Mais conectados, mais comuns? Recursos digitais nas experiências midiáticas apresentadas no 8º Mutirão Brasileiro de Comunicação

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SUZINA, A. C. (2015). Mais conectados, mais comuns? Recursos digitais nas experiências midiáticas apresentadas no 8º Mutirão Brasileiro de Comunicação. In C. M. PERUZZO, & M. A. OTRE, Comunicação Popular, Comunitária e Alternativa no Brasil. Sinais de resistência e de construção da cidadania (pp. 222-245). São Bernardo do Campo: UMESP.

Mais conectados, mais comuns? Recursos digitais nas experiências midiáticas apresentadas no 8º Mutirão Brasileiro de Comunicação Ana Cristina Suzina1

Este artigo é o relato de um exercício realizado para o desenvolvimento de categorias de análise do uso de mídias por coletivos e movimentos sociais no Brasil. Parte-se do pressuposto que os conceitos teóricos do campo da comunicação popular, alternativa e comunitária, construídos principalmente entre as décadas de 1960 e 1990, vêm sendo desafiados por práticas novas ou adaptadas, influenciadas, entre outros elementos, pela introdução de recursos digitais (BERGER, 1999); (DORNELLES, 2007); (PERUZZO, 2006). A pergunta que se faz é como esse fenômeno interfere no desenvolvimento de práticas midiáticas levadas a cabo por esses coletivos, especialmente no que se refere ao potencial de participação das comunidades a elas associadas. O exercício tomou como base os relatos de experiências apresentados durante o 8º Mutirão Brasileiro de Comunicação (MBC), realizado em Natal (RN), no final de outubro de 2013. Além de testar o modelo de análise, os resultados apresentam um quadro de tendências sobre o uso de mídias, sobretudo por coletivos católicos no Brasil. A primeira seção do artigo explica a fundamentação das categorias de análise. A segunda, descreve a amostra utilizada. Na seção final, discutem-se os resultados obtidos, incluindo as tendências observadas nos casos analisados e os limites da proposta metodológica.

Descrição da metodologia Em seu livro Comunicação nos Movimentos Populares (PERUZZO, 1998), Cicilia Peruzzo apresenta um amplo panorama de práticas de comunicação adotadas por coletivos sociais no Brasil, além de experiências em outros países da América Latina. O presente estudo parte do compilado de limitações e aspectos positivos que Peruzzo encontrou em sua amostra (Quadro 1) para propor um conjunto de categorias de análise que contemple aquelas descobertas e inclua outros aspectos associados a práticas atuais. 1

Jornalista, Mestre em Ciência Política pela Université catholique de Louvain, e Doutoranda em Ciências Políticas e Sociais associada ao Centro de Pesquisas Interdisciplinares sobre Democracia, Instituições e Subjetividade (CriDIS) da mesma universidade. Bolsista da CAPES. Contato: [email protected]

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Esse quadro original foi revisado a partir de uma série de entrevistas exploratórias com comunicadores2, realizadas em 2013. Dessa etapa, emergiram três dimensões, a Dimensão Técnica, a Dimensão de Colaboração e a Dimensão de Mudança Social. Cada uma delas engloba um conjunto de categorias de análise, e cada categoria reúne indicadores que podem ser observados nas práticas de comunicação.

Quadro 1: Limitações e aspectos positivos da comunicação popular, segundo Peruzzo Limitações abrangência reduzida, inadequação dos meios, uso restrito dos meios, pouca variedade, falta de competência técnica, conteúdo mal explorado, instrumentalização, carência de recursos financeiros, uso emergencial, ingerências políticas, participação desigual

Aspectos positivos diversificação dos instrumentos, apropriação de meios e técnicas, conquista de espaços, conteúdo crítico, autonomia institucional, articulação da cultura, reelaboração de valores, formação de identidades, mentalidade de serviço, preservação da memória, democratização dos meios, conquista da cidadania

Fonte: (PERUZZO, 1998)

