LOGÍSTICA REVERSA COMO ALTERNATIVA PARA O DESCARTE DE RESÍDUOS GERADOS NO PROCESSO PRODUTIVO DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Me. Clayton Cardoso de Moraes Professor do Curso de Administração da FAMA

July 9, 2017 | Autor: C. Cardoso de Moraes | Categoria: Sustentabilidade, Logística Reversa
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LOGÍSTICA REVERSA COMO ALTERNATIVA PARA O DESCARTE DE RESÍDUOS GERADOS NO PROCESSO PRODUTIVO DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Me. Clayton Cardoso de Moraes Professor do Curso de Administração da FAMA [email protected] http://lattes.cnpq.br/7244912914256231 Laínne da Silva Barbosa Graduanda do Curso de Administração e Bolsista do PIBIC FAMA [email protected] http://lattes.cnpq.br/1906636416032537

RESUMO O presente trabalho destaca o conceito logístico reverso, que vem ocupando um papel de destaque nas organizações, especialmente micro e pequenas empresas, em relação às operações logísticas. O objetivo deste estudo é evidenciar a viabilidade da implantação da logística reversa em micro e pequenas empresas que produzem resíduos, com o propósito de gerar vantagem competitiva e redução de custos. Para o desenvolvimento deste estudo, foi utilizada uma pesquisa exploratória, com levantamento bibliográfico sobre logística reversa, marketing ambiental e micro e pequenas empresas. A pesquisa destaca o ganho da imagem corporativa responsável com ações sustentáveis e em decorrência a vantagem competitiva obtida por estas empresas. Palavras-chave: Logística Reversa. Sustentabilidade. Micro e Pequenas Empresas. Introdução A logística, conforme Ballou (2009) tem importância vital para o funcionamento de uma empresa. É um subsistema que interfere diretamente em seu desempenho e resultados, podendo ser positivo ou não. Segundo o autor, a logística empresarial cuida das atividades de movimentação, transporte e armazenagem, que facilitam o fluxo de produtos desde a aquisição da matéria-prima até o consumo final. Cuida também dos fluxos de informação que colocam os produtos em movimento, buscando alcançar níveis de serviços adequados aos clientes a um custo razoável, satisfazendo as necessidades e também aumentando a produtividade e lucratividade da organização. Para Leite (2009), a logística reversa é a área da logística que planeja, opera e controla o fluxo e as informações logísticas correspondentes, do retorno dos produtos de pós-consumo e pós-venda ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, através dos canais de distribuição

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reversos, agregando-lhes valor de diversas naturezas: econômico, ecológico, legal, logístico e a imagem corporativa. A logística reversa vem ocupando papel de destaque nas empresas em relação às operações logísticas. O objetivo da logística reversa, conforme Leite (2009) é tornar possível o retorno dos bens ou de seus materiais constituintes ao ciclo produtivo ou de negócios, agregando valor econômico, ecológico, legal e de localização. Diante deste contexto, o estudo tem como propósito evidenciar a viabilidade da implantação e o uso da logística reversa em micro e pequenas empresas que produzem resíduos, com o objetivo de gerar vantagem competitiva e redução de custos.

A concepção da logística reversa Segundo Dias (2007), a logística esteve associada à estratégia militar, utilizava-se de planejamento para melhor organização e execução das tarefas. Ballou (2009) define a logística como junção de quatro atividades: as de aquisição, movimentação, armazenamento e entrega de produtos. Herrera et al. (2006) descrevem que a logística tem grande importância no contexto organizacional, envolvendo os tipos de processos administrativos existentes, assim como as fases do processo de manufatura. Vários fatores representam vantagem competitiva, como entrega no prazo e em boas condições, que tem relevância na satisfação e fidelização de clientes.

