Manuais do minuto (tudo em um minuto)

May 23, 2017 | Autor: Tiago Luís Gil | Categoria: Metodologias de Pesquisa
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MANUAIS DO MINUTO (tudo em um minuto)

Núcleo de Experimentação Laboratório de História Social

Universidade de Brasília

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Conteúdo FICHAMENTOS - COMO FAZER? .............................................................................. 3 Citações, como fazer? .............................................................................................. 5 Como ler um texto ................................................................................................... 6 Como montar um projeto de pesquisa .................................................................... 9 Como preparar um artigo ...................................................................................... 10 Como elaborar um resumo ................................................................................... 11 Monografia no padrão da UnB .............................................................................. 12

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FICHAMENTOS - COMO FAZER? Fichamento é algo que cada um deve organizar como achar melhor, de acordo com sua demanda da leitura (se quer conhecer o texto de modo geral ou se está buscando informações sobre algo específico, sobre um personagem ou tema, etc) mas vamos colocar aqui alguns pontos, de forma muito simples. Vejamos: 1. Referência da obra, em um formato padronizado (abnt, chicago, etc); 2. Palavras-chave; 3. Resumo sintético; 4. Divisão das partes (capítulos, partes do texto, enfim, como está organizado o índice: é o esqueleto do texto); 5. Autores citados (os mais importantes, ou seja, os interlocutores do texto, não todos, mas aqueles com quem ele está debatendo, contra ou favoravelmente); 6. Argumento central (é o mais importante!); 7. Argumentos secundários (aqueles que ele usa para sustentar o argumento central); 8. Metodologia(s) utilizada(s); 9. Fontes utilizadas (especialmente se for um texto de historiador); 10. Conclusões mais importantes (nem sempre teremos conclusões, alguns autores apenas "arrematam" o texto sem concluir nada); 11. Um resumo de cada parte (ver item 4) Enfim, são alguns tópicos importantes, na minha opinião. Você pode alternar a ordem de acordo com seu gosto, dispensar alguns e "distribuir" na página (na folha de papel) como achar melhor, com o "layout" que quiser (ver exemplo ao lado). O importante é ter clareza

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Para maiores detalhes, ver: ECO, Umberto. Como se faz uma tese. São Paulo: Perspectiva, 1990.

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Referência SOBRENOME-DO-AUTOR, Nome-do-autor. Título do livro. Cidade: Editora, Ano.

Palavraschave

Argumento central

Texto do fichamento, com metodologia, fontes, etc.

resumo,

Autores mais Citados e interlocutores Mais importantes

Conclusões comentários

e

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Citações, como fazer? Fazer citações é fundamental pois devemos atribuir as ideias aos seus respectivos autores, com honestidade e clareza. Isso também ajuda o leitor a entender nosso texto. Além de importante, é muito fácil. Existem vários formatos de citação, mas podemos dividir todos em dois grandes grupos: 1) citações “em rodapé”; 2) citações “no corpo do texto”. A primeira coisa a fazer é decidir que estilo queremos usar, rodapé ou no corpo do texto. Se escolhermos “no corpo do texto”, há poucos estilos, sendo o mais famoso o modelo "autor-data", quase sempre entre parenteses: (AUTOR, 1999). Neste caso, basta colocar a referência após o parágrafo e mencioná-la de modo completo na bibliografia que vai ao final do seu texto. Se usar mais de um autor no mesmo parágrafo, basta separá-los com ponto e vírgula (AUTOR1, 1999; AUTOR2, 2001) Se escolhemos rodapé, há dezenas de estilos. O mais famoso é o Chigado, que está agora na 16ª edição, sendo também conhecido como Chicago 16 ou Chicago 16th. Na elaboração de um texto, uma vez

escolhido o estilo ele deve ser usado até o final. Não se aceita dois estilos no mesmo texto. Você poderá usar outros estilos em outros textos, livremente. Muitas revistas acadêmicas tem seus próprios formatos e só aceitam artigos já preparados naquele estilo. No Brasil, é muito comum o uso do sistema ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), que lança anualmente suas instruções para formatação de referências. Ela não é obrigatória no Brasil, ao contrário do que muitos pensam, ainda que seja muito solicitada. É conveniente conhecer um destes sistema se adotá-lo. Se você não quer aprender isso ou quer ter o direito/poder de alternar o uso de vários, pode utilizar um software de gestão de bibliografia, como o Zotero ou o EndNote. Por fim, apresento aqui um modelo bem comum de referência de livro, apenas para indicar um caminho: SOBRENOME, Nome. Título. Local: Editora, Ano. Respeite os espaços e a pontuação, além de colocar o ano com quatro dígitos (1999 e não 99).