Dimensão Técnica A Dimensão Técnica engloba, predominantemente, categorias de análise cujos indicadores descrevem como a informação é produzida e difundida, quais os recursos disponíveis para criar e manter o meio de comunicação, como a mídia em questão atinge a sociedade, entre outros aspectos. Categorias de análise da Dimensão Técnica, com seus respectivos indicadores: Modelo de gestão: tomada de decisão, tempo de existência, propriedade da mídia, adequação da mídia a seus objetivos e a seus públicos, existência de planejamento Equipe: voluntários, contratados, existência de ações de treinamento, profissionalização Conteúdo: variedade, inovação Público: tamanho da audiência, leigos, militantes A distinção entre leigos e militantes, aqui, refere-se ao fato de o público ser formado por pessoas que não estão engajadas ou não são adeptas de uma ideia propagada pela mídia em

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Comunicadores vinculados às seguintes iniciativas: Coletivo Nigéria (Fortaleza, CE), Jornal Sem Terra (MST), Mídia Ninja (São Paulo, SP), Rádio Casa Grande FM (Nova Olinda, CE) e Rádio Ibiapina (Florânia, RN).

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questão (leigos), em oposição a uma audiência formada por membros de um movimento ou por consumidores de um tipo de informação oferecida por essa mídia (militantes). Recursos: comunidade, patrocínio externo, comercialização de espaços, editais públicos como fontes possíveis para manutenção da mídia

Dimensão de Colaboração A Dimensão de Colaboração está associada com a mobilização de atores para produzir, gerir e difundir informação, por meio de meios de comunicação. Por um lado, essa dimensão procura revelar qual o grau de participação da comunidade respectiva em sua mídia. Por outro, investiga o estabelecimento de redes que favoreçam a produção e a difusão midiática. Categoriass de análise da Dimensão de Colaboração, com seus respectivos indicadores: Participação da comunidade: verifica se a participação acontece nas etapas de concepção, planejamento, produção ou reação, se a participação é tomada como conteúdo ou como métrica de resultado, e, finalmente, se a participação é moderada ou espontânea Redes: verifica se o estabelecimento de redes está associado ao compartilhamento de conteúdos, da produção, da distribuição, do financiamento ou da aprendizagem

Dimensão de Mudança Social A Dimensão de Mudança Social está associada ao uso de meios de comunicação para tornar uma ação ou ideia mais forte e, logo, transformar uma dada situação, considerando a hipótese de Manuel Castells de que a pluralidade de inputs pode tornar a esfera comunicativa um agente de mudança social (CASTELLS, 2013). As unidades de análise foram estabelecidas, principalmente, com base em teorias sobre as culturas de ativismo, organizadas por Geoffrey Pleyers (PLEYERS, 2012). Pleyers propõe a organização de quatro culturas de ativismo relacionadas à democracia. A primeira está associada ao ideal-tipo de “democracia direta” está fundamentada em três características principais, que são a reivindicação social apontando para as limitações estruturais da democracia representativa; a centralidade da experimentação em processos horizontais e participativos de discussão e deliberação; e o uso da internet como um espaço complementar para o ativismo. O segundo ideal-tipo, chamado “democracia responsável”, está associado com ações prefigurativas e coerência entre valores e práticas, que o autor ilustra, por exemplo, com a adoção de estilos de vida mais sustentáveis. O ideal-tipo de “democracia

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argumentativa” se relaciona com a construção de argumentos e com a legitimação de atores para que possam discutir de igual para igual com seus pares e opositores. Finalmente, Pleyers chama de “democracia de protesto” o ideal-tipo que se concentra na construção de mobilizações populares e manifestações massivas que evidenciem as desigualdades de poder e sejam capazes de influenciar decisões governamentais. Categorias de análise da Dimensão de Mudança Social, com seus respectivos indicadores: Democracia direta: apropriação de meios e processos midiáticos, visibilidade a subjetividades, representação midiática, acesso a meios massivos Democracia responsável: abordagem de interesse público, visibilidade a práticas alternativas Democracia argumentativa: argumentação, crítica à realidade Movement building: articulação institucional, organização de ações, registro de lutas

