Mapeando a produção acadêmica da Ciência Política brasileira: os trabalhos apresentados no Encontro da ABCP (2008-2012) Fernando Baptiste Leite Universidade Federal do Paraná Brasília, DF 4 a 7 de agosto de 2014

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IX ENCONTRO DA ABCP

Ensino e Pesquisa em Ciência Política e Relações Internacionais

Mapeando a produção acadêmica da Ciência Política brasileira: os trabalhos apresentados no Encontro da ABCP (2008-2012)

Fernando Baptiste Leite Universidade Federal do Paraná

Brasília, DF 4 a 7 de agosto de 2014

Página |2 Mapeando a produção acadêmica da Ciência Política brasileira: os trabalhos apresentados no Encontro da ABCP Fernando Leite1 Resumo O trabalho apresenta categorias para a análise da produção acadêmica veiculada nos Encontros da ABCP. Além disso, apresenta-se um panorama da disponibilidade dos trabalhos nos registros da ABCP. Ao fornecer critérios e um procedimento de análise, faz-se um apelo para a recuperação dos trabalhos indisponíveis, anteriores ao Encontro de 2006. O artigo organiza-se da seguinte forma. Em primeiro lugar, apresentam-se os eixos de projeto da ABCP para a reconstrução da história da disciplina. Esse projeto é inscrito em um processo geral de expansão e estabelecimento da Ciência Política brasileira. A seguir, defende-se a importância da análise dos trabalhos dos Encontros da ABCP, em função de seu papel na difusão e no estabelecimento de temas de pesquisa no campo de produção da Ciência Política. Na segunda parte, apresenta-se uma proposta de pesquisa com o objetivo de reconstruir o campo das áreas temáticas e das abordagens teórico-metodológicas. Para isso, propõem-se uma listagem de áreas temáticas reconstruída a partir das “áreas de conhecimento” da Capes, das “Áreas Temáticas” da ABCP e da análise de 364 artigos de seis periódicos, realizada em projeto piloto. A seguir, apresenta-se uma listagem de abordagens teóricometodológicas, com referenciais bibliográficos. Por fim, apresenta-se um hipótese quanto às dimensões que organizam o campo: a oposição entre “político” e “societal” e entre “empírico” e “teórico”. Palavras-chave: Ciência Política brasileira; Encontros da ABCP; produção acadêmica; áreas temáticas; abordagens teórico-metodológicas.

Introdução Embora tenha se institucionalizado em 1967, com a criação do primeiro curso de Mestrado especificamente em Ciência Política, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), oestabelecimento da Ciência Política brasileira com uma disciplina acadêmica e intelectualmente autônoma é relativamente recente. Embora tenha sido fundada em 1986, a Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP) passou a promover seus Encontros em 1996. A essa altura, havia nove programas de pós-graduação registrados na Capes. Concomitante ao fortalecimento da ABCP, os programas de Ciência Política multiplicam-se durante a década de 2000 e, em 2011, a área já registrava 31 cursos de mestrado e 15 cursos de doutorado. Esse crescimento institucional tem paralelo na produção acadêmica. Em seu oitavo encontro científico, em agosto de 2012, foram submetidos 963 trabalhos em 12 áreas temáticas diferentes. Se olharmos para os três últimos Congressos da Anpocs, em 2009 havia oito Grupos de Trabalho (GTs) específicos de Ciência Política, 11 em 2010 e 15 em 2011. A ABCP tem consciência desse processo e, atualmente, elabora um projeto de reconstrução da história da Ciência Política brasileira. Ao contrário da forma como se geralmente trata da história de uma disciplina, o projeto da ABCP pretende explorar, conjuntamente, dimensões intelectuais (“metodológica” e “conceitual”), biográficas e institucionais. Os eixos do projeto da ABCP são os seguintes:

1 Doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Paraná, onde sou orientado pelo Prof. Dr. Renato Perissinotto. Atualmente faço doutorado-sanduíche na Universidade de Oxford, onde sou orientado pelo Prof. Dr. Timothy Power.

Página |3

1.

