MANGABA: RECURSOS NATURAIS E FONTE DE RENDA PARA OS POTIGUARA DA PARAÍBA

May 24, 2017 | Autor: Jan Linhart | Categoria: Meio Ambiente, Recursos Naturais, Cultura Indigena, mangaba
Share Embed


Descrição do Produto

  ____________________________________________________________________________________________________________    

GT: 01 MANGABA: RECURSOS NATURAIS E FONTE DE RENDA PARA OS POTIGUARA DA PARAÍBA Iracilda Cinésio Gomes Bacharelado em Ecologia, Licenciatura em Biologia pela UFPB [email protected] Iranilza Cinésio Gomes Felix Mestranda em Ciência da Religião / PPGCR/UFPB [email protected] Adriano da Silva Ramos Conselheiro Tutelar, Escola de Formação Missionária / Curso de Teologia [email protected] Orientador: Prof. Jan Linhart Doutorando, Universidade Europeia Viadrina (Frankfurt Oder, Alemanha) [email protected]

Resumo Nosso trabalho tem o objetivo de explorar alguns aspectos da mangaba como fonte de renda para os Potiguara, destacando suas formas de aproveitamento na aldeia Caieira no litoral norte do Estado da Paraíba. O estudo foi realizado através de revisão bibliográfica sobre o tema abordado e com experiências do dia a dia dos moradores. O artigo aborda algumas caraterísticas gerais do uso e da importância econômica da mangaba para as famílias Potiguara a partir do exemplo da aldeia Caieira. Observam-se também alguns problemas ecológicos relacionados às praticas do extrativismo dentro do contexto mercadológico ao qual a região está submetida. Perante os gravíssimos impactos sociais, culturais e ambientais da monocultura da cana de açúcar, que domina a região, a nossa pesquisa aponta que o cultivo da mangaba tem o potencial de oferecer novas alternativas econômicas e ambientais no contexto local.

Palavras-chaves: Mangaba, látex, recursos naturais.

 

  ____________________________________________________________________________________________________________    

Introdução A mangaba é um fruto, delicioso, nutritivo, medicinal e alimentício. É por isso que os indígenas deram esse nome a ela: Mangaba, o que na língua tupi significa “coisa boa de comer”. A mangaba hoje é, muito importante para o consumo e a produção da polpa para sucos, coquetéis, doces em calda, geleias, picolés e sorvetes, licores e vinhos, xaropes, além da sua aplicabilidade na medicina popular, onde o látex da Mangaba é empregado contra pancadas, inflamações, diarreia, tuberculose e para o tratamento de úlceras (FERREIRA, 1997, 2007). Nosso trabalho tem o objetivo de descrever alguns aspectos da mangaba como fonte de renda para os Potiguara, destacando sua forma de aproveitamento na aldeia Caieira. O estudo foi realizado através de revisão bibliográfica sobre o tema abordado e com experiências do dia a dia dos moradores1, das aldeias na Microrregião Marcação e na Mesorregião Mata Paraibana do Estado da Paraíba. O litoral paraibano é banhado por grandes pomares nativos em área indígena. As famílias locais são grandes consumidores da fruta, pois os mesmos também sobrevivem do comercio nas feiras livre das regiões, como Rio Tinto, Mamanguape, Marcação, vendese também de porta em porta nessas cidades citadas. No seguinte vamos abordar algumas caraterísticas gerais do uso e da importância econômica da mangaba para as famílias Potiguara a partir do exemplo da aldeia Caieira. Observam-se também alguns problemas ecológicos relacionados às praticas do extrativismo dentro do contexto mercadológico ao qual a região está submetida. A Mangaba A mangaba é o fruto da mangabeira da família das Apocynaceae à espécie Hancornia speciosa Gomes. É uma arvore nativa do Brasil (FERREIRA,1973).

                                                                                                                  1  Os  autores  são  indígenas  potiguara  e  moradores  da  aldeia  Caieira.  

 

  ____________________________________________________________________________________________________________    

    Fonte:  http://jmeioambiente.blogspot.com.br/2011/02/mangaba-­‐hancornia-­‐speciosa.html  

A árvore de porte mediano, abrangendo de 5 a 15 m de altura, Possui galhos numerosos e suas folhas são compridas e pouco largas. Suas flores de tonalidade branca tem cheiro suave. O fruto em seu exterior possui aspecto arredondado ou comprido e cor verde amarelada ou verde com manchas avermelhadas, em seu interior possui característica de cor branca, carnuda com sementes marrons, compridas e espalmadas. Sua floração acontece quase o ano todo, do mês de outubro a abril e de abril a agosto. Sua frutificação é de novembro a abril e de abril a agosto, sendo que terminando uma safra já começa a próxima. Nos meses de novembro a março a sofra da mangaba é em grande proporção, já nos meses de abril a agosto a safra é menor. Quando a cor muda de tonalidade verde para amarelo, com mudança no brilho da casca, o fruto está “de vez”. Nesta fase, o fruto apresenta-se ligeiramente mole. Um bom indicativo para o início desse processo é a presença dos primeiros frutos caídos no solo (LIMA e SCARIOT, 2010, p. 41).