Finalmente, em função do interesse em observar a influência da introdução da cultura digital em processos de comunicação de coletivos e movimentos sociais, a aplicação do exercício levou a estabelecer uma forma de diferenciar quais indicadores eram influenciados por esse elemento específico. Criou-se, então, uma Dimensão Digital. Categorias de análise da Dimensão Digital, com seus indicadores: Difusão: quando o recurso digital é utilizado para transmissão de conteúdos Reação: quando o recurso digital serve para obter reações do público Acesso a conteúdo: quando o recurso digital é utilizado para ter acesso a informações que enriquecem o conteúdo da mídia em questão Gestão: quando o recurso digital é utilizado para aperfeiçoar o processo de gestão da mídia e interfere na forma como os atores se envolvem à produção e à difusão dos conteúdos

Descrição da amostra O 8 º Mutirão Brasileiro de Comunicação aconteceu em Natal, Rio Grande do Norte, de 27 a 31 de outubro de 2013, tomando como tema "Comunicação e Participação Cidadã: Meios e Processos"3. O evento é organizado a cada dois anos pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), com o apoio de organizações católicas de comunicação e, para esta edição,

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Agradeço à equipe de organização do 8º Mutirão Brasileiro de Comunicação pela cessão dos relatos das experiências apresentadas no evento.

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contou com a parceria da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Neste ano, mais de mil pessoas que trabalham na mídia popular, alternativa e comunitária de todo o Brasil se inscreveram e 113 experiências foram apresentadas em 12 grupos de trabalho. O evento foi concebido como um espaço para a troca da experiências entre comunicadores, incluindo oportunidades de formação e debate sobre conceitos e práticas da comunicação. Ainda que a maioria das experiências participantes esteja diretamente relacionada com a Igreja Católica, considerando a capilaridade desta instituição e seu papel histórico no desenvolvimento da comunicação de base popular no Brasil (DORNELLES, 2007), a amostra de trabalhos apresentada no 8º Mutirão foi considerada relevante e particularmente apropriada para testar as categorias de análise propostas. Nesta edição, a participação nos grupos de trabalho estava associada ao envio antecipado de um pequeno texto, de duas a quatro páginas, com o resumo da experiência que seria relatada. Das 113 iniciativas apresentadas, 96 contavam com esse suporte escrito. Depois da leitura de todos os textos, 37 foram selecionados para este estudo. O critério de escolha foi a indicação clara do uso de um meio de comunicação – rádio, televisão, publicação impressa ou eletrônica –, considerando que o presente estudo se interessa pela evolução das mídias geridas por coletivos e movimentos sociais. A análise dos 37 relatos foi realizada com apoio do software NVivo – versão 10. As categorias foram transformadas em etiquetas de codificação e aplicadas aos textos. O programa permitiu identificar a ocorrência de determinadas características e fazer associações entre elas para enriquecer a interpretação dos discursos dos atores sobre suas práticas. É importante salientar que essa análise considerou exclusivamente os textos enviados ao evento, sem levar em conta explicações adicionais dadas durante as apresentações no evento ou informações que esta pesquisadora conhecia de antemão sobre as iniciativas. Esta escolha buscou igualar a origem de informação para todas as amostras, considerando que os textos eram a única base de dados conhecida para todos os casos.

Resultados da análise A Dimensão Técnica foi a que gerou mais dados, pois a maior parte dos textos traz alguma informação a respeito de seus indicadores. Na Figura 1, é possível observar que os quadros cinza mais claro ocupam a maior parte do mapa gerado pelo software NVivo para ilustrar o volume de informação codificada para cada indicador. O levantamento revela que 29 textos

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apontam quem é o proprietário da mídia, 28 deles declaram explicitamente a idade do meio de comunicação, 25 falam da variedade dos conteúdos e 24 descrevem, de alguma forma, aspectos do processo de tomada de decisão4. Parece claro que essa dimensão pode servir como uma espécie de base de dados para caracterizar as experiências, à qual também se recorre para fazer cruzamentos que se mostrem pertinentes e aprofundar a análise.

Figura 1: Distribuição da codificação por categoria de análise e indicadores

Considerando a natureza do evento, a identificação institucional das mídias analisadas é bastante natural. Mais da metade delas é propriedade ou está diretamente vinculada à Igreja Católica, como se pode observar no Gráfico 1. Destas, 80% declaram estar a serviço da Evangelização e os outros 20% mesclam assuntos da Igreja com temas relativos à vida da comunidade ou a causas associadas às ações das Pastorais Sociais católicas.

