Livro novo de Textos velhos - II - Teorização sociolinguística - 0 - Prologuinho ou breve introdução

July 24, 2017 | Autor: António Gil Hdez | Categoria: Sociolinguística Glotopolitologia Galego Português
Share Embed


Descrição do Produto

Livro novo de Textos velhos II.- Teorização sociolinguística

Livro novo de Textos velhos II 1 - A língua como facto social: Língua e Nação Apresentação

1 - Livro novo de textos velhos - Apresentação

O artigo completo compreende duas cartas (abertas) aos autores de História da Língua Galega e aos do primeiro volume de Curs de Sociolingüística. Neste livro apenas reproduzo a segunda missiva, do título. Esta compreende as páginas 202-210 do vol. 14 (Verão de 1988) de Agália, então Revista da Associaçom Galega da Língua. Contudo, o seu interesse radica, a meu ver, em ser precedente das reflexões que me foram assaltando sobre a dita Língua Nacional (Langue Nationale). Hoje apenhas lhe diria Língua Estadual, porquanto emergida do facto de os Notáveis dominantes e dirigentes numa organização estatal terem assumido um preciso dialeto como representativo do estado, que em regra identificam com nação. A meu ver, na Modernidade, surgida e derivada da tripla revolução (inglesa 1640-1688/1689; independência norte-americana 1775-1783; francesa 1789-1799), foi delineando-se o estado moderno, afinal teoricamente assente na liberté, na égalité e na fraternité. É na revolução francesa que os Notáveis fixam a relação língua-estado, que vêm ditos, respetiva, mas abusivamente, langue nationale e Nation.

*******

2 - Livro novo de textos velhos - Apresentação

Livro novo de Textos velhos II 2 - Dimensões no processo normalizador de uma comunidade linguística Apresentação O artigo foi publicado nas pp. 247-283 de O Ensino. Revista galaico-portuguesa de Sociopedagogia e Sociolinguística, núms. 6/10 (1986). O título completo é Epílogo para galegos, portugueses, brasileiros e africanos de expressão portuguesa. Dimensões no processo normalizador de uma comunidade linguística: Galiza. Dedicava-o a meus filhos, então de 9 e 7 anos, Roi e Saleta, “com esperança”.

3 - Livro novo de textos velhos - Apresentação

Refletia nele sobre diferentes linhas no denominado processo normalizador da comunidade galegófona. Por um lado, rendia-me à nomenclatura então (e hoje) dominante, referida à situação da comunidade lusófona da Galiza, dividida no Reino bourbónico de España [em diante RbE] entre as comunidades autónomas de Galicia, Asturias e Castilla y León. Também considerava aceite a oposição de estado e sociedade, em que localizava dous subprocessos normalizadores, diferentes, mas complementares. Hoje, porém, corrigiria essas reflexões, ainda de jeito provisório. Se as reduzir a uma tríade dialética, esta poderá ficar assim: Tese: Nação vs. Antítese: Estado Síntese: Sociedade Entendo, com Ferrater Mora (Dicionário de Filosofia, online) o conceito de dialética aplicável à sequência antedita: […] Não menos central é o papel desempenhado pela dialéctica em Marx. Contudo, esta dialéctica não se apresenta já como uma sucessão de momentos especulativos, mas como o resultado de uma descrição empírica do real. Portanto, a dialéctica marxista — que foi elaborada mais por Engels que por Marx — não se refere ao processo da ideia, mas à “própria realidade”. O uso da dialéctica permite compreender o fenómeno das mudanças historicamente (materialismo histórico) e das mudanças naturais (materialismo dialéctico). Todas estas mudanças se regem pelas três grandes leis dialécticas. A lei da negação da negação, a lei da passagem da quantidade à qualidade, e a lei da coincidência dos opostos. As leis da dialéctica citadas representam uma verdadeira modificação das leis lógicas formais e, portanto, os princípios de identidade, de contradição e de terceiro excluído não regem na lógica dialéctica. Por isso a lógica formal (não dialéctica) foi inteiramente rejeitada ou considerada como uma lógica inferior, aponta só para descrever a realidade na sua fase estável. Seja como for, é na história, no decorrer controlado do tempo que entendo a relação dialética referida: sobre a nação age o estado e dessa ação surge a sociedade. Contudo, a correlação ou sequência triádica complica-se em realidades, como a galega. Em tempos recuados uma nação ou, antes, traços nacionais, evidentes numa determinada organização grupal, sobre a qual exercia o poder coesão um estado (ou reino) próprio. Passado o tempo e desaparecido esse estado, persis4 - Livro novo de textos velhos - Apresentação

