Livros didáticos e tempo: potencialidades da história digital
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Palavras Chaves
um objeto cultural constitutivo do conhecimento
Livro didático; currículo; história digital
escolar produzido por meio de relações entre
1. Livros didáticos e políticas públicas
grupos de pessoas, em uma dada conjuntura, que
O desafio de ensinar é uma questão que
constroem uma realidade de acordo com critérios
mobiliza uma ampla comunidade no campo da
de validade e legitimidade estabelecidos segundo
educação (professores, diretores, pesquisadores,
diferentes relações de poder.
autores de livros didáticos, equipes curriculares,
Mas, por um longo tempo, os livros didáticos
Estado) ao longo de suas práticas. Afinal, o que
foram tratados como “vilões da história” por
deve ser ensinado aos nossos alunos? Quem
serem considerados objetos de manipulação
decide o que ensinar? Como ensinar?
política e transmissores de ideologias, e dessa
Essas
problematizações
sobre
o
ensino
provocam inquietações que motivam a origem de
forma,
passaram
a
ser
reprovados
pela
comunidade educacional.[1]
pesquisas no campo curricular. Compreendemos
Em um movimento contrário, como uma ação
aqui currículo como um lugar em que se
de valorização e de reconhecimento do impacto
estabelecem diferentes relações entre a escola, o
desses materiais como um dos meios que pode
professor e o aluno, um campo disputado nos
mudar a política educacional mais efetivamente
estudos e pesquisas relacionados às políticas
que
educacionais e à escolarização e que representa
professores
uma base de estabilidade e coerência sobre os
instrumento como uma de suas principais
conhecimentos que serão ensinados a fim de
referências para planejar sua prática de ensino [2],
contribuir para a formação escolar.
o Governo Federal tem se mobilizado em
O currículo pode ganhar diversas formas,
as
promover
propostas se
curriculares,
baseiam
avaliações
já
que
normalmente
visando,
os
nesse
sobretudo,
a
dentre elas, através do livro didático. Esse tipo de
universalização do acesso ao livro didático no
material expressa um currículo escrito ao propor
Brasil e que esses livros possam ser veículos de
uma visão de ensino através de enfoques e
uma educação de qualidade.
conteúdos específicos de uma disciplina, além de
Assim, o Programa Nacional de Livro
contribuir para a formação geral do aluno. Ele é
Didático (PNLD) vem sendo implementado no
Brasil a fim de avaliar obras para habilitá-las a
coleções didáticas de História? Será que elas têm
serem distribuídas pelas escolas públicas do país.
explorado o potencial da interatividade e da
Os guias do PNLD, resultado dessa avaliação,
hipertextualidade ou têm meramente cumprido
apresentam
papel ilustrativo sob uma roupagem aparente de
resenhas
dos
livros
aprovados,
apontando suas características e seus aspectos positivos e limitações e, a partir disso, professores
modernização? A leitura atenta do edital do PNLD 2015
e instituições escolares realizam suas escolhas das
evidencia
obras que desejam trabalhar com seus alunos [3].
“vídeos, imagens, áudios, textos, gráficos, tabelas,
Os editais do PNLD, ao longo dos anos, vão passando
por
recontextualizações
frente
como
objeto
educacional
digital:
tutoriais, aplicações, mapas, jogos educacionais,
às
animações, infográficos, páginas web e outros
demandas sociais a fim de que as obras didáticas
elementos”. Acreditamos que somente a partir da
também acompanhem aos padrões e necessidades
análise
do público que constantemente se renovam. Um
especificidade poderemos observar de que forma
exemplo dessas mudanças que ressaltaremos
o potencial do digital tem sido, ou não, explorado
nesse trabalho é o discurso da política avaliativa
nas obras didáticas à favor do ensino.
do PNLD quanto à tecnologia.