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Esta contagem refere-se exclusivamente à codificação feita com o software NVivo. Para a composição dos gráficos que aparecem no decorrer deste artigo, algumas lacunas foram preenchidas por interpretações da autora em relação ao conjunto das informações apresentadas nos textos.

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Gráfico 1: Vínculo institucional da mídia5

Em alguns textos que realçam o potencial evangelizador dos meios de comunicação, fala-se da necessidade de ocupar esses espaços como forma de fazer frente a outras linhas de crença e pensamento, religiosas ou não. Nos casos de associação com ações sociais, predomina o discurso de fortalecimento de identidades comunitárias, de articulação de lutas populares, de acesso a direitos e serviços, e de emancipação dos atores. É o que se pode observar, por exemplo, em relatos como o que descreve a Rede de Notícias da Amazônia: “Foi pensando em mostrar uma Amazônia não só de mazelas, mas formada por pessoas que têm um jeito especial de se relacionar com o meio ambiente, uma cultura própria, que em 2004, a Rádio Rural de Santarém, na pessoa de Pe. Edilberto Sena, decidiu iniciar uma provocação às emissoras de Belém, Manaus, Roraima e Parintins para discutir a possibilidade de se organizar uma rede de emissoras, com identidade própria, ideologia definida, cujo objetivo principal seria a Amazônia falar para a Amazônia, com relevância às culturas regionais, dando voz aos atores dos movimentos sociais comprometidos com a soberania territorial e cultural.” (SANTOS & SENA, 2013) Também é importante salientar que a amostra reflete a localização geográfica da oitava edição do Mutirão. Dos 37 casos analisados, 18 são da Região Nordeste. A outra metade dos casos se divide entre oito para o Sudeste, cinco para o Sul, dois para o Norte e um para o Centro-oeste, além de três casos cuja origem geográfica não está indicada no relato. No que se refere à idade, como mostra o Gráfico 2, quase metade das iniciativas tem menos que cinco anos de existência (15 casos). Por outro lado, somando todos os que passam de 10 anos (10+, 20+ e 50+), chega-se a outra quase metade (14 casos). Conhecendo a amplitude do

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Por ONG, entende-se Organização não governamental e por OG, Organização governamental

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trabalho de comunicação da Igreja Católica no Brasil, esses dados não podem ser generalizados, mas representam uma boa tendência de estabilidade e renovação.

Gráfico 2: Tempo de existência da mídia (em anos) 20 15 10 5 0 5-

5+

10+

20+

50+

indef

No Gráfico 3, é possível observar a predominância de mídias comunitárias e regionais. Por comunitárias, essa classificação contempla uma abrangência focada no território de bairros e paróquias, compreendendo o caráter específico da amostra. Na categoria regional, foram incorporadas as ações voltadas a regiões geopolíticas determinadas, mas também demarcações territoriais católicas, como diocese, arquidiocese e regionais da CNBB. O critério, em geral, foi alcançar mais do que uma cidade, ainda que se reconheça que, para uma análise mais precisa, seria necessário afinar as concepções territoriais.

Gráfico 3: Abrangência da mídia Comunitário Regional Internacional Municipal Nacional 0

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Chama a atenção o que parece ser a influência direta do uso de recursos digitais na concepção territorial das mídias. Iniciativas que estão concentradas em uma cidade ou região relatam ter “audiência internacional”, citando países de onde recebem reações. Casos assim foram classificados nas duas categorias. É o que conta, por exemplo, a equipe da Pastoral da Comunicação da Arquidiocese de Salvador:

