 mm.

Figura

124

-

Sítio

AM-IR-54:

Vandercléia. Lítico Guarita bruto (abrasador acanalado, A) e polido (lâmina de machado, B).

260

4.2.1.14. AM-IR-55: Igarapé do Testa - I

Sítio cerâmico de ocupação Guarita. Localiza-se a 14,8 KM a NE da cidade de Iranduba, ao norte da rodovia AM-070: Manaus-Manacapuru. Situa-se em uma meia encosta de morro, adjacente a uma trilha na margem norte do Igarapé do Testa, 1,8 km a SW de sua desembocadura no rio Negro, e 600 m a SW do sítio AM-IR-54: Vandercléia. São indícios cerâmicos escorregados do topo do morro por sua vertente devido à ação das chuvas. Em um raio de 3 m foram efetuadas uma coleta superficial e abertas duas raspagens (R I e R II), dos quais foram recuperados dois recipientes cerâmicos quase intactos: um correspondente a uma tigela de flange mesial com decoração acanalada, e o outro a uma jarra globular de borda extrovertida (Pranchas 19 e 20, Fotos 60 e 61). No leito do igarapé do Testa, adjacente ao sítio, foram recuperados alguns exemplares de cerâmica com vestígio de engobo preto. O solo é de composição areno fino-síltico-argilosa, compacto, mas pulverulento sob pressão dos dedos, sua cor é cinza amarelado. Coordenada UTM: 20M 0816353/9651938. Cerâmica: Guarita:

Natureza das Peças: borda (6); parede (3); base (3). Nível: superficial. Forma: vaso (3); assador (3); desconhecido (6) (Fig. 125, A e B). Medidas: Espessura da peça: 4-15 mm, predomina 6 mm; Espessura do lábio: 4-8 mm, predomina 4-5 mm; Comprimento da peça: 24 a 260 mm; Inclinação da borda: 45° a 90° (2) e 90° a 135° (3); Ângulo da base: 120° (2); 140° (1); 150° (1); 160° (1); 180° (1); Diâmetro da borda: 10-44 cm; Diâmetro da base: 518 cm, predomina 5 cm; Altura da vasilha: 17; 26; 95 e 140 mm. Pasta-Antiplástico: Quartzo (11) e cauixi (1) predominantes; o caco moído, bola de argila e a hematita são freqüentes, mas não predominantes. O cariapé e o cariapé B são de baixa freqüência. A mica ocorre na forma de traços. Técnica de manufatura: roletado (12). Superfície: 12 fragmentos com alisamento em ambas faces: 5 com brunidura; e 7 com polimento associado (5 em ambas faces e 2 na face interna), destes, 3 com enegrecimento (2 com fuligem). Pasta-Queima: Queima oxidante (6); redutora (1); oxidante externa e redutora interna (2); redutora externa e oxidante interna (1), "sanduíche" (ox-red-ox): (2). Formas: Posição (Relação Diâmetro da Peça/ Diâmetro da Borda): vertical (1), com flange (1), côncava (2); 261

convexa (2). Borda: reforçada externamente (5), direta (1). Lábio: apontado (2), plano (4). Base: plana (6) (Fig. 125, C ao E). Decoração: 

Acanalado (1): 1 fragmento com motivo geométrico aplicado à borda externa (Fig. 127) associado a engobo branco em ambas faces da borda à base.



Digitado (2): 2 fragmentos com decoração formando uma fileira de marcas dispostas paralelas ao lábio. 1 ocorre associado com vestígios de pintura vermelho escuro na parede externa (Fig. 126, A); o outro com enegrecimento em ambas faces (Fig. 126, B; Foto 62).



Engobo (1): 1 fragmento com engobo vermelho claro em ambas faces de parede.



Inciso (1): 1 fragmento com decoração na borda externa no motivo de uma linha simples.

Lítico: Guarita:

Artefatos Brutos

Corante: 9 Matéria-prima: laterita (9) Descrição: núcleos tabulares (2), núcleos irregulares sub-arredondados (7). Sinais de uso: as peças encontram-se alteradas, mas algumas conservam marcas de desgaste em conseqüência da constante fricção para a obtenção de pigmentos. São de consistência quase pulverulenta e quando umedecidos liberavam uma tintura forte avermelhada pelos óxidos de Fe (5) ou amarelada pelos óxidos de Fe alterados (4). Forma: Q7 (4), P3 (2), P5 (1), T10 (2). Dimensões: variam de 21.13.10 a 157.140.36 mm.

262

Prancha 19 – Sítio AM-IR-55: Igarapé do Testa-I. Perfil Oeste

3 00 2

PSU / aigolontE e aigoloeuqrA ed uesuM seveN seóG odraudE .rD .f orP :rodatneirO amiL girE odnanreF ziuL :onulA odartseM ed oãçatressiD

.MA ,SEÕMILOS E ORGEN SOIR SOD AICNÊULFNOC ED AERÁ AN OIVÚLFRETNI ED SAERÁ SAD OCIGÓLOEUQRA OTNEMATNAVEL

Prancha 20 – Sítio AM-IR-55: Igarapé do Testa-I. Perfil Oeste

3 00 2

PSU / aigolontE e aigoloeuqrA ed uesuM seveN seóG odraudE .rD .f orP :rodatneirO amiL girE odnanreF ziuL :onulA odartseM ed oãçatressiD

.MA ,SEÕMILOS E ORGEN SOIR SOD AICNÊULFNOC ED AERÁ AN OIVÚLFRETNI ED SAERÁ SAD OCIGÓLOEUQRA OTNEMATNAVEL

Sítio AM-IR-55: Igarapé do Testa-I 60

61

Foto 60 – Atividade de raspagem onde se observa o processo de exposição de uma vasilha. Foto 61 – Raspagem I: jarra globular da tradição Guarita.

Sítio AM-IR-55: Igarapé do Testa-I. Cerâmica Guarita

125 62

Figura 125 – Perfis de bordas e formas reconstruídas de assadores (A) com enegrecimento e fuligem na face externa, vaso globular (B) e bases planas (C ao E). Foto 62 - Fragmento de borda de tigela com decoração digitada e enegrecimento externo (vide Figura 126 B).

Sítio AM-IR-55: Igarapé do Testa-I. Cerâmica Guarita

Figura 126 – Perfis de bordas e formas reconstruídas de tigelas com decoração digitada. Apresentam associado pintura vermelha ou enegrecimento.

Sítio AM-IR-55: Igarapé do Testa-I. Cerâmica Guarita

Figura 127 – Perfil de borda e forma reconstruída de tigela com flange mesial de decoração acanalada e engobo branco.

4.2.1.15. AM-IR-56: Igarapé do Testa - II

Sítio cerâmico de ocupação Guarita. Localiza-se a 15,05 Km a NE da cidade de Iranduba, ao norte da rodovia AM-070: Manaus-Manacapuru. Situa-se em um topo plano e meia encosta de morro, adjacente a uma trilha na margem norte do Igarapé do Testa, 1,6 Km a SW da sua desembocadura no rio Negro, e 350 m a SW do sítio AMIR-54: Vandercléia. Os indícios caracterizavam-se por fragmentos de cerâmica Guarita, algumas lascas e núcleos esgotados de arenito silicificado espalhados em uma área elíptica de 171x 50 m, com o eixo maior orientado N69 e o menor N159, ocorria também material de ocupação recente associado: vidro, louça, recipientes plásticos, latas. Coordenadas das extremidades do sítio: 20M 0816489/9652176 e 20M 0816467/9652154. Cerâmica: Guarita:

Natureza da Peça: Inflexão (1). Nível: superficial. Forma: tigela. Medidas: - Espessura da peça: 12 mm; Comprimento da peça: 175 mm. Pasta-Antiplástico: cauixi predominante (1). O quartzo, bola de argila, e a hematita são freqüentes mas não predominantes. A mica ocorre como traço. Técnica de manufatura: roletado (1). Superfície: ambas faces alisadas. Pasta-Queima: oxidante. Decoração: 

Engobo (1): 1 fragmento com engobo branco em ambas faces de parede.

269

Lítico:

Guarita: Artefatos Brutos

Abrasador plano: 4 Matéria-prima: arenito fino (3) e arenito grosso (1). Descrição: núcleos tabulares (4), um encontra-se fragmentado. Sinais de uso: 1 peça com aplanamentos em conseqüência da abrasão em 1 face, 3 peças com aplanamentos em 2 faces opostas, sendo uma destas com desgaste plano associado em um dos lados. Forma: Q7 (3) e T3 (1). Dimensões: variam de 32.26.6 a 88.72.49 mm. Artefatos Lascados

Lasca simples em forma de cunha: 2 Matéria-prima: arenito silicificado (2). Técnica: lascas de aspecto nucleiforme obtidas por percussão direta a partir de bloco. O ponto de percussão é espatifado com grande plano de bulbo e talão irregular. Uma apresenta na face externa, uma grande retirada negativa com ponto de percussão espatifado. A outra peça, apresenta contrabulbos de retiradas secundárias com pontos de percussão espatifados, sendo duas destas pertencentes à retirada de lâminas por percussão bipolar, lembrando um artefato em elaboração. Ambas exibem restos de córtex (Fig. 129). Forma: T4 (1) e P6 (1). Dimensões: 173.123.55 a 197.253.69 mm. Raspador de escotadura: 1 Matéria-prima: arenito silicificado (1). Técnica: lasca simples em forma de cunha de aspecto nucleiforme obtida por percussão direta a partir de bloco. Ponto de percussão espatifado, com bulbo e talão plano. Apresenta em ambas faces retiradas secundárias negativas (contrabulbos). Há restos de córtex (Fig. 128, A). Sinais de uso: A peça apresenta uma reentrância no lado direito medindo 36x6 mm. O desgaste provocado pelo uso foi tão intenso que arredondou as arestas do artefato, atingindo ambas faces da peça. Ângulo: 70°. Forma: P6 (1). Dimensões: 78.66.30 mm. Uso associado: Raspador lateral, ao julgar por um desgaste intenso existente no lado esquerdo da peça, o qual arredondou a aresta do artefato, porém predomina na face externa.

270

Talhador: 1 Matéria-prima: arenito silicificado (1). Descrição: lasca em forma de cunha, de aspecto nucleiforme, retirada de bloco através da percussão bipolar, apresenta ponto de percussão espatifado com bulbo e talão convexo. Na face oposta (externa) há retiradas negativas (contrabulbos) de lâminas por percussão bipolar com pontos de percussão espatifados. Na face externa, ao longo da extremidade e nos lados; há retoques secundários, desferidos por percussão direta, cujos pontos de percussão são espatifados. Há restos de córtex no talão, localizados na extremidade proximal. Sinais de uso: na extremidade distal e nos lados, a junção das faces formou um gume, onde há pequenos lascamentos e esmagamentos, são marginais e atingem ambas faces (Fig. 128, B). Ângulo: 70° Forma: P3 (1). Dimensões: 117.97.43 mm.

271

Sítio AM-IR-56: Igarapé do Testa-II. Lítico Guarita 128

129 Figura 128 – Artefatos lascados: raspador de escotadura (A) e talhador (B). Figura 129 – Artefato lascado: lasca simples em forma de cunha.

4.2.1.16. AM-IR-57: Cachoeira do Castanho

Sítio de oficina lítica. Localiza-se a 19,5 Km a NW da cidade de Iranduba, na margem direita do lago do Mudo. Caracteriza-se pela presença de afloramentos de arenitos cretácicos da Formação Alter do Chão, representados por imensos lajedos silicificados, próximos à desembocadura do lago do Mudo com o rio Negro, onde há a comunidade da cachoeira do Castanho, um ponto turístico da região. A oficina lítica apresenta centenas de lascas utilizadas ou retocadas (raspadores laterais e plano-convexos), estilhas e alguns núcleos utilizados (percutores) de arenito silicificado (Fotos 63 a 66) espalhados sobre um lajedo de arenito em um raio superior a 60 m, adjacente à margem do lago. Sabe-se que entre 1995 e 1997, o lugar foi visitado pelos arqueólogos Eduardo Góes Neves e Michael Heckenberger, os quais localizaram um sítio de ocupação Manacapuru, denominado sítio Boca do Castanho (AM-IR-04). Todavia, os moradores locais confirmaram a visita de ambos no período das cheias, quando a oficina lítica encontrava-se submersa, visto que o sítio de ocupação Manacapuru encontra-se em cota mais elevada, em uma área agrícola afastada. Assim, esta oficina lítica não poderia ter sido localizada na ocasião daquela pesquisa. A tipologia dos artefatos coletados é muito semelhante as das indústrias líticas pré-ceramistas já estudadas no Brasil central e Venezuela. Em uma segunda visita efetuada em 2002, foi observada a presença de raros fragmentos cerâmicos, por hora, sem afiliação cronológico-cultural, bem como foi constatada uma maior extensão deste sítio. Coordenadas: 20 M 0801558/9656995; 20 M 0801541/9657071. Cerâmica: Inclassificada:

Natureza da Peça: borda (1). Nível: superficial. Forma: vaso (1, Fig. 130). Medidas: Espessura da peça: 12 mm; Espessura do lábio: 12 mm; Comprimento da peça: 60 mm; Inclinação da borda: 90° a 135° (1); Diâmetro da borda: 26 cm. Pasta-Antiplástico: Quartzo predominante (1); o cauixi, caco moído, bola de argila e a hematita são freqüentes, mas não predominantes. A mica ocorre na forma de traços. Técnica de manufatura: roletado (1).

273

Sítio AM-IR-57: Cachoeira do Castanho Lítico Pré-Ceramista (Artefatos Lascados) 63

Foto 63 – Lascas bifaciais retocadas de arenito silicificado.

64

Foto 64 – Raspador planoconvexo de arenito silicificado.

65

Foto 65 – Lascas utilizadas como facas ou raspadeiras laterais de arenito silicificado. Foto 66 – Lasca bifacial retocada de arenito silicificado.

66

Superfície: ambas faces receberam alisamento apesar de apresentarem pontos com superfície erodida. Pasta-Queima: Queima oxidante externa e redutora interna (1). Formas: Posição (Relação Diâmetro da Peça/ Diâmetro da Borda): côncava (1). Borda: expandida (1). Lábio: arredondado (1). Decoração: 

Ponteado (1): 1 fragmento apresenta na borda externa, uma decoração no motivo de linhas compostas ponteadas, duas paralelas ao lábio e 5 dispostas de forma diagonal (Fig. 130).

Figura 130 - Sítio AM-IR-57: Cachoeira do Castanho. Cerâmica Inclassificada. Perfil de borda e forma reconstruída de tigela com decoração ponteada.

Lítico: Pré-Cerâmico:

Artefatos Térmicos

Lasca: 1 Matéria-prima: arenito grosso (1). Descrição: fragmento de rocha fraturada por ação do fogo, há uma face semelhante a um plano de bulbo, suas superfícies encontram-se alteradas.

Artefatos Brutos Abrasador côncavo: 1 Matéria-prima: arenito ferruginoso (1). Descrição: núcleo tabular. Sinais de uso: a peça apresenta em uma face, uma superfície côncava em conseqüência da abrasão 275

(Fig. 131, B). Forma: Q7 Dimensões: 54.46.26 mm. Quebra-côco: 1 Matéria-prima: arenito silicificado (1). Descrição: bloco sub-arredondado facetado. Sinais de uso: a peça apresenta em uma de suas faces uma depressão circular com 14.11.3 mm, sendo sua superfície áspera (Fig. 131, C). Uso associado: Bigorna, ao julgar pela presença de uma série de depressões e esmagamentos causados por impacto, localizados em uma face quase plana do artefato. Forma: P3 Dimensões: 64.59.55 mm. Triturador: 4 Matéria-prima: arenito silicificado (1), arenito grosso (3). Descrição: seixos rolados utilizados, três destes sub-arredondados com algumas faces (Fig. 131, A e D). Sinais de uso: esmagamentos devido ao uso ocorrem em toda a periferia das peças, mas tendem a ser mais acentuadas nas extremidades, as quais tendem a ser convexas, e, apenas uma peça apresentou uma das extremidades plana. Formas: P2 (1), P3 (1), P4 (1) e EL (1). Dimensões: variam de 94.94.84 a 195.68.50 mm.

Artefatos Lascados

Artefato em elaboração (peça bifacial): 1 Matéria-prima: arenito silicificado (1). Técnica: lasca preparada obtida por percussão direta a partir de bloco, com ponto de percussão puntiforme, bulbo, e talão irregular. Superfícies patinadas. Descrição: uma peça recebeu na face externa, retoques marginais na extremidade distal e nos lados através da percussão pausada (Fig. 132, A). Forma: EL Dimensões: 51.78.19 mm.

Faca:1 Matéria-prima: siltito ferruginoso silicificado (1). Técnica: lâmina preparada a partir de bloco por percussão bipolar, apresenta-se como lasca preparada, com ponto de percussão puntiforme, bulbo e talão plano. Há retiradas (contrabulbos) também pertencentes a lâminas (Fig. 132, D). Sinais de uso: pequenos lascamentos de uso ocorrem no lado esquerdo da peça, são marginais e predominam na face interna. 276

Ângulo: 20/30° Forma: Q9 Dimensões: 78.29.14 mm. Goiva: 1 Matéria-prima: arenito silicificado (1). Técnica: lasca simples em forma de cunha obtida por percussão direta a partir de bloco, ponto de percussão puntiforme com bulbo e talão linear. Apresenta em outra face um plano de bulbo mais antigo patinado. Há algumas retiradas negativas. Há restos de córtex (Fig. 132, B). Sinais de uso: pequenos lascamentos de uso ocorrem no lado direito da peça, são marginais e se limitam à face interna. Ângulo: 25°. Forma: T9 (1). Dimensões: 47.85.18 mm. Lâmina: 3 Matéria-prima: arenito-silicificado (1), siltito silicificado (2) Técnica: 1 como lasca simples em forma de cunha, 2 como lasca preparada. Em 2 o ponto de percussão é puntiforme com bulbo, e em 1 é espatifado com bulbo. Apresentam retiradas negativas (contrabulbo), de modo que uma das peças lembra um artefato em elaboração, esta se encontra patinada. Forma: T9 (1) e T14 (2). Dimensões: 74.21.13 a 176.78.45 mm.

Lâmina de machado: 3 Matéria-prima: arenito grosso (1); arenito silicificado (2). Descrição: lascas preparadas de aspecto nucleiforme, bifaciais, contorno e seção elíptica; uma delas encontra-se em elaboração e aparenta ter sido danificada durante sua confecção. Aparentam terem sido obtidas incialmente por percussão bipolar, e receberam diversos golpes de percussão pausada ou secundária com um percutor mais leve (madeira ou osso), ao julgar pelas diversas retiradas negativas finas (contrabulbo), dispostas ao longo de ambas faces, as quais tendem a ser convexas. Apenas uma peça apresenta um ponto de percussão espatifado, pois foram modificados pelo retoque. Duas peças patinadas. Sinais de uso: na extremidade distal e nos lados, a junção bifacial formou um gume, no qual há pequenos lascamentos e esmagamentos, são marginais e atingem ambas faces. Os sinais nos lados podem indicar uso manual ou mesmo uma função associada como talhador (Fig. 133, A e B). Ângulo: 80° (2), a terceira encontra-se em elaboração. Forma: P2 (3). Dimensões: variam de 96.69.25 a 113.69.32 mm.

277

Lasca preparada: 14 Matéria-prima: arenito silicificado (14). Técnica: lascas obtidas por percussão direta (10) ou bipolar (4). Em 9 o ponto de percussão é puntiforme com bulbo, 6 apresentam bico, 1 apresenta bico e cornija, em 1 o talão é linear, em 5 o talão é irregular (apresenta o plano de percussão preparado), em 3 o talão é plano. Em 4 o ponto de percussão é espatifado com bulbo (2 com várias retiradas negativas [contrabulbo] associadas), 2 com talão irregular, 2 com talão plano. Em 1 o ponto de percussão está quebrado e exibe apenas retiradas negativas. Formas: Q1 (1); Q3 (1); Q6 (1); Q9 (2); P5 (2); P6 (1); T9 (2); T10 (3); T14 (1). Dimensões: variam de 29.45.7 a 62.97.26 mm.

Lasca simples com crosta: 1 Matéria-prima: arenito silicificado (1). Técnica: lasca obtida por percussão direta a partir de seixo rolado. Ponto de percussão espatifado com bulbo, talão irregular. O córtex encontra-se alterado. Forma: T9 (1). Dimensões: 48.47.20 mm.

Lasca simples em forma de cunha: 3 Matéria-prima: arenito silicificado (3). Técnica: lascas obtidas por percussão direta a partir de bloco. Em 2 há ponto de percussão puntiforme com bulbo, sendo 1 com bico e talão irregular (plano de percussão preparado), e 1 com talão plano; e de 1 o ponto de percussão está quebrado, apesar de conservar o bulbo. Há restos de córtex. Formas: Q6 (1); P3 (1); P6 (1). Dimensões: variam de 43.39.8 a 76.88.16 mm.

Núcleo esgotado: 1 Matéria-prima: arenito silicificado (1). Descrição: núcleo multifacetado lascado por percussão direta, observa-se várias retiradas (contrabulbos) associadas a pontos de percussão puntiformes. Apresenta pontos de percussão e retiradas mais antigas patinadas. Uma das principais retiradas foi por técnica bipolar (Fig. 134). Forma: Q7 (1). Dimensões: 130.103.68 mm.

Raspadeira bifacial: 1 Matéria-prima: arenito silicificado (1). Técnica: Lasca bifacial preparada, obtida por percussão direta, o ponto de percussão foi modificado pelo retoque aplicado em ambas faces da peça através da percussão pausada ou secundária, mas a face interna ainda conserva parte do bulbo (Fig. 133, D). Retoque: em toda a sua periferia, a peça recebeu retoques escamados progressivos em ambas faces. Sinais de uso: Em toda a periferia da peça, o gume formado pela junção das duas faces, encontra-se desgastado, indicando uma função de raspagem. 278

Ângulo: 60° a 70°. Forma: EL. Dimensões: 132.67.30 mm. Raspadeira de extremidade: 1 Matéria-prima: arenito silicificado (1). Técnica: lasca preparada obtida por percussão direta a partir de bloco, ponto de percussão puntiforme com bulbo, bico e talão linear. Superfícies patinadas. Descrição: a peça recebeu na face externa, retoques por percussão pausada ou secundária, do centro para a extremidade proximal, visto que os pontos de percussão (espatifados) alinham-se horizontalmente no centro da face (Fig. 132, C). Sinais de uso: a peça apresenta pequenos lascamentos provocados pelo uso nas extremidades proximais e distais, são marginais e se limitam à face externa. Ângulo: 40° (extremidade distal)/ 60° (extremidade proximal). Forma: T10 (1). Dimensões: 47.86.20 mm.

Raspador de ponta: 1 Matéria-prima: arenito silicificado (1). Técnica: Lasca simples com crosta retirada de bloco por percussão direta, a face interna é convexa e a externa plana, com córtex. O ponto de percussão é puntiforme com bulbo (Fig. 133, C). Ângulo: 70°. Forma: T14 (1). Dimensões: 97.66.24 mm.

Artefatos Polidos Mão-de-mó: 1 Matéria-prima: arenito silicificado (1). Descrição: seixo rolado de formato cônico, contorno circular e extremidade ativa convexa, apresenta em sua superfície diversos pontos de picoteamento, quase obliterados pelo posterior polimento da superfície da peça (Fig. 131, E). Sinais de uso: na extremidade ativa convexa, há sinais de esmagamentos semelhantes à picoteamento, indicando para a peça uma função de trituração. Na extremidade oposta há um aplanamento em conseqüência do uso no esmagamento de possíveis sementes e corantes. Forma: T10. Dimensões: 158.71.71 mm.

279

Sítio AM-IR-57: Cachoeira do Castanho. Lítico Pré-Ceramista

Figura 131 – Artefatos brutos: triturador (A e D), abrasador côncavo (B), quebra-côco (C). Artefato polido: mão-de-mó (E).

Sítio AM-IR-57: Cachoeira do Castanho Lítico Pré-Ceramista (Artefatos Lascados) 132

133

134 Figura 132 – Peça bifacial em elaboração (A), goiva (B), raspadeira de extremidade (C) e faca (D). Figura 133 – Lâmina de machado (A e B), raspador de ponta (C) e raspadeira bifacial (D). Figura 134 – Núcleo esgotado.

4.2.1.17. Ocorrência V-1

Indício cerâmico isolado correspondente a uma ocupação histórica. Localiza-se a 6 km ao E da cidade de Iranduba, nos terraços ao E do lago Laguinho, o qual interliga-se com o rio Solimões. Trata-se de um fragmento de borda de vasilha inclinada internamente. Coordenada UTM: 20M 0818177/9637872. Cerâmica: Histórica:

Natureza da Peça: borda (1). Nível: superficial. Forma: vaso (1, Fig. 135). Medidas: - Espessura da peça: 9 mm; Espessura do lábio: 4 mm; Comprimento da peça: 44 mm; Inclinação da borda: 90° a 135° (1); Diâmetro da borda: 20 cm. Pasta-Antiplástico: Predomina o quartzo (1); o cauixi, cariapé, caco moído, bola de argila e a hematita são freqüentes, mas não predominantes. Técnica de manufatura: roletado (1). Superfície: alisamento e polimento em ambas faces. Pasta-Queima: Queima “sanduíche” (ox-red-ox). Formas: Posição (Relação Diâmetro da Peça/ Diâmetro da Borda): Borda: direta. Lábio: plano. Decoração: 

Pintado (1): vestígios de pintura preta sobre engobo vermelho claro na face externa (Fig. 135).

Figura 135 - Ocorrência V1. Cerâmica histórica. Perfil de

borda

e

forma

reconstruída de vaso.

282

4.2.1.18. Ocorrência V-2

Indício lítico isolado de ocupação pré-ceramista, representado por uma lasca bifacial retocada de arenito silicificado (ver Foto 54). Foi localizado a 4,75 Km ao E da cidade de Iranduba, nos terraços ao E do lago laguinho, o qual interliga-se com o rio Solimões. É representado por uma lasca bifacial retocada cuja tipologia assemelha-se às indústrias líticas pré-ceramistas da Venezuela e América Central. Foi localizada próxima a um curral, em uma meia encosta de um terraço com terra preta, onde moradores locais informaram terem encontrado fragmentos de cerâmica, quando extraíam terra preta para adubo. Embora algumas raspagens tenham sido efetuadas, nenhum indício arequeológico adcional foi encontrado. Coordenada UTM: 20M 0817964/9637707. Lítico: Pré-ceramista: Lasca bifacial retocada de arenito silicificado. A peça foi repassada a Fernando W. Costa na ocasião de seu mestrado (Costa, 2002). Ver Foto 54.

4.2.1.19. Ocorrência V-3

Indício cerâmico histórico. Localiza-se a 1,5 Km ao N da cidade de Iranduba e 750 m a NE do sítio AM-IR-49: Lago Santo Antônio. Os indícios ocorriam no leito de uma trincheira bem próxima às margens do Lago Santo Antônio (ou do Caldeirão), onde há uma pousada construída sobre uma plataforma flutuante de troncos, denominada Pousada do rei. Coordenada UTM: 20M 08112163/9639422. Cerâmica:

Histórica: Três fragmentos de vasilhames pertencentes a paredes sem decoração, excluídos da análise.

283

4.3. O Material Histórico e Seus Sítios

AM-IR-43: Lago do Iranduba - II

Faiança Fina (Pó-de-pedra ou granito) (1): fragmento pertencente a uma base de malga, provavelmente de origem inglesa (fins do séc. XVIII ao início do séc. XIX) apresenta esmalte branco (whiteware) (Foto 70, fragmento esquerdo).

AM-IR-46: Salviano

Faiança Fina (Pó-de-pedra ou granito) (2): 2 exemplos tipo Blue-edged, azul sobre esmalte pearlware aplicado à borda de fragmentos de pratos. De provável origem inglesa sua data de fabricação compreende o ano de 1780-década de 50 do séc. XIX (Tocchetto, 2001). Por outro lado, segundo informação pessoal de Paulo E. Zanettini (2002) este modelo de louça passou a ser produzido no Brasil em datas posteriores (Foto 68).

AM-IR-49: Lago Santo Antônio

Faiança Fina (Pó-de-pedra ou granito) (2): 2 fragmentos de provável origem inglesa (fins do séc. XVIII ao início do séc.XIX). 

1 fragmento pertencente a uma base de malga, apresenta esmalte branco (whiteware) (Foto 70, fragmento direito).



1 fragmento pertencente a um prato ou pires, com motivo de uma fina linha esverdeada sobre fundo branco esmaltado (whiteware), o qual encontra-se trincado.

Louça vitrificada ou Grés cerâmico (Stone-ware) (1): fragmento de gargalo de garrafa de fabricação escocesa ou inglesa (final do Séc. XIX), segundo Brancante (1981: 561) a fábrica escocesa “J. Kennedy- Glascow” era a que mais exportava este tipo de vasilhame para a América do Sul, e serviriam tanto para envasar cerveja, como outros tipos de bebidas (Foto 74).

