Linha: Processos Artísticos Contemporâneos

June 3, 2017 | Autor: Jerusa Costa | Categoria: Artes, Arte contemporáneo, Artes Visuais
Share Embed


Descrição do Produto







Linha: Processos Artísticos Contemporâneos

Sobre a produção da peça Livro Mesa

Ensaio visual desenvolvido com o intuito de tratar sobre o tema espaço de relações que partiu de pesquisa de campo, produção textual e imagética como complementares; visando não uma criação ilustrativa de fatos, mas abrir campos para apresentar a imagem como conteúdo complementar sem antes ter sido citado e o próprio texto como imagem. A metodologia foi sendo formatada durante o processo de trabalho e resultou em uma peça que é caracterizada por uma sensação de colagem física, pela transparência do material utilizado que permite a criação de imagens que se modificam a cada troca de pagina.





Introdução

A peça Livro Mesa tem como conteúdo base: Um Breve Conto - Catalogo Sol,Ar, conteúdos que se referem a produção do conto e da imagens, respectivamente.
Um Breve Conto é um conto que se passa dentro de um museu, e uma poesia concreta que encerra a história. Faz parte do conteúdo teórico entrevistas cedidas por diretores de Museus da cidade (Curitiba), assim como o embasamento filosófico e demais referências necessárias para a produção da peça. O tema é o espaço de relações. A metodologia desenvolvida ganhou forma com o desenrolar da pesquisa, tomando por base um fato, que deu origem ao conto, ou seja, partiu de dados coletados na época do ocorrido (fotos e autorização) que deram parâmetros para a criação dos depoimentos fictícios, subsequente veio a necessidade de relacionar minha poética com o espaço da arte em que me insiro, assim, elaborei as pesquisas com os diretores dos museus.
No conto, as personagens são independentes em suas falas, que se dão fragmentadas no texto, porém seguem uma linearidade de fatos, o que é oportuno para instigar o posicionamento pessoal dos leitores, visto que não há uma narrativa guiada por uma única personagem, e sim, uma seqüência de depoimentos fragmentados.
Desta forma tento ativar questionamentos sobre as imposições subjetivas que regem os espaços públicos. É esta interrelação entre espaços (físico x subjetivo) que é meu tema.
A atitude de não manifestação pode em vezes ser um fator de fortalecimento da subjetividade imposta em determinado espaço físico. E até prosperar práticas que os sujeitos não estejam em comum acordo ou não concordam em prorrogar. Mas em vezes, a não atitude pode ser considerada um fator de estabilização de praticas que caracterizam o espaço.
A necessidade de ampliar o entendimento sobre a funcionalidade dos museus levou-me a entrevistar diretores de diferentes museus públicos da cidade, o que demonstrou, os diferentes posicionamentos frente a administração dos espaços destinados a exposições culturais na cidade. O mundo objetivo, tátil, palpável, este que habitamos, e, por habitar, formamos redes de relações indissociáveis de nossa sobrevivência foi o local de colheita de informações para o desenvolvimento do conto, pois: "Olhar para um episódio a princípio insignificante pode ser revelador se encarado como conhecimento indiciário" (GINZBOURG, 1989, p.166)
Os modelos de estados e sociedades que nos influenciam desde a infância, moldam nossos costumes, caracterizam a cultura e o comportamento que será visto historicamente como da época. Os círculos da religiosidade, família e instituições de ensino são sinônimos de caracterização social de um território, seja por características de miscigenação ou segregação.
Focando apenas no que consiste ao ensino da arte, que influencia diretamente a produção cultural e que é indissociável do consumo de entretenimento cito Thierry de Duve (2012, p.65) que traz a questão da organização das 'áreas de ensino das artes plásticas':
"Ao organizar o ensino por meios o desenho é a linha, a pintura é a superfície, a escultura é o volume, a fotografia é o índice, o cinema é o movimento, e o que mais? - passamos inevitavelmente a fetichizar os meios em sua autonomia."
Do espaço subjetivo-interativo faz parte o campo das comunicações no qual o sujeito cria suas redes de relações com os espaços, coisas, e sujeitos.