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“Vale ressaltar que, além do Brasil, o portal é acessado em diversos países, como Portugal, Espanha, Itália, Estados Unidos, França, Canadá, Uruguai e Argentina.” (Pastoral de Comunicação da Arquidiocese de Salvador, 2013) O espaço local-regional-nacional também se mistura nos relatos, como se pode ver no caso da TV Diferente, de Itapipoca (CE): “O alcance de nossas postagens tem seu cume nas cidades de Itapipoca, Fortaleza, São Paulo e Sobral. No Youtube contamos com quase 8.500 visualizações e 30.00 minutos de vídeos assistidos.” (SOUSA, 2013) Cabe ainda salientar que a influência da incorporação de recursos digitais demonstra aplicação positiva no contexto de ações cuja audiência tem limites para participação presencial ou que envolvem públicos cujo território é naturalmente disperso. Há relatos que falam de pessoas que acompanham as atividades desde suas casas ou em viagem, pela facilidade da conexão por telefones ou pelo computador – ainda que essa seja uma vantagem também mencionada em relação ao rádio e à televisão. Por outro lado, o caso dos canais em português e espanhol da Webradio Migrantes parece bastante emblemático da adequação das plataformas virtuais para o alcance de um público presente em territórios geograficamente distantes, assim como para a consolidação de temáticas partilhadas por essa comunidade. “Para os migrantes os dois canais são uma ferramenta de articulação e de visibilidade. De articulação entre as comunidades migrantes, de várias regiões, por meio das ferramentas de web que criam contatos em tempo real e em rede. De visibilidade na medida em que o fenômeno migratório passa ser colocado em pauta na mídia, que discute as circunstâncias em que vivem os migrantes e suas reivindicações.” (LARA & GHELLER, 2013) Ainda na Dimensão Técnica, a codificação feita por meio do software NVivo permitiu identificar que há uma tendência significativa de que as mídias sejam financiadas pelas próprias comunidades, por meio de mobilizações locais ou de assinaturas. A contagem de palavras feita pelo software também dá o indicativo do tipo de mídia mais utilizado: “rádio” é a palavra mais citada. O Gráfico 4 mostra que 21 das 37 iniciativas estão no campo radiofônico, somando as rádios convencionais e as web rádios. Além disso, entre as quatro experiências classificadas como “multimídia”, três envolvem o uso do rádio, o que reforça a dominância desse meio na comunicação católica, de acordo com esta amostra.

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Gráfico 4: Tipo de mídia multimídia

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website

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revista virtual

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revista impressa

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jornal mural

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jornal impresso

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web tv

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tv

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web rádio

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rádio

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As iniciativas concebidas para e realizadas no ambiente virtual somam oito casos: web rádios, web TVs, revistas virtuais e websites. A elas se somam as quatro ações classificadas como “multimídia”, que envolvem todas o uso de pelo menos uma mídia digital. E cabe observar que o caso do Jornal de Opinião, de Minas Gerais, apresentou a evolução do impresso desde sua fundação até sua transformação em jornal eletrônico – no gráfico, ele aparece classificado como jornal impresso, porque o texto do relato priorizou o aspecto histórico, mas ele é atualmente um veículo exclusivamente online. Incluindo este caso, a soma total chega a 13 iniciativas construídas ou adaptadas para difusão por meio eletrônico. Enquanto os veículos impressos da amostra, salvo pelo caso do Jornal de Opinião, parecem estar convivendo sem grandes alterações com a introdução de recursos digitais, disponibilizando versões na internet das publicações ou incorporando páginas eletrônicas e redes sociais, as mídias audiovisuais parecem estar tirando melhor proveito dessa evolução. Alguns relatos destacam, sobretudo, a superação de limites financeiros, estruturais e políticoburocráticos para a implantação de canais de rádio e de televisão na internet. Isso pode ser observado, por exemplo, no relato sobre a trajetória da Rádio Comunitária Cantareira FM: “A comunicação via radio-web amplia a voz da comunidade já que a legislação das rádios comunitárias limita a cobertura para um raio de 3km, antena de até 30 metros de altura e 25watts de potência. Outro complicador da lei é a limitação de apenas um canal de frequência para as rádios comunitárias por município. Neste contexto a radio-web quebra certas barreiras da legislação da radiodifusão comunitária e chega a outras cidades, estados e países.” (ROSEMBACH & ZOTTIS, 2013)

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De modo geral, o uso de recursos digitais é um elemento que precisa ser aprofundado. A classificação exibida no Gráfico 4 mostra apenas a ocorrência das mídias que eram objeto de cada relato, mas a maioria delas envolve a aplicação de algum recurso digital complementar.

