Libras e Educação

June 7, 2017 | Autor: Eduardo Souza | Categoria: Educação, Libras, Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS)
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FACULDADE POLIS DAS ARTES

Eduardo Antônio Medeiros Souza Lucas Oliveira de Carvalho

Trabalho Mensal LIBRAS

Embu das Artes 2016

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FACULDADE POLIS DAS ARTES

Eduardo Antônio Medeiros Souza Lucas Oliveira de Carvalho

Trabalho Mensal LIBRAS

Trabalho final apresentado à disciplina Libras como exigência parcial para a obtenção do curso de Licenciatura para Graduados – Turma 116, sob a supervisão do Professor (a) Mestra. Jane Nogueira Lima. Pólo: Belo Horizonte

Embu das Artes 2016

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Sumário

1. Introdução........................................................................................................... 04 2. Desenvolvimento................................................................................................

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2.1 Cultura Surda................................................................................................... 2.2 Linguagem Brasileira de Sinais – LIBRAS ...................................................... 2.3 Abordagem de ensino na educação da pessoa com surdez............................ 2.3.1 Historia do educação da pessoa com surdez................................................ 2.3.2 Métodos de ensino para alunos com surdez.................................................

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3. Conclusão........................................................................................................... 15 4. Referências Bibliográficas..................................................................................

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1. Introdução O objetivo deste trabalho é expor a questão da língua de sinais como língua reconhecida pela linguística. Nosso intuito é demonstrar a importância da LIBRAS para a inclusão da comunidade surda na sociedade como um todo e demonstrar como é abordada os aspectos educacionais para alunos surdos. LIBRAS é a sigla da Língua Brasileira de Sinais, as línguas de Sinais (LS) são as línguas naturais das comunidades surdas. Ao contrario do que muitos imaginam, as línguas de sinais não são simplesmente mimicas e gestos soltos, utilizados pelos surdos para facilitar a comunicação e como poderemos ver nesse trabalho são línguas com estruturas gramaticais próprias. Atribui-se às línguas de sinais o status de língua, porque elas também são compostas pelos níveis linguísticos: o fonológico, o morfológico, o sintático e o semântico. O que é denominado de palavra ou item lexical nas línguas oral-auditivas é denominados sinais, nas línguas de sinais. O que diferencia as línguas de Sinais das demais línguas é a sua modalidade visual-espacial.

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2. Desenvolvimento da Pesquisa Comumente, a surdez é associada a uma condição patológica, deficiente, incapacitante, que deve ser “curada” por meio de próteses, terapias de fala, treinamentos auditivos e aprendizados de comportamentos ouvintes. À surdez assim (re)tratada não cabe outro esforço senão a reabilitação, em que o objetivo redentor é a normalização do corpo danificado e a superação da não-audição.

No entanto, novas bandeiras são defendidas e conquistadas pelas comunidades surdas. Do coitadinho ao sujeito de direitos, da diversidade à diferença (“diferença” em sua acepção radical, e não como mera continuidade discursiva da deficiência), das exigências da fala ao reconhecimento das línguas de sinais, da reabilitação à valorização de uma identidade cultural própria, da inculcação de padrões ouvintes à valorização do “ser Surdo”… uma série de rupturas realçaram-se nas últimas décadas.

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2.1 Cultura Surda

As comunidades surdas estão espalhadas pelo país, e como o Brasil é muito grande e diversificado, as pessoas possuem diferenças regionais em relação a hábitos alimentares, vestuários e situação socioeconômica, entre outras. Estes fatores geraram também algumas variações linguísticas regionais. As escolas de surdos mesmo sem uma proposta bilíngue (língua portuguesa e língua de sinais) propiciam o encontro do surdo com outro surdo, favorecendo que as crianças, jovens e adultos possam adquirir e usar a LIBRAS. Em muitas escolas de surdos há vários professores que já́ sabem ou estão aprendendo com professores surdos à língua de sinais, além de oferecer cursos para os pais destas crianças.

Cultura surda é o jeito de o sujeito surdo entender o mundo e de modificálo a fim de se torná-lo acessível e habitável ajustando-os com as suas percepções visuais, que contribuem para a definição das identidades surdas e das “almas” das comunidades surdas. Isto significa que abrange a língua, as ideias, as crenças, os costumes e os hábitos de povo surdo. Descreve a pesquisadora surda: “[...] As identidades surdas são construídas dentro das representações possíveis da cultura surda, elas moldam-se de acordo com maior ou menor receptividade cultural assumida pelo sujeito. E dentro dessa receptividade cultural, também surge aquela luta política ou consciência o posicional pela qual o individuo representa a si mesmo, se defende da homogeneização, dos aspectos que o tornam corpo menos habitável, da sensação de invalidez, de inclusão entre os deficientes, de menos valia social”. (PERLIN, 2004, p. 77-78).

