Liberdade impressa em verve: escritos anarquistas no Brasil

June 29, 2017 | Autor: Luíza Uehara | Categoria: Anarchism, Anarquismo, Anarquia, Anarquismo e Educação, Anarquismo (anarchism), Resistência
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As páginas libertárias

verve é atravessada por escritos e marcas de diferentes períodos e de diferentes pessoas: artigos, poemas, ilustrações de crianças e de artistas já adultos, dossiês, aulas-teatro, dobras... Uma revista semestral autogestionária na qual o Nu-Sol experimenta projetos gráficos, edita, publica, diagrama, revisa e traduz. verve possibilita experimentações com palavras e imagens impressas ou não. Desde o primeiro número de verve são publicados artigos, frases e escritos de anarquistas do passado buscando neles aquilo que há de atual nas lutas e que potencializem liberações no agora. Não são, portanto, exercícios de melancolia ou meros resgates históricos defendendo a pretensa invariância das ideias libertárias. Ao contrário, esses escritos registram vidas, anotam lutas e não deixam passar embates que fizeram e fazem das experiências anarquistas tão intensas. São memórias que atualizam lutas no presente. Luíza Uehara é pesquisadora no Nu-Sol, bacharel e mestranda em Ciências Sociais pela PUC-SP. verve, 21: 375-394, 2012

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Em um artigo de 1913, publicado no periódico O Germinal!, Florentino de Carvalho1 escreveu sobre os embates anarquistas, afirmando que não se tratava de idealizar o futuro, nem de ficar à espera de um guia, mas de modificar o presente por meio de relações livres de hierarquias. Para Florentino de Carvalho, esse jeito de encarar os combates causava escândalo: “E nós, se não queremos gastar a cachola nem os pulmões inutilmente, temos que propagar as nossas ideias sem prudência alguma, sem palavras com sentido figurado. (...) Tratemos, por todos os meios, de escandalizar a todo o mundo, em todo o momento e lugar”2. Um dos espaços mais importantes nos quais se exercitavam esses combates eram as páginas das publicações libertárias. Nesse texto, Florentino de Carvalho explicitou esse espaço de prática de liberdade que foi a imprensa libertária de seu tempo e como os anarquistas lidaram, desde o século XIX, com livros, jornais e revistas a fim, não apenas de propagar ideias, mas também, como prática de vida e de sociabilidade. Nas editoras, gráficas e jornais anarquistas era possível ler os clássicos, discutir seu conteúdo, aprender, ensinar. Desse modo, cada periódico ou livro não era apenas um meio para a difusão de princípios, mas também, um modo de vida. Escritos e publicações libertárias foram desde o século XIX uma forma de ação direta, atitude de recusa das mediações por partidos ou parlamentos; uma afronta à condução de consciências por líderes que se afirmou como práticas livres e cotidianas que “corroem o campo complementar da legalidade e da ilegalidade, ao negarem a submissão ao julgamento de uma autoridade superior”3. Essas experiências afirmam relações anarquistas entre crianças, jovens e adultos que, apartados de hierarquias, enfrentam riscos e inventam novos costumes. 376

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Publicar um periódico libertário é, assim, uma ação direta. Nesses impressos, anarquistas divulgam outros periódicos, leem textos de libertários próximos e distantes, de hoje e do passado, como também, convidam seus leitores para escrever ou para ir a festas, piqueniques, almoços, peças teatrais. Essas jornais, revistas e panfletos transitam por várias mãos, são enviados para anarquistas de vários lugares do planeta, emprestados ou copiados e, hoje em dia, percorrem, também, os fluxos eletrônicos. Desse modo, os periódicos anarquistas, com seus escritos, ilustrações e fotografias registram momentos e práticas das lutas libertárias. A revista verve atualiza esse fazer anarquista em suas páginas e apresenta, pela publicação de anarquistas do passado, uma história do libertarismo voltada para o presente, com especial atenção àqueles que viveram e lutaram no Brasil. Nesses textos, registram-se as posições dos anarquistas no que diz respeito a problemas que lhes são caros, como prisão e a resistência a ela e a experiência de viver e enfrentar variadas formas de repressão.

Voltar-se aos escritos históricos de anarquistas no Brasil publicados nesses dez anos de verve pode mostrar um percurso pelos anarquismos, reparando nas lutas por eles travadas; interessam os embates que permitiram que avançassem, inventassem novos costumes, arruinassem hierarquias e fortalecessem suas relações. A prática de publicar escritos de anarquistas na verve não visou construir, assim, uma suposta unidade ou mostrar o que seria uma faceta mais verdadeira da Anarquia. Ao contrário, pela voz de anarquistas do passado buscou-se expor algo das suas batalhas pela construção de espaços de liberdade e de novas experimentações de si em meio às sociedades conservadoras nas quais viveram. Assim, ao trazer os nomes 377

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e temas enfrentados por anarquistas há muitas décadas e republicados para o leitor contemporâneo nas páginas de verve, pretende-se apresentar movimentos que se desenharam nesses dez anos de revista a partir da presença de anarquistas que experimentaram sua vida em liberdade no Brasil, com suas bravuras, tensões e desassossegos.

