Mapeamento e análise quantitativa da rede hidrográfica da bacia do rio Jeribucassu, Itacaré, Bahia - Mapeamento em escala 1: 25.000 (2001)

Share Embed


Descrição do Produto

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS CURSO DE BACHARELADO EM GEOGRAFIA

MAPEAMENTO E ANÁLISE QUANTITATIVA DA REDE HIDROGRÁFICA DA BACIA DO RIO JERIBUCASSU, ITACARÉ, BAHIA

Graduando: Paulo Fernando Meliani Orientador: Prof. Dr. Joël Pellerin

TCC - MONOGRAFIA

Ilha de Santa Catarina – S.C. Junho de 2001

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS CURSO DE BACHARELADO EM GEOGRAFIA

MAPEAMENTO E ANÁLISE QUANTITATIVA DA REDE HIDROGRÁFICA DA BACIA DO RIO JERIBUCASSU, ITACARÉ, BAHIA por Paulo Fernando Meliani

Coordenador:

____________________________

Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Geografia, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel.

Presidente:

______________________________ Prof. Dr. Jöel Pellerin

Membro:

______________________________ Profª. Dr.ª Gerusa Maria Duarte

Membro:

______________________________ Prof. Mse. Luiz Antônio Paulino

Ilha de Santa Catarina – S.C. Junho de 2001

“... pelo risco de correr através do escuro, pelo fogo que queima nossa alma, pelo medo de quem se acha seguro, pelo desejo, ... que nunca se acalma! ”

Camisa de Vênus, banda baiana

SUMÁRIO

Resumo

04

Agradecimentos

05

Introdução

07

1. O MUNICÍPIO DE ITACARÉ, BAHIA 1.1 Aspectos do clima local

08 14

2. OBJETIVOS

15

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 3.1 Mapeamento da rede hidrográfica da bacia do rio Jeribucassu 3.2 Identificação das características do meio físico e do zoneamento da bacia do rio Jeribucassu 3.3 Mapeamento da cobertura vegetal da bacia do rio Jeribucassu em 1997 3.4 Análise quantitativa da rede hidrográfica da bacia do rio Jeribucassu

16 16

4. A BACIA DO RIO JERIBUCASSU 4.1 Características do meio físico e do zoneamento 4.1.1 Geologia 4.1.2 Geomorfologia 4.1.3 Solos 4.1.4 Zoneamento 4.2 A cobertura vegetal em 1997 4.3 As sub-bacias com potencial superior de captação das águas superficiais

27 33 33 37 41 44 46 49

5. CONSIDERAÇÕES

61

6. BIBLIOGRAFIA CITADA

63

19 21 23

Lista de fotografias

i

Lista de mapas

i

Lista de tabelas

ii

LISTA DE FOTOS Fotos 01: Verão de 2000 em Itacaré

08

Fotos 02: Rodovia BA-001, que liga Ilhéus à Itacaré

09

Foto 03: Setor norte da APA da Costa de Itacaré-Serra Grande

11

Foto 04: Curso médio-inferior do rio Jeribucassu

12

Foto 05: Margens desmatadas nas cabeceiras do riacho Piábas

12

Fotos 06 e 07: Trevo da Marambaia

18

Foto 08: Baixo vale do rio Jeribucassu (modelos de agrupamentos para fotointerpretação da cobertura vegetal)

22

Foto 09: Vegetação do manguezal recobrindo o estuário junto à foz do rio Jeribucassu

47

LISTA DE MAPAS Mapa 01: Localização geográfica da região “cacaueira” da Bahia, com destaque para o município de Itacaré

13

Mapa 02: Localização geográfica da Área de Proteção Ambiental da Costa de Itacaré – Serra Grande, com destaque para a bacia hidrográfica do rio Jeribucassu

29

Mapa 03: Mapa hipsométrico da bacia do rio Jeribucassu

30

Mapa 04: Mapa da rede hidrográfica da bacia do rio Jeribucassu

31

Mapa 05: Mapa das sub-bacias hidrográficas da bacia do rio Jeribucassu

32

Mapa 06: Mapa Geológico da bacia do rio Jeribucassu

36

Mapa 07: Mapa Geomorfológico da bacia do rio Jeribucassu

40

Mapa 08: Mapa Pedológico da bacia do rio Jeribucassu

43

Mapa 09: Mapa do Zoneamento da bacia do rio Jeribucassu

45

Mapa 10: Mapa da cobertura vegetal da bacia do rio Jeribucassu em 1997

48

Mapa 11: Mapa das sub-bacias hidrográficas com potencial superior de captação das águas superficiais – Bacia hidrográfica do rio Jeribucassu

60

LISTA DE TABELAS Tabela 01: Características da rede hidrográfica da bacia do rio Jeribucassu

28

Tabela 02: Características da cobertura vegetal da bacia do rio Jeribucassu em 1997

47

Tabela 03: Características da rede hidrográfica das sub-bacias ramificadas...

49

Tabela 04: Características do meio físico da sub-bacia MARAMBAIA 3 M 42

51

Tabela 05: Características do meio físico da sub-bacia MÉDIO JERI 3 M 61

52

Tabela 06: Características do meio físico da sub-bacia MARAMBAIA 3 M 44

53

Tabela 07: Características do meio físico da sub-bacia MARAMBAIA 3 M 50

54

Tabela 08: Características do meio físico da sub-bacia VITORINO 4 M 56

55

Tabela 09: Características do meio físico da sub-bacia PIABAS 4 J 67

57

Tabela 10: Características do meio físico da sub-bacia BAIXO JERI 3 J 75

57

Tabela 11:Características do meio físico da sub-bacia DUAS IRMÃS 4 J 80

59

RESUMO

O rio Jeribucassu, localizado em Itacaré, estado da Bahia, tem parte de suas águas captada para abastecimento público do distrito-sede do município. Parcialmente inserida na Área de Proteção Ambiental (APA) da Costa de Itacaré-Serra Grande, a bacia do rio Jeribucassu teve sua rede hidrográfica analisada, neste estudo, objetivando o reconhecimento e a localização de sub-bacias com potencial superior de captação das águas superficiais. O reconhecimento destas sub-bacias pode contribuir na conservação do ambiente natural de áreas potencialmente captadoras das águas superficiais, sejam das chuvas ou vindas de nascentes. A inexistência de uma base cartográfica adequada à análise pretendida exigiu a realização de um mapeamento da rede hidrográfica baseado na interpretação de fotografias aéreas em escala 1: 25000, bem como por levantamento de campo. A partir da elaboração de um mapa da rede hidrográfica e de um mapa das sub-bacias, mensurou-se a superfície, a extensão da rede hidrográfica e a densidade do comprimento total de canais, tanto da bacia do rio Jeribucassu como de suas sub-bacias. Foram classificadas e localizadas em mapa, as sub-bacias que possuem valores superiores à média aritmética de cada um dos aspectos, entre todas as sub-bacias analisadas. Como complemento do estudo, foi elaborado um mapa da cobertura vegetal da bacia do rio Jeribucassu em 1997, ano das fotografias aéreas mais recentes da área de estudo. Entre as sub-bacias com rede hidrográfica analisada, duas apresentam valores de superfície, extensão da rede hidrográfica e densidade do comprimento total de canais, maiores que a média aritmética dos valores de todas as sub-bacias analisadas. Outras seis sub-bacias apresentam valores de superfície e extensão da rede hidrográfica maiores que a média aritmética dos valores de todas as sub-bacias analisadas. Uma única sub-bacia sobressaiu-se apenas no critério superfície da sub-bacia, enquanto que outras dez destacaram-se somente no critério densidade do comprimento total de canais. As vinte e duas sub-bacias consideradas como de potencial superior de captação das águas superficiais estão localizadas em um mapa, e ainda, as oito sub-bacias que mais se destacaram entre elas, tem identificadas e descritas as suas características do seu meio físico. Os resultados indicam, através de critérios naturais, áreas a serem preservadas ou recuperadas, contribuindo com a preservação do ambiente fluvial da bacia do rio Jeribucassu, que é responsável por parte das águas utilizadas no abastecimento público da cidade de Itacaré.

1. O município de Itacaré, Bahia O rio Jeribucassu tem parte de suas águas captada para o abastecimento público do distrito-sede de Itacaré, município localizado na costa da Bahia1, na chamada região “cacaueira” (MELLO e SILVA, SILVA e LEÃO, 1987) (mapa 01, p.10). O distrito-sede de Itacaré localiza-se junto à foz do extenso rio de Contas, que nasce na Chapada Diamantina e percorre 476 km até atingir o oceano Atlântico. Atualmente, Itacaré está inserido em um programa de desenvolvimento econômico orientado pelo governo do Estado da Bahia, que incentiva às atividades turísticas e modifica a organização e o uso do espaço municipal (BANDEIRA e LAGE, 2000). A atual dinâmica econômica do turismo tem promovido o aumento da população2, principalmente durante o verão, superlotando as ruas com os carros que agora chegam facilmente à Itacaré, acentuando alguns dos problemas ambientais do município, como o destino do lixo.

Fotos 01: Verão de 2000 em Itacaré. Os carros de turistas congestionam as pequenas ruas do distrito-sede, onde o lixo, por vezes, se acumula. Fotografia: Paulo Fernando Meliani.

1

2

O município de Itacaré possui uma área de 746,9 km2 para uma população de 18.105 habitantes, a maioria, 59,9%, residente na zona rural, taxa que decresceu significativamente em relação à de 1991, registrada então como de 76,8% (IBGE, 1991; IBGE, 2000). Em apenas 5 anos, entre 1996 e 2000, a população residente em Itacaré passou de 16.449 para 18.105 habitantes, um aumento de 10%, mais do que duas vezes a taxa do aumento populacional de todo o estado da Bahia, que para o mesmo período foi de cerca de 4,1% (IBGE, 2000).

Na faixa costeira de Itacaré, onde pequenas praias estão conservadas em seu aspecto natural, a emergente economia do turismo tem requerido a instalação de estruturas que atendam ao mercado consumidor das atividades turísticas de lazer, como a pavimentação de estradas ou a ampliação do sistema de abastecimento de água para a comunidade.

Fotos 02: Rodovia BA-001, pavimentada entre Ilhéus e Itacaré. Outubro de 2000. Fotografia: Paulo Fernando Meliani.

Algumas ações governamentais realizadas nos últimos oito anos, época de pleno crescimento das atividades econômicas ligadas ao turismo em Itacaré, revelam mudanças na organização do espaço e no uso dos recursos naturais do município: (1) a criação de uma unidade de conservação na faixa costeira do município em 1993: a Área de Proteção Ambiental (APA) da Costa de Itacaré-Serra Grande; (2) a ampliação do sistema de abastecimento de água do distrito-sede de Itacaré, em 1996; (3) a aprovação do plano de manejo da Área de Proteção Ambiental (APA) da Costa de Itacaré-Serra Grande, em 1996; (4) a conclusão, em 1998, das obras de pavimentação da rodovia BA-001 que liga Itacaré à Ilhéus3.

3

Distante 65 km de Itacaré, o município de Ilhéus comanda, juntamente com o município de Itabuna, o sistema urbano da região “cacaueira” (MELLO e SILVA, SILVA e LEÃO, 1987), possuindo inclusive, um aeroporto em vias de ampliação e modernização.

O acesso à Itacaré e às suas áreas protegidas está, além de facilitado, incentivado por políticas públicas do Governo Estadual da Bahia, que através da Coordenadoria de Desenvolvimento do Turismo (CODETUR), um orgão ligado à Secretaria de Cultura e Turismo do Estado, inseriu o município no "Programa de Desenvolvimento Turístico Costa do Cacau" (BAHIA, 1998). Da histórica cultura do cacau, sempre às voltas com crises recorrentes (VIRGENS FILHO, 1993), tem origem o nome do programa turístico proposto como alternativa para o desenvolvimento econômico de Itacaré. A atual dinâmica econômica do turismo e o conseqüente aumento da ocupação humana têm transformado o espaço de Itacaré, seja por meio da pretendida forma de organiza-lo com o plano de manejo que estabelece diretrizes para o uso da terra, ou pela utilização dos recursos naturais, como a recente (1996) ampliação do sistema de abastecimento de água do distrito-sede. O “Plano de Manejo - Zoneamento e Plano de Gestão” da Área de Proteção Ambiental (APA) da Costa de Itacaré-Serra Grande, elaborado pela empresa VeS ENGENHEIROS CONSULTORES em 1996, propõe “diretrizes específicas voltadas, notadamente, para um projeto de desenvolvimento economicamente sustentável” (p.02). Seu “Zoneamento Econômico-Ecológico” estabelece dezessete diferentes zonas com diretrizes de planejamento específicas, voltadas à “preservação, conservação ou uso”, de acordo com o “nível de intervenção antrópica, perspectivas econômicas e estágio de vitalidade dos ecossistemas” (VeS ENGENHEIROS CONSULTORES, 1996B: 43). Para a elaboração do “Plano de Manejo - Zoneamento e Plano de Gestão”, a referida empresa realizou preliminarmente um “Diagnóstico do Meio Físico, Biótico e Sócio-Econômico” da Área de Proteção Ambiental (APA) da Costa de Itacaré-Serra Grande, que apresenta uma descrição da flora e fauna dos ecossistemas presentes na área, identifica aspectos da geologia, da geomorfologia, dos solos, do clima e dos recursos hídricos locais, bem como, faz uma breve contextualização histórica, sócioeconômica e ambiental da região (“cacaueira”), onde está inserida a unidade de conservação4. A utilização dos recursos naturais de Itacaré também revela transformações significativas do espaço. Desde 1996, o sistema de abastecimento de água da cidade de Itacaré recebe contribuição do rio Jeribucassu, em virtude do riacho da Ribeira, onde está a captação de água mais antiga e utilizada, não contemplar a demanda em determinadas épocas do ano, especialmente quando ocorre aumento da demanda motivado pela presença de turistas. 4

O material cartográfico em escala 1: 25000, apresentado pela VeS ENGENHEIROS CONSULTORES (1996A; 1996B), como parte integrante do “Diagnóstico do Meio Físico, Biótico e Sócio-Econômico”, e do “Plano de Manejo Zoneamento e Plano de Gestão” da Área de Proteção (APA) da Costa de Itacaré-Serra Grande, é composto pelos documentos geográficos mais detalhados sobre a área em estudo, e foram aqui utilizados para a identificação de características do meio físico da bacia do rio Jeribucassu.