tem alguns dos traços nacionais, sobre os quais se impõe um estado exterior, que não assume como próprios nem os traços referidos nem a organização dos grupos, presumivelmente nacional. Hoje pode comprovar-se que na Galiza / Galícia (ou Comunidade Autónoma de Galicia) o resultado é uma sociedade híbrida, perceptível mormente na dimensão linguístico-cultural. Leila Lima de Sousa, em “O processo de hibridação cultural: prós e contras” (Revista Temática 1, Ano IX, núm. 03, março de 2012: online www.insite.pro.br ) explica: O hibridismo […] o hibridismo não é um processo que traz ao sujeito a sensação de completude ao dialogar com outras culturas, pelo contrário, seria o momento onde o sujeito percebe que sua identidade está sempre sendo reformulada, resinificada e reconstruída, num jogo constante de assimilação e diferenciação para com o “outro”, permanecendo sua indecisão sobre qual matriz cultural o mais representa. Nas “Considerações finais” conclui não sem ambiguidade: Depois de tudo o que foi levantado, considera-se que o hibridismo cultural possui aspectos positivos e negativos e nenhum destes pode ser tomado em sua totalidade como definidor do conceito. Ao tempo em que faz-se repensar na validade de perpetuação de antigas matrizes culturais correndo o risco de apagar determinadas tradições e que pode impulsionar um mascaramento do poder das culturas dominantes sobre culturas dominadas, ele traz de positivo o fato de possibilitar novos sentidos e significados para os discursos identitários, possibilitando uma abertura tolerância às diferenças culturais, como por exemplo, uma visão mais tolerante da cultura ocidental, antes vista com superioridade em relação à cultura oriental. Ambas as faces do hibridismo cultural fazem-se importantes, necessárias e válidas no processo de ligação e compreensão das relações sociais entre diferentes culturas. Seja como for, eu conformaria hoje o artigo diversamente; não me parece que deva ser mudado em profundidade.

******

5 - Livro novo de textos velhos - Apresentação

Livro novo de Textos velhos II 3 - O conceito de diglossia segundo Charles A. Ferguson e a sua pertinência para a comunidade lusófona da Galiza. Um caso de diglossia por deslocação (ou diglossia deslocada) Apresentação O artigo, redigido em colaboração com Henrique Rabuñal, foi publicado nas pp. 361-388 do volume 11-18 (janeiro-dezembro de 1989) da revista Nós.