284

Material Metálico:

Chave de enlatado (1): chave de enlatado de ferro oxidada e fragmentada, a porção do cabo apresenta forma trapezoidal. Dimensões: 43.22.3 mm (Fig. 136, D).

Moeda (1): Moeda de cobre no valor de LXXX Réis, Brasil Reino Unido, ano: 1820, cunhada na Casa da Moeda da Bahia no reinado de D. João VI (Russo, 1987:183). No anverso há as inscrições: JOANNES. VI. D. G. PORT. BRAS.ET ALG. REX; no reverso há a esfera armilar portuguesa com as inscrições: PECUNIA TOTUM......ORBIT. Dimensões: 39 mm de diâmetro (Fig. 136, A).

Figura 136 - Sítio AM-IR-49: Lago Santo Antônio. Artefatos históricos: moeda de cobre colonial (A), pregos (B e C), chave de enlatado (D) e argamassa de construção (E).

Material Construtivo:

Argamassa (1): fragmento irregular de argamassa de construção constituída de areia grossa e cal, há presença de um arame de ferro em meio a sua matriz com espessura de 1,5 mm. Dimensões: 59.49.22 mm (Fig. 136, E).

Prego (2): pregos de ferro oxidados, sendo um retorcido. Dimensões: 81.8.3 e 52.6.3 mm (Fig. 136; B e C).

285

AM-IR-50: Boa Sorte

Faiança (2): 2 fragmentos decorados de prato de faiança portuguesa (Séc. XVIII), apresentam motivos florais azulados; 1 na forma de tulipas associadas com faixas paralelas, algumas finas outras grossas, com cores variando do azul, verde ao marrom escuro; 1 sobre fundo azul claro (Foto 67).

Faiança Fina (Pó-de-pedra) (6): fragmentos de provável origem inglesa (fins do séc. XVIII ao início do séc. XIX). 

1 exemplo decorado pertencente a um prato, apresenta na borda um motivo floral em alto relevo na forma de um ramo de trigo. Há esmalte branco (whiteware) em toda a superfície, e dataria a partir de 1851 (Tocchetto, 2001) (Foto 73).



2 exemplos tipo Blue-edged, azul sobre esmalte pearlware aplicado à borda de fragmentos de pratos. De provável origem inglesa sua data de fabricação compreende o ano de 1780-década de 50 do séc. XIX (Tocchetto, 2001). Por outro lado, segundo informação pessoal de Paulo E. Zanettini (2002) este modelo de louça passou a ser produzido no Brasil em datas posteriores (Foto 68).



1 pertencente a um provável frasco de remédio, apresenta uma espessa faixa azul escuro pintada a mão na porção do bojo e esmalte branco na base, apresenta esmalte pearlware ou whiteware (Foto 69, fragmento direito).



1 pertencente a uma borda de malga, com motivos decorativos na forma de faixas grossas ou finas intercaladas entre si, pintadas a mão, com cores azul escuro, branca e preta, apresenta esmalte pearlware ou whiteware (Foto 69, fragmento esquerdo).

286

AM-IR-51: Ilha

Faiança Fina (Pó-de-pedra) (12): fragmentos de provável origem inglesa (fins do séc. XVIII ao início do séc. XIX). 

4 exemplos simples apresentando esmalte branco (whiteware) trincados, 3 pertencentes à base de pratos ou pires, 1 à base de xícara.



4 exemplos tipo Blue-edged, azul sobre esmalte pearlware aplicado à borda de fragmentos de pratos. De provável origem inglesa sua data de fabricação compreende o ano de 1780-década de 50 do séc. XIX (Tocchetto, 2001). Por outro lado, segundo informação pessoal de Paulo E. Zanettini (2002) este modelo de louça passou a ser produzido no Brasil em datas posteriores (Foto 68).



4 exemplos pertencentes à parede de xícaras, 3 com motivos florais pintados, 1 com técnica decorativa “transfer printing” com motivos paisagísticos e decoração linear com cartucho, sendo a data de fabricação entre 1828-1870 (Tocchetto, 2001) (Fotos 71 e 72).

Louça-vidrada (Colono-Ware) (1): 1 fragmento torneado, cuja forma não foi identificada, a consistência da pasta é muito dura, bem oxidada; todavia, não apresenta a típica cobertura glasurada característica deste gênero cerâmico.

AM-IR-56: Igarapé do Testa - III

Material construtivo:

Telha (2): fragmentos centimétricos de telhas de cerâmica do tipo “goiva”. Um apresenta pasta arenosa, bem dura, queima oxidante, cor vermelha alaranjada, presença de grânulos milimétricos de hematita. O segundo exemplar apresenta pasta predominantemente argilosa, com poucos grãos milimétricos de quartzo, cor amarelo esbranquiçado, a consistência é mais mole, riscando facilmente com a unha.

287

Fragmentos de Louça Histórica (Fabrico Europeu) 67

68

69 70

71

72

74 73

Foto 67 – Faiança portuguesa do século XVIII. Foto 68 a 73 – Faiança fina ou pó-de-pedra inglesa do século XIX. Foto 74 – Fragmento de gargalo de garrafa de grés (louça vitrificada) de fabricação escocesa do século XIX.

4.4. O Material Orgânico

Este material caracteriza-se por massas de mandioca e/ou milho ressequidas, genericamente conhecidas como “pães de índio” ou “beijú de índio”, e seriam utilizadas como reservas alimentícias obtidas através de excedentes de produção. Foram localizadas nos sítios AM-IR-37: Xavier, AM-IR-53: Lago do Testa, e a ocorrência isolada TF-8.

AM-IR-37: Xavier

Este sítio forneceu três peças obtidas em coletas de subsuperfície, expostas durante atividades agrícolas, sendo estas denominadas Pão A, B, C e D. Pão A) Comprimento: 225 mm, Largura: 150 mm, Espessura: 132 mm, Peso: 7,5 Kg. Cor: marrom escuro na superfície, cinza escuro no cerne mesclado com vênulas esbranquiçadas, Formato: ovalado, Consistência: densa, superfície endurecida (risca com o canivete com dificuldade), o cerne apresenta plasticidade semelhante à borracha. Descrição geral: trata-se do melhor exemplar conservado, no qual observase o formato e a linha de emenda de três pães geminados. A superfície da peça é de aspecto rugoso, com algumas rachaduras, há impregnações de grânulos de quartzo, hematita e carvão. A sua matriz apresenta aspecto semelhante ao sabão caseiro, feito com gordura animal e cinzas. Há algumas infiltrações de argila ou grânulos de quartzo, bem como de raízes e radículas. Há impregnações de fungos em alguns pontos de sua superfície (Foto 77).

Pão B e C) Comprimento: 237 e 278 mm, Largura: 222 e 249 mm, Espessura: 170 e 269 mm, Peso: 4,2 e 3,2 Kg, Cor: superfície e cerne de cor marrom amarelada com vênulas esbranquiçadas da massa original, bastante mesclado com pontos centimétricos a milimétricos de cor marrom avermelhado, causados por impregnação e infiltração de nódulos de hematita, Formato: irregulares, 1 quase poliédrico, Consistência: densa, o cerne e a superfície apresentam plasticidade semelhante à borracha, Descrição geral: não se tratam de exemplares bem conservados, quanto à suas formas originais. A quantidade excessiva de nódulos milimétricos a centimétricos de hematita em meio a sua matriz e superfície, indica que algum processo tafonômico, 289

envolvendo

calor

e

umidade,

dissolveu

as

massas

originais,

envolvendo

gradativamente em sua matriz sedimentos argilo-arenosos e nódulos de hematita. As superfícies das peças são de aspecto rugoso, com algumas rachaduras, há impregnação de grânulos de quartzo, hematita e carvão. Os cernes tendem a ser multicomponenciais, há grande presença de nódulos milimétricos a centimétricos de hematita, envolvidos por uma matriz mais fina de aspecto esponjoso, apresentando infiltrações de sedimentos areno fino-argilosos, bem como de raízes e radículas. Há impregnação de fungos em alguns pontos de suas superfícies (Fotos 76 e 78).

Pão D) Comprimento: 147 mm, Largura: 110 mm, Espessura: 83 mm., Peso: 0,5 Kg, Cor: cinza escuro na superfície, o cerne é de cor marrom claro com vênulas esbranquiçadas, Formato: irregular, lembra a forma de uma batata inglesa, Consistência: densa, superfície endurecida (risca-se com o canivete com certa dificuldade), o cerne apresenta plasticidade semelhante à borracha, Descrição geral: o exemplar aparenta ser composto por 5 pequenos pães geminados. A superfície é de aspecto rugoso, pouco rachado, há impregnações de grânulos de quartzo fino e de fragmentos centimétricos de carvão. A sua matriz tende a ser homogênea apresentando aspecto resinoso semelhante à opala leitosa ou à casca de resina de âmbar. Há algumas infiltrações de quartzo fino, bem como de raízes e radículas (Foto 75).

AM-IR-53: Lago do Testa

Este sítio forneceu uma peça obtida de coleta superficial. Comprimento: 235 mm, Largura: 135 mm, Espessura: 135 mm, Peso: 2,513 Kg, Cor: marrom amarelada na superfície, o cerne é marrom amarelado pela percolação de argila, mas apresenta pontos esbranquiçados da massa original, Formato: irregular, Consistência: densa, superfície endurecida, o cerne é mais esponjoso semelhante à cortiça, Descrição geral: a superfície da peça é de aspecto rugoso, com algumas rachaduras, há impregnação de grânulos de quartzo, hematita e carvão, em meio a sua matriz há infiltrações de raízes e radículas. Há impregnações de fungos em alguns pontos de sua superfície (Foto 79).

290

Ocorrência TF-8

Esta ocorrência forneceu uma peça de grandes dimensões, com 1m de diâmetro em média, mas pelo seu baixo grau de conservação e a alta condição fragmentária, não foi possível recuperá-la de modo intacto, impossibilitando mensurá-la com exatidão, de modo que só se recuperaram fragmentos de diversas frações milimétricas a centimétricas. Todo o conjunto pesa 23,86 Kg (ver Prancha 14, Foto 80); Cor: superfície e cerne apresentam cor cinza esbranquiçada; Formato: irregular, Consistência: densa, em geral a matriz e a superfície apresentam-se pulverulentas, mas há porções mais endurecidas, semelhantes a torrões de terra endurecidos, sendo que o canivete risca com dificuldade as peças, Descrição: O exemplar a princípio lembra uma irregular argamassa de cal, a superfície e o cerne apresentam um aspecto semelhante a um arenito fino, devido às infiltrações de grãos finos de quartzo, há também infiltrações de alguns grânulos de hematita, raízes e radículas, mas é possível observar vênulas esbranquiçadas da massa original.

291

Amostras de Pães-de-Índio

Foto 75 a 78 – Sítio AM-IR-37: Xavier. Foto 79 – Sítio AM-IR-53: Lago do Testa. Foto 80 – Ocorrência TF-8 (vide Prancha 14).

75

76

77

78

79

80

5. DISCUSSÃO DOS DADOS

5.1. As áreas fontes do material lítico e cerâmico

Entre as litologias analisadas, podem ser associadas a Formação Alter do Chão as variedades de arenitos finos a conglomeráticos e os siltitos ferruginosos silicificados. Os níveis silicificados desta unidade são representados por lajedos de dimensões métricas, muito comuns nas margens do rio Negro, sendo também presentes em um dos sítios levantados (AM-IR-57: Cachoeira do Castanho), seriam uma das principais fontes de matéria prima utilizadas pelas populações pré-coloniais para o lascamento de artefatos, tal como é aproveitado hoje em dia na construção civil na forma de blocos ou de brita.

As lateritas utilizadas como matéria corante para pintura corporal ou na decoração de artefatos, associam-se às crostas lateríticas Eo-oligocênicas e Plio-Pleistocênicas, comumente sobrepostas à Formação Alter do Chão.

As rochas vulcânicas e as possíveis rochas metamórficas (quartzitos?) podem estar associadas às rochas do Grupo Utumã do Pré-Cambriano Superior (Projeto RADAM,1978: 33), localizadas na borda norte da Bacia do Amazonas (informação pessoal de Emílio Soares, 2003). Podem ter sido roladas por ação fluvial do rio Negro ou trazidas por intercâmbio entre populações, o que explicaria também a presença dos silexitos, visto que não se conhece na área, até o momento, alguma fonte onde esta variedade de rocha aflore.

A argila utilizada pelos grupos ceramistas da área estudada, provinha dos depósitos quaternários de planície de inundação, comuns em ambientes de várzea, atualmente são utilizados como fonte de matéria prima para a produção de cerâmica vermelha nas olarias da região.

293

5.2. Afiliações culturais–cronológicas da área de pesquisa

De acordo com o capítulo 4: Os Sítios Arqueológicos e Seus Materiais, as atividades de campo permitiram o levantamento de 18 sítios e 10 ocorrências no ambiente de terra firme ou interflúvio, e de 16 sítios e 3 ocorrências no ambiente de várzea. Ao observar a tabela no Anexo I, verificamos que na terra firme há um predomino de sítios afiliados a ocupações desconhecidas (5) e a fase Manacapuru (4), sendo os primeiros denominados como Inclassificado, visto que seu material cerâmico é muito intemperizado, não permitindo no momento uma identificação segura. Em menor freqüência há sítios associados à Sub-Tradição Guarita (3) e à fase Paredão (2) e de modo raro a ocupações pré-ceramistas (1). 4 sítios são multicomponenciais: 1 préceramista com posterior ocupação Manacapuru, 1 Manacapuru/ Guarita e 2 Paredão/ Guarita. Entre as ocorrências predomina o Inclassificado (9) e raramente uma da SubTradição Guarita (1). Por outro lado, ao analisar a situação por outro ângulo, considerando exclusivamente a presença de uma das ocupações culturais-cronológicas citadas, independente de se encontrarem em um sítio ou ocorrência, e também não levando em conta o fator de multicomponencialidade dos sítios, mas apenas somando o número de vezes que as ocupações se repetem nos sítios e ocorrências, a presença do Inclassificado é magistral na terra firme, seguido em menor freqüência, porém marcante na área, pelas ocupações Manacapuru e Guarita, sendo as demais ocupações culturais pouco representativas, e as históricas ausentes. É importante salientar que a cerâmica Inclassificado poderá vir a ter um diagnóstico mais aperfeiçoado à medida que as pesquisas se intensifiquem no ambiente de interflúvio, a despeito de se tratar de uma área mais sujeita a intempéries, acarretando na lixiviação de sítios arqueológicos e a em conseqüente presença de material cerâmico erodido. O prosseguimento de mais levantamentos poderá trazer à tona os sítios históricos por hora não encontrados ou vestígios arqueológicos até então desconhecidos.

294

Quanto ao ambiente de várzea, há um predomínio de sítios da Sub-Tradição Guarita (7) e multicomponenciais (7), e uma freqüência pequena de sítios históricos (2). Quanto às ocorrências, 2 são históricas e 1 é pré-ceramista. Os 7 sítios multicomponenciais apresentam as seguintes ocupações culturais-cronológicas: 

1 Manacapuru/Paredão/Guarita/Histórico;



1 Manacapuru/Paredão/Guarita;



2 Paredão/Guarita;



1 Paredão/Guarita/Histórico;



1 Guarita/Histórico;



1 Pré-ceramista/ inclassificado.

Novamente, conforme visto para a terra firme, ao analisar o quadro por outro ângulo, e somarmos apenas o número de vezes que as ocupações se repetem nos sítios e ocorrências, a Sub-Tradição Guarita é hegemônica no ambiente de várzea, seguida em menor freqüência, porém não menos marcante de ocupações históricas, e estas por ocupações Paredão. As ocupações pré-ceramistas, Manacapuru e Inclassificado são de baixa freqüência. O Inclassificado, neste caso, não se trata de uma cerâmica erodida, mas de um fragmento de borda de cerâmica indígena recuperado no sítio AMIR-57: Cachoeira do Castanho, (predominantemente pré-ceramista), cuja forma e decoração não se classifica no momento para as cerâmicas já estudadas na área, todavia, visto que amostragem cerâmica neste sítio foi insignificante, uma pesquisa mais aprofundada com maior amostragem cerâmica no futuro poderá mudar este quadro por hora obscuro.

A hegemonia da cerâmica Guarita pode ser corroborada através das quantificações do material cerâmico para os sítios e ocorrências levantados, conforme as tabelas no Anexo V. Para a terra firme, observamos em uma ordem crescente que 14,13% pertencem ao Inclassificado; 18,58 % à fase Paredão; 21,94% à fase Manacapuru e; 45,35% à Sub-Tradição Guarita. Para o ambiente de várzea, também em uma ordem crescente, temos 0,35% para o Inclassificado; 1,42% à Fase Manacapuru; 10,33% à fase Paredão; 18,14 % à ocupação histórica e; 69,76% à sub-tradição Guarita.

295

A presença acentuada de sítios históricos na várzea, ao contrário do ambiente de terra firme, é explicada pela presença das terras pretas associadas a ocupações précoloniais, cuja fertilidade para a instalação de roçados atrairia populações caboclas e quilombolas, as quais também dependiam dos recursos de pesca e transporte dos rios. Outro ponto a ser considerado são os ciclos econômicos extrativistas das drogas do sertão e da borracha e as fazendas conseqüentemente criadas, cujo único meio de escoamento da produção para os grandes centros comerciais, era através do transporte fluvial utilizando os principais cursos d’água da região. Assim, era necessária a presença de assentamentos ribeirinhos, cuja funcionalidade seria a de fazendas, feitorias, entrepostos comerciais, pesqueiros, ou pontos de descanso e abastecimento de embarcações. Todavia, não se descarta a possibilidade de ocorrerem sítios históricos no interflúvio, à medida que se intensifiquem as pesquisas na área.

5.3. As amostragens lito-cerâmicas e seus problemas

De acordo com a tabela do Anexo II, observamos que as coletas lito-cerâmicas apresentam um número elevado de material para os sítios e ocorrências do ambiente de terra firme, ou seja, 1466 peças cerâmicas e 3404 líticas, o que destoa do número relativamente baixo para as coletas efetuadas no ambiente de várzea: 422 peças cerâmicas e 153 líticas. Tal ambigüidade é justificada por um dos objetivos desta dissertação: considerando o fato de que se tratava de uma pesquisa de levantamento arqueológico exploratório, dentro de um ambiente de terra firme ou interflúvio, era necessário efetuar coletas exaustivas, uma vez que os materiais cerâmicos destas áreas geralmente encontravam-se erodidos dificultando sua identificação e afiliação cultural; logo, uma grande amostragem forneceria material abundante para datações por TL ou quaisquer outras análises que pudessem ser necessárias. Quanto às coleções líticas, 97,62% é procedente de sítios pré-ceramistas da terra firme (ver Anexo VI). Considerando que, durante a etapa de campo não existiam notícias quanto à existência de sítios pré-ceramistas na área do Projeto Amazônia Central, os achados inesperados dos sítios AM-IR-30 (Areal do Guedes) e AM-IR-32 (Dona Stella), exigiram uma coleta abundante de material lítico para uma caracterização prévia de sua indústria e tipologia de artefatos, visto que, são sítios pré-ceramistas a céu aberto, 296

localizados em zona de interflúvio, o que é raro na Amazônia em geral.

Assim, as coletas efetuadas no ambiente de várzea foram muito seletivas, ao julgar pela abundante quantidade de material cerâmico, lítico e orgânico presentes nas áreas de terra preta, e também pelo fato de que o quadro arqueológico do ambiente de várzea da Amazônia Central, ser relativamente mais enriquecido de dados de pesquisa em relação à terra firme, considerando o montante de pesquisas já efetuadas na região desde os trabalhos de Hilbert (1968), bem como uma série de pesquisas abordadas pelo Projeto Amazônia Central em sítios já levantados na várzea, entre os quais destacam-se os sítios Açutuba, Osvaldo, Hatahara e Lago grande.

5.4. Considerações Quanto à Análise lítica

Baseando-se na quantificação do material lítico analisado de acordo com os sítios e ocorrências arqueológicas nos ambientes de várzea e de terra firme, observamos a partir das tabelas do Anexo VI que para a terra firme há um predomínio do lítico préceramista representando 97,62%, seguindo uma ordem decrescente de 1,23% para o lítico da subtradição Guarita; 0,35% para a fase Manacapuru; 0,33% para o Inclassificado; 0,26% para o mesclado e; 0,21% para a fase Paredão. É importante salientar que a denominação “inclassificado” se refere às peças líticas cuja afiliação cultural-cronológica é impossível determinar, e que “mesclado” se refere aos artefatos líticos descontextualizados em sítios multicomponenciais, não sendo possível afiliá-los a alguma das fases e ocupações culturais já conhecidas na área, de modo que uma mesma peça lítica pode ter sido reutilizada por uma ou mais ocupações que vieram a se instalar no sítio, ou deslocada e misturada de seu contexto original por atividades agrícolas modernas. Um caso importante de ser citado é o sítio AM-IR-32 (Dona Stella), o qual encontrava-se perturbado por uma lavra de areia já desativada, podendo acarretar na mistura de material lítico pré-ceramista com o da fase Manacapuru, localizado nos níveis superficiais deste sítio.

Entre as coleções líticas da várzea há um predomínio do lítico mesclado, representado por um porcentual de 44,45% devido ao fator multicomponencial dos sítios arqueológicos de terra preta localizados nos terraços ribeirinhos, onde comumente se 297

misturam duas ou mais fases cerâmicas distintas. Em uma ordem decrescente, o restante da amostragem é representada por 29,41% do lítico Guarita; 25,49% do préceramista e; 0,65% do histórico.

Quanto à questão da correlação da forma de um artefato lítico com a sua função, é possível que muitas afirmações defendidas neste trabalho venham a mudar em um futuro próximo, à medida que análises mais aprofundadas (principalmente de traceologia) sobre novas coleções líticas sejam intensificadas, conforme novos sítios encontrados venham a enriquecer os dados já existentes na área em estudo.

5.5. O Lítico Pré-Ceramista

Observando as tabelas do Anexo IV podemos tecer algumas considerações sobre o lítico pré-ceramista da área pesquisada, refinando os dados existentes para o ambiente de várzea e de terra firme conforme a tabela abaixo. Tabela V - Material Lítico Pré- Ceramista. Categoria

Tipologia

Térmico

Lasca

898

Fragmentos Atípicos

914

27,49

118

3,54

Quebra-côco

33

0,99

Triturador

14

0,42

Bigorna

19

0,57

Batedor/percutor

02

0,06

Corante

175

5,26

Lasca simples com crosta

UTILIZADO

DESCARTE

Lasca simples em forma de cunha

Várzea

%

09

acanalado).

Lascado



Bloco

Abrasador (plano, côncavo, convexo e

Bruto

Terra-Firme N°

%

27,28

2,56 01

44

39,39

34,26

73

01

2,56

01

2,56

04

10,26

01

15,38

82,06

03

Lasca preparada

446

Estilha

511

Lâmina

10

03

Núcleo esgotado

04

01

aca

04

32,73

0,45

14

56,42

01 5,12

Goiva

01

298

RETOCADO

alhador

04

Lâmina de machado

10

Raspador plano convexo

04

03

Raspador de ponta

01

Raspador de bico

01

Raspadeira lateral

12

1,08

17,94

Raspadeira de extremidade

01

Raspadeira bifacial

Polido

01

Peça bifacial em elaboração

02

Folha bifacial em elaboração

03

Lâmina de machado (fragmento)

01

01

0,03

Mão de mó Picoteado Total

Pilão

2,56 01

01

0,03

3324

100

39

100

Considerando a tipologia dos artefatos, principalmente a categoria das peças lascadas, pode se afirmar que estariam associados a populações portadoras de uma tecnologia apurada de lascamento lítico, cuja economia seria baseada em atividades de forrageio, envolvendo caça e pesca, bem como a coleta de frutos, sementes, cocos e raízes, ovos, insetos ou mesmo envolvendo técnicas de agricultura incipiente com tentativa de domesticação e manejo de algumas espécies vegetais silvestres.

O maior porcentual nas coleções analisadas é representado pelos fragmentos atípicos na categoria dos artefatos brutos, ou seja, amostras de rocha em geral, as quais não apresentam sinais de utilização ou modificação. Sua presença no contexto sítio pode ser explicada por processos sedimentológicos naturais, ou pode indicar acúmulo de matéria prima para atividades cotidianas em geral.

Entre os artefatos térmicos, representados por lascas e blocos, estes estariam associados a estruturas de fogueiras, ou teriam uma função de rochas termóforas, ou seja, com a ausência de recipientes cerâmicos, o aquecimento de água para o cozimento de alimentos, poderia ser efetuado em recipientes de madeira, couro ou cabaça, mergulhando em seu conteúdo rochas previamente aquecidas em fogueiras:

“As termóforas são pedras que apresentam um desgaste muito grande, produzido pela intensa oxidação de sua superfície. Eram submetidas a altas temperaturas no interior das fogueiras e depois colocadas dentro de recipientes de couro contendo água e os alimentos a serem cozidos. Eram substituídos amiúde por outras pedras quentes, até 299

ser atingida a cocção. Portanto, a finalidade dessas pedras é a de conduzir calor, como seu nome indica. Isso provoca aumentos súbitos e perdas rápidas de temperatura, o que lhes dá uma aparência oxidada de tons róseos e acinzentados e uma superfície áspera ao toque” (Kern, 1994: 27).

Entre os demais artefatos brutos, encontramos a tipologia dos abrasadores, cuja função seria a de desbastar, calibrar ou polir artefatos de madeira ou osso, como exemplo ponteiras e hastes de flechas, lanças, arpões e azagaias, ou de preparar pigmentos para pintura corporal ou de artefatos friccionando a superfície de rochas corantes (ex; hematita), bem numerosas nas coleções. Para a quebra e moagem de sementes, cocos, raízes e rochas corantes, utilizavam os batedores/percutores e trituradores, os quais tinham a respectiva ação de impacto e esmagamento (maceração), usando apoios na forma de bigornas ou quebra-côcos, estes últimos com depressões semi-esféricas, em alguns casos apresentando perfurações cônicas provocadas por prováveis varetas de madeira, indicando uma função de base ignífera. Para a pilagem e maceração eram utilizados também artefatos picoteados na forma de pilões, ou artefatos polidos na forma de mãos de mós.

A produção de artefatos lascados implicava em técnicas de percussão direta, indireta e bipolar, onde núcleos de rochas eram golpeados com batedores/percutores de rocha, chifre, osso ou madeira, em alguns casos utilizando uma bigorna como ponto de apoio. Entre as coleções líticas pré-cerâmicas, esta categoria envolve 82,06% da amostragem para o ambiente de várzea, e 34,26% da amostragem para o ambiente de terra firme. Respectivamente para ambas amostragens, temos os porcentuais de 56,42% e 32,73%, os quais correspondem a materiais lascados descartados em atividades de lascamento, debitagem ou retoque, são representados por lascas simples com crosta, em forma de cunha ou preparadas, estilhas, lâminas e núcleos esgotados.

Entre as lascas utilizadas, estas eram aproveitadas como facas ou goivas, as primeiras seriam utilizadas no carneamento de presas obtidas nas atividades de caça e pesca, descascamento de tubérculos, ou no preparo e corte de fibras de palmáceas, cipós e taquaras para atividades de cordaria e cestaria. Quanto às goivas estas seriam utilizadas em entalhes de madeira. Representam respectivamente 0,45% e 5,12% da amostragem para o ambiente de terra firme e de várzea. 300

Alguns artefatos eram produzidos a partir do retoque de lascas (algumas obtidas a princípio por técnica bipolar) por retoques escamados contínuos, representam respectivamente entre os artefatos pré-ceramicos líticos, 1,08% e 17,94% da amostragem para o ambiente de terra firme e de várzea. São representados por talhadores e lâminas de machados, cuja função seria a de cortar e fender lenha, escavar tubérculos e raízes, bem como destrinchar a carcaça de animais abatidos na caça; outra tipologia de artefatos envolve uma variedade de raspadores (planoconvexo, de bico, etc...) e raspadeiras (bifaciais, de extremidade, etc...), os quais seriam utilizados como plainas ou rabotes em trabalhos de madeira (preparo de hastes de arpões, lanças, azagaias, bordunas, etc...), ou no preparo de peles de animais abatidos. Ocorrem também artefatos em processo de elaboração classificados como peças bifaciais, incluindo prováveis folhas, as quais seriam utilizadas como pontas de projéteis.