 

  ____________________________________________________________________________________________________________    

Quando a mangaba esta verde ela tem um gosto insuportávelmente amargo, não tem doçura e no próprio fruto contem látex, conhecido como “leite”, com uma cor branca e de sabor muito amargo. O “leite” é pegajoso e em conato ar a cor muda aos pouco de branco vai para uma cor mais escura, na medida que o leite vai mudando-se em latex/borracha. A fruta madura fica molinha e muito gostosa, o sabor é uma mistura de doçura com azedinho no final da degustação, pois além de ser usada na medicina popular, ela serve muito bem na gastronomia nordestina. Quando a mangaba está verde ou “de vez” é fácil de ser transportada para qualquer lugar; já quando madura, tem que ser transportada com muito cuidado porque ela fica muito sensível e perecível. O clima ideal para a mangaba é do tipo tropical chuvoso com verão seco. No caso da Mata Paraibana, o período chuvoso inicia no outono contendo início no mês de fevereiro e termina em outubro. A mangaba tem muita facilidade de desenvolver-se neste tipo de clima tropical, tem certo período do ano, que o clima esta muito seco por falta de chuva. No Nordeste o verão é muito quente e é neste período que os pés de mangabeira carregam mais. No verão a safra da fruteira e intensa e os frutos grandes. Em anos em que o inverno é mas chuvoso a mangabeira carrega pouco, ou seja, floresce muito, mas as flores não sustentam nos galhos e terminam caindo por causa da chuva, pois a mangaba não se adapta bem com o clima muito úmido. Esta oscilação na temperatura mexe muito na produção, pois adoecem muitas frutas verdes e elas ficam de vez muito rápido. A pobreza caraterística do solo dos tabuleiros não diminui a produção, já a mangabeira tem facilidade de adaptar-se bem, tendo uma boa drenagem, mesmo com baixo teor de nutriente no solo. Além de a mangaba ter muitos beneficio, ela é facil de cultivar por ser bem adaptada ao clima na região.

 

  ____________________________________________________________________________________________________________    

A Região e a sua População  

 

!  

Fonte: CARDOSO & GIMARÃES, 2012.  

A presente pesquisa foca na região do litoral norte da Paraíba, localizada em relativa proximidade á capital de João Pessoa (cerca de 80 km), que está habitado pelos Potiguara a mais de 500 anos. A população indígena da região mede aproximadamente 20.000 mil indivíduos que vivem distribuídos em 33 aldeias dentro das suas terras indígenas, atualmente cobrindo mais de 33.000 hectares, localizadas nos municípios de Baia da Traição, Marcação e Rio Tinto. (BARCELLOS; SOLLER, 2012).

 

  ____________________________________________________________________________________________________________    

A aldeia Caieira é composta por 168 famílias sua população mede mais de 500 habitantes, sendo a maioria Potiguara, pertencendo ao município da cidade de MarcaçãoPB, está localizada as margem da PB 040 e cortado pelo rio Cinibu, que nasce perto da BR 101, no litoral norte da zona da marta paraibana e vai desembocar no oceano atlântico. A vida econômica dos moradores de Caieira, como também dos habitantes das demais aldeias, depende na sua maior parte do extrativismo de frutos do tabuleiro, dos caranguejos dos manguezais, do marisco, da pesca e da plantação de cana de açúcar, além de serviços públicos. A Importância da Mangaba para a População Local Antigamente a mangaba não tinha nenhum valor comercial, mas hoje existe um mercado bem consolidado para a comercialização da mangaba. Para a população da aldeia Caieira, a mangaba tem uma importância bastante grande, tanto por ser um fruto nativo com uso tradicional na região, como também como fonte de renda para muitas famílias que trabalham com essa fruta. No período da colheita de mangaba, uma parte da população sobrevive da mesma, tornando a mangaba fundamental para a subsistência da população local. A Comercialização da Mangaba A economia da aldeia Caieira, na sua maioria, baseia-se no extrativismo, na agricultura, na pecuária e na pesca. As famílias que trabalham com o extrativismo da mangabeira dependem desta pratica para a própria sobrevivência. Na aldeia Caieira é comum ver pessoas que vendem a mangaba e outros frutos (caju, manga, etc.) na lateral da pista onde o fluxo de transporte é grande por causa do turismo local, e assim, a venda para os turistas torna-se um fator importante. As mangabas vendidas na beira da pista geralmente são maduras e caídas do pé. Muitos Potiguara trabalham catando mangaba para os atravessadores. As famílias que trabalham com atravessadores vão catar a mangaba nos tabuleiros e somente trabalham quando tem muita mangaba. A mangabeira de tabuleiro não tem dono e pode ser colhida por quem quiser.