Gráfico 5: Uso de recursos digitais

Entre os 37 relatos, apenas oito não mencionam qualquer presença em ambientes virtuais. Nos demais casos, há uma grande variedade de recursos citados. A categoria “multimídia” foi aplicada apenas a casos em que a experiência relatada englobasse uma emissora de rádio e um jornal, uma web TV e um website, por exemplo. Seria possível considerar como “multimídia” casos que indicavam que a emissora de rádio mantém uma página no Facebook, por exemplo, mas essa ideia foi abandonada porque não havia dados suficientes em todos os textos para definir um critério claro sobre a relação entre a rede social e a mídia em questão. O Gráfico 5 mostra a distribuição dos principais termos mencionados para descrever o uso de recursos digitais, recuperando literamente as expressões utilizadas pelos autores nos relatos. A ilustração mostra uma clara tendência de utilização de páginas eletrônicas, de contas no Facebook e de transmissões online. É importante, ainda, notar que o índice “não mencionado” pode incluir casos de ausência real de mídias digitais, mas também a simples omissão da informação nos textos enviados ao Mutirão. Muitos relatos destacam a vantagem do baixo custo das ferramentas, chegando a apostar nelas ainda que a conectividade seja baixa em seus territórios de atuação. Observando os dados obtidos na análise da Dimensão Digital, a presença na internet é vista como uma oportunidade

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para ampliar a visibilidade e ampliar a audiência. Nota-se uma predominância do uso de recursos digitais para difusão de conteúdos, sem que isso provoque necessariamente transformações no processo de gestão da mídia (Figura 2). Isso quer dizer, frequentemente, a disponibilização de mais canais para difundir os conteúdos – por exemplo, o mesmo jornal pode circular de mão em mão e também ter uma versão eletrônica, além de cada notícia publicada como um post em um blog ou página no Facebook. Mas também pode se referir a difundir mais conteúdos, de forma mais ampla, isto é, ser capaz de transmitir informações de lugares de onde antes não se poderia ou com durações antes impossíveis. “A experiência de veicular a programação pela web radio, tem proporcionado uma inovação na comunicação dos eventos locais, regionais e de caráter nacional, promovidos pela Igreja Católica bem como de movimentos populares. O que seria impensável e inviável para um projeto de comunicação popular, sem os recursos técnicos da radio-web.” (ROSEMBACH & ZOTTIS, 2013)

Figura 2 e 3: Resultados das codificações da Dimensão Digital e da Dimensão de Colaboração, categoria Participação da Comunidade

O cruzamento entre a Dimensão Digital e a Dimensão de Colaboração foi muito produtivo. Dos 37 casos analisados, 25 não associam nenhum tipo de recurso digital a processos de participação. Entre os que mencionam sua utilização, predomina a presença em mídias sociais, com destaque para o Facebook (Gráfico 6). Observa-se que, muitas vezes, essas redes sociais, assim como o e-mail, parecem funcionar como um canal a mais de contato entre a audiência e a mídia, como complemento ou substituto do telefone.

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“Através das redes sociais e do telefone da rádio, o ouvinte fazia contato direto com o apresentador que interagia simultaneamente, proporcionando um entretenimento maior no programa.” (JESUS, 2013)

Gráfico 6: Recursos digitais usados para promover participação facebook e-mail twitter redes sociais youtube formulários online website web tv rádio web ferramentas interativas internet

É possível supor que a ideia de participação esteja implícita entre os usuários de redes sociais. Neste exercício, porém, como nem todos os textos permitiam saber se uma página no Facebook ou um blog permitiam a postagem de comentários da audiência, por exemplo, só se reconheceu a associação entre o uso de uma plataforma virtual e um processo de participação quando ele era mencionado explicitamente. Cabe ainda observar que esta classificação agrupa os itens “redes sociais” e “ferramentas interativas” contemplam textos que não definiram que serviço ou mecanismo específico era utilizado. A título de comparação, quando a análise não se restringe à participação com uso de recursos digitais, nos mesmos 37 casos analisados, 28 citaram algum tipo de estratégia. O envolvimento à produção local de conteúdos aparece com destaque, seguido do envio de comentários (Gráfico 7), em alguns casos, citados como fonte de conteúdo para as produções. Gráfico 7: Participação nas mídias

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produção local comentários somados comentários comentários ao vivo comentários moderados sugestão de conteúdo aprendizagem coletiva pedidos não especificado avaliação perguntas, dúvidas partilha de conteúdo pesquisa de audiência 0