Sistematização da construção da ciência política no Brasil por meio de entrevistas e vídeos com a primeira geração de cientistas políticos no Brasil.

2.

Sistematização do processo de auto-construção da disciplina nas suas interações internacionais.

3.

História sistemática das principais áreas e sub-áreas temáticas da ciência política.

4.

História específica das principais tradições regionais da ciência política brasileira.

5.

História da ABCP;

6.

Sistematização dos elementos e áreas de interesse dos filiados.

7.

Análise do conteúdo publicado na principais revistas da área.

Este trabalho insere-se em uma pesquisa sobre a Ciência Política brasileira que vem de encontro a esse projeto. O objetivo da pesquisa é mapear a estrutura atual da disciplina, do ponto de vista da produção acadêmica, como artigos e papers, e reconstruir a trajetória da disciplina associando a atuação de indivíduos, o desenvolvimento dos programas de pós-graduação e a trajetória das ideias, em particular abordagens e áreas temáticas. Os objetivos são (i) mapear a produção acadêmica apresentada nos Encontros e nos artigos e (ii) expor as dimensões em torno dos quais se estruturam os trabalhos. Há, contudo, um obstáculo: o acesso aos papers é difícil. Em primeiro lugar, até a nona e presente edição do evento, realizado em Brasília, os Encontros da ABCP não tinham Anais2. Os únicos trabalhos aos quais se tem acesso são os do último encontro (oitavo), realizado em Gramado (RS), disponibilizados no site da ABCP3; embora nem todos os trabalhos estejam disponíveis. Os eventos anteriores não têm páginas no site. Segundo a Diretoria da ABCP, não há disponibilidade dos papers anteriores ao Encontro de 2008 (o sexto), tampouco listagens por meio das quais se pudesse reconstruir um índice, com autoria e títulos. No instante de redação deste trabalho, a ABCP está tentando reaver os trabalhos dos eventos de 2008 e 2010. Encontro 8º 7º 6º 5º 4º 3º 2º 1º

Local Gramado (RS) Recife (PE) Campinas (SP) Belo Horizonte (MG) Rio de Janeiro (RJ) Niterói (RJ) São Paulo (SP) Rio de Janeiro (RJ)

Data 1-4 ago 2012 4-7 ago 2010 29 jul-1 ago 2008 27-29 jul 2006 22-24 jul 2004 28-31 jul 2002 20-24 nov 2000 17-20 dez 1998

Disponibilidade Parcial Em recuperação Em recuperação Indisponível Indisponível Indisponível Indisponível Indisponível

Fonte: O autor, segundo informações da Direção da ABCP.

Para o 8º Encontro, de 2012, o único atualmente disponível, dos 501 trabalhos listados, 341 estão disponíveis (68%). Dadas tais circunstâncias, este trabalho tem dois propósitos. Em primeiro lugar, fazer um apelo para recuperar-se os trabalhos dos Encontros passados. Considerando-se os objetivos da ABCP em seu projeto de reconstrução da história intelectual da Ciência Política brasileira, a ausência dos trabalhos de seu próprio Encontro nesse empreendimento obscureceria o processo de constituição e estabelecimento de áreas, temas e objetos de estudo. Os eventos patrocinados por associações acadêmicas, como a ABCP e a Anpocs, são instâncias de estabelecimento e legitimação 2

Informação concedida ao autor pela diretoria da ABCP, 14 maio 2014.

