Manual de Boas Práticas do Projecto Pensas

August 4, 2017 | Autor: A. Batel Anjo | Categoria: Mass Comunication, Boas Práticas
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MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PROJETO PENSAS_UNIVERSIDADE DE AVEIRO

INTRODUÇÃO Falar do Projeto Pensas é falar de cooperação e de educação para o desenvolvimento. Atente-se por instantes - e numa primeira abordagem - numa análise etimológica destas duas palavras: cooperação e desenvolvimento, as quais se assumem, na sua íntegra, como a base da definição do processo de atuação deste projecto. A palavra cooperação é formada pelo prefixo -co - que indica companhia ou contiguidade - e pela palavra primitiva: operar. O resultado desta associação implica assim uma ação de trabalho em conjunto; uma equitatividade de forças que entram em parceria em detrimento da imposição de uma força sobre outra. Por sua vez, a palavra desenvolvimento é composta por dois prefixos: -des e -en acrescidos à palavra primitiva de étimo latino volver, que por sua vez significa: dar voltas; mexer repetidamente. Sendo que o prefixo -en implica um movimento para dentro e que o prefixo -des, uma ação contrária ou um afastamento, facilmente se pode concluir que desenvolvimento significa um ato de movimentação para fora; isto é, para que seja possível a existência de progresso é necessária uma confluência com o exterior. Nenhuma entidade se desenvolve assumindo uma atitude fechada; “introdinâmica”, sem a criação de contactos ou laços de interferência. O Projeto Pensas, como projeto de cooperação e educação para o desenvolvimento cumpre assim, fidedignamente, os desígnios quer de uma quer de outra palavra. 2

É um projeto de cooperação porque aposta, em todas as suas ações e intentos, no trabalho colaborativo e de equipa, ligando e aproximando dois países distintos como Portugal e Moçambique, e outros que partilham a Língua Portuguesa como língua oficial sem, em momento algum, assumir uma atitude impositiva. É um projeto cujo trabalho visa o desenvolvimento porque crente num progresso fundamentado na partilha de saberes e de experiências. Com o seu campo de trabalho delimitado de Norte a Sul de Moçambique, com a aposta na criação de um Centro Pensas em cada centro de província - alia uma equipada rede informática e ligação à Internet a credenciadas sessões de formação de professores nas disciplinas fulcrais de Língua Portuguesa e de Matemática, a que se aliou mais tarde as Ciências Experimentais, completando assim um ciclo de formação mais abrangente no sistema de ensino moçambicano. Os princípios orientadores da sua existência e atuação assentam, assim, na crença na evolução de um país pelo investimento máximo e plurifacetado na educação: é este o pilar precípuo desta construção.

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BOAS PRÁTICAS DO PROJETO PENSAS · Criação de laços estratégicos · Equidade e coerência: Os Centros Pensas · Participação ativa e persistência: Formação Inicial; Curso de Especialização em Línguas e Literaturas de Expressão Portuguesa; Mestrado em Línguas e Literaturas de Expressão Portuguesa. · Responsabilidade partilhada: - os alunos e o OUTclass- geminar pela educação - os professores e a Formação em Ação · Consciência da pluralidade no ensino · Informação e inovação: os recursos didáticos · Abrangência na lusofonia: Bienal de Aprendizagem da Matemática, Português e Tecnologias · Dinâmica e diversidade na aprendizagem informal e não formal: o caso das ciências experimentais e da bancada de ciências móvel · Progressão sustentada: Competições Regionais · Cumplicidade e diálogo no processo de avaliação: reuniões de Centros · Comunicação e Transparência

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ALIANÇAS ESTRATÉGICAS As alianças que se foram estabelecendo em Moçambique ao longo destes anos foram muitas e variadas e vão desde organismos públicos e privados até às empresas dos mais distintos ramos de atividade. Sem exagero, pode-se afirmar com segurança que o Pensas é reconhecido por toda a comunidade académica e, nas localidades onde existem Centros, estes são apontados como sendo locais onde se faz formação de qualidade. Neste capítulo é imperioso referir o Colégio Académico da Beira, na Cidade da Beira, que se transformou na sede do Pensas. Esta instituição suporta as despesas de instalação das professoras deslocadas em Moçambique e atua como charneira em todo o processo de formação oferecido aos restantes Centros. Anteriormente, o ISCAM – Instituto Superior de Contabilidade e Auditoria de Moçambique, e agora o ISCIM - Instituto Superior de Comunicação e Imagem de Moçambique, serve de base em Maputo ao Pensas, onde estão instalados alguns equipamentos para demonstração e formação. Também na Escola Profissional de São Francisco de Assis, em Mumemo, Marracuene, estão instalados outros equipamentos e a Bancada de Ciências Móvel. A Bytes&Pieces, empresa moçambicana de informática sediada em Maputo que, além de todo o suporte que fornece aos Centros, aloja e faz manutenção dos servidores do Pensas. Este apoio vai muito para além daquilo que está contratualizado. 6

A Embaixada de Portugal e os serviços da Cooperação cujo trabalho junto do Ministério de Educação tem ajudado a ultrapassar muitos obstáculos. A colaboração com a DINES – Direção Nacional do Ensino Secundário, em especial com os seus Técnicos Pedagógicos. A colaboração com Direção Nacional de Formação foi também fulcral para que toda a formação alcançasse os seus objetivos. As Direções Provinciais de Educação são também peças-chave neste processo, já que é por elas que passa todo o processo formativo das províncias. E o principal parceiro deste projeto, financiador de grande parte do trabalho do Pensas em Moçambique, o Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento - IPAD.