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Como ler um texto (do texto: “ORIENTAÇÃO PARA A LEITURA DE TEXTOS ACADÊMICOS DE HISTÓRIA”, de autoria da prof.a. Silvia Regina Ferraz Petersen) Como não será demais insistir, os conteúdos trabalhados em sala de aula nunca esgotam a riqueza e os desdobramentos que o conhecimento histórico possui em qualquer de seus temas e problemas, de modo que a leitura de textos indicados é fundamental para ampliar suas informações e análises sobre o conhecimento histórico e aumentar os padrões de qualidade e rigor científico de seu trabalho. O aluno iniciante em geral não adquiriu ainda algumas das habilidades que viabilizem uma melhor compreensão e conseqüente aproveitamento do conteúdo das leituras que lhe são solicitadas nas disciplinas do Curso de História. Com a finalidade de introduzi-lo numa leitura mais proveitosa da bibliografia, a seguir apresento um roteiro possível de procedimentos que podem ajudar a realização desta tarefa. ESTABELECER O OBJETIVO DA LEITURA E SELECIONAR OS CONTEÚDOS PERTINENTES A ELE. Um mesmo texto pode ser lido com variadas intenções, buscando resposta para diferentes perguntas. Por isso, antes de começar a leitura, é importante ter clara a questão ou questões que se pretende responder ou refletir com a leitura do texto. No caso

das leituras indicadas pelo professor para apoiar o estudo de um determinado tema/problema, é preciso nunca esquecer que os autores desses textos não os escreveram focando exatamente aquilo que um eventual professor pretende desenvolver. O leitor vai encontrar nesses textos uma serie de ideias que, mesmo integrado a argumentação do autor, não se referem ao objetivo que ele, leitor, tem para sua leitura. Deve, então, identificar naqueles temas /ideias e deixá-los de lado naquele momento. Principalmente os textos de Teoria e Metodologia, como são quase todos os da disciplina Introdução à História, pelo tipo de conteúdo que abordam, costumam apontar para inúmeros desdobramentos da temática que apresentam, associando com outras questões, etc. É muito comum, por isto, que o leitor iniciante acabe “emaranhando” no conteúdo e perca de vista a questão ou questões que deseja esclarecer. Assim, é indispensável o cuidado permanente com a seleção de conteúdos referentes aos objetivos da leitura para que possa tirar proveito do texto. LEITURA INTEGRAL DO TEXTO Para realizar o que se indicou

7 acima, é preciso inicialmente ler o texto de modo completo. A finalidade é ter uma visão de conjunto, ainda que superficial, de todo o conteúdo que o autor expõe, dos argumentos que ele apresenta para fundamentar suas afirmações, etc. Só conhecendo o texto completo é possível selecionar os conteúdos pertinentes aos objetivos da leitura que se pretende realizar. Também cabe observar que o estudante-leitor vai encontrar muitos vocábulos desconhecidos ou referências a outros campos de conhecimentos ou conteúdos que extrapolam o texto, ou mesmo indicações de outras frases do livro, quando se trata da leitura de um único capitulo. Estas dificuldades devem ser resolvidas, ás vezes ate recorrendo a leituras paralelas, dicionários etc., pois do contrario a compreensão do texto ficará prejudicada, distorcida ou incompleta.

argumentações do autor. Trata-se de entender como ele vai construindo a explicação do tema/questão que se propôs abordar, como vai articulando as ideias nesse sentido, que lacunas existem na sua argumentação, etc. Localizar as ideias secundárias. Trata-se de identificar outras ideias relevantes, mas não centrais ao objetivo do autor e examinar como elas se articulam com a argumentação principal. INTERPRETAR O TEXTO As etapas anteriores tinham o objetivo que o leitor pudesse entender o pensamento do autor sem distorções, sem opinar sobre ele. Este entendimento é fundamental para que o leitor possa então interpretar o sentindo do texto. Só depois de entender o que o autor pretendeu expor é que o leitor pode interpretar o texto, isto é, questionar ou concordar com as conclusões do autor, tirar suas próprias conclusões, considerar como este texto pode contribuir para esclarecer as duvidas e os objetivos do leitor, etc. É claro que aquilo que se interpreta varia de texto para texto, de problemática para problemática, de leitor para leitor, mas nunca se pode confundir o pensamento do autor com a interpretação ou opinião do leitor, o que são coisas diferentes.