Um dos artefatos polidos, recuperado no sítio AM-IR-32 (Dona Stella), é representado por um fragmento do gume de uma lâmina de machado, podendo ser uma intrusão de material lítico da fase Manacapuru entre as coleções pré-ceramistas, considerando o fato de que o sítio foi perturbado por lavra de areia. Por outro lado, o uso de lâminas de machado polido não é exclusividade entre grupos ceramistas na arqueologia brasileira, conforme exemplos existentes em sítios da Tradição Umbu do Rio Grande do Sul (Dias, 1994: 124-125), e também no Sítio do Meio, em São Raimundo Nonato, Piauí, onde a arqueóloga Niéde Guidon recuperou uma lâmina de diorito polido com encabamento central de 9200±60 anos AP (Martim, 1999: 100-102).

5.6. O Lítico Manacapuru

O lítico da fase Manacapuru foi identificado apenas em dois sítios da terra firme (AMIR-33: Mafaldo e AM-IR-39: São José), conforme observado na tabela do Anexo IV e VI. Era considerado pertencer a esta ocupação quando se encontrava no mesmo contexto de um sítio exclusivamente representado por material cerâmico desta fase. Refinando os dados sobre este material lítico podemos estabelecer algumas considerações, conforme a tabela abaixo: 301

Tabela VI - Material Lítico Manacapuru. Categoria

Tipologia

Térmico

Bruto

Lascado

Terra firme N°

%

Lasca

1

8,33

Abrasador plano

1

Quebra-côco

1

Fragmento atípico

1

Lasca simples com crosta

1

Lasca preparada

3

Estilha

3

Goiva

1

Total

12

24,99

58,35

66,68

8,33 100

O sítio Mafaldo apresentou exclusivamente uma lasca térmica, representando 8,33% da amostragem lítica desta fase. Por outro lado, o sítio São José apresentou um material mais variado, representado por 66,68% de artefatos e 24,99% de artefatos brutos; entre os lascados, 58,35% são materiais de descarte de atividades de lascamento, debitagem ou retoque, representados por lascas preparadas (3) ou simples com crosta (1) e estilhas (3); os 8,33% restantes são representados por uma goiva (1) a qual poderia ter sido utilizada para trabalhos de entalhes em madeiras, provavelmente era encastoado em um cabo de madeira ou osso. Entre os artefatos brutos, encontramos 1 fragmento atípico (matéria prima para confecção de artefatos?), 1 abrasador plano (certamente utilizado para desbastar e polir artefatos líticos, de madeira, osso ou concha) e 1 quebra côco, utilizado para romper cocos ou castanhas componentes de sua dieta.

5.7. O Lítico Paredão

O lítico Paredão também só foi constatado em sítios no ambiente da terra firme, quando pôde ser associado ao mesmo contexto do material cerâmico desta fase. Foi identificado nos sítios AM-IR-36: Mateus e AM-MA-06: Tokihiro, sendo exclusivamente representados por artefatos brutos, de acordo com os dados das tabelas no anexo IV e VI refinados na tabela abaixo:

302

Tabela VII - Material Lítico Paredão. Terra firme Categoria

Tipologia



%

Abrasador plano

1

Quebra-côco

1

Corante

1

Fragmentos atípicos

4

56,16

7

100

Bruto

Total

42,84

56,16 % são fragmentos atípicos (matéria prima para confecção de artefatos?) e 42,84% são representados por 1 corante (utilizado em pinturas corporais ou de artefatos), 1 abrasador plano (certamente utilizado para desbastar e polir artefatos líticos, de madeira, osso ou concha) e 1 quebra-côco utilizado para romper cocos ou castanhas componentes de sua dieta.

5.8. O Lítico Guarita

Observando as tabelas dos anexos IV e VI, os sítios Guarita e suas coleções líticas possuem uma freqüência, tanto em ambiente de várzea como no de terra firme. Refinando os dados líticos, estes se resumem na tabela abaixo, da qual as seguintes considerações podem ser tecidas: Tabela VIII - Material Lítico Guarita Categoria

Terra-Firme

Tipologia N°

Térmico

Bloco

1

Lasca

5

Abrasadores ( plano, côncavo, convexo,

Lascado



%

14,28

5

11,91

Alisador de cerâmica

1

2,38

Quebra-côco

1

2,38

Corante

2

4,77

9

20,00

Fragmentos atípicos

10

23,80

12

26,67

14

33,33

13

28,29

2

4,77

1

2,22

acanalado) Bruto

%

Várzea

Refugo de lascamento (lascas , lâminas e estilhas) Faca

7

15,56

45,24

38,10

62,23

35,55

303

Picoteado Polido

Raspador de escotadura

1

2,22

Talhador

1

2,22

Pilão

1

2,38

Lâmina de machado

Total

42

100

1

2,22

45

100

Entre os artefatos líticos da terra firme, 14.28% são artefatos térmicos representados por lascas (5) e blocos (1) certamente associados a estruturas de fogueiras. Por outro lado, esta categoria de artefato não foi observada no ambiente de várzea.

45.24% são artefatos brutos, destes, 23.80% são fragmentos atípicos (matéria prima coletada para confecção de artefatos?); 11.91% são abrasadores (utilizados para desbastar e polir artefatos líticos, de madeira, osso ou concha; os de tipo acanalado serviriam para polir peças de seção cilíndrica, como hastes de flecha, por exemplo); 2.38% são representados por 1 alisador de cerâmica; 2.38% por 1 quebra-côco (utilizado para o rompimento de cocos e castanhas) e 4,77% por 2 corantes (utilizados em pintura corporal ou de artefatos).

38,10% são artefatos lascados, de modo que 33.33% são materiais de refugo de atividades de debitagem, lascamento ou retoque (14); 4.77% são representados por lascas que foram utilizadas como facas (2). 2,38% restante da coleção lítica da terra firme é um artefato picoteado, representado por 1 pilão, cuja função seria a pilagem de sementes, corantes ou de antiplásticos para cerâmica.

Entre os artefatos líticos do ambiente de várzea, 62.23% são artefatos brutos, destes, 26.67% são fragmentos atípicos, 15.56% são abrasadores (7) e 20.00% são corantes (9). 35.55% são artefatos lascados, destes, 28.29% são materiais de refugo de atividade de lascamento, debitagem e retoque (13) e 4,44% são lascas utilizadas como faca (1) e raspador de escotadura (1): o primeiro utilizado para carnear presas das atividades de caça e pesca, descascamento de tubérculos, ou no preparo e corte de fibras de palmáceas, cipós e taquaras para atividades de cordaria e cestaria; o segundo para a raspagem da superfície de peças de seção cilíndrica, ex: hastes de arcos, lanças, arpões, bordunas, remos, etc. 2.22% é uma lasca modificada por retoque, representada por um talhador (1), cuja função seria a de fender e cortar lenha 304

ou destrinchar a carcaça de animais abatidos na caça.

2.22% são representados por uma lâmina de machado polido (1), obtida pela modificação de um núcleo através de lascamento, picoteamento e polimento, cuja função seria a de cortar e fender lenha, escavar tubérculos e raízes nas atividades agrícolas ou de coleta, bem como destrinchar a carcaça de animais abatidos.

5.9. O Lítico Histórico

O lítico histórico é representado por apenas uma peça lítica bruta (abrasador convexo) recuperado no sítio AM-IR-48: Lago Feliciano (ver Anexos IV e VI), o qual poderia ter sido utilizada para amolar ferramentas de corte metálicas ou mesmo alisar cerâmica.

5.10. O Lítico Mesclado

O lítico mesclado corresponde aos artefatos líticos descontextualizados ocorrentes em sítios multicomponenciais, onde ocorriam as ocupações cerâmicas Manacapuru, Paredão, Guarita e histórica. Refinando os dados já existentes para as tabelas nos anexos IV e VI, os dados líticos se resumem no quadro abaixo: Tabela IX - Material Lítico Mesclado. Categoria Térmico

Terra-Firme

Tipologia Lasca Abrasador (plano, côncavo, convexo,



%



%

2

22,22

7

10,30

19

27,94

7

10,30

3

4,41

2

2,94

Triturador

1

1,47

Corante

3

4,41

Fragmento atípico

17

25

acanalado, de escotadura/grosa)

3

33,34

Alisador de cerâmica

Bruto

Várzea

Bigorna

1

11,11

Quebra-côco

1

11,11

Batedor/percutor

1

11,11

66,68

76,47

305

Refugo de lascamento (lascas , lâminas

3

4,41

Artefato em elaboração (talhador ?)

1

1,47

Goiva

1

1,47

Raspador de escotadura

2

2,94

Lâmina de machado

2

2,94

68

100%

e estilhas) Lascado

Polido Total

1

9

11,11

100%

10,29

Entre os artefatos líticos da terra firme, 22.22% são artefatos térmicos representados por lascas (2) certamente associados a estruturas de fogueiras.

66.68% são artefatos brutos, destes, 33.34% são abrasadores (utilizados para desbastar e polir artefatos líticos, de madeira, osso ou concha); 11.11% são representados por 1 quebra-côco (utilizado para o rompimento de cocos e castanhas) e 22.22 % por 1 bigorna e 1 batedor/percutor, o primeiro serviria como base de apoio para lascamento bipolar de artefatos líticos ou rompimento de cocos e castanhas, sendo o segundo, o instrumento ativo desta função, o qual poderia também ser utilizado para a percussão direta.

11,11% são artefatos lascados, representados por materiais de refugo de atividades de debitagem, lascamento ou retoque (1).

Entre os artefatos líticos do ambiente de várzea, 10.30% são artefatos térmicos representados por lascas (7) certamente associados a estruturas de fogueiras. 76.47% são artefatos brutos, destes, 25% são fragmentos atípicos (17), 27.94% são abrasadores (19), 10.30% são alisadores de cerâmica (7), 4.41% são bigornas (3), 2.94% são quebra-côcos (2), 1.47% é representado por 1 triturador, 4.41% são corantes (3). 10.29% são artefatos lascados, destes, 4.41% são materiais de refugo de atividade de lascamento, debitagem e retoque (3) e 4.41% são lascas utilizadas como goiva (1) e raspadores de escotadura (2): a primeira seria utilizada para entalhes em madeiras, e as restantes para a raspagem da superfície de peças de seção cilíndrica, ex: hastes de arcos, lanças, arpões, bordunas, remos, etc. 1.47% é uma lasca modificada por retoque, representada por um artefato em elaboração, possivelmente um talhador (1), cuja função seria a de fender e cortar lenha ou destrinchar a carcaça de animais abatidos na caça. 306

2.94% são representados por lâminas de machado polido (2 fragmentos), obtida pela modificação de um núcleo através de lascamento, picoteamento e polimento, cuja função seria a de cortar e fender lenha, escavar tubérculos e raízes nas atividades agrícolas ou de coleta, bem como destrinchar a carcaça de animais abatidos em atividades de caça.

5.11. O Lítico Inclassificado

O lítico inclassificado ocorreu em ambiente de terra firme, associado a uma cerâmica erodida não identificada. A partir das tabelas dos anexos IV e VI, os dados foram refinados, resumidos na tabela abaixo: Tabela X - Material Lítico Inclassificado. Categoria

Terra-Firme

Tipologia N°

Térmico

Bruto

%

Lasca

6

0,18

Bloco

2

0,06

Abrasador convexo

1

0,03

Quebra-côco

1

0,03

Triturador

1

0,03

Total

11

72,72

27,28

100

72,72% da amostragem lítica são representados por lascas (6) e blocos (2), certamente mais associadas a estruturas de fogueiras, visto que recipientes cerâmicos já estariam sendo usados para a cocção de alimentos ao invés do uso de pedras termóforas. Os 27,28% restantes da amostragem são representados por artefatos brutos: 1 abrasador convexo (certamente utilizado para desbastar e polir artefatos líticos, de madeira, osso ou concha), 1 quebra côco (utilizado para romper cocos ou castanhas), e 1 triturador, o qual seria utilizado para macerar sementes, corantes ou antiplásticos para o preparo de pasta cerâmica.

307

5.12. Discussões das Análises Cerâmicas

5.12.1. A Cerâmica Manacapuru

De acordo com a tabela do anexo III, a amostragem cerâmica da fase Manacapuru conta com as seguintes porcentagens entre as tipologias cerâmicas recuperadas nos sítios de terra firme: 11.52% correspondem a bordas, 3.34% a bases, 5.94% a paredes decoradas, 0.75% a apliques e 0.37% a alças. Por outro lado, entre as tipologias recuperadas nos sítios de várzea contamos com 0.36% correspondentes a bordas; 0.36 % a paredes decoradas e 0.71% a apliques.

Baseando-se nas análises cerâmicas e nos histogramas estatísticos presentes no anexo IX, é possível estabelecer as seguintes considerações sobre a cerâmica Manacapuru de acordo com o ambiente de terra firme e de várzea.

5.12.1.1. A Cerâmica Manacapuru no Ambiente de Terra Firme

Natureza das Peças: 

Borda: 31



Base: 9



Parede decorada: 16 (1 inflexão).



Alça: 1



Apêndice: 2

Forma: 

Assador: 3



Vaso :25



Tigela :9



Prato: 1



Desconhecido :21

Medidas: Baseando-se nos histogramas de freqüência do anexo IX, as dimensões da cerâmica Manacapuru entre os sítios de terra firme resumem-se nas seguintes tabelas: 308

Tabela XI - Dimensões de Bordas da Cerâmica Manacapuru no Ambiente de Terra Firme. Espessura dos

BORDAS

Espessura (mm)

Dimensão Máxima (mm)

Mínima

3,09

24,62

3,89

161,54

Máxima

180,00

167,69

20,93

442,30

Média

6,66

56,92

6,66

200,00

Moda

5,00

36,92

4,07

160,71

Lábios (mm)

Diâmetro (mm)

Tabela XII - Dimensões de Paredes da Cerâmica Manacapuru no Ambiente de Terra Firme. PAREDES

Espessura (mm)

Mínima

4,42

Máxima

Dimensão

Dimensão

BASES

Espessura (mm)

12,00

Mínima

7,00

30,00

10,00

83,33

Máxima

13,00

86,15

Média

7,92

14,50

Média

8,66

32,85

Moda

9,00

14,50

Moda

9,00

AMODAL

Máxima (mm)

Máxima (mm)

Pasta-Antiplástico: Há o predomínio do quartzo (50), cauixi (8), e bolas de argila (1). Ocorrem de modo freqüente, mas não predominantes, o caco moído, cauixi, hematita, quartzo e bola de argila. O cariapé e o cariapé B ocorreram em poucos cacos. Como traços ocorreu o carvão, a mica e a granada.

Técnica de manufatura: roletado (56) e modelado (3).

Superfície: 

18 exemplares erodidos ou não alisados nas duas faces (1 com marca de folha na face externa);



35 com alisamento nas duas faces: 6 com polimento, destes, 3 com enegrecimento (2 com fuligem), e 1 com brunidura. Ocorreram também 1 com brunidura e 8 com enegrecimento (1 com fuligem);



1 com alisamento externo e superfície interna erodida ou não alisada;



5 com alisamento interno e a superfície externa erodida ou não alisada, sendo 2 com alisamento e enegrecimento interno (1 com polimento associado).

309

Pasta-Queima: oxidante (11), redutora (14), oxidante externa/ redutora interna (20), redutora externa/ oxidante interna (2), queima “sanduíche” (ox-red-ox) (12).

Formas: Baseando-se nos fragmentos de bordas, 70.97% correspondem a vasos, com bordas dos tipos direta (4), expandida (5), reforçada externamente (4), reforçada internamente (2), vertical (1), extrovertida (4) e inclinada internamente (2), sendo os lábios

do tipo arredondado (14), plano (3), erodido (2) e apontado (3). 25.81%

correspondem a tigelas com bordas do tipo direta (5), expandida (1) e extrovertida (2), cujos lábios são do tipo arredondado (4) e apontado (4). 3.22% corresponde a uma borda inclinada externamente (1) com o lábio arredondado (1) cuja forma pertence a um prato. Entre os fragmentos de base, 1 é de forma arredondada e 8 de forma plana.

Decoração: A decoração plástica observada na cerâmica Manacapuru dos sítios de terra firme engloba a técnica acanalada (2) com motivos de faixas nos flanges labiais; a incisa (9) na face externa, em geral no motivo de linhas paralelas, 5 com enegrecimento, como técnica associada há a acanalada(1) e o engobo branco (1); a ponteada (6) em lábios de borda, no motivo de linhas geométricas ou paralelas (fileiras duplas de pontos) ou de pontos difusos, com técnica associada do engobo branco na face interna e engobo vermelho na face externa (1); marcada com corda (1) na face externa e no lábio, com técnica associada ponteada na face externa; Ungulada (1) na face externa associada com enegrecimento formando motivos de marcas dispostas de modo difuso. As decorações plásticas construtivas limitam-se à técnica aplicada (1) representada por um filete de argila aplicado à face externa com motivo abstrato, a nodulada (1) por uma pequena bola de argila repuxada da superfície na face externa, e também por apliques biomorfos (1) de forma mamelonar ou zoomorfa. A decoração envolvendo técnicas de pintura envolve o engobo (2) vermelho claro e escuro na face externa e o pintado (2) envolvendo o vermelho escuro em bordas externas, e o preto na face interna, com o engobo branco na face externa.

310

5.12.1.2. A Cerâmica Manacapuru no Ambiente de Várzea

A amostragem de cerâmica Manacapuru nos sítios de várzea foi muito pequena (4 fragmentos, visto que o objetivo principal desta pesquisa era o levantamento arqueológico da terra firme), de modo que seria impraticável a elaboração de histogramas de freqüência e cálculos estatísticos, porém , a nível de comparação os dados obtidos fornecem as seguintes informações:

Natureza das Peças: 

Borda: 1



Parede decorada: 1



Apêndice: 2

Forma: 

Tigela :1



Decoração: 3

Medidas: 

Espessura das peças: 9-29 mm.



Espessura do lábio: 11 mm.



Dimensão máxima das peças: 50-92 mm.



Diâmetro da borda: 28 cm.

Pasta-Antiplástico: Quartzo predominante (4). O cauixi, caco moído, cariapé B, bola de argila e hematita são freqüentes, mas não predominantes. A mica ocorre na forma de traços.

Técnica de manufatura: roletado (2), modelado (2).

Superfície: Apresentam alisamento em ambas faces.

Pasta-Queima: Queima oxidante (3), queima “sanduíche” (ox-red-ox): (1).

311

Formas: Baseando-se no único fragmento de borda, este corresponde a uma tigela de borda direta e com lábio arredondado.

Decoração: A decoração plástica observada na cerâmica Manacapuru dos sítios de várzea engloba a técnica incisa (2) na face externa e/ou interna, no motivo de linhas espiraladas ou geométricas, esta última representando a carapaça estilizada de um quelônio, podem ocorrer como técnica associada o acanalado ou o engobo vermelho. As decorações plásticas construtivas limitam-se a apliques biomorfos modelados (1) na forma de cabeças de quirópteros ou quelônios, ocorrendo decorações incisas espiraladas associadas.

5.13. Pão de Índio: Fungo ou Ecofato?

Entre os diversos temas conhecidos da arqueologia amazônica, um dos mais curiosos e que mais fomentaram especulações é o “pão-de-índio”. Alguns exemplares ocorreram em alguns sítios e ocorrências estudados na área de pesquisa (sítios Xavier, Lago do Testa e a ocorrência TF-8). A tradição popular os atribuem a antigos indígenas que o preparavam na forma de uma massa de mandioca e/ou milho e o enterravam como reserva alimentícia, sendo também conhecido como “beijú-de-índio” em diversas áreas da Amazônia; portanto, sob esta ótica, poderia ser englobado em uma categoria de restos arqueológicos denominados “ecofatos”, conforme o conceito ecológico de Grahame Clark:

“...there is a whole categori of nonartifactual organic and environmental remainssometimes called “ecofacts”- that can be equally revealing about many aspects of past human activity.” (Renfrew & Bahn, 1991: 41).

Por outro lado a Botânica o reconhece como um fungo. Araújo e Sousa (1978: 316318) informam em uma nota prévia, detalhes interessantes a respeito desses “pães”, a princípio o consideram como uma variedade de fungo denominado “milita” (grande esclerócio), de forma tuberosa, pesado, e comestível, visto que contém muito material de reserva, predominando polissacarídeos. A sua massa compacta é constituída por hifas, conferindo um aspecto vítreo, opaco, muito duro quando seca, mucilaginosa em 312

KOH e, variegada de cores.

As ilustrações contidas no artigo são muito semelhantes com o material recolhido em campo em 2001, e o fato de ser um fungo comestível, que se desenvolve no subsolo, tal como as trufas na Europa, explica os relatos populares registrados por mim quando diziam que era possível “comer o pão enterrado pelos índios antigamente”. Um pormenor curioso informado pelo proprietário do sítio Xavier, é que o pão localizado próximo à rodovia de Iranduba, teria sido consumido por seus familiares na ocasião da descoberta. Informações semelhantes são comuns entre os moradores de Iranduba: é possível comer esses pães removendo a crosta ressequida, e cozinhando o miolo em água fervente por algum tempo até a massa ficar macia e pronta para o consumo.

Ao visitar uma propriedade nos arredores de Iranduba durante a etapa de campo, recebi a informação de um idoso sitiante, o qual trabalhara como operário nos anos 60 escavando as fundações da refinaria da Petrobrás na Ilha de Marapatá, próximo à Manaus; trata-se do sítio Refinaria, estudado por Hilbert (1968). O sitiante dizia que era comum encontrar enterradas “imensas bolas de massa de mandioca”, além de farto material cerâmico.

Monteiro (2001:33-35) denomina o pão de índio como miapê (pão de guerra), descreve-o como fabricado da massa de mandioca misturada com massa de milho, era colocado em um iapuna (forno) ou biaribá (forno escavado no chão, cujo produto a ser assado é coberto com terra, sendo uma fogueira preparada por cima) sendo depois embrulhado com folhas e enterrado como reserva para os dias ruins, podendo também ser utilizado como farinha quando dissolvido em água. Seria encontrado em locais onde se presumia existir aldeias ou cemitérios indígenas, pois era colocado como oferenda funerária ao lado dos mortos. O autor cita também um trecho interessante da obra de Alcântara Machado, onde há uma descrição das crônicas de Rocha Pita em Vida e Morte do Bandeirante: “Para o sustento, canudos ou cabaças de sal e pães de farinha de guerra (...). Cozem-na de forma a tornar-se compacta, e envolvem-na em folhas” (Fig. 137).

313

Quanto aos relatos etnográficos indígenas, pessoalmente conheço dois casos. O primeiro ocorreu na ocasião de uma visita ao município de Pimenta Bueno, Rondônia, em Março de 1997, onde recebi do Sr. Roque Simão, colaborador do Conselho Indígena Missionário (CIMI), informações de que os índios Sakurabiát (também conhecidos por Mekén, de tronco e família lingüísticos Tupi-Tupari) da área do rio Mequéns, afluente do rio Guaporé, com os quais trabalhava, ainda mantinham o costume do fabrico e enterramento de pães em áreas estratégicas de seus territórios de caça. Esse pão, denominado Kirã, era feito de uma massa de mandioca e milho mesclados, depois uma resina impermeabilizante era aplicada em sua superfície, e então enterrado. O Sr. Roque informou também, que ao escavar e comer um desses pães, já ressequido, em companhia dos Sakurabiát, um deles lhe dizia: “Quem fez este pão não está mais vivo”.

O segundo caso registrei em 16-12-03 a partir do relato do Sr. Leôncio Miguel de Lima (76 anos, o Ariúka [o raio]), pajé da etnia Apurinã (Aruák), aldeia Camapã, município de Boca do Acre-AM. Em períodos de festas, grandes quantidades de alimentos são acumuladas na maloca para agraciar aos convidados das aldeias vizinhas, um desses é o Kumêri ou “beijú de bola”, que é preparado na forma de bolas por quatro moças virgens a partir da mandioca ralada, cuja consistência fica dura como madeira (nesta hora o pajé batia com o nó dos dedos contra um banco, para ser enfático quanto à dureza do material: “fica duro como isso, ó!”); em seguida, as moças levam-nas para o mato, onde uma pequena cova é escavada, as bolas são ali depositadas sem que encostem nas paredes da cova, no final cobre-se tudo com folha. Toda vez que precisar ser consumido em um, dois ou mais anos, recolhe-se o Kumêri, o qual é descascado e cortado na forma da fatias, sendo posto para aquecer antes de ser consumido. O pajé Leôncio também me informou que possui em sua casa Kumêris os quais foram enterrados por sua bisavó quando ainda era “mocinha”.

Além deste relato, acrescentei uma ilustração retirada de Favarato e Trevisiol (1993: 174), onde se observa uma mulher da etnia witoto preparando massas de pasta de mandioca ralada, cujas formas muito se assemelham aos “pães-de-índio” (Foto 81).

314

81

137

Foto 81 – Mulher da etnia Witoto preparando massas de pasta de mandioca ralada, cujos formatos muito se assemelham aos Pães-de-Índio. Fonte: Favarato e Trevisiol (1993: 174). Figura 137 – O pão de guerra (miapê) entaniçado para ser enterrado, segundo Monteiro (2001).

Kirch (1991:128, 135) informa que entre as populações indígenas das Ilhas Marquesas (Oceania) a armazenagem da pasta de fruta-pão (Ma) preservada por fermentação semi-anaeróbica, era um componente-chave das atividades de subsistência. Os silos de armazenagem consistiam de buracos subterrâneos situados em plataformas de habitação, eram relativamente menores em relação aos grandes silos comunitários, situados em posições defensivas nos interiores dos vales ou em topos de fortificações. Essas armazenagens não só serviriam como reserva de amido nos períodos de seca e escassez, como poderiam ser usadas para fins políticos pelos chefes locais em períodos de festas competitivas, como um componente de intensificação econômica.

Observando os modelos etnográficos descritos e somando-os aos exemplares recolhidos, torna-se tentador sugerir a existência de sítios com função de um depósito alimentar estratégico, visto que nenhum outro tipo de indício arqueológico associado foi encontrado, como fragmentos cerâmicos, artefatos líticos, lixeiras ou fogueiras, de modo que pudesse indicar um sítio de habitação. Assim, no presente momento, a idéia de um depósito alimentar estratégico é mera especulação, visto que o sítio não foi prospectado exaustivamente, podendo este revelar em futura etapa de pesquisa uma associação desses pães com estruturas de habitação ou de silos de armazenagem dentro do espaço de uma aldeia.

A questão fungo versus ecofato merece alguma reflexões antes de ser considerada encerrada. Os exemplares encontrados por mim não se associavam a alguma estrutura de armazenagem, sendo encontrados de forma relativamente isolada (exceto o pão recolhido no sítio AM-IR-53: Lago do Testa, associado a fragmentos de cerâmica e lascas superficiais), isto me faz a explicação botânica me parecer mais plausível, uma vez que a amostra enviada a Dra. Dolores Piperno em 2001, no Smithsonian Tropical Research Institute, República do Panamá, não revelou nenhum traço de mandioca, milho, ou de qualquer outro cultígeno. Outra forma de análise seria o preparo de lâminas delgadas para análise microscópica, com o objetivo de se detectar estruturas características de fungos (hifas, por exemplo, não serão estas o que interpretei como “vênulas da massa de mandioca original” na análise descritiva?). Em todo caso, o pão A, recolhido no sítio AM-IR-37: Xavier, demonstra uma forma artificial de três massas emendadas, bem como um exemplar que tive a oportunidade de observar nas coleções do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas, de forma regular bem ovalada, com 316

uma superfície enegrecida, tal como se fosse defumada, sendo o cerne de textura granulosa e cor amarelada, semelhante ao miolo de um bolo de fubá.

Os relatos etnográficos devem ser testados e registrados cuidadosamente, ao serem cruzados com os dados botânicos, me fazem pensar em diversas especulações: 

O “pão-de-índio” é apenas um fungo e sua associação com fabrico e armazenagem de alimento indígena é lenda. Sua presença nos sítios arqueológicos, superficial ou enterrada ocorre por causas naturais, conforme as condições do meio permitam seu desenvolvimento.



Há o “pão-de-índio” que é fungo, como há o “pão-de-índio” que é produzido pelos indígenas. É preciso estabelecer critérios para diferenciá-los.



Os fungos não poderiam ter se desenvolvido sobre pães realmente enterrados por índios, e gradativamente foram se infiltrando através dos poros e interstícios de sua matriz original?



A presença desses pães em sítios arqueológicos pode indicar alguma forma de coleta de fungos comestíveis, caso associem-se a alguma estrutura de enterramento ou armazenagem, tal como os trobriandeses o faziam com seus tubérculos de inhame (Malinowski, 1978: 399-400), armazenando-os em grandes quantidades em silos; ou como os Chultuns, ou silos de armazenagem subterrâneos escavados na rocha, comuns em sítios do Período Clássico Maia (Puleston, 1977)?



Os relatos etnográficos podem ser uma forma de narrativa onde o índio dentro de seu universo cultural, estabelece uma explicação para a origem desse fungo, como se fosse uma herança deixada por seus ancestrais para prover seu sustento. Um traço curioso e em comum nos relatos, é que o pão sempre está “enterrado no mato”, nunca há menção (pelo menos que eu conheça) de estar enterrado em algum espaço da aldeia ou mesmo da casa, o que leva a crer que seja mais um produto de coleta, tal como fazem os Suruí em Rondônia (Mindlin, 1985) quando procuram e escavam pelas matas a procura de tubérculos do Cará (Dioscorea spp.).