Evidenciar que a arte se sobrepõem as querelas institucionais ao tratar do tema espaço de relações, através do próprio espaço que a valida, neste caso um museu, é a proposta. A utilização de prédios públicos para produções publicitárias podem ser bem vindas, se pegarmos como exemplo a Fundação Cartier, apesar de se tratar de órgão pertencente a entidade privada, a formação de atrativos para o público pode ser de grande valia se aplicado em favor do erário, pois a estratégia dos empreendedores nos mostram benefícios para a instituição ao vincular o negócio ao movimento cultural, Alain Dominique Perrin, presidente da Cartier é também o criador da Fundação Cartier, que liga o nome da instituição à arte contemporânea, criando assim um valor simbólico vinculado a cultura contemporânea de reconhecimento entre seus clientes. A prática de marketing cultural desenvolvida por empresas pode ser usufruída pela instituição (museus) de maneira positiva, de modo a agregar mais público aos espaços, cedendo a imagem em prol de lucros financeiros e contribuindo para uma intensificação da percepção da população de que as artes pertencem ao seus costumes cotidianos.
Porém o ponto que mais interessa aqui é mostrar que o zelo pelas exposições é indispensável para que o público desfrute do espaço que os artistas merecidamente ocupam, pois, apenas depois de cumprirem os requisitos e etapas exigidos por editais é que eles tem a possibilidade de ocupar tais espaços.
Se transportarmos pensamentos de artistas das décadas de 70 e 60 (Meireles e Beuys, 2010) respectivamente: "a estética fundamenta a arte e a arte fundamenta a cultura", e a cultura "atualmente está dissociada da sociedade, estando ela apenas relacionada a lei, ao dinheiro, ao status de cada indivíduo", este tralho está em acordo com o que hoje pode-se considerar como arte?
Na década de 60 Joseph Beuys (2010) registrou:
"Atualmente a cultura não tem nenhuma relação com a sociedade, e esta separação leva-nos a uma conclusão perigosa: que a cultura está estritamente ligada à lei, à produção, ao dinheiro, ao produto nacional, ao status de cada indivíduo dentro da sociedade. "
E em 70, Cildo Meireles:
"O deslocamento da produção artística do campo estritamente específico de suas linguagens para o ambiente ampliado das relações culturais já foi enunciado como sendo uma passagem da arte do campo estético para o político, uma vez que o que se faz hoje tende a estar mais próximo da cultura do que da arte. Porque se a estética fundamenta a arte, é a política que fundamenta a cultura."
Se a estética fundamenta a arte, e a política a cultura, e; a cultura atualmente está associada ao entretenimento da sociedade; sendo este relacionado ao status de cada indivíduo, posso considerar que o conteúdo deste conto está pertinente com a produção em arte contemporânea, visto que dedica-se ao espaço de relações?
Impossível falar em espaço de relações sem levar em consideração os posicionamentos políticos, em sentido de posicionamentos sociais vinculados pelas redes de discursos que mantém o status de cada indivíduo dentro das tramas sociais, pois, conforme Aristóteles (2007. P. 56): "o homem por natureza, é um animal político (isto é, destinado a viver em sociedade)", desta forma, destinado ao desfrute do entretenimento público que é também função dos museus na atualidade; a cultura de uma população pode ser mensurável pelo fluxo de pessoas que frequentam este tipo de espaço? Como não ficar satisfeito em ver filas como aconteceram no Museu Oscar Niemayer em Curitiba 2014 para ver exposições como a Magia de Escher e Frida Kahlo - As suas fotografias?
Pergunto-me como devem existir as instituições de artes nas sociedades de modelo capitalista como a nossa? "Ser" algo nesta sociedade significa no mínimo custos, estas instituições devem viver de quais fins? Doações? Exclusivamente investimentos governamentais? Fazer uso da economia a seu favor para a vitalidade das instituições pode refletir numa maior autonomia para reger as linhas de pensamentos que as guiarão, refiro-me apenas ao que acredito ser benfeitorias de conceber em qual tipo de economia esta instituição está inserida, e trabalha-la não como contaminadora da arte, mas como parte da estrutura em que se inserem objetivamente atores da área.
O conteúdo base também é composto por imagens, algumas desenvolvidas por mim, outras apropriadas e modificadas, e se mesclam ao conto, não como ilustrações, mas como conteúdos em si.

