Literatura , Textualidade Imaginativa e Vida Artificial. Um ciclo

June 3, 2017 | Autor: Vitor Santos | Categoria: Literature, Artificial Life
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Literatura , Textualidade Imaginativa e Vida Artificial. Um ciclo ? Vitor Santos 1,2 Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa 2 NOVA IMS – Information Management School [email protected] 1

Introdução Em 1881, o pessimista Antero, adota a ideia de Giambattista Vico segundo a qual a poesia, contemporânea da “produção das línguas e dos mitos”, reduzir-se-á, graças ao progresso científico, “à expressão isolada de sentimentos muito pessoais e muito limitados”, pois “a alta poesia, épica, lírica” - essa irmã da metafísica e da religião -, terá assim desaparecido (Maria 1999). Em 2014, num artigo futurista Manuel Frias Martins defende que a evolução da cibercultura irá causar a morte da literatura tal como ela é atualmente e obrigará à sua redefinição. Diz: “A poesia parece aproximar-se tranquilamente do seu fim. Mas um fim é sempre o começo de alguma coisa” Argumenta que, apesar de as tecnologias correntes, como é exemplo o livro eletrónico, não constituírem qualquer ameaça à literatura convencional, o mesmo não acontece com as tecnologias de Inteligência Artificial e Realidade Virtual que apresentam potencial de rutura com o atual regime de verdade do que é a literatura. Defende que a literatura tal como é atualmente irá morrer dentro de algumas décadas e dar espaço a uma nova “coisa” sustentada na internet e numa ideia avançada de cibercultura que denomina por “Textualidade Imaginativa”. Também argumenta que devido ao avanços acelerados das tecnologias da informação as noções de tempo histórico e de espaço geográfico serão cada vez mais dissolvidas pela velocidade com que a informação e a imagem circulam. Tecnologias como a Inteligência Artificial e a Realidade Virtual irão permitir que as experiências do leitor e o próprio significado de leitor sejam substancialmente diferentes. Através da realidade virtual as experiências virtuais passarão a ser vividas como sendo reais e a evolução da literatura levará a que o leitor deixe de existir apenas no papel de ter uma história para ler e passe a desempenhar o papel uma história para viver (Martins 2014).

Sublinha: “Os computadores infiltraram-se nas nossas imaginações do real, criando fantasias acerca de uma outridade não humana (ou de uma humanidade estranhamente mista)… ” (Martins 2014, pag 6) “…. os avanços tecnológicos, muito particularmente no domínio dos meios eletrónicos, alteraram a escala de avaliação de tudo quanto o homem conheceu e pode conhecer, realizou e pode realizar.” (Martins 2014, pag 7) Nesta visão, a poesia e a literatura que estão já atualmente a sofrer algum impacto sofrerão, previsivelmente, no futuro um ainda maior impacto. Reconhecer este facto significa admitir a necessidade de se estabelecer um debate informado sobre o presente e o futuro da poesia e da literatura. Obriga, por isso, ao estabelecer de um novo tipo de reflexão mais efetiva e transdisciplinar que integre as ciências e a literatura na identificação de uma convergência que se afigura ser inevitável. Contudo, tal como muitas vezes tem acontecido ao longo da história, a tecnologia pode não ser uma força de rutura destruidora do presente mas sim, constituir-se como sendo uma fonte de melhoria e de reinvenção. No presente texto defende-se que a mesma tecnologia que ameaça a existência da literatura tal como existe atualmente poderá, num futuro mais distante, levar ao seu renascimento em novos mundos com, presumivelmente, o nascimento de novos cânones e protagonistas. Concretamente, neste ensaio procura-se especular sobre a evolução das tecnologias de vida artificial, um dos ramos mais notáveis da Inteligência Artificial, e como a sua continuidade de evolução tecnológica poderá impactar a literatura.

