Linguagem e Evolução – Uma perspectiva gerativista

June 2, 2017 | Autor: Luana Brasil | Categoria: Languages and Linguistics
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Mestrado em Ciência Cognitiva – Universidade de Lisboa

Linguagem e Evolução – Uma perspectiva gerativista *Luana Brasil Dias Nos anos 50, a Gramática Gerativa ofereceu um aporte teórico neurobiológico e evolucionário à linguagem. Segundo ela, a mutação do DNA dos hominídios conduziu a uma instância mental denominada Gramática Universal, que forneceu aos humanos um conhecimento a priori da estrutura da Linguagem. Procuramos compreender de forma sumária e superficial o que já foi proposto no âmbito da perspectiva Chomskyana sobre a evolução da Linguagem, as características da Faculdade da Linguagem, como foi seu surgimento no processo evolutivo, como cresceu e se desenvolveu e se implementa entre os indivíduos a Linguagem. Este trabalho pretende abordar uma perspectiva da aquisição da linguagem baseada na biologia evolucionária e na neurobiologia.

1. INTRODUÇÃO: Há algo de curioso e distintivo na espécie humana. O nome de nossa espécie já traz à luz essa distinção: sapiens. Esse atributo designa uma habilidade cognitiva, mas não somente isso. Não apenas sabemos sobre o mundo: sabemos que sabemos sobre o mundo e nosso grau de cognição e consciência é o que nos faz cabalmente díspares das outras espécies. Além de pensarmos, podemos compartilhar nosso pensamento de forma bastante complexa com outros indivíduos, na forma da Linguagem. Outros animais também podem comunicar-se com outros animais, mas não do modo especial como fazemos. E por que os animais não se comunicam como nós? Simples - porque não pensam como nós. Estas premissas corroboram a ideia de uma “Linguagem Universal” ou uma Gramática Universal que demanda um “Language Aquisition Device” (LAD)– isto é, uma matriz biológica que o humano traz implementada no cérebro. Mas qual seria a origem e a estrutura desta capacidade? É sugerido por Morten (2003) que esta é a questão mais difícil de ser respondida pela Ciência.

Há ferrenhas

discussões científicas entre teóricos (como Chomsky, Hauser, Ficht, Pinker, Jackendoff, entre tantos outros) acerca da faculdade da linguagem, o que é esta faculdade, o que existe de especial, peculiar e especificamente humano nela. Neste artigo, vamos nos aprofundar na abordagem gerativista de Chomsky. Em 1975, Noam Chomsky defendeu a hipótese de que os humanos são dotados de um sistema de aquisição da linguagem que, em contato com o meio, desenvolve-se. Essa perspectiva, além de derrubar o paradigma Estruturalista que dominava o campo da pesquisa à época, pressupôs que um input da experiência de

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uma língua específica - ao percorrer um sistema universal a todos os humanosgera um output de uma gramática particular, conforme professa a pesquisadora e professora Manuela Ambar. Chomsky busca compreender a particularidade da Faculdade da Linguagem na espécie humana e seu diferencial frente aos processos comunicativos de outras espécies. Buscou desvelar o que dá suporte à capacidade de discursar, de produzir pensamento e quais são as estruturas subjacentes que concedem recursividade à linguagem. Há em Chomsky uma preocupação teóricofilosófica acerca da Linguagem, mas também há uma inquietação perene: que aparelho biomecânico deu origem a esta faculdade? Como acessar o sistema que processa a Linguagem? Em 1975, o pesquisador abandona o dualismo herdado de Descartes e se embrenha em meio à pesquisa no campo da biologia, deixando de se referir à mente como algo dissociado e passando a investigar as propriedades do cérebro humano que são responsáveis pela formação da Linguagem. Em seu Programa Minimalista, ele propõe uma metodologia para explicar a Linguística com um aparato teórico mínimo, buscando contatos com a biologia, a física, a psicologia e a neurociência. 2. FACULDADE DA LINGUAGEM: Noam Chomsky descreve uma arquitetura para a Faculdade Humana da Linguagem, esse sistema responsável por produzir e compartilhar conhecimento. Conforme Hauser, Chomsky e Ficht num artigo do ano de 2002, há um consenso entre os pesquisadores de que os humanos e os animais compartilham de uma diversidade de recursos computacionais e perceptuais bastante importantes. Entretanto, substancias remodelagens evolucionárias aconteceram desde que nos afastamos de nossos ancestrais comuns. HCF (Hauser, Chomsky, Ficht, 2002) discutem se a evolução da linguagem foi gradual ou se deu em saltos, e também questionam se a linguagem humana evoluiu pela extensão de um sistema de comunicação existente ou se aspectos da linguagem foram extraídos de funções adaptativas prévias, ou seja, se