 

  ____________________________________________________________________________________________________________    

O número dos catadores é bem maior, comparado com os donos de pomares de mangaba. As famílias donas de pomares não somente cultivam a mangabeira, pois o espaço é dividido com outras fruteira, cajueiro, mangueira, coqueiro, pitombeira, jaqueira oliveira, entre outros. A terra da região é muito boa para o cultivo da mangabeira, e assim tem famílias que colhem a mangaba a semana toda, outras somente duas ou três vezes na semana. As famílias que trabalham nas feiras livres, na sua maioria, são donas de pequenos pomares. Chama a atenção o fato que os donos de pomares dificilmente vendem o produto para atravessadores, pois os mesmos tem facilidade de fazer o escoamento do seu produto nas feiras e na beira da pista. Essas famílias já tem certa autonomia financeira. Até mesmo as famílias que trabalham com o extrativismo tem a mangaba como uma fonte de renda, porém ela não representa a única fonte de renda destas famílias, pois as mesmas famílias cultivam outras culturas nos seus sítios. Quem trabalha na feira vende-se atacado ou no varejo. Os donos de lanchonetes e restaurantes compram mais atacado, enquanto o varejo é realizado na feira livre onde já existe uma pequena clientela que compra a mangaba para uso domestico. A fruta é vendida madura, porém, é colhido “de vez”. Para vender a fruta ela precisa ser “empacada” durante alguns dias. Durante esse processo a fruta recém colhida, ainda dura, leitosa e amarga, é colocada em caixas forradas com folhas de bananeira ou outras plantas regionais até madurecer. As pessoas trabalham na feira principalmente no sábado, empacam a mangaba na quinta feira à tarde e desempaca no sábado pela manhã. Quem vende a fruta ao atravessador vende em caixas de madeira ou de plástico. O atravessador fica com a maior parte do lucro e compra a preço muito inferior ao preço de varejo. Os colhedores coletam por semana entre 4 a 15 caixas, dependendo muito do tamanho da família e da safra. Problemas Ecológicos Relacionados Os catadores de mangaba saem de casa muito cedo para encontrar as mangabas antes dos outros catadores e, portanto, tem muito pressa na coleta das frutas. E como as mangabeiras do tabuleiro não tem dono, alguns catadores não tem o devido cuidado com  

  ____________________________________________________________________________________________________________    

as fruteiras, as vezes danificando as plantas, ou seja, a maneira de cuidar da arvore “sem dono” é bem diferente do cuidado com as mangabeiras nos sítios. Monoculturas Açucareiras, Desmatamento e Queimadas A mangabeira, além de ser nativa, tem uma capacidade tremenda de regeneração. No nordeste, entre outubro a dezembro, ocorrem muitas queimadas no tabuleiro que queimam as matas nativas incluindo a mangabeira. Além disso, ocorrem também o desmatamento de mata nativa para a implantação da monocultura da cana de açúcar. Com isso, áreas inteiras são devastadas, diminuindo cada vez os tabuleiros, e consequentemente, o número de mangabeiras. Nascimento, aponta que, “historicamente a mata sofreu com a derrubada das árvores nativas (Mata Atlântica). Vários espécies da vegetação entraram em extinsão, devido ação violenta da Companhia de Técidos Rio Tinto, das usinas e dos produtores de carvão” (NASCIMENTO, 2012, p. 22). Na aldeia Caieira, as famílias que tem pomareiro são poucas, e a população vive sufocada e arrodeada de cana de açúcar. Devido às exigências do mercado e ao poder das usinas, o cultivo da cana de açúcar continua sendo uma das principais fontes de renda na região. Quem planta a cana de açúcar para as usinas, desmata as arvores, incluindo as mangabeiras, para o cultivo da cana. Quando a cana esta pronta para ser consumida, é colocado fogo nos canaviais, e muitas vezes o fogo passa para a vegetação vizinha, queimando também as mangabeiras. Na área dos tabuleiros, as queimadas ocorrem no período do verão, quando o clima esta seco, aumentando o risco de atingir todo matagal incluindo as matas nativas. Sem considerar os impactos ambientais devido ao uso excessivo de agrotóxicos e fertilizantes nas monoculturas da cana de açúcar que atinge principalmente os biótopos dos manguezais que representam outra fonte de renda de grande importância para os Potiguara que, em grande parte, dependem da pesca e do caranguejo. Essa situação força muitas famílias a desistirem do extrativismo e procurar trabalho nas plantações de cana das usinas. No Brasil, o desmatamento e a devastação de grandes áreas pelas monoculturas representam um desafio enorme. A mangabeira é adaptada aos solos secos e arenosos do Nordeste cujas sementes são levadas pelos animais e as aves ao consumir o fruto,