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EQUIDADE E COERÊNCIA - Os Centros Pensas O Projeto Pensas – Plataforma de Ensino Assistido de Moçambique decidiu apostar numa estrutura semelhante à dos Telecentros comunitários, estruturas existentes em vários países mas que têm no Brasil a sua maior expressão. São espaços com computadores ligados à Internet, com, normalmente, entre 10 a 20 computadores de uso livre, onde são lecionados cursos de informática básica e oficinas especiais oferecidas à população. É um projeto de uso intensivo da tecnologia da informação para ampliar a cidadania, combater a pobreza e fomentar a inserção na sociedade de informação, contribuindo para o fortalecimento do desenvolvimento local. Um dos principais objetivos do projeto é organizar uma rede de unidades de múltiplas funções que permita às pessoas adquirirem autonomia em tecnologia básica. O Pensas seguiu, então, uma visão semelhante, centralizando, no entanto, a sua contribuição numa melhoria da qualidade de ensino e da aprendizagem tanto de professores como de alunos, área reconhecida pelo Projeto como uma das principais necessidades locais. Começando por identificar as debilidades do Sistema de Ensino Moçambicano, o Projeto apontou como estratégia a seguir a formação de professores dos IFP – Institutos de Formação de Professores, e a qualificação de Professores do Ensino Secundário. Para tal, foi criado um espaço físico em várias escolas por todo o país: os Centros Pensas.

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Cada Centro Pensas está sempre próximo e à disposição do seu público-alvo. Ambicioso, o Projeto instalou-se em todas as províncias carenciadas de Moçambique, com exceção da província de Maputo, uma vez que é aí que se concentram os diversos meios e recursos existentes no país. Localização Os Centros Pensas encontram-se localizados nas seguintes Escolas Secundárias ou Institutos de Formação de Professores: 1. Lichinga (Niassa) – Instituto de Formação de Professores de Lichinga. 2. Pemba (Cabo Delgado) – IFP Alberto Chipande. 3. Nacala (Nampula) – Escola Luís de Camões. 4. Nampula (Nampula) – Escola Lusófona de Nampula. 5. Moatize (Tete) – Escola Heróis Moçambicanos. O Centro está instalado embora as suas condições não sejam as melhores. Encontrou-se uma solução para a sua instalação provisória e que serve todos os interesses dos professores, que é o Instituto Superior de Contabilidade de Tete. 6. Quelimane (Zambézia) – IFP de Quelimane. 7. Chimoio (Manica) – Escola Secundária Samora Moisés Machel. 8. Beira (Sofala) – Colégio Académico da Beira. Todas as operações do Pensas partem desta cidade onde estão localizados os Formadores e os diversos equipamentos em fase de teste. 9. Inhambane (Inhambane) – Escola Emília Daússe. 10. Chokwé (Gaza) – Escola Secundária do Chokwé.

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Com uma participação ativa nas sessões de formação, quer de Língua Portuguesa quer de Matemática desde o início do Projeto, têm acorrido 9 escolas na Província de Sofala, cidade da Beira (1). (1)Da referida cidade, participaram as escolas secundárias do Estoril; Manga; Matadouro; Mateus Sansão Mutemba; Samora Moisés Machel; Colégio Académico da Beira; Nossa Sra. de Fátima e Institutos de Formação de Professores de Inhaminga, Inhamizua e o Instituto Nacional de Educação de Adultos – INEA Na província de Cabo Delgado (2) participaram 4 Escolas Secundárias e 1 Instituto de Formação de Professores. (2) Das quais fizeram parte: Escola Secundária da Fraternidade; S.O.S; Escola Secundária de Pemba; Centro de Formação Profissional de Pemba; Escola Secundária 16 de Junho; Instituto de Formação de Professores Alberto Joaquim Chipande. Na Província de Nampula (3), 13 escolas de Ensino Secundário. (3) Escola Secundária 12 de Outubro; de Mapara; de Nampula; de Namicopo; Escola Secundária Geral e Comercial Lockina; Escola Comunitária da APEA; Escola Lusófona; Escola Primária 7 de Abril; Escola Comunitária da Ademo; Escola Secundária Clave de Sol; Instituto de Formação de Professores de Nampula; Escola Secundária Samora Moisés Machel; Centro Cultural Islâmico A. Manjira; Escola da Penitenciária Industrial de Nampula Na província de Manica, cidade de Chimoio (4), 4 Escolas Secundárias e 1 Instituto de Formação de Professores. (4) Escola Secundária Samora Moisés Machel; 7 de Abril; Soalpo; Escola Secundária de Vila Nova e Instituto de Formação de Professores de Chibata. Na Província do Niassa, cidade de Lichinga (5), participaram 5 escolas. (5)Escola Secundária de Muchenga, de Namacula; de Kankhomba; da Amizade e Eduardo Mondlane. Na Província da Zambézia, cidade de Quelimane (6) estiveram até agora envolvidos professores de 8 escolas. (6) Escola Secundária Geral de Quelimane; Escola Geral do Aeroporto-Expansão; Escola Secundária Eduardo Mondlane; 25 de setembro; Lumumba; Coalane; Mártires de Inhassungue; IFP Nicoadala (7) Na Província e cidade de Inhambane (7) 5 escolas. Escola Secundária Emília Daússe; Muéle; 3 de Fevereiro, 12 de Agosto e Escola dos Caminhos de Ferro