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a linguagem evoluiu como adaptação para a comunicação ou por outros fatores computacionais. Os autores encontraram dois sentidos de Faculdade da Linguagem, este sistema específico de comunicação cultural. O primeiro é a faculdade da linguagem sentido amplo (FLB) e o segundo é a faculdade da linguagem sentido estrito (FLN). Faculdade da Linguagem

Faculdade da Linguagem

em Sentido Amplo

em Sentido Estrito

(Faculty of Language

(Faculty of Laguage

Broad Sense – FLB)

Narrow Sense – FLN)

O FLB inclui um sistema de computação

interno

(o

FLN

A FLN é considerada pelos

que autores como um componente da FLB.

falaremos ao lado) combinado com dois É um sistema computacional linguístico outros

mecanismos

internos abstrato que interage com os outros

denominados: sensório-motor (forma sistemas e é a interface entre as formas fonética)

intencional-conceitual fonética

e

(forma lógica).

(sensório-motor)

e

lógica

(intencional-conceitual).

Um sistema computacional

A

FLN

possibilita

a

é a chave de FLN que gera as elaboração de um número infinito de representações mentais e mapeia essas expressões a partir de um número representações

para

os

sistemas finito de elementos, que os autores

sensório-motor, mediado pelo sistema chamam de um sistema de infinitos fonológico,

e

intencional-conceitual discretos. Ele processa e elabora a

mediado pelo sistema semântico.

informação para o uso efetivo da linguagem, por meio de um sistema de conexão de som e significado. A propriedade nuclear ou fundamental de FLN é a recursão. Define-se recursão como a adaptação computacional que nos permite comunicar pensamentos. É um procedimento que "chama ele

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mesmo",

ou

um

constituinte

que

contém um constituinte do mesmo tipo.

3- O SURGIMENTO DA LINGUAGEM NO PROCESSO EVOLUTIVO – UMA ABORDAGEM COMPARATIVA:

O comportamento linguístico não é passível de ser fossilizado para análise. Há dificuldades no entendimento da evolução da linguagem, diz Hauser (2002). Entretanto, estudos comparativos entre dados de espécies existentes e de espécies extintas são analisados para inferências acerca da linguagem. O método comparativo foi a primeira ferramenta utilizada por Darwin para analisar o fenômeno evolucionário e continua a desempenhar um papel central na biologia evolucionária moderna. Neste sentido, a percepção categorial foi descrita como habilidade unicamente humana e depois observada em pássaros e macacos como evolução do processamento auditivo e não do processamento da fala. HCF inferem que um traço homólogo presente em não humanos não evoluiu especificamente para a linguagem humana, mas pode ser parte da faculdade da linguagem e do processamento da linguagem. O traço pode ter evoluído em humanos e em outras espécies. Os autores também defendem a ideia de que a recursão é uma habilidade exclusiva do ser humano. Logo, o FLN é o único componente da linguagem exclusivamente humano. Em humanos a evolução pode ter acontecido para a linguagem e nas outras espécies não, ainda que haja funções análogas. Há três hipóteses para a evolução da faculdade da linguagem, conforme Hauser (2002): a-) FLB é homólogo à comunicação animal, ou seja, FLB existe em outras espécies mesmo que menos desenvolvida ou modificada e é composta pelos mesmos componentes funcionais em outras espécies.