Para utilização de estratégia no ambiente empresarial, considera-se o perfil e

característica da empresa. As estratégicas logísticas podem facilitar o profissional de logística na busca pelo diferencial de mercado, e o aumento de vantagem competitiva. As empresas estão cada vez mais interessadas na satisfação de seus clientes buscando a qualidade e assim se sobressair obtendo uma vantagem competitividade em relação as demais. Galhardi (2009, p. 6) afirma ser “necessário que a empresa seja capaz de cumprir as suas promessas, evitando que o cliente se decepcione, mas efetivando sua total satisfação”. Pela importância da satisfação dos clientes e atendimento as suas exigências, surge outro ramo da logística preocupada com a sustentabilidade que é a logística reversa. Segundo Oliveira et al. (2012) a logística reversa começou a ser estudada nas décadas de 1970 e 1980, e ressalta que práticas empresarias entendidas como logística reversa já existiam a muito tempo. O foco era ligado ao retorno de bens através da reciclagem. De acordo com Pereira et al (2011) a logística reversa tem todos os processos da logística, de maneira inversa, engloba informações desde o ponto de consumo até o ponto de origem, com a proposta de recuperação de valor ou descarte correto. Campos (2006) ressalta a

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importância do estudo da logística reversa, pois com o crescimento das operações reversas, as empresas passaram a dar mais atenção a esse tema. Gomes (2012) afirma que nos tempos atuais encontra-se uma cultura consumista, sendo criados a cada dia novos produtos, com ciclo de vida mais curtos. Para que uma empresa possa se sobressair e ser competitiva neste cenário, é necessário acompanhar esse ritmo e lançar continuamente novos produtos que atendam a esse consumismo exacerbado. Vieira (2009, p. 17) evidencia que: Diante deste aumento do consumo a logística reversa terá maior aplicação pela crescente preocupação com o meio ambiente, os processos serão aplicados na reciclagem de produtos diversos para promover o desenvolvimento sustentável, descartes adequados e devidamente reduzindo a extração da matéria prima da natureza.

Leite (2009) observa que em um contexto geral a logística reversa se divide em duas áreas, logística reversa de pós-venda e logística reversa de pós-consumo, conforme descritos a seguir.

Logística reversa de pós-venda Na concepção de Takada et al. (2013) a logística reversa de pós-venda refere-se ao retorno dos bens, sem uso ou com pouco uso, que apresentam problemas de razões comerciais ou legais. Dentre as razões comerciais podem se destacar os defeitos ou falhas de fabricação ou de funcionamento, avarias no transporte, erros de expedição dos pedidos, excesso de estoques, entre outros. Com relação às razões legais (legislação ambiental), os autores argumentam que ocorre o retorno dos produtos que oferecem riscos à saúde humana ou ao meio ambiente, dando-lhes uma destinação final adequada. De acordo com Pereira et al. (2011, p. 4), “produtos pós-venda podem ser de natureza durável, semidurável ou descartável, que, devido a sua tendência a descartabilidade e rápida obsolescência, acabam gerando um grande aumento nos volumes operacionalizados pela logística reversa”. Segundo Leite (2009), o objetivo estratégico de retorno de pós-venda é agregar valor ao produto logístico devolvido pelo fluxo de retorno entre os diversos elos da cadeia de distribuição direta, conforme o objetivo ou motivo de retorno estabelecido. O objetivo econômico visa recapturar o valor financeiro do bem de pós-venda pela revenda no mercado primário, venda no mercado secundário, ganho econômico por meio do desmanche, reciclagem industrial ou disposição final, sendo a agilidade logística de revalorização essencial e o tempo, fator negativo na recuperação de valor. O objetivo da competitividade,

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por sua vez, possibilita a diferenciação frente a seus concorrentes quanto à qualidade do produto, funcionalidade do modelo, recursos adicionais, redução no excesso de mercadorias retornadas entre outros, que com o tempo passam a ser imperceptíveis ao cliente.