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PARTICIPAÇÃO ATIVA E PERSISTÊNCIA Formação inicial, ForLíngu@Moz: Curso de Especialização e Mestrado Formação inicial O Projeto Pensas iniciou um conjunto de ações de formação de Língua Portuguesa e de Matemática para os professores, nos diferentes Centros onde se encontrava sediado: as designadas Formações Iniciais. Pretendia-se que fossem criadas turmas de aproximadamente 20 professores em cada Centro de cada Província e que estas mesmas turmas se mantivessem fixas ao longo das diferentes sessões de formação por forma a que os conteúdos explorados - apesar de unidades temáticas com sentido per se pudessem ter uma continuidade de sessão para sessão e ainda para que se pudesse observar a evolução de cada grupo. Procurava-se assim, ir ao encontro das suas necessidades mais específicas, ao mesmo tempo que se pretendia que as aprendizagens entre os Centros fossem o mais equitativas possível. Como objetivo, almejava-se explorar conhecimentos científicos e pedagógicos destas duas áreas do saber, assim como fazer com que todos os professores integrantes nestas formações pudessem dominar, o melhor possível, os meios informáticos disponíveis, de modo a tornarem-se cidadãos informaticamente ativos e capazes de partilhar informações e materiais através da plataforma existente no Projeto (a Plataforma de Ensino Assistido - PEA). Desta forma, em cada ação de formação sairiam beneficiados diretamente 20 professores de cada província em cada área do 13

saber - Língua Portuguesa e Matemática -, assim como indiretamente, outros professores, seus colegas nas escolas onde lecionariam. Este alvo indireto seria ainda beneficiado pelos materiais disponibilizados pelo Projeto, quer em formato de papel, através do fornecimento dos manuais elaborados para cada disciplina, quer através da disponibilização de vários materiais em formato digital. A PEA cumpre também a crucial tarefa de manter os formandos não só em contacto entre si como em contacto com as formadoras, ao possibilitar a troca de esclarecimentos e conteúdos aquando da sua ausência. O Projeto Pensas é um projeto que assenta num labor prático em detrimento do exclusivamente teórico e nos laços de proximidade e de adequação como garantias da sua boa sucessão. Estas têm sido premissas que se têm demonstrado fundamentais no processo da sua edificação. Estimativa dos professores abrangidos por este conjunto de formações Tendo sido realizadas, desde 2009 até ao final de 2011, 28 ações de formação (13 de Matemática e 15 de Língua Portuguesa), e sendo que em cada ação participam, em média, 20 professores, pode-se considerar que o número total de professores beneficiados diretamente foi de, aproximadamente, 560.

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Considerando ainda que cada turma do Ensino Secundário tem uma média de 65 alunos e que cada professor, em regime normal, tem a seu cargo cinco turmas, estima-se, assim, uma média de 325 alunos por professor. Desta forma, pode-se afirmar que, através das formações de professores, o Projeto Pensas já atingiu indiretamente cerca de 182.000 alunos. Ao universo de jovens atingidos indiretamente acresce ainda um conjunto de alunos que beneficiam diretamente ao participarem nas Competições Regionais de Língua Portuguesa e de Matemática, realizadas também desde 2009. Tendo em consideração que, em cada prova, participam aproximadamente 120 alunos e que foram realizadas 11 provas até ao final de 2011, o total de alunos participantes nesta atividade é de 1320.

Curso de Especialização em Línguas e Literaturas de Expressão Portuguesa É indesmentível que a Educação tem sido uma prioridade do governo moçambicano, tendo em conta a constante evolução do Orçamento Geral do Estado, destinado ao Ensino e à Ciência, e ainda a intenção, frequentemente expressa, de elevação global do nível de escolaridade da população com a consequente maior qualificação profissional e técnica dos recursos humanos. 15

Nesse sentido, tem sido considerada prioritária, para o setor da educação, a assunção de condições que permitam o desenvolvimento de capacidades de conceção, de inovação, de investigação científica, de análise crítica e de decisão em diferentes áreas do conhecimento que, por sua vez, possibilitem o desenvolvimento científico, tecnológico e cultural dos recursos humanos e, consequentemente, o desenvolvimento económico e social do país. Com o intuito de cooperar num plano estratégico de consolidação, expansão e melhoria do sistema de formação dos professores de Português em Moçambique e dos licenciados moçambicanos nas áreas das Humanidades, a Universidade de Aveiro - e por forma a dar continuidade ao trabalho desenvolvido pelas formações iniciais - em parceria com o Ministério da Educação e Cultura de Moçambique e com o apoio do IPAD, desenvolveu um projecto de formação descentralizada, em regime de b-learning, designado “ForLíngu@moz - Formação em Rede para o Desenvolvimento da Língua Portuguesa em Moçambique”. Este projeto de cooperação pretendeu colmatar a reduzida capacidade das instituições nacionais de Ensino Superior na atribuição de graus académicos de pós-graduação, reconhecidos internacionalmente, bem como a insuficiência das condições logísticas e humanas que permitam a progressão académica dos professores e licenciados de Moçambique. Enquadra-se, assim, no contexto de uma estratégia nacional de desenvolvimento científico e cultural e salienta o objectivo de proporcionar os recursos humanos qualificados que respondam às 17