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Podemos estabelecer uma diferença entre cultura e comunidade: [...]

uma

cultura

é

um

conjunto

de

comportamentos

apreendidos de um grupo de pessoas que possuem sua própria língua, valores, regras de comportamento e tradições; uma comunidade é um sistema social geral, no qual um grupo de pessoas vivem juntas, compartilham metas comuns e partilham certas responsabilidades umas com as outras. (STROBEL, 2008, p. 30 - 31).

Então entendermos que a comunidade surda de fato não é só́ de sujeitos surdos, há também sujeitos ouvintes – membros de família, interpretes, professores, amigos e outros – que participam e compartilham os mesmos interesses em comuns em uma determinada localização.

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2.2 Linguagem Brasileira de Sinais – LIBRAS A Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos – FENEIS define a Língua Brasileira de Sinais – Libras como a língua materna 2 dos surdos brasileiros e, como tal, poderá́ ser aprendida por qualquer pessoa interessada pela comunicação com esta comunidade. Como língua, está composta de todos os componentes pertinentes às línguas orais, como gramatica, semântica, pragmática, sintaxe e outros elementos preenchendo, assim, os requisitos científicos para ser considerado instrumento linguístico de poder e força. Possui todos elementos classificatórios identificáveis numa língua e demanda prática para seu aprendizado, como qualquer outra língua. É uma língua viva e autônoma, reconhecida pela linguística.

A estrutura da Língua Brasileira de Sinais é constituída de parâmetros primários e secundários que se combinam de forma sequencial ou simultânea, os parâmetros primários são:

a) Configurações das mãos , em que as mãos tomam as diversas formas na realização de sinais. b) Ponto de articulação , que é o espaço em frente ao corpo ou uma região do próprio corpo, onde os sinais são articulados. c) Movimento, que é um parâmetro complexo que pode envolver uma vasta rede de formas e direções, desde os movimentos internos da mão, os movimentos do pulso, os movimentos direcionais no espaço até conjuntos de movimentos no mesmo sinal.

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Quanto aos parâmetros secundários tem-se:

a) Disposição das mãos , em que as “articulações dos sinais podem ser feitas apenas pela mão dominante ou pelas duas mãos. b) Orientação da palma das mãos , é a direção da palma da mão durante o sinal. c) Região de contato , refere-se à parte da mão que entra em contato com o corpo. d) Expressões faciais muitos sinais, além dos parâmetros mencionados acima, tem como elemento diferenciador também a expressão facial e/ou corporal, traduzindo sentimentos e dando mais sentido ao enunciado e em muitos casos determina o significado do sinal.

Podemos ver que o movimento das mãos podem significar letras do alfabeto ou uma sentença específica, como podemos ver nas imagens abaixo.

Figura1 – SaudaçãoemLIBRAS

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ALFABETO MANUAL E NUMEROS

Figura2 – AlfabetoManualenú meros

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2.3- Abordagem de ensino na educação da pessoa com surdez 2.3.1. Historia do educação da pessoa com surdez Ter conhecimento sobre a história, bem como sobre as filosofias e métodos educacionais criados para os alunos com surdez, permite a compreensão da relação existente entre o comprometimento linguístico dessa população, a qualidade das suas interações interpessoais e o seu desenvolvimento cognitivo.

No século dezesseis, na Espanha, o monge beneditino Pedro Ponce de Leon (1520 - 1584) desenvolveu uma metodologia de educação para crianças com surdez que incluía datilologia (representação manual das letras do alfabeto), escrita e oralização, e criou uma escola de professores de surdos. Em 1620, Juan Martin Pablo Bonet publicou, também na Espanha, um livro que tratava do alfabeto manual de Ponce de Leon. No inicio do século vinte a maior parte das escolas em todo o mundo deixa de usar a língua de sinais. A oralização passa a ser o principal objetivo da educação das crianças surdas e, para aprenderem a falar, passavam a maior parte do seu tempo nas escolas recebendo treinamento oral. O ensino das disciplinas escolares foi deixado para segundo plano levando a uma queda significativa no nível de escolarização dos alunos com surdez. No Brasil, a educação das pessoas com surdez teve inicio em 1857, ao ser fundada a primeira escola especial no Rio de Janeiro por um professor surdo francês, Ernest Huet, com o apoio de D. Pedro II, e que hoje tem o nome de Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), que utilizava a língua de sinais.

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2.3.2- Métodos de ensino para alunos com surdez O professor, junto com os pais, deve explorar e buscar alternativas para cada aluno, no sentido de provocar o desenvolvimento pleno de suas potencialidades. Os métodos de ensino dividem-se em três abordagens principais que produziram muitas formas de se trabalhar com o aluno surdo. São elas: Oralismo, Comunicação Total e Bilinguismo.