317

Por fim, uma tarefa interessante seria testar in loco o fabrico desses pães entre um ou mais grupos indígenas da Amazônia, registrando passo a passo o processo de fabricação, se realmente existir, e também o de armazenagem por enterramento, procurando descobrir dentro de uma atividade de arqueologia experimental, por quanto tempo uma massa a base de carboidrato pode durar no solo de floresta tropical, cujo calor e umidade impede a preservação de matéria orgânica por longo período, ou se há algum processo empregado pelo índio que impeça sua deterioração.

5.14. O sítio AM-IR-41: Carneiro, um caso de assimilação cultural?

O sítio AM-IR-41: Carneiro ocupa uma pequena área de topo plano de morro, sua profundidade é rasa e revelou a presença de uma estrutura de habitação conservada (trincheiras I e II) , ao julgar pela presença de fragmentos de cerâmica articulados entre si, fornecendo recipientes quase completos, os quais espalhavam-se sobre um piso com grande presença de carvões e cinzas, e também associavam a uma estrutura de combustão, dentro da qual foram encontrada fragmentos calcinados de casca de cariapé. Em uma abordagem futura há a vantagem de ser efetuada uma análise intrasítio em tempo relativamente reduzido, devido a sua pequena extensão e profundidade, assim como pelo seu grau de conservação.

Após a triagem do material cerâmico, 38 fragmentos foram analisados, sendo 21 pertencentes à Sub-Tradição Guarita (Hilbert, 1968; Simões, 1974; Simões e Kalkmann, 1987; Heckemberger et al, 1998, 1999; Neves, 2000) e, 17 a Fase Paredão (Hilbert, 1968; Simões, 1974; Donatti, 2003); a primeira revelou formas pertencentes a vasos e tigelas, enquanto a segunda a vasos, tigelas, pratos e assadores.

Sítios multicomponenciais não são nenhuma novidade na área pesquisada, mas um detalhe curioso observado com a cerâmica procedente da trincheira I, é que, restos pertencentes a um assador, situado no centro do piso escavado, pertence à Fase Paredão, enquanto todas as demais cerâmicas associadas são da Sub-Tradição Guarita. Isto sugere duas hipóteses: a primeira é que o sítio é de ocupação Guarita e seus habitantes, também estariam utilizando a cerâmica de seus vizinhos Paredão, certamente obtidas por trocas a partir do momento em que ambos grupos entraram em 318

contato; a segunda hipótese, é que o sítio seria de ocupação Paredão, mas já em um processo de assimilação por parte da Sub-Tradição Guarita (provavelmente provocado por uma expansão populacional), e uma vez sobrepujados adotaram a cerâmica da ocupação dominante, mantendo poucos exemplares produzidos por sua tecnologia cerâmica original.

Ambas hipóteses podem ser corroboradas, caso as datações radiométricas, obtidas a partir dos carvões recolhidos no piso de ocupação da trincheira I atingir o século X AD, data teoricamente aceita para o fim da fase Paredão e o início da fase Guarita. Caso as datas obtidas sejam mais tardias, a presença de um assador Paredão mais antigo entre uma assembléia cerâmica mais recente, pode ser explicado como reutilização de uma peça utilitária mais antiga, ou então a ocupação Guarita passou a adotar e manter as formas dos assadores Paredão.

5.15. A Cerâmica Paredão

De acordo com a tabela do anexo III, a amostragem cerâmica da fase Paredão conta com as seguintes porcentagens entre as tipologias cerâmicas recuperadas nos sítios de terra firme: 6.70% correspondem a bordas, 7.07% a bases, 4.09% a paredes decoradas, 0.75% a apliques e 0.37% a artefatos específicos. Por outro lado, entre as tipologias recuperadas nos sítios de várzea contamos com 4.62% correspondentes a bordas; 1.42% a bases; 0.71 % a paredes decoradas; 2.13% a apliques; 0.36% a artefatos específicos e; 1.06% a alças.

Baseando-se nas análises cerâmicas e nos histogramas estatísticos presentes no anexo IX, é possível estabelecer as seguintes considerações sobre a cerâmica Paredão de acordo com os ambientes de terra firme e de várzea.

319

5.15.1. A Cerâmica Paredão no Ambiente de Terra Firme

Natureza das Peças: 

Borda: 18



Base: 19



Parede decorada: 11



Apêndice: 1



Artefato específico: 1

Forma: 

Assador: 12



Vaso: 13



Tigela: 3



Prato: 3



Artefato específico (abrasador acanalado): 1



Desconhecido: 18

Medidas: Baseando-se nos histogramas de freqüência do anexo IX, as dimensões da cerâmica Paredão entre os sítios de terra firme resumem-se nas seguintes tabelas: Tabela XIII - Dimensões de Bordas da Cerâmica Paredão no Ambiente de Terra Firme. Dimensão Máxima

Espessura dos

(mm)

Lábios (mm)

4,94

25,00

2,96

117,86

Máxima

14,94

340,61

20,00

460,71

Média

8,71

37,50

7,03

239,29

Moda

6,00

31,25

7,03

239,29

BORDAS

Espessura (mm)

Mínima

Diâmetro (mm)

Tabela XIV - Dimensões de Paredes da Cerâmica Paredão no Ambiente de Terra Firme. PAREDES

Espessura (mm)

Mínima

4,00

Máxima

Dimensão

Dimensão

BASES

Espessura (mm)

20,00

Mínima

6,00

31,03

12,00

55,00

Máxima

33,00

84,48

Média

6,33

7,71

Média

13,00

193,10

Moda

7,00

AMODAL

Moda

15,00

AMODAL

Máxima (mm)

Máxima (mm)

320

Pasta-Antiplástico: Predomina o quartzo (49) e o cariapé (1). De modo freqüente, mas não predominante ocorre o cauixi; cariapé; cariapé B, caco moído, argila e a hematita. A mica e o carvão ocorrem na forma de traços.

Técnica de manufatura: roletado (49) e modelado (1).

Superfície: 29 fragmentos com alisamento em ambas faces (2 com enegrecimento , 3 com fuligem, 4 com polimento), 3 na face externa, 8 na face interna (5 com marca de folha na face externa, 1 com enegrecimento, 1 com polimento), 10 com ambas faces não alisadas ou erodidas.

Pasta-Queima: oxidante (11); redutora (4); oxidante externa e redutora interna (6); redutora externa e oxidante interna (1); queima “sanduíche” (ox-red-ox): (28).

Formas: Baseando-se nos fragmentos de bordas, 33.33% correspondem a assadores, com bordas do tipo direta (3), expandida (1), extrovertida (1) e reforçada internamente (1), sendo os lábios do tipo arredondado (5) e apontado (1); 38.89% correspondem a vasos, com bordas do tipo direta (1), extrovertida (2), inclinada internamente (1), introvertida (2), vertical (1), sendo os lábios

do tipo arredondado (5) e plano (2);

11.11% correspondem a tigelas, com bordas do tipo direta (2), sendo os lábios do tipo apontado (1) e arredondado (1); 11.11% correspondem a pratos, com bordas do tipo direta (1) e expandida (1), sendo os lábios do tipo apontado (1)e plano (1) e; 5.56% correspondem a um fragmento de borda muito erodido, cuja identificação de forma não foi possível de ser efetuada.

Quanto as formas das bases, estas são do tipo plana (15), anelar (1), côncava (2), convexa (1), cujos diâmetros são de 6 (1), 20 (1) e 46 (1) cm. Um artefato específico corresponde a um fragmento de cerâmica utilizado como um abrasador acanalado.

Decoração: A decoração plástica observada na cerâmica Paredão dos sítios de terra firme engloba a técnica construtiva modelada para a elaboração de apliques biomorfos modelados (1), os quais seriam aplicados em ombros de urnas (Hilbert, 1968). A decoração envolvendo técnicas de pintura envolve o engobo (2) vermelho claro e 321

escuro nas faces externa e interna e o pintado (4) envolvendo o preto (vestígios) na face externa, o vermelho escuro no motivo de uma faixa grossa sobre engobo vermelho claro externo; o laranja (2) aplicado ao lábio, bordas internas e externas no motivo de faixas grossas.

5.15.2. A Cerâmica Paredão no Ambiente de Várzea

Natureza das Peças: 

Borda: 13



Base: 4



Parede decorada: 2



Apêndice: 6



Artefato específico: 1



Alça: 3

Forma: 

Assador:



Cesta: 3 (pela presença de alças).



Vaso: 12



Tigela: 2



Prato: 2



Artefato específico: 1 (rodela de fuso)



Desconhecido: 8

Medidas: Baseando-se nos histogramas de freqüência do anexo IX, as dimensões da cerâmica Paredão entre os sítios de terra firme resumem-se na seguinte tabela: Tabela XV - Dimensões de Bordas da Cerâmica Paredão no Ambiente de Várzea. BORDAS

Espessura (mm)

Mínima

3,08

Máxima

Dimensão

Espessura dos Lábios (mm)

Diâmetro (mm)

44,00

3,05

42,30

19,08

160,00

10,00

461,54

Média

8,00

41,33

5,71

211,54

Moda

6,00

AMODAL

AMODAL

280,77

Máxima (mm)

322

Pasta-Antiplástico: O quartzo(28) e o cauixi (1) são predominantes. O caco moído, cauixí, bola de argila, e a hematita são freqüentes, mas não predominantes. A freqüência do cariapé e do cariapé B é baixa, enquanto a mica e o carvão ocorrem na forma de traços.

Técnica de manufatura: roletado (20) e modelado (9).

Superfície: Todos os receberam alisamento em ambas faces, destes, 3 com polimento associado (1 com brunidura) e 1 com fuligem;

as alças e apêndices receberam

alisamento externo.

Pasta-Queima: oxidante (7); redutora (8); oxidante externa e redutora interna (4); redutora externa e oxidante interna (2); queima “sanduíche” (ox-red-ox): (8).

Formas: Baseando-se nos fragmentos de bordas, 69.24% correspondem a vasos com bordas do tipo direta (5), vertical (1), extrovertida (2) e inclinada internamente (1), com lábios do tipo arredondado (5), plano (3), apontado (1); 15.38% correspondem a tigelas com bordas do tipo direta (1) e reforçada externamente (1) com lábios do tipo plano (2); 7.69% correspondem a um assador com borda do tipo direta (1) e lábio apontado (1) e; 7.69% a um prato com borda extrovertida (1) e lábio arredondado (1).

Quanto as formas das bases, estas são do tipo plana (2), anelar (1) e em pedestal (1), cujos diâmetros oscilam entre 8 e 44 cm.

Um artefato específico corresponde a uma rodela de fuso confeccionada por técnica de polimento a partir de um fragmento cerâmico plano.

Decoração: A decoração plástica observada na cerâmica Paredão dos sítios de várzea firme engloba a técnica incisa (10) aplicada na borda interna, ou na parede externa e/ou interna, com padrão de linhas geométricas, onduladas, paralelas horizontais, paralelas inclinadas ou em feixes de linhas inclinadas entrecruzadas, sendo utilizado como técnica associada o Acanalado e o Engobo vermelho; a Entalhada (1) aplicada nos lábios de bordas na formas de entalhes biselados alinhados; o Escovado/ raspado 323

(1) aplicado na face externa na forma de sulcos irregulares compostos. As decorações plásticas construtivas limitam-se a Apliques biomorfos (5) modelados de forma mamelonar ou biomorfa, sendo a técnica Escovada e Pintada (um fragmento com restos de pintura preta) utilizadas como técnica associada. Certamente eram fixadas em ombros de urnas (Hilbert, 1968).

5.16. Cerâmica Guarita

De acordo com a tabela do anexo III, a amostragem cerâmica da Sub-tradição Guarita conta com as seguintes porcentagens entre as tipologias cerâmicas recuperadas nos sítios de terra firme: 20.07% correspondem a bordas, 4.47% a bases, 1.11% a flanges mesiais, 18.96% a paredes decoradas, 0.37% a apliques e 0.37% a recipientes completos. Por outro lado, entre as tipologias recuperadas nos sítios de várzea contamos com 38.79% correspondentes a bordas; 7.47% a bases; 4.28% a flanges mesiais, 14.94% a paredes decoradas; 1.42% a apliques; 0.36% a recipientes completos e; 2.49 % a artefatos específicos.

Baseando-se nas análises cerâmicas e nos histogramas estatísticos presentes no anexo IX, é possível estabelecer as seguintes considerações sobre a cerâmica Guarita de acordo com os ambientes de terra firme e de várzea.

5.16.1. A Cerâmica Guarita no Ambiente de Terra Firme

Natureza das Peças: 

Borda: 54 (1 com flange mesial associado)



Base: 12



Parede decorada: 51



Apêndice:1



Flange mesial: 3



Recipiente completo: 1

324

Forma: 

Vaso : 69



Tigela : 26



Desconhecido : 27

Medidas: Baseando-se nos histogramas de freqüência do anexo IX, as dimensões da cerâmica Guarita entre os sítios de terra firme resumem-se nas seguintes tabelas: Tabela XVI - Dimensões de Bordas da Cerâmica Guarita no Ambiente de Terra Firme. Espessura dos

BORDAS

Espessura (mm)

Dimensão Máxima (mm)

Mínima

3,00

20,00

4,05

21,43

Máxima

16,00

240,00

26,90

280,95

Média

7,00

55,00

8,57

207,14

Moda

6,00

35,00

2,86

159,52

Lábios (mm)

Diâmetro (mm)

Tabela XVII - Dimensões de Paredes da Cerâmica Guarita no Ambiente de Terra Firme. PAREDES

Espessura (mm)

Mínima

4,00

Máxima

Dimensão

Dimensão

BASES

Espessura (mm)

18,95

Mínima

3,47

31,57

39,00

114,73

Máxima

13,05

111,83

Média

7,66

39,00

Média

6,53

36,84

Moda

7,00

27,37

Moda

10,00

AMODAL

Máxima (mm)

Máxima (mm)

Pasta-Antiplástico: Há o predomínio do quartzo (115), cariapé (3), bola de argila (1) e cauixi (3). Ocorrem com freqüência, mas não de modo predominante, o cariapé, caco moído, bola de argila e a hematita. O cauixi e o cariapé B ocorrem em poucos exemplares; a mica e o carvão ocorrem na forma de traços.

Técnica de manufatura: roletado (121) e modelado (1).

325

Superfície: 

102 fragmentos com alisamento em ambas faces, destes, 34 apresentam técnica de polimento associada, sendo 13 com enegrecimento (1 com fuligem), 1 com brunidura e 3 com fuligem.



10 fragmentos apresentam ambas faces erodidas ou sem alisamento.



8 fragmentos apresentam a face externa erodida ou sem alisamento e a interna alisada (3 com enegrecimento e 1 com polimento ).



2 com alisamento interno e a face externa com marca de folha (1 com polimento associado).

Pasta-Queima: oxidante (35), redutora (14), oxidante externa/ redutora interna (25), redutora externa/ oxidante interna (2), queima “sanduíche” (ox-red-ox) (46).

Formas: Baseando-se nos fragmentos de bordas, 58.18% correspondem a vasos, com bordas do tipo direta (10), expandido (5), reforçada externamente (13), vertical (2), extrovertido (2), sendo os lábios do tipo apontado (4), arredondado (12), biselado (1), plano (14) e erodido (1).38.18% correspondem a tigelas com bordas do tipo direta (3), expandido (11), reforçada externamente (5), reforçada internamente (1) vertical (1), sendo os lábios do tipo arredondado (5), apontado (14), plano (2). 3.64% correspondem a 2 fragmentos de bordas reforçada externamente, 1 com lábio erodido, 1 com lábio arredondado, porém, suas condições fragmentárias não permitem determinar com segurança a forma do vasilhame. Quanto às bases, estas são do tipo plana (12) e em pedestal (1, recipiente completo), os diâmetros variam de 8 a 44cm, com predomínio de 18 cm.

Decoração: A decoração plástica observada na cerâmica Guarita dos sítios de terra firme engloba a técnica Acanalada (26) aplicada na face externa (parede ou flange mesial) no motivo de faixas simples isoladas, paralelas, compostas ou de padrões geométricos, como técnica associada, há o Engobo branco ou vermelho e o Pintado nas cores preta, vermelha ou laranja; o Digitado (9) na face externa ou sobre cordéis aplicados à borda externa, pode se associar ao enegrecimento, pintura preta ou engobo vermelho e/ou branco uniformemente aplicado na face externa ou interna; o Inciso Largo (1) na face externa com motivo de faixas paralelas. As decorações plásticas construtivas são representadas por apliques biomorfos modelados (1) de 326

forma mamelonar. A decoração envolvendo técnicas de pintura envolve o engobo (32) nas cores branca ou vermelha (em tonalidades clara ou escura) em bordas externas e/ou internas, paredes internas e/ou externas, ou bases externas, podendo a cor ser monocroma ou bicroma, cada uma aplicada em uma face do recipiente; e o Pintado (2) nas cores vermelha, laranja ou preta, aplicadas sobre bordas, lábios, paredes externas e/ou internas, e sobre flanges mesiais em geral sobre engobo branco; os motivos podem ser de faixas simples horizontais ou verticais, em padrão geométrico, ou zoomorfo estilizado, possivelmente representando um símio.

5.16.2. A Cerâmica Guarita no Ambiente de Várzea

Natureza das Peças: 

Borda: 109 (Obs: a princípio eram 110 bordas, porém 1 foi excluída por se apresentar muito erodida)



Base: 21



Parede decorada: 42 (2 flanges mesiais, 2 inflexões)



Apêndice: 4



Flange mesial: 12



Recipiente completo: 1



Artefato específico: 7

Forma: 

Assador: 16



Prato: 2



Vaso: 84



Tigela : 69



Desconhecido : 25

327

Medidas: Baseando-se nos histogramas de freqüência do anexo IX, as dimensões da cerâmica Guarita entre os sítios de várzea resumem-se nas seguintes tabelas: Tabela XVIII - Dimensões de Bordas da Cerâmica Guarita no Ambiente de Várzea. Dimensão Máxima

Espessura dos Lábios

(mm)

(mm)

1,90

18,75

2,94

92,11

Máxima

49,04

40,63

33,82

2447,37

Média

6,19

59,38

5,59

184,21

Moda

6,66

65,63

4,12

78,95

BORDAS

Espessura (mm)

Mínima

Diâmetro (mm)

Tabela XIX - Dimensões de Paredes da Cerâmica Guarita no Ambiente de Várzea. PAREDES

Espessura (mm)

Mínima

3,86

Máxima

Dimensão

Dimensão

BASES

Espessura (mm)

22,11

Mínima

4,29

46,15

25,00

123,19

Máxima

49,05

176,92

Média

5,35

45,26

Média

9,52

75,38

Moda

5,91

34,74

Moda

AMODAL

95,38

Máxima (mm)

Máxima (mm)

Tabela XX - Dimensões de Apêndices da Cerâmica Guarita no Ambiente de Várzea. Dimensão APÊNDICES

Espessura (mm)

Máxima (mm)

FLANGES MESIAIS

Espessura (mm)

Dimensão Máxima (mm)

Mínima

14,17

31,15

Mínima

13,00

52,50

Máxima

33,06

46,15

Máxima

31,00

110,00

Média

23,06

23,00

Média

19,25

76,67

Moda

AMODAL

AMODAL

Moda

21,00

AMODAL

Pasta-Antiplástico: Quartzo predominante (191) e cauixi (5); o cauixi, cariapé, hematita, bola de argila e o caco moído são freqüentes, mas não predominantes; a mica ocorre na forma de traços.

Técnica de manufatura: roletado (185) e modelado (11).

328

Superfície: alisamento em ambas faces (169, 46 com polimento, 17 com brunidura, 6 com enegrecimento, 2 com fuligem; 3 com enegrecimento e fuligem); alisamento na face interna e marca de folha ou esteira na face externa (2); alisamento na face interna e externa erodida (1); face interna erodida e externa alisada (2); ambas erodidas (11); alisamento na face externa das modelagens e artefatos específicos (11).

Pasta-Queima: oxidante (61), redutora (25), oxidante externa/ redutora interna (12), redutora externa/ oxidante interna (6), queima “sanduíche” (ox-red-ox) (92).

Formas: Baseando-se nos fragmentos de bordas, 9,09% correspondem a assadores com bordas do tipo vertical (1), direta (7), introvertida (1), reforçada externamente (1) e lábios do tipo apontado (1), erodido (1), arredondado (5) e plano (3); alguns destes assadores atingiram diâmetros bem elevados, ou seja, superiores a 200 cm, indicando produção em grande escala de produtos alimentícios derivados da mandioca. 40,91% correspondem a tigelas com bordas do tipo direta (5), extrovertida (8), expandida (14), reforçada externamente (18) e lábios do tipo plano (7), arredondado (11), apontado (25), erodido (2). 50,00% correspondem a vasos com bordas do tipo reforçada externamente (19), extrovertida (9), expandida (13), inclinada internamente (3), direta (8), vertical (3) e lábios do tipo apontado (15), arredondado (12), plano (26), erodido (2). As bases são do tipo convexa (3, 1 com curiosa forma de “proa de barco” ), plana (17, 1 com contorno reto indicando que o recipiente teria forma retangular), anelar? (1). Alguns fragmentos de borda indicam o uso de bases côncavas em assadores. O diâmetro varia de 4 a 46 cm, com modas de 5 e 28 cm. 1 fragmento de borda muito erodido não permitiu identificar seguramente a forma do recipiente, sendo excluído do porcentual de formas.

Decoração: A decoração plástica observada nos sítios Guarita do ambiente de várzea envolve a técnica do Acanalado (38) nas faces externas dos vasilhames, sobre bordas e paredes externas dos vasilhames ou em flanges mesiais, formam padrões de faixas simples isoladas ou paralelas inclinadas a horizontais, os motivos geométricos são muito freqüentes, enquanto os espiralados são poucos, como técnica associada apresenta o Engobo branco ou vermelho e o Pintado; o Digitado (16) no motivo de uma fileira de sucessivas marcas provocadas por pressão dos dedos em bordas (1 com rolete aplicado à borda externa na forma de gomos modelados), como técnica 329

decorativa associada há o Engobo branco e o Pintado na cor vermelha, 1 exemplar apresentou enegrecimento; o Entalhado (1) sobre um fragmento de borda com múltiplos entalhes biselados aplicados ao lábio; o Escovado (1) nas bordas externas, sendo utilizado possivelmente um pente para reproduzir o motivo; o Exciso (2) tipo “champ-elevê”, cujos motivos espiralados formam a face estilizada de felinos, ocorrendo engobo branco associado; o Inciso (9) largo ou fino com motivos de linhas verticais paralelas na borda externa ou como motivos geométricos na face interna ou linhas simples na externa, apresenta também motivos de linhas concêntricas na borda interna, pode estar associado à brunidura ou ao engobo vermelho; Ponteado (2) com motivos alinhados horizontalmente na borda externa ou na forma de linhas tracejadas na parede externa paralelas ao lábio, pode ocorrer engobo branco associado na face interna dos vasilhames. Como técnicas decorativas construtivas há os Apliques (3) biomorfos modelados, os quais representam cabeças zoomorfas (quelônios e felinos) ou motivos mamelonares, como técnica decorativa associada apresentam o Engobo branco, o Inciso com motivos espiralados, e o Acanalado formando círculos concêntricos subparalelos. Entre as técnicas decorativas envolvendo a pintura há o uso do Engobo (41) nas cores branca ou vermelha, são aplicados uniformemente do lábio à base e em uma ou ambas faces do vasilhame quando monocromos, quando combinados são aplicados na face interna ou externa, há exemplos em que o engobo vermelho é aplicado na base e parede externa estando associado ao engobo branco aplicado na parede interna e borda externa; há o uso do Pintado (7) nas cores preta, vermelha ou laranja diretamente sobre a superfície alisada dos vasilhames ou sobre engobo branco ou vermelho; dos motivos restam apenas vestígios desgastados, porém, quando conservados, ocorrem como faixas grossas simples ou finas compostas nas bordas (externas e/ou internas) e paredes externas dos vasilhames.

Artefatos específicos: Ocorrem rodelas de fuso (2) confeccionadas a partir de fragmentos cerâmicos reutilizados e modificados por polimento, trempes (2) no formato de tronco de cone, conexões cilíndricas de vasilhas geminadas (1) em cuja superfície há decoração acanalada geométrica, carimbos (1) com motivos excisos geométricos e maracás cilíndricos (1) os quais conservam decoração acanalada geométrica com representação antropomorfa estilizada.

330

5.17. A Cerâmica Histórica

De acordo com a tabela do anexo III, a amostragem cerâmica dos sítios históricos, conhecidos até agora somente no ambiente de várzea da área pesquisada, conta com as seguintes porcentagens entre as tipologias cerâmicas: 5.69% correspondem a bordas, 4.28% a bases, 1.42% a artefatos específicos e 2.49% a alças.

Baseando-se nas análises cerâmicas e nos histogramas estatísticos presentes no anexo IX, é possível estabelecer as seguintes considerações sobre a cerâmica Histórica.

Natureza das Peças: 

Borda: 16 (2 com alças)



Base: 12



Parede decorada: 12 (3 com vestígios de alças)



Artefato específico: 4 (2 cachimbos, 1 forno, 1 lajota?)



Alça: 7

Forma: 

Assador: 5



Vaso : 32



Tigela : 6



Desconhecido : 8

Medidas: Baseando-se nos histogramas de freqüência do anexo IX, as dimensões da cerâmica Histórica resumem-se nas seguintes tabelas: Tabela XXI - Dimensões de Bordas da Cerâmica Histórica. Espessura dos

BORDAS

Espessura (mm)

Dimensão Máxima (mm)

Mínima

6,93

62,86

5,05

161,54

Máxima

14,93

165,71

10,00

457,70

Média

10,60

102,86

6,67

296,15

Moda

AMODAL

AMODAL

6,00

AMODAL

Lábios (mm)

Diâmetro (mm)

331

Tabela XXII - Dimensões de Paredes da Cerâmica Histórica. PAREDES

Espessura (mm)

Mínima

5,00

Máxima

Dimensão

Dimensão

BASES

Espessura (mm)

39,05

Mínima

6,00

52,31

41,00

116,20

Máxima

20,00

180,00

Média

14,50

60,95

Média

7,60

53,85

Moda

9,34

AMODAL

Moda

8,00

52,31

Máxima (mm)

Máxima (mm)

Tabela XXIII - Dimensões de Alças da Cerâmica Histórica. ALÇAS

Espessura (mm)

Dimensão Máxima (mm)

Mínima

8,94

38,00

Máxima

12,94

68,00

Média

11,65

49,34

Moda

12,94

AMODAL

Pasta-Antiplástico: Quartzo predominante (50) e cariapé (1); o cauixi, cariapé, caco moído, bola de argila, e a hematita são freqüentes, mas não predominantes. A freqüência do cariapé B é baixa. O carvão e a mica ocorrem na forma de traços.

Técnica de manufatura: modelado (9); roletado (37); torneado (5).

Superfície: 37 fragmentos com alisamento em ambas faces (19 com polimento associado, desses, 4 apresentam brunidura, 3 enegrecimento e 1 fuligem); 5 fragmentos com ambas faces erodidas. 9 modelagens com alisamentos externos (alças e cachimbos).

Pasta-Queima: oxidante (23), redutora (7), oxidante externa/ redutora interna (3), redutora externa/ oxidante interna (3), queima “sanduíche” (ox-red-ox) (14). 1 peça com queima não determinada com segurança.

Formas: Baseando-se nos fragmentos de bordas, 6.25% correspondem a assadores com borda do tipo direta (1) e lábio do tipo plano (1); 12.50% a tigelas com borda do tipo direta (1) e extrovertida (1), com lábio do tipo arredondado (2); e 81.25% a vasos com bordas do tipo direta (11) e extrovertida (2), com lábios do tipo arredondado (5), biselado (1), plano (6) e apontado (1).

332

Base: plana (13, 3 são torneadas [1 com marca quadrada de torno]; 1 com marca de esteira na face externa) e em pedestal (1), cujos diâmetros variam de 6 a 18 cm. com moda de 10 cm .