 

  ____________________________________________________________________________________________________________    

dispersando-as em lugares distantes da planta mãe, caraterísticas que fazem da mangabeira um típica planta pioneira, ideal para o reflorestamento de áreas degradadas. Diante deste contexto, Barcellos e Nascimento apontam que: Gradativamente, as matas estão sendo recompostas. Os indígenas denominam esta ação de renovar as matas pela plantação de mudas de vegetação nativa. Nas aldeias de Jacaré de São Domingos e em Grupiuna encontra-se uma extensão de dezenas de hectares de mata recuperada, graças a ação de reflorestamento, que recupera o habitat da biodiversidade que somente se encontra no litoral do nordeste brasileiro (BARCELLOS e NASCIMENTO, 2012, p. 22).

A mangabeira poderá ser utilizada na recuperação de áreas degradadas ou até mesmo para o enriquecimento da vegetação nativa da qual a mesma faz parte, permitindo o manejo sustentável desta vegetação, e ainda contribuindo na economia local (VIEIRA NETO et al., 2002, p. 8). Considerações Finais Podemos observar que o uso da mangaba é muito enraizada na cultura Potiguara, tanto no seu uso culinário e medicinal, quanto como fonte de rende. Porem, a nossa pesquisa mostra que há duas formas diferentes de manejo das mangabeiras, cada uma relacionada com uma forma especifica de comercialização. Enquanto os catadores, que fazem uso das mangabeiras naturalmente existentes no tabuleiro, dependem na venda da sua safra de atravessadores, os donos de pomares de mangabeiras tem acesso direto ao mercado local, assim, atingindo uma renda melhor quando comparado com os catadores. Além disso podemos constatar impactos ambientais causados pelo extrativismo praticado pelos catadores de mangaba, na danificação das mangabeiras dos tabuleiros, que não se apresentam no caso dos pomares. Em termos conjunturais é importante apontar o papel destruidor das monoculturas de cana de açúcar e das usinas, tanto na vida dos Potiguara (PALITOT, 2005) quanto em termos

ambientais.

De

modo

geral,

as

monoculturas

são

responsáveis

pelo

desmatamento e pela degradação de grandes áreas de tabuleiro e manguezal, afetando

 

  ____________________________________________________________________________________________________________    

gravemente as varias formas de extrativismo tradicionalmente praticadas pela população local. Visto que o cultivo da mangabeira em pomares representa uma fonte de renda confiável para uma parte da população e além disso engloba o potencial da recuperação de áreas degradadas pela plantação de cana de açúcar, o cultivo da mangaba surge como uma oportunidade de criar novas perspectivas econômicas e ambientais para as comunidades locais.

Referencia Bibliográfica BARCELLOS, Lusival; SOLER, Juan. Paraíba Potiguara. João Pessoa: Editora da UFPB, 2012. _________; NASCIMENTO, José Mateus do. O povo Potiguara e a luta pela etnicidade. In: NASCIMENTO, José mateus do (Org.). Etnoeducação Potiguara: pedagogia da existência e das tradições. João Pessoa: Ideia, 2012. CARDOSO, T.M. & GIMARÃES, G.C. (Orgs.). Etnomapeamento dos Potiguara da Paraíba. Brasília: FUNAI/CGMT/CGETNO/CGGAM, 2012. FERREIRA, E.G.; MARINHO S. J. Onofre. Produção de frutos da mangabeira para consumo in natura e industrialização. Tecnologia & Ciência Agropecuaria, João Pessoa, v.1, n.1, p.9-14, set. 2007. FERREIRA, E.G. Características biométricas, física de frutos e diagnose em folhas e ramos de mangabeira (Hancornia speciosa, Gomes), proveniente de pomar nativo e cultivado. Areia: UFPB/CCA, 1997. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal), Universidade Federal da Paraíba, Areia, PB. FERREIRA, M.B. Frutos comestíveis do Distrito Federal III. Pequi, mangaba, marolo e mamãozinho. Cerrado. Brasília, DF, v. 5, n.20, p. 22-25, 1973. LIMA, I.L.P.; Scariot, A.. Boas práticas de manejo para o extrativismo sustentável da Mangaba Brasília: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, 2010. PALITOT, Estévão M. Os Potiguara da Baía da Traição e Monte-Mór: história, etnicidade e cultura. João Pessoa, 2005. VIEIRA NETO, R.D. et a.. Sistema de produção de mangaba para os tabuleiros costeiros e baixada litorânea. Aracaju: Embrapa Tabuleiros Costeiros, 2002, (Embrapa Tabuleiros Costeiros. Sistemas de Produção, 02). Disponível em http//www.cpatc.embrapa.br

 

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.