Sobre a Reedição da Revista Klaxon e a estrutura Livro-Mesa

A Revista Klaxon foi um mensário de artes bilingue lançado após a Semana de Arte Moderna de 1922 que teve representação internacional. No livreto que completa a reedição da coletânea de revistas Daniel Rangel (2013, P.11) escreve, citando Chico Homem Melo & Eliane Ramos (orgs.) do livro Linha do tempo do design no Brasil:
"a revista Klaxon manteve esse espírito de ruptura e de busca por uma linguagem gráfica própria e tornou-se um clássico do design brasileiro: 'Confirmando a falta de unidade subentendida na declaração inicial, as obras clássicas vinculadas ao grupo modernista são antes um exercício de liberdade - são experimentações, mais do que uma tábua de valores visuais. Dentre elas, os principais ícones são o catálogo de Di Cavalcanti, juntamente com a memorável solução tipográfica da revista Klaxon.'"
Sem se preocupar em ser compreendida, mas em construir, esclarecer, refletir..., Klaxon trás em sua primeira edição alguns 'parâmetros de sua estética' como:
"Klaxon não se preocupará de ser novo, mas de ser actual... Klaxon sabe que a humanidade existe. Por isso é internacionalista... klaxon é Klaxista...."
"Klakson cogita principalmente de arte, mas quer representar a época de 20 em diante. Por isso é polymorpho, onipresente, inquieto, cômico, irritante, contraditório, invejado, insultado, feliz..."
"Ha perto de 130 anos que a humanidade está fazendo manha. A revolta é justíssima. Queremos construir a alegria...era do riso e da sinceridade.. ( Revista klaxon Nº1, 15 de maio de 1922. P.1, 2, e 3. Nota da Redação)
A nota da redação publicada na ocasião do lançamento da revista há 9 décadas tem o frescor dos desejos da atualidade.
A reedição atual Klaxon Em Revista fac-similar foi lançada como coleção com as nove edições originais, compostas em todas as edições com anexo Extra-texto (folha avulsa com obras de artes visuais), um livreto organizado por Daniel Rangel e a edição Revista Klaxon N10 Extra-Texto.
O conteúdo Um Breve Conto da peça Livro Mesa, assim como a edição Extra-texto, foi elaborado com base em depoimentos inverídicos. Marilá Dardod e Fábio Morais, criaram um texto como modelo de base para o desenvolvimento da Revista Klaxon N10, que não existia.
A Revista Klaxon N10 Extra-texto, segue uma estrutura de construção, que não prima nem imagem nem texto, mas apresenta ambos como concorrentes para leitura visual. A primeira página é composta por sobreposições de cada uma das primeiras páginas de cada edição, e, assim sucede em todas as páginas. Há uma observação a ser feita sobre a contra capa, na qual há carimbado (legível) a frase:
"Na Klaxon Extra-texto, as artes plásticas não se deixam subjugar pelos escritores, ao contrário, devora-os: mastigam seu palavrório, regurgitam e cospem de volta à página. Extra-texto é isso." (Revista klaxon Exttra-Texto, contra capa)
Sem nenhuma imagem da edição original que foi espalhada por São Paulo em 9 de Fevereiro de 1923, os responsáveis pela atual versão da Revista Klaxon Nº10 utilizaram colagem gráfica para a produção desta impressão. A "Lenda XXX ou Edição Clandestina XXX", título do texto criado pelos desenvolvedores, que deu origem a edição da Revista Klaxon N10 Extra-Texto, que apresenta como característica colagem imagética textual, foi composta por impressões sobrepostas dos conteúdos teóricos que formam imagens embaralhadas. Permitindo a identificação apenas de alguns elementos gramaticais.
Um Breve Conto tem associado no corpo do texto pesquisa de campo e dados ilusórios, desenvolvido como trabalho prático para o campo acadêmico, transformei em problemática à criação o próprio dever de cumprir formalmente a apresentação escrita, transformei-a em problema em sí. Livro Mesa, peça que contém Um Breve Conto - Catálogo Sol,Ar é o título da peça física na qual utilizei linhas embaralhadas obtidas com a sobreposição de folha transparentes, que dificulta ou impossibilita a leitura quando aglomeradas. Assim, surgiu maior interesse pela reedição da Klaxon, principalmente pela N10, pela semelhança no processo de criação.
Seria possível dizer que trabalhei com um certo tipo de colagem. As laudas sobrepostas compõem o corpo do trabalho de forma que cada linha escrita conversa com as linhas dos planos anterior e posterior pertencentes a cada uma das folhas. A colagem se dá no espaço físico, quando não há possibilidade de decifração da escrita e o olhar identifica apenas a imagem borrada formada pelo emaranhado de letras. É a sobreposição de frases que define a imagem a ser identificada pelo olhar. A imagem depende da página que está sendo observada, pois, conforme as folhas são viradas as imagens rareiam, deixando mais leve, o que no início do manuseio parece embaralhado e obscuro.
Como uma teoria, que aplicada de forma distorcida, gera um resultado que é a peça em sí. Argan (1992. p.12), em seu livro Do Iluminismo aos Movimentos Contemporâneos diz:
"Afirmando a autonomia da arte e assumindo a total responsabilidade do seu agir o artista não se abstrai da responsabilidade histórica, declara explicitamente, pelo contrário, ser e querer ser do seu tempo, e, muitas vezes aborda, como artista, temáticas e problemas atuais."
Uma produção a este tempo, deve conter o vigor da atualidade em que se encontra. Em Um Breve Conto, são as relações sociais que despertam a temática em questão. O espaço subjetivo permeia a todos os instantes a realidade concreta, pois redes de relações manipulam atitudes, constroem os espaços e estão, necessariamente vinculadas a um tempo x lugar.