6 - Livro novo de textos velhos - Apresentação

Reconheço que qualquer expressão das apontadas diglossia por deslocação ou diglossia deslocada, denomina deficientemente o conceito. Acho que o facto (sic) da deslocação diglóssica deve ligar-se ao facto (sic) da interposição, que descreve e analisa Lluís V. Aracil e interpreto eu a respeito da Comunidade Lusófona da Galiza: Independentemente da pertença (na realidade, submetimento) da Comunidade galegófona ao Reino bourbónico de España, a correlação diglóssica entre a variedade A e as variedades B deveria referir o Português comum (variedade A) às falas galegas (variedades B). Contudo, a intromissão e interferência político-administrativa desse estado-reino na formalização ad hoc de uma norma gráfica correspondente e sobreposta às falas galegas faz com que estas cada vez mais se afastem das tradições fónicas, gramaticais e léxicas que as caracterizaram e mais se aproximem das tradições orais, gramaticais e sobretudo léxicas do castelhano promovido pelas instituições desse estado-reino. Afinal a formalização imposta às falas galegas, para além de artificiosa, tornase deficiente ou, antes, ineficaz relativamente ao mantimento das falas e, em definitivo, do próprio idioma da Galiza. A respeito da nossa interpretação do conceito fergusoniano de diglossia, cito extensamente de Guerra de Grafias. Conflito de Elites (Compostela, Através, 2011) a validação que dele faz Mário Herrero Valeiro: É com esta perspetiva que haverá de criar mais tarde a hipótese da diglossia por deslocação (Gil Hernández y Rabunhal Corgo 1989) que, em nossa opinião, constitui o fundamento glotopolítico mais elaborado do reintegracionismo pleno, perdido durante anos em lutas ortográficas, justificativas filologizantes ou denúncias por repressão. E dizemos isto por mais que ainda possa ser considerada como uma hipótese assente em bases “científicas” fracas. No mínimo tão cientificamente fracas como as que alicerçam a legitimada hipótese da língua por elaboração. Gil Hernández e Rabunhal Corgo afastam a caracterização diglóssica galego-espanhol que autores de todas as linhas discursivas tinham atribuído ao contexto galego na linha que parte de Fishman e chega em Espanha a Ninyoles, e a um tempo afirmam que a diglossia de Ferguson é válida para qualificar as ligações entre o (galego) português padrão e o galego (português) utilizado na Galiza, mas que, devido a que o território linguístico comum é administrado por dous Estados diferentes, esta diglossia galega deveria ser qualificada como deslocada ou transferida por causa da interposição da comunidade linguística castelhanófona, assumida como própria [= ex clusiva e excludente], nacional, pelo Estado espanhol. Assim, a variedade alta, em lugar de corresponder a uma norma galego-portuguesa comum, teria sido ocupada pela língua oficial do Estado, através da inclusão de Galiza 7 - Livro novo de textos velhos - Apresentação

no espaço nacional espanhol e a sua exclusão [efetiva] de um hipotético espaço (nacional) galego-português. Deste ponto de vista, a normalização da comunidade linguística galegófona ou lusófona de Galiza, passaria no contexto atual pela sua re(co)locação na comunidade linguística de origem [lusófona], para atingir uma situação de diglossia, na linha das situações definidas por Ferguson, apresentada agora como condição de normalidade (Gil Hernández 1992b). Para Gil Hernández e Rabunhal Corgo, existindo já uma formulação gráfica comum para o (galego) português, seria esta e não outra a que deveria substituir como variedade alta o castelhano, recompondo a unidade cindida por aquela interposição. Nesta situação, haveria uma marcada diferenciação entre usos formais, de preferência os escritos, e populares, fundamentalmente orais, da língua. Entendemos que esta formulação deseja salvar, de forma fundamentada e com um discurso reconhecível como sendo sociolinguístico (isto é, à semelhança do diferencialismo com a língua por elaboração), o problema que numa dinâmica de normalização linguística causariam as divergências estruturais existentes entre um conjunto de falas galegas castelhanizadas (morfologia, léxico e fonética) e a sua relação com um padrão comum, mas pensado sobretudo já não para os portugueses, mas, mais concretamente para os falantes de português lisboeta. Dito de outra forma, parece pretender-se uma solução análoga à que existe em línguas como o espanhol ou o francês, onde, apesar de existirem diferentes normas geográficas, o sistema gráfico é único, embora a norma ortofónica varie significativamente. (pp. 179-180) Decididamente hoje penso que o conceito e sobretudo a prática de língua por elaboração, executados por pessoas do ILG, se reduz a simples tautologia. Ou, antes, conformam um impreciso construto idiomático mercê de procedimentos filológicos (tecnologia) sem esclarecer os princípios teóricos (ciência) em que baseiam aqueles. Com efeito, os elaboradores da lingua de seu, quer dizer, de um galego não português, procuram conformar a língua própria de Galicia de modo que acabe diferenciada da formalização portuguesa e, para além, não respeitosa com a história filológica do Galego. Logicamente, se decidem a priori seguir um processo marcado por critérios diferenciadores do português, o resultado acaba sendo por necessidade divergente da formalização portuguesa comum. Desse jeito tais elaboradores talvez ignorem que estão a praticar o que na filosofia clássica se denomina petitio principii ou círculo vicioso. Por poucas palavras o argumentário pode resumir-se destarte: Por a galega ser língua diferente da portuguesa, cumpre formalizamo-la sujeitos a esse princípio de partida. O resultado tem de ser uma formaliza8 - Livro novo de textos velhos - Apresentação

