Manufactura de Réplicas Azulejares Igreja Paroquial das Mercês - Conservação e Restauro

May 25, 2017 | Autor: M. Filipe da Silva | Categoria: Cultural Heritage Conservation, Conservação e restauro, Tiles
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Descrição do Produto

Manufactura de Réplicas Igreja Paroquial das Mercês - Capela Mortuária de António de Sousa Macedo

Relatório Técnico

Licenciatura em Conservação e Restauro Técnicas do Azulejo II

Margarida Filipe da Silva Junho 2016

Manufactura de Réplicas Igreja Paroquial das Mercês - Capela Mortuária de António de Sousa Macedo

Licenciatura em Conservação e Restauro Ramo de Revestimentos Arquitectónicos

Técnicas do Azulejo II Professora Cidália Bento

Relatório Técnico por Margarida Filipe da Silva Nº 360425

Ano Lectivo 2015/2016

Manufactura de Réplicas Igreja Paroquial das Mercês - Capela Mortuária de António de Sousa Macedo

Índice

1 Introdução ………………………………………………………………………… 3 2 Contextualização ……………………………………………………………..… 4 3 Metodologias e Procedimentos …...……………………………………….… 5 3.1 Do amassar do barro à secagem e nivelamento ………………….… 5 3.2 Primeira Cozedura …………………………………………………………... 8 3.3 Escolha da Pasta ………………………………………………………….… 9 3.4 Formulação e Aplicação de Vidrado …...………………………….… 10 3.5 Pintura de Majólica Policromada e Figurativa ………………………. 11 4 Réplicas de Majólica Polícroma de Tapete …………………………….… 12 5 Réplicas de Majólica Polícroma Figurativa ……………………………..… 17 6 Réplicas de Azulejo Branco Monocromático …………………………….. 23 7 Réplicas de Azulejo de Vidrado Colorido Azul ………………………...… 25 8 Segunda Cozedura ……………………………………………………………. 27

9 Observações Finais …………………………………………………………….. 28 10 Bibliografia ……………………………………………………………………… 29

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1 Introdução O presente documento tem como objectivo apresentar uma sucinta e rigorosa descrição do trabalho realizado na disciplina de Técnicas do Azulejo II, especificamente a manufactura de réplicas a aplicar na intervenção de conservação restauro coexistente, no revestimento azulejar da Capela Mortuária de António de Sousa Macedo, Igreja Paroquial das Mercês. Esta intervenção realizou-se no âmbito da disciplina de Prácticas da Conservação e Restauro II. A componente interdisciplinar das duas disciplinas, proporcionou um trabalho em paralelo ao longo do primeiro e segundo semestres lectivos. Foram manufacturados 4 tipos diferentes de réplicas: majólica polícroma de tapete, majólica polícroma figurativa, vidrado colorido uniforme, e vidrado esmaltado de base branca. Considerando que a o processo de manufactura de réplicas é igual até à fase de primeira cozedura e aplicação de vidrado, segue-se uma descrição geral do processo, e nos pontos seguintes a descrição individual dos processos de formulação de tintas.

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2 Contextualização

As réplicas realizadas, são para aplicação no conjunto azulejar que reveste o tecto da Capela Mortuária de António de Sousa Macedo – tecto em abóbada de berço. Tecnicamente, pode dizer-se que se trata de cerâmica de revestimento, aplicação de técnica de majólica manufacturada, lastra com técnica de conformação e, quanto à decoração, vidro cru sobre chacota e pintura sobre vidrado. A base cromática dos azulejos que revestem o tecto é de tom branco/ bege, azulejos de cercadura tipo tapete, e painéis figurativos. A maioria das réplicas serão executas para substituir peças azulejares já muito danificadas, locais de lacuna azulejar, e azulejos com área de falha de vidrado superior a 50%.