Um Breve Conto - produção do Catálogo Sol,Ar

Relato de: Modelo fotográfico
Remuneração: projeto SOL,AR - sem vínculo institucional
Horário de trabalho: não definido previamente, sujeito às necessidades do produtor.
Chegamos bem cedo. Ainda estava sendo feito o descarregamento da coleção que iríamos fotografar. Aí ocorreu um pequeno desentendimento entre os funcionários do lugar e nós, pessoas autorizadas a usufruir daquele espaço no fim de semana. Acredita que eles não queriam descarregar!? Apontaram para as várias pessoas da equipe de produção e disseram que não estavam envolvidos com o acontecimento. Até que nosso produtor conseguiu convencê-los a trabalhar. Afinal não fomos contratados para carregar caixas e sim para valorar as roupas nas fotos. Somos modelos, não assistentes de serviços gerais.


Relato de: Produtor de fotografia
remuneração: contrato por projeto (?)- sem vinculo institucional
Horário de trabalho: definiu que a equipe deveria estar disponível a partir das 8h, sem horário para sair.
Esta é uma produção bem específica, pois meu cliente chegou com uma ótima proposta de produzir o catálogo SOL,AR para a nova coleção de inverno da loja. Foi irrecusável, pois ofereceu-me um casarão antigo com paredes lindíssimas para cenário. Não sei como ele viabilizou o espaço. Só sei que tratava-se de um espaço de um órgão público. Disse-me para definir quem seriam os participantes para providenciar a autorização. Alguns nomes já eram certos, porém a lista só ficou completa conforme a equipe foi chegando. Sempre há substituições de última hora.
Mas, como bem se diz, órgão público é uma bagunça mesmo. Quando chegou a coleção, não queriam permitir a entrada de um caminhão grande no pátio. Ficaram alegando que era permitida apenas a entrada de caminhões de pequeno porte no local! Nada que um telefonema não resolvesse.
E isso nem foi problema. Incômodo maior foi a recusa dos vigias e funcionários de serviços gerais a efetuarem a remoção dos baús e araras do caminhão para o piso superior.
Ficaram alegando que não foram contratados para esse fim. Dentre eles havia um que era de outro prédio. Só estava temporário ali. O outro chegou falando que nem tinha permissão para sair do seu posto do outro lado para ajudar...Burocrático esse!
Mas... fizemos tudo certo. Tínhamos a autorização por escrito! Enfim... conseguimos começar as fotos, ainda no período da manhã.