das
Situamos
coleções
esse
aprovadas
debate
sobre
em
sua
materiais
didáticos digitais em uma discussão mais ampla, 1.2 Livro didático de História, mídias digitais e
qual seja, a compreensão do que vem sendo
a mobilização do tempo
chamado de história digital. Esta “não é feita
Analisando editais e guias da disciplina
apenas pela utilização de novas ferramentas
História, do Ensino Médio, observamos que desde
digitais que facilitam as velhas práticas”, mas
o PNLD 2012 a tecnologia tem sido um dos
“trata-se também do desenvolvimento de uma
objetos de análise dos avaliadores. Nesse ano,
relação estreita com as tecnologias suscetíveis em
observamos no guia a discussão sobre os “usos
modificar os próprios parâmetros da pesquisa [e
didáticos da internet no ensino de História” nas
de ensino]” [6].
obras avaliadas.[4] Já, no PNLD 2015, a questão
Por se tratar da disciplina de História, área na
da tecnologia aparece com a ideia de objetos
qual o tempo e a temporalidade são palavras-
educacionais digitais (OED), incentivando a
chave,
produção de obras multimídias compostas por
materialidade do livro digital desloca, ou não, as
livros digitais que “deverão apresentar o conteúdo
noções de passado, presente, futuro, sucessão,
dos livros impressos correspondentes, integrados
ritmo, duração, processo, assim como outros
a objetos educacionais digitais”[5].
vocábulos ligados a esse universo semântico, tais
Mas, afinal, o que são os referidos OEDs? Que mídias digitais têm sido privilegiadas nas
procuraremos
perceber
como
a
como, calendário, cronologia, linha do tempo, sequência,
ordenação,
continuidades,
descontinuidades,
simultaneidades,
[4]
RALEJO, A. S. ; COSTA, M. A. F. .
transformações e permanências. Ou seja, iremos
Pensando a Interface entre os Livros Didáticos
analisar como a tecnologia tem afetado as
de História e as Demandas Tecnológicas:
relações no / do / com o tempo fixado na escrita
negociações possíveis. In: VII Seminário
de um material didático de reconhecido valor
Internacional As Redes Educativas e as
curricular e político em nosso país, conforme
Tecnologias: Transformações e Subversões na
colocado no item acima.
Atualidade. Rio de Janeiro: UERJ, 2013.
Assim, a proficuidade da presente proposta
[5]
BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria
de trabalho está em questionar se a tecnologia,
de Educação Básica. Edital de convocação
além de recurso auxiliar, pode mudar a relação
para o processo de inscrição e avaliação de
com a gnosiologia histórica, permitindo construir
obras didáticas para o Programa Nacional do
outros “espaços de experiência” e “horizontes de
Livro Didático PNLD 2015. Brasília, DF:
expectativa” [7] e se ela permite a quebra da
Ministério
lógica linear tão arraigada ao pensamento
Educação Básica, 2013.
histórico, visto que a linearidade representa um
[6]
engessamento do sentido de tempo.
da
Educação,
Secretaria
de
NOIRET, Serge. História Pública Digital. Liinc em Revista, Rio de Janeiro, v.11, n.1, maio 2015, p. 28-51.
[7]
2. REFERÊNCIAS [1]
MUNAKATA, K. Devem os livros didáticos
contribuições
de história ser condenados? In: ROCHA, H. ,
históricos. Rio de Janeiro: Contraponto, Ed.
MAGALHÃES, M. de S., GONTIJO, R.
PUC-Rio, 2006.
(Org.) A escrita da história escolar: memória e historiografia. Rio de Janeiro: FGV, 2009 [2]
MONTEIRO, A. M. “Professores e livros didáticos: narrativas e leituras no ensino de História”. In: ENGEL, M. MAGALHÃES, M. de S., ROCHA, H. Livros de história na escola: trajetórias e usos. Rio de Janeiro. FGV, 2009.
[3]
KOSELLECK, Reinhart. Futuro passado:
BRASIL. Guia de Livros Didáticos: PNLD 2012:
História.
Brasília:
Ministério
da
Educação. Secretaria de Educação Básica, 2011.
à
semântica
dos
tempos
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