Levantamento das epífitas da PCH Paranatinga II, Campinápolis, Mato Grosso, Brasil, com ênfase nas orquídeas - 2016

May 23, 2017 | Autor: Adarilda Benelli | Categoria: Botany, Plant Ecology, Amazonia, Field botany, Amazon, Plant Conservation, Orchidaceae, Plant Conservation, Orchidaceae
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Scientific Electronic Archives: Especial Edition Anais do XI Encontro de Botânicos do Centro-Oeste _____________________________________________________________________________

ANAIS

APOIO:

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Organização Diretoria Regional Centro-Oeste Rafael Arruda (Presidente) Germano Guarim Neto (Vice-Presidente) Maria Antonia Carnielo (Secretário) Larissa Cavalheiro (Tesoureiro)

Diretoria Nacional Renata Maria Strozi Alves Meira (Presidente) Ariane Luna Peixoto (1ª Vice-Presidente) Marcus Alberto Nadruz Coelho (2º Vice-Presidente) Andréa Pereira Luizi Ponzo (1ª Secretária) Vânia Gonçalves Lourenço Esteves (2ª Secretária) João Augusto Alves Meira Neto (1º Tesoureiro) Luzimar Campos da Silva (2ª Tesoureira) Micheline Carvalho Silva (Secretária Geral) Paulo Eduardo Aguiar Saraiva Câmara (Secretário Adjunto)

Comissão Organizadora Local Rafael Arruda (Presidente) Catiane Micheli Alcantara Tiesen Germano Guarim Neto Josiane Fernandes Keffer Larissa Cavalheiro Maria Antonia Carnielo Milton Omar Córdova Neyra

Comissão Científica Beatriz Marimon (Presidente) Adilson Sinhorin Ben-Hur Marimon Carla Regina Andrighetti Célia Regina Araújo Soares Lopes Cláudia dos Reis Eliane Paixãoaix Flávia Rodrigues Barbosa Francielli Bao Francisco de Paula Athayde Filho Hélder Nagai Consolaro Larissa Cavalheiro Maria Antonia Carnielo Milton Omar Córdova Neyra Pedro V. Eisenlohr Rafael Arruda Rogerio Añez Silane Silva

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Levantamento das epífitas da PCH Paranatinga II, Campinápolis, Mato Grosso, Brasil, com ênfase nas orquídeas 1*

Evanil Ramos Fernandes , Adarilda Petini-Benelli

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Bióloga, mestranda em Ciencias Ambientais e Desenvolvimento Sustentável da Universidad Técnica de 2 Comercialización y Desarrollo – UTCD, Pedro Juán Caballero, Paraguay. Doutoranda em História Natural, Ecologia e Sistemática de Organismos, pelo Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade da Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá – MT. *e-mail: [email protected] Resumo. A flora nativa do Estado de Mato Grosso possui riqueza exuberante, principalmente, quando se trata da família Orchidaceae. Durante atividades de resgate de flora em área destinada ao canteiro de obras e ao reservatório da Pequena Central Hidrelétrica Paranatinga II, foram resgatados 1.428 espécimes de plantas das famílias Araceae, Bromeliaceae, Cactaceae e Orchidaceae. A grande maioria das espécies resgatadas é de plantas epífitas, no entanto, algumas hemi-epífitas e terrícolas também foram incluídas no salvamento. As atividades foram realizadas em quatro campanhas no período de maio de 2006 a abril de 2007 e contaram com o apoio de voluntários, da equipe técnica do Herbário UFMT e da equipe de resgate permanente contratada pela PCH. Os espécimes foram identificados, alguns foram herborizados e depositados no Herbário UFMT. Palavras-Chaves: Diversidade biológica; Resgate de epífitas; Riqueza de espécies.