Relação entre tecnologia e literatura na atualidade No presente, apesar não se verificar ainda nenhuma rutura significativa com o que é a literatura atual enquanto forma de conhecimento muito particular e narrativa privilegiada da memória do que somos enquanto grupo, do que comungamos e do que nos diferencia, é já possível detetar algumas influencias dos avanços tecnológicos na literatura. Em particular nas denominadas ciberliteratura, literatura eletrónica e nos livros eletrónico ou digitais. A ciberliteratura pode ser comumente interpretada como sendo, somente, o conjunto de livros que são criados e disponibilizados em meio digital, com ou sem recurso a tecnologias multimédia. Mas também, numa visão mais estrita, como sendo um género

literário em que o computador é utilizado criativamente como uma "máquina semiótica manipuladora de sinais“ (Barbosa 1996). Torres afirma “Também denominada literatura algorítmica, generativa ou virtual, a ciberliteratura

designa aqueles textos literários cuja construção se baseia em

procedimentos informáticos: combinatórios, multimediáticos ou interativos” (Torres 2007). A literatura eletrónica refere-se a obras literárias que sua totalidade ou em partes importantes tiram vantagem das capacidades e contextos da informática. Segundo a Electronic Literature Organization (ELO 2015) dentro das várias categorias de literatura eletrônica destacam-se: o Ficção e poesia hipertextuais, dentro e fora da Web (ex: poesia digital de Arnaldo Antunes) o Poesia cinética apresentada em Flash e/ou usando outras plataformas (ex: Vispo Langu(im)age –

Jim



Andrews

http://www1.ci.uc.pt/diglit/DigLitWebCdeCineticos.html ) o Instalações artísticas em computador que pedem os espectadores que as leia ou que contêm aspetos literários o Simuladores

de

conversação

(chatterbots)



ex:

ALICE

(http://alice.pandorabots.com/) o Ficção interativa (ex: Os surfistas – Rui Zink) o Romances em forma de e-mails, mensagens SMS, ou blogs o Poemas e histórias gerados por computadores, de forma interativa ou com base em parâmetros dados no início (ex: Poemas V2 – Agel Carmona – (Barbosa 1996) o Projetos de escrita colaborativa que permitem que os leitores contribuam para o texto de uma obra o Performances literárias on-line que se desenvolvem novas formas de escrita Nos e-books, também chamados por livros eletrónicos ou livros digitais é possível ler texto/ hipertexto no ecrã, comprar obras através de lojas virtuais, armazenar os livros em pastas. Possibilitam ter uma infinidade de títulos num único equipamento portátil. Estes avanços tecnológicos induzem alguma alteração na forma convencional do livro, sobretudo no que respeita aos suportes físicos e à forma de efetuar a leitura que, graças à existência do hipertexto deixa de ser naturalmente sequencial e pode feita em “zig zags” estabelecidos de forma mais ou menos caótica conforme a vontade do leitor.

Porém, concordando-se com o que Frias Martins aponta no seu ensaio, não é por aqui que se pode antever o fim da literatura. …. É portanto uma falsa questão fazer depender a existência da literatura da cultura do livro gutenberguiano… “ (Martins 2014 pag 16.)

Desafios futuros Não obstante os avanços tecnológicos terem já levado a que fossem introduzidas algumas alterações na forma convencional do livro, o atual roadmap tecnológico e a especulação científica permitem antecipar muito mais. Tal como Martins afirma: “Há hoje, no entanto, condições para avançar com perguntas verdadeiramente novas. Perguntas que se ocupem menos da literatura na sua relação com o livro eletrónico e/ou hipertextual, e mais com o processo literário em si mesmo (i.e. enquanto construção ficcional), … “ (Martins 2014 pag 19.) O inventor futurista Ray Kurzweil, pioneiro nas áreas do reconhecimento ótico de caracteres, síntese de voz, reconhecimento de fala e teclados eletrónicos em Janeiro de 1999 publicou o livro “The Age of Spiritual Machines” onde apresenta a sua visão sobre o futuro da tecnologia. Nele, Kurzweil defende que um dia iremos criar máquinas mais inteligentes do que os seres humanos. Defende que o aumento da capacidade dos computadores é apenas um componente na criação de inteligência artificial. Outros ingredientes são a aquisição automática de conhecimento e algoritmos recursivos, redes neuronais artificiais e algoritmos genéticos. Prevê que, daqui a cerca de 20 anos estarão disponíveis máquinas com inteligência comparável à dos humanos revolucionando a maior parte dos aspetos da nossa vida. A nanotecnologia irá “aumentar” os nossos corpos e curar o cancro. Os seres humanos irão ligar-se em tempo real a computadores através de interfaces neuronais diretas. Tal permitirá descarregar num computador tudo o que existe no cérebro humano (num processo denominado por reengenharia de reversão do cérebro humano) e também, inversamente, será possível passar a informação do computador para o nosso cérebro. Os seres humanos irão viver para sempre pois a humanidade e as suas máquinas tornarse-ão um mesmo “eu”. Prevê que a inteligência se irá expandir para fora da terra e será suficientemente poderosa para influenciar o destino do universo (Kurzweil 1999). No entanto, existe grande polémica sobre a possibilidade de os computadores um dia serem conscientes. Os filósofos John Searle e Colin McGinn insistem que a computação por si só não pode criar uma máquina consciente.