Relato de: Mediadora de exposição
Remuneração: viabilizada pelo projeto aceito em Edital
Horário de trabalho : seg a sex, sáb e dom à tarde
Já na chegada estranhei tamanho movimento. Como já haveria visitantes se o museu acabara de abrir e eu nem preparei as salas da mostra? Na entrada à direita é sempre o mesmo manusear de luzes, ligar vídeos, abrir janelas...
Impossível crer em tamanho circo!
O espaço estava sendo utilizado para a produção do Sol,ar, um catálogo de loja de roupas.
Tá. Entendi. Mas será que é tão difícil entender que este espaço já está ocupado com duas exposições que estão abertas à visitação do público?
Acreditei que deveria haver um engano quanto à sala, pois o complexo é composto por três prédios.
Mas tudo foi além. Havia essa autorização do responsável por aquelas salas, o qual foi imediatamente solicitado. Ação efetuada diretamente pela artista de uma das mostras que foi avisada por telefone.
Logo chegou a mediadora da mostra do lado, a qual teve uma das salas parcialmente desocupada. Mas a outra permaneceu com araras e assistentes alisando roupas com vapor tarde adentro.
Que situação! O posicionamento do responsável foi: eu assino e Tá liberado!

Relato de: Mediadora de exposição
Remuneração: viabilizada por edital
Horário de trabalho: seg. a sex, sáb e dom à tarde
Conforme conversei por telefone com a artista, ela exigiu a desocupação da sala, pois estamos no meio do período de exposição. É necessário que tudo esteja como a idealizadora organizou. Dessa forma, peço que desocupem este local, pois o museu está em funcionamento e, como vocês vêem, ele já está ocupado.
De qualquer forma, o diretor do museu está chegando para esclarecer a situação. Seria ideal um intervalo até que tudo esteja esclarecido.

Relato do: responsável pelo espaço (diretor do museu)
Remuneração: definida pelo estado, paga pelos contribuintes civis
Horário de trabalho: definido pela instituição
Ahn? As mediadoras trabalham aos sábados!?
Pois então, retirem os utensílios de produção do catálogo e retomem depois do término da hora delas.
Podem trabalhar noite adentro, porém retirem tudo daqui até amanhã de manhã, pois domingo à tarde elas estarão aqui novamente.
Quanto às peças que estão em exposição, não as utilizem, se não quiserem arranjar encrenca com as artistas. Uma delas já me ligou falando que se aparecer alguma peça, qualquer mala que seja no catálogo, irá cobrar pela utilização. Creio que minha esposa, também artista e que está no carro, faria o mesmo.
Espero que não me incomodem mais, pois estou com o fim de semana cheio.

Relato de: Artista Curadora
Remuneração: definida no projeto, viabilizada por edital
Horário de trabalho: definido especificamente pelas necessidades de preparação da mostra, o que equivale a meses antes da abertura e aos três meses de exposição.
Foram desocupadas as salas transformadas em "camarim" pelo que o diretor me passou. Espero que nenhuma peça ou vídeo tenha sido danificado.
Quanto aos vidros, deverá ser efetuada a limpeza removendo qualquer resíduo de laquês ou produtos similares, assim como não deve haver maços de cabelos correndo com vento pelas salas. A higiene é importantíssima para o bem estar dos visitantes.
Não faço a mínima ideia de como foi autorizada essa produção de catálogo de moda aí neste período. O importante é manter todas as peças em segurança e deixar claro que não será permitida a utilização de nenhuma imagem que as contenham.
Quanto ao descaso institucional para a ocupação por edital, é realmente lamentável.