Introdução As epífitas são responsáveis por grande parte da diversidade florística das florestas tropicais úmidas, incluindo a Mata Atlântica e a Floresta Amazônica. Cerca de 10% de todas as plantas vasculares, aproximadamente 25.000, são epífitas (Kersten, 2010). Estas pertencem a mais de 80 famílias e influenciam positivamente os processos e a manutenção dos ecossistemas. Como exemplos, a família Orchidaceae possui 70% de seus membros epífitos e a Bromeliaceae em torno de 50%. Espécies epífitas são comuns entre as Bryophyta, Pteridophyta, Orchidaceae, Gesneriaceae, Begoniaceae, Bromeliaceae e Araceae. No entanto, a fragmentação e alteração das florestas leva à drástica alteração de suas populações. Pouco se conhece sobre como os diferentes níveis de alteração das florestas podem afetar a estrutura das comunidades de epífitas e como estas variam nos estádios sucessionais (Hoeltgebaum, 2003). Sabe-se, no entanto, que a densidade de indivíduos e espécies é inversamente correlacionada ao grau de alteração dos ecossistemas florestais (Bonnet & Queiroz, 2000). Mato Grosso encerra grande variedade de ambientes físicos e biogeográficos, nos biomas Amazônia, Cerrado e Pantanal (Berna, 2015), os quais aliados à homogeneidade climática, ao relevo pouco acidentado e à disponibilidade de água potável, compõem um quadro de condições que têm viabilizado o processo de ocupação especialmente pela agropecuária (Higa, 2005), mas, também pelos empreendimentos energéticos. Atualmente, ambos são os maiores promotores de supressão da vegetação nativa. Muito há que se conhecer e muito que se fazer para compreender os efeitos das ações de supressão sobre a flora nativa mato-grossense. A escassez de trabalhos realizados com áreas que são suprimidas, tanto na avaliação de capacidade de recuperação populacional das espécies, quanto nos esforços para reposição dos indivíduos suprimidos, é muito preocupante, pois uma grande parcela de vegetação tem se perdido, sem medidas eficazes de conservação. Este estudo objetivou levantar as espécies de Orchidaceae ocorrentes na área da PCH Paranatinga II, relacionando com outros estudos realizados em Mato Grosso. Métodos A PCH Paranatinga II foi construída no leito do Rio Culuene, entre os municípios mato-grossenses de Campinápolis e Paranatinga, a 540 km de Cuiabá, capital do Estado de Mato Grosso. A Rodovia MT-130, principal via de acesso à região, produz a energia que abastece diversas localidades na região do Vale do Araguaia, dentre elas: Gaúcha do Norte, Querência do Norte e Ribeirão Cascalheira. Foram realizadas quatro campanhas de levantamento de dados associado ao resgate de epífitas na área de supressão da PCH Paranatinga II, no período de maio de 2006 a abril de 2007, com duração de oito dias cada, e intervalo médio de seis meses entre elas. Em cada campanha, contamos com o apoio de 10 pessoas, entre técnicos da UFMT, estagiários do Herbário UFMT e membros da Organização NãoGovernamental pela Preservação da Flora Orquidácea Nativa - ONG Pró-Orquídea, além de quatro membros do viveiro de mudas da PCH, funcionários da empresa SME. Foi realizada varredura de maior área possível da mata ciliar, antes e durante a supressão para a formação do reservatório da PCH. Amostras vivas das espécies coletadas foram encaminhadas ao Herbário UFMT para o cultivo ex situ e posterior identificação.

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Scientific Electronic Archives: Especial Edition Anais do XI Encontro de Botânicos do Centro-Oeste _____________________________________________________________________________ Resultados e discussão Foram resgatadas 29 espécies de Orchidaceae, uma espécie de Cactaceae, uma de Bromeliaceae e duas de Araceae (Tabela 1) na área de estudo, totalizando 1.428 espécimes (Petini-Benelli, 2008), sendo uma das contribuições positivas do trabalho a descrição de uma nova espécie de Orchidaceae de Mato Grosso: Alatiglossum culuenense (Docha Neto & Petini-Benelli, 2006). Comparando com outros estudos desenvolvidos no Estado de Mato Grosso, principalmente com a família Orchidaceae (Petini-Benelli et al., 2007; Araldi et al., 2009; Petini-Benelli, 2010; Velasco et al., 2013; PetiniBenelli, 2014), e com outras famílias de epífitas, inclusive na área da PCH Paranatinga II (Teixeira et al., 2010), a lista de espécies obtida para a área de estudo é condizente com a flora de ecótono AmazôniaCerrado, compartilhando espécies com os trabalhos que foram limitados a um ou outro bioma, além daquela exclusiva (A. culuenense). Diversas espécies se encontram distribuídas por outros Estados do Brasil (Catasetum macrocarpum, Cattleya violacea, Epidendrum nocturnum, Mesadenella cuspidata, Oeceoclades maculata, por exemplo), algumas estão restritas à Região Centro Oeste, onde Mato Grosso se insere (Catasetum vinaceum, Cattleya nobilior, Lophiaris morenoi). Embora o número de táxons obtido para a área da PCH seja significativo, este poderia ser maior com a realização de uma completa varredura na vegetação nativa, antes que ela tivesse sido totalmente suprimida. Todo o esforço realizado conseguiu cobrir cerca de 30% da área destinada à supressão (Petini-Benelli, 2008). Tabela 1. Relação das espécies de Orchidaceae resgatadas na PCH Paranatinga II no período de maio/2006 a abril/2007. Espécies Espécies Acianthera fockei (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase Galeandra blanchetii E.S.Rand Alatiglossum culuenense Docha Neto & Benelli Galeandra stangeana Rchb.f. Campylocentrum mattogrossense Hoehne Lockartia goyazensis Rchb.f. Campylocentrum pachyrrhyzum (Rchb.f.) Rolfe Lophiaris morenoi (Dodson & Luer) Braem Campylocentrum sp. Lophiaris nanum (Lindl.) Braem Catasetum macrocarpum Rich. ex Kunth Mesadenella cuspidata (Lindl.) Garay Catasetum vinaceum Hoehne Notylia barkeri Lindl. Cattleya nobilior Rchb.f. Oeceoclades maculata (Lindl.) Lindl. Cattleya violacea (Kunth.) Rolfe Polystachya foliosa (Lindl.) Rchb.f. Cohniella cebolleta (Jacq.) Christenson Rodriguezia lanceolata Ruiz & Pav. Cyrtopodium paludicola Hoehne Sauroglossum cf. elatum Lindl. Encyclia argentinensis (Speg.) Hoehne Scaphyglottis boliviensis (Rolfe) B.R.Adams Epidendrum nocturnum Jacq. Trichopilia brasiliensis Cogn. Epidendrum stiliferum Dressler Vanilla sp. Epidendrum strobiliferum Rchb.f.