Searle implantou uma variante do seu bem conhecido argumento do quarto chinês sobre computadores que jogam xadrez (tópico também abordado por Kurzweil). Searle argumenta que os computadores só podem manipular símbolos que são sem sentido para eles (Searle 1984). Tal afirmação, a provar-se ser verdadeira, arruína uma grande parte da visão de Kurzweil. Na realidade, sob o ponto de vista das tecnologias atuais o que Kurzweil defende não é possível ser realizado com o que dispomos hoje. Contudo, tal não quer dizer que não venha a ser possível num futuro relativamente chegado. Um bom exemplo de que esse futuro está cada vez mais próximo é o dado pelo investigador em neurociência computacional e autor futurista Anders Sandberg, da Universidade de Estocolmo e James Martin Research Fellow no Future of Humanity Institute na Universidade de Oxford que tem focado a sua investigação nas questões sociais e éticas que envolvem relações entre os humanos e as novas tecnologias. Em 2008, em conjunto com outros investigadores, publicou um relatório técnico com um roadmap para construir um sistema capaz de fazer a emulação completa do cérebro (WBE) (Sandberg 2008). Caso esta tecnologia venha um dia a estar disponível as consequências para a literatura serão fatais. Esta deixará muito provavelmente de existir pois uma vez que o cérebro e máquina se unam expandindo as suas capacidades conjuntas de forma inimaginável, os seres humanos irão “viver” com seu cérebro biológico e simultaneamente encarnar uma omnipresença nos computadores por via da internet, tudo passará a estar nesse mundo estranho meio biológico meio computacional. A literatura tornar-se-á obsoleta deixando de ser necessária enquanto forma de conhecimento e de narrativa da memória do que somos pois esse próprio mundo conterá toda a memória que existe e possibilitará que esta seja utilizada de forma quase instantânea de acordo com as preferências deste novo “leitor” que aqui, por força das suas escolhas, se torna também “autor”. Para além do potencial da inteligência artificial também a realidade virtual ameaça a existência da literatura. As tecnologias de realidade virtual, em particular as tecnologias de realidade aumentada (Augmented Reality) onde existe imersão no mundo real com adição de elementos virtuais e, sobretudo, as tecnologias totalmente imersivas onde tudo são objectos virtuais, mais tarde ou mais cedo irão permitir o que leitor viva a história de forma imersiva em contato com os cenários e com os outros personagens (que também eles poderão ser outros “leitores” desta nova era). Entenda-se aqui um novo significado para a palavra “leitores”: os que não tem apenas uma história para ler e imaginar mas que

desempenham um papel na própria história vivendo-a e sentindo-a como uma ficção tornada real. Sob o ponto de vista da realidade virtual, até certo ponto já é hoje possível realizar algo que que ilustre este caminho com as tecnologias que dispomos. Basta lembramo-nos de alguns jogos de aventuras para computador já existentes, nomeadamente jogos de ficção interativa (por exemplo: Choose Your Own Adventure) ou os jogos denominados por aventuras gráficas (por exemplo: Monkey Island ou Grim Fandango). Contudo, estamos ainda longe de conseguir chegar ao ponto que é retratado no filme “Total Recall” de 1990 onde o personagem principal, o operário Douglas "Doug" Quaid (Arnold Schwarzenegger na versão original) recorre a um implante de memória, para poder simular uma viagem a Marte, já que a sua esposa não concordava com uma viagem real. Mas, mais uma vez, nada indicia que num futuro próximo tal não venha a ser realizável.