Figura 1 Vista Geral Estado de Conservação da Capela Mortuária

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3 Metodologia e Procedimento 3.1 Do Amassar do Barro à Secagem e Nivelamento Para a execução dos diferentes tipos de réplica, foram utilizadas pastas diferentes. Neste ponto será descrito o processo, desde o amassar do barro até à secagem e nivelamento, não fazendo referência ao tipo de pasta – Esta identificação e respectiva justificação será feita nos respectivos capítulos de tipo de réplica. Começa-se por cortar um pedaço de barro com o garrote (de fio metálico ou nylon). O barro é amassado à mão, enrolando devagar sempre mantendo um formato cilíndrico, com os braços esticados sobre a mesa forrada de tecido – a força da mão é exercida nas palmas, sendo que os dedos apenas acompanham o movimento. A lastra é estendida com um rolo de madeira, recorrendo a duas bitolas de madeira da mesma espessura do azulejo que se pretende replicar, de seguida, a lastra é passada para uma placa de madeira, onde é cortada. O corte é feito com uma faca ou placa de corte, com base num molde (o molde deve ter as medidas previamente calculadas, atendendo à contração da pasta em causa) – o corte deve ser feito o mais verticalmente possível, e, quando feito com faca de corte, deve ser feito das extremidades até ao meio, evitando sempre a deformação da peça. Posteriormente, os azulejos são empilhados, separados por folhas de jornal (máximo de 10 azulejos por pilha), com e dois a três azulejos de chacota industrial por cima, de forma a criar pressão e, mais uma vez, evitar deformação nas peças durante a secagem. O processo de secagem deve ser um processo lento, evitando ambientes de calor, e a sua duração depende do peso e volume das peças, podendo ainda assim definir-se como duração média um período de duas semanas. Após o período de secagem, estando as peças em fase de dureza de couro, os azulejos são nivelados com lixa de papel (foi utilizada lixa P 240) – de forma a deixar as superfícies lisas, principalmente a face nobre e arestas laterias. Note-se que, sendo a dureza de couro a fase em que a peça está mais susceptível, o manuseamento deve ser o mais cuidadoso possível.

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Figura 2 Amassar do Barro.

Figura 4 Corte da Lastra com faca de corte.

Figura 3 Estender a Lastra.

Figura 5 Teste de Contração da Pasta R2.

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Figura 6 Secagem.

Figura 7 Chanfrar do Azulejo.

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3.2 Primeira Cozedura Depois de niveladas, as peças são cuidadosamente colocadas dentro da mufla (forno eléctrico), homogeneamente distribuídas em pilhas (separadas por finas tiras de azulejo de chacota industrial e não em gazete), distribuindo o peso das peças da melhor forma possível para evitar danos durante a cozedura, e para que o calor seja bem distribuído – desta forma a humidade dos azulejos evapora de forma correcta. Abaixo apresentam-se os ciclos de correspondente ao Programa 4 da mufla: Ciclos 1ª 2ª 3ª

Figura 8 Azulejos Pasta P antes de enfornar.

cozedura

Temperatura (Cª) 180ª C 600ª C 1020ª C

de

chacota,

Tempo (min) 240 min 250 min 150 min

Figura 9 Enfornar de azulejos Pasta P.

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3.3 Escolha da Pasta Foram testadas três pastas diferentes, duas delas recicladas, pelo que não existem dados a apresentar sobre a composição – R1 Reciclagem I e R2 Reciclagem II. A terceira pasta a ser testada foi a pasta P – PYBC. Inicialmente, devido à coloração e estabilidade, foram seleccionadas a pasta P e R2. Acabou por existir uma contaminação numa fornada de pasta P + pasta R2, e, por isso,e pela estabilidade que as peças acabaram por apresentar, os azulejos de Pasta R2 acabaram por ser os utilizados para a manufactura de réplicas. Abaixo apresentam-se as contrações de cada pasta testada: Pasta P R1 R2

Figura 10 Contração/ Resultado Pasta R1.

Contração (em 10 com) 0,9 cm 0,6 cm 0,7 cm

Contração (%) 9% 6% 7%

Figura 11 Contração Pasta P, R1 e R2.

Figura 12 Contração Pasta R2.