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b-) FLB é uma derivação unicamente humana para a linguagem, ou seja, é uma complexa adaptação para a linguagem realizada por seleção natural: FLB possui um componente genético. c-) Apenas a FLN é exclusivamente humano, ou seja, o mecanismo computacional de recursão evoluiu recentemente e é unicamente humano. FLN é composto nuclearmente de mecanismos computacionais de recursão que aparecem na sintaxe e mapeiam as interfaces. FLB partilha componentes com outras espécies, menos FLN. Há estudos que apontam para a possibilidade de outras espécies possuírem as duas interfaces: a sensório-motora e a conceitual-intencional. Há estudos comparativos do sistema sensório-motor que apresentam a ideia da existência de mecanismos unicamente humanos adaptados para percepção e produção da fala, entretanto outros estudos apontam para existência de espécies que discriminam sons em diferentes línguas. Há diferenças de formantes entre as vocalizações de pássaros e de macacos e a produção da fala. Quanto ao aspecto biológico, afirmam a presença da laringe na forma descendente em outras espécies, sem função fonética nessas espécies. Quanto à capacidade de imitação a mesma é percebida em macacos, golfinhos e pássaros. A existência do sistema conceitual-intencional também é manifestada em diferentes espécies. Estudos apontam para a existência de habilidade de intenção e representação conceitual observada em outras espécies, entretanto a ideia de que o receptor ou interlocutor (homem) dá o sentido derruba a ideia da existência de intenção nas outras espécies. Pensando desta forma, o componente conceitual-intencional de FLB passa a ser visto e entendido como unicidade humana. Além disso, nenhuma espécie além do homem possui capacidade de recombinar unidades significativas em um número infinito de estruturas diferenciadas pelo significado. Adotando a hipótese 3, FLN exclusivamente humana, afirmam que os sistemas de interface – sensório-motor e conceitual-intencional – são dados e a

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inovação que embasou a faculdade da linguagem foi a evolução do sistema computacional que conecta os dois sistemas (FLN). Desta forma, o sistema computacional deve construir uma série de expressões internas a partir de um número finito de fontes do sistema conceitualintencional e possibilitar o significado para externar e interpretar as expressões no sistema sensório-motor. 3. LOCALIZAÇÃO GÊNICA E APORTE NEUROBIOLÓGICO DA FACULDADE DA LINGUAGEM Locus Gênico: Em 2001, foi feita a primeira descoberta de um gene, o FOXP2, responsável por algumas capacidades da fala e da aquisição da linguagem. A novidade fora publicada na revista Nature com grande alarde. Chomsky há muito já afirmava ser a linguagem determinada geneticamente, entretanto, sem base empírica. Uma família britânica em que metade dos indivíduos de três gerações era afetada por um grave distúrbio de fala e de linguagem fora encaminhada para acompanhamento genético, após observar-se que sofriam de “Dispraxia Verbal do Desenvolvimento”. Foi notado que observação do heredograma da Família Ke (como ficou conhecida) era compatível com o padrão de herança mendeliano dominante autossômico, uma vez que os indivíduos afetados tinham pelo menos um progenitor afetado igualmente distribuído entre homens e mulheres, logo que este traço complexo do comportamento, a linguagem, poderia ser identificada precisamente em algum gene. O gene responsável pelos distúrbios de fala e de linguagem na família KE, o FOXP2, estava localizado em um dos braços do cromossomo 7. Pessoas que nascem com uma mutação neste gene, como a Família KE, sofrem distúrbios de fala, compreensão e processamento de linguagem. Estas descobertas sugerem fortes evidências de que o fenótipo neural da família KE como expressão do padrão neural do FOXP2 deve contribuir

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substancialmente para a emergência da proficiência da faculdade da linguagem, concluiu Faraneh em 2005, na Nature. Aporte Neurobiológico Estudos pioneiros indicaram que – na maioria dos indivíduos - a fala depende predominantemente do hemisfério esquerdo, mais especificamente na região cortical, a mais desenvolvida e evoluída em humanos. Essa perspectiva foi proposta por Pierre Broca em 1864. É onde ocorre o planejamento dos padrões motores para a expressão de palavras individuais. Também foi observado que o processamento de frases complexas envolvem a área de Broca, especialmente no giro frontal inferior, uma área associativa que contém um circuito necessário para a formação da palavra. Em 1876, Wernicke encontrou estruturas responsáveis pela recepção e compreensão (não da expressão da linguagem, como Broca fez). Os pacientes de Wernicke podiam formar palavras, mas não compreendiam o significado da linguagem. Estes pacientes eram afetados por lesões na parte posterior do córtex, onde o lobo temporal encontra o lobo parietal e occipital (Kandel, 2014). Tal região ficou conhecida como área de Wernicke. Muitos modelos neurais da Linguagem foram desenvolvidos a partir destas descobertas, mas apenas com as técnicas avançadas em neuro-imagem obtivemos um grande avanço nas descobertas do suporte neurobiológico da linguagem. Inúmeros aspectos da Linguagem como a fala, a compreensão, a nomeação puderam ser seletivamente interrompidos, o que sugere que a linguagem é processada em locais anatomicamente múltiplos e distintos. Segundo Berwick (2012) a linguagem humana contém estruturas hierárquicas que são produtos da conversão de múltiplas operações. A seguir, uma pequena síntese destas áreas e seus correlatos funcionais conforme J. Castaño em Bases Neurobiológicas da Linguagem e suas Alterações de 2003:

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Área associativa parieto-occipito-temporal Essa área abrange quatro regiões: de análise das coordenadas espaciais do corpo, área para o processamento inicial da linguagem (leitura), área para compreensão da linguagem e área para a nomeação de objetos. Estas duas últimas são essenciais para a atividade linguística. A linguagem é distinguida da leitura e da escrita. A área de Wernicke, situada no lobo temporal, é um processador de sons que os reconhece para que sejam interpretados como palavras e sejam utilizados, posteriormente, para evocar conceitos. Em outras palavras, é a área de compreensão da linguagem, já que não é um selecionador de palavras, mas parte do sistema necessário para implementar os sons na forma de representações internas auditivas e sinestésicas que dão apoio às vocalizações. Por esse motivo, a área de Broca trabalha em associação estreita com o centro de Wernicke. Área para a nomeação de objetos Na parte mais lateral da região anterior do lobo occipital e da região posterior do lobo temporal está uma párea responsável pela nomeação dos objetos. Estes nomes são aprendidos principalmente através da audição, enquanto as naturezas físicas dos objetos são aprendidas principalmente através da visão. Por sua vez, os nomes são essenciais para a compreensão da linguagem (funções realizadas pela área de Wernicke localizada imediatamente superior à região auditiva de “nomeação” e anteriormente à área de processamento da palavra visual). Os primeiros achados referentes à linguagem formaram o modelo conhecido como modelo de Wernicke-Geschwind, o qual tinha três componentes: áreas de Wernicke e Broca, processadoras de imagens acústicas das palavras e articulação da fala, respectivamente; fascículo arqueado, via conectando as áreas de Wernicke e Broca; e conexões das áreas de Wernicke e Broca com as áreas associativas polimodais. Deste modo, após uma palavra falada ter sido processada pelas vias auditórias e desses sinais terem alcançado a área de Wernicke, o significado seria

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estabelecido quando estruturas subseqüentes no circuito da área de Wernicke fossem ativadas. De maneira semelhante, os significados não verbais seriam convertidos em imagens acústicas na área de Wernicke e transformados em vocalizações quando essas imagens tivessem sido transportadas por meio do fascículo arqueado até a área de Broca. Finalmente, as capacidades de leitura dependeriam de ambas as áreas, as quais receberiam informações do córtex visual esquerdo. Dando maior profundidade ao entendimento, Berwick (2012) diz que sentenças do tipo AnBn ativam a área de Broca, enquanto sentenças do formato (AB)n ativam o opérculo frontal, uma área filogeneticamente mais antiga do córtex. Sequências do tipo AnBn poderiam, em princípio, serem processadas sem necessariamente construir representações estruturadas hierarquicamente. 4. DISCUSSÃO - LINGUAGEM: UMA EVOLUÇÃO DA COGNIÇÃO E NÃO DA COMUNICAÇÃO ANIMAL Os teóricos foram contrapostos por outros linguistas quanto às suas hipóteses de evolução da linguagem, especialmente a hipótese 3 que reza ser um atributo exclusivamente humano a posse da Faculdade da Linguagem em Sentido Estrito, que se refere à capacidade de recursão (Ficht, 2005). Pinker diz que o design de propriedades da faculdade da linguagem é uma adaptação da comunicação. Chomsky questiona, dizendo que não há rigor conceitual quanto ao uso do termo adaptação - que diz respeito a um campo conceitual vastamente reconhecido e utilizado pelos biologistas evolucionários. Chomsky alega que um vasto conjunto de mecanismos da Faculdade da Linguagem em Sentido Amplo é adaptativo numa acepção também ampla de adaptação, tendo sido moldado pela seleção natural, entre outras coisas, como a comunicação entre outros humanos. “Enquanto a FLB é uma adaptação, nós defendemos a hipótese de que a FLN não é uma adaptação da ‘comunicação’”, diz no artigo assinado com Ficht em 2005. Chomsky elabora que a FLN é uma adaptação da cognição. Assim, a distinção clara entre FLB e FLB (feita em tópicos anteriores) é crítica para o entendimento da evolução da linguagem.