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Como se pode observar na Figura 3, a participação da comunidade está bastante concentrada nas condições de conteúdo e de reação. Quer dizer, boa parte dessas mídias adota a realidade das comunidades como pauta principal, tomando seus membros como fontes de informação para a produção dos conteúdos. O número de experiências que envolve a comunidade no processo de produção também é importante, mas chama a atenção como o ato de reagir a um conteúdo é considerado como participação, incluindo nisso as “curtidas” no Facebook. A inserção em redes sociais parece estar consolidando uma forma de métrica de que mídias populares não dispunham. O volume de depoimentos, o número de fãs ou de visualizações são descritos como atestado de qualidade da mídia em diversos relatos. “A conectividade da revista virtual com a rede social permitiu conhecer o impacto do conteúdo no leitor. O retorno avaliativo vem também através das coordenações de catequese em reuniões, dos comentários via Facebook, diversos “e-mails” e estatísticas pelo “Google Analytics”.” (OLIVEIRA, 2013) Do ponto de vista metodológico, observou-se uma possível redundância entre os indicadores de Participação da Comunidade (Dimensão de Colaboração) e os indicadores de Modelo de Gestão (Dimensão Técnica), visto que ambos consideravam a forma como a comunidade se envolve ao funcionamento da mídia. Esse aspecto precisa ser revisto para aplicações futuras. Finalmente, na codificação da Dimensão de Mudança Social (Figura 4), os indicadores da categoria “Democracia Direta” foram os mais encontrados. Eles estão associados ao esforço por criar e manter meios próprios, que permitam estabelecer lógicas de produção e valorização

SUZINA, A. C. (2015). Mais conectados, mais comuns? Recursos digitais nas experiências midiáticas apresentadas no 8º Mutirão Brasileiro de Comunicação. In C. M. PERUZZO, & M. A. OTRE, Comunicação Popular, Comunitária e Alternativa no Brasil. Sinais de resistência e de construção da cidadania (pp. 222-245). São Bernardo do Campo: UMESP.

de conteúdos de acordo com os objetivos e com o perfil das comunidades. Há uma frequente valorização das expressões culturais e práticas identitárias locais. “Por fim, outro caráter bem próprio da programação da Sant’Ana FM era o compromisso com a cultura local: uma vez por semana, aos sábados, pela manhã, eram entrevistados artistas locais (...). Eram artistas da comunidade, que não tinham acesso às emissoras comerciais, bem como não tinha condições financeiras de pagar para divulgarem seus trabalhos.” (MEDEIROS, MELO, & ARAÚJO, 2013) Muitas vezes, os relatos relacionam essa atitude a uma crítica aos meios massivos, incapazes de dialogar e representar os grupos sociais com os quais lidam as mídias analisadas. “Podemos problematizar em que medida o jornal, em suas duas edições analisadas, se diferenciam de alguma maneira dos meios hegemônicos de comunicação. Em certa medida, sim: nenhum meio hegemônico – compreendidos como os meios de alcance massivo, nacional ou regional – sequer toma conhecimento da cidade de Chiador.” (FUSER & FERREIRA, 2013) A categoria “Democracia Argumentativa” teve a segunda maior ocorrência (Figura 4), mas esse resultado pode estar influenciado por uma decisão de codificação. Como o indicador “argumentação” engloba o esforço da mídia em valorizar e difundir uma visão de mundo, tomou-se o objetivo de Evangelização como “argumentação”. Tendo em vista o grande número de mídias com esse caráter na amostra (Gráfico 1), essa categoria acabou valorizada. De todas as formas, o indicador também foi encontrado em outras experiências, que não estão atreladas à Igreja Católica, como é o caso do Instituto Comrádio, no Piauí: “O projeto estimula, de forma transversal o debate sobre temas relacionados às políticas públicas de convivência com o semiárido, apresentados na perspectiva da transformação da realidade local.” (SILVA, 2013) Na categoria “Democracia Responsável”, foi identificada uma ligeira vantagem no número de ocorrências associadas à difusão de informações de interesse público, atreladas ao acesso a serviços, campanhas educativas e indicações práticas diversas. A valorização de práticas alternativas foi um indicador de difícil observação, por exigir uma compreensão daquilo que se poderia considerar alternativo. Finalmente, adotou-se um critério muito próximo da expressão de subjetividades e classificou-se como “práticas alternativas” as ações midiáticas que realçam o valor das comunidades locais, entendendo-as como alternativas a um padrão de homogeneização dos meios massivos, conforme denunciado por vários dos relatos.