Logística reversa de pós consumo Segundo Leite (2009) a atuação da logística reversa que operacionaliza o fluxo físico e as informações de bens de pós consumo, pelo descarte da sociedade que retorna ao ciclo produtivo através de canais distributivos reversos. Os bens de pós consumo são os produtos que são usados com possibilidade de reutilização. Estes produtos de pós consumo poderão se originar de bens duráveis ou descartáveis e fluírem por canais reversos de reuso, desmanche, reciclagem até a destinação final. No que se refere ao Reuso, Moreira e Bonfim (2013, p.7) destacam a necessidade de “reutilização de produtos ou materiais classificados como bens duráveis, cuja vida útil estende-se por vários anos”. Para Moreira e Bonfim (2013, p. 6) “a reciclagem tornou-se uma importante atividade econômica, devido ao seu impacto ambiental e social, pois não beneficia somente a empresa que a adota, mas também uma parcela da população que enxerga nessa atividade a possibilidade de tirar seu sustento e obter alguma renda”. Moreira e Bonfim (2013, p. 7) afirmam que o “desmanche tem ligação com os diversos materiais que podem ser obtidos através da desmontagem de bens de pós-consumo, para depois serem reaproveitados e retornar ao ciclo produtivo”. Na perspectiva de Uda (2010, p.14) produtos de pós consumo são “bens com vida útil encerrada, podendo ou não serem retornados ao ciclo produtivo. Podem ser reaproveitados na fabricação de um mesmo produto ou distinto, fluindo por canais de reuso, desmanche e reciclagem até a destinação final”. A logística reversa tem o objetivo de reutilizar resíduos ou produtos que podem ser reaproveitados ou até mesmo reciclados, podendo assim, voltar para o ciclo produtivo, e quando não for possível, serem descartados em locais corretos, essas atividades vêm se destacando como uma possível vantagem competitiva. As atividades da logística reversa possibilita a redução dos custos, evita o descarte incorreto dos resíduos gerados durante o processo produtivo e dos produtos, tendo a possibilidade de sua reutilização, promovendo a melhoria e ganhos para o meio ambiente.

Meio Ambiente e os desafios da degradação ambiental

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De acordo com Seiffert (2006) a preocupação com o esgotamento dos recursos naturais surgiu com a percepção, após a Revolução Industrial, de que a capacidade do ser humano de alterar o meio ambiente aumentou consideravelmente, levando as consequências positivas e negativas e evidenciando uma interdependência entre o crescimento econômico e o meio ambiente. A constatação da existência de limites ambientais ao crescimento econômico vem levando a uma preocupação crescente com a elaboração de políticas ineficazes que podem ser conciliadas com a economia. Segundo Barbieri (2011) essa preocupação com problemas ambientais causados pelo crescimento e o desenvolvimento econômico decorreu-se em três etapas: 1.

A primeira foi perceber os problemas ambientais ligados à ignorância,

negligência e indiferença das pessoas e consumidores de bens e serviços, cujas ações para corrigir essa prática foram corretivas e repressivas como proibições e multas; 2.

A segunda etapa seria a degradação, que é percebida como um problema geral

confinado em territórios nacionais, sendo que a gestão inadequada é apontada como causa básica dos problemas percebidos. Nesse caso a ação corretiva refere-se a intervenção governamental em função da prevenção da poluição e a melhoria dos sistemas produtivos, tais como o incentivo à substituição de processos produtivos poluidores por outros mais eficientes e limpos; 3.