Oralismo Oralismo concebe a surdez como uma deficiência que deve ser

minimizada por meio da estimulação auditiva que possibilitaria a aprendizagem da língua portuguesa e levaria a criança surda a integrar-se na comunidade ouvinte, desenvolvendo sua personalidade como a de alguém que ouve. Isto significa que o objetivo do Oralismo é fazer a reabilitação da criança surda em direção à normalidade. A educação oral requer um esforço total por parte da criança, da família e da escola. De acordo com os seus defensores, para se obter um bom resultado, é necessário: Ø

Envolvimento e dedicação das pessoas que convivem com a criança no trabalho de reabilitação todas as horas do dia e todos os dias do ano;

Ø

Início da reabilitação o mais precocemente possível, ou seja, deve começar quando a criança nasce ou quando se descobre a deficiência;

Ø

Não oferecer qualquer meio de comunicação que não seja a modalidade oral. O uso da língua de sinais tornará impossível o desenvolvimento de hábitos orais corretos;

Ø

A educação oral começa no lar e, portanto, requer a participação ativa da família, especialmente da mãe;

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Ø

A educação oral requer participação de profissionais especializados como fonoaudiólogo e pedagogo especializado para atender sistematicamente o aluno e sua família;

Ø

A educação oral requer equipamentos especializados como o aparelho de amplificação sonora individual.



Comunicação Total Esta filosofia se preocupa também com a aprendizagem da língua oral pela criança surda, mas acredita que os aspectos cognitivos, emocionais e sociais não devem ser deixados de lado só por causa da aprendizagem da língua oral. Defende assim a utilização de qualquer recurso espaço - visual como facilitador da comunicação. Os defensores da filosofia da Comunicação Total recomendam então o uso simultâneo de diferentes códigos como: a Língua de Sinais, a datilologia, o português sinalizado, etc. Todos esses códigos manuais são usados obedecendo à estrutura gramatical da língua oral, não se respeitando a estrutura própria da Língua de Sinais. Tal abordagem compreende, então, que a criança seja exposta: Ø ao alfabeto digital; Ø a língua de sinais; Ø a amplificação sonora; Ø ao português sinalizado.

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Bilinguismo Parte do princípio que o surdo deve adquirir como sua primeira língua, a língua de sinais com a comunidade surda. Isto facilitaria o desenvolvimento de conceitos e sua relação com o mundo. A língua portuguesa é ensinada como segunda língua, na modalidade escrita e, quando possível, na modalidade oral. A preocupação do bilingüismo é respeitar a autonomia das línguas de sinais organizando-se um plano educacional que respeite a experiência psicossocial e linguística da criança com surdez. Quando o professor ouvinte conhece e usa a Língua de Sinais, tem condições de comunicar-se de maneira satisfatória com seu aluno surdo. A introdução da Língua de Sinais no currículo de escolas para surdos é um indício de respeito a sua diferença. É o que caracteriza uma escola inclusiva para esse alunado. O aluno surdo para se desenvolver necessita então de professores altamente participativos e motivados para aprender e tornar fluente a linguagem. Só assim, ou seja, respeitando e considerando às suas necessidades educacionais, é que será possível proporcionar o pleno desenvolvimento emocional e cognitivo e a efetiva inclusão e participação do aluno surdo no meio social.

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3. Conclusão

A educação sempre será um dos instrumentos mais importantes para que a sociedade possa lutar contra as desigualdades, diminuir o preconceito e enfrentar processos de exclusão social. A Alfabetização é direito de todos, inclusive daquelas pessoas que possuem alguma necessidade educativa especial. Porém essa formação deve ser ofertada a partir das especificidades desses sujeitos. Para que esse direito se efetive é necessário que a formação destinada aos profissionais da educação busque atender a essas especificidades. Porém a realidade das escolas ainda não esta preparada para receber os alunos surdos e para isso é necessario facilitar e encorajar a aprendizagem de LIBRAS por professors. Enfim, é necessário sensibilizar os envolvidos no processo de ensinoaprendizagem com relação à inclusão.

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4. Referências bibliográficas BRITO, Lucinda Ferreira. Por uma gramática de línguas de sinais. Rio de Janeiro, Tempo Brasileiro, 1995. UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS . Disponível em: < http://adm.online.unip.br/img_ead_dp/33519.PDF >. Acesso em: 24/02/2016.

INFO

ESCOLA



NAVEGANDO

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http://www.infoescola.com/portugues/lingua-brasileira-de-sinais-libras/ >. Acesso em: 24/02/2016.

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Acesso

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24/02/2016.

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https://www.marilia.unesp.br/Home/Extensao/Libras/mec_texto2.pdf >.

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LIBRAS: A INCLUSÃO DE SURDOS NA ESCOLA REGULAR. Disponível em: < http://web.unifoa.edu.br/praxis/numeros/09/65-69.pdf >. Acesso em: 24/02/2016.

SABERES

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PRÁTICAS

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24/02/2016.

LIBRAS:

CONHECER

A

CULTURA

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Disponível

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<

https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/116977/Educação%2

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0%20LIBRAS%20CONHECER%20A%20CULTURA%20SURDA.pdf?sequence=1& isAllowed=y >. Acesso em: 24/02/2016.

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – LIBRAS: LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS . Disponível

em:

http://portal.estacio.br/media/1868413/cartilha_lingua_brasileira_de_sinais.pdf

< >.

Acesso em: 24/02/2016.

BLOG CULTURA SURDA. Disponível em: < https://culturasurda.net >. Acesso em: 24/02/2016.

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