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“O primordial para o periódico é comunicar de forma clara uma Mãe Luiza ampla, diversa e social. Oportunizando a discussão de aspectos positivos e negativos da comunidade de uma forma salutar, na tentativa de contribuir para a quebra do estereótipo de “bairro periférico problema”, onde apenas os assuntos de cunho policial são relevantes.” (MARINHO JR., 2013) A categoria “Movement Building” foi a menos identificada. Em alguns casos, o indicador de “articulação” estava diretamente associado com o processo para estabelecer a mídia. “Foram diversos anos de muita luta e resistência para conseguir manter a emissora no ar. Além da luta para conseguir os recursos financeiros, organização do projeto editorial e a formação das lideranças que atuavam na emissora, isto sem contar com o enfrentamento da repressão da policia federal e ministério das comunicações.” (ROSEMBACH & ZOTTIS, 2013) A codificação incluiu no indicador “organização de ações” campanhas de mobilização para atender situações de emergência ou para ajudar populações carentes que, talvez, possam ser entendidas como muito esporádicas para fazer parte da categoria “Movement Building”, mas que revelam, de todas as formas, o caráter de engajamento de diversas dessas mídias.

Figura 4: Resultado da codificação da Dimensão de Mudança Social

Em suma, a Dimensão de Mudança Social forneceu muitas informações e pistas para compreender as práticas midiáticas observadas, suas abordagens e objetivos, em relação a

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concepções de democracia e ativismo. Como as categorias dessa dimensão vêm, sobretudo, de modelos teóricos, sua aplicação exige estabelecer critérios muito claros sobre que evidências encontradas em campo correspondem adequadamente aos indicadores, aspecto que ainda pode ser melhor calibrado para futuros exercícios. De modo geral, é possível observar que, entre as mídias descritas nos relatos apresentados no 8º MBC, predomina uma relação com o espaço local, seja para a manutenção das iniciativas, seja como conteúdo, seja como processo de comunicação ou ainda como forma de discurso ideológico, em oposição à homogeneização proposta pelos meios massivos. O rádio continua sendo o veículo mais utilizado. O uso de recursos digitais parece configurar uma tendência importante, mas ainda associado prioritariamente à difusão dos conteúdos, sem alterar de forma significativa as práticas de produção. Identificou-se uma tendência de associar as reações do público em redes sociais a processos de participação da comunidade, assim como a formas de atestação da qualidade das mídias. Esse é um aspecto que merece análises mais aprofundadas e que pode tanto ajudar a compreender melhor as práticas comunicacionais quanto contribuir para que esses recursos se tornem, efetivamente, ferramentas para enriquecer as produções e seu aspecto democrático. A apropriação de mídias ou de processos midiáticos aparece como uma forma de valorização de culturas locais e de apresentação de outras visões de mundo – ainda que uma parte delas, nesta amostra, tenha cunho religioso, como mencionamos antes –, muitas vezes situada em esforços de oposição ao discurso dos meios massivos. A presente análise sugere que essas mídias são entendidas, de forma geral, como uma oportunidade de se ver e ser visto tal como se é, igualando os atores na capacidade de tomar a palavra no espaço público. Do ponto de vista da aplicação da metodologia, a primeira constatação é que as unidades de análise se mostraram aplicáveis. Isto é, ainda que a amostra tenha se limitado aos textos dos relatos apresentados durante o 8º MBC, foi possível observar e discernir sobre a presença de praticamente todos os indicadores. Em alguns casos, a limitação do suporte textual, incluindo nisso a variedade de estilos e abordagens de cada autor, produzia algumas incertezas. Em algumas situações, elas foram solucionadas pelo estabelecimento de critérios para aplicação dos indicadores; em outras, a interpretação ficou aberta, como exposto nesta análise.

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