E uma terceira etapa, a degradação ambiental é vista como um problema

planetário que atinge todos e que ocorre a partir do tipo de desenvolvimento praticado pelos países, nesta fase questiona-se as políticas e metas de desenvolvimento adotadas pelos países. Conforme descreve Uda (2010) a solução para a degradação ambiental pode ser resolvida pela comunidade científica, pois a mesma confia na capacidade de a humanidade produzir novas soluções tecnológicas e econômicas a cada etapa, em resposta aos problemas que surgem, permanecendo basicamente no mesmo paradigma civilizatório dos últimos séculos. Outra solução para as questões ambientais, segundo o autor, representa quase uma síntese dos impasses que o atual modelo de civilização acarreta, pois considera o que se assiste no final do século XX, não só como crise ambiental, mas civilizatória, e que a superação dos problemas exigirá mudanças profundas na concepção de mundo, de natureza, de poder, de bem-estar, tendo por base novos valores. Faz parte dessa nova visão de mundo a percepção de que o ser humano não é o centro da natureza, e deveria se comportar não como seu dono, mas, percebendo-se como parte dela, e resgatar a noção de sua sacralidade, respeitada e celebrada por diversas culturas tradicionais antigas e contemporâneas. Para Portilho (2010), o meio ambiente está sofrendo uma exploração sem limites, que

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coloca em risco a estabilidade de seus sistemas de sustentação. O resultado disto não está sendo dividido equitativamente entre toda a população do planeta, de modo que apenas uma minoria se beneficia das riquezas, enquanto a maioria, desprovida de recursos, vive a mercê da vulnerabilidade ambiental e dos riscos de desastres. A partir de 1990 surgiu um novo discurso a respeito da principal causa dos problemas ambientais, que considerava os hábitos e estilo de vida de alto padrão de consumo das sociedades e classes influentes uma das principais razões para os problemas ambientais. May e Motta (1995) sugerem que de uma perspectiva de mercado uma das causas da degradação ambiental é baseada no fato de que o uso do meio ambiente não é normalmente valorado a preços de mercado e os recursos naturais não são imputados nas contas nacionais em valores para a utilização e exaustão. Como a preocupação fundamental está centrada na produção, a degradação/exaustão dos recursos naturais somente é considerada como ganho à economia: nenhuma perda é imputada. Zenone (2006, p. 162) denota que “o impacto dos danos cada vez maiores causados ao meio ambiente vem provocando um gradativo aumento da consciência ecológica por uma parcela da sociedade, com repercussões diretas na maneira de as empresas conduzirem seus negócios”. Richers (1996) afirma que a utilização de processos produtivos que melhor aproveitam recursos naturais como energia, água e solo, a utilização de menos embalagens ou de refil, a reciclagem e o reaproveitamento de materiais, a adoção de sistemas de transportes e de tecnologias mais adequadas ou limpas são apenas algumas das preocupações que devem ser exploradas pelas empresas frente ao seu processo produtivo.

Empresas e Meio Ambiente Conforme apresenta Sanches (2000) a maioria das empresas, tanto no Brasil quanto nos países desenvolvidos, não estão dando a necessária importância à questão ambiental bem como suas implicações para suas atividades de negócios. Como consequência, não desenvolvem respostas adequadas. Mesmo aquelas empresas consideradas proativas no quesito ambiental, que apresentam melhorias ambientais de atividades e produtos, comunicação mais eficiente e direta com seus grupos de interesses, internos e externos, enfim, considerando-se os avanços e dificuldades que encontram se esbarram em limitações nas iniciativas rumo à sustentabilidade e à responsabilidade ambiental. Dias (2007) descreve que uma empresa para ser considerada ambientalmente responsável deve se engajar profundamente em um novo modo de proceder, caso contrário,

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muito em breve, ficará claro que as intenções foram somente de maquiar a realidade e não transformá-la. Tinoco (2001) acredita que o conceito de responsabilidade social corporativa deve enfatizar o impacto das atividades das empresas para os agentes com os quais interagem, como empregados, fornecedores, clientes, consumidores, colaboradores, investidores, competidores, governos e comunidade. Para Romeiro (2001) nos estágios iniciais do processo de desenvolvimento econômico a crescente degradação do meio ambiente é aceita como um efeito colateral, mas inevitável. No entanto, a partir de certo nível de bem-estar econômico a população torna-se mais sensível e disposta a pagar pela melhoria da qualidade do meio ambiente, o que vem induzindo as mudanças institucionais e organizacionais necessárias para a correção dessas falhas de mercado. De acordo com Valle (1995) a qualidade ambiental é uma parte inseparável da qualidade total ansiada pelas empresas que pretendem manterem-se competitivas e assegurar sua posição em um mercado cada vez mais globalizado e exigente. Para Kinlaw (1997, p.70), o Marketing Verde é uma “resposta empresarial ao consumidor verde.” Através desse pensamento, pode-se refletir que as organizações precisam se adaptar aos meios que evidenciam as necessidades de um novo mercado sobre as mudanças do comportamento de hábitos de compras sustentável do consumidor.