Conclusões Mesmo sendo considerado empreendimento de pouco impacto sobre a diversidade biológica, a supressão necessária para a instalação de uma PCH pode causar danos consideráveis para a flora nativa local, lembrando que, apesar do volume de espécimes resgatados, este significou menos de 30% do que havia por resgatar. A coleta total foi impedida, devido ao ritmo acelerado de supressão na PCH Paranatinga II, onde foi amostrada relativa riqueza de espécies, considerando se tratar de área pequena em se comparando com de outros estudos. Necessário insistir na realização dos resgates para todos os empreendimentos que afetem a vegetação, mesmo que minimamente, visando registrar e conservar a biodiversidade. Referências ARALDI, A., GRADE, A., PETINI-BENELLI, A. Espécies de Orchidaceae da Região de Alta Floresta, MT. Brasil Orquídeas, 25: 78-84, 2009. BERNA, V. Biomas brasileiros. 2015. Disponível em: http://portal.rebia.org.br/editorias-editorias/meioambiente-natural/biodiversidade/2278-biomas-brasileiros. Acesso em: 21. Dez. 2015. BONNET, A., QUEIROZ, M.H. Considerações sobre bromélias epifíticas como indicadores de florestas degradadas. Unidade de Conservação Ambiental Desterro, Ilha de Santa Catarina. Anais, II Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação, v. 2, Trabalhos Técnicos. Rede Nacional Pró Unidades de Conservação e Fundação o Boticário de Proteção à Natureza, Campo Grande/MS. p. 217-221, 2000. DOCHA NETO, A., PETINI-BENELLI, A. Alatiglossum culuenense, uma nova espécie de Orchidaceae para Mato Grosso, Brasil. Orchidstudium, 1(5): 55-77, 2006.

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HIGA, T.C.S. Cotidiano e Modernidade. In: Moreno, G., Higa, T.C.S. (Orgs.). Geografia de Mato Grosso: território, sociedade, ambiente. Entrelinhas Editora, Cuiabá. p. 8-17, 2005. HOELTGEBAUM, M.P. Composição Florística e Distribuição Espacial de Bromélias Epifíticas em Diferentes Estádios Sucessionais da Floresta Ombrófila Densa – Parque Botânico do Morro do Baú – Ilhota/SC. (Dissertação de Mestrado em Biologia Vegetal) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Santa Catarina, 2003. KERSTEN, R.A. Epífitas vasculares – Histórico, participação taxonômica e aspectos relevantes, com ênfase na Mata Atlântica. Hoehnea 37(1): 9-38, 2010. PETINI-BENELLI, A. Projeto: Conservação da Flora Epífita das PCH’s Paranatinga I e II, Garganta da Jararaca e Canoa Quebrada. Relatório Final, Herbário UFMT, Cuiabá, 2008. PETINI-BENELLI, A. Diversidade de Orquídeas em Fragmento de Cerrado em Várzea Grande, Mato Grosso, Brasil. Orquidário 24(3): 87-94, 2010. PETINI-BENELLI, A., FERNANDES, E.R., MACEDO, M. O Gênero Catasetum em Mato Grosso, Brasil. Orchidstudium 2(1): 23-36, 2007. PETINI-BENELLI, A. Orchidaceae da região do Rio Juruena, Mato Grosso, Brasil. Orquidário 28(1): 23-31, 2014. TEIXEIRA, F.T., ARRUDA, E.C., PETINI-BENELLI, A. Resgate de Flora Ornamental na PCH Paranatinga II, Campinápolis, MT, Brasil. Orquidário, 24(1): 27-33, 2010. VELASCO, L.V., MIYAZAWA, G.C.M.C., PETINI-BENELLI, A. Orquídeas nativas cultivadas em Jauru, Estado de Mato Grosso, Brasil. Orquidário, 27(2): 41-51, 2013.

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