necessidades do ensino de Português em Moçambique e contribuam para o aumento da qualidade das instituições de ensino moçambicanas. Servindo-se de meios já instalados no terreno, nomeadamente da estrutura informática e humana da Rede Pensas@moz (Plataforma de Ensino Assistido de Moçambique; ver em www.pensas.ac.mz), com centros de formação em Chokwé, Inhambane, Chimoio, Beira, Quelimane, Moatize, Nampula, Nacala, Pemba e Lichinga, o projecto ForLíngua@moz tem três níveis de formação, devidamente articulados: inicial (formação de professores), intermédio (cursos de especialização) e pós-graduado (Mestrado e Curso de Homogeneização).

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Na primeira pessoa Benjamim David Nobre é professor de Língua Portuguesa há 26 anos. Decidiu inscrever-se no Curso de Especialização, por “querer aprender mais”. O que o levou a candidatar-se ao Curso de Especialização? - Foi a necessidade de actualização de conhecimentos em Língua Portuguesa, para além da aquisição de mais competências comunicativas que acredito que me podem vir a ajudar enquanto docente. Que vantagens pode trazer para os professores moçambicanos a formação pós-graduada dada pelo Pensas? - As vantagens estão muito relacionadas com a aquisição de mais conhecimentos de Língua Portuguesa e novas aptidões, de forma a transmitir o que aprendemos aos alunos. De que forma a participação nestas aulas o está a ajudar? - A participação nestas aulas está a ajudar-me na medida em que me sinto mais próximo das novas tecnologias, para além de sentir que adquiri já novos conhecimentos e habilidades.

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MESTRADO Por forma a dar prossecução e elevar os níveis dos objetivos almejados pela implementação do curso de Especialização e de modo a conceder mais habilitações científicas no domínio da Língua e das Literaturas de Expressão Portuguesa, o Projeto Pensas deu início ao Mestrado na mesma área no ano de 2011, na cidade da Beira. Trinta professores de Moçambique foram pioneiros neste primeiro ano, tendo frequentado aulas ministradas por professores do Departamento de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro, com lugar nas instalações da Universidade Unizambeze, a que se segue a elaboração da tese final.

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RESPONSABILIDADE PARTILHADA - os alunos e o OUTclass - geminar pela educação O projecto OUTclass teve início em 2007 e, através dele, crianças da Escola Básica de Á-dos-Ferreiros e da Escola Básica de São Sebastião - Trofa (Águeda), em Portugal, e do Colégio Académico da Beira, em Moçambique, comunicam entre si através da Internet, desenvolvem atividades conjuntas e, acima de tudo, partilham experiências e conhecimento. Dinamizado pelo Pensas em cooperação com o IPAD, a Câmara Municipal de Águeda e o Ministério da Educação, o OUTclass criou uma e-comunidade onde interagem alunos e professores em torno de um tema semanal lançado pelo Pensas. Para este efeito, estas escolas foram equipadas com todas as ferramentas necessárias à prossecução deste projeto. Quando começou a ser desenvolvido, o OUTclass tinha como principal objetivo a difusão da Língua Portuguesa e a promoção do gosto pelas Ciências através do uso dos computadores e da Internet como ferramentas de aprendizagem. Hoje, estes alunos têm a oportunidade de realizar, em ambiente de sala de aula e monitorizados por um professor, atividades semanais que lhes permitem trocar experiências interculturais através da exploração de exercícios que lhes concedem um diferente entendimento do Mundo. Esta partilha de experiências e conhecimentos nas diversas áreas do saber que contribuem para o seu enriquecimento cultural, para o aumento do respeito pelo outro e para o interesse pelas diversas culturas. 22

Por se revelar, então, mais abrangente do que o inicialmente pensado, o OUTclass adotou então como lema “Geminar pela Educação”. O desafio agora assumido é o de fazer com que a comunidade sinta a sua escola e perceba que esta pode pertencer a um mundo global sem sair da sua aldeia. Aprender coisas novas, contactar com outras realidades, com outras culturas, com outras maneiras de ver o mundo e encarar os problemas é o desafio da geminação pela Educação. A mais-valia deste projecto prende-se com o facto deste tipo de geminação ser duradouro, uma vez que assenta num trabalho de base com crianças, fazendo, ao mesmo tempo, com que pequenas aldeias, localidades ou regiões possam projetar-se no Mundo Global. Assim sendo, o projecto OUTclass pretende afirmar uma forma de cooperar, que permita o desenvolvimento sustentado e o envolvimento da sociedade em projetos de Educação, que qualifiquem alunos e professores a nível tecnológico, estimulando-os a partilhar novas formas de aprendizagens mais dinâmicas e interativas.