ANÁLISES DO CONTEÚDO Conhecido o conteúdo do texto, a leitura se torna mais analítica, ou seja, penetra mais profundamente nas diferentes “partes” do texto. Para isso, por exemplo, o leitor deve Localizar a ideia central, o eixo do trabalho do autor, o centro de seu argumento, a questão que ele pretende analisar e que nem sempre está claramente destacada, exigindo a vezes do leitor um esforço neste sentido. Encontrar e entender esse eixo são Abaixo indico alguns caminhos muito importante para compreensão do mais freqüentes para interpretar um texto. texto: Localizar as ideias centrais das

8 - que respostas, afinal, o texto oferece ás questões que leitor pretende resolver? - que associações o leitor pode fazer o entre os conteúdos dos textos e outros temas que conhece? que abordagens/informações/questões novas traz ao leitor? - o texto apresenta lacunas em relação ao que pretende desenvolver? - o autor chega a conclusões que esclarecem as questões que pretendeu abordar ou se desvia de sua proposta?

leitor a forma como ele vai se apropriando do conteúdo, as dificuldades que vai encontrando, as ideias que deseja reter as associações que vai fazendo com outros conteúdos etc.

É claro que estas orientações não são uma RECEITA DE LEITURA: cada leitor encontrará o seu próprio caminho para realizar uma leitura produtiva. Mas em qualquer caso, as indicações acima poderão ser de muita utilidade especialmente para um leitor que inicia a leitura de textos acadêmicos de Finalmente, o leitor deve fazer História, que em nenhum caso deve ser anotações sobre a sua leitura do texto. entendida como um “passar os olhos” Elas contribuem para aprofundar a ou uma “leitura apressadinha” do texto. leitura, tornando visível para próprio

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Como montar um projeto de pesquisa Um projeto de pesquisa é muito mais do que um plano sobre como executar uma pesquisa. Ele vai demandar uma investigação pesada, com grande aprofundamento na historiografia (bibliografia), nas fontes e na teoria. Uma vez pronto e bem armado, boa parte dos problemas da hora da pesquisa ficam resolvidos. Não adianta acelerar quando estamos no caminho errado, pelo contrário, ficaremos mais distantes do nosso destino. Fazer um bom projeto é estudar o caminho antes para, devagar, chegar no melhor destino, já que em história não há apenas um. O projeto precisa ter, minimamente: Um título “honesto”, que resuma bem a proposta. Títulos poéticos (duas ou três palavras chocantes) são oportunos se forem seguidos por um título “honesto”, de três linhas. Digo isso pois títulos poéticos costumam confundir o leitor.; Uma Apresentação, que mostre com clareza o objeto, os recortes e as perspectiva de trabalho; Justificativa e objetivos: justifique quais as motivações que você teve para investigar este objeto, acadêmicas, sociais ou gerais, além de apontar objetivos que serão perseguidos ao longo da pesquisa; Um problema: você deve formular um problema - talvez na forma de uma pergunta para responder. Este problema deve estar em sintonia com o referencia

teórico, além de ser necessário ter fontes para resolvê-lo. Tendo um problema bem colocado, todo o resto fica mais fácil. Um referencial teórico: é a visão de mundo que partimos para responder ao problema; Metodologia: o instrumental de métodos e técnicas de pesquisa necessários para resolver o problema. Método significa “caminho”; Cronograma: segundo o historiador Luis Farinatti, nós não acabamos pesquisas, abandonamos elas. Nunca há fim em história. Logo, é preciso estabelecer prazos para a realização de trabalhos. Geralmente dedicamos os primeiros tempos (dias, semanas, meses, anos) para a leitura da bibliografia; os seguintes para a coleta e análise da fonte e os últimos para escrita do texto. Bibliografia: listagem em ordem alfabética das leituras previstas. Para ver tudo isso de uma forma muito melhor, ler: Petersen et alli. O Pesquisador iniciante e a produção do conhecimento histórico: da definição do tema à apresentação dos resultados. (lhs.unb.br/lab/petersen.PDF); Cardoso, Ciro. Como elaborar um projeto de pesquisa (http://www.historia.uff.br/stricto/files/ CARDOSO_Ciro_Como_elaborar_projeto _pesquisa.pdf ou https://www.academia.edu/15177581/C omo_elaborar_um_projeto_de_pesquis a)

