Linguagem Gestual na Idade da Aquisição

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Linguagem Gestual na Idade da Aquisição



Disciplina: Introdução às Ciências da Linguagem
Docente: Dra. Maria Isabel Tomás
Aluna: Alexandra Sequeira nº 41535
Turma: 1º ano, D



Índice

Introdução

A importância da fase de aquisição\

2.2. A primeira infância

2.3. A idade pré-escolar

Verdades acerca da Linguagem Gestual

Conclusão

Bibliografia






Introdução
Este trabalho resulta de uma investigação num tema da Linguagem Gestual, mais especificamente a linguagem gestual na idade de aquisição.
Este trabalho tem como fim determinar dados acerca da linguagem gestual na fase da aquisição para crianças não-ouvintes.
Os recursos utilizados serão outros estudos realizados acerca de este tema, nomeadamente ensaios encontrados ao longo da investigação.




A importância da fase de aquisição

Antes de mais, é importante dizer que é fundamental proporcionar a aquisição da linguagem gestual às crianças surdas durante um período crítico da sua infância, comummente denominado como fase de aquisição. Isto deve-se ao facto de que a partir do nascimento, a criança fica totalmente recetiva à aquisição de uma língua que irá estruturar todo o seu desenvolvimento cognitivo.
Este início de exposição a uma língua é vital para a passagem do primeiro momento pré-linguístico ao período linguístico propriamente dito.
Esta fase de aquisição é fundamental em qualquer criança, seja ela surda ou não, para a aquisição básica de uma língua. Por outras palavras, é nesta fase que as crianças adquirem a sua língua nativa, mas para isso têm que se encontrar num enquadramento que possibilite a aquisição, ou seja, num ambiente onde possam comunicar livremente com os seus pares e onde tenham acesso a modelos linguísticos culturais adequados.
Para as crianças surdas, a língua materna será a LG, pois esta é a língua nativa da comunidade surda, uma vez que cerca de 95% dos pais das crianças surdas são, de facto, ouvintes e não têm meio de proporcionar de imediato bases de LG às crianças. Normalmente, as crianças surdas irão adquirir a LG através da escola, a não ser que os pais se envolvam e a ensinem ou que a insiram num meio onde a LG seja livremente utilizada, pois deste modo a criança terá um desenvolvimento linguístico mais saudável.


No entanto, ao longo da sua escolaridade o aluno surdo irá adquirir a Língua Portuguesa, mas esta não poderá nunca ser denominada como primeira língua, apenas como segunda língua, uma vez que a criança não terá pleno acesso à sua estrutura, nem será nunca natural.
É também importante que os pais estimulem, de livre e espontânea vontade, a LGP na criança surda, por isto entende-se:
Trabalhar estratégias para manter o contacto visual;
Explorar o uso das expressões faciais;
Identificar objetos pelo nome gestual depois de reconhecidos visualmente pela criança;
Alargar a produção dos gestos no tempo e no espaço;
Apoiar a localização dos gestos no próprio corpo da criança;
Chamar a atenção da criança tocando-a levemente no ombro ou na perna ou acenando no seu campo de visão;
Abordar a criança de forma tranquila e convidam-na a interagir de forma lúdica;
Utilizar frases curtas, simples e pausadas, com repetições e maior amplitude.
As autoras Helena Carmo, Mariana Martins, Marta Morgado, Paula Estanqueiro vão mais longe no seu estudo acerca do Programa Curricular de Língua Gestual Portuguesa, ao dizer que a criança passa por duas etapas na sua fase de aquisição linguística:




A primeira infância (dos 0 aos 3 anos), idade privilegiada para a aquisição da primeira língua, focando o desenvolvimento da atenção e da discriminação visual, o controlo corporal dos movimentos, as normas que regem a interação social, a compreensão e expressão das intenções comunicativas e descoberta do universo circundante.

A Educação pré-escolar (dos 3 até à idade de ingresso no 1º ciclo), em que a criança Surda continua a adquirir e desenvolver a LG, usando-a para fins comunicativos mais alargados, que incluem as aquisições necessárias noutras áreas de conteúdo, focando-se os conteúdos comunicativos, e as estratégias que regem a interação. Introduzem-se ainda aspetos relativos à identidade Surda de forma a desenvolver desde logo uma identidade e uma autoestima positiva.



A primeira infância

Durante os primeiros três anos de vida, a criança adquire competências comunicativas, que lhe permitirão adquirir e desenvolver a sua primeira língua e a capacidade de representação e simbolismo. Para que tal aconteça deve-se estar em contacto com modelos fluentes de LG, para que estes percebam as estratégias comunicativas adequadas, visto que numa primeira fase a criança funciona muito por imitação.
Na medida em que a língua se adquire naturalmente através das situações de uso vinculadas à vida quotidiana, o docente de LG desempenha um papel fundamental fora do contexto escolar, colaborando no desenvolvimento comunicativo e linguístico das crianças na sua situação familiar através de diversas ações, tais como visitas ao domicílio, formação em língua gestual para os familiares, etc.
Concretamente, durante o primeiro ano de vida, os bebés surdos, envoltos num ambiente gestual, balbuciam manualmente, ou seja, fazem gestos a que ainda não conferem significado. Nesta fase pré-linguística, o adulto procura orientar os movimentos do bebé, incentivando as primeiras manifestações de comunicação e a descoberta do mundo envolvente.




