LUGAR DE FÉ, LUGAR SOCIAL: OS PARDOS E A IRMANDADE DE SÃO GONÇALO GARCIA DA VILA DO PENEDO DO RIO DE SÃO FRANCISCO – COMARCA DAS ALAGOAS (1762 - 1808).

As irmandades de homens pardos do Brasil estiveram presentes em núcleos urbanos de relevância, como a Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro. A região sul de Pernambuco, mais especificamente a região que hoje constitui a cidade de Penedo, também foi palco da diferenciação que mulheres e homens de cor identificados como pardos tentaram engendrar na sociedade. A Vila do Penedo e seus arredores, em nossa pesquisa, revelaram-se região de intensa dinâmica e movimentação desse grupo e nos deixou boa quantidade de registros sobre o processo de construção e afirmação da rede de sociabilidades construída pelos pardos no seio da sociedade colonial - processo que, em Alagoas, teve início em meados do século XVIII. Os pardos, na Vila do Penedo, edificaram um patrimônio sem igual: construíram Igreja própria, criaram regimentos militares e administraram o hospital de caridade da cidade, feitos que podem servir como medida do nível de aceitação daquele grupo pela população e poderes locais. Dessa forma, tomar como objeto de estudo a Irmandade de São Gonçalo Garcia dos Homens Pardos da Vila do Penedo do Rio São Francisco e unir a análise do seu primeiro compromisso com as petições feitas à Coroa Portuguesa e rastros dos irmãos pardos, nos ajudará, de certo, a entender os significados, a relevância e o alcance que esse grupo conseguiu alçar dentro da sociedade em Penedo.