Artistas e diretor não estavam em comum acordo.Artistas nem sabiam o que estava se passando naquela linda manhã de sábado, apenas os funcionários indignados por serem coagidos a trabalhar indevidamente.O Produtor nem ao menos sabia que o lugar era um museu. Achou que as peças estavam todas à sua disposição, assim como o mobiliário das mostras. Não sentiu-se mal em ocupar o espaço como bem pretendia, pois cumpria sua parte em um projeto e com as devidas autorizações.
Artistas e diretor não estavam em comum acordo.

Artistas nem sabiam o que estava se passando naquela linda manhã de sábado, apenas os funcionários indignados por serem coagidos a trabalhar indevidamente.

O Produtor nem ao menos sabia que o lugar era um museu. Achou que as peças estavam todas à sua disposição, assim como o mobiliário das mostras. Não sentiu-se mal em ocupar o espaço como bem pretendia, pois cumpria sua parte em um projeto e com as devidas autorizações.












panos,tramasdeplanos
Linhas
Linhas
entrelinhas
entreplanos
entreplanos
linhapanoEntre Linhas
linhapano

Entre planos




Linhas entre planos

PLanos plaNOS. EntreLinhas

tramas nos panos planos
planostramas



Linhapano. FUNDO. negativo
entre NAS linhas
Linhas do plano
Panos de linhas
Linhas entre linhas

tramas nos panos planos
planos de tramas

FOrMas de UM plaNO




Considerações...

Esse conto é uma ficção.
Qualquer coincidência com fatos verídicos apenas reafirma que as artes são indissociáveis da vida burocrática!.

O objetivo desta pesquisa foi demonstrar as redes de relações através de um conto, que foi desenvolvido em formato de depoimentos e teve como pano de fundo um fato ocorrido em 2012 no Museu da fotografia. Foi ilustrada com fotos apropriadas da internet de um catálogo de moda inverno, e teve como intenção percorrer as bordas entre vida e criação em poéticas visuais.

Referências
ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna: Do iluminismo aos movimentos contemporâneos. Companhia da Letras, São Paulo, 1992. p.12.
ARISTÓTELES. A Política. Ex. Martins Claret. São Paulo, 2007. P. 56.
BEUYS, Joseph. Cada homem um artista. 2010.
CAMPOS, Camila da Rocha, Para conhecer o mundo, basta entrar na loja. http://www.ppgartes.uerj.br/spa/spa3/anais/camilla_campos_8_15.pdf
Duve, Thierry de. Fazendo a escola (ou refazendo-a?). Ed. Argos. Chapecó, SC. 2012. P.65.
Encher, F. http://www.museuoscarniemeyer.org.br/exposicoes/exposicoes/escher
Ginzbourg, Carlo. Sinais: raízes de um paradigma indiciário. In: Mitos, emblemas e sinais. Ed.Companhia das Letras, São Paulo, 1989, pg. 166.
Klaxon: http://www.icco.art.br/klaxon-ganha-reedicao?lang=port
Klaxon Em Revista. Reedição fac-similar. Instituto de Cultura Contemporânea – ICCo. Ed. Cosac Naify. São Paulo. Livreto. Texto Agora é Klaxon! Daniel Rangel. P.11.
Klaxon Em Revista. Reedição fac-similar. Instituto de Cultura Contemporânea – ICCo. Ed. Cosac Naify. São Paulo. klaxon Nº1. P.1, 2, e 3. Nota da Redação.
Klaxon Em Revista. Reedição fac-similar. Instituto de Cultura Contemporânea – ICCo. Ed. Cosac Naify. São Paulo Klaxon N10 Extra-Texto, contra capa.
MEIRELES, Cildo. http://laboratoriodeartepublica-lst.blogspot.com.br/2009/09/relacoes-humanas.html
Recibo 75: http://issuu.com/recibo/docs/recibo75__online/64


Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.