Os problemas e as lutas

Os anarquistas sabem que são alvos da prisão. Disso tinha clareza o sapateiro anarquista Pedro Catallo que, em 1965, escreveu o artigo “Subsídios para a história do movimento social no Brasil”4, no qual expôs os efeitos das perseguições e repressões aos anarquistas, o que acabou por fazer dele um importante documento para a história dos anarquismos na primeira metade do século XX. Catallo não esconde sua emoção ao recordar grandes amigos com quem realizou jornais e manifestações, nem esquece as tristezas da perda daqueles que morreram nas prisões ou por conta das feridas impostas. A importância do relato de Pedro Catallo está também em explicitar nomes de policiais e torturadores que perseguiram anarquistas e apontar o paradeiro dos amigos enviados ao campo de concentração no Oiapoque – a Colônia Penal de Clevelândia – durante o governo de Arthur Bernardes, que ficaria conhecido como o “Presidente Clevelândia”. Sobre esse tema, afirmou Catallo: “Nicolau Paradas, Nino Martins e Pedro Motta, que então era o Diretor de A Plebe, e mais alguns cujos nomes escapam-me infelizmente da memória, foram os militantes libertários de São Paulo que tiveram a desventura de cair nas mãos da polícia, que sem perda de tempo encaminhou-os para o Rio 378

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de Janeiro, onde o navio Campos, que havia sido transformado em navio-prisão, os esperava junto a outros milhares de presos que seriam atirados nas regiões inóspitas do Oiapoque, lá nas Guianas Francesas”5. O texto de Catallo, no entanto, não apenas volta-se contra a repressão, mas, também, celebra a resistência, narrando experiências bem-sucedidas de fugas de prisões e da própria Clevelândia. Mais do que a construção da figura do mártir, tratava-se de afirmar a vida na coragem de ultrapassar grades. Catallo conta, então, que um dos raros deportados para o Oiapoque que conseguiu escapar foi o preto e anarquista Domingos Passos. Segundo Catallo, Passos “teve de atravessar rios a nado, alimentar-se de ervas silvestres e comer a casca de uma árvore conhecida na região para combater a terrível febre palustre ali adquirida e que graçava na região da Clevelândia”6. Quando Domingos Passos conseguiu, enfim, retornar a São Paulo a tempo de participar das manifestações do Comitê de Agitação Pró-liberdade de Sacco e Vanzetti7, trouxe em seu corpo as marcas da prisão, sofrendo delírios provocados pela terrível febre. Nem por isso deixou de ir às reuniões e comícios pela libertação dos anarquistas italianos presos nos EUA. Domingos Passos ainda passaria pelo cárcere novamente e, pouco tempo depois, deixaria de ter contato com os libertários. Somente anos depois um jornal de Santos publicaria: “Passou pelo porto de Santos, com destino à Espanha, o famoso anarquista Domingos Passos”8. As prisões, expurgos, expulsões e assassinatos foram modos pelos quais o Estado brasileiro tentou calar os anarquistas. Eles, no entanto, desconhecem fronteiras e limites territoriais, provocando, no seu movimento, com379

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bates pelos lugares onde passam. Ainda no que se refere às manifestações em prol de Sacco e Vanzetti, por exemplo, grupos libertários enviaram telegramas de protesto ao consulado estadunidense, realizaram propagandas, publicaram boletins semanais e organizaram conferências e comícios pela liberdade dos dois anarquistas. Nestes comícios, Pedro Catallo recorda a presença tanto de Passos, quanto de outro importante anarquista da primeira metade do século XX: Edgar Leuenroth9. Fundador de vários jornais anarquistas, Leuenroth foi intenso escritor, assinando, muitas vezes, com pseudônimos: Frederico Brito, Routh, Palmiro Leal, Leu, Leão Vermelho e Siffleur. Um dos jornais mais importantes fundados por ele – ao lado do médico anarquista Fábio Luz10, foi A Plebe11. Mesmo tendo sido preso várias vezes, Leuenroth não deixou de realizar suas conferências ou manter os periódicos. Conta Catallo que nesses comícios pela vida de Sacco e Vanzetti, sabendo que poderia ser preso, Leuenroth levava roupa extra para suportar a umidade das celas.12 O anarquista também se preocupava com a preservação de publicações anarquistas, montando um importante acervo – com jornais, livros, panfletos, cartazes, correspondências13 – que defendeu com afinco para evitar a apreensão. Também marcou, junto com A Plebe, presença decisiva na grande greve geral de 1917, em São Paulo. A preocupação de Leuenroth era compreensível, pois os anos 1910, 1920 e 1930 foram de intensa repressão aos anarquistas. Parte dessa perseguição é retratada por Pedro Catallo, quando relata como a greve da União dos Artífices em Calçado, de 1923, foi combatida pela polícia paulista com grande violência: “era o tempo em que imperava o 380