Decoração: A decoração plástica observada nos sítios Históricos do ambiente de várzea envolve a técnica do Acanalado (2) em fragmentos de alças no motivo de sulcos largos e profundos, certamente efetuados por pressão dos dedos; o Digitado (1) no motivo de duas faixas paralelas digitadas na parede externa de um fragmento com asa aplicada; o Escovado (1) em bordas externas, podendo se associar a brunidura na borda externa e engobo vermelho na borda interna; o Inciso (3) largo ou fino no motivo de linha simples espiralada ou linhas compostas paralelas; o Penteado (1) com decoração de estilo africano efetuada com um pente de 4 pontas no motivo de linhas compostas cruzadas na borda e parede externa. Entre as técnicas pintadas há o Engobo (9) branco ou vermelho de tonalidade clara a escura aplicada em uma ou ambas faces do vasilhame; e o Pintado (4) podendo ocorrer na cor preta (neste caso, só restaram vestígios) uniformemente distribuída na face externa dos vasilhames ou sobre o engobo vermelho; no caso da cor vermelha ocorre como faixas grossa sobre um engobo vermelho mais claro, ou no motivo de uma faixa fina na parede interna associada a engobo vermelho escuro na parede externa.

Artefato específico: Ocorrem cachimbos angulares (2), um com decoração excisa em motivos florais de estilo típico de Santarém (Barata,1951; Rydén, 1962; Meneses, 1972), um de superfície lisa e engobo vermelho claro externo; fornos (1) circulares com base em pedestal e abertura retangular lateral e; um possível fragmento de lajota (1) com contorno reto, podendo também ser um assador ou uma cobertura de forno caboclo.

333

5.18. A Cerâmica Inclassificada

De acordo com a tabela do anexo III, a amostragem cerâmica Inclassificada conta com as seguintes porcentagens entre as tipologias cerâmicas recuperadas nos sítios de terra firme: 4.47% correspondem a bordas, 8.92 % a bases, 0.37 % a paredes decoradas, 0.37% a artefatos específicos. Por outro lado, entre as tipologias recuperadas nos sítios de várzea contamos com 0.36% correspondentes a bordas.

Baseando-se nas análises cerâmicas e nos histogramas estatísticos presentes no anexo IX, é possível estabelecer as seguintes considerações sobre a cerâmica Inclassificada de acordo com o ambiente de terra firme e de várzea.

5.18.1. A Cerâmica Inclassificada no ambiente de terra-firme

Natureza das Peças: 

Borda: 12 (2 bordas pertencentes a colheres modeladas)



Base: 24



Parede decorada: 1



Artefato específico: 1 (plaqueta)

Forma: 

Assador: 8



Prato: 3



Vaso: 11



Tigela: 4



Colher modelada: 2



Plaqueta(pingente?): 1



Desconhecido: 9

334

Medidas: Baseando-se nos histogramas de freqüência do anexo IX, as dimensões da cerâmica Inclassificada do ambiente de terra firme resumem-se nas seguintes tabelas: Tabela XXIV - Dimensões de Bordas da Cerâmica Inclassificada no Ambiente de Terra - Firme. Espessura dos

BORDAS

Espessura (mm)

Dimensão Máxima (mm)

Mínima

25,00

25,00

3,00

120,00

Máxima

31,05

31,05

6,00

160,00

Média

25,79

25,79

4,00

140,00

Moda

25,00

25,00

3,00

160,00

Lábios (mm)

Diâmetro (mm)

Tabela XXV - Dimensões de Paredes da Cerâmica Inclassificada no Ambiente de Terra - Firme. PAREDES

Espessura (mm)

Dimensão Máxima (mm)

Mínima

5,00

29,05

Máxima

22,00

91,19

Média

6,00

52,39

Moda

6,00

63,81

Pasta-Antiplástico: Quartzo predominante (37) e cauixi (1); a bola de argila, o cauixi e a hematita são freqüentes; a freqüência do cariapé e do cariapé B é baixa. A mica e o carvão ocorrem como traços.

Técnica de manufatura: roletado (35) e modelado (3).

Superfície: 19 fragmentos com alisamento em ambas faces (6 com enegrecimento, 4 com polimento associado). 5 fragmentos com alisamento na face interna: 1 com vestígio de enegrecimento interno, 3 com polimento interno (2 associado a enegrecimento) e as faces externas erodidas (2 com marca de folha na face externa). 13 fragmentos com ambas faces erodidas ou não alisadas. 1 com a face interna erodida ou não alisada e provável marca de esteira na face (base) externa.

Pasta-Queima: oxidante (11), redutora (6), oxidante externa/ redutora interna (6), redutora externa/ oxidante interna (4), queima “sanduíche” (ox-red-ox) (11).

335

Formas: Baseando-se nos fragmentos de bordas, 16.67% correspondem a pratos com bordas do tipo direta (2) e lábios do tipo apontado (1) e arredondado (1); 25.00% correspondem a tigelas do tipo direta (2) e extrovertida (1), com lábios do tipo apontado (2) e arredondado (1); 41.66% correspondem a vasos com bordas do tipo direta (3), extrovertida (1) e expandida (1), com lábios do tipo arredondado (4) e erodido (1). 16.67% correspondem a colheres modeladas, as quais apresentam bordas do tipo direta (1) e introvertida (1) e lábios arredondados (2). As bases são planas, sendo que seus diâmetros variam de 12 a 24 cm. com moda de 24 cm

Decoração: A decoração plástica observada na cerâmica Inclassificada envolve a técnica decorativa do Ponteado (1) na parede externa dos vasilhames. Entre as técnicas decorativas pintadas há o Engobo (5) branco e o vermelho claro, os quais ocorrem de modo monocromo em uma ou ambas faces dos vasilhames; ocorre também o Pintado (1) no motivo de uma faixa grossa vermelha escura na base interna.

Artefatos específicos: Entre os artefatos específicos, há pequenas colheres modeladas (2) e uma curiosa plaqueta (1) retangular com duas perfurações, a qual apresenta engobo vermelho na face interna, não se descarta a possibilidade de se tratar de um pingente.

336

5.18.2. A Cerâmica Inclassificada no ambiente de várzea

Quanto à cerâmica Inclassificada do ambiente de várzea, esta é representada por apenas um único fragmento de borda pertencente a um vaso com diâmetro de 26 cm, borda expandida e lábio plano. O tempero predominante é o quartzo, sendo que o cauixi, caco moído, bola de argila e a hematita são freqüentes, mas não predominantes, a mica ocorre na forma de traços. Sua técnica de manufatura é o roletado, com queima oxidante externa e redutora interna. Apresenta decoração ponteada na borda externa no motivo de linhas compostas horizontais e diagonais. Pela proximidade do sítio o qual foi coletado (AM-IR-57: Cachoeira do Castanho) com o sítio de fase Manacapuru (AM-IR-04: Boca do Castanho) visitado por E. G. Neves e M. Heckenberger entre 1995 e 1997, a princípio se especulou se tratar igualmente de uma cerâmica Manacapuru, mas é preferível um número maior de futuras amostragens cerâmicas para um diagnóstico mais preciso, mantendo por enquanto este fragmento na categoria da cerâmica Inclassificada.

337

6. CONCLUSÕES

6.1. O Processo de Ocupação da Área

A pesquisa do projeto “Levantamento Arqueológico das Áreas de Interflúvio na Área de Confluência dos Rios Negro e Solimões, AM”, resultou no achado de 18 sítios (1, já levantado em 1997) e 10 ocorrências arqueológicas no ambiente de interflúvio ou terra firme; e 16 sítios e 3 ocorrências arqueológicas no ambiente de várzea, ao todo distribuídos por uma área aproximada de 1,9 sítios/Km2, demonstrando uma intensa ocupação da paisagem em época pré-colonial.

Antes deste levantamento, o recuo cronológico dos achados arqueológicos na área do médio rio Negro efetuados pelo PAC ou quaisquer pesquisas anteriores não superavam em antigüidade o séc. III a.C. Pela primeira vez na região, vestígios de populações pré-ceramistas, com horizonte cultural caçador-coletor ou agricultor incipiente, de idade mais recuada que as ocupações ceramistas, foram localizadas na terra firme (sítios AM-IR-30: Areal do Guedes e AM-IR-32: Dona Stella [7700 AP]) e na várzea (sítio AM-IR-57: Cachoeira do Castanho e ocorrência V-2), o que pode ser especulado pela tipologia dos artefatos líticos recuperados, cujas formas lembram os artefatos de diversas indústrias líticas pré-ceramistas do Brasil central (ao julgar pela presença das peças plano-convexas), principalmente as do Arcaico Antigo ao Recente (11000- 1000 AP?) do centro de Minas Gerais (Prous, 1992: 170,180-183). Todavia, é interessante ampliar nossas associações com as demais indústrias líticas préceramistas do norte da América do Sul ou até mesmo com as da América Central. Baseando-se no formato das pontas de projéteis recuperadas no sítio AM-IR-32: Dona Stella (uma fragmentada e uma completa, Foto 82 e Fig. 139), são semelhantes às pontas do Complexo Canaima da Venezuela (Fig. 140) descrito por Rouse e Cruxent (1963: 42, ver Pranchas 6A, 6B, 6C); a idade deste complexo é desconhecida, mas é colocada pelos autores na época arcaica, visto que pontas pedunculadas (poucas, pois predominam mais as lanceoladas) só aparecem bem no final da seqüência paleoindígena (17000-7000 AP) Jobóide, ou seja, no Complexo Las Casitas (Rouse e Cruxent 1963: 30-32). Uma simples ponta pedunculada foi encontrada no sítio Punta Gorda (meso-indígena), e pontas pedunculadas têm sido encontradas em associação com as cerâmicas arcaicas ou formativas nos rápidos de Atures, no território do 338

Amazonas venezuelano (Rouse e Cruxent ,1963: 42). Pesquisas recentes, efetuadas no rio Orinoco com a tradição Atures (Barse, 1995), revelaram a presença de pontas de projéteis características do Complexo Canaima, pertencentes ao período Atures II, o qual é datado aproximadamente entre 7000 e 4000 AP, sendo similares também às pontas do Complexo Las Casitas do sítio El Jobo (7500 AP), bem como às pontas da fase Vinitu do Paraná (8000 a 7000 AP) (Barse, 1995: 108 e 111). Quanto às peças bifaciais recuperadas no sítio AM-IR-32: Dona Stella, algumas se assemelham com exemplares do Complexo Canaima descritos por Rouse e Cruxent (1963: 42, ver Pranchas 6A, 6B, 6C), e também com as cunhas ou cinzéis bifaciais a tabulares provenientes dos abrigos rochosos do rio Chiriquí (Figs. 141 e 142), Panamá, onde ocorrem os sítios Casita de Piedra e Abrigo Trapiche, atribuídos às fases Talamanca e Boquete, a primeira é inserida no período pré-cerâmico tardio panamenho (7000-4000 AP) com datações de 6560±120 AP a 4685±120 AP; por outro lado, a segunda é inserida nos contextos pré-cerâmico tardio e cerâmico antigo no Panamá (Ranere e Cooke, 1995: 18, 19 e 22). Associando as semelhanças entre os artefatos líticos do sítio AM-IR-32: Dona Stella (Fotos 83 e 84), com os artefatos líticos do Complexo Canaima (Fig. 143), da tradição Atures e da fase Talamanca, e, considerando que todos compartilham um horizonte cronológico inserido no sétimo milênio AP, torna-se necessário verificar, à medida que mais dados venham a surgir com a intensificação das pesquisas arqueológicas nessas regiões, se uma onda migratória de bandos caçadores-coletores ou agricultores incipientes, compartilhando uma indústria lítica em comum, teria englobado na forma de um arco as regiões do Istmo do Panamá-rio Magdalena (Colômbia)- bacias do rio Negro e Orinoco, principalmente pelo sétimo milênio AP (embora rotas migratórias mais antigas já tinham sido efetuadas por paleoíndios na Amazônia em épocas mais recuadas), adaptados a ambientes de savanas abertas e bosques, com um clima mais seco e pelo menos 2° C mais quente de 7000 AP a 5000-4800 AP (Correal e van der Hammen, 1977; van der Hammen et al. ,1991, apud Rodrigues, 1995: 117), lembrando que desde aproximadamente 9500 anos AP o clima era similar ao atual (Rodrigues, 1995: 117).

“Es posible plantear, preliminarmente, que estos grupos de cazadores-recolectores, practicarom alguna forma de nomadismo y debieron estar eficientemente adaptados a la explotación de los recursos del bosque y sabana abierta, con su industria funcionalmente diversificada (Castaño, 1995: 78)”. 339

Embora na área de pesquisa do PAC, vestígios de paleoíndios do Pleistoceno Superior não tenham sido até agora localizados, é possível que venham a surgir com o prosseguimento das pesquisas. Provavelmente durante o último estágio da glaciação Würmiana (Wiscosin), a Amazônia Central não era coberta pela atual floresta pluvial, mas por uma vegetação mais esparsa e seca, semelhante a uma savana, visto que através de observações geomorfológicas, trata-se de uma área com declives dissecados, o que não poderia ter se desenvolvido sob cobertura vegetal densa (Tricart, 1974 e 1985, apud Hafffer e Prance, 2002: 178). Baseando-se em análises sedimentológicas e palinológicas efetuadas no lago Pata (alto rio Negro) e em outras áreas amazônicas e andinas, van der Hammen e Hooghiemstra (2000) afirmam que durante o período Pleniglacial superior (28000-13000 AP) o clima da Amazônia seria relativamente frio e seco, causando a substituição de uma vegetação de floresta úmida por uma vegetação de floresta seca e savana, e estas quando já existentes localmente, teriam sido substituídas por extensivas formações semi-desérticas de dunas, tal como ocorre hoje em dia na área do baixo rio Branco; e no final do período Glacial Posterior (13000-10000 AP) teria havido um aumento das chuvas e do nível dos lagos, com reinício da sedimentação nos vales dos rios até o período Holoceno (van der Hammen e Hooghiemstra, 2000: 1, 734, 738-9). Este ambiente aberto certamente facilitou a mobilidade de bandos caçadores-coletores no Pleistoceno Superior, ao longo dos rios Negro, Solimões e Amazonas, conforme podemos constatar pelas pontas de projéteis pedunculadas de formas triangulares, descritas por Roosevelt et al. (1996: 380-381) para o sítio da Caverna da Pedra Pintada, em Monte Alegre, Pará, cujas datações chegam ao Pleistoceno Superior (11200 AP).

Por outro lado, baseando-se em análises palinológicas e revisando alguns registros de pólens efetuados no lago Pata, no Planalto de Carajás, e na foz do Amazonas, Colinvaux e Oliveira (2000: 349, 354), oferecem uma visão alternativa, a qual afirma que a Bacia Amazônica manteve sua floresta tropical intacta durante o ciclo glacial do Pleistoceno superior, de modo que o cerrado estaria confinado às suas margens:

“The pollen spectra of glacial times show no signs of increased inputs of grass pollen. (…). We conclude, therefore, that savannas did not replace forest in the Amazon lowlands at any time in a glacial cycle” (Colinvaux e Oliveira, 2000: 352). 340

Pesquisas efetuadas nos arredores de Manaus por Piperno e Becker (1996) revelam que uma floresta fechada existiu continuamente na área pelo menos desde 4600 AP, ao julgar pelas análises de fitólitos e carvões macroscópicos recolhidos de solo naturais; isto indica que a mudança da vegetação e as queimadas podem ser resultados de ressecamentos climáticos que teriam afetado a Amazônia entre 5 e 7 mil anos, não sendo exclusivamente o resultado de manejo florestal efetuado pelas populações pré-coloniais da região. Todavia, não podemos esquecer que o sítio de Pena Roja (Colômbia) revelou evidências de manejo de palmáceas há 9000 anos AP por grupos pré-ceramistas (Cavelier et al., 1995; Morcote Rios et al., 1998).

Parte do material recolhido nos sítios pré-ceramistas estudados foi entregue a Fernando W. Costa (ver Fotos 20 a 21, 63 a 66 e 82), cuja temática de mestrado foi o estudo das indústrias líticas do Projeto Amazônia Central (Costa, 2002). É importante lembrar que o material lítico do sítio AM-IR-32: Dona Stella, analisado nesta dissertação, foi coletado na etapa de campo de 2001, através de coletas e raspagens superficiais, e como o sítio foi perturbado por uma lavra de areia, há o risco de ter havido mistura de materiais líticos pré-ceramistas com o das camadas superiores Manacapuru, isto será melhor avaliado com pesquisas sistemáticas futuras neste sítio, onde

coleções

líticas

procedentes

de

diferentes

níveis

de

ocupação

bem

contextualizados, revelarão as variâncias e possíveis continuidades entre as indústrias líticas ali existentes. A prospecção deste tipo de sítio, sendo pré ou ceramista, quando localizado em áreas de depósitos arenosos quaternários, não pode ser praticada apenas com tradagem, senão com sondagens de 1 m2 e profundidades médias de 2 m, devido ao transporte muito forte de sedimentos arenosos lixiviados dos arenitos da formação Alter do Chão oriundos de cotas mais altas.

Mais tarde, a região passou a ser ocupada por grupos ceramistas, a princípio pela Fase Manacapuru (séc. III a.C.- séc. X d.C.), seguida pela Fase Paredão (sécs. VIII- X d.C.), e mais tarde pela Sub-Tradição Guarita (sécs. X- XVI d.C.). A partir do séc. X d.C., a diminuição

dos

indícios

Manacapuru

e

Paredão,

em

relação

aos

indícios

predominantes Guarita nos sítios levantados, pode indicar um regime de vassalagem, assimilação, contato inter-étnico, ou talvez até mesmo extermínio através de guerras ocasionadas com a expansão dos ceramistas policromos pela região, conforme é 341

sugerido pelas estruturas de valas defensivas de aldeias, estudadas no sítio Açutuba e Lago Grande (Donatti, 2003), mostrando que a área pode ter sido palco de tensões entre populações por volta deste período. Apesar das ocupações Manacapuru e Paredão ocorrerem em sítios correspondentes aos espaços de grandes aldeias, não demonstram uma expansão tão contínua na região quanto os sítios de ocupação Guarita, a ponto de sugerirem uma forma de organização social de regime cacicado. Talvez até o tivessem, mas a chegada dos grupos ceramistas Guarita na Amazônia central, pode ter destruído muitos vestígios que o pudessem afirmar. Por outro lado, é importante lembrar que na região de Manaus é grande a presença de sítios arqueológicos com a cerâmica Paredão.

Na área de terra-firme, os sítios em geral, quanto ao seu tamanho, eram condicionados pela geomorfologia local, tendo em vista os sítios de áreas relativamente pequenas (100 m de diâmetro em média) assentados em topos planos de morros, mas podendo atingir em alguns casos, áreas iguais ou superiores a 400 m de diâmetro, conforme o espaço geográfico físico permitisse, conforme foi observado no sítio AM-IR-40: Morro Queimado. As ocupações nos topos de morro envolviam uma função estratégica permitindo boa e ampla visão da área em geral, e também o conforto das correntes de ar, as quais garantiam a ventilação das habitações neste ambiente de clima quente.

Visto que os topos de morros estão mais sujeitos a processos de lixiviação do que deposição, o intemperismo já atuava nos sítios em época pré-colonial logo que estes eram abandonados, dando início a destruição dos indícios arqueológicos (cerâmica e terra preta antropogênica). Este processo foi intensificado pela derrubada das matas em períodos mais recentes, expondo os solos a um processo constante de erosão pluvial, eliminando a camada superficial orgânica (em alguns casos terra preta antropogênica) condicionando à formação de áreas semi-desertificadas de solos lateríticos. Isto explica a origem da cerâmica erodida, a qual estaria associada às ocupações Manacapuru, Paredão, Guarita ou mesmo etno-históricas, bem como a baixa e esparsa quantidade de material arqueológico nas áreas elevadas do ambiente de interflúvio, se comparada com a concentração elevada de material arqueológico nos sítios do ambiente de várzea. Observei isto também na região de Manaus ao visitar um imenso sítio com cerâmica Paredão e histórica na margem esquerda do rio Negro, localizado na Comunidade Nossa Senhora do Livramento (UTM: 20 M 0813230/ 342

9664421). O material cerâmico da várzea e das vertentes suaves próximas ao rio encontrava-se bem conservado, todavia, nas porções elevadas deste vilarejo, representadas por morros, havia presença de cerâmica erodida, semelhante às observadas na área de interflúvio estudada neste mestrado. Um pormenor curioso, é que esses topos de morros oferecem uma visão estratégica do rio em um raio de centenas de metros, certamente em tempos pré-coloniais, qualquer tipo de embarcação que se aproximasse da aldeia, com intenção de guerra ou comércio seria percebida rapidamente, a ponto dos habitantes organizarem uma defesa ou uma recepção mais calorosa.

Os sítios localizados nos terraços das várzeas são imensas áreas de terra preta antropogênica, rica em material cerâmico e lítico, e se encaixam no padrão de assentamento “Bluff Model” de Denevan (1996), de modo que os sítios localizados na terra firme podem ser suas aldeias satélites, isto poderia ter melhor fundamento através de comparações de datas entre sítios de terra firme e de várzea, caso apresentem horizontes cronológicos aproximados. A semelhança entre apliques cerâmicos em forma de mamilo do sítio AM-IR-38: Nova Esperança (terra firme) e do sítio AM-IR-43: Lago Iranduba-II (várzea), ajuda a estimular este raciocínio.

Os sítios localizados no Igarapé do Testa fazem parte de uma zona intermediária entre várzea e terra firme, apesar da proximidade com sua desembocadura no rio Negro. Os sítios de ocupação Guarita ali localizados (Lago do Testa, Vandercléia, Igarapé do Testa-I e II), comportam-se como os sítios localizados na terra firme, quanto ao seu padrão de assentamento: ocupações pequenas em topos de morros; entretanto, os moradores locais informam que nas praias da foz deste igarapé, ocorrem áreas de terra preta com material arqueológico.

O predomínio dos sítios de ocupação Guarita em ambos ambientes visitados (várzea/terra firme), sugere que uma possível explosão populacional, pode ter ocorrido na região com a vinda desta Subtradição Policrômica, a partir do Séc. X da Era Cristã, ocupando intensamente o espaço físico da área, ao longo de cada topo de morro, terraços fluviais, igarapés ou lagos, tanto no ambiente de interflúvio como no de várzea. No médio rio Uaupés, ao estudar os índios Wanâna, Chernela (1987: 236- 7, 246-7) observou que os sibs locais mantêm uma hierarquia de domínio dos locais de pesca e 343

de habitação, sendo mais vantajosa, a localização que permitisse melhor acesso e controle dos recursos do rio, a qual é legitimada através da mitologia de origem desses grupos; o acesso a esses locais de pesca, em geral bem servidos de grandes armadilhas pesqueiras, só é permitido aos membros do sib ou a visitantes autorizados; entre esses grupos há também uma rede de troca (po’oa) de bens e alimentos (peixes e frutas), cuja utilização e distribuição é regulada por direitos e obrigações existentes por laços de parentesco e casamento. Steve Hugh-Jones (1979; apud Morán, 1991: 373) propõe para a região do rio Uaupés, Colombiano, que uma série de ciclos sistemáticos de trocas econômicas e as visitas constantes entre os assentamentos indígenas, encorajaram o desenvolvimento de uma cultura pan-vaupesiana, com grande

integração

cultural

suportada

por

padrões

de

exogamia

lingüística,

multilingüismo, trocas de itens comestíveis, e no passado, a criação e manutenção de alianças militares. Os Tukano-Makuna, localizados também no rio Uaupés, apresentam dados interessantes referentes à complexidade de sua estrutura social, caracterizada pela descendência patrilinear, residência virilocal e aliança simétrica, construída de casamentos de grupos lingüísticos exógamos, cada um dividido internamente em séries de clãs hierarquizados, gerando agrupamentos relativamente grandes, diferenciados internamente, ligados entre si dentro de um sistema regional, baseado na troca de mulheres, bens, e serviços rituais (Hugh-Jones, 1996: 226, 249). Esses agrupamentos são formados por duas ou mais comunidades autônomas, pertencentes a grupos exógamos diferentes, sendo cada uma representada por uma grande maloca familiar, e constroem territórios com fronteiras instáveis, definidas pela densidade dos laços de parentesco, pela freqüência de visitas e casamentos entre as comunidades, e pelas áreas de influência dos xamãs e outros homens importantes (Hugh-Jones, 1996: 231). As posições desses territórios são estabelecidas em um determinado rio, ou em uma seção particular de um rio, de acordo com sua base mitológica (o mito da criação do mundo, onde a grande canoa-anaconda distribuiu os povos Tukano em localidades específicas ao longo do rio), onde seus ancestrais obtiveram bens cerimoniais, canções e feitiços, concretizando um componente de patrimônio do grupo, o qual serve para validar seus privilégios rituais e a reivindicação de algum território (Hugh-Jones, 1996: 238, 240). A identidade e o poder ancestral de um grupo são garantidos pela prosperidade de determinados itens de riqueza e privilégios, entre os primeiros destacam-se os adornos plumários de cabeça, bens cerimoniais e instrumentos musicais sagrados; entre os segundos, destacam-se os direitos de produção artesanal 344

(cestaria, bancos, canoas) que são trocados em rituais análogos ao das trocas cerimoniais de alimentos, e também a propriedade lingüística, musical ou mitológica (língua, nomes de pessoas, cânticos, feitiços, estilos musicais) que legitimam os poderes ancestrais ativados em rituais (Hugh-Jones, 1996: 241). Hill (1983, apud Moran, 1991: 374) e Wright (1981; apud Moran, 1991: 374) informam que em uma área do rio Negro as fratrias Wakúenai, mantinham controle sobre porções claramente definidas no rio, sendo que os direitos territoriais requeriam autorização formal de uma fratria para pescar ou caçar no território de outra, e também, a vizinhança entre elas mantinha trocas regulares de bens de subsistência na região, representados por produtos de caça-pesca e cultivo. Outro exemplo é citado por Lévi-Strauss (1996: 316) entre alguns grupos Tupi-Cavaíba do rio Pimenta Bueno, Rondônia, os quais possuíam territórios de caça com fronteiras vigiadas e a pratica de alianças entre grupos vizinhos através da exogamia, mais como uma estratégia de domínio de território do que uma aplicação de regra restrita. Lévi-Strauss vê a hierarquia como uma feição característica das “Sociedades das Casas”, que é relacionada à competição sobre emblemas, títulos e privilégios; assim, a conexão entre a casa Tukano e a hierarquia é muito clara em seus clãs, sendo tentadora a sugestão que a instituição da casa é associada à emergência de grupos baseados em volta de interesses econômicos e políticos, os quais são expressos em sua linguagem de parentesco; e que os mitos do noroeste da Amazônia representariam remanescentes de uma organização social, política e religiosa de nível mais elevado (Lévi-Strauss: 1983 a, 1973, apud Hugh-Jones, 1996: 252). Do mesmo modo, formas semelhantes de organização social, podem ter existido na Amazônia Central pré-colonial até o período dos primeiros contatos com os europeus, conforme o exaustivo levantamento etno-histórico efetuado por Porro (1996), no qual, os relatos quinhentistas informam a presença de grandes domínios territoriais indígenas ao longo do rio Negro (Aparia, Yurimagua, Omagua, etc...).

Tal padrão, com predomínio de indícios Guarita observado nos sítios, comparado com os modelos etnográficos acima, pode indicar uma forma de uma hegemonia através de regime de cacicados, dentro de uma grande integração cultural, controlando os recursos naturais inerentes a ambos ambientes através de parentesco entre grupos clânicos, alianças ou subserviência de grupos vizinhos dominados. Todavia, essa idéia de domínio territorial seria corroborada, caso os horizontes cronológicos e os estilos cerâmicos decorativos dos sítios Guarita de várzea e de terra firme coincidissem ou 345

pelo menos muito se aproximassem. Em caso afirmativo, poderia ser sugerido que os pequenos assentamentos levantados na terra firme seriam as comunidades satélites das grandes aldeias de várzea, conforme a proposta de Flannery e Marcus (2000):

“ Among the most interesting societies in the ethnographic and archaeological records are chiefdoms-societies based on hereditary differences in rank, in which the chief’s authority extends to satellite communities.” (Flannery e Marcus, 2000: 2).

É necessário efetuar, em futura oportunidade, as datações de termoluminescência dos sedimentos e cerâmicas coletadas nos sítio de terra firme, e compará-los com as datações já efetuadas pelo PAC para certos sítios já pesquisados na várzea, tais como o Açutuba, Hatahara, e os níveis de ocupação Guarita do sítio Lago Grande (Donatti, 2003).

No sítio AM-IR-50: Boa Sorte, fragmentos pertencentes a assadores Guarita com diâmetros elevados (92, 160 e 296 cm) sugerem a produção de produtos à base de mandioca (Manihot esculenta) em grande escala, objetivando não apenas o sustento de uma grande população, mas também a armazenagem e trocas de excedentes entre regiões vizinhas, o que era complementado com a criação e manejo de selvas antropogênicas ricas em recursos (Morán, 1993: 188-189; Viveiros de Castro, 1996: 183).

A cerâmica recuperada nos sítios e ocorrências históricas pertence às ocupações representadas

por

grupos

indígenas

etno-históricos,

cujas

populações

eram

deslocadas de suas áreas originais no processo da colonização portuguesa na Amazônia, visto que, era grande a demanda de mão de obra exigida pelos colonos entre os séculos XVII e XVIII.