ção divergente da portuguesa; assim fica demonstrado que a galega é língua de seu e não língua portuguesa. Opino que cumpre desentender-se de formalidades pré-lógicas, por que os normadores se afastam da situação real tanto das falas ainda existentes na Galiza, quanto da história linguística (gráfica) do idioma, quando nos territórios galegos, usque ad Mondecum, o uso da língua escrita era normal, quer dizer, submetida a normas ou hábitos de comportamento próprios dos âmbitos cultos. Consequentemente, estimo que devem ter-se muito em conta as realizações orais dos últimos séculos (XVIII-XXI) nesses territórios, mormente nos da Galiza espanhola, bem como os textos produzidos durante aquele tempo histórico nos âmbitos de uso normais. Por poucas palavras: Tendo as falas galegas tradições convergentes e sendo a produção escrita a que foi quando a Galiza se achava em situação de normalidade, cumpre explicar, primeiro, o estado de cousas atual para propor, a seguir, a formalização gráfica correta e adequada às oralidades atuais e à história da língua. É o objetivo que procuramos Henrique e mais eu ao traduzirmos e comentarmos o artigo “Diglossia”, de Charles A. Ferguson. Este artigo pode ler-se online: http://www.mapageweb.umontreal.ca/tuitekj/cours/2611pdf/Ferguson-Diglossia.pdf

Também podem consultar-se, por exemplo: Alan S. Kaye (2001), “Diglossia: the state of the art”. Online: http://www.international.ucla.edu/media/files/Kaye_diglossia.pdf

Nuria María Palanco López (2009), “La Diglosia: una cuestión social”. Online: http://www.eumed.net/rev/cccss/03/nmpl4.pdf

Guillermo Rojo (1985), “Diglosia y tipos de diglosia”. Online: http://gramatica.usc.es/~grojo/Publicaciones/Diglosia_tipos_diglosia.pdf

Karin C. Ryding (2011), “Proficiency Despite Diglossia: A New Approach for Arabic” Online: http://sites.middlebury.edu/arabiclingusitics2014/files/2014/03/Ryding1991-LearningDiglossia.pdf

Arthur K. Spears (2010), “Introduction: The Haitian Creole Language”. Online: http://www.arthurkspears.com/papers/thehaitiancreolelanguage.pdf

Agnieszka Stępkowska (2012), “Diglossia: a critical overview of the swiss example”. Online: http://www.filg.uj.edu.pl/documents/41616/10946420/stepkowskadiglossia_a_critical_overview_of_the_swiss_example.pdf

****** 9 - Livro novo de textos velhos - Apresentação

Livro novo de Textos velhos II 4 - Apontamentos desde a Galiza (espanhola) sobre o discurso da/de unidade para a Lusofonia Apresentação O artigo está publicado nas pp. 565-575 do vol. I dos Estudos dedicados a Ricardo Carvalho Calero. A obra de Ricardo Carvalho Calero. Lingüística, reunidos e editados por José Luís Rodríguez, Parlamento de Galicia-Universidade de Santiago de Compostela, 2000.