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domínio feudal do P.R.P. (Partido Republicano Paulista), encabeçado por Washington Luiz, cuja passagem como chefe da polícia de São Paulo ficou marcada por sua atuação reacionária e pela frase que o celebrizou como feroz inimigo dos trabalhadores: ‘a questão social resolve-se a patas de cavalos’”14. Um ano após a greve, como um dos efeitos da resposta repressiva do Estado ao movimento libertário, foi criado o Departamento de Ordem Política e Social (DEOPS), que seguiu prendendo anarquistas, fichando-os, encaminhando-os para a expulsão do país e empastelando jornais libertários. O DEOPS foi responsável pela investigação do jornal A Plebe, nos anos 1930, e pela destruição do Editorial Sementeira, editora vinculada a esse jornal que traduzia e publicava livros anarquistas. No desmantelamento da Sementeira foram apreendidos livros como A Dor Universal, do anarquista francês Sébastien Faure, Serviço Militar Obrigatório, Recuso, Denuncio!, de Maria Lacerda de Moura, Da escravidão à liberdade, de Florentino de Carvalho, O que é a propriedade, de Pierre-Joseph Proudhon e O comunismo libertário, de Malatesta. Na mesma década de 1930, as invasões à casa do anarquista Benedito Romano, que distribuía o periódico Humanidade, em Porto Alegre, e à Federação Operária de São Paulo acabaram, também, com o confisco de obras anarquistas publicadas não apenas em português.15 Mesmo diante dessas repressões, os anarquistas não sossegaram nem se vitimizaram. Sabiam dos riscos que corriam e seguiram afirmando práticas de liberdade que rompessem com relações autoritárias. Isso porque, para os anarquistas, a invenção de novos costumes apartados de hierarquias implode e escancara obediências. Estas relações não ocorrem simplesmente por que alguém manda 381

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e obriga a obedecer, mas porque também há vontade em obedecer: se há obediência, obedece-se para mandar em alguém. Sobre esse problema, escreveram muitos libertários, como Maria Lacerda de Moura que, em “A política não me interessa”, publicado primeiramente n’A Plebe, em 1933, afirmou: “quem quiser subir aos picos da vontade de poder, não procura as vozes desassombradas e nem toma decisões sem ouvir a direção do seu partido. Obedecer é a escola de quem quer mandar”16.

Assim, uma das preocupações dos anarquistas para a invenção destes novos costumes foi a de como educar uma criança, jovem ou adulto para que ele não reproduzisse relações de obediência, liberando-se, também, da vontade de mandar. A atenção para a educação se voltava tanto à alfabetização de adultos, como à de crianças e jovens, sem que o professor fosse visto como o detentor de um conhecimento indiscutível e aplicador autorizado do duplo indissociável castigo/recompensa. O revisor do periódico libertário A Plebe, o português Adelino Pinho, era um autodidata que se dedicou a alfabetizar crianças e adultos, combatendo o analfabetismo em um período no qual mais de 90% da população não sabia ler e escrever. Na década de 1930, Adelino de Pinho foi proibido de lecionar pela ditadura de Getúlio Vargas17. Nessa intensa atividade de educar para a liberdade, os anarquistas fundaram muitas escolas nas primeiras décadas do século XX. O método de educação livre nas Escuelas Modernas18, do espanhol Francisco Ferrer i Guardia (1849-1909), teve ressonâncias nas experiências anarquistas. Edgar Leuenroth fundou a Escola Moderna de São Paulo ao lado de Neno Vasco, Gigi Damiani e Oreste Ristori; João Penteado fundou a Escola Moderna nº1, em 382

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São Paulo, no ano de 1912. No entanto, o interesse pela educação não foi instigado apenas pelas experiências de Ferrer. Em 1904, foi fundada a primeira Universidade Popular de Ensino da América Latina19, que tinha sua sede no Rio de Janeiro. Junto às escolas havia os ateneus, nos quais se ensinavam ofícios como a carpintaria e a sapataria e centros de cultura que reuniam material para estudo, promoviam cursos livres, apresentações artísticas, festas, almoços e jantares. As experiências de educação libertária enfrentavam diretamente o esquadrinhamento do espaço disciplinar da escola confessional ou estatal. Nas escolas anarquistas, pessoas eram educadas para uma vida apartada de hierarquias e do regime do castigo; alfabetizava-se adultos para que estes pudessem ler e escrever nos periódicos; publicava-se boletins, promovia-se agitações políticas, teatros, tertúlias e piqueniques. Nos espaços anarquistas, como os das escolas livres e centros de cultura, estava em jogo inventar costumes libertários, fomentar uma cultura libertária. Florentino de Carvalho, segundo Catallo era grande conferencista e escritor. Fundou escolas influenciadas pelo método racionalista de Ferrer, entre elas, a Escola Moderna do Brás (I) e Escola Nova na Mooca (II). Em 1915, Carvalho fundou a Universidade Popular da Cultura Racional e Científica, ao lado de Antônio C. Pimentel, Saturnino Barbosa e Roberto Feijó. Um dos jovens estudantes da Escola Moderna de Florentino de Carvalho foi Jaime Cubero20. Anarquista de família espanhola, Cubero envolveu-se, em 1945, com o Centro de Cultura Social de São Paulo (CCS-SP)21, fundado em 1933 por libertários como Edgar 383