Camamu

Ibirapitanga

Maraú Ubaitaba Aurelino Leal

14 10’S

Itacaré

R

Uruçuca Itajuípe

14 40’S

Barro Preto Itabuna

Ilhéus

0

20 Km

O 39O 15’W Limite da Área de Proteção Ambiental da Costa de Itacaré - Serra Grande

Rodovia estadual BA-001

R J

Rios Captação de água no riacho da Ribeira Captação de água no rio Jeribucassu

J

Foto 03: Setor norte da APA da Costa de Itacaré-Serra Grande. Reprodução parcial e fora da escala original do Mapa Fotoaéreo elaborado pelo IESB com fotografias de 1997 e apresentado em escala 1: 50000 no Guia Ecoturístico do Programa de Educação Ambiental e Ecoturismo da APA Itacaré-Serra Grande.

O riacho da Ribeira tem pouco mais de 5 km e deságua no mar junto a praia de mesmo nome. O local onde é captada a água para tratamento e abastecimento público encontra-se à aproximadamente 2,5 km ao sul do distrito-sede de Itacaré. Já o local de captação de água no rio Jeribucassu localiza-se à aproximadamente 8 quilômetros ao sul do distrito-sede de Itacaré e dali, por meio de bombas de recalque e transporte por gravidade, as águas do Jeribucassu vão alimentar o reservatório da estação de captação e tratamento do riacho da Ribeira, para daí prover o abastecimento da cidade. É possível observar nas fotografias aéreas mais recentes (IESB, 1997A e 1997B), e por meio de pesquisa de campo, que existem áreas marginais do rio Jeribucassu e de outros canais de sua rede hidrográfica, com o solo desprotegido, comprometendo a conservação do ambiente fluvial da bacia.

Foto 04: Curso médio-inferior do rio Jeribucassu. É possível observar margens desmatadas ao longo do rio, inclusive junto ao ponto de captação de água para abastecimento público (C). Reprodução parcial e fora de escala do Mosaico Georreferenciado de Fotografias aéreas em escala 1: 15000 do IESB (1997B).

Foto 07: Margens desmatadas nas cabeceiras do riacho Piabas, importante afluente do rio Jeribucassu, em outubro de 2000. Nota-se imbaúbas recém cortadas ao longo do canal. Fotografia: Paulo Fernando Meliani.

2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral Localizar as sub-bacias da bacia do rio Jeribucassu que possuem potencial superior de captação das águas superficiais, reconhecidas por meio de uma análise quantitativa das características de suas redes hidrográficas. 2.2 Objetivos específicos Elaborar um mapa da rede hidrográfica, um mapa das sub-bacias hidrográficas e um mapa da cobertura vegetal da bacia do rio Jeribucassu em 1997, utilizando técnicas de fotointerpretação, levantamento de campo e mapeamento. Analisar a rede hidrográfica da bacia do rio Jeribucassu e de suas sub-bacias, mensurando a superfície da bacia ou sub-bacia, a extensão da rede hidrográfica e a densidade do comprimento total de canais. Identificar as sub-bacias que apresentam valores superiores à média aritmética nos aspectos analisados, entre as sub-bacias da bacia do rio Jeribucassu, reconhecendo-as como sub-bacias com potencial superior de captação das águas superficiais. Descrever características do meio físico das mais destacadas sub-bacias com potencial superior de captação das águas superficiais, da bacia do rio Jeribucassu.

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A localização das sub-bacias hidrográficas da bacia do rio Jeribucassu com potencial superior de captação das águas superficiais é resultante de um processo em que foram utilizadas técnicas comuns em Geografia, como fotointerpretação, levantamento de campo e mapeamento. A necessidade de uma base cartográfica que apresentasse detalhes da rede hidrográfica, bem como o reconhecimento de um recente estado da cobertura vegetal da bacia do rio Jeribucassu, exigiu a realização de um mapeamento voltado para estes temas, em escala 1: 25000. Através dos mapas, foi possível analisar aspectos da rede hidrográfica e da cobertura vegetal, além de classificar e descrever algumas características do meio físico da bacia do rio Jeribucassu. 3.1 Mapeamento da rede hidrográfica da bacia do rio Jeribucassu O município de Itacaré não possuía uma base cartográfica de onde fosse possível extrair informações suficientes para uma análise detalhada da rede hidrográfica da bacia do rio Jeribucassu. Para o município, existem apenas as cartas topográficas, Itacaré (SD.24–Z.A.I) e Ubaitaba (SD.24– Y.B.III), elaboradas pela SUDENE (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste), em 1977, em escala incompatível (1: 100000) à análise de redes hidrográficas5. O “Plano de Manejo-Zoneamento e Plano de Gestão” da Área de Proteção da Costa de ItacaréSerra Grande apresentado em 1996 por VeS ENGENHEIROS CONSULTORES (1996B), relata a dificuldade que representava a falta de uma base cartográfica na escala 1: 25000, para a elaboração do material cartográfico que acompanha o plano: A falta de uma base cartográfica primária na escala 1: 25000, obrigou a que se adaptasse e atualizasse a base 1: 100000 produzida pela SUDENE, através da interpretação de fotografias aéreas, em escalas variáveis, produzidas pela Aerofoto Cruzeiro na década de sessenta e setenta, além de recobrimento fotográfico panorâmico e observações de campo. Esse método traz em si um acúmulo de erros cartográficos, perfeitamente aceitáveis para o planejamento de grandes ambientes, objetivo deste trabalho (Plano de Manejo), e que serão verificados e corrigidos no exercício do manejo da APA (p. 42).

A Área de Proteção Ambiental (APA) da Costa de Itacaré-Serra Grande possui uma área de 168 2

km , isso é mais do que cinco vezes a área da bacia do rio Jeribucassu, que soma 29,64 km2. Uma área mais restrita e a proposta de um estudo específico em Geografia, ora apresentado, evidenciou a 5

Para BOTELHO (1999: 284), o estudo da “rede de drenagem” como um indicador ambiental aplicado ao planejamento de “microbacias”, necessita de um mapa detalhado da rede hidrográfica, elaborado a partir de fotografias aéreas em escalas grandes, preferencialmente não inferiores a 1: 25000, onde sejam mapeados todos os cursos de água, inclusive os efêmeros.

necessidade de elaborar-se um mapa da rede hidrográfica que servisse à identificação de características físicas da bacia do rio Jeribucassu. O Mapa da Rede Hidrográfica da Bacia do Rio Jeribucassu e o Mapa das sub-bacias hidrográficas da bacia do rio Jeribucassu, apresentados neste estudo, são resultantes de uma fotointerpretação aplicada à rede hidrográfica que recebeu o acompanhamento de um levantamento de campo. Os dados levantados em campo e interpretados em fotografias aéreas foram georreferenciados e corrigidos geometricamente para então, serem vetorizados e editados na elaboração do mapa. A escala 1: 25000 adotada para a fotointerpretação da bacia do rio Jeribucassu neste estudo, permitiu observar detalhes da rede hidrográfica, e assim mapear a estrutura da rede hidrográfica através da identificação dos canais fluviais, divisores de água e interflúvios6. A fotointerpretação aplicada à rede hidrográfica da bacia do rio Jeribucassu, representada preliminarmente em esquemas de cobertura (overlays) georreferenciados através do reconhecimento de pontos comuns entre as fotografias aéreas da CEPLAC (1965) e o mosaico georreferenciado de fotografias coloridas, disponibilizado pelo IESB (1997A) (fotos 06 e 07, p.18). Os esquemas de cobertura (overlays) representativos da restituição dos canais, divisores de água e interflúvios da bacia hidrográfica do Jeribucassu, apresentam as mesmas distorções das fotografias aéreas verticais em escala 1: 25000, que serviram de base para a fotointerpretação. Através do aplicativo “Geovec” do programa de mapeamento digital “CAD (Computer Aided Design) Microstation”, foi possível efetuar uma correção geométrica de arquivos escanializados (rasters) dos esquemas de cobertura (overlays), ajustando-os ao sistema de coordenadas planas do programa. Os arquivos escanializados ao serem corrigidos geometricamente geraram novos arquivos, que em meio digital, serviram de base à vetorização das informações da rede hidrográfica da bacia do rio Jeribucassu, realizada por meio do mesmo aplicativo, “Geovec”, do mesmo programa de mapeamento digital utilizado até então, “CAD (Computer Aided Design) Microstation”. Após a vetorização, as informações foram organizadas e armazenadas em arquivos específicos (limite da bacia, rede de canais, sub-bacias, rodovias,...), seguindo um planejamento que permite a edição e a análise de mapas.

6 Das fotografias aéreas foram extraídos todos os canais perceptíveis na escala adotada, 1: 25000, independente da constância do escoamento destes canais, sejam eles perenes, intermitentes ou efêmeros. Como resultados da fotointerpretação foram mapeados 342 canais, sendo que 80 são afluentes diretos do rio Jeribucassu.

0

250

500

750

1000 m

0

250

500

750

1000 m

Fotos 06 e 07: Trevo da Marambaia, entroncamento das rodovias estaduais BA-001 e BA-654, na fotografia aérea da CEPLAC (1965), acima (foto 06), e no Mosaico georreferenciado de fotografias aéreas do IESB (1997A), abaixo (foto 07). Localizado junto ao limite nordeste da bacia do rio Jeribucassu, o trevo da Marambaia é um dos pontos comuns utilizados no georreferenciamento e na correção geométrica dos esquemas de cobertura (overlays), representativos da fotointerpretação aplicada à rede hidrográfica e à cobertura vegetal. Reproduções parciais e fora da escala original, aqui ampliadas para 1: 18750.

3.2 Identificação das características do meio físico e do zoneamento da bacia do rio Jeribucassu Utilizando-se do material cartográfico em escala 1: 25000 da VeS ENGENHEIROS CONSULTORES (1996A e 1996B), foram identificadas características do meio físico e do zoneamento da bacia do rio Jeribucassu. Por meio da sobreposição da base do mapa da rede hidrográfica, elaborado neste estudo, nos mapas do meio físico da APA da Costa de Itacaré-Serra Grande, foram elaborados cinco mapas temáticos da bacia do rio Jeribucassu: hipsométrico, geológico, geomorfológico, pedológico e do zoneamento. O mapa hipsométrico da bacia do rio Jeribucassu foi elaborado utilizando-se como fonte o mapa Geomorfológico da VeS ENGENHEIROS CONSULTORES (1996A), que apresenta as mesmas curvas de nível da carta topográfica 1: 100000 da SUDENE (1977). Apesar dos dados altimétricos bastante limitados, as curvas de nível com eqüidistância de 40 metros foram úteis à elaboração de um mapa hipsométrico da bacia do rio Jeribucassu, que serve ao reconhecimento preliminar do relevo da bacia e, especialmente, à localização das nascentes dos canais fluviais mapeados neste estudo. Quanto à geologia, as unidades litoestratigráficas7 da bacia do rio Jeribucassu foram identificadas sobrepondo-se a base do mapa da rede hidrográfica elaborado para este estudo, ao mapa de Geologia da APA da Costa de Itacaré-Serra Grande de VeS ENGENHEIROS CONSULTORES (1996A). O resultado da sobreposição é um mapa geológico que representa as três unidades litoestratigráficas da bacia do rio Jeribucassu: “Complexo São José, Grupo Barreiras e Depósitos Marinhos Quaternários” Os elementos da Geomorfologia foram identificados pelo mesmo procedimento realizado para a Geologia, sobrepondo-se a base do mapa da rede hidrográfica do rio Jeribucassu no Mapa Geomorfológico de VeS ENGENHEIROS CONSULTORES (1996A). O resultado da sobreposição é um mapa geomorfológico que representa o relevo da bacia do rio Jeribucassu, destacando as “unidades geomorfológicas, os tipos de modelados, as formas de erosão e acumulação, e a avaliação da morfodinâmica” representados no mapa de Geomorfologia de VeS ENGENHEIROS CONSULTORES (1996A). As classes de solo que ocorrem na bacia do rio Jeribucassu, do mesmo modo que na geologia e na geomorfologia, foram identificadas pela sobreposição da base do mapa da rede hidrográfica do rio

7

Os conjuntos de rochas que caracterizam-se por um tipo ou combinação de vários tipos litológicos, bem como por marcantes feições litológicas, constituem as unidades litoestratigráficas.

Jeribucassu, agora no Mapa de Solos da APA da Costa de Itacaré-Serra Grande de VeS ENGENHEIROS CONSULTORES (1996A). Por meio desta sobreposição, foram identificadas três classes de solos: “latossolo amarelo, latossolo vermelho amarelo e solos indiferenciados de mangues”, que estão representadas em um mapa pedológico da bacia do rio Jeribucassu. Para uma melhor visualização da proposta de zoneamento que envolve a bacia do rio Jeribucassu, foi elaborado nos mesmos moldes dos mapas do meio físico, um mapa do zoneamento econômico-ecológico na bacia do rio Jeribucassu. A base do Mapa da Rede Hidrográfica elaborado neste estudo foi, neste caso, sobreposta ao “Mapa de Zoneamento Econômico-Ecológico” da VeS ENGENHEIROS CONSULTORES (1996B). 3.3 Mapeamento da cobertura vegetal em 1997 O Mapa do estado da cobertura vegetal da bacia do rio Jeribucassu em 1997, elaborado neste estudo, apresenta a distribuição dos tipos de cobertura vegetal no ano de 1997, identificados e agrupados pela fisionomia das formações vegetais. A “fisionomia” das formações vegetais, é um dos parâmetros estabelecidos para a análise dos estágios de sucessão da “Mata Atlântica no Estado da Bahia”, pela resolução do CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente (BRASIL, 1994), e é o critério escolhido por este estudo, para a identificação dos tipos de cobertura vegetal da bacia do rio Jeribucassu. Seguindo a orientação do CONAMA (BRASIL, 1994), são definidos três tipos de cobertura vegetal relacionados aos estágios inicial, médio e avançado de regeneração da “Mata Atlântica” no estado da Bahia, agrupados segundo a fisionomia das formações vegetais: (1)

Cobertura herbáceo-arbustiva, com altura média inferior a 5 metros e cobertura variando de fechada a aberta. Relaciona-se ao estágio inicial de regeneração da vegetação natural.