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MOÇAMBIQUE

PORTUGAL

RESPONSABILIDADE PARTILHADA - os professores e a Formação em Ação O Projeto Pensas implementa ainda uma outra forma de formação, que tem por base a transferência não só de saberes através da formação tradicional, mas também de boas práticas: a “Formação em Ação” tem como principal objetivo a troca de experiências ao nível das metodologias de aprendizagem e dos conteúdos lecionados nas disciplinas de Português e Matemática. A cada ano, o Ministério de Educação e Cultura de Moçambique seleciona, de entre os professores da Rede Pensas, um grupo de docentes das áreas de Matemática e Português que, durante um mês, são integrados no Externato de Vila Meã, em Portugal. Estes professores partilham a sala de aula com os colegas portugueses, fazendo a preparação das aulas e dos diferentes materiais, agindo como os docentes responsáveis por essas turmas, supervisionados por professores da Universidade de Aveiro. O impacto da Formação em Ação tem sido sentido no comportamento durante as ações do Pensas, e nas exigências e sugestões feitas por estes professores junto do Ministério da Educação, no sentido da melhoria do apetrechamento e da formação.

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Na primeira pessoa “Foi uma experiência muito positiva” - Patrícia Pereira, professora “A Formação em Ação foi uma experiência muito positiva. Durante esta semana, o professor Hilário analisou planificações anuais e diárias dos diferentes níveis de escolaridade, conheceu os materiais de apoio educativo utilizados no contexto de sala de aula, analisou a estrutura curricular que está na base dos diferentes níveis e participou oportunamente nas aulas a que assistia. Conheceu também o papel desempenhado pelo professor enquanto Diretor de Turma e os procedimentos requeridos nesta função e participou nas aulas de apoio educativo a alunos com significativas dificuldades de aprendizagem. Ainda durante esta semana, foi-lhe proposto que preparasse e lecionasse duas aulas a níveis de escolaridade distintos. Deste modo, essas aulas tiveram como temas, no 10.º ano, a poesia cabo-verdiana do século vinte, e no 8.º ano, as funções sintáticas”.

“Benefícios a nível pessoal e profissional” - Isabel Ribeiro, professora “Esta experiência foi muito interessante, enriquecedora, julgo eu, para ambas as partes, a partir do momento em que houve uma partilha de experiências, do Saber e do Saber Fazer. Verificou-se um grande interesse pela organização dos livros de ponto, dos dossiers dos Diretores de Turma e, sobretudo, pelos conteúdos programáticos do 12.º ano. 27

Esta experiência só trouxe benefícios quer a nível profissional, quer a nível pessoal para todas as partes envolventes. Houve aprendizagem de conteúdos, partilha de conhecimentos e informações, vontade de saber mais. Assim, julgo pertinente que se continue a investir em projetos como este, pois além da originalidade que induz à motivação, outra das mais-valias é o despertar para uma realidade bem diferente da nossa e a partilha de saberes”.

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CONSCIÊNCIA DA PLURALIDADE NO ENSINO Apesar de ter iniciado a sua intervenção no ensino moçambicano com ações de formação destinadas a professores do Ensino Secundário e de Institutos de Formação de Professores, no decorrer da sua ação em Moçambique, o Projeto Pensas detetou a necessidade, corroborada pelas entidades locais intervenientes, de alargar a sua área de intervenção. Foi desta forma que surgiu, em 2010, o projeto de desenvolvimento curricular, um trabalho que prevê a reestruturação do currículo do Ensino Primário, e o projeto Laços de Lusofonia, visando a geminação de escolas técnicas do país com escolas portuguesas.

Desenvolvimento curricular O desenvolvimento curricular do Ensino Primário é uma das intervenções que o Projeto Pensas está a levar a cabo, tendo-se constituído, para isso, como entidade parceira do INDE. Um novo currículo está a ser desenhado e irá contribuir, no futuro, para a introdução de alterações ao nível do 2.º grau de ensino. O objetivo é trabalhar para que a monodocência seja uma realidade em Moçambique, com um professor por turma, proporcionando um ensino mais centrado no aluno. Atualmente, muitos professores dividem-se por várias turmas o que impede um conhecimento mais profundo do aluno e, por consequência, uma mais fácil identificação das dificuldades.

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Geminação de Escolas Técnicas Em 2012, o trabalho de parceria que o Pensas, o Projeto de Apoio ao Ensino Técnico-Profissional e o MINED vêm realizando vai alargarse ao Ensino Profissional, através da implementação de um projecto de geminação de escolas técnicas entre Moçambique e Portugal, chamado “Laços de Lusofonia”, que conta também com o apoio do IPAD e da Fundação Portugal África. O projeto tem como principal objetivo potenciar a troca de experiências e conhecimentos ao nível do ensino e da aprendizagem, criando uma relação entre as escolas que irão ser geminadas. Pretende ainda identificar as dificuldades e trabalhar os módulos a lecionar no sentido de colmatar as lacunas existentes em cada escola. A PEA implementada pelo Pensas em Moçambique servirá de base à geminação e à troca de conhecimentos entre as escolas. Numa primeira fase, serão geminadas cinco escolas portuguesas e cinco escolas moçambicanas, com áreas de estudo semelhantes: Escola Profissional Domingos Sávio de Inharrime e Escola Profissional da Mealhada; Instituto Médio Agrário do Chókwè e Escola Profissional de Santo Tirso; Instituto Médio Agrário de Boane e Escola Profissional de Abrantes; Escola Profissional da Ilha de Moçambique e Escola Profissional de Alcobaça; Escola Profissional Familiar Rural de Honoíne e Escola Profissional de Fermil.