O Marketing Ambiental ou Marketing Verde De acordo com Dias (2007), a vertente do marketing verde, conhecido também como marketing ecológico ou ambiental, envolve as necessidades de atender os clientes, consciente da relevância de se preservar a natureza, e para isso apresenta preocupação as implicações mercadológicas dos produtos que estejam de acordo com as especificações da legislação ambiental e que mensurem as expectativas de uma boa parcela de consumidores, no que se refere a não degradação do meio ambiente. Gonzaga (2005, p. 360) afirma que “o Marketing Verde é capaz de agregar valor ao produto ou serviço através da argumentação responsável que o envolve, ressaltando-se que o consumidor deve estar consciente dos seus benefícios”. O autor afirma ainda que o Marketing Verde deve “enfatizar as vantagens ao longo de todo o ciclo de vida do produto (produção, uso e descarte), e não apenas a excitação do impulso na hora da compra”. Churchill e Peter (2005) destacam que organizações que praticam o marketing ambiental devem assegurar que seus produtos sejam bons e adequados para o meio ambiente,

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ou seja, produzindo produtos recicláveis ou utilizando materiais reciclados na fabricação dos produtos. Os benefícios aparecem de várias formas, tanto porque muitos consumidores se identificam com a ideia de como as empresas podem fazer as pessoas se sentirem melhores. Na perspectiva de Baker (2005, p. 527), “um consumidor verde pode rejeitar um produto porque se conscientizou do dano ambiental que esse produto causa durante a sua produção ou no seu descarte. Também pode evitar um produto porque desaprova as atividades do fabricante, de seus fornecedores ou investidores”. Ottman (1994) compreende o consumidor verde como sendo aquele que procura consumir apenas produtos que causam baixo ou nenhum impacto ambiental. Segundo Braune (2012), mais de 80% da população brasileira preocupa-se com questões ambientais e com responsabilidade social ao realizarem suas compras. Essa atitude está modificando o comportamento das organizações, visto que as mesmas precisam se adaptar a esse novo fenômeno. Para a autora, as empresas devem inserir em suas operações atividades de reciclagem, consideradas por muito importante pela população. Para Wright et al. (2007) a sociedade espera que as empresas ajudem a preservar o meio ambiente, vendam produtos seguros, tratem seus funcionários com igualdade, sejam verdadeiras com seus clientes, entre outras atitudes que demonstrem respeito ao meio em que estão inseridas idealmente. Uma organização socialmente responsável é aquela que opera lucrativamente ao mesmo tempo em que beneficia a sociedade. Smith (2014) afirma que existe uma pequena parcela da população que se comporta de forma ambientalmente correta e este número deverá aumentar nos próximos anos. Outro fator é a percepção dos consumidores em relação às empresas, pois, quanto maior o investimento das mesmas em imagem junto a seu público, com critério e transparência, melhor, pois o consumidor não aceita ser enganado, e principalmente, passa a rejeitar empresas enganosas. Chamorro (2001) acredita ser possível estimular o sentimento do consumidor verde através de algumas ações, como as de informar e educar sobre temas ambientais; estimular ações benéficas no meio ambiente; cessar comportamentos nocivos ao meio ambiente; e trocar ou substituir alguns valores da sociedade por outros que respeitem o meio ambiente.