3 Disponível em http://www.cienciapolitica.org.br/8o-encontro-da-abcp/#.U4OeN_ldV8E. Acesso em 26 maio 2014.

Página |4 das ideias do campo. As “mesas”, “áreas temáticas” e “grupos de trabalho” são divisões temáticas reconhecidas pela associação. São, portanto, instâncias de legitimação e fatores de estruturação da disciplina. Mas além de constituírem um indicador de uma importante dimensão da estrutura intelectual do campo (o agrupamento de temas, a divisão temática), as divisões temáticas dos eventos oficiais expressam tanto as posições mais consagradas, indicando as regiões mais estabelecidas da estrutura intelectual, como posições em estabelecimento ou declínio, indicando as regiões mais dinâmicas; e, tomadas historicamente, pode indicar os processos de estabelecimento e declínio. Assim, o conteúdo dos papers são parte da voz da disciplina, nos dizendo o que ela é e o que ela deveria ser. Sistematizar esse conteúdo equivale a fornecer um “mapa” e um diagnóstico de parte fundamental da disciplina. Os eventos acadêmicos também são importantes porque, ao escolhermos classificar o campo segundo seus níveis mais altos de institucionalização corre-se o risco de as divisões destacarem-se a tal ponto da prática concreta sendo mais formais do que reais. Assim, por um lado, as divisões da ABCP, suas “áreas temáticas”,estão mais próximas da prática dos cientistas políticos do que as divisões (“áreas do conhecimento”) da Capes/CNPq. Sãodivisões mais próximas dos debates em curso, da letra do texto e do fluxo concreto das ideias. O “salto” para as áreas de conhecimento exige um grau maior de legitimação e implica uma negociação que pode render às divisões um caráter mais genérico. Ao mesmo tempo, a maior inércia das áreas na Capes/CNPq pode expressar o declínio de temas dentro do mainsteram da Ciência Política, indicando temas tradicionalmente presentes na trajetória da Ciência Política porém tornando-se periféricos no âmbito da ABCP, como quando áreas presentes na Capes/CNPq tornam-se ausentes nas ATs da ABCP. Na ausência de objeto de análise, os papers, o segundo propósito do trabalho é apresentar as categorias e os indicadores que seriam utilizados na análise, bem como um esboço dos resultados que podemos obter. Assim, refinando-se conjuntamente os instrumentos de nosso próprio diagnóstico, retorna-se mais resolutamente ao nosso apelo: reunir os papers dos Encontros da ABCP. Metodologia de análise Desenho de pesquisa A pesquisa é uma “pesquisa diferencial” ou um “estudo observacional” ou “correlacional” e baseia-se na observância de co-ocorrência de variáveis e em inferências feitas a partir desses padrões. Em outras palavras, compara-se padrões de co-variância. Não obstante, trata-se de um “estudo de caso”, ou melhor, um estudo intensivo de uma unidade. Há co-variância porque uma “unidade”, na concepção de Gerring (2004), compõe-se de subunidades (papers), nas quais varia a distribuição de certas propriedades comuns – possibilitando a análise estatística. Recorte O recorte é determinado pela aprovação para apresentação no Encontro, independentemente de vinculação formal, do autor, a um programa de pós-graduação em Ciência Política ou menção à Ciência Política nas “áreas de atuação” em seu currículo Lattes. Isto é: trabalhos escritos por autores vinculados a um programa de pós-graduação em História ou outro que se define como sociólogo são considerados parte do campo de produção da Ciência Política.

Página |5 A amostra é ponderada por AT, em função da disponibilidade dos trabalhos. Como se viu, nem todos os trabalhos estão disponíveis; algumas ATs têm mais, outras têm menos. A amostra deve considerar a proporção entre o número total de trabalhos aprovados na AT e o número de trabalhos disponíveis. Produção acadêmica Produção acadêmica é uma forma particular de “produção cultural”. Produção cultural é o processo que produz bens simbólicos por agentesno interior de campos definidos pelo tipo específico de produto cultural e frequentemente no interior de instituições (também entendidas como estruturas cristalizadas ou “estruturadas”). Produção acadêmica é o processo que produz bens simbólicos por agentes vinculados a organizações acadêmicas (universidades, centros de pesquisa), como artigos, trabalhos apresentados em congressos (“papers”)e livros. Tudo o que constitui artigos, papers e livros, como ideias, argumentos, abordagens, teorias, métodos, etc., é “produção acadêmica”. Temas Uma das variáveis são os temas. Para os eventos da ABCP, o critério óbvio é usar trata as “Áreas Temáticas”, as ATs, como temas. A listagem das ATs do oitavo evento, de 2012, pode ser conferida na Tabela 2, mais adiante. Gostaríamos, contudo, de aproveitar o espaço e propor uma classificação mais ampla, capaz de contemplar também artigos publicados em periódicos e abranger um período maior de tempo. Elaborou-se uma lista de áreas temáticas em função (i) das “Áreas do Conhecimento” da Capes/CNPq4; (ii) das “Áreas Temáticas” (ATs) da ABCP5 e (iii) do conteúdo dos trabalhos analisados. A seguir, confere-se as áreas do conhecimento. Tabela 1: Áreas do Conhecimento, Ciência Política, Capes/CNPq (2012) Teoria política Teoria política clássica Teoria política medieval Teoria política moderna Teoria política contemporânea Estado e governo Estrutura e transformação do Estado Sistemas governamentais comparados Relações intergovernamentais Estudos do poder local Instituições governamentais específicas Comportamento político Estudos eleitorais e partidos políticos Atitude e ideologias políticas Conflitos e coalizões políticas 4