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Leuenroth. O CCS, no entanto, foi fechado pela ditadura Vargas, ainda nos anos 1930. Pedro Catallo foi um dos rearticuladores da reabertura do CCS, em 1945, onde também escreveu algumas peças de teatro, possibilitando o ingresso de uma nova geração de libertários, dentre os quais, Jaime Cubero. A reabertura do CCS propiciou que temas importantes para os anarquistas, como a educação libertária, encontrassem espaço e fôlego na São Paulo em tempos do fim da ditadura varguista. Dentre esses temas, havia um bastante em evidência nessa época devido à II Guerra Mundial: o antimilitarismo. O jovem Jaime Cubero, instigado pelos acontecimentos desse momento, não deixou de enfrentar a questão, afirmando que combatia o militarismo por saber que este é condição para a existência e preservação do Estado: “Os anarquistas têm a convicção de que numa sociedade capitalista, seja de livre mercado, seja de capitalismo de Estado, o militarismo jamais será eliminado. (...) Combater o capitalismo e o Estado é a melhor maneira de combater o militarismo”22. Maria Lacerda de Moura também declarava a sua posição contra o serviço militar obrigatório tanto para o homem como para a mulher, ao afirmar que era uma forma de fascismo que disciplinar tudo em nome da defesa de um Estado de origem transcendental23. Os anarquistas também são atentos aos efeitos de suas experiências. Florentino de Carvalho, em um escrito publicado n’A Plebe em 1920, respondeu aos reflexos da URSS: “A reforma e a nacionalização têm como efeito imediato a formação de uma nova burocracia econômica, talvez mais daninha que o patronato. (...) As demais 384

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facções ou tendências sociais, como o minimalismo, o maximalismo, ou a ditadura proletária, também não nos satisfazem, porque não resolvem o problema social, que implica a socialização dos elementos econômicos e a supressão do despotismo, encarnando nos poderes políticos de um parlamento ou de um ministério. Os nossos princípios, os nossos meios, os nossos fins dão à questão uma solução mais radical, mais prática”24. Em 1922, o comunista Astrojildo Pereira25 envia cartas aos militantes de esquerda recrutando-os para a fundação do Partido Comunista do Brasil (PCB). Envia também o convite ao anarquista Edgar Leuenroth, que recusa. Leuenroth fez questão de registrar nas páginas dos jornais nos quais atuava, A Plebe e A Lanterna, notícias sobre a forte repressão sofrida pelos anarquistas na URSS e a impossibilidade de compactuar com as ideias comunistas. O próprio Florentino de Carvalho, quando foi cobrado por militantes sisudos por mais atividade nas organizações sindicais, respondeu em um artigo publicado em A Plebe, em 1933, que essa organização não o satisfazia e lançou um alerta: “Se não se quer continuar na profunda crise cultural, revolucionária e idealista em que nos encontramos, é preciso rever a obra que temos à vista, (...) deixar que nas organizações penetre o ar fresco das ideias libertárias. É preciso não ter medo à intempérie”26. O alerta com relação à ditadura do proletariado não levou os anarquistas a arrefecerem as críticas à democracia representativa burguesa. Não estavam interessados, assim, em representações políticas tanto por meio da vanguarda revolucionária quanto por meio de parlamentares e do exercício do voto. Maria Lacerda de Moura27, em um tex385