Importância das micro e pequenas empresas para a sustentabilidade Marolli (2011) afirma que as micro e pequenas empresas (MPEs) têm uma grande importância para o desenvolvimento brasileiro, e vem se destacando no cenário socioeconômico em relação à geração de emprego, renda, qualidade de vida, redução de

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desigualdade social e o desenvolvimento da região onde estão instaladas. Santos et al. (2007) acrescenta que as micro e pequenas empresas então sendo cada vez mais valorizadas no Brasil, surgindo assim milhares de empresas nos últimos anos. Porém, por vários fatores nem todas sobrevivem, algumas fracassam pela falta de conhecimento de gestão empresarial, não buscando auxílio para melhoria e aprendizado organizacional. De acordo com Santos et al. (2007), as MPEs enfrentam dificuldades por ter menos recursos e por falta de habilidade gerencial, exigindo ações para enfrentarem os efeitos decorrentes. O gerenciamento é um fator que pode gerar as estratégias capazes de alternativas para que essas empresas possam se adequar, e se sobressaírem. Sendo assim são apresentadas duas posturas estratégicas que surgem como uma forma de garantir a preservação das atividades de pequenas empresas. Contudo pode-se verificar que essas posturas são características de empreendedora e conservadora, sendo uma caracterizada pela constante inovação de produtos e tecnologia e a outra uma mínima inclinação a renovação. Consumidores exigentes e mais conscientes dos riscos gerados pelas atividades humanas, que ameaçam as condições futuras de vida do planeta, dão preferência a marcas e produtos obtidos a partir de processos com menor impacto ambiental e que geram ganhos sociais e econômicos. Consequentemente, atualmente, tecnologias, práticas, produtos e serviços sustentáveis são diferenciais de competitividade global. As micro e pequenas empresas já vêm se posicionando em função dessa forte tendência. O dia a dia dos pequenos negócios, porém, contempla diversas práticas sustentáveis, ainda que pontuais, relacionadas principalmente à gestão ambiental dentro das empresas, como indicam os dados apurados pelo SEBRAE (2012) em uma pesquisa realizada com 3.912 pequenos e micros empresários no Brasil. Isso demonstra, segundo o SEBRAE (2012) que um dos grandes desafios no Brasil é fazer com que uma quantidade cada vez maior de micro e pequenas empresas passe a incorporar em suas práticas de gestão e estratégias de mercado o conceito de sustentabilidade. Segundo pesquisa do SEBRAE (2012) algumas estratégias de MPE se destacam, entre elas estão: o aumento de conhecimentos e práticas sustentáveis que repercutem em maior eficiência energética, menores impactos ambientais, identificação de novas oportunidades, adequação aos novos marcos legais e consequentemente, uma melhor relação com o mercado, convertendo-se em fator de melhor competitividade das microempresas e empresas de pequeno porte. Na concepção de Maia (2011) a competitividade entre as pequenas empresas constitui um fator importante para promoção de desenvolvimento do país. As inovações é o principal