“Tabela de Áreas de Conhecimento”, Capes, 2012. Disponível em http://www.capes.gov.br/avaliacao/instrumentos-de-apoio/tabela-de-areas-do-conhecimento-avaliacao. Acesso em 30 maio 2014. 5

“Áreas temáticas”, ABCP, 2012. Disponível em http://www.cienciapolitica.org.br/encontros/8o-encontroabcp/areas-tematicas/. Acesso em 30 maio 2013.

Página |6 Comportamento legislativo Classes sociais e grupos de interesse Políticas públicas Análise do processo decisório Análise institucional Técnicas de antecipação Política internacional Política externa do Brasil Organizações internacionais Integração internacional, conflito, guerra e paz Relações internacionais, bilaterais e multilaterais Fonte: Capes (2012). Em primeiro lugar, há justaposição e mesmo difusão entre as áreas e as ATs. Verificando os títulos dos trabalhos apresentados no 8º Encontro da ABCP, alocados em subtemas (as “sessões” de cada AT), poderíamos, entre outras possibilidades, encaixá-los nas seguintes áreas: Tabela 2: Sobreposições e difusão entre ATs e “Áreas do Conhecimento” em Ciência Política Área Temática ABCP

Comunicação política e opinião pública

Subtemas (“Sessões”) • Mídia e eleições • Imagem pública, comunicação • • • •

institucional e imaginário social Debate político e opinião pública Jornalismo e política Internet e dinâmicas políticas Internet e participação política

Áreas Capes/CNPq • Comportamento político • Estudos eleitorais e partidos políticos • Atitude e ideologias políticas • Política externa do brasil

• Atitudes políticas: corrupção,

políticas públicas e eleições

• Apoio ao regime: legitimidade e

Cultura política e democracia

• • • •

qualidade da democracia Valores políticos: confiança, associativismo, tolerância Deliberação e participação Instituições e comportamento político Teoria política e cultura

• • • •

Comportamento político Atitude e ideologias políticas Comportamento político Estudos eleitorais e partidos políticos

• Partidos e sistemas partidários • Instituições, geografia e conexão

eleitoral

Eleições e Representação Política

• Competição política, estratégias

e recursos • Dimensões da representação e participação política • Eleições, democratização e comportamento político • Elites, carreira política e políticas públicas

• Estudos eleitorais e partidos

políticos • Comportamento político • Comportamento legislativo • Atitude e ideologias políticas

Página |7

• Análise, predição e

Ensino e pesquisa em Ciência Política e Relações Internacionais

normatividade

• Caminhos da institucionalização

dos cursos de CP e RI

• Experiências e reflexões sobre o

Não se encaixa

ensino de CP e RI

• Dilemas e perspectivas das

disciplinas de RI e CP

• Instituições, burocracias e

políticas públicas

Estado [GOVERNO] e políticas públicas

• Financiamento das políticas • Municípios e políticas públicas • Políticas de combate à pobreza e

às desigualdades • Internacionalização das políticas públicas e políticas comparadas • Políticas públicas e seus ciclos