(2)

Cobertura arbustiva-arbórea, com altura média entre 5 e 12 metros e cobertura variando de aberta a fechada, com a ocorrência eventual de indivíduos emergentes. Relaciona-se ao estágio médio de regeneração da vegetação.

(3)

Cobertura arbórea dominante, com altura média superior aos 12 metros e dossel fechado. Relaciona-se ao estágio avançado de regeneração da floresta. Outras 2 classes de cobertura vegetal da superfície da bacia do rio Jeribucassu também foram estabelecidas: manguezais, vegetação típica de estuários com poucas espécies de aspecto homogêneo, e

áreas sem cobertura vegetal, desmatadas por corte raso, lavradas para agricultura ou com culturas em fase inicial de desenvolvimento. Todas as cinco classes de cobertura foram identificadas por interpretação do mosaico georreferenciado de fotografias aéreas coloridas, em escala 1: 25000, do IESB (1997A) (foto 08, p.22), e agrupadas seguindo os seguintes critérios: - Cobertura herbáceo-arbustiva: aparece no mosaico de fotografias coloridas em variações de verde claro com textura lisa. Refere-se às áreas abertas e pastagens; - Cobertura arbustivo-arbórea: a cor varia em tons de verde-médio, a textura é pouco rugosa, referindo-se as pequenas e pouco diversas copas de árvores; - Cobertura arbórea dominante: a cor que predomina é o verde escuro, a textura é rugosa, relativa à copas de árvores com diferentes tamanhos, devido a maior diversidade das espécies; - Manguezal: situado junto à foz do rio Jeribucassu tem cor verde escura, mas a textura é lisa e homogênea, referente à uma pequena área facilmente identificável no campo; - Áreas sem cobertura vegetal: aparecem em cores que variam do amarelo ao marrom, e referem-se a espaços que receberam corte raso na vegetação, ou são roças lavradas, adensamento de construções ou cortes de estradas e caminhos. Em uma pesquisa de campo, realizada em outubro de 2000, registrou-se 35 pontos de observação na bacia do rio Jeribucassu, que serviram como indicadores para a fotointerpretação aplicada à vegetação no mosaico de fotografias aéreas coloridas do IESB (1997A). Os esquemas de cobertura (overlays) representativos da fotointerpretação foram ajustados à base do elaborado Mapa da rede hidrográfica da bacia do rio Jeribucassu, e tiveram suas informações vetorizadas e editadas em um Mapa da cobertura vegetal da bacia do rio Jeribucassu em 1997.

Foto 08: Baixo vale do rio Jeribucassu, em reprodução parcial e fora da escala original do Mosaico de fotografias aéreas coloridas do IESB (1997A), utilizado no mapeamento da cobertura vegetal da bacia do rio Jeribucassu em 1997. Os agrupamentos delineados referem-se a modelos utilizados na fotointerpretação dos tipos de cobertura vegetal: - AD, Cobertura arbórea dominante (altura média superior a 12 metros e dossel fechado) – verde escuro, textura rugosa, copas das árvores com diferentes tamanhos; - AA, Cobertura arbustiva-arbórea (altura média entre 5 e 12 metros com cobertura variando de aberta a fechada e ocorrência de indivíduos emergentes) – variação em tons de verde-médio, textura pouco rugosa, copas pequenas; - HA, Cobertura herbáceo-arbustiva (altura média inferior a 5 metros com cobertura variando de aberta a fechada) – variações de verde-claro, textura lisa, áreas abertas e pastagens; - M, manguezal (veg. típica de estuário, poucas espécies de aspecto homogêneo) – verde escuro, textura homogênea; - SV, áreas sem vegetação (desmatadas por corte raso, lavradas para agricultura ou culturas em fase inicial de desenvolvimento) – variações do amarelo ao marrom.

3.4 Análise quantitativa da rede hidrográfica da bacia do rio Jeribucassu Enquanto contribuição à conservação do ambiente natural, a análise da rede hidrográfica da bacia do rio Jeribucassu reconheceu as sub-bacias com potencial superior de captação das águas superficiais. Muitas destas sub-bacias têm a confluência dos seus canais principais com o rio Jeribucassu, à montante do ponto de captação de água, ou seja, contribuem com parte das águas que são utilizadas no abastecimento público da cidade de Itacaré. Com o objetivo de reconhecer e localizar as sub-bacias com potencial superior de captação das águas superficiais, a rede hidrográfica da bacia do rio Jeribucassu foi analisada nos seguintes aspectos: grau de ramificação, superfície, extensão da rede hidrográfica e densidade do comprimento total de canais. As sub-bacias que apresentam valores superiores à média aritmética das medidas nos aspectos

analisados foram classificadas e localizadas em um Mapa das sub-bacias hidrográficas com potencial superior de captação das águas superficiais da bacia do rio Jeribucassu. A base do Mapa da Rede Hidrográfica e do Mapa das sub-bacias hidrográficas, elaborados e apresentados neste estudo constituiu-se no objeto de análise da rede hidrográfica da bacia do rio Jeribucassu. O programa de cartografia digital utilizado (“Microstation”) identifica automaticamente características físicas da rede hidrográfica, como a superfície (área) da bacia e de suas sub-bacias ou o comprimento dos canais fluviais, desde que as informações armazenadas estejam devidamente organizadas. 3.4.1 O grau de ramificação da rede hidrográfica da bacia do rio Jeribucassu O grau de ramificação é reconhecido pela ordenação dos canais perenes, intermitentes ou efêmeros da rede hidrográfica de uma bacia, e é o critério de uma classificação conhecida como “hierarquia fluvial” (CHRISTOFOLETTI, 1980). A hierarquia fluvial é um processo que classifica cada curso de água ou de área drenada que lhe pertence, no conjunto da bacia na qual se encontra (CHRISTOFOLETTI, 1980), permitindo neste caso, a identificação do grau de ramificação da rede hidrográfica do rio Jeribucassu e de seus afluentes. O procedimento utilizado para a ordenação dos canais e identificação da hierarquia fluvial do rio Jeribucassu e de seus afluentes, segue a proposta de Strahler (1952), apresentada por CHRISTOFOLETTI (1980: 107): Para Strahler, os menores canais, sem tributários, são considerados como de primeira ordem, estendendo-se desde a nascente até a confluência; os canais de segunda ordem surgem da confluência de dois canais de primeira ordem, e só recebem afluentes de primeira ordem; os canais de terceira ordem surgem da confluência de dois canais de segunda ordem, podendo receber afluentes de segunda e primeira ordem; os canais de quarta ordem surgem da confluência de dois canais de terceira ordem, podendo receber tributários das ordens inferiores. E assim sucessivamente...”

Ordenada desta maneira, a rede hidrográfica de uma bacia ou sub-bacia reflete um grau de ramificação que corresponde à ordem do trecho final de seu canal principal, classificando a hierarquia do canal e de sua bacia. No caso da bacia do rio Jeribucassu, seu rio principal apresenta em seu trecho final uma hierarquia de 5ª ordem, portanto sua bacia também é classificada como de 5º ordem. Dos 80 afluentes mapeados do rio Jeribucassu, 03 tem trechos finais de 4ª ordem, 06 de 3ª ordem, 19 de 2ª ordem e 53 de 1ª ordem. Deste modo, cada sub-bacia mapeada através da fotointerpretação aplicada à rede hidrográfica foi classificada como da mesma ordem que o trecho final

de seu canal principal, e assim estão representadas no Mapa das sub-bacias hidrográficas da bacia do rio Jeribucassu. Segundo CHRISTOFOLETTI (1980: 116), em uma bacia hidrográfica existe correspondência entre a hierarquia fluvial e a superfície, que é nesta análise, um dos indicadores da capacidade de captação das águas superficiais de sub-bacias: “No caso das bacias de segunda, terceira ou ordem mais elevada, a área a elas subordinada abrange também a área de todos os segmentos de ordem menores que lhe são subsidiários. (...) Desta maneira, (...) cada segmento de ordem superior drena uma área que é cada vez maior à medida que aumenta a ordem dos canais...” Individualizadas, as sub-bacias ramificadas da bacia do rio Jeribucassu, aquelas que possuem no mínimo dois canais, correspondem à aquelas com maior superfície, confirmando a correspondência feita por CHRISTOFOLETTI (1980). Em conjunto, as sub-bacias ramificadas, de 4ª, 3ª e 2ª ordem, ocupam 76,98 % de toda a superfície da bacia do Jeribucassu, e somente estas, que possuem mais de um canal, foram analisadas no estudo do reconhecimento das sub-bacias com potencial superior de captação das águas superficiais. As sub-bacias de ordens menores, 1ª e ordem zero 8, ocupam particularmente pequenas áreas distribuídas ao longo do rio Jeribucassu e já tem grande parte de suas superfícies consideradas como de preservação permanente, devendo estar protegidas pela vegetação natural ciliar aos canais como determina o Código Florestal Brasileiro (BRASIL, 1965). Para efeito de localização, todas as sub-bacias com afluentes diretos do rio Jeribucassu, incluindo aí as de 1ª ordem, foram identificadas preferencialmente pela toponímia do afluente. Exemplo: sub-bacia Vitorino. No caso de afluentes sem toponímia, as sub-bacias foram identificadas pela toponímia da localidade mais próxima ou por sua posição geográfica na bacia. Exemplos: subbacia Marambaia (toponímia) ou sub-bacia Alto-Jeri (posição geográfica). A sub-bacias receberam além de um nome, um número que identifica o grau de ramificação de sua rede hidrográfica, e uma letra, M ou J, que indica se a posição da confluência de seu canal principal, junto ao rio Jeribucassu, está à montante ou à juzante do ponto de captação de água para

8

Além das 80 sub-bacias correspondentes aos 80 canais afluentes do rio Jeribucassu, outras 84 sub-bacias sem canais perceptíveis na escala adotada para análise (1: 25000), também foram mapeadas e denominadas, apenas para efeito de classificação, como sub-bacias de ordem zero. Segundo GUERRA e GUERRA (1997: 97) as bacias denominadas de ordem zero “são caracterizadas por uma conformação topográfica côncava em planta, correspondentes aos primeiros formadores da rede de drenagem, podendo constituir o prolongamento direto da nascente dos canais de 1ª ordem. São também os tributários laterais de fluxos canalizados de qualquer nível hierárquico...”.

abastecimento. Exemplo: sub-bacia Marambaia 2 M (o número 2 identifica que a sub-bacia é de 2ª ordem, e a letra M indica que ela se localiza à montante da captação). Um último número segue a letra, indicando a posição da confluência de cada afluente junto ao rio Jeribucassu e em relação aos demais, sendo estabelecido por ordem de entrada, a partir da nascente principal do rio Jeribucassu. Exemplo: Sub-bacia Alto-Jeri 2 M 9 (o número 9 indica que o rio principal desta sub-bacia é o nono afluente a desaguar no rio Jeribucassu, contando-se a partir da nascente principal). Este último número que corresponde ao código da ordem de entrada do afluente no rio Jeribucassu, e para efeito de localização, está representado no Mapa das sub-bacias hidrográficas com potencial superior de captação das águas superficiais da bacia do rio Jeribucassu. 3.4.2 A superfície, a extensão da rede hidrográfica e a densidade do comprimento total de canais das sub-bacias hidrográficas da bacia do rio Jeribucassu Os dois primeiros indicadores das sub-bacias com potencial superior de captação das águas superficiais, a superfície e a extensão da rede hidrográfica, são identificados diretamente nos mapas da rede hidrográfica e das sub-bacias da bacia do rio Jeribucassu, por meio do programa de mapeamento digital utilizado na edição deles, CAD (Computer Aided Design) Microstation. A bacia hidrográfica do rio Jeribucassu e cada uma de suas sub-bacias possui uma superfície delimitada por um divisor topográfico, onde uma rede de canais fluviais interligados entre si drena as águas superficiais até a desembocadura de seu canal principal. A superfície corresponde à projeção horizontal da superfície de uma bacia ou sub-bacia hidrográfica inclusa entre os divisores topográficos (VILLELA e MATOS, 1975). A extensão da rede hidrográfica corresponde ao somatório do comprimento de todos os canais fluviais que drenam as águas superficiais de uma bacia ou sub-bacia. SILVEIRA (1997) afirma que “... a área é um dado fundamental para definir a potencialidade hídrica da bacia hidrográfica, porque seu valor multiplicado pela lâmina da chuva precipitada define o volume de água recebido pela bacia” (p. 46). Para GARCEZ e ALVAREZ (1988) e PINTO et al. (1976), a área da bacia de contribuição é um dos fatores que determinam o afluxo de água a uma seção específica de um canal fluvial. Segundo CHRISTOFOLETTI (1980: 108), “...na natureza, sob condições geográficas e climáticas similares, a descarga e outras características hidrológicas dependem, em grande parte, do número de canais existentes na área”. Mais importante que o número de canais fluviais, o somatório do comprimento de canais fluviais reflete a extensão da rede hidrográfica que drena as águas

superficiais de uma bacia ou sub-bacia. As sub-bacias com extensas e densas redes hidrográficas possuem potencial superior de captar, em seus muitos e longos canais, as águas superficiais de suas respectivas áreas de superfície. O terceiro indicador do potencial de captação das águas superficiais, a densidade do comprimento total de canais, é um índice determinado pela relação entre o somatório do comprimento de todos os canais de uma rede hidrográfica e a superfície de sua bacia ou sub-bacia, sendo comumente chamado apenas por “densidade de drenagem” (VILLELA e MATTOS, 1975; CHRISTOFOLETTI, 1980; ABDALLA, 1989; GIOMETTI e GARCIA, 1984, BELTRAME, 1994; SILVEIRA, 1997). Segundo GIOMETTI e GARCIA (1984: 191), é possível correlacionar a permeabilidade do substrato com a “densidade de drenagem (...) da seguinte maneira: quando a permeabilidade do solo aumenta, a densidade de drenagem diminui”. Para CHRISTOFOLETTI (1980: 116), “nas rochas onde a infiltração encontra maior dificuldade há condições melhores para o escoamento superficial, gerando possibilidades para a esculturação de canais, (...), e como consequência, densidade drenagem mais elevada”. Sobre substrato onde é difícil a infiltração, o índice de densidade do comprimento total de canais é maior devido à tendência que as águas superficiais têm, ao serem impedidas de infiltrar, de escoar para e pelos canais esculturados, gerando por vezes, novos canais. Deste modo, uma sub-bacias com elevado índice de densidade do comprimento total de canais, tem possibilidade de escoar em seus canais, grande parte das águas precipitadas ou que emergem das nascentes em sua superfície.