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INFORMAÇÃO E INOVAÇÃO - Os recursos didáticos

Manuais Para uma adequada formação dos professores abrangidos pelo Projeto Pensas, as várias ações desenvolvidas assentam em suportes físicos – manuais, fichas de atividades, e uma plataforma online onde são disponibilizados diversos materiais e ligações para vários outros recursos disponíveis na Internet. As ações de formação têm como suporte vários manuais desenvolvidos pelo Projeto Pensas: quatro de Língua Portuguesa e três Matemática, até ao final de 2011. Os conteúdos destes manuais foram cuidadosamente estudados, com o intuito de garantir que não existisse nenhuma rutura com seu público-alvo e, desta forma, que o trabalho realizado fosse ao encontro das suas necessidades. Os enunciados dos exercícios e os exemplos relativos aos esclarecimentos teóricos são baseados, sempre que possível, na realidade cultural moçambicana, já que o facto de os formandos se identificarem com o programa das formações aumenta a probabilidade de os conhecimentos serem devidamente apreendidos. Novos manuais estão a ser trabalhados, procurando ir ao encontro do feedback que o Projecto Pensas vai recebendo por parte dos professores. Também os temas das formações têm tido em conta as suas sugestões, sempre no sentido de procurar dar a resposta 32

mais adequada às (consideradas pelos próprios professores) debilidades no conhecimento científico e didático-pedagógico. A análise dos diferentes temas é feita, por norma, através da resolução de exercícios e da posterior análise de fichas informativas. Este processo tem sido o escolhido face à necessidade de, num primeiro momento, se identificarem o máximo de dificuldades dos formandos para que, depois de esclarecidas as dúvidas, se consolidem os esclarecimentos teóricos. No caso da Língua Portuguesa, atendendo a que, neste país, esta se define como segunda língua - L2 e não como língua materna LM, são vários os problemas linguísticos que advêm desta realidade. Tendo em consideração o mosaico linguístico de todas as Províncias de Moçambique e a pluralidade das línguas bantu existentes, é inevitável que determinadas construções linguísticas se transponham para a língua oficial do país: a Língua Portuguesa. A partir dos manuais elaborados, sempre utilizados como suporte de trabalho, trataram-se e resolveram-se exercícios subordinados a estas problemáticas e outras sugeridas pelos professores participantes. Já no que respeita à Matemática, as ações de formação têm incidido em temáticas como “Geometria no plano e no espaço: uma abordagem pedagógica”, subdividida em duas partes: “Geometria Analítica” e “Lugares Geométricos”. A Geometria assume um papel de ligação entre vários ramos matemáticos como a Álgebra, o Cálculo e a Estatística. A utilização 33

de novas tecnologias comprova-o. O software de geometria dinâmica, Geogebra, recurso utilizado durante as formações, tem potencialidades que revolucionaram os modos de resolução de problemas e de exploração de situações, bem como as próprias conceções de demonstração. Por isso, muitos dos exercícios propostos, foram pensados e perspetivados para a sua utilização, ainda que não se tenha descuidado a sua resolução a lápis e papel. Outra ferramenta tecnológica que poderá, com vantagem, ser utilizada no processo de ensino-aprendizagem é o Graph. Este software foi também utilizado e enquadrado no subtema “Geometria Analítica”. Pretende-se, ao trabalhar com estes programas, dar uma perspectiva do software existente e apresentar as suas potencialidades no tratamento destes temas. É importante aproveitar todas as oportunidades para discutir com os professores formas de pensar matematicamente, assim como formas de transmitir o conhecimento matemático. Este último aspeto revelou-se uma das maiores problemáticas dos professores atendendo a que, no caso de Moçambique, estas são acrescidas por algumas dificuldades existentes no seu domínio da Língua Portuguesa. Assim, durante as ações de formação, sempre que oportuno, lança-se aos professores o desafio “Simulação de aula”. Este exercício consiste na proposta de uma abordagem pedagógica relativa a um 34

conteúdo matemático específico. Deste modo, cria-se um espaço de reflexão e discussão sobre estratégias através das quais o professor pode induzir o aluno a construir o seu conhecimento matemático e a desenvolver raciocínios.

Internet Todos os Centros Pensas estão equipados com computadores e acesso à Internet, ferramentas de grande importância para complementar os conteúdos dos manuais fornecidos nas formações. Programas como o hotpotatoes, usado ao serviço da Língua Portuguesa e como o graf e o geogebra, para a Matemática, são também usados como auxiliares-pilar nestas formações.