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Pinker cita um dado a respeito de pequenas, mas significativas mudanças que ocorreram no gene humano FOXP2, lançando dúvidas ainda maiores sobre a hipótese única da recursão. Ele diz que a possibilidade de que isso afete as pessoas apenas na recursão não é um ponto de partida válido. Entretanto, os gerativistas não veem empecilho para a defesa de seu aporte teórico no fato de que o gene FOXP2 também possa ser encontrado em mamíferos – numa transcrição muito conservadora - porque ele se relacionaria com a faculdade da Linguagem em sentido amplo, ou seja, no sentido compartilhado com outras espécies e não naquela que fala do sentido estrito, exclusivamente humano, onde se encaixa a recursão. A discussão se segue e o pesquisador gerativista defende que - se tendo em mente as distinções entre as duas faculdades, os argumentos de Pinker desaparecem. Os autores trazem novamente os conceitos de mecanismos homólogos e análogos da evolução que existem em espécies não humanas e que mecanismos análogos ou homólogos à linguagem podem ser operativos em outros domínios cognitivos não linguísticos. Admitem também haver áreas de incerteza, proeminentemente evocando similitudes e diferenças no aprendizado vocal e na aquisição de léxico entre humanos e animais, e referem-se a bases cognitivas da música e da linguagem como sendo um foco sedutor de pesquisas futuras. 5. CONCLUSÃO Os avanços teóricos e a evolução nos estudos da linguística, do campo da etologia comparativa, da genética e da linguagem contribuem para o aumento do conhecimento das bases biológicas da linguagem e abrem caminhos dando a luz para quais rumos tomar e o que vir a pesquisar na biolinguística. Como é comum à Ciência, as descobertas, metodologias teorias vão sendo modificadas, contestadas, buriladas no decorrer do tempo. O ponto principal deste trabalho era mostrar como os estudos da linguagem e sua evolução poderiam ser tratados e observados para além da sintaxe, buscando uma genealogia biológica e ainda assim serem embebidos pelos conceitos da Gramática Gerativista. Num primeiro momento, buscamos compreender o que é e como se caracteriza a faculdade da linguagem. Num segundo momento, foi importante

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compreender como é explicada por Chomsky e outros pesquisadores da mesma perspectiva como essa faculdade evoluiu no processo evolutivo. Observamos que a linguagem é um fenômeno que parece ser exclusivo da espécie humana (tipo particular de estrutura e organização mental) e que existe um módulo linguístico na mente e no cérebro, constituídos de princípios e estruturas responsáveis pela formação e compreensão das expressões linguísticas, especialmente dedicadas à língua. Essa faculdade é inata (todos os seres humanos nascem dotados dela) e é parte da dotação genética da espécie humana. Em seguida, buscamos compreender o que já é conhecido sobre a os substratos neurobiológicos que a sustentam e acompanhamos as discussões, brechas e críticas à sua proposta, o que foi feito de forma sucinta e demanda mais aprofundamento em pesquisa de trabalhos posteriores.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Berwick, C., Friederici, A. D., Chomsky, N., Bolhuis, J. (2012). Evolution, brain and the natures of language. Elsevier Castaño,J. (2003). Bases neurobiológicas del lenguaje y sus alteraciones. Revista de Neurología, 36(8):781-5. Chomsky, N. (2005), Three Factors in Language Design Deacon, T. The symbolic Species: The Co-evolution of Language in the Brain. Fitch, W. T. (2010) The evolution of language. Cambridge University Press. Fitch, W. T., Hauser, M. D., Chomsky, N. (2005) The evolution of the language faculty: clarifications and implications. Cognition 97(2), 179–210. Friederici, A. D., Bahlmann, J., Friedrich, R., Makuuchi, M. The Neural Basis of Recursion and Complex Syntactic Hierarchy Hauser, M. D., Chomsky, N., Fitch, W. T. (2002) The Faculty of Language: What Is It, Who Has It, and How Did It Evolve? Kandel, E. R., Schwartz, J. H., Jessel, T. M., Siegelbaum, S. A., Hudspeth, A. J. (2014) Princípios da neurociência, Artmed.

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Morten, H. (2003). Language Evolution: The Hardest Problem in Science? Oxford. Vargha-Khadem, F., Gadian, D. G., Copp, A., Mishkin, M. (2005) FOXp2 and the neuroanatomy of speech and language.

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