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Como preparar um artigo Não existe receita de bolo para preparar artigos. Há, contudo, algumas formas comuns e claras de fazê-los, que podem ajudar quando a gente não tem a menor ideia de como começar: Faça um esquema, em ordem, dos temas que devem ser tratados, buscando organizar o conteúdo com clareza, como se fosse um sumário ou índice; É interessante que o artigo tenha e seja organizado com as seguintes partes: apresentação, fontes, metodologia, análise, conclusões. Pode parecer óbvio, mas nunca é óbvio para o leitor; Comece com “O objetivo deste trabalho é...” Alguém poderá dizer que é banal e clichê. Ignore: o importante é ter clareza. No mundo anglo-saxônico, academia americana e

inglesa, praticamente todos começam assim. É quase uma regra. Não estou sugerindo importar soluções estrangeiras, mas neste caso é um recurso válido, prático e claro. Além do mais, ajuda a começar, o que nem sempre é fácil. Se você quiser um começo retumbante, vai ficar horas tentando para nada. Use o “o objetivo deste trabalho é...” e seja feliz! 20 páginas é um bom tamanho, mas 10, dizendo tudo com clareza, também é legal; Pode parecer exagero, mas apontar um limite máximo de páginas ou de parágrafos para cada assunto pode ser uma forma fácil de fazer o trabalho caminhar. Por vezes, ficamos muito tempo explicando algo secundário para nosso argumento central, perdendo tempo e “espaço”. Pense nisso.

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Como elaborar um resumo Muito eventos exigem o envio de resumo para candidaturas de comunicações (apresentação de trabalho). Aqui apresentamos algumas dicas:

Procure ver, em primeiro lugar, o tamanho máximo permitido pelo evento. Isso geralmente será em letras ou palavras. Divida o tamanho máximo indicado em cinco partes. Exemplo: se o evento autoriza o máximo de 100 caracteres, divida em 5 grupos de 20 caracteres.

Os grupos serão, respectivamente: a) Objeto ou problema de pesquisa; b) Fonte(s); c) Metodologia; d) Análise; e) Apresentação dos resultados até o momento. Se ainda não tiver resultados, avise que o projeto ainda não chegou nesta fase. Caso não haja instruções para o resumo, nem informação alguma sobre limites, considere escrever uma ou duas frases curtas para cada um dos pontos indicados acima.

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Monografia no padrão da UnB A UnB tem regras para a monografia: limite máximo de 40 páginas, com capa e bibliografia. Para o texto, algo como 30. Por conta disso, deixo aqui uma proposta padrão de monografia, que certamente não é uma receita de bolo, mas pode dar uma boa ideia do que fazer. É importante ter, em primeiro lugar, um problema bem proposto e bem “recortado”, com fontes acessíveis e uma carga de leitura para 3 meses. Organize o texto do seguinte modo (é apenas uma ideia!!): Introdução (5 – 9 páginas, que podem ser aproveitados do Projeto, quando bem feito) Apresenta de imediato o problema central Apresenta o posicionamento teórico Apresenta a historiografia [pode virar um capítulo, dependendo do objeto] Capítulo 1 – A fonte (10 pgs.) Qual é? Quem fez? Para quê? Para quem? Estrutura da fonte e suas dimensões (número de páginas, capítulos, palavras, etc) É o original? É cópia? Onde está o original? Se for cópia, qual o propósito de copiar? Capítulo 2 – A Metodologia (10 pgs.) Como fiz o que fiz com as fontes?

Capítulo 3 – A análise (10 pgs.) Varia conforme o caso. Conclusão (1 -2 páginas) Sintetizar, parágrafo por parágrafo, cada uma das ideias que apresentam seu argumento central. Dicas: Faça, em primeiro lugar, a capa e a folha de rosto. Isso vai poupar tempo na reta final, quando o prazo estiver acabando. Escolha uma pessoa: 1ª do singular (Pretendo, com este texto...), 1º do plural (Nosso objetivo foi...) ou impessoal (Buscou-se...); Escolher o tempo, passado ou presente: “Os agentes históricos que estudamos buscaram melhorar suas vidas” OU “Os agentes históricos que estudamos buscam melhorar suas vidas”. E continue no tempo. De qualquer forma, melhor usar o passado. Evita confusão.

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