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to para o jornal A Plebe de 1933, mostra que o voto não é uma inevitabilidade da organização política das sociedades, além de ser indissociável da produção de obediência: “a rotina, a tradição, a escola, o patriotismo cultivado, carinhosamente, para que a carneirada louve, em uníssono, o cutelo bem afiado dos senhores”28. A mesma Lacerda de Moura, em “Serviço obrigatório para a mulher? Recuso-me! Denuncio!”, do mesmo ano de 1933, sustentou que a luta feminina pelo voto era conservadora e presa a um regime de servidão à família. Sobre essa questão do voto e do parlamentarismo, anos antes, em 1918, Edgar Leuenroth escreveu da prisão, uma carta aberta, que foi publicada no jornal O Combate, explicitando porque um anarquista não poderia ser candidato a um cargo parlamentar. Era uma resposta a um grupo de simpatizantes socialistas que lançaram seu nome a uma vaga de deputado federal29: “Como libertário, não aceito a ação parlamentar, que implica a delegação de poderes, o que constitui séria divergência com o anarquismo. (...) A experiência é grande mestra, e esta nos ensina que o Parlamento, instituição essencialmente burguesa, nunca agiu e jamais poderá agir em detrimento da vigente ordem de coisas, o que corresponde a nada fazer em proveito do povo e da causa pública. (...) Agir e associar-se, sem confiar em criaturas providenciais, guias ou dirigentes, líderes ou messias, e sem delegar poderes a pretensos defensores ou protetores”30. Para estudar e reunir essa vasta história das práticas anarquistas registradas em seus periódicos foi fundado, em 1967, por Pietro Ferrua31, o Centre International de Recherches sur l’Anarchisme (CIRA-Brasil). Ferrua, vindo da Suíça, chegou ao Brasil em 1963, onde permaneceu até 1969. 386

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Mesmo durante os anos iniciais da ditadura civil-militar, que reprimia atividades anarquistas, o CIRA organizou vários cursos e palestras. O Centre buscou construir um acervo com livros, jornais, material iconográfico, manuscritos e gravações de palestras para a criação de um arquivo oral registrando conferências e cursos livres. Quando o anarquista e compositor John Cage fez sua palestra no Brasil, a convite do CIRA, foi grande o estranhamento provocado nos libertários brasileiros. Cage surpreendeu os presentes falando sobre cogumelos e não sobre o que se esperava que tratasse: a revolução anarquista. Quando, anos depois, o compositor estadunidense relembrou sua passagem pelo Rio de Janeiro, afirmou ter dito àqueles que protestaram ao vê-lo falar sobre cogumelos, que se nem mesmo os telefones funcionavam bem no Brasil, como seria possível fazer uma revolução?32 Ferrua teve problemas com a polícia e o CIRA foi alvo de investigações. Em decorrência disso, 16 anarquistas foram presos em outubro de 1969, interrompendo as atividades do arquivo. Da lista que a polícia tinha em mãos, não foram capturados três anarquistas: Edgar Rodrigues33, Carlos Rama34 e John Cage35. Outro grupo de anarquistas que veio ao Brasil no mesmo período foi o Living Theatre36, quando apresentou Paradise Now, uma criação coletiva na qual, segundo os autores, representações eram dissolvidas no processo de montagem de cada apresentação, interessada na realidade das cidades onde era instalado para estabelecer uma proximidade entre o grupo e o público. Em 1970, a companhia teatral libertária coordenada por Julian Beck e Judith Malina manteve contato com o Grupo do Teatro Oficina, baseado em São Paulo e, três anos depois, Beck e Malina foram presos em Minas Gerais. 387

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Atualidades libertárias No início do século XX, os anarquistas constituíram a unidade política das ilegalidades populares37 e dispensaram mediações pela ação direta. Não estavam à espera de um líder para guiar a uma realização futura, pois, como disse Jaime Cubero, “o anarquismo não é uma doutrina rígida, com artigos de fé, tábuas de lei, com profetas, com excomunhões, processos de heresias e sanções”38. Parte importante dessa ação direta foi praticada por meio de escritos em periódicos combatentes. Nesses periódicos, anarquistas lutaram pela ampliação dos espaços de liberdade; defenderam suas ideias; enfrentaram seus oponentes; desafiaram o Estado e o capitalismo; relataram suas experiências cotidianas: das prazerosas e voltadas à invenção de novos costumes às penosas e associadas às prisões, expurgos, deportações. Os anarquistas lutaram e lutam pela vida livre de hierarquias e de governos, não seguem projetos ou caminhos traçados, mas inventam novos percursos e possibilidades de resistir; seus escritos não são apenas registros dessas lutas, mas, também, parte delas. Assim, as práticas de imprensa anarquista repercutem em periódicos libertários de variados tempos e lugares, atualizando a crítica aos costumes, como o fez O Inimigo do Rei39, ao incorporar temas como o sexo e as drogas no final da década de 1970, e como faz a verve, afirmando um anarquismo interessado nas liberdades no presente, na problematização da política de hoje, nas resistências e insurreições na sociedade de controle, na estética como ética de si e na abolição do castigo. Trazer esses escritos e histórias dos anarquismos no Brasil não é traçar a História da Anarquia. Não se trata de uma perspectiva das rãs, como 388

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colocou Michel Foucault40 a respeito dos historiadores obedientes da metafísica, que calam suas preferências e superam o nojo para invocar supostamente a essência das coisas, a exatidão dos fatos. Os textos, excertos e notas publicadas em periódicos importantes da história dos anarquismos no Brasil compõem uma perspectiva do anarquismo naquilo que ele provoca de liberações no presente: estabelece-se conversações entre homens e mulheres que lutaram no passado e potencializam combates no agora. Ao trazer escritos antigos, verve não ambiciona produzir um catálogo ou uma relação do que deve ser lido sobre os anarquismos; ao contrário, explicita que a história é uma perspectiva lançada a partir dos interesses táticos das lutas em que estamos imersos. Ler anarquistas de outros tempos é conhecer uma história dos anarquismos, mostrando a potência que há na insurreição libertária e a coragem que deve emergir para enfrentar um tempo modorrento e conformista como o nosso.