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3.4 Formulação e Aplicação de Vidrado O passo seguinte para a manufactura das réplicas de majólica policroma, foi a formulação de vidrado base. O vidrado é uma mistura de vários óxidos ligados sob forma de silicato. Para a sua formulação, são pesados e misturados os componentes pretendidos (comercializados em forma de pó). A seguir, adiciona-se água até atingir a consistência adequada – a proporção de água pode varia consoante a chacota a que se destina a aplicação e respectiva capacidade de absorção. Deve forçar-se o assentamento de partículas do preparado de vidrado, eliminando bolhas ou grumos, para evitar defeitos de fabrico. Começase por humedecer a face nobre do azulejo com uma esponja, e deslizase a face nobre sobre o preparado, da forma mais rápida e eficaz possível, conferido um acabamento liso – O vidrado seca com muita rapidez. Logo a seguir, devem ser removidos os excessos de vidrado do tardoz e laterais do azulejo.

Figura 13 Produção de Diferentes Vidrados.

Figura 15 Passagem de Esponja Humida..

Figura 14 Produção de Vidrado MIX.

Figura 16 Aplicação de Vidrado. 10

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3.5 Pintura de Majólica Polícroma de Tapete e Majólica Figurativa A pintura de réplicas requer bastante rigor, pelo que se começa por desenhar o azulejo a reproduzir, numa folha de papel vegetal. O desenho deve começar por ser feito in loco, de forma a garantir que a peça a replicar, tem um resultado coerente com os azulejos que o irão rodear. Depois em oficina, o desenho é aperfeiçoado. A folha de papel vegetal com o desenho final, é picotada (com picote de ponta fina) sobre uma placa de esferovite. O vegetal picotado é colocado sobre o azulejo já vidrado – sem ferir a face nobre - e é estargido com uma boneca de grafite. Antes de iniciar a pintura, devem ser experimentados vários pincéis até encontrar os melhores para o tipo de pintura a executar – neste processo de manufactura, recorreu-se a pincéis de contorno com depósito, pincéis de enchimento só com um nível de pelo, pincéis de pelo de esquilo e de coelho. A tinta deve estar dentro de um recipiente controlado, e deve ser mexida entre cada pincelada, evitando depósitos. A pincelada deve ser decidida e contínua, as linhas de contorno não devem ser interrompidas. Em caso de necessidade de correcções, deve-se raspar e soprar com cuidado as áreas a apagar, ou utilizar um pincel de pelo curto e rijo seco. – Este processo nem sempre é eficaz, devido à velocidade a que o vidrado absorve a cor. A pintura pode ser executada sobre taipal, ou sobre uma mesa, recorrendo a três bitolas, duas de cada lado do azulejo, e uma terceira pousada em cima das duas, permitindo um apoio fixo à mão que está a desenhar.

Figura 17 Estargir do desenho e passagem para o azulejo.

Figura 18 Testes de Pincéis num azulejo de base de apoio.

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4 Majólica Polícroma de Tapete

Abaixo apresenta-se os dados de formulação de vidrados, para a manufactura de azulejos de cercadura de tapete: A B C D E F G

VR 2662 (100%) VR 2662 (50%) + VR 3653 (50%) VR 101 (100%) VR 101 (95%) + VR 3653 (5%) VR 2662 (70%) + VR 3653 (30%) BCM 19566 (50%) + GL 2662 (50%) VR 29722 (100%)

Perante os resultados obtidos nas primeiras experiências, e tirada a conclusão de que nenhum dos vidrados se adequava, foi tomada a decisão de fazer uma nova experiência – Vidrado MIX, que acabou por ser o eleito para a manufactura de réplicas de majólica policromada: VIDRADO MIX VR SÉC. 17 A VR 3653 VR 2662 – Contratipo J. Braz 2203 VR SÉC. 17 Tr 17

31,25 % 6,26 % 31,25 % 31,25 %

Dada resposta à escolha e formulação do vidrado, e respectiva aplicação, segue-se o processo de pintura dos azulejos de réplica. Foi realizado apenas um azulejo desta tipologia, pelo que o desenho for acertado in loco.