A obtenção da mão de obra indígena envolvia os sistemas de “Resgate”, “Guerra Justa” e “Descimento” ,orientados por leis da Coroa portuguesa, entre estas, destacamse a Lei de 1611, o Regimento das Missões 1686, o Alvará de 1688 e, o Diretório dos índios de 1757 . O “Resgate” envolvia a compra de escravos índios em aldeias, geralmente capturados em conflitos intertribais; a “Guerra Justa” garantia ao colonizador o direito de escravizar grupos indígenas arredios ou que promovessem 346

rebeliões contra as autoridades coloniais, enquanto que o “Descimento” promovia o deslocamento de populações indígenas de sua área original para aldeias próximas dos núcleos coloniais, essa tarefa era feita por missionários, os quais convenciam os índios pela persuasão ou ameaças. Uma vez instalados nessas aldeias, os índios eram aldeados ou reduzidos, e ficavam sujeitos a serem alugados ou vendidos aos missionários, colonos ou às autoridades locais, sendo utilizados em atividades agrícolas, de extrativismo de drogas do sertão, entre outros serviços (Santos, 2002: 25, 39, 40 e 53). Só na região de Manaus, no período colonial, de acordo com Monteiro (1974: 20) havia grupos indígenas procedentes de diversas áreas do rio Negro, representando comunidades inteiras ou alguns indivíduos: Baniba, Caboquena, Mundurucu, Passé, Tarumã, Mura, Manau, Maiapena, Baré, entre outros.

Toda essa aglomeração de etnias indígenas com indivíduos europeus e africanos, originou através de miscigenações o elemento genericamente conhecido como “caboclo”, principal componente da moderna população amazônica.

Queiroz (2001: 120) declara que na Amazônia oriental os caminhos que permitiram a conquista dos colonizadores eram representados pelos rios que compunham a bacia Amazônica, em oposição ao sistema de estradas utilizadas pelos bandeirantes paulistas pelo interior do Brasil:

“A partir das últimas décadas do século XVIII, principalmente, tornou-se cada vez mais freqüente nestes caminhos a presença de escravos fugidos, seringueiros, regatões, militares, desertores do exército, missionários, homens de ciência e expedições de captura de foragidos. Isto sem falar dos índios, muitos dos quais procurando se confinar nas cabeceiras dos rios à medida que a conquista da região ampliava-se”. (Queiroz, 2001:120).

Na região do médio e baixo rio Negro, principalmente na área de confluência dos rios Negro e Solimões, o quadro não seria muito diferente; é possível imaginar a grande variedade de tecnologias e estilos de produção cerâmica e de outros artefatos, trocados diariamente entre essas pessoas ao dividirem o mesmo espaço social, miscigenando-se umas às outras, a despeito de suas diferenças étnicas.

347

As formas das cerâmicas analisadas assemelham-se aos exemplares coletados pelos naturalistas Alexandre Rodrigues Ferreira entre 1783-1792 (CFC, 1970 e 1974: 33-34), e Natterer entre 1825-1835 (UnB/ UA:1996; Leonardi, 1999) em suas viagens pela Amazônia; bem como à cerâmica produzida por caboclos na região de Manaquiri em datas mais recentes (Monteiro, 1957).

Esses caminhos de colonização perpetuaram as redes de comércio existentes desde os períodos pré-coloniais, permitindo chegar à área estudada, artefatos oriundos de regiões bem distantes, como se pode constatar através de um dos cachimbos históricos (ver Fig. 99, A; Fotos 57a e b) recuperado no sítio AM-IR-50: Boa Sorte, o qual apresenta motivos florais decorativos típicos dos cachimbos de Santarém (Pará) descritos por Barata (1951), sendo atribuídos a estes uma influência jesuítica. A presença deste artefato em um sítio da Amazônia Central indica que esses cachimbos não seriam produzidos e utilizados em uma área restrita à Santarém, mas estariam sendo distribuídos para várias regiões da Amazônia, visto que material semelhante também foi descrito por Rydén (1962) no rio Mequéns (Rondônia). O hábito do fumo nos núcleos coloniais luso-indígenas foi registrado em uma gravura da Viagem Filosófica de Alexandre Rodrigues Ferreira (1783-1792, CFC, 1970). Nesta gravura há uma casa da região de Monte Alegre, Pará, onde mulheres indígenas estão confeccionando cuias; em um detalhe observa-se uma delas amamentando seu filho, enquanto sustenta na mão direita um cachimbo de haste bem longa (Fig. 138).

É importante abordar a contribuição de populações africanas na área estudada, ao julgar pela presença de um exemplar cerâmico recuperado no sítio AM-IR-46: Salviano, o qual apresenta uma decoração incisa, talvez feita com um pente de bambu, formando um padrão de linhas compostas paralelas e de figuras geométricas losangulares (ver Fig. 78, A; Foto 55), assemelhando-se com exemplares cerâmicos recuperados em sítios históricos da área de Nova Ponte (CEMIG,1995:), Tijuco Alto (Chmyz et al.,1999) e Jundiaí (Morales, 2000: 142; Jundiaí, 2002: 66).

348

De acordo com Morales (2000:142), este estilo decorativo e outros elementos na cerâmica histórica, como alças, apêndices laterais para apoio de mãos, e a técnica construtiva roletada, podem ser associadas à influência de técnicas ceramistas africanas, e não exclusivamente a uma influência européia (no caso de alças e apêndices) ou indígena (no caso da técnica roletada), visto que os mesmos elementos decorativos incisos ocorrem em cerâmicas recuperadas em escavações na costa do Quênia, e a técnica roletada é ainda praticada em várias regiões da África.

Infelizmente não existem dados específicos quanto à procedência ou a etnia dos grupos africanos, que porventura tenham sido utilizados como mão de obra escrava na área de confluência dos rios Negro e Solimões, ou mesmo na região de Manaus, de modo que nos resta uma noção superficial, através de dados recolhidos na região do Pará ou Maranhão. Salles (1971: 56, 59, 60) informa que dois grupos principais foram introduzidos no Pará ou Maranhão. O primeiro envolve as culturas sudanesas, representadas pelas nações, Bijogó ou Bixagô, Fanti-Achânti, Fula, Fulupe ou Fulupo, Malí ou Maí ou Mandinga, Mina, bem como os de Bissau, Guiné portuguesa, estes últimos chegados em 1753; já o segundo grupo, envolve a cultura banto proveniente de Angola, representada pelas nações Angola, Benguela, Cabinda, Cacanje, Congo, Maúa ou Macua, Moçambique, Moxicongo, entre outras.

De acordo com Pinheiro (1999: 149-150) a presença da mão de obra africana no vale do Amazonas nos dois primeiros séculos de colonização portuguesa, foi inibida devido à abundância de escravos indígenas. A primeira tentativa de introduzir o escravo africano em grande escala no Grão-Pará ocorreu no final do séc. XVII, mas os resultados não foram satisfatórios; por outro lado, a partir do séc. XVIII, sob a administração do Marquês de Pombal, há uma intensificação da entrada do negro na Amazônia, servindo como um meio de restringir o poder dos missionários, principalmente os jesuítas, cuja política de controle da mão de obra indígena, era um obstáculo aos interesses econômicos locais e da corte, era preciso introduzir e espalhar uma agricultura diversificada, voltada às necessidades do mercado mundial. Mas obter um escravo africano era dispendioso para um colono, sendo mais fácil escravizar ao índio, na possibilidade de um afastamento dos missionários e de um abrandamento das leis que controlavam seu trabalho. O problema foi contornado com a criação da Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão, permitindo uma 349

intensificação e escoamento da produção agrícola e uma maior facilidade de obter escravos africanos através de um pagamento parcelado de dívidas (Pinheiro, 1999:151). Nos 22 anos de sua duração, a Companhia introduziu uma população escrava superior a 25 mil pessoas, sendo 14.749 destinados ao Pará, e o restante à Capitania do Maranhão (Dias, 1970: 465 e 469, apud Pinheiro,1999: 151).

Loureiro (2001, in: Bazze, 2001: 19) informa que entre 1754 e 1820, mais de 50.000 escravos entraram na Amazônia pelo porto de Belém, alterando a composição étnica de toda a região; até a abolição do tráfico negreiro, contava-se mais de 100.000, oriundos de Guiné Bissau (60%) e Angola (40%). A presença negra no alto Amazonas teria sido baixa, devido à longa distância com Belém, o que exigia cerca de 100 dias de viagem até Manaus, a baixa produção agrícola e o predomínio da mão-de-obra indígena. Era grande o número de mestiços negros e índios, mas não era possível identificá-los, pois além dos cabelos lisos apresentavam a cor da pele acobreada um pouco mais escura que a dos índios.

Os sítios históricos levantados podem ter sido algum quilombo? É curiosa a informação prestada pela proprietária do sítio AM-IR-49: Lago Santo Antônio, seu pai lhe dizia que ali morava “uma gente preta antiga”. Há notícias de mocambos (quilombos do GrãoPará) nos registros históricos, sendo um tema já bem documentado, entre estes, destacam-se na Amazônia o de Mocajuba, Gurupi, Caxiú, o do Trombetas e o do Curuá (Salles,1988: 218-40, apud Pinheiro,1999:156). Há também notícias de um mocambo localizado na década de 1820 no rio Uariuí, afluente do Solimões, próximo da confluência do rio Juruá (Souza, 1848: 441, apud Pinheiro, 1999: 157).

Todavia, a idéia de um quilombo/ mocambo deve ser amparada com documentação histórica específica para a área estudada, visto que a presença de cerâmica de influência africana nesses sítios pode indicar uma produção local efetuada por populações negras já alforriadas, instaladas em pequenas propriedades agrícolas e/ou pesqueiras, ou há possibilidade de terem sido trazidas de algum centro produtor, o qual abasteceria com utensílios cerâmicos as diversas cozinhas das fazendas do médio rio Negro colonial.

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No caso do sítio AM-IR-46: Salviano há informações orais sobre “uma gente braba chamada cabana“. Há possibilidade de ser uma tradição oral local ao movimento popular da Cabanagem (1831-1835), o qual envolveu uma grande massa de índios, negros e mestiços, repercutindo em várias partes da Amazônia, extrapolando suas fronteiras, e envolvendo todas as camadas da sociedade paraense, visto que interesses de fundo econômico entre grandes exportadores ligados ao comércio português, e, uma maioria de pequenos e médios fazendeiros e comerciantes locais, geraram um clima de rivalidade, onde a contestação social e a condição do senhor versus escravo, progressivamente serviram para deflagrar este episódio de caráter revolucionário (Acevedo e Castro, 1998: 69).

A presença de alguns materiais observados nos sítios, tais como vidraria e louça européia de meados e fins do séc. XIX e início do XX indicam que estes continuaram a ser ocupados continuamente por populações caboclas em períodos mais recentes, associadas a partir daí ao ciclo econômico da borracha na Amazônia, onde foi marcante a presença de populações oriundas do nordeste brasileiro, compostas por migrantes deslocados pelas secas, os quais miscigenaram-se com a população local, configurando o atual quadro da moderna população amazonense.

Ao efetuar o levantamento arqueológico na área de Interflúvio dos rios Negro e Solimões, este trabalho de mestrado, demonstrou que a ocupação humana no ambiente amazônico de terra firme seria tão intensa quanto à do ambiente de várzea. Embora não apresentasse sítios de grandes dimensões, a pluralidade de pequenos assentamentos, poderiam corresponder às aldeias satélites vinculadas aos grandes assentamentos de várzea, indicando a possibilidade de existência de sociedades indígenas hierarquizadas, talvez sob regime de cacicados. Isto nos faz refletir, se os conceitos pregados pelo determinismo ambiental ao ambiente de interflúvio amazônico são realmente válidos. Pela tipologia dos sítios levantados, a região estudada é rica e variada: pela primeira vez na Amazônia Central, foram encontrados sítios préceramistas a céu aberto, com bom grau de conservação, presença de pontas de projéteis, e uma datação de 7700 anos AP, fornecendo ricas informações para a definição de indústrias líticas amazônicas. Os sítios pré-coloniais ceramistas e históricos além de numerosos, forneceram informações interessantes, entre estas, a constatação de decoração marcada com corda na cerâmica Manacapuru, a descoberta 351

de um piso de habitação da Sub-Tradição Guarita, sítios com possível função de armazenagem de alimentos, ao julgar pela presença dos pães-de-índio (uma temática de pesquisa importante de ser seguida), a possibilidade de existência de quilombos/mocambos na área, e também farta informação de análise cerâmica e lítica. Outros projetos temáticos devem ser desenvolvidos nesta região, por exemplo nos pântanos de várzea, cujos ambientes redutores fornecem condições propícias para a conservação de matéria orgânica, podendo fornecer dados importantes de palinologia, ou para atividades de prospecções subaquáticas, onde seria possível

localizar

vestígios de antigos artefatos de madeira pré-coloniais ou históricos (restos de embarcações, remos, arpões de pesca, estruturas de armadilhas pesqueiras, etc...). Uma vez que a área de interflúvio pesquisada ocorre na confluência de dois grandes rios (Negro e Solimões), é importante que este tipo de pesquisa de arqueologia exploratória seja testada em outras áreas geograficamente distintas da Amazônia, não apenas com o objetivo de verificar se os padrões de assentamento humano em ambientes de interflúvio seguem ou não o modelo defendido neste trabalho, mas também de conhecer a arqueologia de áreas não estudadas, pois considerando suas dimensões continentais, pode se afirmar que é uma região, a qual ainda fornecerá muitas surpresas, na medida em que se intensifiquem as pesquisas no futuro.

352

Figura 138 – Detalhe de uma gravura da Viagem Filosófica de Alexandre Rodrigues Ferreira (17831792), onde se observa uma índia fumando um cachimbo de haste bem longa, enquanto carrega o seu filho. Fonte: CFC (1970).

Pontas de Projétil: Comparação entre as indústrias do Sítio AMIR-32: Dona Stella e a seqüência Jobóide, Venezuela.

82

139 Crédito: Marcos Eugênio Brito

140 Figura 139 – Ponta de projétil recuperada em 2002 no Sítio AM-IR-32: Dona Stella. Foto 82 – Fragmento de ponta de projétil recuperada em 2001 no Sítio AM-IR-32: Dona Stella. Figura 140 – Pontas de projétil do Complexo Canaima, Venezuela (Rouse e Cruxent – 1963).

Peças Bifaciais: Comparação entre as indústrias do Sítio AM-IR-32: Dona Stella e as indústrias do Rio Chiriquí, Panamá, e da seqüência Jobóide, Venezuela.

84

83

142 143

141 Foto 83 e 84 – Sítio AM-IR-32: Dona Stella. Artefatos lascados (peças bifaciais) de arenito silicificado. Figura 141 e 142 – Cunhas ou cinzéis bifaciais a tabulares das Fases Talamanca e Boquete, Rio Chiriquí, Panamá (Ranere e Cooke - 1995). Figura 143 – Peças bifaciais e plano-convexas do Complexo Canaima, Venezuela (Rouse e Cruxent – 1963).

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SIMÕES, M. F. Contribuição à arqueologia dos arredores do baixo rio Negro, Amazonas. In: Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas. Resultados Preliminares do Quinto Ano. 1969-1970. Belém, 1974. p. 165-188 (Publ. Avulsas Mus. Pa. Emílio Goeldi, n. 26).

SIMÕES, M. F. Coletores-pescadores ceramistas do litoral do salgado (Pará). Nota preliminar. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Nova Série, Antropologia, Belém n. 78, 1981. SIMÕES, M. F. A pré-História da bacia amazônica: uma tentativa de reconstrução. In: Aspectos da Arqueologia Brasileira, IAB, Rio de Janeiro, 1981/2, p. 9-19.

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364

ANEXO I - OS SÍTIOS E OCORRÊNCIAS ARQUEOLÓGICAS E SUAS OCUPAÇÕES

SÍTIOS E OCORRÊNCIAS ARQUEOLÓGICAS DE TERRA FIRME Sítios e Ocorrências

Pré-ceramista Manacapuru Paredão

Guarita Histórico

Inclassificado

AM-IR-25: Jaílson AM-IR-26: Areal Bela Vista AM-IR-27: Areal do Mangangá AM-IR-28: Areal do Maracajá AM-IR-29: Areal Tomoda AM-IR-30: Areal do Guedes AM-IR-31: Comunidade São Sebastião AM-IR-32: Dona Stella AM-IR-33: Mafaldo AM-IR-34: Cavalcanti AM-IR-35: Florêncio AM-IR-36: Mateus AM-IR-37: Xavier AM-IR-38: Nova Esperança AM-IR-39: São José AM-IR-40: Morro Queimado AM-IR-41: Carneiro AM-IR-06: Tokihiro TF-1 TF-2 TF-3 TF-4 TF-5 TF-6 TF-7 TF-8 TF-9 TF-10

365

SÍTIOS E OCORRÊNCIAS ARQUEOLÓGICAS DE VÁRZEA Sítios e Ocorrências

Pré-ceramista Manacapuru Paredão

Guarita Histórico

Inclassificado

AM-IR-42: Lago Iranduba-I AM-IR-43: Lago Iranduba-II AM-IR-44: São João AM-IR-45: Bela Vista do Iranduba AM-IR-46: Salviano AM-IR-47: Barroso AM-IR-48: Lago Feliciano AM-IR-49:

Lago

Santo

Antônio AM-IR-50: Boa Sorte AM-IR-51: Ilha AM-IR-52: Apolônio AM-IR-53: Lago do Testa AM-IR-54: Vandercléia AM-IR-55:

Igarapé

do

Igarapé

do

Cachoeira

do

Testa-I AM-IR-56: Testa-II AM-IR-57: Castanho V-1 V-2 V-3

366

ANEXO II - QUANTIFICAÇÃO GERAL DO MATERIAL ARQUEOLÓGICO

Cerâmica

Sítios e Ocorrências de Terra Firme

Quantidade

Borda

115

Base

64

Parede decorada

87

Parede sem decoração

1197

Artefato cerâmico específico

2

Recipiente completo

1

Total

1466

Sítios e Ocorrências de Várzea

Quantidade

Borda

140

Base

37

Parede decorada

91

Parede sem decoração

141

Artefato cerâmico específico

12

Recipiente completo

1

Total

422

Total geral do material cerâmico

1988

Lítico

Sítios e Ocorrências de Terra Firme Bruto

Quantidade 1313

Térmico

924

Lascado

1164

Picoteado

2

Polido

1 Total

3404

Sítios e Ocorrências de Várzea

Quantidade

Bruto

87

Térmico

8

Lascado

54

Polido

4 Total

153

Total geral do material lítico

3557

367

ANEXO III - QUANTIFICAÇÃO DO MATERIAL CERÂMICO ANALISADO

Terra Firme Ocupação Tipologia

Manacapuru

Paredão

Várzea

Quantidade N°

%



%



%

borda

31

11,52

borda

1

0,36

32

5,83

base

9

3,34

base

9

1,64

parede decorada

16

5,94

parede decorada

1

0,36

17

3,10

aplique

2

0,75

aplique

2

0,71

4

0,73

alça

1

0,37

alça

borda

18

6,70

borda

13

4,62

31

5,64

base

19

7,07

base

4

1,42

23

4,20

parede decorada

11

4,09

parede decorada

2

0,71

13

2,37

artefato específico

1

0,37

artefato específico

1

0,36

2

0,37

aplique

1

0,37

aplique

6

2,13

7

1,28

alça

3

1,06

3

0,55

alça

Guarita

borda

54

20,07

borda

109

38,79

163

29,66

base

12

4,47

base

21

7,47

33

6,01

flange mesial

3

1,11

12

4,28

15

2,73

parede decorada

51

18,96

42

14,94

93

16,91

1

0,37

1

0,36

2

0,37

artefato específico

7

2,49

7

1,28

aplique

4

1,42

5

0,91

borda

borda

16

5,69

16

2,91

base

base

12

4,28

12

2,19

parede decorada

parede decorada

12

4,28

12

2,19

artefato específico

artefato específico

4

1,42

4

0,73

alça

alça

7

2,49

7

1,28

1

0,36

13

2,37

recipiente completo artefato específico aplique

Histórico

Inclassificado

Total

Tipologia

Total

Quantidade

1

0,37

flange mesial parede decorada recipiente completo

borda

12

4,47

borda

base

24

8,92

base

24

4,37

parede decorada

1

0,37

parede decorada

1

0,19

artefato específico

1

0,37

artefato específico

1

0,19

550

100%

269 100 %

281

100%

368

ANEXO IV - QUANTIFICAÇÃO DO MATERIAL LÍTICO ANALISADO

Terra firme Ocupação Pré-Ceramista

Categoria

Térmico

Bruto

Tipologia



%

Bloco

9

0,26

Lasca

898

26,38

Abrasador plano

96

2,82

Abrasador côncavo

11

0,32

Abrasador convexo

6

Abrasador acanalado

%

9

0,25

899

25,27

96

2,70

12

0,34

0,18

6

0,17

5

0,15

5

0,15

Quebra-côco

33

0,96

1

0,65

34

0,96

Triturador

14

0,42

4

2,62

18

0,51

Bigorna

19

0,56

19

0,54

Batedor/percutor

2

0,06

2

0,06

Corante

175

5,14

175

4,92

Fragmento atípico

914

26,85

914

25,70

44

1,30

1

0,65

45

1,27

73

2,14

3

1,97

76

2,14

Lasca preparada

446

13,10

14

9,15

460

12,94

Estilha

511

15,01

511

14,36

Lâmina

10

0,29

3

1,97

13

0,37

Núcleo esgotado

4

0,12

1

0,65

5

0,15

Talhador

4

0,12

4

0,11

Faca

15

0,45

crosta Lasca simples em forma de cunha

Goiva Lâmina de machado

10

0,29

Raspador plano convexo

4

0,12

Raspador de ponta Raspador de bico

1

Raspadeira bifacial

elaboração Folhas bifaciais em elaboração

1

%

0,65

0,65

1

0,65

16

0,45

1

0,65

1

0,03

3

1,97

13

0,37

4

0,11

1

0,03

1

0,03

0,65

0,03

extremidade

Peças bifaciais em

1

1

Raspadeira de

Raspadeira lateral



Total N°

Lasca simples com

Lascado

Várzea

12

0,35

2

0,06

3

0,08

1

0,65

1

0,03

1

0,65

1

0,03

12

0,34

3

0,09

3

0,09

1

0,65

369

Polido

Lâmina de machado

0,03

Mão de mó

1

1

0,03

1

0,03

1

0,03

Térmico

Lasca

1

0,03

1

0,03

Abrasador plano

1

0,03

1

0,03

Quebra-côco

1

0,03

1

0,03

Fragmento atípico

1

0,03

1

0,03

1

0,03

1

0,03

Lasca preparada

3

0,08

3

0,09

Estilha

3

0,08

3

0,09

Goiva

1

0,03

1

0,03

Abrasador plano

1

0,03

1

0,03

Quebra-côco

1

0,03

1

0,03

Corante

1

0,03

1

0,03

Fragmentos atípicos

4

0,12

4

0,11

Lasca

5

0,15

5

0,15

Bloco

1

0,03

1

0,03

Abrasador plano

4

0,12

9

0,25

Abrasador côncavo

1

0,03

1

0,03

Lasca simples com crosta Lascado

Bruto

Térmico

Bruto

Guarita

0,65

1

0,03

Abrasador acanalado

1

0,65

1

0,03

Alisador de cerâmica

1

0,03

1

0,03

Quebra-côco

1

0,03

1

0,03

Corante

2

0,06

9

5,88

11

0,31

Fragmentos atípicos

10

0,29

12

7,84

22

0,62

6

3,93

6

0,17

6

3,93

9

0,25

1

0,65

1

0,03

11

0,31

Lasca preparada

Picoteado

3,27

1

de cunha

Lascado

5

Abrasador convexo

Lasca simples em forma

Inclassificado

0,03

Pilão

Manacapuru

Histórico

0,65

1

Picoteado

Bruto

Paredão

1

3

0,08

Lâmina Estilha

11

0,32

Faca

2

0,06

1

0,65

3

0,09

Raspador de escotadura

1

0,65

1

0,03

Talhador

1

0,65

1

0,03

1

0,03

Pilão

1

0,03

Polido

Lâmina de machado

1

0,65

1

0,03

Bruto

Abrasador convexo

1

0,65

1

0,03

Térmico Bruto

Lasca

6

0,18

6

0,17

Bloco

2

0,06

2

0,06

Abrasador convexo

1

0,03

1

0,03 370

Térmico

Quebra-côco

1

0,03

1

0,03

Triturador

1

0,03

1

0,03

Lasca

2

0,06

7

4,57

9

0,25

Abrasador plano

2

0,06

9

5,88

11

0,31

Abrasador côncavo

1

0,03

5

3,27

6

0,17

Abrasador convexo

1

0,65

1

0,03

Abrasador acanalado

2

1,31

2

0,06

2

1,31

2

0,06

7

4,57

7

0,20

Bloco

Abrasador de escotadura/ grosa Bruto

Mesclado

Alisador de cerâmica Bigorna

1

0,03

3

1,97

4

0,11

Quebra-côco

1

0,03

2

1,31

3

0,09

Batedor/percutor

1

0,03

1

0,03

Triturador

1

0,65

1

0,03

Corante

3

1,97

3

0,08

Fragmento atípico

17

11,12

17

0,48

1

0,03

Lasca simples em forma de cunha

1

0,03

Lasca preparada Lascado

3

1,97

3

0,09

1

0,65

1

0,03

Goiva

1

0,65

1

0,03

Raspador de escotadura

2

1,31

2

0,06

Lâmina de machado

2

1,31

2

0,06

153

100%

3557

100%

Artefato em elaboração (talhador?)