4. A BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JERIBUCASSU Compreendida entre 39° 00’ 06” e 39° 04’ 08” W e entre 14° 18’ 16” e 14° 22’ 07” S, a bacia do rio Jeribucassu localiza-se parcialmente no território da Área de Proteção Ambiental (APA) da Costa de Itacaré-Serra Grande (mapa 02, p.29). O rio principal, o Jeribucassu, percorre 17,68 km desde sua nascente na Serra do Capitão, extremo oeste da bacia, até sua foz no Oceano atlântico, junto à praia que tem o mesmo nome do rio, Jeribucassu. As nascentes do rio Jeribucassu e de seus afluentes foram localizadas determinando-se qual dos canais de 1ª ordem, aqueles que não possuem tributários, tem sua cabeceira em cota altimétrica mais elevada. Para tal determinação, elaborou-se um mapa hipsométrico da bacia do rio Jeribucassu (mapa 03, p.30),

que reproduz as informações altimétricas do Mapa Geomorfológico de VeS ENGENHEIROS

CONSULTORES (1996A). Nos casos em que mais de um canal de 1ª ordem de um curso d’água, esteja na mesma cota altimétrica, foi considerada como nascente a cabeceira do canal de 1ª ordem que está mais distante da foz do canal estudado. De acordo com estes critérios, foi determinada como nascente principal do rio Jeribucassu, a cabeceira do canal de 1ª ordem mais distante da foz, localizada entre 160 e 200 metros de altitude, no extremo oeste da bacia do rio Jeribucassu, junto à Serra do Capitão. A Serra do Capitão é o divisor de águas topograficamente mais expressivo de todo o limite da bacia, e em sua fachada leste, entre 160 e 200 metros de altitude, existe um conjunto de oito canais de 1ª ordem, que compõem toda uma área de nascentes principais do rio Jeribucassu. A estrutura da rede hidrográfica da bacia do rio Jeribucassu é composta por 342 canais fluviais perceptíveis nas fotografias aéreas em escala 1: 25000, independente da constância do escoamento, sejam eles perenes, intermitentes ou efêmeros. Destes 342 canais, 80 são afluentes diretos do rio Jeribucassu, 156 são subafluentes e 105 são formadores de diferentes ordens. A rede hidrográfica da bacia do rio Jeribucassu possui um único lago, formado pela represa de uma antiga usina hidrelétrica construída em 1942, a Usina Leão de Ouro, que abasteceu com energia elétrica o distrito-sede de Itacaré até meados dos anos 1960. A superfície da bacia do rio Jeribucassu possui área de 29,64 km², por onde se distribuem os 130,08 km de canais que compõem sua rede hidrográfica. O índice representativo da densidade do comprimento total de canais da rede hidrográfica da bacia do rio Jeribucassu é de 4,38 km de canais por km². Pela “classificação dos valores da densidade de drenagem” de BELTRAME (1994), a rede

hidrográfica da bacia do rio Jeribucassu possui uma densidade do comprimento total de canais qualificada como “muito alta”. A bacia do rio Jeribucassu é classificada, segundo a hierarquia fluvial, como de 5ª ordem, possuindo 164 sub-bacias que são assim classificadas: 3 sub-bacias são de 4ª ordem, 6 de 3ª, 19 de 2ª, 52 de 1ª ordem e 84 de ordem zero. Cabe destacar que somente as três sub-bacias de 4ª ordem, as dos riachos Vitorino e das Piabas e a do Córrego Duas Irmãs, ocupam 45,85 % da superfície da bacia do rio Jeribucassu. As seis subbacias de 3ª ordem ocupam 13,22 % de sua superfície, enquanto que as dezenove sub-bacias de 2ª ordem possuem 17,91 % da área total da bacia. No total, as vinte e oito sub-bacias ramificadas, que possuem no mínimo 2 canais fluviais, ocupam 76,98% da área da superfície da bacia do rio Jeribucassu. A foz do rio Jeribucassu é uma foz simples e apresenta, na área de influência flúvio-marinha, um estuário coberto por um manguezal com cerca de 15.000 m².

Tabela 01: Características da rede hidrográfica da bacia do rio Jeribucassu Extensão da rede hidrográfica

130 088, 50 metros

Extensão do rio principal

17 680 metros

Quantidade de canais fluviais

342

Quantidade de afluentes diretos

80

Quantidade de lagos

01

Grau de ramificação da rede hidrográfica

5º ordem

Superfície da bacia

29,64 km²

Densidade do comprimento total de canais

4 388, 95 metros de canais por km²

Quantidade de sub-bacias

164

Quantidade de sub-bacias ramificadas

28

4.1 Características do meio físico e do zoneamento 4.1.1 Geologia MARTIN et al (1980) ao dividir a costa do estado da Bahia em cinco setores, em função de suas características morfológicas, definiu o setor V como o correspondente ao trecho da costa entre Itacaré e Ilhéus, que tem como característica a presença do embasamento Pré-Cambriano em contato ou próximo ao mar. Na costa de Itacaré, segundo VeS ENGENHEIROS CONSULTORES (1996A), ocorrem coberturas cenozóicas sobre os terrenos cristalinos, que na área da bacia do rio Jeribucassu correspondem à rochas sedimentares do “Grupo Barreiras” e “Depósitos Marinhos Quaternários”. (A) Complexo São José O Complexo São José congrega parte das rochas do “Domínio Coaraci-Itabuna”, individualizado no contexto das unidades Pré-Cambrianas por Arcanjo (1994) citado por VeS ENGENHEIROS CONSULTORES (1996A). As antigas rochas do Complexo São José, datam do Arqueano, tendo mais de 2,5 bilhões de anos e são caracterizadas, segundo o citado relatório, “por rochas magmáticas granulitizadas pertencentes a uma série toleítica e outra cálcio-alcalinas, (...) estruturadas linearmente na direção NNE-SSW, através de bandas alternadas em meso e macro escalas, constituindo cristas e vales (p.55). Na bacia do rio Jeribucassu, as rochas do Complexo São José compõem-se, segundo o Mapa de Geologia de VeS ENGENHEIROS CONSULTORES (1996A): ... por rochas essencialmente magmáticas, granulitizadas, dispostas linearmente com expressivos bandeamentos e abundantes corpos máficos, contendo corpos individualizados de metadioritos, metagabros, metabasaltos e leptitos. A falta de um levantamento geológico básico da área, bem como o curto tempo para a elaboração do trabalho, impossibilitaram a subdivisão do Domínio, estando o mesmo representado na área de estudo como um corpo maior (ASJ), sem as devidas divisões em unidades menores, devido o desconhecimento da mineralogia desses corpos (p.57).

(B) Grupo Barreiras O Grupo Barreiras originou-se da expressão “formação das barreiras”, usada comumente para designar os sedimentos esculpidos em “mesas” ou “tabuleiros” comuns na costa nordestina do Brasil e que por vezes, aparecem cortados em falésias abruptas junto à linha de praia (RADAMBRASIL, 1981). Para INDA e BARBOSA (1978), o termo surgiu e se firmou por sua conotação morfológica, sendo aplicado indiferentemente do litoral do Pará ao Rio de Janeiro:

No entanto, a constituição litológica e a organização interna desse pacote não é a mesma em qualquer ponto, embora sua faciologia não difira essencialmente. Assim, na costa de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte (Mabesoone e outros, 1972) o nome designa um grupo de três formações, as quais são, da base para o topo: Serra dos Martins, Guararapes e Macaíba. No estado da Bahia, a unidade permanece na categoria de formação (p.57). Para RADAMBRASIL (1981), a constituição litológica e faciológica é repetitiva, com os conglomerados compondo-se, predominantemente, de fenoclastos de quartzo leitoso, arredondados, em meio a seixos de granulitos, arenitos e lamitos, com matriz de arenito mal selecionado e igualmente complexo em composição. Segundo INDA e BARBOSA (1978), os arenitos são compostos por grãos mal selecionados, subarredondados e de cores variadas, predominando a vermelha sobre a amarela, branca e violeta, conforme a argila da matriz. Observando as cascalheiras que ocorrem nos arredores de Salvador, INDA e BARBOSA (1978) descrevem a formação: Na base, em geral, está presente conglomerado estratificado normalmente gradado. Predominam os grãos de quartzo leitoso, arredondados, mas estão presentes também fenoclastos de gnaisse muito alterado, arenito e seixos de argila, particularmente abundantes. A matriz é arenosa e algumas vezes ferruginosa. A estratificação é cruzada de ângulo baixo a mediano. A concentração de seixos de quartzo na base dos conjuntos cruzados é freqüente. Interessante observar que os fenoclastos de argila são sempre maiores do que as rochas mais resistentes (p.57).

A idade atribuída ao Grupo Barreiras é pliocênica, com cerca de 5 milhões de anos, baseando-se em análises da flora, composta por trinta e oito espécies de dicotiledôneas, de um jazigo na localidade de Ouriçanguinhas, no Norte do Recôncavo Baiano (RADAMBRASIL, 1981). Segundo INDA e BARBOSA (1978), o Grupo Barreiras resultou do soerguimento continental com erosão remontante e sedimentação do material erodido em leques aluviais coalescentes, como nos contam MARTIN et al. (1980): Antes da deposição da Formação Barreiras, o clima deveria ter sido quente e úmido durante um longo período, ocasionando a formação de um manto de alteração muito espesso. Posteriormente, o clima tornou-se mais seco (do tipo semi-árido com chuvas esparsas e violentas), diminuindo a cobertura vegetal e dando lugar à erosão do manto de alteração, erosão esta que foi favorecida, possivelmente, por um simultâneo soerguimento do continente. Os produtos dessa alteração se depositaram aos pés das encostas sob a forma de cones (leques) aluviais coalescentes, de grande extensão. Nessa época o nível do mar devia ser mais baixo que o nível atual, tendo os sedimentos da Formação Barreiras recoberto parte da plataforma continental.O fim da deposição do Barreiras é marcado pelo retorno a um clima quente e úmido,

quando se iniciou um episódio transgressivo que erodiu a parte externa daquela formação. O limite máximo alcançado pelo mar durante este episódio é registrado, em alguns locais, por uma linha de falésias (p.11).

Quanto à posição estratigráfica, o Grupo Barreiras encontra-se em discordância angular sobre as rochas mais antigas, distribuindo-se em tabuleiros descontínuos que são resíduos de uma antiga planície costeira, soerguida no final do Terciário (RADAMBRASIL, 1981). Na costa de Itacaré, foram mapeados por VeS ENGENHEIROS CONSULTORES (1996A), prováveis zonas de contato litológico entre depósitos do Grupo Barreiras e o embasamento cristalino, assim relatadas: No presente trabalho, este grupo (Barreiras) foi mapeado a partir das observações de campo e da fotointerpretação na escala 1: 25.000. Um estudo criterioso e detalhado é portanto sugerido para o Grupo Barreiras aflorante na região (APA da Costa de Itacaré-Serra Grande), estando as delimitações e contatos sugeridos no mapa geológico, em anexo, passíveis de futuras mudanças. Ressalta-se, portanto, que os contatos entre o referido Grupo e as rochas cristalinas da área são zonas de possíveis contatos litológicos, servindo apenas como indicação de afloramentos deste Grupo observados em campo, podendo os sedimentos Barreiras aflorarem em áreas de extensão superior a apresentada no presente trabalho (p. 57).

Uma destas zonas de possível contato entre o Grupo Barreiras e o embasamento PréCambriano, foi mapeada por VeS ENGENHEIROS CONSULTORES (1996A), no sul da bacia do rio Jeribucassu, sugerindo que uma área com cerca de 5,5 km², seja de domínio do Grupo Barreiras. (C) Depósitos Marinhos Quaternários Na costa ao sul de Itacaré, onde as rochas do embasamento Pré-Cambriano estão próximas ou em contato direto com o mar, os depósitos quaternários são pouco desenvolvidos. Na foz do rio Jeribucassu, VeS ENGENHEIROS CONSULTORES (1996A) mapeou “Sedimentos Quaternários – Qpm” na zona de influência de marés, constituídos por materiais argilosiltosos, ricos em matéria orgânica, que formam um manguezal de 1 km ao longo do rio. MARTIN et al. (1980) mapeou também junto à foz do rio Jeribucassu, “Terraços Arenosos Holocênicos – Qtd2” que pouco vão além de 4 metros acima do nível do mar, formados a cerca de 5000 anos, segundo datações de conchas fósseis.