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fator de sucesso e permanência da empresa, podendo assim colaborar para que a empresa alcance seus objetivos. Dias (2007) afirma que existe uma nova necessidade mundial que é a preservação do meio ambiente. Diante da realidade, as MPEs estão adotando a Gestão Ambiental com a conscientização dos seus gestores e a imposição urgente do mercado sustentável, ou seja, dos consumidores que consomem melhor e menos levando em consideração os impactos ambientais, sociais e econômicos das empresas e dos seus produtos. Esses gestores conseguem visualizar os benefícios decorrentes desse tipo de gestão, dentre eles: aceitação da sociedade, aceitação do produto e/ou serviço, satisfação do cliente, conquistas de novos mercados, facilidades na obtenção de financiamentos, redução de custos e incentivos governamentais. Por estar relacionada à destinação de produtos e materiais já descartados pelo consumidor, a logística reversa contribui para a preservação do meio ambiente, exatamente pelo retorno de bens de pós-consumo ao ciclo produtivo, promovendo a diminuição do acúmulo de resíduo industrial na natureza. A logística reversa está abrindo espaço para as MPEs, que enxergam novas oportunidades de negócios na reciclagem. Há diversas empresas de coleta de resíduos que fazem a separação, tratamento, e destinação adequada de móveis, eletrodomésticos, equipamentos eletrônicos, entulho e restos de obras e outros resíduos sólidos. Basta conhecer seu processo, certificar-se da idoneidade da empresa e escolher a melhor opção para iniciar o descarte. É necessário ressaltar que diante de acontecimentos catastróficos resultado da degradação do meio ambiente, a sociedade consumidora mostra-se interessada na preservação deste, adquirindo produtos e serviços que se adéquem a política sustentável. E essa realidade denota certa preocupação, tendo em vista a crescente importância que esse tema vem conquistando no cenário internacional e nacional, o que se reflete, por exemplo, em uma legislação e fiscalização cada vez mais exigentes e rigorosas, principalmente no que respeita a aspectos ambientais. O mesmo pode-se dizer sobre a crescente conscientização da sociedade sobre as questões que ameaçam a vida hoje e no futuro, frequentemente associadas a práticas empresariais não sustentáveis. Assim, percebe-se que um grande desafio para o Brasil é o de trazer para o cotidiano dos pequenos negócios as práticas de gestão e conquista de mercados e consumidores por meio de ações, serviços e produtos sustentáveis.

Considerações finais

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Os conceitos de sustentabilidade são muito interessantes e diversos e o maior desafio das empresas é saber como incorporá-los ao dia a dia dos negócios. Antigamente se acreditava que a sustentabilidade custava caro, ou que sustentabilidade era uma cultura para empresas de grande porte. Mas essas ideias estão ultrapassadas e devem ser abandonadas o mais rápido possível, sob o risco das micro e pequenas empresas perderem competitividade frente a concorrentes que venham preparados para atender às demandas dos mercados por uma produção mais limpa e socialmente responsável. Muitos produtos que tem sua vida útil finalizada voltam para o processo produtivo, assim como resíduos podem ser reutilizados, ou ainda algum material reciclado diminuindo os custos e mantendo uma boa imagem da empresa. O processo logístico reverso bem estruturado traz diversos benéficos para a empresa e auxilia na tomada de decisões, possibilitando eficiência nos serviços, revertendo se assim em uma vantagem competitiva. Há diversos ganhos em trabalhar dentro de princípios de sustentabilidade, devendo ser adaptados a cada tipo de negócio. Podem ocorrer ganhos na economia de matérias-primas, de energia, nos processos de produção ou no descarte adequado de resíduos, esses seriam ganhos ambientais diretos. Em questões sociais os ganhos podem estar na relação ética com os consumidores e fornecedores, em participar de forma cidadã nas comunidades que são impactadas pelo negócio, no ganho da imagem corporativa em utilizar o marketing não apenas para vender produtos e serviços, mas também para reforçar boas práticas e cidadania. No aspecto econômico, compreender que a empresa não é apenas uma instituição que visa somente lucro, mas também uma organização que é parte da qualidade de vida de seus gestores, das famílias envolvidas e das comunidades as quais atende.

REVERSE LOGISTICS AS AN ALTERNATIVE FOR THE DISPOSAL OF WASTE GENERATED IN THE PRODUCTION PROCESS OF MICRO AND SMALL ENTERPRISES ABSTRACT This paper highlights the reverse logistics concept, which has been occupying an important place within the organizations for logistics operations. To develop this study, an exploratory research was used with literature on reverse logistics, environmental marketing and small businesses. The research highlights the gain of the corporate image with responsible and sustainable actions due to the competitive advantage. The study, still in progress, will address in a second stage, a field research in small Iturama of municipal companies that produce waste and a proposal for incentives to reduce and minimize environmental impacts caused by debris in the city of Iturama.

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Keywords: Reverse logistic. Sustainability. Small Business. REFERÊNCIAS

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