Lugar das interfaces digitais no ensino da leitura

May 26, 2017 | Autor: Ana Elisa Novais | Categoria: Digital Literacy, Online Reading Comprehension, Graphical User Interfaces
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Descrição do Produto

Andréia Custódio Direção: Capa e diagramação: Telma Custódio Revisão: Karina Mota Imagem da capa: Zubada / 123RF Imagens

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ T253 Tecnologias para aprender / organização Carla Viana Coscarelli. - 1. ed. - São Paulo : Parábola Editorial, 2016. 192 p. ; 23 cm. (Linguagens e tecnologias ; 3) Inclui bibliografia e índice ISBN 978-85-7934-112-0 1. Tecnologia educacional. 2. Educação - Inovações tecnológicas. 3. Tecnologia da informação - Aspectos sociais. 4. Sociedade da informação. 5. Comunicação e tecnologia. 6. Inclusão digital. I. Coscarelli, Carla Viana. II. Título. III. Série. 15-29259



CDD: 371.3078 CDU: 37.016:316.774

Direitos reservados à Parábola Editorial Rua Dr. Mário Vicente, 394 - Ipiranga 04270-000 São Paulo, SP pabx: [11] 5061-9262 | 5061-8075 | fax: [11] 2589-9263 home page: www.parabolaeditorial.com.br e-mail: [email protected] Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão por escrito da Parábola Editorial Ltda.

ISBN: 978-85-7934-112-0 © da edição: Parábola Editorial, São Paulo, abril de 2016

Para minha querida

Clarice,

que tinha olhos atentos, ouvidos pacientes e palavras sábias sempre na ponta da língua.

Sumário

Apresentação: Abrindo a conversa.........................................................................11

» CAPÍTULO 1 – Letramento digital:

desafios e possibilidades para o ensino..........................................................15 Valéria Ribeiro de Castro Zacharias

Introdução............................................................................................................................ 16 Ensinar a leitura: abordagens pedagógicas................................................................. 17 Letramento digital e hipertextualidade......................................................................... 20 As aulas de leitura............................................................................................................24 Desafios e possibilidades para o ensino......................................................................26

» CAPÍTULO 2 – Leitura, escrita e tecnologia:

questões, relações e provocações......................................................................31 Ana Elisa Ribeiro

Considerações iniciais: “Numa progressão pasmosa”...............................................32 Leitura: este espanto!........................................................................................................33 O texto..................................................................................................................................35 Linguagens e espaços....................................................................................................... 37 Para ficar só nisso.............................................................................................................42

» CAPÍTULO 3 – Leitura de imagens em infográficos.....................................43 Francis Arthuso Paiva

Habilidades complexas de leitura..................................................................................46 Proposta de atividade de ensino....................................................................................49 Dificuldades e desafios da leitura de texto visual informativo...............................56 Considerações finais..........................................................................................................58

» CAPÍTULO 4 – Navegar e ler na rota do aprender........................................61 Carla Viana Coscarelli

Introdução............................................................................................................................62

Sumário

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Navegação............................................................................................................................65 Leitura...................................................................................................................................68 Quando ler é semelhante a navegar.............................................................................. 71 Quando a leitura deveria ser separada da navegação.............................................. 76 Como diferenciar leitura de navegação?.......................................................................77 Ler e navegar...................................................................................................................... 79 Considerações finais.......................................................................................................... 80

» CAPÍTULO 5 – Lugar das interfaces digitais no ensino de leitura.............81 Ana Elisa Novais

Introdução............................................................................................................................82 Gramática das interfaces digitais...................................................................................85 Habilidades de leitura X habilidades de navegação.................................................87 Propostas para a sala de aula........................................................................................88 Quando a tela invade o texto.......................................................................................... 91 Considerações finais..........................................................................................................94

» CAPÍTULO 6 – Interação.gov.br: exercício de leitura e cidadania..............95 Ranielli Azevedo

Introdução............................................................................................................................96 Reflexões sobre leitura.................................................................................................... 100 A metodologia do teste de interação...........................................................................103 Análise das tarefas..........................................................................................................105 Considerações finais........................................................................................................ 112 Apêndices........................................................................................................................... 113