4.1.2 Geomorfologia Pelo mapa geomorfológico de VeS ENGENHEIROS CONSULTORES (1996A) é possível distinguir três unidades geomorfológicas que compartimentam o relevo da bacia do rio Jeribucassu: “Tabuleiros Pré-Litorâneos”, “Tabuleiros Costeiros” e “Complexos Praias, Aluviais e Estuarinos”. Os modelados são de “acumulação flúvio-marinha” junto à foz do rio Jeribucassu, e “de dissecação homogênea” na unidade geomorfológica “Tabuleiros Costeiros”. Quanto as formas de erosão e acumulação atuantes na bacia do rio Jeribucassu, estão representadas no mapa geomorfológico de VeS ENGENHEIROS CONSULTORES (1996A), indicações de erosão por “escoamento difuso” em áreas da unidade geomorfológica Tabuleiros Costeiros, e indicações de acumulação por “infiltração” nos terrenos de influência flúvio-marinha da foz do rio Jeribucassu. Já a avaliação da morfodinâmica do relevo da bacia do rio Jeribucassu indica “áreas de baixa, de moderada e de alta vulnerabilidade à erosão” na unidade geomorfológica Tabuleiros Pré-Litorâneos e uma “área de vulnerabilidade crítica”, correspondente a terrenos lamosos de alta impermeabilidade, junto à foz do rio Jeribucassu. I - Unidades Geomorfológicas (A) Tabuleiros Pré-Litorâneos Segundo VeS ENGENHEIROS CONSULTORES (1996A), a unidade geomorfológica Tabuleiros Pré-Litorâneos ocupam uma parte significativa da APA da Costa de Itacaré-Serra Grande, cujo relevo é sustentado por rochas do embasamento cristalino e “estende-se desde o litoral até a parte mais interiorana da área, formando superfícies tabulares inclinadas em direção ao litoral, (...) escarpadas no limite da linha de praia. Ocorrem em contato direto ou próximo ao mar, sendo esta uma das características da região de Itacaré” (p.63). Com variação altimétrica em torno de 120 metros, o relevo da unidade Tabuleiros PréLitorâneos encontra-se, em alguns trechos, recoberto por sedimentos do Grupo Barreiras, como no sul da bacia do rio Jeribucassu, em áreas das sub-bacias dos riachos Vitorino e Mangueira. Já no setor leste da bacia do rio Jeribucassu, as superfícies tabulares são parcialmente substituídas por morros arredondados (“meia-laranja”), que segundo VeS ENGENHEIROS CONSULTORES (1996A) são separados por vales encaixados resultantes do processo de dissecação da rede hidrográfica.

O relevo da unidade Tabuleiros Pré-Litorâneos apresenta na bacia do rio Jeribucassu, áreas de “Baixa, Moderada e Alta Vulnerabilidade à erosão”, sendo assim descritas por VeS ENGENHEIROS CONSULTORES (1996A): As áreas com baixa vulnerabilidade (Ab) correspondem aos restos conservados dos Tabuleiros Pré-Litorâneos e Costeiros, onde o principal processo geomorfológico é o escoamento superficial difuso. Nessas áreas as formações superficiais são espessas e permeáveis, facilitando a infiltração das águas superficiais, diminuindo a ação dos processos erosivos. (...) As áreas de moderada vulnerabilidade (Am) predominam em toda a área e correspondem aos interflúvios tabulares de topos abaulados e com declividade em torno de 15°(...) São consideradas de alta vulnerabilidade (Aa) ... as áreas elevadas de vertentes com declividade elevada, geralmente superior a 45° (p. 65).

(B) Tabuleiros Costeiros Na área da Área de Proteção Ambiental (APA) da Costa de Itacaré-Serra Grande, formas de relevo da unidade geomorfológica Tabuleiros Costeiros foram parcialmente mapeadas por VeS ENGENHEIROS CONSULTORES (1996A), conforme relato: Tabuleiros Costeiros ocorrem de forma expressiva na área de estudo apresentando uma morfologia típica dos tabuleiros, com superfícies tabulares inclinadas em direção ao litoral, alcançando-o de forma suave, ou (...) abrupta, sobrepondo as escarpas do embasamento cristalino. Os topos desses tabuleiros são planos, suavemente inclinados em direção ao litoral e recobertos por uma cobertura detrítica areno-argilosa, com fragmentos de carapaça laterítica retrabalhada, e seixos de quartzo leitoso (...). Os tabuleiros são sustentados pelos sedimentos do Grupo Barreiras, de composição areno-argilosa e cascalhosa. Formam uma unidade relativamente elevada, com altitudes variáveis entre 10 e 90 metros, tornando-se mais elevada à medida que se afasta do litoral (...) (p. 62).

Esta breve descrição do relevo é parcialmente coincidente com as registradas pelo projeto RADAMBRASIL (1981), onde este encontrou áreas dessa unidade, ao sul de Itacaré, próximo aos municípios de Una e Canavieiras, e ao Norte de Salvador, já próximo à Sergipe: Estes Tabuleiros (Costeiros) encontram-se em posição altimétrica muito rebaixada, não ultrapassando os 100 metros de altitude, e mostram-se inclinados para o mar. (...) Trata-se de faixas de relevos quase sempre coincidentes com os sedimentos da Formação Barreiras, (...). O material de cobertura é inconsolidado, com espessura de 4 a 6 metros, em média, composto de argilas cauliníticas cobertas por colúvios arenosos com seixos e placas de canga retrabalhadas e mosqueado; freqüentemente apresenta-se mais grosseiro na base, com uma crosta espessa, muito dura, ferruginosa, num nível intermediário, e 2 a 3 metros de argila na parte superior. (...) Os Tabuleiros encontram-se localmente submetidos a processos de podzolização, o que provoca o aparecimento de solos arenosos na superfície, (...). Eventualmente ocorrem podzóis hidromórficos, com muita matéria orgânica (p.212).

Segundo o Mapa Geomorfológico de VeS ENGENHEIROS CONSULTORES (1996A), o relevo da unidade geomorfológica Tabuleiros Costeiros apresenta modelados de dissecação homogênea

com variadas formas, como vertentes côncavo-convexas e lineares, interflúvios tabulares, rebordos erosivos e vales encaixados.

(C) Complexos Praias, Aluviais e Estuarinos A unidade geomorfológica Complexos Praias, Aluviais e Estuarinos engloba os relevos que correspondem às praias, aos cordões arenosos, pântanos e manguezais, e segundo VeS ENGENHEIROS CONSULTORES (1996A): Estendem-se desde Serra Grande até Itacaré, sendo delimitada a Leste pelo oceano Atlântico e a Oeste pelas escarpas cristalinas e pelos Tabuleiros Costeiros. (...) A faixa litorânea apresenta-se estreita em toda a área, sendo esta uma das características de Itacaré, com dimensões inferiores a 50 metros de largura, (...). Em certos trechos, como por exemplo, entre o rio Burudanga e a cidade de Itacaré e entre Serra Grande e a desembocadura do rio Tijuipinho, a faixa litorânea é quase inexistente, substituída pelos afloramentos do embasamento cristalino (p. 62).

É justamente no trecho em que o embasamento cristalino alcança o mar e onde a faixa litorânea é mais estreita, que se localiza a desembocadura do rio Jeribucassu e a atual praia de mesmo nome. A área correspondente à um modelado de acumulação flúvio-marinha, constituído por sedimentos argilosiltosos ricos em matéria orgânica, de terrenos lamosos com alta impermeabilidade, avaliados como de “Vulnerabilidade Crítica” por VeS ENGENHEIROS CONSULTORES (1996A). Pouco à montante destas áreas de Vulnerabilidade crítica, está representada no mapa geomorfológico de VeS ENGENHEIROS CONSULTORES (1996A), o símbolo de “infiltração” relacionado na legenda como uma forma de acumulação. Provavelmente, a infiltração ocorra nos terraços arenosos holocênicos mapeados por MARTIN et al (1980), em diversas embocaduras de rios deste setor da costa da Bahia, inclusive do Jeribucassu.

4.1.3 Solos O Mapa de Solos da APA da Costa de Itacaré-Serra Grande de VeS ENGENHEIROS CONSULTORES (1996A), teve como base os Boletins Técnicos 14 e 129 da CEPLAC (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira), que apresentam classificação e mapeamento das classes de solos, em escalas 1: 200000 e 1: 100000. Na bacia do rio Jeribucassu foram identificadas as seguintes classes de solos: (A) Latossolo amarelo Desenvolvidos sobre os sedimentos do Grupo Barreiras que recobrem o embasamento cristalino, a classe Latossolo Amarelo ocorre nos topos planos ou levemente ondulados dos Tabuleiros, predominando na bacia do rio Jeribucassu, segundo o mapeamento de VeS ENGENHEIROS CONSULTORES (1996A), que assim a descreve: São muito profundos, apresentando seqüência de horizontes A, B e 2B. A diferenciação morfológica entre os horizontes é nítida e as transições graduais, linhas de pedras podem ser observadas na transição para o 2B. Predominam no perfil cores brunadas, textura francoargilosa com cascalho até o B e argilosa até o 2B. Pode aparecer grande quantidade de cascalho ao longo do perfil, até o 2B. O equivalente de umidade médio no horizonte A é de 14% e do B é de 23% (p. 67).

Segundo RADAMBRASIL (1981), a classe latossolo amarela compreende solos com boa permeabilidade, forte à moderadamente drenados, boa porosidade e propícios ao desenvolvimento das raízes de plantas. (B) Latossolo vermelho-amarelo Os solos da classe Latossolo vermelho-amarelo ocorrem nas áreas de relevo mais ondulado da bacia do rio Jeribucassu: a leste, nas encostas dos morros próximos ao mar e a oeste, na Serra do Capitão. O relatório de VeS ENGENHEIROS CONSULTORES (1996A) faz a seguinte descrição desta classe de solo: São solos minerais, desenvolvidos sobre rochas do Pré-Cambriano, ocorrendo em relevo ondulado e forte ondulado, muito profundos, com seqüência de horizontes A, B e C divididos em subhorizontes, com diferenciação pouco nítida e transição difusa. Predominam nos horizontes de subsuperfície as cores vermelho amareladas e brunadas. A textura do horizonte A argilosa e para baixo aumentam os teores de argila. No horizonte A a média do equivalente de umidade é 26% e no B é 28%, bastante próximas. A porosidade total é alta e o coeficiente de aeração é médio(p. 67).

(C) Solos indiferenciados de mangues Os solos indiferenciados de mangues desenvolvem-se sobre sedimentos colúvio-aluvionares saturados de sódio, em áreas de influência marinha (VeS ENGENHEIROS CONSULTORES (1996A), como o estuário junto à foz do rio Jeribucassu. Segundo RADAMBRASIL (1981), os solos indiferenciados de mangues apresentam “horizontes gleizados, horizontes com elevado teor de sais (...) e compostos de enxofre; muito mal drenados, formam-se em áreas alagadas, onde a matéria orgânica também provém da decomposição das espécies que compõem a vegetação típica de mangue (p.341).

4.1.4 Zoneamento No “Zoneamento Econômico-Ecológico” proposto pelo “Plano de Manejo – Zoneamento e Plano de Gestão” da Área de Proteção Ambiental da Costa de Itacaré-Serra Grande estão estabelecidos para a superfície da bacia do rio Jeribucassu, três categorias de zoneamento: “Preservação, Conservação e Uso”. Cada uma destas três categorias apresenta “zonas” com diretrizes específicas para diferentes áreas da bacia do rio Jeribucassu. Segundo VeS ENGENHEIROS CONSULTORES (1996B), áreas de elevado valor ecológico tem seus ecossistemas associados à preservação da fauna silvestre e de remanescentes da flora em estágio avançado de regeneração. Na bacia do rio Jeribucassu, duas zonas estão classificadas nesta categoria, “ZPP – Zona de Proteção Permanente” e “ZPR – Zona de Proteção Rigorosa”, que propõem, respectivamente, a preservação do manguezal junto à foz do rio Jeribucassu e de sua vegetação ciliar ao longo de todo o médio e baixo curso. As atividades humanas nas áreas classificadas na categoria de Conservação devem, segundo o “Plano de Manejo – Zoneamento e Plano de Gestão” da Área de Proteção Ambiental da Costa de Itacaré-Serra Grande, estar sob controle devido a fragilidade do ambiente natural deste espaços. Duas zonas enquadradas nesta categoria estão estabelecidas em áreas da superfície da bacia do rio Jeribucassu: “ZAF – Zona Agro-Florestal” e “ZOM – Zona de Orla Marítima”. Em áreas estabelecidas como ZAF – Zona Agro-Florestal prtende-se a redução das atividades humanas e a manutenção da cobertura vegetal, através do cultivo de espécies perenes, como o coqueiro, a piaçava e o dendê. Já as áreas estabelecidas como ZOM – Zona de Orla Marítima pertencem a faixa de proteção de 60 metros a partir da linha de preamar, que na bacia do rio Jeribucassu está relacionada a praia de mesmo nome do rio, Jeribucassu. Três zonas estão relacionadas à categoria Uso na bacia do rio Jeribucassu: ZT1 – Zona Turística 1, ZAG – Zona de Agricultura e NUA – Núcleo Urbano de Apoio. As áreas estabelecidas como ZT1 – Zona Turística 1 são consideradas como de elevada beleza cênica em ambientes próximos ao mar, onde o usos indicados pelo zoneamento são os empreendimentos turísticos de baixa densidade e a instalação de infra-estruturas de apoio as atividades turísticas. A ZAG – Zona de Agricultura é estabelecida em áreas onde existem cultivos de subsistência, como o milho, a mandioca e o feijão. Junto ao trevo da Marambaia, no cruzamento das rodovias estaduais BA-001 e BA-654, está previsto pelo zoneamento uma zona de expansão urbana, NUA – Núcleo Urbano de Apoio, que prevê o estabelecimento de residências, comércios e serviços.