Notas

Pseudônimo de Primitivo Raymundo Soares (1883-1947), professor, escritor, combativo agitador anarquista. Nasceu na Espanha e veio ao Brasil ainda criança junto com a sua família. Escreveu em vários jornais como Alba Rossa, A Vida e A Plebe. Passou por prisões e uma tentativa de deportação. 1

Florentino de Carvalho. “Dois escritos da imprensa anarquista em São Paulo” in verve. São Paulo, Nu-Sol/PUC-SP, n. 15, 2009, p. 225. 2

Acácio Augusto. “Terrorismo anarquista e a luta contra as prisões” in Edson Passetti & Salete Oliveira (orgs.). Terrorismos. São Paulo, Educ, 2006. pp. 139-148. 3

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Pedro Catallo. “Subsídios para a história do movimento social no Brasil” in verve. São Paulo, Nu-Sol/PUC-SP, n. 11, 2007, pp. 11-48. 4

5

Idem, p. 22.

Ibidem, p. 25. Ver: Edson Passetti & Acácio Augusto. “Limiares da liberdade” in verve. São Paulo, Nu-Sol/PUC-SP, n. 16, 2009, pp. 237-283; Nu-Sol. “Flecheira Libertária, seleta – 20 de novembro, outras histórias” in vervedobras. Nu-Sol/PUC-SP, n.19, 2011, pp. 260-261, disponível em: http://www. nu-sol.org/verve/pdf/verve19-dobras.pdf. 6

Contava com a presença de Pedro Catallo, João Peres, José Ramón e Pascual Martínez. O comitê foi fundado para realizar agitações pela libertação dos anarquistas Sacco e Vanzetti, imigrantes italianos que residiam nos Estados Unidos, e que foram acusados de matar um guarda e um contador de uma fábrica de sapatos. As agitações pela libertação dos dois espalharam-se entre os anarquistas, também houve comitês nos Estados Unidos e vários países da Europa, como França e Itália. Entretanto, depois de presos, foram julgados e condenados à pena de morte, em 1927. Ver: Gabriel Passetti. “Retratando e apagando” in verve. São Paulo, Nu-Sol/PUC-SP, n. 2, 2002, pp. 283-289; Pedro Catallo, 2007, op. cit; Claire Auzias. “Louise Michel” in verve. São Paulo, Nu-Sol/PUC-SP, n. 10, 2006, pp. 101-108; Pietro Ferrua. “Ifigênia em Utopia” in verve. São Paulo, Nu-Sol/PUC-SP, n. 13, 2008, pp. 11-69; Pietro Ferrua. “A breve existência da seção brasileira do centro internacional de pesquisa sobre anarquismo [2ª parte]” in verve. São Paulo, Nu-Sol/PUCSP, n. 16, 2009, pp. 85-140. 7

8

Nu-Sol, 2011, op.cit., p. 261.

Anarquista, escritor e tipógrafo. Ver: Thiago Rodrigues. “Por que os anarquistas não aceitam a ação político eleitoral - apresentação” in verve. São Paulo, Nu-Sol/PUC-SP, n.2, 2002, pp. 11-19; Christina Lopreato. “O (des)encontro do Brasil consigo mesmo: ditos e escritos de Edgar Leuenroth” in verve. São Paulo, Nu-Sol/PUC-SP, n. 15, 2009, pp. 201-221. 9

Ver: Rogério Nascimento. “Episódios da vida de um rebelde” in verve. São Paulo, Nu-Sol/PUC-SP, n. 5, 2004, pp. 269-300; Gustavo Ramus. “Anarquismo cristão e sua influência no Brasil” in verve. São Paulo, Nu-Sol/PUCSP, n. 13, 2008, pp. 169-183; Gustavo Ramus. “Teatro e anarquia” (Resenha do livro Antologia do teatro anarquista de Avelino Fóscolo, Marino Spagnolo, Pedro Catallo. São Paulo, Martins Fontes, 2009) in verve. São Paulo, NuSol/PUC-SP, n.16, 2009, pp. 285-291. 10

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Jaime Cubero. “Edgar Leuenroth: o homem e o militante” in verve. São Paulo, Nu-Sol/PUC-SP, n. 10, 2006, pp. 215-218. 11

12

Pedro Catallo, 2007, op. cit, pp. 11-48.