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Abaixo apresenta-se os dados de formulação de cores: AMARELOS I II II1 II2 II3 VII1 VII2 VII3

Azuis III IV V VI1 VI2 VI3

Referência 31 J.B.C. M201 M203 M201 M203 M201 M203 M201 M203 M280 M203 M280 M203 M280 M203

Pigmento (%) 100% 94% 6% 97% 3% 98% 2% 99.2% 0.8% 50% 50% 33.3% 66.7%

Pigmento (g) 3g 11.5 g 0.75 g 13.8 g 0.45 g 14.25 g 0.3 g 37.95 g 0.3 g 3g 3g 1.5 g 3g

Referências M512 M583 M513 M583 M512 M583 M512 M583 M512

Pigmento (%) 100% 100% 100% 50% 50% 25% 75% 75% 25%

Pigmento(g) 3g 3g 3g 3g 3g 1.5 g 4.5 g 4.5 g 1.5 g

Água (ml) 9 ml 6 ml 18 ml 18 ml 18 ml 9 ml 9 ml

Água (ml) 9 ml 9 ml 9 ml 9 ml 9 ml 9 ml

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9 ml Azul

VI2

Em vidrado MIX

Amarelo

18 ml

23 ml

29 ml

36 ml

Não Resulta

Resulta

Não Resulta

Resulta

Resulta

Não Resulta

Resulta

Não Resulta

Não Resulta

Não Resulta

Não Resulta

Resulta

-

VII2

Em Vidrado MIX

Amarelo

13 ml

II3

Em Vidrado MIX

-

-

-

-

-

-

-

-

Não Resulta

Foram selecionados o Amarelo II3 (a 11,5 ml de água) e o Azul VI 2 (a 18 ml de água). Apesar de não ter tido aplicação prática, apresentam-se ainda as experiências de azulejo de cercadura de Dentes de Lobo:

Azul

VI1

13 ml

18 ml

23 ml

Resulta/ Não Resulta

Resulta/ Não Resulta

Resulta/ Não Resulta Resulta

Não resulta Amarelo

VII2

-

29 ml

36 ml

Resulta

Resulta

Não Resulta

Não Resulta Não Resulta

Amarelo

II3

-

Não Resulta

Não Resulta

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Figura 19 Pesagem de Pigmento.

Figura 20 Diluição Pigmento Amarelo/ Água.

Figura 21 Recipientes de Azul e amarelo.

Figura 22 Exposição de Amostras Pasta/Vidrado/Cor..

Figura 23 Réplicas antes da 2ª cozedura.

Figura 24 Réplicas depois da 2ª cozedura. 15

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Figura 25 Desenho em Vegetal para Réplica de Cercadura.

Figura 25 Acerto de desenho para réplica de cercadura com base num original.

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5. Majólica Polícroma Figurativa

Foram feitas 4 réplicas, duas réplicas com raios do sol (figura central) e duas da inscrição que rodeia o mesmo. O vidrado selecionado para as réplicas desta tipologia foi o vidrado A – VR 2662 (100%).

Apresentam-se as fases de experimentação de cores: AMARELO 1

OCRE 2 3 4

MANGANÊS 5 6 7

PIGMENTO M 203 M 229

(g) 10 g 5g

(%) 85 % 15 %

Pigmento M234 AF780 M203 M722 M 201 AF780

Pigmento (%) 90 % 10% 90 % 10% 85 % 15 %

ÁGUA (ml) 10 ml

Pigmento AF 782 TR 29 M 728 M 722

Pigmento (%) 85 % 15 % 100 % 100 %

Água (ml)

10 ml 10 ml

10 ml 10 ml 10 ml

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Cores II3 6g 9 ml* II3 + 3 (6g e 10ml)

M 731 A 6g 10 ml M 731 A 5g M 512 1g 10 ml Total 1 M 731 A + II3 + 3 Total 2 M 731 A + M 512 + II3 + 3 (5) AF 782 6g 10 ml (5)AF 782 5g M 512 1g 10ml DM 6g 10 ml DM 5g + M 512 1g 10 ml Total 3 5 + 3 + II3 Total 4 5 + M 512 + 3 + II3 Total 5 DM + 3 + II3 Total 6 DM + M 512 + 3 + II3

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Numa segunda fase de experiências:

a) II3 (amarelo) + 3 (ocre) Ocre já estava feito e seco, juntaram-se 10 ml de água;

b) II3 Era o amarelo de 18 ml, mas não estava totalmente seco, juntaram-se 9ml de água;

c) M731A Juntaram-se 10 ml de água;

d) M731A (5g) + M512 (1g) Juntaram-se 10 ml de água;

Por terem surgido ainda algumas dúvidas (as cores foram testadas separadamente), realizaram-se experiências com as cores sobrepostas, e uma nova experiência de manganês: Total 1: M731A + II3 + 3; Total 2: (M731A + M512) + II3 + 3; Total 3: Manganés 5 + 3 + II3; Total 4: Manganés 5 + M512 + 3 + II3; Total 5: DM + 3 + II3; Total 6: (DM + M512) + 3 +II3.