» CAPÍTULO 7 – Formação de consumidores críticos:

letramento em marketing..................................................................................115 Jônio Machado Bethônico e Isabel Cristina Alves da Silva Frade

Motivadores e caracterização geral.............................................................................. 116 Condições de desenvolvimento do letramento em marketing nas salas de aula.............................................................................................................122 Considerações finais........................................................................................................130

» CAPÍTULO 8 – Processos editoriais na Wikipédia:

desafios e possibilidades da edição colaborativa........................................135 Carlos d’Andréa

O que é e como funciona a Wikipédia?......................................................................137 Problematizando a Wikipédia........................................................................................139 Wikipédia e educação.....................................................................................................142

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Tecnolog ias pa ra aprender

» CAPÍTULO 9 – Infância e tecnologias...........................................................145 Suzana dos Santos Gomes

Introdução..........................................................................................................................146 Modos de brincar ontem e hoje: a virtualização do lúdico....................................150 Mídias digitais e o brincar em sala de aula.............................................................152 Os aplicativos viram brinquedo nas mãos das crianças.........................................155 Outras sugestões..............................................................................................................156 Considerações finais........................................................................................................157

» CAPÍTULO 10 – Jogos online no ensino-aprendizagem

da leitura e da escrita........................................................................................159 Andréa Lourdes Ribeiro

Introdução..........................................................................................................................160 O ensino e as tecnologias digitais.............................................................................. 161 Por que os jogos digitais online?.................................................................................163 A leitura e a escrita com os jogos digitais online...................................................165 “Chefville”.........................................................................................................................167 “Brincando com as vogais”........................................................................................... 171 Considerações finais........................................................................................................ 174

Referências bibliográficas.....................................................................................175 Autoras e autores....................................................................................................189

Sumário

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A presentaç ão

Abrindo a conversa

R

eunimos aqui dez capítulos que têm em comum o interesse pelas NTIC (Novas Tecnologias de Informação e Comunicação) e pelo modo como as pessoas se apropriam ou deveriam se apropriar delas, sobretudo nos ambientes escolares. As tecnologias digitais, disponíveis agora nos celulares e amplamente utilizadas por todas as camadas sociais como meio de comunicação, produção e disseminação de saberes, precisam ser estudadas e compreendidas. Os mais diversos contextos escolares precisam discutir e se apropriar dessas tecnologias para que os alunos também incorporem em suas vidas as inúmeras possibilidades oferecidas por equipamentos (computadores, laptops, celulares, tablets e outros gadgets) e aplicativos. Conceitos como letramento digital, hipertextualidade e multimodalidade não são mais novidade, mas como têm sido tratados pelos usuários, por professores, e como têm sido vistos pela escola? Que desafios e possibilidades apresentam para o ensino? Será que estamos conseguindo usar essas tecnologias e aplicar esses conceitos nas nossas salas de aula para preparar os nossos alunos para serem leitores e produtores de textos em tempos digitais? Estas são algumas das perguntas sobre as quais refletimos nesta obra. A escrita, os objetos e modos de escrever também são temas de nossas conversas, que buscam pensar sobre o que se lê e o que se escreve hoje, o que e como se aprende a ler e a escrever na escola atualmente. Há alguns anos, texto era, sobretudo, verbal. Não se desenhava (nem se desenha ainda) nas ‘redações’ (de vestibulares, do ENEM, por exemplo). No entanto, os textos usados nas comunicações digitais são repletos de ícones, emoticons, cores, exploram diferentes fontes e leiautes. Textos, A brindo a conversa