4.2 A cobertura vegetal em 1997 A bacia do rio Jeribucassu apresentava em 1997, cinco tipos de cobertura vegetal identificadas e agrupadas

pela

fisionomia

das formações

vegetais que,

segundo

VeS ENGENHEIROS

CONSULTORES (1996A) são, na área da APA da Costa de Itacaré-Serra Grande, características da Floresta Ombrófila Densa9 com vegetação secundária em diferentes estágios de regeneração. A cobertura arbórea dominante ainda era, em 1997, o tipo de cobertura que predominava na bacia do rio Jeribucassu, ocupando na época uma área de 15,5 km², correspondente à 52,29% de toda a superfície da bacia. Apesar do predomínio, a cobertura arbórea dominante da bacia do Jeribucassu se concentrava em 1997, em uma grande área contínua de 7,15 km², localizada nas encostas e no alto dos morros da Serra do Capitão, no oeste da bacia. Relacionada ao estágio avançado de regeneração da Floresta Ombrófila Densa, nas áreas com cobertura arbórea dominante destacam-se árvores de dossel emergente, sendo comum, segundo VeS ENGENHEIROS CONSULTORES (1996A) a presença da maçaranduba (Manilka sp.), do jatobá (Hymenaea sp.), da sucupira (Bowdichia virgilioides) e da joerana (Parkia sp.). A cobertura arbustiva-arbórea que em 1997 ocupava 2,72 km² (9,17 %) da área, ocorria em pequenas áreas de no máximo 19000 m², distribuídas principalmente no leste da bacia do rio Jeribucassu. Relacionada ao estágio médio de regeneração da Floresta Ombrófila Densa, a cobertura arbustiva-arbórea pode apresentar estratos de diferentes alturas, destacando-se espécies como o angelim (Andira sp.), o cajá (Spondias lutea), e a embaúba (Cecropia sp.) (VeS ENGENHEIROS CONSULTORES, 1996A). As áreas com cobertura herbáceo-arbustiva, correspondente à pastagens e áreas agrícolas, já ocupavam em 1997, 11,09 km² (37,41 %) da superfície da bacia do rio Jeribucassu, dominando toda uma faixa central e expandindo-se nitidamente para norte, sul e oeste da bacia. Fisionomia do estágio inicial de regeneração da floresta, a cobertura herbáceo-arbustiva apresenta espécies vegetais como o sapé (Imperata brasilienses), o tucum (Bactris sp.) e a piaçava (Attalea funifera) que também aparece com freqüência no estágio médio de regeneração (VeS ENGENHEIROS CONSULTORES, 1996A).

9

“O termo Floresta Ombrófila Densa, criado por Ellemberg e Mueller-Dombois (1965/6), substituiu Pluvial (de origem latina) por Ombrófila (de origem grega), ambos com o mesmo significado ‘amigo das chuvas’. Além disso, empregaram pela primeira vez os termos “Densa e Aberta” como divisão das florestas dentro do espaço intertropical, muito embora este tipo de vegetação seja conhecido também pelo nome original dado por Schimper (1903) e reafirmado por Richards (1952) de ‘Floresta Pluvial Equatorial’. Aceitou-se a designação de Ellemberg e Mueller-Dombois, porque apresenta as duas fisionomias ecológicas tanto na Amazônia como nas áreas costeiras, justificando assim o uso da terminologia mais recente” (IBGE, 1992: 16).

O manguezal presente junto à foz do rio Jeribucassu, ocupa uma pequena área de 15.000 m², 0,5% da superfície da bacia do rio Jeribucassu. Dentre as espécies típicas de um manguezal, destacamse a Rhizophora mangle (mangue vermelho), a Laguncaria racemosa (mangue branco) e a Avicennia shaueriana (mangue preto) (VeS ENGENHEIROS CONSULTORES, 1996A). Nas áreas sem cobertura vegetal, o solo está exposto e aparece no mosaico de fotografias coloridas em tons de amarelo e marrom, ocupando em 1997, oito pequenas áreas que correspondiam à 0,6 % da superfície da bacia do rio Jeribucassu. São áreas desmatadas por corte raso da vegetação, ou para a abertura de pastagens ou ocupadas por instalações, como um canteiro de obras e uma pequena pedreira, junto ao trevo da Marambaia, na época da pavimentação da rodovia BA-001. Tabela 02: Características da cobertura vegetal da bacia do rio Jeribucassu em 1997 Tipo de cobertura vegetal

Área que ocupava na bacia

% em relação à área total da bacia

Cobertura arbórea dominante

15,5 km²

52,29 %

Cobertura arbustiva-arbórea

2,72 km²

9,17 %

Cobertura herbáceo-arbustiva

11,09 km²

37,41 %

Manguezal

0,15 km²

0,50 %

Área sem vegetação

0,18 km²

0,60 %

Foto 09: Em primeiro plano, a vegetação do manguezal recobrindo o estuário junto à foz do rio Jeribucassu, em outubro de 2000 (fotografia: Paulo Fernando Meliani).

4.3 As sub-bacias com potencial superior de captação das águas superficiais A análise quantitativa da rede hidrográfica permitiu identificar, entre as sub-bacias com no mínimo dois canais (ramificadas) da bacia do rio Jeribucassu, aquelas que possuem potencial superior de captação das águas superficiais. A identificação das sub-bacias ramificadas que possuem valores de superfície, extensão da rede hidrográfica e densidade do comprimento total de canais, acima da média aritmética destes aspectos entre elas, foi o critério utilizado para a classificação. Tabela 03: Características da rede hidrográfica das sub-bacias ramificadas da bacia do rio Jeribucassu Sub-bacia Superfície Extensão da rede Densidade do (km²) (metros) comprimento total de (denominação)∗ canais (metros de canais por km²) 0,082 449,33 ALTO JERI 2 M 9 6.241,62 Alto Jeri 2 M 10 0,190 861,85 4.536,05 Alto Jeri 2 M 13 0,510 1.735,25 3.402,45 Alto Jeri 2 M 21 0,340 1.507,58 4.434,05 0,087 481,50 ALTO JERI 2 M 24 6.018,75 4.162,97 4.291,72 ALTO JERI 2 M 27 0,970 Marambaia 2 M 36 0,240 872,88 3.637,00 Marambaia 3 M 37 0,200 967,55 4.837,75 Marambaia 2 m 40 0,390 1.996,59 5.119,46 MARAMBAIA 3 M 42 0,921 5.223,22 5.677,41 4.913,14 MARAMBAIA 3 M 44 1,230 6.043,17 Marambaia 2 m 49 0,094 445,31 4.947,88 4.663,94 MARAMBAIA 3 M 50 1,350 6.296,32 Médio Jeri 2 M 52 0,330 1.607,26 4.870,48 4.998,60 VITORINO 4 M 56 5,520 27.592,30 MÉDIO JERI 3 M 61 0,890 5.051,49 5.675,83 0,084 598,85 MÉDIO JERI 2 M 64 7.485,62 0,170 1.415,68 MÉDIO JERI 3 J 65 8.327,52 4.288,20 PIABAS 4 J 67 4,640 19.879,28 0,050 300,76 Médio jeri 2 j 68 6.016,20 0,081 628,11 Médio jeri 2 j 69 12.562,20 Baixo jeri 2 j 70 0,120 654,23 5.451,91 5.063,21 BAIXO JERI 3 J 75 0,920 4.658,16 0,150 989,82 BAIXO JERI 2 J 76 6.598,80 0,390 2.576,13 BAIXO JERI 2 J 77 6.605,46 0,100 684,67 BAIXO JERI 2 J 78 6.846,70 0,590 3.354,87 BAIXO JERI 3 J 79 5.686,22 4.822,47 DUAS IRMÃS 4 J 80 3,400 16.396,43 Média aritmética O,850 4.194,62 5.643,59 ∗ A denominação das sub-bacias segue critério estabelecido no capítulo 03, item 3.4.1, p. 23; - Em verde, as sub-bacias que possuem área da superfície, extensão da rede hidrográfica e densidade do comprimento total de canais superior à média aritmética; - Em vermelho, as sub-bacias com área da superfície e extensão da rede hidrográfica superior à média aritmética; - Em amarelo, a sub-bacia com área da superfície superior à média aritmética. - Em azul, as sub-bacias com densidade do comprimento total de canais superior à média aritmética.

Nos três critérios analisados destacaram-se duas sub-bacias, que superam a média aritmética da superfície (0,85 km²), da extensão da rede hidrográfica (4.194,62 metros) e da densidade do comprimento total de canais (4.889,65 metros de canis por km²): MARAMBAIA 3 M 42 e MÉDIO JERI 3 M 61. Das 28 sub-bacias ramificadas, seis se destacam em dois dos critérios analisados, superando tanto a média aritmética da superfície (0,85 km²), quanto da extensão da rede hidrográfica (4.194,62 metros): MARAMBAIA 3 M 44, MARAMBAIA 3 M 50, VITORINO 4 M 56, PIABAS 4 J 67, BAIXO JERI 3 J 75 e DUAS IRMÃS 4 J 80. Uma única sub-bacia sobressaiu-se apenas no critério superfície, a sub-bacia ALTO JERI 2 M 27, enquanto que outras dez destacaram-se no critério densidade do comprimento total de canais, são elas as sub-bacias: ALTO JERI 2 M 9, ALTO JERI 2 M 24, MÉDIO JERI 2 M 64, MÉDIO JERI 3 J 65, MÉDIO JERI 2 J 68, MÉDIO JERI 2 J 69, BAIXO JERI 2 J 76, BAIXO JERI 2 J 77, BAIXO JERI 2 J 78 e BAIXO JERI 3 J 79.

4.3.1 Sub-bacias com superfície, extensão da rede hidrográfica e densidade do comprimento total de canais, superiores à média Localizadas as sub-bacias com potencial superior de captação das águas superficiais, identificaram-se características do meio físico das oito que mais se destacaram, por superarem a média aritmética em pelo menos dois dos critérios analisados. Destacaram-se nos três critérios analisados, duas sub-bacias que superam a média aritmética da superfície (0,85 km²), da extensão da rede hidrográfica (4.194,62 metros) e da densidade do comprimento total de canais (4.889,65 metros de canais por km²): MARAMBAIA 3 M 42 e MÉDIO JERI 3 M 61. MARAMBAIA 3 M 42 A nascente do curso d’água principal da sub-bacia MARAMBAIA 3 M 42 corresponde à estabelecida pela carta topográfica 1: 100000 da SUDENE, que serviu de base a todos os mapas apresentados por VeS ENGENHEIROS CONSULTORES (1996A e 1996B). A sub-bacia MARAMBAIA 3 M 42 tem a nascente do seu curso d’água principal localizada bem próxima ao trevo da Marambaia, no entroncamento das rodovias estaduais BA-001 e BA-654.

Tabela 04 – Características do meio físico da sub-bacia MARAMBAIA 3 M 42 Superfície Extensão da rede hidrográfica Densidade do comprimento total de canais Altimetria Geologia Geomorfologia Solos Cobertura vegetal

Zoneamento

0,921 km² (6ª) 5.223,22 metros (6ª) 5.677,41 metros de canais por km² (11ª) 40 à 120 metros Complexo São José Tabuleiros Pré-Litorâneos (áreas com moderada vulnerabilidade à erosão) Latossolo amarelo Latossolo vermelho-amarelo Cobertura herbáceo-arbustiva Cobertura arbórea dominante Área sem vegetação Cobertura arbustiva-arbórea Zona de Agricultura – ZAG Núcleo Urbano de Apoio – NUP Zona de Proteção Rigorosa – ZPR

Na sub-bacia MARAMBAIA 3 M 42, que encontra-se em cotas altimétricas entre 40 e 120 metros, as rochas do embasamento cristalino (Complexo São José) são o substrato geológico de morros da unidade geomorfológica Tabuleiros Pré-Litorâneos. Algumas vertentes com declividade em torno de 15°, de morros desta sub-bacia, são consideradas por VeS ENGENHEIROS CONSULTORES (1996A), áreas com moderada vulnerabilidade à erosão. A classe de solos Latossolo amarelo predomina na sub-bacia MARAMBAIA 3 M 42, somente na área da confluência do curso d’água principal com o rio Jeribucassu, e em um pequeno setor no noroeste da sub-bacia, ocorrem solos da classe Latossolo vermelho-amarelo. Em 1997, a cobertura vegetal que predominava na sub-bacia MARAMBAIA 3 M 42 era a cobertura herbáceo-arbustiva, sendo que a cobertura arbórea dominante só ocorria em alguns “bolsões” no norte da sub-bacia. Uma grande área sem vegetação, junto ao trevo da Marambaia, e outra menor com cobertura arbustivo-arbórea são discerníveis no Mapa do estado da cobertura vegetal da bacia do rio Jeribucassu em 1997. No zoneamento, a sub-bacia MARAMBAIA 3 M 42, tem a maior parte da sua área estabelecida como Zona de Agricultura – ZAG, as margens do curso d’água principal estão definidas como Zona de Proteção Rigorosa – ZPR e, junto ao trevo, uma grande área é destinada a um Núcleo Urbano de Apoio – NUA. Estabelecida como alternativa para o surgimento de novos núcleos urbanos, o Núcleo Urbano de Apoio – NUA é uma zona indicada ao uso residencial, ao comércio e serviços.

MÉDIO JERI 3 M 61 Entre altitudes que variam de 40 à 120 metros, a sub-bacia MÉDIO JERI 3 M 61 apresenta relevo de morros levemente arredondados, desenvolvidos sobre rochas do embasamento cristalino. Os solos da sub-bacia são da classe Latossolo amarelo, recobertos predominantemente, em 1997, por cobertura arbórea dominante. Algumas áreas no leste da sub-bacia MÉDIO JERI 3 M 61 apresentavam cobertura herbáceo-arbustiva, enquanto que outras três pequenas áreas eram, em 1997, recobertas por cobertura arbustiva-arbórea. Tabela 05 – Características do meio físico da sub-bacia MÉDIO JERI 3 M 61 Superfície Extensão da rede hidrográfica Densidade do comprimento total de canais Altimetria Geologia Geomorfologia Solos Cobertura vegetal Zoneamento

0,890 km² (8ª) 5.041,49 metros (7ª) 5.675,83 metros de canais por km² (12ª) 40 à 120 metros Complexo São José Tabuleiros Pré-Litorâneos Latossolo amarelo Cobertura arbórea dominante Cobertura herbáceo-arbustiva Cobertura arbustiva-arbórea Zona de Agricultura – ZAG Zona de Proteção Rigorosa – ZPR

Apesar da predominância da cobertura arbórea dominante, praticamente toda a sub-bacia MÉDIO JERI 3 M 61 corresponde à uma Zona de Agricultura – ZAG, sugerindo um uso intensivo da área. A Zona de Proteção Rigorosa – ZPR só é estabelecida junto à confluência do curso d’água principal desta sub-bacia com o rio Jeribucassu. 4.3.2 Sub-bacias com superfície e extensão da rede hidrográfica, superiores à média Três sub-bacias se destacam em dois dos critérios analisados, superando tanto a média aritmética da superfície (0,85 km²), quanto da extensão da rede hidrográfica (4.194,62 metros): MARAMBAIA 3 M 44, MARAMBAIA 3 M 50, VITORINO 4 M 56, PIABAS 4 J 67, BAIXO JERI 3 J 75 e DUAS IRMÃS 4 J 80. Apesar de não superarem a média das sub-bacias analisadas, no critério densidade do comprimento total de canais, estas seis sub-bacias, em especial a do riacho Mangueira e a do córrego Duas Irmãs, superam significativamente as médias nos critérios: superfície e extensão da rede hidrográfica.