Plataforma de Ensino Assistido (PEA) Também através da Internet, os formandos podem ter acesso à PEA - Plataforma de Ensino Assistido, um espaço de partilha de recursos e acesso a um conjunto de ferramentas disponibilizadas pelo Pensas. A mais importante destas ferramentas é, possivelmente, os modelos geradores de questões, um recurso utilizado nas formações, quer como teste diagnóstico, quer como avaliação dos conhecimentos adquiridos. Através desta ferramenta é possível criar testes – diagnósticos ou de avaliação – com recurso a um conjunto de perguntas geradas de forma aleatória, sobre os conteúdos estudados. 35

Esta plataforma serve ainda de suporte às Competições Regionais de Português e Matemática. Aqui os professores podem efetuar o registo de equipas e realizar provas de treino com os seus alunos. É também através da PEA que se realizam as competições em rede.

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ABRANGÊNCIA NA LUSOFONIA B i e n a l d e A p re n d i za ge m d a M ate m át i c a , Po r t u g u ê s e Tecnologias Com uma primeira edição no ano de 2007, a Bienal da Aprendizagem da Matemática e do Português realiza-se a cada dois anos num país da CPLP, tendo passado já por Moçambique, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. Este encontro surgiu enquadrado nos grandes objetivos da Cooperação Portuguesa de promoção da língua e do intercâmbio cultural e científico no espaço lusófono, contribuindo para um debate de ideias sobre o ensino estas duas disciplinas fundamentais, Português e Matemática, bem como na área das Tecnologias, cuja importância e potencial pedagógico e didático são cada vez mais incontornáveis. A aprendizagem do Português e da Matemática, sendo matérias curriculares chave, são essenciais para o desenvolvimento sustentável das sociedades dos países lusófonos. Associá-las a novas abordagens metodológicas e às novas tecnologias disponíveis tem vindo a provar-se ser uma aliança bem sucedida, quando fundamentadamente abordada. Ao mesmo tempo, esta bienal tem servido o propósito de ajudar a estreitar laços entre os profissionais e instituições dos vários países participantes. O número de países participantes, a qualidade dos trabalhos apresentados e o êxito das intervenções e sessões paralelas à agenda de trabalhos têm sido superados a cada ano. Importa referir que esta Bienal é patrocinada maioritariamente com fundos da CPLP, tendo sido reconhecida como relevante para o incremento das relações dentro desta comunidade. 38

DINÂMICA E DIVERSIDADE NA APRENDIZAGEM INFORMAL E NÃO FORMAL Ensino Experimental das Ciências A importância do trabalho de laboratório no ensino das Ciências ocupa um papel indiscutível no processo de aprendizagem. Em colaboração com o MINED, o Projeto Pensas está a desenvolver um trabalho de promoção do Ensino Experimental das Ciências, dinamizando o ensino desta área do saber através da utilização de novas técnicas e do desenvolvimento de novas competências nos docentes. Num conjunto de missões realizadas em escolas, técnicos do MINED e elementos do Pensas realizaram vários trabalhos laboratoriais, relacionados com os programas em vigor, para as diferentes disciplinas do grupo a que se destina a formação, promovendo a capacidade de inovação.

Bancada de Ciências Móvel Este trabalho culminou com a instalação de uma primeira Bancada de Ciências Móvel, em Maputo, equipada com um conjunto de materiais que permitem a realização de experiências nas áreas da Física, Química e Biologia. Ao proporcionar um espaço de trabalho independente, a Bancada de Ciências Móvel pode ser utilizada em diversos contextos – sala de aula, exterior, exposições… - constituindo-se como um veículo privilegiado para o contacto dos alunos, de forma prática, com estas áreas do saber. 39

Ao promover o contacto das crianças com as Ciências, permitindolhes manipular equipamentos e materiais característicos, a Bancada leva ao desenvolvimento de competências laboratoriais, num contexto lúdico e mais apelativo. Ao mesmo tempo, estimula os seus utilizadores a desenvolverem um olhar mais crítico sobre os fenómenos que os rodeiam, mostrando de que forma estes podem ser explicados cientificamente.

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PROGRESSÃO EQUILIBRADA Competições: EQUAmat@moz, Pensar@Língua e M@tMoz As questões do insucesso escolar, em particular na disciplina de Matemática, estão na ordem do dia. Conhecer as suas causas e encontrar formas de as combater é uma prioridade em todos os graus de ensino. Foi com base nesta perspetiva que nasceu em Moçambique, anos antes do Projeto Pensas, a EQUAmat@moz, uma competição nacional de Matemática que utiliza as ferramentas informáticas existentes e adapta os conteúdos ao programa escolar moçambicano. Posteriormente, esta competição foi integrada no Pensas. Ano após ano, o Projeto realiza em Maputo, em articulação com o Ministério da Ciência e Tecnologia, as Competições Nacionais de Matemática em Moçambique, uma iniciativa que permite aos alunos de todo o país competirem usando a rede informática instalada. O ensino da Matemática de forma lúdica torna a disciplina mais atraente, permitindo formar alunos participativos, críticos e confiantes no modo como lidam com esta matéria. A exigência e a preocupação com a inclusão de todos os alunos, a criação de uma mentalidade que valorize o esforço e respeite os ritmos de aprendizagem dos alunos são os objetivos que estão por detrás desta competição, permitindo uma aprendizagem mais atrativa e interativa das matérias lecionadas.