Jaime Cubero, 2006, op. cit.. Desde a década de 1970 o acervo de Leuenroth encontra-se na Universidade de Campinas (UNICAMP), no Arquivo Edgar Leuenroth (http://www.ifch.unicamp.br/ael/). Sobre arquivos físicos e digitais que disponibilizam materiais anarquistas ver Relatório Anarquismos na Internet. Disponível em: http://www.pucsp.br/ecopolitica/ documentos/docs_especiais/docs/anarquismos_na_net/arquivo_consulta_ anarquismos.pdf. 13

14

Pedro Catallo, 2007, op. cit., p. 16.

O acesso de pesquisadores aos arquivos do DEOPS possibilitou tornar públicas estas informações. 15

Maria Lacerda de Moura. “A política não me interessa” in verve. São Paulo, Nu-Sol/PUC-SP, n. 10, 2006, p. 233. 16

Sobre educação libertária ver: Silvio Gallo. “A escola pública numa perspectiva anarquista” in verve. São Paulo, Nu-Sol/PUC-SP, n. 1, 2002, pp. 124-164; Adelaide Gonçalves & Allyson Bruno. “Libertários: educação da solidariedade e educação da revolta” in verve. São Paulo, Nu-Sol/PUCSP, n. 2, 2002, pp. 65-87; Rogério Nascimento. “Escolas de indisciplina: notas sobre sociabilidades anarquistas no Brasil em inícios do século XX” in verve. São Paulo, Nu-Sol/PUC-SP, n. 14, 2008, pp. 106-121; Vários autores. “Antropofagia anarquista” in Idem, pp. 249-268; Sébastien Faure. “A criança”. Tradução de Martha Gambini. In verve. São Paulo, Nu-Sol/ PUC-SP, n.16, 2009, pp. 13-47; Luíza Uehara. “A presença de La Ruche: experiências anarquistas” in verve. São Paulo, Nu-Sol/PUC-SP, n. 18, 2010, pp. 93-107; Acácio Augusto. “Escola, uso de drogas e violência” in verve. São Paulo, Nu-Sol, n. 19, 2011, pp. 117-133. 17

Ver: Emma Goldman. “Minoria versus maioria”. Tradução de Eliane Knorr. In verve. São Paulo, Nu-Sol/PUC-SP, n. 13, 2008, pp. 123-133. 18

19

Gustavo Ramus, 2008, op. cit., p. 175.

20

Pedro Catallo, 2007, op. cit., p. 16.

Ver: José Carlos Morel. “Antônio Martinez, um anarquista” in verve. São Paulo, Nu-Sol/PUC-SP, n. 2, 2002, pp. 20-39; Entrevista com José Carlos 21

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Morel. “Centro de Cultura Social, uma prática anarquista: entrevista com José Carlos Morel” in verve. São Paulo, Nu-Sol/PUC-SP, n. 7, 2005, pp. 209-223. Jaime Cubero. “Antimilitarismo e anarquismo” in verve. São Paulo, NuSol/PUC-SP, n. 1, 2002, pp. 192-193. 22

Ver: Maria Lacerda de Moura, 2006, op. cit.; Gustavo Ramus, 2008, op. cit.; Eliane Knorr. “Para além do gênero” (Resenha do livro Maria Lacerda de Moura: uma feminista utópica organizado por Miriam L. M. Leite. Florianópolis, Editora Mulheres, 2005) in verve. São Paulo, Nu-Sol/PUC-SP, n. 9, 2006, pp. 293-296. 23

Florentino de Carvalho. “Pelo comunismo anárquico” in verve. São Paulo, Nu-Sol/PUC-SP, n.12, 2007, p. 134. 24

Ver: Acácio Augusto. “Da desobediência como prática política” (Resenha do livro Um cadáver ao sol: a história do movimento operário brasileiro que desafiou Moscou e o PCB de Iza Salles. Rio de Janeiro, Ediouro, 2005) in verve. São Paulo, Nu-Sol/PUC-SP, n. 8, 2006, pp. 307-312. 25

Florentino de Carvalho. “Carta aberta aos trabalhadores” in verve. São Paulo, Nu-Sol/PUC-SP, n. 10, 2006, p. 222. 26

Anarquista brasileira que travou lutas antifascistas, anticlericais e feministas no começou do século XX. Autora, entre outros, dos livros A mulher é uma degenerada? (1924), Amai-vos e não multipliqueis (1932). Ver: Eliane Knorr, 2006, op. cit.. 27

28

Maria Lacerda de Moura, 2006, op. cit..