Vida artificial e filosofia A ideia de vida artificial como sendo uma disciplina da inteligência artificial e da informática foi inicialmente proposta por Christopher Langton (1989) no seu livro Vida Artificial. Nele, Langton dá uma visão geral do que entende ser vida artificial e descrevea como sendo uma área ampla "dedicada a estudar as implicações científicas, tecnológicas, artísticas, filosóficas e sociais" de criação de artefactos "vivos". A vida artificial pretende emular a biologia tradicional tentando recriar algumas características de fenómenos biológicos; ao mesmo tempo, a filosofia de modelação de vida artificial difere fortemente da modelação tradicional estudando não só "vida-comonós-a conhecemos", mas também "como-ela-pode-ser-vida". Além disso, tal como Bruce Sterling escreveu em 1992, para a Magazine of Fantasy and Science Fiction, o relativamente novo campo de estudo denominado vida artificial foi criado como sendo "uma tentativa de abstrair a forma lógica da vida, desde a sua manifestação material." O estudo da vida artificial debruça-se sobre a criação e a evolução de organismos e sistemas semelhantes aos sistemas vivos. A matéria a partir da qual se produz vida artificial é inorgânica e a sua essência é a informação. Os computadores são ”tubos de ensaio” nos quais se produzem novos organismos. Desde a sua eclosão no final da década de 80, o estudo da vida artificial tem reunido cientistas interessados em obter uma compreensão formal e geral dos sistemas vivos (Husbands et al., 1997). Os investigadores e os filósofos tem vindo a promover

ativamente e a realizar estudos transdisciplinares em áreas, tão importantes como são o caso da definição de vida, da relação entre a vida e a mente, e a possibilidade de criar vida dentro de ambiente computacionais (Keeley, 1998). Os fundamentos da vida artificial têm um significado filosófico profundo. Fazem os seres humanos repensar suas visões antropocêntricas convencionais e induzem várias perguntas sobre a natureza e o significado da vida. A área tem como objetivo compreender o comportamento fundamental dos sistemas de vida por via da sintetização desse comportamento em sistemas artificiais. Filosofia e vida artificial são, assim, por muitas razões verdadeiros parceiros intelectuais. De acordo com Sellars (1963), o propósito primário da filosofia, formulado abstratamente, é entender como as coisas se relacionam no sentido mais amplo possível do termo. Bedau (2002) concluí que tal se aplica totalmente à vida artificial uma vez que esta procura adquirir compreensão acerca dos fenómenos a um nível geral mas suficiente para permitir ignorar contingências e descobrir as naturezas essenciais. Mesmo que a filosofia não possa afirmar com toda a certeza qual é a verdadeira resposta para as dúvidas que suscita, é capaz de oferecer muitas oportunidades que ajudam a ampliar os nossos pensamentos, reduzindo portanto o sentimento de certeza sobre o que são as coisas e melhoram significativamente o nosso conhecimento a respeito sobre o que pode ser (Russell, 1959). Grande parte da simulações de vida artificial tentam responder a questões do tipo " Como pode a vida surgir a partir da não vida ?”, “Quais são as potencialidades e limites dos sistemas vivos?" ou “Como é que a vida se relaciona com a mente, máquinas e cultura?” (Bedau, 2002), mas as premissas que representam nem sempre são suficientemente simples para poderem ser endereçadas apenas por simulação realizada em computador. Em 1992, no seu texto "The scientific and philosophical scope of artificial life”, Bedau observa: a vida artificial é um campo interdisciplinar e não apenas uma demanda científica da engenharia. A vida artificial oferece uma nova perspetiva sobre a natureza primária de muitos aspetos básicos da realidade como a vida, adaptação e criação e tem implicações ricas para um conjunto de temas filosóficos gerais: emergência, evolução, vida e mente. Permitem criar novas formas de vida no computador: Faunas Artificiais, Floras Artificiais e Ecologias Artificiais. E, dessa forma, deixam o homem encarnar o papel do criador, de Deus pois tal como Langton lembra “As coisas que hoje consideramos vivas são provavelmente um subconjunto de uma classe mais vasta de organismos”.