MARAMBAIA 3 M 44 A sub-bacia MARAMBAIA 3 M 44 é a 5ª maior em superfície e em extensão da rede hidrográfica, e está localizada em cotas de altitude que variam dos 40 aos 160 metros. Com superfícies tabulares, os morros da unidade geomorfológica Tabuleiros Pré-Litorâneos nesta sub-bacia apresentam baixa vulnerabilidade à erosão, sendo sustentados por rochas ígneas do Complexo São José. Tabela 06 – Características do meio físico da sub-bacia MARAMBAIA 3 M 44 Superfície Extensão da rede hidrográfica Densidade do comprimento total de canais Altimetria Geologia Geomorfologia Solos Cobertura vegetal Zoneamento

1,230 km² (5ª) 6.043,17 metros (5ª) 4.913,14 metros de canais por km² (18ª) 40 à 160 metros Complexo São José Tabuleiros Pré-Litorâneos (áreas de baixa vulnerabilidade à erosão) Latossolo vermelho-amarelo Cobertura arbórea dominante Cobertura herbáceo-arbustiva Cobertura arbustiva-arbórea Zona Agro-Florestal – ZAF Zona de Proteção Rigorosa - ZPR

Quase toda a área da sub-bacia MARAMBAIA 3 M 44 é estabelecida como Zona AgroFlorestal pelo zoneamento da APA da Costa de Itacaré-Serra Grande, apenas um pequena seção que margeia o curso d’água principal, já bem próximo a confluência com o rio Jeribucassu, é definida como Zona de Proteção Rigorosa – ZPR. Cabe salientar, que uma pequena parte da sub-bacia MARAMBAIA 3 M 44, junto a uma das principais nascentes de seu curso d’água principal, está fora dos limites da unidade de conservação e portanto, sem zoneamento. MARAMBAIA 3 M 50 A sub-bacia MARAMBAIA 3 M 50, apesar de não superar a média das sub-bacias analisadas, no critério densidade do comprimento total de canais, é a 4ª maior sub-bacia em superfície e extensão da rede hidrográfica, entre todas as sub-bacias da bacia do rio Jeribucassu. Com altimetria que varia dos 40 aos 120 metros, a sub-bacia MARAMBAIA 3 M 50 apresenta relevo com áreas de moderada vulnerabilidade à erosão, nas encostas com declividade em torno de 15°, de morros da unidade geomorfológica Tabuleiros Pré-Litorâneos.

Os solos formados sobre as rochas do embasamento (Complexo São José) são predominantemente da classe Latossolo amarelo, com pequena ocorrência da classe Latossolo vermelho-amarelo na área próxima à confluência de seu curso d’água principal com o rio Jeribucassu. Tabela 07 – Características do meio físico da sub-bacia MARAMBAIA 3 M 50 Superfície Extensão da rede hidrográfica Densidade do comprimento total de canais Altimetria Geologia Geomorfologia Solos Cobertura vegetal Zoneamento

1,350 km² (4ª) 6.296,32 metros (4ª) 4.663,94 metros de canais por km² (22ª) 40 à 120 metros Complexo São José Tabuleiros Pré-Litorâneos (áreas com moderada vulnerabilidade à erosão) Latossolo amarelo Latossolo vermelho-amarelo Cobertura herbáceo-arbustiva Cobertura arbórea dominante Zona de Agricultura – ZAG Zona de Proteção Rigorosa - ZPR

Em 1997, a superfície da sub-bacia MARAMBAIA 3 M 50 era recoberta por extensas áreas de cobertura herbáceo-arbustiva, entremeadas por agrupamentos de cobertura arbórea dominante. Tem uma pequena faixa marginal da seção final do curso d’água principal estabelecida como Zona de Proteção Rigorosa – ZPR, enquanto que em todo o resto da área da sub-bacia MARAMBAIA 3 M 50, o zoneamento prescreve uma Zona de Agricultura – ZAG. VITORINO 4 M 56 A sub-bacia do riacho Vitorino apresenta a maior superfície e a rede hidrográfica mais extensa entre todas as sub-bacias da bacia do rio Jeribucassu. Encontra-se em cotas altimétricas que vão de 40 à 160 metros de altitude, onde situam-se as nascentes do seu curso d’água principal. A limitação das informações altimétricas deixa dúvidas quanto à localização da nascente principal do riacho Vitorino, uma vez que possui diversas nascentes na mesma cota altimétrica, entre 120 e 160 metros. Duas nascentes, em especial, localizam-se muito próximas ao limite da cota altimétrica 160-200 metros, no oeste da bacia do Jeribucassu, na Serra do Capitão. Mas, como estas duas nascentes têm, segundo as curvas de nível do mapa geomorfológico de VeS ENGENHEIROS CONSULTORES (1996A), cabeceira pouco abaixo da cota 160 metros, prevalece o critério de se estabelecer como nascente principal aquela com cabeceira mais distante da confluência do Vitorino

com o Jeribucassu. Assim, foi escolhida como principal, uma terceira nascente, em mesma cota altimétrica (120-160 metros), localizada no Sul da bacia do rio Jeribucassu. Tabela 08 – Características do meio físico da sub-bacia VITORINO 4 M 56 Superfície Extensão da rede hidrográfica Densidade do comprimento total de canais Altimetria Geologia Geomorfologia Solos Cobertura vegetal

Zoneamento

5,520 km² (1ª) 27.592,30 metros (1ª) 4.998,60 metros de canais por km² (16ª) 40 à 160 metros Grupo Barreiras Complexo São José Tabuleiros Costeiros (dissecação homogênea, escoamento difuso) Tabuleiros Pré-Litorâneos Latossolo vermelho-amarelo Latossolo amarelo Cobertura arbórea dominante Cobertura herbáceo-arbustiva Cobertura arbustiva-arbórea Área sem vegetação Zona Agro-Florestal - ZAF Zona de Proteção Rigorosa - ZPR

As características do meio físico da bacia do rio Jeribucassu identificadas nos mapas da VeS ENGENHEIROS CONSULTORES, servem apenas parcialmente à caracterização do meio físico da sub-bacia VITORINO 4 M 56, visto que parte dela está fora do limite da APA da Costa de ItacaréSerra Grande e portanto, sem mapeamento. A geologia predominante na sub-bacia VITORINO 4 M 56 é de rochas sedimentares do Grupo Barreiras, que sustentam morros abaulados e arredondados da unidade geomorfológica Tabuleiros Costeiros. Sobre as superfícies tabulares destes morros, que apresentam modelados de dissecação homogênea e erosão por escoamento difuso, a classe de solo que predomina é o Latossolo vermelhoamarelo. O setor norte da sub-bacia VITORINO 4 M 56 apresenta rochas magmáticas do Complexo São José sustentando superfícies de morros mais arredondados (“meia-laranja”). No setor leste da subbacia VITORINO 4 M 56, ocorrem solos da classe Latossolo amarelo, que têm limite aproximado com a classe Latossolo vermelho-amarelo, acompanhando o percurso de um afluente do riacho Vitorino. Em 1997, a cobertura arbórea dominante predominava na superfície da sub-bacia VITORINO 4 M 56, apesar do nítido avanço de áreas abertas para oeste, subindo as encostas da Serra do Capitão. No sul e leste da sub-bacia VITORINO 4 M 56, a cobertura herbáceo-arbustiva dominava em 1997, inclusive nas áreas do entorno das nascentes e nas margens de canais formadores e afluentes do riacho Vitorino.

Na área da sub-bacia VITORINO 4 M 56 que se localiza dentro do limite da APA da Costa de Itacaré-Serra Grande, o zoneamento prescreve três zonas que correspondem, cada uma delas, as três categorias do Plano de Manejo. A maior parte é definida como Zona Agro-Florestal (ZAF), onde é proibida a eliminação completa das formações florestais remanescentes e indicada a implementação de culturas agrícolas perenes. Nas cabeceiras de canais formadores de um importante afluente do riacho Vitorino, no sul da sub-bacia, o zoneamento estabelece uma Zona de Agricultura – ZAG em área antropizada que indica variados usos, como cultivos agrícolas de subsistência (mandioca, feijão), apicultura, piscicultura e silvicultura. No sudoeste, junto ao limite da sub-bacia VITORINO 4 M 56, nas áreas mais altas dos morros foi estabelecida uma Zona de Proteção Rigorosa – ZPR, que é definida também para as margens do riacho Vitorino, mas somente bem próximo a confluência deste riacho com o rio Jeribucassu. PIABAS 4 J 67 A sub-bacia do riacho Piabas, apesar de não superar a média no critério densidade do comprimento total de canais, é a segunda maior sub-bacia em superfície e na extensão da rede hidrográfica, entre todas as sub-bacias da bacia do rio Jeribucassu. Entre altitudes que variam de 40 a 160 metros, a sub-bacia PIABAS 4 J 67 apresenta, nas áreas mais altas da sub-bacia, relevo relativo à unidade geomorfológica Tabuleiros Costeiros, com superfícies tabulares desenvolvidas sobre rochas sedimentares do Grupo Barreiras. No alto destes tabuleiros, o modelado é de dissecação homogênea e o escoamento difuso é uma forma de erosão comum. Nas áreas mais baixas da sub-bacia, o relevo é relativo à unidade geomorfológica Tabuleiros Pré-Litorâneos, com superfícies também tabulares, de morros sustentados por rochas ígneas do Complexo São José. A classe de solos predominante na sub-bacia PIABAS 4 J 67 é o Latossolo amarelo, sendo que em apenas uma pequenina área, junto à cabeceira de um dos principais afluentes do curso d’água principal, ocorrem solos da classe Latossolo vermelho-amarelo. A superfície da sub-bacia PIABAS 4 J 67 aparece extremamente desmatada no mosaico de fotografias aéreas de 1997 (IESB, 1997A), quando predominava a cobertura herbáceo-arbustiva. Poucas áreas conservadas de cobertura arbórea dominante existiam na sub-bacia PIABAS 4 J 67 em 1997, sendo mais raras ainda, áreas em processo de regeneração, com cobertura arbustiva-arbórea.

Tabela 09 – Características do meio físico da sub-bacia PIABAS 4 J 67 Superfície Extensão da rede hidrográfica Densidade do comprimento total de canais Altimetria Geologia Geomorfologia Solos Cobertura vegetal Zoneamento

4,640 km² (2ª) 19.879,28 metros (2ª) 4.288,20 metros de canais por km² (27ª) Abaixo de 40 à 160 metros Complexo São José Grupo Barreiras Tabuleiros Pré-Litorâneos Tabuleiros Costeiros (dissecação homogênea, escoamento difuso) Latossolo amarelo Latossolo vermelho-amarelo Cobertura herbáceo-arbustiva Cobertura arbórea dominante Cobertura arbustiva-arbórea Zona Agro-Florestal – ZAF Zona de Agricultura – ZAG Zona de Proteção Rigorosa – ZPR

O riacho das Piabas tem as áreas marginais de quase todo o seu baixo curso, definidas como Zona de Proteção Rigorosa – ZPR, mas justamente a área das nascentes, tanto do curso d’água principal quanto de importantes formadores, é uma Zona de Agricultura – ZAG. A maior parte da superfície da sub-bacia MANGUEIRA 4 J 67 está definida como Zona Agro-Florestal – ZAF, o que talvez possa contribuir na conservação dos solos em áreas, até então, quase sem vegetação. BAIXO JERI 3 J 75 Das sub-bacias que se destacaram nos três critérios analisados, a sub-bacia BAIXO JERI 3 J 75 é a única que possui confluência com o rio Jeribucassu à jusante do ponto de captação de água para abastecimento público. A altimetria da sub-bacia varia de 40 metros no fundo do vale até 120 metros no alto dos morros arredondados da unidade geomorfológica Tabuleiros Pré-Litorâneos. Tabela 10 – Características do meio físico da sub-bacia BAIXO JERI 3 J 75 Superfície Extensão da rede hidrográfica Densidade do comprimento total de canais Altimetria Geologia Geomorfologia Solos Cobertura vegetal Zoneamento

0,920 km² (7ª) 4.658,16 metros (8ª) 5.063,21 metros de canais por km² (15ª) abaixo de 40 à 120 metros Complexo São José Tabuleiros Pré-Litorâneos Latossolo amarelo Cobertura arbórea dominante Cobertura arbustiva-arbórea Cobertura herbáceo-arbustiva Zona Agro-Florestal – ZAF Zona de Agricultura – ZAG Zona de Proteção Rigorosa – ZPR

Os solos desenvolvidos sobre as rochas do Complexo São José, são da classe Latossolo amarelo e eram recobertos em 1997, por cobertura arbórea dominante e cobertura arbustivo-arbórea, onde a vegetação parece se regenerar em uma área visivelmente antropizada identificadas nas fotografias aéreas de 1965. Pequenas áreas com cobertura herbáceo-arbustiva também ocorriam na sub-bacia BAIXO JERI 3 J 75, principalmente junto à rodovia BA-001 que corta a sub-bacia, e que em 1997, estava em fase final de pavimentação. Uma Zona Agro-Florestal é prescrita para quase toda a área da sub-bacia BAIXO JERI 3 J 75. Outra área, junto à nascente de seu curso d’água principal, é definida como Zona de Agricultura – ZAG. A Zona de Proteção Rigorosa – ZPR só está estabelecida para a seção final do curso d’água principal, já muito próximo de sua confluência com o rio Jeribucassu. DUAS IRMÃS 4 J 80 O Córrego Duas Irmãs é o mais longo afluente do rio Jeribucassu (4.489,87 metros), encaixado em um vale de encostas íngremes, com mais de 45° de declividade, sobre rochas magmáticas granulitizadas do Complexo São José. Pouco antes de sua confluência com o rio Jeribucassu, o córrego Duas Irmãs percorre áreas de vulnerabilidade crítica, sobre sedimentos quaternários relativos ao estuário do Jeribucassu. A sub-bacia DUAS IRMÃS 4 J 80 encontra-se em altitudes que variam, praticamente do nível do mar na área da confluência de seu curso d’água principal com o rio Jeribucassu, até os 160 metros na área da nascente principal, no alto do divisor de águas. A classe de solos que predomina na sub-bacia DUAS IRMÃS 4 J 80 é Latossolo amarelo, mas a classe Latossolo vermelho-amarelo ocorre na parte mais alta dos morros do leste da sub-bacia, enquanto que solos indiferenciados de mangues ocorrem junto à confluência do córrego Duas Irmãs com o rio Jeribucassu. A superfície da sub-bacia DUAS IRMÃS 4 J 80, bastante antropizada, parece ter a vegetação em regeneração, visto que a cobertura que predominava em 1997, era a cobertura arbustiva-arbórea, apesar da significativa ocorrência da cobertura herbáceo-arbustiva. A cobertura arbórea dominante ocorria, em 1997, nas encostas mais íngremes e no alto dos morros que ladeiam o córrego Duas Irmãs.