Ver: Thiago Rodrigues. “Apresentação de ‘Por que os anarquistas não aceitam a ação político eleitoral’” in verve. São Paulo, Nu-Sol/PUC-SP, n.2, 2002, pp. 11-13. 29

Edgar Leuenroth. “Por que os anarquistas não aceitam a ação político eleitoral ” in verve. São Paulo, Nu-Sol/PUC-SP, n.2, 2002, pp. 14-18. 30

Professor emérito de Lewis & Clark College, Portland, Estados Unidos, viveu no Brasil entre 1963 e 1969. 31

Pietro Ferrua. “Os arquivistas: CIRA Brasil [1ª parte]” in verve. São Paulo, Nu-Sol/PUC-SP, n. 15, 2009, pp. 130-198. 32

Ver: “O indivíduo, a sociedade mercantilista, bélica e o anarquista” in verve. São Paulo, Nu-Sol/PUC-SP, n. 4, 2004, pp. 11-18; “Figuras exemplares do 33

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anarquismo e/ou ‘escritos’ pouco convencionais” verve. São Paulo, Nu-Sol/ PUC-SP, n. 5, 2004, p. 88-110; “Os pedreiros da anarquia” in verve. São Paulo, Nu-Sol/PUC-SP, n. 7, 2005, pp. 178-193; “Os pedreiros da anarquia 2” in verve. São Paulo, Nu-Sol/PUC-SP, n. 8, 2005, pp. 64-83; “A ‘ordem’ do Estado, as peculiaridades humanas e anarquia!” in verve. São Paulo, Nu-Sol/ PUC-SP, n. 9, 2006, pp. 170-188; “Neno Vasco, Emma Goldman, a revolução mexicana de 1910 e a tese de Pietro Ferrua” in verve. São Paulo, Nu-Sol/ PUC-SP, n. 11, 2007, pp. 132-155; “Os motivos que originaram a F.A.I” in verve. São Paulo, Nu-Sol/PUC-SP, n. 12, 2008, pp. 157-168. Em resenhas: Rogério Nascimento. “Episódios da vida de um rebelde” (Resenha do livro Rebeldias de Edgar Rodrigues. Rio de Janeiro, Achiamé, 2003) in verve. São Paulo, Nu-Sol/PUC-SP, n. 5, 2004, pp. 296-300. Sobre Edgar Rodrigues ver: Marcolino Jeremias e José Maria de Carvalho Ferreira. “Edgar Rodrigues (1921-2009)” in verve. São Paulo, Nu-Sol/PUC-SP, n. 16, 2009, pp.218-234. 34

Anarquista uruguaio que fazia parte do comitê internacional do CIRA.

Pietro Ferrua, 2009, op. cit., pp. 184-186. Pietro Ferrua ainda conta que o CIRA ficou pouco conhecido após 1969 e isso se tornou evidente no encontro “Outros 500” realizado na PUC-SP, em 1992, no qual ele narrou os acontecimentos e boa parte das pessoas não sabia da existência do CIRA Brasil durante a Ditadura civil-militar. Sobre John Cage ver: Pietro Ferrua.. “O ‘testamento anarquista’ de John Cage in verve. São Paulo, Nu-Sol, n. 5, 2005, pp. 219-227; John Cage. “Leo Tolstoi” in idem, pp. 228-229; verve¸ n. 9, com intervalos de John Cage. 35

Ver: verve, n. 11, intervalos com poesias de Julian Beck, Theantric: Julian’s Beck last notebooks. New York, The Living Theatre, 1992. Julian Beck & Judith Malina. “Paradise Now”. Tradução de Andre Degenszasjn. In Verve. São Paulo, Nu-Sol/PUC-SP, n. 14, 2008, pp. 90-104. 36

Ver: Michel Foucault. Vigiar e Punir. Tradução de Raquel Ramalhete. Petrópolis, Vozes, 1997. 37

Jaime Cubero. “As ideias-força do anarquismo” in verve. São Paulo, NuSol/PUC-SP, n. 4, 2004, p. 270. 38

Gustavo Simões. “Por uma militância divertida: o inimigo do rei, um jornal anarquista” in verve. São Paulo, Nu-Sol/PUC-SP, n. 11, 2007, pp. 168-181. 39

Michel Foucault. “Nietzsche, a genealogia e a história” in Microfísica do Poder. Tradução de Roberto Machado. Rio de Janeiro, Edições Graal, 2004, pp. 15-37. 40

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Resumo Os escritos históricos de anarquistas no Brasil, publicados na verve, expõem a luta pela vida e a recusa à obediência e às autoridades centrais. Neste artigo, retoma-se alguns escritos já publicados nas páginas da verve que, em conjunto, traçam uma história das resistências anarquistas no início do século XX. Palavras-chave: anarquismos, resistências, anarquistas no Brasil. Abstract The historical writings by anarchist in Brazil, expose their fight for life against the unavoidable obedience to central authorities. This article compiles some of these libertarian texts published in verve, showing a history of the anarchist resistance in the beginning of the XXth century. Keywords: anarchisms, resistance, anarchists in Brazil.

Recebido para publicação em 10 de fevereiro de 2012. Confirmado para publicação em 10 de março de 2012.

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