Quando exprimem os primeiros gestos, normalmente fazem-no com modificações nos seus parâmetros, alterando as configurações ou produzindo movimentos inadequados, o que geralmente corresponde a articulações do gesto mais simples. Ainda nesta fase os campos semânticos apreendidos mais facilmente são os relacionados com a família, a alimentação, os animais, os brinquedos, os meios de transporte, objetos da casa, roupa, etc.
Até ao segundo ano de idade, quando o vocabulário atinge cerca de trinta gestos, observam-se as primeiras combinações sintáticas de dois gestos. Estas produções sintáticas geralmente exprimem relações semânticas tais como existência, ausência, ação, posse, localização, etc.



Idade Pré-Escolar
Na idade pré-escolar, entre os 3 e os 6 anos, a criança está ainda a adquirir a sua primeira língua, a LG, embora seja normal uma iniciação à Língua Portuguesa como segunda língua. Deve continuar rodeada de modelos linguísticos adequados para que se desenvolva sobretudo a nível emocional e social, comportando-se de maneira apropriada à idade e respeitando as regras de cortesia.
Os adultos competentes na língua gestual vão ser as principais referências de imitação e os melhores reguladores dos infantilismos linguísticos próprios dos primeiros anos. Embora nesta fase exista um desfasamento maior entre as capacidades de compreensão e de produção, pretende-se que a criança já possua uma comunicação eficaz, sem bloqueios de parte a parte. Começa a tomar consciência de estados mentais em si próprio e nos outros, associando-os às motivações respetivas. É ainda iniciado com a criança um trabalho lúdico de memorização e dramatização.
Na prática, aos três anos, a criança surda já deve possuir um vocabulário considerável e, até aos cinco anos, passa a desenvolver progressivamente um maior domínio da gramática, incorporando elementos morfológicos para marcar relações gramaticais, através do movimento dos gestos, das expressões faciais e sobretudo da utilização do espaço.



Verdades acerca da Linguagem Gestual

Vários ensaios sugerem ainda que tanto a língua gestual é tão rica e complexa como a própria língua oral, apesar da ausência da conjugação de verbos.
No entanto, dado que 95% das crianças surdas são filhas de pais ouvintes, é necessário que exista exposição e contacto com falantes naturais da língua gestual.
É também importante desmistificar algumas falsas crenças, como diz Madalena Batista, acerca da Linguagem Gestual:
As LG's não são nem nunca serão uma mistura de pantomima e gesticulação, pois são incapazes de expressar conceitos completamente abstratos.

A sua estrutura não é modelada na sintaxe e na morfologia, a língua gestual possui a sua própria gramática, também rica e complexa, assim como as línguas orais. Mas é no entanto independente da língua oral.


A língua gestual não é uma representação por gestos da língua oral, uma vez que a maior parte dos gestos são arbitrários, logo não representam associações ou semelhanças das próprias palavras.



A língua gestual não é universal. Cada país tem a sua língua gestual, assim como a língua oral. Assim como existe diversidade da língua oral, isto também se aplica à língua gestual, isto deve-se a vários fatores geográficos e culturais para o significado de cada gesto.

A língua gestual não é realizada através da soletração. Cada conceito tem o seu próprio gesto, o alfabeto gestual é distinto da língua gestual, a sua finalidade é fazer a ponte com a língua oral de cada país, ao contrário do que muitos aprendizes de linguagem gestual pensam.

A linguagem gestual não é meramente para os surdos. Hoje em dia a linguagem gestual é também utilizada em casos de crianças ouvintes mas com problemas na expressão oral, como consequência de problemas neurológicos. Ex: autismo, síndrome de Down, paralisia cerebral e problemas de fala.



Conclusão
Ao realizar este trabalho pude concluir que não são apenas as pessoas não-ouvintes que necessitam de utilizar linguagem gestual, como também crianças com deficiências neurológicas e cognitivas.
Também cheguei à conclusão que a fase de aquisição, é sem dúvida, a fase na qual as crianças estão mais predispostas a adquirem na totalidade uma língua, seja ela oral ou gestual.




Bibliografia
"Programa Curricular de Linguagem Gestual Portuguesa: Educação Pré-Escolar e Ensino Básico." Helena Carmo, Mariana Martins, Marta Morgado, Paula Estanqueiro, Ministério da Educação.
"Cadernos de Saúde", vol. 6. Universidade Católica Portuguesa, UCEditora, Lisboa, 2013
"Alunos Surdos: Aquisição da Língua Gestual e Ensino da Língua Portuguesa." Madalena Batista, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.







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