10 - Livro novo de textos velhos - Apresentação

Demorou bastante tempo a publicação desta Homenagem ao Prof. Carvalho Calero línguas informadas dizem que por reticências do estamento universitário de Compostela, dominado por pessoas isoladoras do “galego”, contrárias, portanto, ao reintegracionismo que o Professor propugnava razoavelmente. Dizem, mas... quem sabe. No meu artigo, procuradamente sem aparato crítico (a diferença de outros em que não me privo de citar, com maior ou menor siso), tentei pôr de relevo a conceção e o sentido prevalecentes nos textos do Prof. Carvalho Calero, segundo me pareceu (e parece) percebê-los. Fiz (e faço) uma leitura, livre, desses textos, mas, se alguém estiver interessado em melhor informação, direi que me parecem salientáveis Da fala e da escrita (Ourense, Galiza Editora, 1983) e Problemas da língua galega (Lisboa, Sá da Costa Editora, 1981). Contudo, reparo principalmente em Da fala e da escrita. Por que? Pelo conteúdo: O livro, de cujo ordenamento o Professor foi plenamente responsável, dá-nos, por um lado, “Estudos, discursos e conferências” e, por outro, “Notas de jornal”. Dentre os “discursos”, o intitulado “Problemas da língua galega” (pp. 72-75), datado em 1981, é a resposta do Professor às palavras do Prof. Rodrigues Lapa e do editor Sá da Costa, responsáveis da publicação do livro desse título, antes citado. Para além, os textos que o Prof. Carvalho Calero colocou em primeiro lugar merecem ser particularmente considerados: “O feito da língua” (7-14), “A fortuna histórica do galego” (pp. 15-27), “Os límites do galego” (pp. 2835) e “O idioma galego e os problemas da linguage técnica” (pp. 36-43). Nesse artigos ou conferências, o Prof. Carvalho trata fundamentalmente o tema da história da língua na Galiza, que no fundo é a história da própria Galiza. Porém, há conceitos (ou conceções), a meu ver, decisivos, como: a.- “A vida da humanidade desenrola-se hoje a nivel planetário. Nestas condiçons, as línguas faladas por um número pequeno de indivíduos resultam pouco rentáveis e só podem se suster por um esforço patriótico que potencie o seu alto valor espiritual”. (p. 14) b.- “A história do galego, a partir dos século XV, é em realidade umha história clínica”. (p. 16) c.- “Se nom temos o menor desejo de manter a identidade de Galiza, é escusada a nossa preocupaçom pola língua. Mas se queremos manter aquela identidade, na língua temos o melhor instrumento para consegui-lo. 11 - Livro novo de textos velhos - Apresentação

A língua é um sacramento, é dizer, um signo visível de comunhom numha determinada participaçom de ideais”. (p. 27) d.- “A denominaçom de galego-português, frente às unitárias de castelhano e catalám, impom-se, pois, porque implica umha prudente transacçom entre a razom histórica e a razom social, entre o lingüístico interno e o político.” (p. 32) Contudo, há um assunto que me interessa também salientar; talvez aninhe numa lembrança e sensação desagradáveis, e, para além, numa história, pequena, mas crível por reiterada, relativas à sua edição. Evoca méritos e deméritos, não do autor, mas das pessoas que a fizeram possível e impossível. Foram, em definitivo, circunstâncias e outras pugnas a evidenciarem o que se passou e passa na Galiza, tanto no nível político, quanto nas atividades culturais. Em outubro de 1981 fora legalizada a Asociaçóm Galega da Língua (então escrevíamos assim), AGAL, que ficou constituída em 19 de dezembro desse ano, justamente (e sem o procurar) o dia em que também o fez o primeiro Parlamento de Galicia. Após diversas vicissitudes associativas, dous anos depois, os membros da AGAL elegeram novo Conselho, que presidiu a Prof.ª Henriques Salido e no qual eu fiz, por um tempo, de secretário. Foi no ano 1983 que quisemos iniciar as publicações da AGAL com um livro do Prof. Carvalho Calero, que generoso (e talvez ingénuo), entregou ao responsável, pouco responsável de Galiza Editora. A história desta editora merece tratamento à parte. Fique apenas dito que os seus promotores, em particular, o Dr. Fontenla Rodrigues a pensaram como editora dos reintegracionistas todos; e que, para agilizar o seu funcionamento, a constituíram sob um só titular. Mas este, atribuindo-se uma faculdade não pactuada, embora sim legal, não satisfez o pacto havido entre o Professor e a AGAL, interpôs-se com exigências pouco razoáveis e caladamente beneficiou outra associação, então também reintegracionista. O texto estava preparado para ser impresso (os trabalhos de correção de provas foram levados pelo secretário da AGAL), mas foi impossível chegar a um acordo entre as partes... O Prof. Carvalho Calero prudentemente preferiu ficar de fora. Seja como for, o livro, Da fala e da escrita, acabou impresso por Galiza Editora, mas como promoção da AS-PG, na imprensa Vénus, da Crunha, 12 - Livro novo de textos velhos - Apresentação