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Competições Regionais As Competições Regionais de Língua Portuguesa e Matemática são um dos momentos mais importantes do trabalho do Pensas ao longo do ano letivo. Começaram em 2009 na cidade da Beira, testando apenas conteúdos da disciplina de Matemática, tendo-se estendido no ano seguinte à cidade de Nampula, acrescendo aos conteúdos de Matemática os de Língua Portuguesa, e em 2011 à cidade de Inhambane. É objetivo da equipa do Projeto alargar este desafio a todos os centros Pensas, garantindo antes que as condições físicas o permitem. Desta forma, o Projeto Pensas realiza, em setembro de cada ano, uma competição de Português e uma de Matemática em cada uma destas cidades, atividades que, no seu todo, chegam a um total de 375 alunos. Antes disso, nos meses que antecedem as provas de competição, são desenvolvidas várias sessões semanais de treinos de preparação, por forma a cimentar os conhecimentos adquiridos e estimular a aprendizagem, não só das disciplinas em questão, mas também das novas tecnologias, ferramenta fundamental para a realização destas atividades. Estas sessões de treinos, passam por uma fase de registo dos alunos participantes e dos professores entretanto eleitos pelas escolas como responsáveis por disciplina e, que, por sua vez, se tornam depois os responsáveis pelos alunos ao longo de todo o ano letivo. 44

De acordo com um calendário estipulado, estes professores acompanham os alunos aos respetivos Centros e procedem ao esclarecimento das suas dúvidas, quando as formadoras não se encontram no local. Estas Competições pretendem estimular a capacidade de organização e motivação das escolas que gravitam em torno dos Centros Pensas, incentivando-as através de novas e dinâmicas formas de ensinoaprendizagem. A autonomia legada a várias entidades de cada Centro é, sem dúvida, a concretização viva dos objetivos inicialmente traçados.

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CUMPLICIDADE E DIÁLOGO NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO O caso particular da Reunião de Centros Pensas A avaliação é um processo que não passa desvelado. Existem reuniões, por norma anuais, com o objetivo de efetuar um balanço do trabalho realizado. Nestes encontros, os diretores de Centro e os responsáveis pelo Projeto Pensas avaliam os procedimentos entretanto aplicados, por forma a decidir sobre a sua continuidade ou necessidade de substituição por outros mais eficientes ou ajustados. De salientar que cada Centro tem particularidades e características próprias, às quais o Pensas não é indiferente, pelo contrário, respeita-as integramente. Nestas reuniões, recolhem-se as opiniões dos diferentes intervenientes, procurando compreender todas as suas necessidades. Este é um projeto que assenta as suas preocupações e anseios na adequação dos conteúdos e tecnologias ministradas à realidade do seu público-alvo. Pretende-se que os seus beneficiários possam usufruir de uma aplicabilidade no seu contexto de trabalho - se não de todos, pelo menos da maior parte - dos conceitos apreendidos. Para além destas reuniões, são realizados inquéritos frequentes a professores, nas sessões de formação em que participam e, a alunos, nas Competições e sessões de treinos.

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COMUNICAÇÃO E TRANSPARÊNCIA O Projeto Pensas procura que todo o trabalho realizado no âmbito das suas atividades tenha visibilidade junto dos seus intervenientes, colaboradores, financiadores, e do público em geral. Por essa razão, foi criado um conjunto de canais de comunicação que servem o propósito de levar mais longe a ação do Pensas. Um projeto que vive, em boa parte, do importante contributo das Novas Tecnologias não pode deixar de apostar na Internet, com um site – www.pensas.ac.mz – onde estão compiladas as principais informações referentes ao Pensas, às suas actividades e aos recursos didáticos disponíveis. Também o Facebook – www.facebook.com/pensas.mz – serve este propósito, servindo de canal de divulgação das iniciativas do Pensas e de contacto entre os vários membros integrantes e apoiantes deste projeto. A par com estes meios, surgiu, em 2010, a Revista Pensas, uma publicação semestral que aborda o trabalho do Projeto, dando destaque não só às atividades realizadas mas também à ação e convicção de algumas das figuras mais importantes nas áreas da Educação e da Cooperação, os campos fundamentais onde o Projeto Pensas se move. É, muitas vezes, pela voz destes académicos, decisores e opinion-makers que é traçado o retrato local e se traduzem os efeitos da intervenção do Pensas em Moçambique.

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Com o objetivo de alargar o âmbito da comunicação de ciência ao público em idade escolar já realizada pelo Projeto Pensas – através, por exemplo, das Competições de Português e Matemática – está a ser desenvolvido um programa de rádio e televisão, destinado aos jovens portugueses e moçambicanos. Este programa foi batizado de “Geração 2030”, por ter como principais destinatários os jovens de hoje e incentivá-los a tornarem-se os cientistas de 2030. Recorrendo a conteúdos, investigadores e imagens de apoio capazes de despertar o interesse dos jovens alunos em ambos os países, o “Geração 2030” comunica temáticas científicas como algo acessível e excitante, sem comprometer o rigor da matéria veiculada. O objetivo passa por estabelecer uma relação de proximidade entre os jovens e a ciência, criando neles um interesse pelas matérias transmitidas e preparando-os para serem os cientistas do futuro.

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