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Como as experiências de cor individuais foram feitas numa aula, e os totais noutra, o manganés secou, portanto adicionou-se a 6g de pigmento (AF732 67% E TR29 33%) 10 ml de água. A mistura entre o M731A e o M512 também já estava seca, juntou-se por isso 10 ml de água também. Para o DM (dióxido e manganés) do Total 5 juntou-se 6 g de DM a 10 ml de água. No Total 6, DM + M512, juntou-se 5g de DM a 1g de M512. Como os resultados ainda não eram adequados, realizaram-se novas experiências, alterando a proporção de azul: C1: M731A (5g) + M512 (1g) + M703 (1,2g – 20%) – 12 ml; C2: M731A (5g) + M512 (1g) + M703 (1,8g – 30%) – 13 ml; C3: M731A (2,5g) + M512 (0,5g) + M703 (1,35- 45%) – 7,5 ml; C4: M731A (1,75g) + M512 (1,25g) + M703 (0,45g – 15%) – 1, 5 ml. Note-se que o C3 e C4 teriam metade da quantidade programada devido ao excesso observado no C1 e C2, mantendo-se proporcionais. Em conclusão as cores selecionadas para a execução destas réplicas foram: Amarelo: II3: 18 ml; Manganés: 5 (AF731 -10g + TR29 – 5g) 10 ml; Ocre: 3 (M203 – 5,4g + M722 – 0,6g) 10 ml;

Figura 26 Amostras Azulejos do Sol.

Figura 27 Comparação de Amostras com original.

Figura 28 Testes Azulejos do Sol

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Figura 29 Desenho Preparatório Réplicas do Sol.

Figura 30 Réplicas do Sol.

Figura 31 Desenho Preparatório Réplicas Sol.

Figura 32 Réplicas do Sol.

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Figura 33 Réplicas do Sol já aplicadas.

Figura 34 Réplicas do Sol já aplicadas.

Figura 35 Zona do Sol, com todas as réplicas assentes. 22

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6 Réplicas de Azulejos Brancos Monocromáticos Estas réplicas foram as que foram feitas em maior quantidade. Utilizou-se como base de estudo para a escolha deste vidrado, os vidrados testados para a execução das réplicas já descritas – Foram testados comparativamente com peças originais, e seleccionaram-se os vidrados A (VR 2662 100%) e B (VR 2662 50% + VR 3653 50%). Mesmo assim, sentido variações significativas de tom, decidiu-se alterar as proporções do vidrado B para VR 2662 70% + VR 3653 30% - Passando a chamar-se Vidrado N. A pasta P foi a selecionada, mas devido a um erro durante a cozedura, os azulejos adquiriram características da pasta R2, por contaminação. Como as peças sofreram alterações de tamanho e coloração, foi feita uma selecção rigorosa dos azulejos que podiam ainda ter utilidade práctica. Para colmatar a falta de peças da fornada anterior, foram testados os vidrados A e N na pasta R2, para haver certeza de que as alterações não eram significativas. Conclui-se que o vidrado N tem um tom acinzentado, e o vidrado A um tom mais amarelo. Considerando a heterogeneidade de coloração dos azulejos originais do revestimento, decidiu-se produzir metade do número de réplicas num vidrado, e e metade noutro. Posteriormente procedeu-se ao corte dos azulejos, quando necessário para aplicação. Em conclusão, os vidrados selecionados para esta tipologia de réplica, foram: Vidrado A: VR 2662 (100%); Vidrado N: VR 2662 (70%) + VR 3653 (30%).

Figura 36 Vidrar de Réplicas Vidrado A.

Figura 37 Comparação Vidrados A e N com original.

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Figura 38 Réplicas de Vidrado A e Vidrado N.

Figura 39 Réplicas de Vidrado A e Vidrado N já assentes.