Polido Total

3404

100%

371

ANEXO V - QUANTIFICAÇÃO DO MATERIAL CERÂMICO ANALISADO DE ACORDO COM OS SÍTIOS E OCORRÊNCIAS ARQUEOLÓGICAS

SÍTIOS E OCORRÊNCIAS ARQUEOLÓGICAS DE TERRA FIRME Sítios e Ocorrências Quantificação

Manacapuru N°

%

Paredão N°

%

Guarita N°

%

AM-IR-25: Jaílson

Histórico N°

%

Inclassificado

Total



%



%

2

0,75

2

0,75

17

6,32

AM-IR-27: Areal do

17

6,32

Mangangá AM-IR-28: Areal do

3

1,11

3

1,11

48

17,85

49

18,22

7

2,60

Maracajá AM-IR-29: Areal Tomoda

1

0,37

AM-IR-31: 7

Comunidade

2,60

São Sebastião AM-IR-32: Dona Stella AM-IR-33: Mafaldo

20

7,44

20

7,44

3

1,11

3

1,11

2

0,75

2

0,75

5

1,85

5

1,85

16

5,95

64

23,80

38

14,13

AM-IR-34:

2

Cavalcanti AM-IR-35: Florêncio

2

0,75

0,75

AM-IR-36:

5

Mateus

1,85

AM-IR-38: Nova

5

1,85

Esperança AM-IR-39: São José

16

5,95

AM-IR-40: Morro

1

0,37

42

15,62

17

6,32

21

7,81

21

7,81

Queimado. AM-IR-41: Carneiro

372

AM-MA-06:

27

Tokihiro

10,04

TF-2

3

1,11

27

10,04

3

1,11

TF-3

5

1,85

5

1,85

TF-7

1

0,37

1

0,37

38

14,13

269

100

Total

59

21,94 50

18,58

122

45,35

SÍTIOS E OCORRÊNCIAS ARQUEOLÓGICAS DE VÁRZEA Sítios e Ocorrências Quantificação

Manacapuru N°

%

AM-IR-43:Lago do Iranduba-II

Paredão

Guarita



%



%

9

3,22

8

AM-IR-44: São João

Histórico N°

%

Inclassificado N°

%

Total N°

%

2,85

17

6,04

2

0,71

2

0,71

8

2,85

8

2,85

3

1,07

20

7,12

3

1,07

AM-IR-45: Bela Vista do Iranduba AM-IR-46: Salviano AM-IR-47: Barroso

3

1,07

10

3,56

1

0,35

2

0,71

AM-IR-48: Lago

2,49

7

2,49

7

2,49

7

2,49

42

14,95 19

6,77

62

22,06

52

18,51 13

4,62

65

23,13

40

14,24

47

16,73

10

3,56

10

3,56

18

6,40

18

6,40

12

4,27

12

4,27

1

0,35

1

0,36

AM-IR-49:Lago Santo Antônio

Sorte

1

0,35

AM-IR-51:Ilha AM-IR52:Apolônio AM-IR-53: Lago do Testa AM-IR-54: Vandercléia

7

2,49

1,42

7

Feliciano

AM-IR-50: Boa

4

AM-IR-55: Igarapé do Testa-I AM-IR56:Igarapé do

373

Testa-II AM-IR1

57:Cachoeira

0,35

1

0,36

1

0,36

281

100

do Castanho V-1 Total

4

1,42

29

10,33

196

1

0,35

69,76 51

18,14

1

0,35

374

ANEXO VI - QUANTIFICAÇÃO DO MATERIAL LÍTICO ANALISADO DE ACORDO COM OS SÍTIOS E OCORRÊNCIAS ARQUEOLÓGICAS

Quantificação



%



%



Guarita

%



%

N° % N°

Mesclado

Ceramista

Inclassificado

Ocorrências

Histórico

Pré-

Paredão

Sítios e

Manacapuru

SÍTIOS E OCORRÊNCIAS ARQUEOLÓGICAS DE TERRA FIRME

%



Total

%



%

3

0,09

0,03

1

0,03

28 0,82

28

0,82

17

0,50

6

0,18

3307

97,12

1

0,03

1

0,03

1

0,03

11

0,32

9

0,26

12

0,35

6

0,18

AM-IR-26: 3

Areal Bela

0,09

Vista AM-IR-28: 1

Areal do Maracajá AM-IR-29: Areal Tomoda AM-IR-30:Areal do Guedes

17

0,50

AM-IR-31: 6

Comunidade

0,18

São Sebastião AM-IR-32: Dona Stella AM-IR-33: Mafaldo

3307

97,12

1

0,03

AM-IR-36:

1

Mateus

0,03

AM-IR-38: Nova

1

0,03

Esperança AM-IR-39: São José

11 0,32

AM-IR-40: 9

Morro

0,26

Queimado AM-IR-41:

12 0,35

Carneiro AM-MA-06:

6

0,18

375

Tokihiro TF-1

1

0,03

1

0,03

TF-4

1

0,03

1

0,03

3405

100

Total

3324

97,62 12 0,35

7

0,21 42 1,23

11 0,33

9

0,26

Ceramista

Quantificação



%



%



Guarita

%



%

Inclassificado

Ocorrências

Histórico

Pré-

Paredão

Sítios e

Manacapuru

Sítios e Ocorrências Arqueológicas de Várzea



%

AM-IR-42: Lago Iranduba-II AM-IR-45:Bela Vista do Iranduba AM-IR-46: Salviano. AM-IR-47: Barroso AM-IR-48: Lago

1

Feliciano



Mesclado

%



%



%

2

1,31

2

1,31

6

3,92

6

3,92

3

1,96

3

1,96

4

2,61

4

2,61

1

0,65

8,50

13

8,50

19 12,42

19

12,42

21 13,73

21

13,73

0,65

AM-IR-50: Boa

13

Sorte AM-IR-51: Ilha. AM-IR-52: Apolônio AM-IR-53: Lago do Testa. AM-IR-54: Vandercléia AM-IR-55: Igarapé do Testa-I AM-IR-56:Igarapé do Testa-II

Total

10

6,53

10

6,53

8

5,23

8

5,23

19

12,42

19

12,42

8

5,23

8

5,23

39

25,49

153

100

AM-IR-57: Cachoeira do

39

25,49

39

25,49

Castanho Total

45

29,41

1

0,65

68 44,45

376

ANEXO VII - ANÁLISE ESTATÍSTICA DO MATERIAL CERÂMICO

As categorias de classificação cerâmica (bordas, bases, paredes, etc,...) entre as coleções estudadas, tiveram suas dimensões registradas e tabeladas de acordo com a espessura, comprimento, espessura do lábio e o diâmetro da borda. Esses dados tabelados foram trabalhados através de fórmulas de probabilidade e estatística conforme Spiegel (1978), sendo calculado a média e a moda das amostragens, além de se destacar a dimensão máxima e a mínima das peças estudadas. A elaboração desses cálculos envolveu uma amostragem mínima de três fragmentos por categoria cerâmica. Foram elaborados também histogramas de freqüência com intervalos de classe de 5 mm ou 5 cm.

Entre os dados calculados, encontramos: 

Média (µ): É o quociente da divisão da soma de n números pela soma desses números.



Moda: “É o valor que ocorre com maior freqüência ou, em outras palavras, o valor que tem maior probabilidade de ocorrência (...). Por vezes, pode acontecer que haja dois, três ou mais valores com probabilidade relativamente grande de ocorrência. Dizemos então, que a distribuição é bimodal, trimodal, ou multimodal”. (Spiegel, 1978: 120).



Máximo: É o valor numérico máximo existente em uma amostragem.



Mínimo: É o valor numérico mínimo existente em uma amostragem.

377

Sítios e Ocorrências da Terra Firme

AM-IR-27:- Areal do Mangangá

Cerâmica Manacapuru

Borda

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Média

8,4

85,7

10,5

28,6

Moda

8,0

amodal

8,0

28,0

Máxima

18,0

168,0

21,0

36,0

Mínima

3,0

41,0

6,0

24,0

Parede Espessura (mm)

Espessura do lábio (mm) Diâmetro da borda (cm)

Comprimento (mm)

Média

7,83

63,5

Moda

9,0

78,0

Máxima

10,0

83,0

Mínima

5,0

36,0

AM-IR-28: Areal do Maracajá

Cerâmica Guarita

Parede

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Média

7,66

54,16

Moda

amodal

amodal

Máxima

11,0

64,0

Mínima

4,0

47,0

AM-IR-29: Areal Tomoda

Cerâmica Guarita

Borda

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Espessura do lábio (mm)

Diâmetro da borda (cm)

Média

7,8

63,27

9,7

20,75

Moda

8,0

amodal

10,0

24,0

Máxima

12,0

119,0

27,0

28,0

Mínima

3,0

23,0

6,0

10,0 378

Parede

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Base

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Média

8,41

38,88

Média

10,0

47,33

Moda

8,0

bimodal: 30,0 e 41,0

Moda

amodal

amodal

Máxima

39,0

115,0

Máxima

11,0

72,0

Mínima

5,5

18,0

Mínima

9,0

30,0

AM-IR-31: Comunidade São Sebastião

Cerâmica Inclassificada

Base

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Média

6,0

52,75

Moda

6,0

amodal

Máxima

7,0

77,0

Mínima

5,0

29,0

AM-IR-32: Dona Stella

Cerâmica Manacapuru

Borda

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Espessura do lábio (mm)

Diâmetro da borda (cm)

Média

6,72

57,33

6,69

24,57

Moda

5,0

amodal

Bimodal: 4,0 e 9,0

20,0

Máxima

10,0

123,0

11,0

44,0

Mínima

5,0

25,0

4,0

16,0

Parede

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Base

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Média

15,87

39,0

Média

9,12

58,5

Moda

amodal

amodal

Moda

amodal

amodal

Máxima

7,5

43,5

Máxima

13,0

86,0

Mínima

4,5

32,0

Mínima

7,0

35,0

379

AM-IR-33: Mafaldo

Cerâmica Manacapuru

Borda

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Espessura do lábio (mm)

Diâmetro da borda (cm)

Média

6,66

65,66

7,66

21,33

Moda

8,0

amodal

8,0

24,0

Máxima

8,0

90,0

8,0

24,0

Mínima

4,0

38,0

7,0

16,0

AM-IR-36: Mateus

Cerâmica Paredão

Borda

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Espessura do lábio (mm)

Diâmetro da borda (cm)

Média

8,83

37,33

7,0

24,0

Moda

amodal

30

amodal

24,0

Máxima

11,0

52,0

10,0

24,0

Mínima

6,0

30,0

4,0

24,0

AM-IR-38: Nova Esperança

Cerâmica Guarita

Base

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Média

6,5

37,0

Moda

amodal

amodal

Máxima

9,0

47,0

Mínima

3,5

34,0

380

AM-IR-39: São José

Cerâmica Manacapuru

Borda

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Espessura do lábio (mm) Diâmetro da borda (cm)

Média

7,8

64,57

9,14

20,0

Moda

6,0

37,0

5,0

16,0

Máxima

12,0

96,0

14,0

28,0

Mínima

6,0

37,0

4,0

16,0

Parede

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Base

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Média

12,0

131,25

Média

8,66

33,0

Moda

12,0

Amodal

Moda

9,0

amodal

Máxima

12,0

251,0

Máxima

9,0

36,0

Mínima

12,0

43,0

Mínima

8,0

30,0

AM-IR-40: Morro Queimado

Cerâmica Guarita

Borda

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Espessura do lábio (mm) Diâmetro da borda (cm)

Média

9,20

55,96

10,93

24,96

Moda

11,0

Bimodal: 34,0 e 46,0

9,0

24,0

Máxima

16,0

129,0

21,0

46,0

Mínima

4,0

19,0

3,0

12,0

Parede

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Base

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Média

9,42

54,0

Média

10,66

74,83

Moda

11,0

amodal

Moda

10,0

amodal

Máxima

11,0

72,0

Máxima

13,0

111,0

Mínima

7,0

36,0

Mínima

8,0

54,0

381

Cerâmica Inclassificada

Base

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Média

13,10

73,10

Moda

9,0

multimodal: 64,0; 69,0; 78,0; 93,0

Máxima

22,0

96,0

Mínima

6,0

42,0

AM-IR-41: Carneiro

Cerâmica Guarita

Espessura do lábio

Borda

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Média

7,53

62,53

8,53

21,33

Moda

bimodal: 6,0 e 7,0

amodal

3,0

bimodal: 16,0 e 20,0

Máxima

13,0

240,0

16,0

24,0

Mínima

5,0

25,0

4,0

12,0

(mm)

Parede

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Média

9,14

40,42

Moda

7,0

27,0

Máxima

15,0

91,0

Mínima

6,0

19,0

Diâmetro da borda (cm)

Cerâmica Paredão

Borda

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Espessura do lábio (mm) Diâmetro da borda (cm)

Média

8,75

124

7,75

32,0

Moda

amodal

amodal

amodal

44,0

Máxima

14,0

340,0

16,0

44,0

Mínima

5,0

25,0

3,0

16,0

Parede

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Base

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Média

6,33

37,55

Média

13,0

103,0

Moda

7,0

amodal

Moda

amodal

amodal

Máxima

12,0

55,0

Máxima

15,0

193,0

Mínima

4,0

20,0

Mínima

11,0

46,0 382

AM-MA-01: Tokihiro

Borda

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Espessura do lábio (mm)

Diâmetro da borda (cm)

Média

10,2

78,00

8,05

29,4

Moda

6,0

34,0

Bimodal: 8,0 e 9,0

46,0

Máxima

15,0

210,0

20,0

46,0

Mínima

6,0

29,0

3,0

12,0

Base

Espessura (mm) Comprimento (mm)

Média

14,5

84,78

Moda

15,0

amodal

Máxima

33,0

145,0

Mínima

6,0

32,0

Ocorrência isolada TF-2

Cerâmica Guarita

Borda

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Espessura do lábio (mm)

Diâmetro da borda (cm)

Média

7,0

121,66

12,0

28,0

Moda

6,0

amodal

12,0

28,0

Máxima

9,0

215,0

12,0

28,0

Mínima

6,0

56,0

12,0

28,0

Ocorrência isolada TF-3

Cerâmica Inclassificada

Borda

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Espessura do lábio (mm) Diâmetro da borda (cm)

Média

25,8

25,8

4,0

14,0

Moda

25,0

25,0

bimodal: 3,0 e 4,0

bimodal: 12,0 e 16,0

Máxima

31,0

31,0

6,0

16,0

Mínima

25,0

25,0

3,0

12,0

383

Sítios e Ocorrências da Várzea

AM-IR-43: Lago Iranduba-II

Cerâmica Paredão

Borda

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Espessura do lábio (mm) Diâmetro da borda (cm)

Média

11,66

78,33

6,0

32,0

Moda

amodal

amodal

amodal

amodal

Máxima

15,0

125,0

10,0

44,0

Mínima

6,0

44,0

5,0

20,0

Cerâmica Guarita

Borda

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Espessura do lábio (mm)

Diâmetro da borda (cm)

Média

9,5

75,75

7,25

23,0

Moda

8,0

amodal

amodal

24,0

Máxima

12,0

121,0

12,0

28,0

Mínima

8,0

51,0

4,0

16,0

Apêndice

Espessura (mm) Comprimento (mm)

Média

23,0

39,66

Moda

amodal

amodal

Máxima

33,0

46,0

Mínima

14,0

31,0

AM-IR-45: Bela Vista do Iranduba

Cerâmica Guarita

Espessura do

Borda

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Média

9,0

112,25

9,75

20,0

Moda

bimodal: 8,0 e 10,0

amodal

9,0

amodal

Máxima

10,0

153,0

14,0

28,0

Mínima

8,0

75,0

7,0

12,0

lábio (mm)

Diâmetro da borda (cm)

384

AM-IR-46: Salviano

Cerâmica Paredão

Borda

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Espessura do lábio (mm)

Diâmetro da borda (cm)

Média

9,4

90,0

6,6

25,4

Moda

6,0

amodal

amodal

28,0

Máxima

19,0

160,0

10,0

46,0

Mínima

6,0

48,0

3,0

9,0

AM-IR-48: Lago Feliciano

Cerâmica Histórica

Base

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Média

10,75

84,75

Moda

amodal

65,0

Máxima

20,0

110,0

Mínima

6,0

65,0

AM-IR-50: Boa Sorte

Cerâmica Guarita

Borda

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Espessura do lábio (mm)

Diâmetro da borda (cm)

Média

14,19

101,80

12,96

44,5

Moda

11,0

80,0

11,0

40,0

Máxima

49,0

340,0

34,00

296,0

Mínima

2,0

48,0

5,00

15,0

Parede

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Base

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Média

11,83

96,0

Média

22,66

105,66

Moda

10,0

amodal

Moda

amodal

amodal

Máxima

16,0

123,0

Máxima

49,00

173,0

Mínima

9,0

56,0

Mínima

8,00

46,0

385

Cerâmica Histórica

Borda

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Espessura do lábio (mm) Diâmetro da borda (cm)

Média

10,62

102,37

6,6

29,75

Moda

amodal

amodal

6,0

amodal

Máxima

15,0

165,0

10,0

46,0

Mínima

7,0

62,0

5,0

16,0

Parede

Espessura (mm)

Comprimento(mm)

Base

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Média

15,2

89,6

Média

13,66

148,0

Moda

9,0

amodal

Moda

amodal

amodal

Máxima

41,0

116,0

Máxima

18,0

180,0

Mínima

5,0

58,0

Mínima

11,0

104,0

AM-IR-51: Ilha

Cerâmica Guarita

Borda

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Média

11,76

72,34

9,30

25,41

amodal

7,0

bimodal: 20,0 e 46,0

Moda

multimodal: 8,0; 9,0; 11,0; 12,0

Espessura do lábio (mm) Diâmetro da borda (cm)

Máxima

27,0

208,0

25,0

46,0

Mínima

5,0

31,0

4,0

12,0

Parede

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Base

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Média

9,83

58,27

Média

12,28

102,14

Moda

8,0

35,0

Moda

amodal

amodal

Máxima

25,0

120,0

Máxima

17,0

177,0

Mínima

6,0

33,0

Mínima

7,0

56,0

Cerâmica Histórica

Parede

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Base

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Média

14,5

61,5

Média

7,66

54,0

Moda

amodal

amodal

Moda

8,0

52,0

Máxima

27,0

87,0

Máxima

8,0

58,0

Mínima

9,0

39,0

Mínima

7,0

52,0 386

Alça

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Média

11,66

49,33

Moda

13,0

amodal

Máxima

13,0

68,0

Mínima

9,0

35,0

AM-IR-52: Apolônio

Cerâmica Guarita

Borda

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Espessura do lábio (mm) Diâmetro da borda (cm)

Média

9,7

64,8

9,2

24,6

Moda

10,0

66,0

10,0

18,0

Máxima

16,0

124,0

23,0

46,0

Mínima

6,0

41,0

4,0

12,0

Parede

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Base

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Média

9,4

57,4

Média

12,0

75,75

Moda

9,0

amodal

Moda

amodal

96,0

Máxima

14,0

82,0

Máxima

16,0

96,0

Mínima

6,0

22,0

Mínima

7,0

51,0

Flange Mesial

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Média

19,25

76,75

Moda

bimodal: 21,0 e 24,0

amodal

Máxima

31,0

110,0

Mínima

13,0

52,0

Cerâmica Paredão

Borda

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Espessura do lábio (mm) Diâmetro da borda (cm)

Média

8,0

40,75

5,66

21,0

Moda

8,0

amodal

amodal

amodal

Máxima

13,0

63,0

6,0

28,0

Mínima

3,0

48,0

4,0

10,0

387

AM-IR-53: Lago do Testa

Cerâmica Guarita

Borda

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Espessura do lábio (mm) Diâmetro da borda (cm)

Média

11,2

84,4

9,75

23,5

Moda

8,0

amodal

amodal

amodal

Máxima

17,0

180,0

14,0

32,0

Mínima

8,0

31,0

5,0

10,0

Parede

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Média

7,8

53,6

Moda

7,0

amodal

Máxima

11,0

75,0

Mínima

6,0

25,0

AM-IR-54: Vandercléia

Cerâmica Guarita

Borda

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Média

6,16

58,81

6,5

19,4

bimodal: 64,0 e 65,0

5,0

bimodal: 10,0 e 20,0

Moda

bimodal: 7,0 e 8,0

Espessura do lábio (mm) Diâmetro da borda (cm)

Máxima

9,0

95,0

12,0

32,0

Mínima

4,0

18,0

3,0

10,0

Parede

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Base

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Média

7,0

44,5

Média

9,3

80,66

Moda

6,0

Amodal

Moda

amodal

amodal

Máxima

11,0

73,0

Máxima

12,0

123,0

Mínima

5,0

24,0

Mínima

7,0

54,0

388

AM-IR-55: Igarapé do Testa-I

Cerâmica Guarita

Borda

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Espessura do lábio (mm) Diâmetro da borda (cm)

Média

7,6

152,16

5,5

27,6

Moda

bimodal: 7,0 e 8,0

amodal

bimodal: 4,0 e 5,0

amodal

Máxima

10,0

260

8,0

44,0

Mínima

6,0

82

4,0

10,0

Parede

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Base

Espessura (mm)

Comprimento (mm)

Média

5,33

54,33

Média

11,0

78,33

Moda

6,0

amodal

Moda

amodal

amodal

Máxima

6,0

106,0

Máxima

14,0

94,0

Mínima

4,0

24,0

Mínima

4,0

66,0

389

ANEXO VIII - FICHA DE ANÁLISE CERÂMICA Identificação: Corresponde à proveniência da peça de acordo com o sítio arqueológico de origem, nível, número de identificação, natureza, associação com a provável forma do utensílio do qual tenha feito parte, e sua filiação cultural. 1- SIT – Sítio: Sigla do sítio de acordo com o cadastro nacional de sítios arqueológicos do IPHAN, por exemplo, AM-IR-51: Ilha.

2- PN- Número de proveniência: “Provenience Number” ou o número de proveniência pelo qual uma coleção foi catalogada, correspondendo não apenas ao sítio de origem, mas também ao ponto trabalhado no sítio (unidade de escavação ou coleta de superfície) e ao nível escavado (no caso de uma unidade de escavação ou trincheira).

3- NIV- Nível artificial: Corresponde ao nível de origem da unidade escavada (quadra, trincheira, poço teste): 1)0-10cm; 2)10-20cm; 3)20-30cm; 4)30-40cm; 5)40-50cm; 6)50-60cm; 7)60-70cm; 8)70-80cm; 9)80-90cm; 10)90-100cm; 11)100-110cm; 12)110-120cm; 13)120-130cm; 14)130-140cm; 15)140-150cm; 16)150-160cm; 17)160-170cm; 18)170-180cm; 19)180-190cm; 20)190-200cm; 21)coleta de superfície; 22)perfil; 99) desconhecido.

4- NAT – Natureza da peça: parte específica de um vasilhame possível de ser identificada através de um fragmento, ou a um artefato específico em si. Entre estes encontramos: 1)Borda; 2)Parede; 3)Base; 4)Inflexão; 5)Alça; 6)Apêndice; 7)Bolota; 8)Fuso; 9)Flange mesial; 10)Flange labial; 11)Peça inteira; 12)Borda com flange mesial; 13)Borda com flange labial; 14)Parede com flange mesial; 15)Abrasador; 16)Cachimbo; 17)Carimbo; 18)Forno; 19)Trempe; 99)Desconhecido. 5- FID - Formas Identificáveis: Corresponde a forma do vasilhame (Vasilhame: “Termo que abrange todas as peças de recipiente de cerâmica” [Ribeiro, 1977: 58]) cujo fragmento em estudo o tenha permitido identificar. Entre estes encontramos:

1)Cesta: vasilhame com alça modelada, cuja forma lembra a de uma cesta. Um exemplo pode ser visto nas formas reconstituídas da cerâmica Manacapuru (Hilbert, 1968).

2)Assador: Brochado (1977, in: Prous, 1992: 95) considera esta forma de vasilhame juntamente com o prato, como um recipiente de altura inferior ao seu diâmetro, base plana, cujas paredes ou bordas podem ser muito baixas, vestigiais ou inexistentes. Lathrap (1970: 55, 142, 146) denomina os assadores de comals, descrevendo-os como “grandes frigideiras” utilizadas no preparo de alimentos à base de mandioca, o que nos leva a considerar uma função diferente de um prato.

390

3)Prato: conforme explicado no item anterior, esta forma de vasilhame é muito semelhante ao assador, mas em relação a este apresenta dimensões relativamente menores em diâmetro e espessura, bem como uma função mais adequada de servir alimentos ao invés de assá-los. 4)Vaso: é um termo bem genérico para especificar formas de vasilhames, segundo Chmyz et al. (1976: 146) trata-se de uma peça cerâmica de boca constricta ou de boca ampliada, no primeiro caso o diâmetro da boca é menor que o diâmetro máximo do corpo; já o segundo, o diâmetro da boca é maior que o diâmetro máximo do corpo. 5)Tigela: segundo Brochado (1977, in Prous, 1992: 95) trata- se de um “recipiente cuja altura é igual ou menor do que o diâmetro máximo, geralmente não é restringida e o diâmetro maior se encontra na abertura superior”. 6)Cuia: recipiente semelhante à tigela, mas de forma semi-esférica. 99)Desconhecido: Impossível identificar a forma do vasilhame. 6- CLA – Classificação: corresponde à filiação cultural do material cerâmico em estudo. 1)Manacapuru; 2)Guarita; 3)Paredão; 4)Histórico; 99)Desconhecido.

Medidas: Corresponde às medidas das peças analisadas, efetuadas com um paquímetro.

7- ESP-Espessura da peça: medida numérica em mm. da parte mais espessa da peça. 7a- Comprimento da peça: medida numérica em mm. do comprimento da peça.

8- ESL - Espessura do lábio: medida numérica em mm. da espessura das extremidade do lábios, neste caso, quando a peça for um fragmento de borda. (99)- Não se aplica: caso a peça em estudo for uma parede ou base, ou qualquer peça cerâmica anômala a um lábio de borda (Ex: trempe, estatueta, etc...)

9- DLI- Distância do lábio ao ponto de inflexão: medida numérica em mm. da extremidade do lábio até o início da inflexão de um fragmento de borda. (99)- Não se aplica: quando não é possível tomar esta medida. 10- DBI- Distância da base ao ponto de inflexão: medida numérica em mm. da base ao ponto de inflexão de uma peça (completa ou fragmento). (99)- Não se aplica: quando não é possível tomar esta medida.

11- ABO Inclinação da peça: Trata-se da inclinação da borda de um vasilhame, cujo lábio é disposto rente a um plano horizontal. 1)0 a 45°; 2)45° a 90°; 3)90° a 135°; 4)135° a 180°; 5)Desconhecido.

391

12- ABA - Ângulo da base: medida numérica em graus efetuada com auxílio de um goniômetro. (99)- Não se aplica: quando não é possível tomar esta medida. 13- DBO - Diâmetro da borda: medida numérica em cm. correspondente ao diâmetro da boca do vasilhame, o qual é avaliado por um medidor de círculos graduados e eqüidistantes entre si 1,0 cm. (99)- Não se aplica: quando não é possível tomar esta medida.

14- DBA – Diâmetro da base: medida numérica tirada do mesmo modo que o item anterior. (99)-Não se aplica: quando não é possível tomar esta medida.

15- ALT - Altura da vasilha: medida numérica tirada em cm. da altura do vasilhame, caso for uma peça completa ou um fragmento de borda que contenha porção da base.

Pasta-Antiplástico: esta parte da análise é efetuada com auxílio de lupas ou microscópios, onde é observado a composição da pasta da cerâmica, registrando a presença dos antiplásticos (ou temperos), ou seja, elementos acrescentados à argila, cuja função é tornar a argila mais estável, evitando que o vasilhame rache durante a queima. Entre estes, ocorreram:

16- PCX - Cauxi: O cauixi corresponde à alguns gêneros e espécies de espongiários fluviais comuns na região amazônica, desenvolvem-se nos galhos de árvores e arbustos quando submersos no período das cheias, formando massas esponjosas compostas de milhares de espículas silicosas (Hilbert, 1955: 3335), as quais eram maceradas antes de serem misturadas à argila. Sua forma no microscópio é acicular, pouco curva, de cor hialina ou branca (dependendo do ângulo de refração da luz do microscópio). Gomes (2002: 92-95) efetuou um interessante estudo da identificação zoológica das espículas desses espongiários. 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 17- PCP- Cauixi preponderante: é marcado caso predomine em relação aos demais antiplásticos na peça. 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 18- PCA - Cariapé: Segundo Miller et al. (1992: 88) é também denominado caripé ou caraipé, trata-se de uma árvore da família das Rosáceas, a qual engloba algumas espécies do gênero Licania. Sua casca é rica em sílica (SiO2) e potassa (KOH), a qual depois de calcinada é macerada e misturada à argila. Sua aparência no microscópio é de cristais fibrosos, esbranquiçados a acinzentados. 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 19- PAP- Cariapé preponderante: é marcado caso predomine em relação aos demais antiplásticos na peça. 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica.

392

20- PCM - Caco moído: é um antiplástico formado por cacos de cerâmica triturados, os quais apresentam formato sub-anguloso e em geral uma cor de queima mais oxidada em relação a pasta envolvente. 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica.

21- POP- Caco moído preponderante: é marcado caso predomine em relação aos demais antiplásticos na peça. 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 22- PAR - Argila: pelotas de forma sub-arredondada, milimétricas, formadas por processo de floculação dos argilo-minerais durante o processo de mistura da pasta. 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica.

23- PGP- Argila preponderante: é marcado caso predomine em relação aos demais antiplásticos na peça. 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica.

24- PQG - Quartzo: mineral formado por sílica (SiO2), comporta-se na forma de grãos de areia milimétricos. Sua origem está associada à lixiviação dos arenitos da região, pode ser de granulometria fina a grossa. Sua forma é prismática, sub-angulosa a sub-arredondada, cor hialina a leitosa. 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica.

25- PQP- Quartzo preponderante: é marcado caso predomine em relação aos demais antiplásticos na peça. 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 26- PHE - Hematita: mineral de óxido do elemento Ferro (Fe2O3), comporta-se na forma de grãos irregulares, milimétricos, com cor vermelha a preta. Sua origem associa-se aos depósitos plioplesitocênicos de laterita da região. 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 27- PHP – Hematita preponderante: é marcado caso predomine em relação aos demais antiplásticos na peça. 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica.

Observação: Como antiplástico também foi detectado em alguns exemplares cerâmicos o carvão e a mica, o primeiro oriundo da combustão de matéria vegetal e o segundo dos filossilicatos de depósitos argilosos quaternários. Eram de dimensões milimétricas e ocorriam na forma de traços, não merecendo grande consideração.

393

Técnica de manufatura: corresponde a técnica de construção empregada na elaboração dos artefatos cerâmicos, entre esta encontramos: 28- TEM - Modelagem: “... as formas são diretamente elaboradas a partir de uma bola de argila trabalhada pelos dedos. Esta técnica é particularmente utilizada para a obtenção de formas complexas, adornos, estatuetas e o fundo do vasilhame. (Prous, 1992: 91).” 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 29- TER – Roletado: “... consiste na preparação de cilindros de argila, os roletes, que são colocados um em cima do outro; uma pressão dos dedos realiza depois a junção entre cada linha.Esta técnica chamase roletado ou anelado (Prous, 1992: 91)”. Chmyz et al. (1976:121) denominam esta técnica de acordelado. 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. Superfície: corresponde a técnicas de acabamento aplicadas às faces de um vasilhame.

30- SAI – Alisamento interno: Lima (1987: 176) explica que o alisamento é um processo de raspagem com a finalidade de regularizar a superfície e eliminar eventuais asperezas, estando o barro parcialmente seco. Poderia ter sido efetuado com conchas ou pedaços de cabaça. 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 31- SAE - Alisamento externo: igual explicação do item anterior. 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica.

32- SPO- Polimento (com estrias): Lima (1987: 176) explica que o polimento é efetuado geralmente com seixos rolados, cocos, palha de milho, frutos, sementes, conchas, cabaças, etc., deixando marcas bem visíveis (estrias), resultando em uma superfície bem polida, em alguns casos brilhosa. 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica.