Contruindo uma teoria cíclica Como vimos, caso os avanços tecnológicos na Inteligência Artificial e Realidade Virtual, que analisamos, venham a existir um dia as consequências para a literatura serão fatais. Tal como diz Manuel Frias Martins a literatura morrerá dando lugar a uma outra forma de narrativa e de memória das coisas onde o cérebro e máquina se confundem e originam uma nova forma de construção de objetos literários: a “Textualidade Imaginativa”. Porém, ao pensarmos no mundo que nos rodeia, nas tentativas de explicação da realidade trazidas pela física verificamos que parecem existir regras quase computacionais na natureza. Aliás, a relação entre matemática e física é um tema tratado por filósofos, matemáticos e físicos desde a Antiguidade. Por exemplo, o número ᴨ é uma proporção numérica que tem origem na relação entre o perímetro de uma circunferência e seu diâmetro existente em múltiplos fenómenos da natureza (encontra-se na solução de questões de cálculo de probabilidades e de estatística, faz parte do modo como interpretamos os fenómenos naturais, tão diversificados como a estrutura do átomo ou o movimento das estrelas). Também Einstein nunca acreditou na mecânica quântica, em particular no princípio de incerteza de Heisenberg, porque pensava que as leis do Universo não poderiam ser intrinsecamente probabilísticas. Afirmou: “Deus não joga aos dados”. Einstein chamava Deus à Natureza. Será que não estamos já a viver num universo que é ele próprio uma espécie de programa de computador programado por um Deus e onde somos personagens de um grande jogo da vida? Se imaginarmos que isto é possível, tal como se especula no filme Matrix, estaremos todos já ligados a um computador e a nossa vida natural, sob o ponto de vista do criador não é mais do que um sistema de vida artificial. Neste sentido, também a literatura que produzimos seria uma narrativa interna do enredo de um “jogo” vista pelos próprios personagens. Tal como se descreve na secção anterior as tecnologias de vida artificial atuais permitem criar novas formas de vida no computador e ecologias artificiais, permitindo por essa forma, que o homem encarne o papel do criador, de um “Deus”. Um exemplo conhecido é o jogo de computador Creatures criado em 1990 pelo inglês Steve Grand. Enquadra simulação biológica e neurológica. O jogo baseia-se no desenvolvimento de criaturas alienígenas denominadas Norns. O jogador tem por

objetivo ensinar as criaturas a sobreviver, ajudando-as a explorar o seu mundo, a defender-se contra outras espécies, e produzirem-se. As palavras podem ser ensinadas às criaturas por um computador de verbos ou pela repetição do nome do objeto enquanto a criatura estiver a olhar para ele. Depois de uma criatura compreender a linguagem, o jogador pode instruir a sua criatura digitando instruções que a criatura pode escolher obedecer. Existe um ciclo de vida completo para todas as criaturas - infância, adolescência, idade adulta e velhice. Cada fase do ciclo tem as suas próprias necessidades específicas. Imaginemos que, no futuro, recorrendo, por exemplo, a uma versão mais avançada do Creatures alguém consegue criar e ensinar um Norns de forma a que nasça um novo” Homero”. Será que este personagem poderá vir a estabelecer os cânones da literatura do mundo que habita? A tecnologia que ameaça a existência da literatura tal como existe atualmente e que, previsivelmente, a levará a reinventar-se na nova forma à qual Frias Martins chama Textualidade Imaginativa, poderá num futuro mais distante de desenvolvimento tecnológico na área da vida artificial levar ao seu renascimento em novos mundos virtuais, com a presumível criação de novos cânones e o nascimento de novos protagonistas., fechando-se assim um ciclo, tal como se ilustra na figura abaixo.

Literatura & Vida Artificial

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