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7 Réplica Azulejo de Vidrado Colorido Azul Foi necessária a manufactura de uma réplica de 7cm x 14 cm para a barra azul quadrada que envolve a parte figurativa centra. Esta réplica foi feita com técnica de aplicação de vidrado colorido. A sua aplicação é feita consoante o processo já descrito. O vidrado colorido é composto por um vidrado base branco, e pigmento. Neste caso, utilizou-se a proporção 80% vidrado para 20% pigmento. Foram feitos 8 testes: 1 - M583 (22,5%) + M527 (77,5%) com Vidrado TR 81; 2 - AF583 (43,3%) + AF580 (43,3%) + M703 (13,3%) com Vidrado TR 81; 3 - TR81 (99,4%) + OC (0,6%) com Vidrado TR 81; 4 - TR81 (99,3%) + OC (0,7%) com Vidrado TR 81; 5 - M583 (22,5%) + M527 (77,5%) com Vidrado MIX; 6 - AF583 (43,3%) + AF580 (43,3%) + M703 (13,3%) com Vidrado MIX; 7 - TR81 (99,4%) + OC (0,6%) com Vidrado MIX; 8 - TR81 (99,3%) + OC (0,7%) com Vidrado MIX; Designou-se que os 80% de vidrado corresponderiam a 30g, e os 20% de pigmento corresponderiam a 7,5g de pigmento. Em conclusão, a amostra selecionada foi a número dois, correspondente a AF583 (43,3%) + AF580 (43,3%) + M703 (13,3%) com Vidrado TR 81. Vidrou-se assim um azulejo de 14 cm x 14 cm que foi depois cortado.

Figura 40 Experiências para Réplicas de Vidrado Colorido Azul. 25

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Figura 41 Vidrados Coloridos Azuis.

Figura 42 Comparação de Vidrado Azul seleccionado com Original.

Figura 43 Réplica de Vidrado Colorido Azul já assente. 26

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8 Segunda Cozedura A segunda cozedura, é a última no caso da manufactura de majólica. Os azulejos são devidamente acondicionados e arrumados em gazetes – devem ser cozidos em gazetes de modo a evitar que se derrame vidrado durante a cozedura, e cole ou contamine as restantes peças). A tabela abaixo descreve os ciclos de cozedura, correspondente ao Programa 2 na mufla da oficina: Ciclo 1 2 3

Temperatura (Cº) 600ºC 800ºC 1020ªC

Tempo (min) 360 min 180 min 180 min

Figura 44 Enfornar de Réplicas, em gazete, para segunda cozedura.

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9 Observações Finais A manufactura de réplicas azulejares, é um processo que se pode revelar demorado, e de grande rigor. Todos os factores têm de ser avaliados e conjugados, desde a escolha da pasta, à selecção de cores. Neste projecto foram executadas réplicas de quatro tipologias diferentes, pelo que os trabalhos foram distribuídos. Não obstante, a componente de interajuda e interdisciplinaridade esteve sempre presente. A estratégia e plano de trabalho sofreu bastantes alterações durante todo o processo, devido ao paralelismo existente com a obra realizada na disciplina de Prácticas da Conservação e Restauro II. É possível concluir que todas as réplicas executadas tiveram resultados bastante satisfatórios. Foi conseguida a aproximação ao original, e integração no conjunto, mantendo as réplicas levemente discerníveis, não correndo o risco de criação de falso histórico. Este projecto foi, sem dúvida, de extrema importância ao enriquecimento curricular das alunas, proporcionando um contacto directo com os procedimentos habituais e latentes a uma intervenção de Conservação e Restauro, além dos conhecimentos adquiridos na matéria da práctica da azulejaria.

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10 Bibliografia

AA.VV, Festa Barroca a Azul e Branco, Fundação Ricardo do Espirito Santo Silva, Lisboa, 2002. CANOTILHO, Maria Helena, Processos de Cozedura de Cerâmica, Série Estudos, Instituto Politécnico de Bragança, Bragança, 1999. GOMES, Maria Manuela Malhoa, MONTEIRO, João Pedro, Conservation and Restoration, Azulejos Portuguese Tiles, Ricardo do Espirito Santo Silva Foundation, Lisboa, 1996. SIMÕES, J. M. dos Santos, Azulejaria em Portugal no Século XVII, Tomo II – Elenco, 2º edição(revista e actualizada), Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1997. www.digitile.org

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