33- SFO –Marcas de folha: Impressões na base externa provocadas pelo apoio do vasilhame sobre folhas durante sua confecção. 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica.

34- SES – Marcas de esteira: Impressões na base externa provocadas pelo apoio do vasilhame sobre folhas durante sua confecção. 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 35- SBR – Brunidura: Revestimento de cera e fuligem geralmente aplicado após a queima para dar uma cor preta ou melhorar a impermeabilidade (Prous, 1992: 92). Tende a ser mais brilhante que o enegrecimento. 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 394

35- A-SEN-Enegrecimento: Técnica de impermeabilização ou de decoração da superfície dos vasos, também conhecida por esfumaramento, cujo efeito é conseguido com a cerâmica já queimada (visto que o enegrecimento não pode ser obtido com a queima oxidante), empregando repetidamente uma queima posterior, utilizando-se

líquidos, cascas ou sementes vegetais adequados, até que uma boa

impregnação da fuligem resultante esteja garantida (Lima, 1987: 178). Tende a ser mais opaca que a brunidura. 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 36- SFU – Fuligem: ocorre quando a superfície da vasilha é chamuscada pela fumaça. 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica.

Pasta- Queima: Lima (1987: 177) oferece interessante informação a respeito da queima da pasta de cerâmica: “ A presença ou ausência de oxigênio e carbono durante a queima afeta a coloração da pasta, uma vez que a argila reage quando aquecida, já que contém, entre outras substâncias, ferro e alumina. A grosso modo, se este aquecimento ocorre em atmosfera oxidante (rica em oxigênio), a cerâmica apresenta uma coloração nas gamas marrom, amarelo, laranja e vermelho; se ocorre em ambiente redutor (rico em monóxido de carbono), assumirá tonalidades entre o preto, cinza e branco.”

37- QO - Oxidante: Ocorre quando a queima oxidante é uniforme na peça. 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica.

38- QR - Redutora: Ocorre quando a queima redutora é uniforme na peça. 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica.

39- QOR - Oxidante externa e redutora interna: Ocorre quando o núcleo da peça apresenta duas faixas de queima, a externa oxidante (tons amarelados ao laranja) e a interna redutora (tons acinzentados). 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica.

40- QRO - Redutora externa e oxidante interna: Ocorre quando o núcleo da peça apresenta duas faixas de queima, a interna redutora (tons acinzentados) e a externa oxidante (tons amarelados ao laranja). 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica.

41- QS - “Sanduíche”- O-R-O: Ocorre quando o núcleo da peça apresenta três faixas de queima, a do meio redutora (tons acinzentados) e as laterais oxidantes (tons amarelados ao laranja). 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica.

395

Formas: Os itens a seguir correspondem ao formato dos vasilhames quanto a forma de borda (e sua posição), lábio e base. Os termos foram baseados na Terminologia Arqueológica Brasileira Para a Cerâmica (Chmyz et al. 1976), entre os quais destacamos: 

Borda: parte terminal da parede, junto à boca do vasilhame.



Lábio: extremidade da borda.



Base:parte inferior de sustentação do vasilhame.

Posição da Borda: Relação entre o diâmetro da peça e o diâmetro da borda. 42- BDI- Direta: Diâmetro da peça igual ao diâmetro da borda. 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica.

43- BCF – Com flange: Caso a peça apresente um flange mesial ou labial (flange: “apêndice horizontal periférico” [Prous, 1992: 92]). 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica.

44- BCO – Côncava: Diâmetro da peça é maior que o diâmetro da borda, para formas infletidas. 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica.

45- BCE – Convexa: Diâmetro da peça é menor que o diâmetro da borda, para formas infletidas. 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica.

Forma da borda:

46- FDI – Direta: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 47- FEX – Extrovertida: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica.

48- FIN – Introvertida: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica.

48 A-FEP-Expandida: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 48 B-FRI-Reforçada Internamente: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 48 C-FRE-Reforçada Externamente: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 48 D-FVE-Vertical: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 396

48 E-FII- Inclinada Internamente: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 48 F-FIE-Inclinada Externamente: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica.

Forma do Lábio:

49- LAP – Apontado: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 50- LBI - Biselado: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 51- LPL – Plano: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 52- LAR – Arredondado: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 53- LSE – Serrilhado ou Dentado: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica.

Acabamento do Lábio: Corresponde ao acabamento final dado ao lábio, podendo envolver uma decoração plástica ou pintada além de sua forma. 54- AAR – Arredondado: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 55- APL – Plano: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 56- ASE - Serrilhado: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica.

57- AUN – Ungulado: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 58- API – Pintado: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 59- AIN – Inciso: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 60- ADI - Digitado: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 61- APO – Ponteado: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 61 A- AMO- Modelado: 0)Ausente 1)Presente 99)Não se aplica

397

Forma da base:

62- BCV - Côncava: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 63- BCX - Convexa: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 64- BPL - Plana: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 65- BPD - Com pedestal: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 66- BAN- Anelar: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica.

Decoração: Pode se considerar a decoração um tratamento complementar que é dado à superfície da cerâmica, podendo esta ser plástica ou pintada, no primeiro caso envolve uma modificação do relevo da peça, em geral é feita antes da sua queima; quanto ao segundo, pode ser aplicado antes ou após a queima empregando-se pigmentos minerais ou vegetais. (Prous, 1992: 92; Chmyz et al. 1976). Há uma grande variedade de técnicas decorativas cujas definições podem ser encontradas na Terminologia Arqueológica Brasileira Para a Cerâmica (Chmyz et al. 1976); Miller et al. (1992: 88-91); Prous (1992: 9294); e Gomes (2002: 75-76). Entre as técnicas de decoração plástica registradas na análise, temos: 

Acanalado: “Tipo de decoração que consiste em marcar a superfície da cerâmica, com dedo ou instrumento largo e arredondado, formando sulcos alongados, largos, de seção rasa, em arco de meia-cana ou excepcionalmente trapezoidal. (Miller et al., 1992: 88)”.



Digitado: “Tipo de decoração que consiste em imprimir a ponta do dedo na superfície do vasilhame (Chmyz et al., 1976: 127)”.



Entalhado: “Tipo de decoração que consiste em pequenos cortes executados no lábio do vasilhame ou em qualquer outra parte do mesmo (Chmyz et al., 1976: 130)”.



Escovado: “Tipo de decoração que consiste em passar na superfície ainda úmida do vasilhame, um instrumento com pontas múltiplas, ou outro objetos que deixam

sulcos bem visíveis,

guardando entre si certo paralelismo e proximidade (Chmyz et al., 1976: 130). Prous (1992: 94) também a denomina brossado consistindo “em estrias deixadas intencionalmente, passando-se sabugos de milho sobre a pasta fresca”. 

Exciso: “Tipo de decoração que consiste em retirar da superfície da cerâmica, antes da queima, porções de vários tamanhos, formas e profundidades (Miller et al., 1992: 89)”.



Inciso: “Resultado da ação de apertar um instrumento na superfície da pasta ainda plástica, produzindo uma linha em baixo-relevo, que pode ter largura, comprimento e profundidade variáveis. (Gomes, 2002: 75)”.



Marcado com corda: “Tipo de decoração que consiste em imprimir, na superfície externa da cerâmica, antes da queima, marcas de cordas. (Chmyz et al., 1976: 134)”.



Modelado: “Implica a ação de construir formas cerâmicas à mão livre. Embora seja uma técnica 398

de fabricação, esta é empregada também como técnica decorativa na produção de apêndices tridimensionais (Rye, 1981; apud. Gomes, 2002: 75)”. 

Nodulado: “Tipo de decoração que consiste em repuxar, à mão, a superfície externa da pasta, ocasionando pequenos nós (Chmyz et al., 1976: 137)”.



Penteado: Tipo de incisão em pasta fresca ocasionada por um pente, o qual poderia ser uma lasca de bambu com várias incisões, provocando faixas de impressões paralelas (Prous, 1992: 94).



Ponteado: “Tipo de decoração feito com um instrumento com ponta, que deixa marcas independentes que podem ser de várias formas, tamanhos e profundidades (Miller et al., 1992: 90)”.



Raspado: “Tipo de decoração que consiste em desbastar a superfície do vasilhame, com cacos, conchas, etc. Os sulcos resultantes são, geralmente, profundos e largos (Chmyz, 1976: 141)”.



Ungulado: “Tipo de decoração que consiste em imprimir, com a ponta das unhas, marcas agrupadas em diversas posições, na superfície do vasilhame (Chmyz, 1976: 146)”.

Entre as técnicas decorativas pintadas registradas na análise, encontramos: 

Engobo: “Tipo de tratamento que consiste em aplicar, antes da queima, uma camada de barro, mais espessa que o banho, com ou sem pigmentos minerais, na superfície do vasilhame (Chmyz et al. 1976: 130)”. Por outro lado, a definição de Prous (1992: 92) a respeito desta técnica é controversa: “um banho que não é de argila, mas de tinta, e que recobre a totalidade da superfície”. Isto é um tanto confuso, visto que pelo material analisado, as tintas utilizadas no engobo eram à base de argilas. Chmyz et al. (1976: 122) definem banho como uma camada superficial de pigmentos minerais, mais delgada que o engobo, a qual é aplicada na superfície do vasilhame antes da queima; Prous (1992: 92) explica que o banho é feito com uma argila de textura ou cor diferente da matéria utilizada na elaboração do vasilhame.



Pintado: “Técnica

que consiste em aplicar pigmentos minerais ou vegetais à superfície

cerâmica, ou sobre engobo, antes ou depois da queima. Esta pode ser localizada tanto na superfície externa quanto na interna, distribuída de modo uniforme ou em padrões (Gomes, 2002: 76)”. Local da decoração:

67- PAP – Decoração pintada no apêndice: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 68- POI - Decoração pintada na borda interna: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 69- POE - Decoração pintada na borda externa: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 70- PAÍ - Decoração pintada na base interna: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 399

71- PAE – Decoração pintada na base externa: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 72- PPI - Decoração pintada na parede interna: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 73- PPE – Decoração pintada na parede externa: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 74- LOA – Decoração plástica no apêndice: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 75- LOI – Decoração plástica na borda interna: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 76- LOE – Decoração plástica na borda externa: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 77- LAI – Decoração plástica na base interna: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 78- LAE – Decoração plástica na base externa: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 79- LPI – Decoração plástica na parede interna: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 80- LPE – Decoração plástica na parede externa: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 81- EAP – Engobo no apêndice: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 82- EOI – Engobo na borda interna: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 83- EOE – Engobo na borda externa: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 84- EAI – Engobo na base interna: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 85- EAE – Engobo na base externa: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 86- EPI – Engobo na parede interna: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 87- EPE - Engobo na parede externa: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica.

Decoração – Engobo: 88- EGB – Engobo branco: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 89- EGVE – Engobo vermelho escuro: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 400

89- EGVC – Engobo vermelho claro: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. Decoração – Pintura Croma:

90- DVC- Vermelho claro: 0)Ausente: 1)Presente: 99)Não se aplica. 91- DVE – Vermelho escuro: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 92- DLA – Laranja: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 93- DAM – Amarelo: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 94- DPR – Preto: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 95- DBA – Branco: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica.

Tipo da pintura: 96- FFI – Faixa fina: Quando a faixa pintada é menor que 2 mm na largura. 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 97- FFD - Faixa fina composta: Quando é mais de uma faixa pintada. 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 98- FGR - Faixa grossa: Quando a faixa pintada é maior que 2 mm na largura. 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 99- FGD - Faixa grossa composta: Quando é mais de uma faixa pintada. 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica.

Motivo da pintura: 100- MPG – Geométrico: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 101- MPE – Espiralados: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 102- MLO - Linhas onduladas: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 103- MLV – Linhas verticais: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 104- MLQ – Linhas quebradas: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 401

Decoração – Plástica: 105- PIS –Incisa simples: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 106- PIC – Incisa composta: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 107- PCP – Incisão paralela: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 108- LEA – Esferas aplicadas: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 109- LRP – Roletes ponteados: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 110- LRP – Rolete com incisão perpendicular: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 111- LRU – Roletes ungulados: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 112- LPT – Ponteado: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 113- LAC – Acanalado: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 114- LDI – Digitado: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 115- LAN – Apêndice: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 116- LAA - Apêndice antropomorfo: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 117- LAZ - Apêndice zoomorfo: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 117 A- LES-Escovado: 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. Motivo da decoração plástica:

118- ME – Espiralado 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 119- MG – Geométrico 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 120- MA – Abstrato 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 121- MLS - Linha Simples 402

0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica. 122- MLC - Linhas Compostas 0)Ausente; 1)Presente; 99)Não se aplica.

403

ANEXO IX - HISTOGRAMAS DE ANÁLISE CERÂMICA

1) Cerâmica Manacapuru (Sítios de Terra Firme) Espessura de Fragmentos de Bordas da Cerâmica Manacapuru nos Sítios de Terra Firme

Am-Ir-39

Am-Ir-33

Sítios

Mínima Máxima Moda Média Am-Ir-32

Am-Ir-27

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Dimensões em mm

Dimensão Máxima dos Fragmentos de Bordas da Cerâmica Manacapuru nos Sítios de Terra Firme

Am-Ir-39

Am-Ir-33 Sítios

Mínima Máxima Moda Média Am-Ir-32

Am-Ir-27

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

Dimensões em mm

404

Espessura dos Lábios de Borda da Cerâmica Manacapuru nos Sítios de Terra Firme

Am-Ir-39

Am-Ir-33

Sítios

Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-32

Am-Ir-27

0

5

10

15

20

25

Dimensões em mm

Diâmetro de Bordas da Cerâmica Manacapuru nos Sítios de Terra Firme

Am-Ir-39

Am-Ir-33

Sítios

Mínima Máxima Moda Média Am-Ir-32

Am-Ir-27

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

Dimensões em mm

405

Espessura dos Fragmentos de Parede da Cerâmica Manacapuru nos Sítios de Terra Firme

Am-Ir-32

Sítios

Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-27

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

Dimensões em mm

Dimensão Máxima dos Fragmentos de Parede da Cerâmica Manacapuru nos Sítios de Terra Firme

Sítios

Am-Ir-39

Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-32

Am-Ir-27

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Dimensões em mm

406

Espessura dos Fragmentos de Base da Cerâmica Manacapuru nos Sítios de Terra Firme

Am-Ir-39

Sítios

Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-32

0

2

4

6

8

10

12

14

Dimensões em mm

Dimensão Máxima dos Fragmentos de Base da Cerâmica Manacapuru nos Sítios de Terra Firme

Am-Ir-39

Sítios

Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-32

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Dimensão em mm

407

2) Cerâmica Paredão (Sítios de Terra Firme).

Espessura dos Fragmentos de Bordas da Cerâmica Paredão nos Sítios de Terra Firme

Sítios

Am-Ir-06

Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-41

Am-Ir-36

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Dimensões em mm

Dimensão Máxima dos Fragmentos de Bordas da Cerâmica Paredão nos Sítios de Terra Firme

Sítios

Am-Ir-06

Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-41

Am-Ir-36

0

50

100

150

200

250

300

350

400

Diemensões em mm

408

Espessura dos Lábios de Bordas da Cerâmica Paredão nos Sítios deTerra Firme

Am-Ir-06

Sítios

Mínima Máxima Moda

Am-Ir-41

Média

Am-Ir-36

0

5

10

15

20

25

Dimensões em mm

Diâmetro de Bordas da Cerâmica Paredão nos Sítios de Terra Firme

Sítios

Am-Ir-06

Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-41

Am-Ir-36

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

Dimensões em mm

409

Sítios

Espessura de Fragmentos de Paredes da Cerâmica Paredão nos Sítios de Terra Firme

Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-41

0

2

4

6

8

10

12

14

Dimensões em mm

Sítios

Dimensão Máxima de Fragmentos de Paredes da Cerâmica Paredão nos Sítios de Terra Firme

Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-41

0

10

20

30

40

50

60

Dimensões em mm

410

Espessura dos Fragmentos de Bases da Cerâmica Paredão nos Sítios de Terra Firme

Am-Ir-06

Sítios

Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-41

0

5

10

15

20

25

30

35

Dimensões em mm

Dimensão Máxima dos Fragmentos de Bases da Cerâmica Paredão nos Sítios de Terra Firme

Am-Ir-06

Sítios

Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-41

0

50

100

150

200

250

Dimensões em mm

411

3) Cerâmica Paredão (Sítios de Várzea). Espessura de Fragmentos de Bordas da Cerâmica Paredão nos Sítios de Várzea

Sítios

Am-Ir-52

Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-46

Am-Ir-43

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Dimensões em mm

Dimensão Máxima dos Fragmentos de Bordas da Cerâmica Paredão nos Sítios de Várzea

Sítios

Am-Ir-52

Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-46

Am-Ir-43

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

Dimensões em mm

412

Espessura dos Lábios de Bordas da Cerâmica Paredão nos Sítios de Várzea

Sítios

Am-Ir-52

Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-46

Am-Ir-43

0

2

4

6

8

10

12

Dimensões em mm

Diâmetro de Bordas da Cerâmica Paredão nos Sítios de Várzea

Sítios

Am-Ir-52

Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-46

Am-Ir-43

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

Dimensões em mm

413

4) Cerâmica Guarita (Sítios de Terra Firme). Espessura dos Fragmentos de Bordas da Cerâmica Guarita nos Sítios e Ocorrências de Terra Firme

TF-2

Sítios e Ocorrências

Am-Ir-41

Espessura Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-40

Am-Ir-29

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

Dimensões em mm

Dimensão Máxima dos Fragmentos de Bordas da Cerâmica Guarita nos Sítios e Ocorrências da Terra Firme

TF-2

Sítios e Ocorrências

Am-Ir-41

Am-Ir-40

Espessura Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-29

0

50

100

150

200

250

300

Dimensões em mm

414

Espessura dos Lábios de Bordas da Cerâmica Guarita nos Sítios e Ocorrências de Terra Firme

Sítios e Ocorrências

TF-2

Espessura Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-41

Am-Ir-29

0

5

10

15

20

25

30

Dimensões em mm

Diâmetro de Bordas da Cerâmica Guarita nos Sítios e Ocorrências de Terra Firme

TF-2

Sítios e Ocorrências

Am-Ir-41

Espessura Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-29

0

50

100

150

200

250

300

Dimensões em mm

415

Espessura de Fragmentos de Paredes da Cerâmica Guarita nos Sítios de Terra Firme

Am-Ir-41

Am-Ir-40

Sítios

Mínima Máxima Moda Média Am-Ir-29

Am-Ir-28

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Dimensões em mm

Dimensão Máxima dos Fragmentos de Paredes da Cerâmica Guarita nos Sítios de Terra Firme

Am-Ir-41

Am-Ir-40

Sítios

Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-29

Am-Ir-28

0

20

40

60

80

100

120

140

Dimensões em mm

416

Espessura dos Fragmentos de Bases da Cerâmica Guarita nos Sítios de Terra Firme

Sítios

Am-Ir-40

Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-38

Am-Ir-29

0

2

4

6

8

10

12

14

Dimensões em mm

Dimensão Máxima dos Fragmentos de Bases da Cerâmica Guarita nos Sítios de Terra Firme

Sítios

Am-Ir-40

Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-38

Am-Ir-29

0

20

40

60

80

100

120

Dimensões em mm

417

5) Cerâmica Guarita (Sítios de Várzea). Espessura dos Fragmentos de Bordas da Cerâmica Guarita nos Sítios de Várzea Am-Ir-55

Am-Ir-54 Am-Ir-53

Sítios

Am-Ir-52 Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-51

Am-Ir-50

Am-Ir-45

Am-Ir-43 0

10

20

30

40

50

60

Dimensões em mm

Dimensão Máxima dos Fragmentos de Bordas da Cerâmica Guarita nos Sítios de Várzea

Am-Ir-55

Sítios

Am-Ir-54

Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-53 Am-Ir-52 Am-Ir-51 Am-Ir-50 Am-Ir-45 Am-Ir-43 0

50

100

150

200

250

300

350

400

Dimensões em mm

418

Espessura dos Lábios de Bordas da Cerâmica Guarita nos Sítios de Várzea

Am-Ir-55

Sítios

Am-Ir-54 Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-53

Am-Ir-52

Am-Ir-51

Am-Ir-50

Am-Ir-45

Am-Ir-43 0

5

10

15

20

25

30

35

40

Dimensões em mm

Diâmetro de Bordas da Cerâmica Guarita nos Sítios de Várzea

Am-Ir-55

Am-Ir-54

Sítios

Am-Ir-53 Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-52

Am-Ir-51

Am-Ir-50 Am-Ir-45 Am-Ir-43 0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

Dimensões em mm

419

Sítio

Espessura de Apêndices Cerâmicos Guarita nos Sítios de Várzea

Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-43

0

5

10

15

20

25

30

35

Dimensões em mm

Sítio

Dimensão Máxima de Apêndices Cerâmicos Guarita nos Sítios de Várzea

Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-43

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Dimensões em mm

420

Espessura de Flanges Mesiais da Cerâmica Guarita nos Sítios de Várzea

Am-Ir-52

Sítio

Mínima Máxima Moda Média

0

5

10

15

20

25

30

35

Dimensões em mm

Sítios

Dimensão Máxima de Flanges Mesiais da Cerâmica Guarita nos Sítios de Várzea

Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-52

0

20

40

60 Dimensões em mm

80

100

120 421

Espessura de Fragmentos de Paredes da Cerâmica Guarita nos Sítios de Várzea

Am-Ir-55

Am-Ir-54

Am-Ir-53 Sítios

Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-52

Am-Ir-51

Am-Ir-50

0

5

10

15

20

25

30

Dimensões em mm

Dimensão Máxima dos Fragmentos de Paredes da Cerâmica Guarita nos Sítios de Várzea

Am-Ir-55

Am-Ir-54

Am-Ir-53 Sítios

Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-52

Am-Ir-51

Am-Ir-50

0

20

40

60

80

100

120

140

Dimensões em mm

422

Espessura dos Fragmentos de Bases da Cerâmica Guarita nos Sítios de Várzea

Am-Ir-55

Sítios

Am-Ir-54

Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-52

Am-Ir-51

Am-Ir-50

0

10

20

30

40

50

60

Dimensões em mm

Dimensão Máxima dos Fragmentos de Base da Cerâmica Guarita nos Sítios de Várzea

Am-Ir-55

Sítios

Am-Ir-54

Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-52

Am-Ir-51

Am-Ir-50

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

Dimensões em mm

423

6) Cerâmica Histórica (Sítios de Várzea).

Sítio

Espessura de Fragmentos de Bordas da Cerâmica Histórica nos Sítios de Várzea

Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-50

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Dimensões em mm

Sítio

Dimensão Máxima dos Fragmentos de Bordas da Cerâmica Histórica dos Sítios de Várzea

Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-50

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

Dimensões em mm

424

Sítio

Espessura dos Lábios de Bordas da Cerâmica Histórica nos Sítios de Várzea

Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-50

0

2

4

6

8

10

12

Dimensões em mm

Sítio

Diâmetros de Bordas da Cerâmica Histórica nos Sítios de Várzea

Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-50

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

Dimensões em mm

425

Espessura dos Fragmentos de Bases da Cerâmica Histórica nos Sítios de Várzea

Sítios

Am-Ir-51

Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-50

Am-Ir-48

0

5

10

15

20

25

Dimensões em mm

Dimensão Máxima dos Fragmentos de Bases da Cerâmica Histórica nos Sítios de Várzea

Sítios

Am-Ir-51

Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-50

Am-Ir-48

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

Dimensões em mm

426

Espessura de Fragmentos de Paredes da Cerâmica Histórica nos Sítios de Várzea

Am-Ir-51

Sítios

Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-50

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Dimensões em mm

Dimensão Máxima dos Fragmentos de Parede da Cerâmica Histórica nos Sítios de Várzea

Am-Ir-51

Sítios

Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-50

0

20

40

60

80

100

120

140

Dimensões em mm

427

Sítio

Espessura dos Fragmentos de Alças da Cerâmica Histórica nos Sítios de Várzea

Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-51

0

2

4

6

8

10

12

14

Dimensões em mm

Sítio

Dimensão Máxima dos Fragmentos de Alças da Cerâmica Histórica nos Sítios de Várzea

Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-51

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Dimensões em mm

428

7) Cerâmica Inclassificada (Sítios de Terra Firme). Espessura de Fragmentos de Bases da Cerâmica Inclassificada dos Sítios de Terra Firme

Am-Ir-40

Sítios

Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-31

0

5

10

15

20

25

Dimensões em mm

Dimensão Máxima dos Fragmentos de Bases da Cerâmica Inclassificada nos Sítios de Terra Firme

Am-Ir-40

Sítios

Mínima Máxima Moda Média

Am-Ir-31

0

20

40

60

80

100

120

Dimensões em mm

429

Ocorrência Isolada

Espessura dos Fragmentos de Bordas da Cerâmica Inclassificada em Ocorrência de Terra Firme

Mínima Máxima Moda Média

TF-3

0

5

10

15

20

25

30

35

Dimensões em mm

Ocorrência Isolada

Dimensão Máxima dos Fragmentos de Borda da Cerâmica Inclassificada em Ocorrência de Terra Firme

Mínima Máxima Moda Média

TF-3

0

5

10

15

20

25

30

35

Dimensões em mm

430

Ocorrência Isolada

Espessura dos Lábios de Borda da Cerâmica Inclassificada em Ocorrência de Terra Firme

Mínima Máxima Moda Média

TF-3

0

1

2

3

4

5

6

7

Dimensões em mm

Ocorrência Isolada

Diâmetro de Bordas da Cerâmica Inclassificada em Ocorrência de Terra Firme

Mínima Máxima Moda Média

TF-3

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

Dimensões em mm

431

ANEXO X - FICHA DE ANÁLISE LÍTICA 1)Artefato: 1)Bruto; 2)Térmico; 3)Lascado; 4)Polido; 5)Picoteado.

2) Materia-Prima: 1)Arenito Silicificado; 2)Siltito; 3)Silexito; 4)Andesito; 5)Basalto; 6)Diabásio; 7)Diorito; 8) Quartzito; 9) Laterita. 3) Lasca: 1)Simples com crosta: até 2/3 da superfície com córtex; 2)Simples em Forma de Cunha: Pouca presença de córtex; 3)Preparada: ausência de córtex; 4)Estilha. 3.1)Ponto de Percussão: 1)Puntiforme; 2)Espatifado; 3)Quebrado.

3.2)Bico: 1)Presente; 2)Ausente. 3.3)Cornija: 1)Presente; 2)Ausente.

3.4)Bulbo: 1)Presente; 2)Ausente. 3.5) Talão: 1)Presente; 2)Ausente.

3.6) Tipo de Talão: 1)Plano; 2)Linear.

4) Técnica de obtenção da lasca: 1)Direta; 2)Bipolar; 3)Indireta.

5)Uso na Extremidade Distal: 1)Presente; 2)Ausente.

6)Uso na Extremidade Proximal: 1)Presente; 2)Ausente. 432

7)Uso no Lado Direito: 1)Presente; 2)Ausente. 8)Uso no Lado Esquerdo: 1)Presente; 2)Ausente.

9)Uso na Face Externa: 1)Presente; 2)Ausente.

10)Uso na Face Interna: 1)Presente; 2)Ausente.

11)Retoque: 1)Escamado; 2)Escamado Progressivo; 3)Paralelo; 4)Sub-paralelo.

12)Ângulo de Uso: numérico (medido com o goniômetro).

13) Forma: 1)Q1; 2)Q2; 3)Q3; 4)Q4; 5)Q5; 6)Q6; 7)Q7; 8)Q8; 9)Q9; 10)P1; 11)P2; 12)P3; 13)P4; 14)P5; 15)P6; 16)T1; 17)T2; 18)T3; 19)T4; 20)T5; 21)T9; 22)T10; 23)T11; 24)T12; 25)T13; 26)T14; 27)T15; 28)T16; 29)T17; 30)EL; 31)CIR; 32)SC.

14) Dimensões: comprimento, largura, espessura (mm).

15) Artefato: 1)Abrasador plano; 2)Abrasador côncavo; 3)Abrasador convexo; 4) Abrasador de escotadura/grosa; 5)Abrasador acanalado; 6)Alisador de cerâmica; 7)Quebra-côco; 8)Triturador; 9)Bigorna; 10)Batedor/percutor; 11)Corante; 12)Fragmentos atípicos; 13)Núcleo esgotado; 14)Lâmina de machado lascado; 15)Talhador; 16)Goiva; 17)Faca; 18)Raspador plano-convexo; 19)Raspador de ponta; 20)Raspador de escotadura; 21)Raspador de bico; 22)Raspadeira de extremidade; 23)Raspadeira lateral; 24)Raspadeira bifacial; 25)Artefato em elaboração; 26)Pilão; 27)Lâmina de Machado polido; 28)Mão de mó.

433

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