Tabela 11 – Características do meio físico da sub-bacia DUAS IRMÃS 4 J 80 Superfície Extensão da rede hidrográfica Densidade do comprimento total de canais Altimetria Geologia Geomorfologia Solos Cobertura vegetal Zoneamento

3,400 km² (3ª) 16.396,43 metros (3ª) 4.822,47 metros de canais por km² (21ª) Abaixo de 40 à 160 metros Complexo São José Sedimentos Quaternários Tabuleiros Pré-Litorâneos (áreas de alta vulnerabilidade à erosão) Complexos Praias, Aluviais e Estuarinos (áreas com vulnerabilidade crítica) Latossolo amarelo Latossolo vermelho-amarelo Solos indiferenciados de mangues Cobertura arbustiva-arbórea Cobertura herbáceo-arbustiva Cobertura arbórea dominante Zona Agro-Florestal – ZAF Zona de Agricultura – ZAG Zona Turística 1 – ZT1 Zona de Preservação Permanente – ZPP

A maior parte da superfície da sub-bacia DUAS IRMÃS 4 J 80 é definida como Zona AgroFlorestal – ZAF, mas três áreas pertencem a outras zonas. Uma Zona de Agricultura – ZAG é estabelecida em uma faixa no oeste da sub-bacia, incluindo áreas do entorno das nascentes de alguns formadores do córrego Duas Irmãs. No oeste da sub-bacia DUAS IRMÃS 4 J 80, bem próximo ao mar, foi estabelecida uma Zona Turística 1 – ZT1, com uso indicado para instalação de estruturas de apoio aos empreendimentos hoteleiros, que vão desde trilhas até campos de pouso. Uma pequena área, junto à confluência do córrego Duas Irmãs com o rio Jeribucassu, é definida como Zona de Preservação Permanente – ZPP, que corresponde a terrenos permanentemente inundados.

5. CONSIDERAÇÕES Na carta topográfica da SUDENE (1977), a nascente principal do rio Jeribucassu está posicionada na cabeceira de um importante canal afluente, entre 80 e 120 metros de altitude, situada junto ao trevo da Marambaia, no entroncamento das rodovias BA-001 e BA-654. Pela carta topográfica 1: 100000 da SUDENE (1977), bem como nos mapas da VeS ENGENHEIROS CONSULTORES (1996A e 1996B), a nascente do rio Jeribucassu corresponde a cabeceira do canal principal da subbacia aqui denominada MARAMBAIA 3 M 42, uma das sub-bacias reconhecidas neste estudo como de Potencial superior de captação das águas superficiais. Esta informação norteou o“Zoneamento Econômico-Ecológico” da Área de Proteção Ambiental (APA) da Costa de Itacaré-Serra Grande, que propõe uma “Zona de Proteção Rigorosa – ZPR” ao longo do rio Jeribucassu e em setores de alguns afluentes (VeS ENGENHEIROS CONSULTORES, 1996B). Na falta de uma informação mais precisa sobre o percurso do rio Jeribucassu, a “Zona de Proteção Rigorosa - ZPR” proposta pelo zoneamento para a conservação do ambiente fluvial, não cobre uma seção de aproximadamente 1750 metros do rio, dentro da unidade de conservação. Cabe observar ainda, que os 5000 metros iniciais do percurso do rio Jeribucassu estão fora dos limites da Área de Proteção Ambiental (APA) da Costa de Itacaré–Serra Grande, portanto sua vegetação ciliar nesta seção do rio não tem a proteção legal do zoneamento. Fora dos limites da unidade de conservação, estão cerca de 4,72 Km2 da superfície da bacia do rio Jeribucassu (15,92 %), incluindo aí as nascentes de dois longos formadores do riacho Vitorino. Importante afluente do rio Jeribucassu, o riacho Vitorino possui confluência à montante do ponto de captação de água, e tem portanto, parte de suas águas utilizadas para abastecimento da população do distrito-sede de Itacaré. Sua sub-bacia (VITORINO 4 M 56) é uma das consideradas neste estudo como de potencial superior de captação das águas superficiais. Na Serra do Capitão, um conjunto com oito canais de 1ª ordem compõem uma área de nascentes principais com cobertura arbórea dominante. Localizada nas áreas mais altas da bacia do rio Jeribucassu, estas nascentes talvez devam ser protegidas em seu conjunto, preservando a vegetação natural que ainda existe na área. A localização desta área de nascentes, juntamente com a área das sub-bacias com potencial superior de captação das águas superficiais, as pequenas áreas de todas as 53 sub-bacias de 1ª ordem (com um único canal) e todas 84 sub-bacias de ordem zero mapeadas, servem como indicação preliminar de espaços a serem particularmente preservados ou com a cobertura vegetal recuperada.

As sub-bacias de ordens menores, 1ª ordem e de ordem zero (não possuem nenhum canal perceptível na escala 1: 25.000), ocupam geralmente pequenas áreas distribuídas ao longo do rio Jeribucassu, que já tem parte de sua vegetação considerada como de preservação permanente, devendo estar protegidas pela vegetação natural ciliar aos canais, como determina o Código Florestal Brasileiro (BRASIL, 1965). Independente do potencial que possuem para captar as águas superficiais, estas sub-bacias de ordens menores devem estar protegidas pela vegetação natural, não só pelos aspectos legais, mas também por se constituírem, particularmente as sub-bacias de ordem zero, em áreas suscetíveis a desequilíbrios ambientais, como descreve OLIVEIRA (1999: 86): Quando a rede hidrográfica realiza um processo de adaptação a novas condições hidrodinâmicas, de origem climática ou antrópica, são os setores mais sensíveis do sistema que passarão por modificações mais importantes (Thomas e Allison, 1.993). Em geral, as áreas de cabeceiras de vale, também conhecidas como áreas de contribuição em vales não canalizados, são os pontos da rede hidrográfica que demonstram maior sensibilidade às oscilações hidrodinâmicas ao longo do tempo (Dietrich e Dunne, 1.993), pois são naquelas que diferentes mecanismos tendem a interagir de forma sinergética. Devido a sua dinâmica pretérita e atual, e às características mecânicas herdadas desta dinâmica, cabeceiras de vale são áreas de risco potencial de erosão por voçorocas.

OLIVEIRA (1999) defende a identificação de áreas de risco à erosão associando-se cabeceiras de vale aos mananciais 1, “pois voçorocas tendem a se estabelecer nas proximidades das fontes geradoras de fluxos” (p.94). O estabelecimento de áreas a serem preservadas, a execução de projetos de recuperação da cobertura vegetal e a implantação de programas de educação ambiental na superfície da bacia do rio Jeribucassu, pode ter como subsídio a localização de áreas potencialmente captadoras de água, bem como de outras suscetíveis à erosão. 1 Segundo OLIVEIRA (1999): “A palavra manancial provém do espanhol ‘manantial’ e significa nascente de água; fonte. No sentido figurado, o termo implica origem; princípio; fonte. No que diz respeito à alimentação de canais fluviais, os mananciais são, portanto, as fontes de onde provém a água necessária à manutenção do escoamento canalizado” (p. 91).

6. BIBLIOGRAFIA CITADA ABDALLA, Sandra Lúcia Ferreira. A morfometria como técnica auxiliar na avaliação dos recursos hídricos. Anais do 2o Encontro Nacional de Estudos sobre Meio Ambiente. SC: UFSC, 1989. BANDEIRA, Ariadna da Silva; LAGE, Creuza Santos. A política do turismo na Bahia e a apropriação do espaço litorâneo – exemplo de Itacaré. Programas e resumos do XII Encontro Nacional de Geógrafos. Santa Catarina, Florianópolis: Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB), julho de 2000. BELTRAME, Angela da Veiga. Diagnóstico do meio físico de bacias hidrográficas – modelo e aplicação. SC, Florianópolis: Editora da UFSC, 1994. BOTELHO, Rosangela Garrido Machado. Planejamento ambiental em microbacia hidrográfica. Erosão e conservação dos solos: conceitos, temas e aplicações. GUERRA, A.J.T.; SOARES DA SILVA, A.; BOTELHO, R.G.M. (orgs.). RJ: Bertrand-Brasil, 1999. pp.269-300. BRASIL. Código Florestal. Lei Federal 4.771 de 15 de setembro de 1965. _____. Resolução No 05 do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente). MMA (Ministério do Meio Ambiente). Brasília, 04 de maio de 1994. CEPLAC. Comissão Executiva do Plano da Lavoura cacaueira. Fotografias aéreas regionais - escala 1: 25.000. BA, Itabuna, 1965. CHRISTOFOLETTI, Antonio. Geomorfologia. 2a ed. SP: Edgard Blücher, 1980. 188 p. GARCEZ, L.N.; ALVAREZ, G. A. Hidrologia. 2º ed. SP: Edgard-Blücher, 1988. 291 pp. GIOMETTI, Analúcia B.R.; GARCIA, Gilberto J. Análises morfométrica e hidrográfica da bacia do rio Jacaré-Pepira – SP. Geografia. SP, Rio Claro, 19 (2): 183-195, outubro de 1994. GUERRA, Antonio Teixeira; GUERRA, Antonio José Teixeira. Novo dicionário GeológioGeomorfológico. RJ: Bertrand-Brasil, 1997. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 1991. RJ: IBGE, 1991. _____. _____ Contagem da população - 1996. RJ: IBGE, 1996. _____. _____ Manual Técnico da Vegetação Brasileira. Série Manuais Técnicos em Geociências – Número 01. Rio de Janeiro: IBGE, 1992. _____. _____ Censo 2000 – Dados Preliminares. RJ: IBGE, 2001. IESB. Instituto de Estudos Sócio-Econômicos do Sul da Bahia. Mosaico georreferenciado de fotografias aéreas não convencionais da bacia do Jeribucassú – escala 1: 25.000. BA, Ilhéus, 1997A.

_____. _____ Mosaico georreferenciado de fotografias aéreas não convencionais de área parcial da bacia do Jeribucassú – escala 1: 15.000. BA, Ilhéus, 1997B. _____. _____ Mapa Foto-aéreo em escala 1: 50000. Guia Ecoturístico do Programa de Educação Ambiental e Ecoturismo da APA Itacaré-Serra Grande. BA: IESB / Conservation International / SUDETUR, S/D. MARTIN, L.; BITTENCOURT, A.C.S.P.; VILAS BOAS, G. da S.; FLEXOR, J.M. Mapa geológico do quaternário costeiro do Estado da Bahia – 1:250.000 – Texto explicativo. BA: Secretaria de Minas e Energia/Coordenação de Produção Mineral, 1980. MELLO e SILVA, S.; SILVA, B.; LEÃO, S. O subsistema urbano-regional de Ilhéus-Itabuna. PE: SUDENE, 1987. OLIVEIRA, Marcelo Accioly Teixeira de. Processos erosivos e preservação de áreas de risco de erosão por voçorocas. Erosão e conservação dos solos: conceitos, temas e aplicações. GUERRA, A.J.T.; SOARES DA SILVA, A.; BOTELHO, R.G.M. (orgs.). RJ: Bertrand-Brasil, 1999. pp. 5799. PINTO, N.de S.; HOLTZ, A.C.T.; MARTINS, J.A.; GOMIDE, F.L.S. Hidrologia básica. SP: Edgard Blücher, 1976. 278 pp. RADAMBRASIL. Projeto RADAMBRASIL. Folha SD. 24 Salvador; Geologia, Geomorfologia, Pedologia, Vegetação e Uso potencial da terra. (Acompanha material cartográfico em escala 1: 1.000.000). RJ: Ministério das Minas e Energia, 1981. 620 pp. SILVEIRA, André L. L. da. Ciclo hidrológico e bacia hidrográfica. Hidrologia: ciência e aplicação. TUCCI, C.E.M. (org.). RS, Porto Alegre: Editora da Universidade/ABRH, 1997. pp. 35-51. SUDENE. Rede Hidroclimatológica do Nordeste. Estação 4882503 – Itacaré. PE: Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste, 1991. VeS ENGENHEIROS CONSULTORES S/C. Diagnóstico do Meio Físico, Biótico e SócioEconômico da Área de Proteção de Itacaré-Serra Grande. (Acompanha material cartográfico em escala 1: 25.000). BA, Salvador: 1996A (mimeo). VeS ENGENHEIROS CONSULTORES S/C. Zoneamento e Plano de Gestão da Área de Proteção de Itacaré-Serra Grande. (Acompanha material cartográfico em escala 1: 25.000). BA: Salvador, 1996B (mimeo). VILLELA, Swami Marcondes; MATTOS, Arthur. Hidrologia aplicada. SP, São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1975. 246 pp. VIRGENS FILHO, A. de C. et al. A CEPLAC e a crise da lavoura cacaueira. Documento apresentado no Fórum Setorial do Cacau. BA, Ilhéus: CEPLAC, 1993.

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.