habitual para as publicações da AGAL durante longo tempo. Dou fé, não tabeliônica, de que os donos e responsáveis da imprensa Vénus não acreditavam que os reintegracionistas padecêssemos esse andaços. Lembro entre saudades e mesmo morrinhas aqueles anos em que estive a desempenhar o papel de “editor” (e diretor não édito) de Agália e mais corretor das provas de algumas publicações da AGAL e em que o meu trato com o pessoal de Vénus foi muito cordial e satisfatório. Não foi nada cordial nem satisfatório o comportamento do titular de Galiza Editora e dos seus protegidos ou, antes, protetores, aqueles que, fazendo oficialmente parte da AS-PG provocaram lidas que terminaram com a divisão, sem nenhuma elegância, da Asociaçóm Sócio-Pedagógica Galega em duas: 1.ª a Associação Sócio-Pedagógica Galaico-Portuguesa. 2.ª a Asociación Sócio-Pedagóxica Galega, que, trás anos de o procurar, chegou a concertar com o Instituto da Lingua Galega e a Real Academia Galega as Normas Ortográficas e Morfolóxicas do Idioma Galego (NOMIGa2003).

**********

13 - Livro novo de textos velhos - Apresentação

Livro novo de Textos velhos II 5 – Sobre o lusismo Apresentação É texto breve, na realidade carta que publicou Man Común. Revista galega mensual de información xeral, na p. 57, colunas c e d, do número de agosto de 1980.

Era diretor de Man Común José Antonio Gaciño, cujas opiniões hoje podem seguir-se em facebook: https://www.facebook.com/jagacino?fref=ts . Também em google+: https://plus.google.com/110734017546228846292/posts Era resposta ou contestação à primeira parte de um artigo sobre as Normas ortográficas de Comisión de Lingüística, organizada pela “Xunta de Galicia” (pré-autonómica?), que presidiu o Prof. Carvalho Calero. A carta tem apenas o mérito de oferecer uma primeira e talvez ingénua conce14 - Livro novo de textos velhos - Apresentação

ção de reintegracionismo (que então os isolacionistas alcunhavam de lusismo ou lusizante como insulto ou, pelo menos, como marca de desprestígio). Na carta resumo a minha leitura dos textos do Prof. Rodrigues Lapa publicados nos Estudos galego-portugueses (Lisboa, Sá da Costa, 1979), particularmente o que propõe a restauração do idioma da Galiza como língua literária, quer dizer, como língua nacional. Manuel Rodrigues Lapa (1973), "A recuperação literária do galego" in Revista Colóquio/Letras, núm. 13 (maio), pp. 5-14. Também em Grial núm. 41 (julho-setembro 1973), pp. 278-287. Online: http://www.jstor.org/discover/10.2307/29749140? uid=3737952&uid=2129&uid=2&uid=70&uid=4&sid=21105974779931

Pode consultar-se: Isaac Alonso Estraviz (1998), “A Galiza, os galegos e a língua segundo Rodrigues Lapa”, Agália núm. 53 (Primavera 1998) Online: http://www.agal-gz.org

Ivo Castro (1996.2002), Galegos e Mouros. A língua galega vista pelos filólogos portugueses, conferência proferida no Congresso dos 25 anos do Instituto da Língua Galega, Santiago de Compostela, Lisboa, Colibri / Cátedra de Estudos Galegos da Universidade de Lisboa. Online: http://www.clul.ul.pt/files/ivo_castro/1996_Galegos_e_Mouros.pdf

15 - Livro novo de textos velhos - Apresentação

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.