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todos, inclusive do impresso, são compostos de linguagem verbal e não verbal. Kress & van Leeuwen (2006) chamam nossa atenção para as escolhas de fonte, de formatação do texto, de fundo, de cores, entre outros, que sempre fizeram parte de textos. Hoje a exploração de linguagens não verbais está mais acessível, temos programas e aplicativos que tornam cada dia mais fácil a composição de textos multimodais, mas parece que precisamos voltar à infância para reaprender a desenhar, a lidar com cores e formas e deixar que elas façam parte dos textos produzidos também na escola dos adolescentes e adultos. Algumas pessoas ainda acreditam que não precisamos ensinar nossos alunos a lidar com imagens, como se elas fossem autoexplicativas. Mas as pesquisas têm mostrado que os textos que exploram elementos gráficos podem ser muitos complexos e sua leitura nem sempre é muito intuitiva e fácil. Resultados de avaliações como o PISA (OECD, 2014) e as pesquisas realizadas por Paiva (2013), por exemplo, nos mostram que nossos alunos têm muita dificuldade para interpretar textos com imagens, como infográficos, por exemplo. Como a escola prioriza o verbal, muitas vezes, os alunos se esquecem de considerar o não verbal, seja na leitura, seja na produção de textos. Isso faz com que eles encontrem dificuldade em muitas situações em que precisam lidar com textos do cotidiano. Já sabemos que é preciso navegar, mas se antes os alunos recebiam um livro ou um único texto xerocado para ler, agora eles têm acesso a múltiplas fontes de informação. Eles estão bem na porta de uma vasta biblioteca aberta o tempo todo e precisam saber como encontrar informação, precisam saber onde e como encontrar eficientemente essas informações, precisam selecionar as informações que julgam mais adequadas e pertinentes. O acesso à informação é um direito do cidadão. Contudo, ele precisa estar preparado para saber onde encontrar as informações de que precisa e em que confia e ler criticamente essas informações. Nossos alunos precisam saber como navegar no impresso e no digital, sendo capazes de compreender e utilizar eficientemente índices, menus, títulos e subtítulos, marcas de diagramação que sinalizam capítulos, seções, páginas, sites, o todo e as partes de que ele é composto, entre outros. Encontrar e selecionar eficientemente a informação é um grande passo, que será completado pela leitura mais aprofundada e crítica desses materiais, contribuindo assim para um exercício pleno da cidadania. Tecnolog ias pa ra aprender

A formação de leitores críticos envolve também a formação do consumidor cidadão, ou seja, a formação de consumidores críticos, capazes de reconhecer estratégias de marketing de vários tipos e em várias situações. Nossos alunos, cidadãos do século XXI, precisam ser sujeitos capazes de ler profundamente a publicidade e as mais diversas ações de marketing usadas atual­mente para poderem refletir sobre o consumo excessivo, desnecessário, muitas vezes ostensivo e irresponsável, que pode ser gerado por uma aceitação não crítica de ações massivas de marketing. O leitor que aprende a ser crítico é capaz de gerenciar consciente e eficientemente as mais diversas mercadorias que lhe são oferecidas, em uma escala de valores culturais, sociais e éticos bem balanceada. Retomando a ideia de voltar a ser criança, de nunca deixar de ser, ou melhor, de não fazer uma separação rígida e não estabelecer fronteiras entre a infância e outras fases da vida, lembramos os jogos, também muito presentes nos ambientes digitais. Gee (2004) nos mostra que podemos aprender muito sobre educação com os videogames e precisamos levar os jogos mais a sério, para poder usá-los como recursos pedagógicos que aliem aprendizagem e prazer, que nunca deveriam ser separados. Se aprende melhor o que se aprende com alegria, com envolvimento e motivação. Os jogos desenvolvem memória, criatividade, raciocínio, solução de problemas, bem como ajudam os jogadores a lidar com a frustração e a trabalhar colaborativamente, promovendo a socialização e o sentimento de pertencimento a um grupo ou comunidade. O trabalho colaborativo, a socialização em comunidades de pessoas que se reúnem por afinidade e por grupos de interesses comuns são a tônica dos ambientes digitais. Um exemplo prático e bem-sucedido disso são os wikis, em especial, o mais famoso de todos, que é a Wikipédia. Compreender a dinâmica de edição da Wikipédia nos ajuda a perceber a importância e a extensão de um processo colaborativo dessa magnitude e pode nos ajudar a repensar a escrita nos ambientes escolares. Não mais a escrita fora de um contexto de produção claro e significativo para os alunos, ou uma escrita para uma avaliação somativa, mas a escrita com propósito, com fim social e colaborativo, a escrita para atingir um objetivo e para realizar um projeto maior. Não mais a escrita solitária, mas a escrita colaborativa, A brindo a conversa

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em que várias cabeças e várias mãos trabalham juntas, pensam, organizam, escrevem e reescrevem até o texto ficar (provisoriamente) pronto. Esta é uma escrita libertadora que coloca os alunos, seres comunicadores e sociais que são, como protagonistas de seu processo de aprendizagem e como produtores de conteúdo. A escrita colaborativa, a produção e a recepção de textos multimodais em rede, a busca por informação em um ambiente com muitas possibilidades, a leitura e a integração de informações de múltiplas fontes requerem o desenvolvimento de diversas habilidades que precisam ser aprendidas, formal ou informalmente. Os professores deveriam se preocupar com isso e buscar formas de ajudar os alunos a desenvolverem as habilidades necessárias para serem leitores e produtores dos diversos gêneros textuais que os ambientes digitais possibilitam e que a vida exige deles. Infelizmente, muitos de nossos professores não se sentem preparados para este momento e ainda são tímidas as práticas que exploram os ambientes digitais. A escola tem mudado, e muitos professores de língua, tanto materna quanto estrangeira, já adotam uma perspectiva mais discursiva da linguagem e se preocupam com o desenvolvimento do letramento dos alunos, incluindo o digital. Precisamos de mais pesquisas que nos ajudem a conhecer práticas que contribuam para o letramento digital dos alunos e para a integração das tecnologias digitais nos ambientes educacionais, contribuindo para uma escola mais atual e mais preparada para educar cidadãos capazes de enfrentar, com sucesso, os desafios do século XXI. Procuramos neste livro trazer nossas pesquisas para o professor, apontando algumas possibilidades de aplicação dessa teoria em sua prática escolar, em alguns casos, apresentando sugestões bem explícitas de atividades que podem ser adaptadas ao nível de conhecimento das classes com as quais trabalha. Esperamos que esta contribuição renda bons frutos nas salas de aula do Brasil. Agradeço imensamente aos autores que aceitaram participar deste livro e que fizeram com carinho e competência os capítulos aqui reunidos. Todos grandes profissionais, amigos e parceiros, que sabem e gostam de trabalhar colaborativamente e que me mostram todo dia que na prática a teoria não é outra. Carla Viana Coscarelli

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Tecnolog ias pa ra aprender

[…] é um processo de integração de várias operações. Ler envolve desde a percepção de elementos gráficos do texto até a produção de inferências e a depreensão da ideia global, a integração conceptual, passando pelo processamento lexical, morfossintático, semântico, considerando fatores pragmáticos e discursivos, imprescindíveis à construção de sentido (Coscarelli; Novais, 2010: 36).

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Diante de um texto, os leitores precisam desenvolver habilidades básicas para poder reconhecer letras e sons, mesclar sons construindo sílabas e palavras, compreender o significado das palavras na formação de sentenças e parágrafos e compreender o significado de textos de todo tipo e gênero. Além disso, precisam ler com suficiente fluência, para sustentar e manter o interesse e o envolvimento durante a leitura; dispor de conhecimentos prévios, linguísticos e de mundo, que permitam atribuir sentido às palavras e frases em determinados contextos e acionar habilidades metacognitivas como fazer predições (ativar esquemas ou redes mentais que permitam antecipar o conteúdo do texto antes e durante a leitura) e produzir inferências (grosso modo, fazer deduções a partir de informações explícitas tanto quanto conjeturas, suposições, a partir de informações implícitas) para construir significados para um texto. Cheung & Slavin (2013), referindo-se ao The National Reading Panel (2000), identificam cinco questões que devem ser focalizadas no ensino da leitura: a consciência fonêmica, a fonética, a compreensão leitora, o vocabulário e a fluência. Tais elementos devem servir de orientação para os professores das séries iniciais e para os estudantes de modo geral. Os aspectos acima mencionados demonstram a difícil tarefa dos leitores diante dos textos e revelam o grande desafio que os professores têm ao tomar a leitura como objeto de ensino. Sabemos que, na prática escolar, a leitura se alicerça em diferentes abordagens pedagógicas influenciadas por diferentes concepções de ensino e aprendizagem, pelas relações professor-aluno, pelas concepções de linguagem dos docentes e por suas crenças e valores. Durante um longo período histórico, a ideia que norteou o trabalho docente (e ainda está presente em muitas situações de leitura) foi a de que ler era simplesmente decodificar signos e desvendar os sentidos pretendidos pelo autor. Nesse enfoque, o texto servia mais Va l é r i a R i b e i r o d e C a s t r o Z a c h a r i a s

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