• • •

Políticas públicas Estrutura e transformação do Estado Estudos do poder local

• A política da Constituição de

1988

• Governos, oposições e reforma

do Estado na América Latina

• A presidência e o Poder

Instituições Políticas

Executivo no Brasil • Rel. Executivo-Legislativo e prod. leg. nos estados • Os secretariados estaduais: formação e estabilidade • Eleições e rotação de elites no Brasil/debates teóricos de política comparada

• Estado e governo • Instituições governamentais

específicas • Relações intergovernamentais • Análise institucional • Conflitos e Coalizões Políticas

• Participação e processos de

mobilização na AL

• Participação, planejamento e

Participação Política

representação de interesses • Instituições participativas no Brasil • Determinantes da participação • Teoria da representação e da participação • Perspectivas sobre o

Política e Economia

Política, Direito e Judiciário

desenvolvimento • Brasil e o cenário internacional • Questões setoriais – política e economia

Sessões não têm títulos

• Classes sociais e grupos de

interesse

• Estado e governo • Estudos do poder local

Pouco respaldo. Envolve: • Políticas públicas • Relações internacionais,

bilaterais e multilaterais • Política Externa do Brasil Pouco respaldo. Envolve: • Estado e governo

Página |8 • Classes sociais e grupos de

interesse

• Política externa do Brasil • Aspectos estratégicos na • •

Relações Internacinais







Governança Global Dilemas e prioridades da Política Externa Brasileira A integração da América do Sul: evolução recente, desafios e perspectivas Energia, cooperação internacional e projeção de poder do Brasil Estados Unidos, China e as dinâmicas de poder na ordem internacional contemporânea História, Teorias e dinâmicas políticas: novos conceitos, novos atores e implicações para o Brasil

• Política externa do Brasil • Integração internacional,

conflito, guerra e paz • Relações internacionais, bilaterais e multilaterais • Organizações internacionais

• Políticas Públicas, Cidadania e

Polícia

• Homicídios, Crimes, Vitimização

Segurança pública e segurança nacional

• •

• •

por Homicídios e Outras Violências Políticas de Segurança Pública Segurança Nacional, Relações Internacionais, Estudos Comparados Polícia, Judiciários e Prisões Ordem Social e Segurança Nacional

• Justiça e igualdade • Realismo, romantismo e

Teoria política

• • • •

ceticismo no pensamento político moderno Liberalismo, republicanismo e o conceito de liberdade Pensamento político brasileiro Estado, soberania e representação Marxismo, pós-marxismo e teoria crítica

Pouco respaldo. Envolve: • Políticas públicas • Estado e governo

• Teoria política contemporânea • Teoria política moderna • Estrutura e transformação do

Estado

• Classes sociais e grupos de

interesse

Fontes: Capes (2012); ABCP (2012). Para citar alguns, a AT “política e economia” não tem respaldo na Capes e difunde-se perifericamente entre “conflitos e coalizões políticas”, “política externa do Brasil”, “políticas públicas” e “Estado e governo”. A área “conflitos e coalizões políticas” não tem correspondêcia nas ATs, encontrando-se em áreas como “política internacional”, “instituições políticas” e “política

Página |9 e economia”. A área “Comportamento político” é demasiado genérica e pouco significativa nas ATs, que se organizam em torno de áreas mais específicas. O mesmo aplica-se a “política internacional”. Perceba-se também a influência mais clara de abordagens teórico-metodológicas na distinção dos temas, nas ATs. As correspondências, e a falta delas, indicam a (esperada) maior inércia e mesmo anacronismo das áreas da Capes/CNPq. Para atenuar o anacronismo e aproximar mais a lista de áreas da produção concreta, tomou-se as correspondências acima como referência e fez-se ajustes em função da análise dos artigos publicados nos periódicos Dados, Revista Brasileira de ciências Sociais, Brazilian Political Science Review, Nocos Estudos, Opinião Pública e Revista de Sociologia e Política, durante 2004 e 2008, apresentada em dissertação de mestrado (Leite 2010). A listagem das áreas deve ser reajustada à medida que se amplia o âmbito ou o período de análise.Essa solução buscalevar em consideração o dinamismo da produção real e, ao mesmo tempo, incorporar certa inércia para tornar inteligíveis padrões e elementos comuns. Tendo isso em mente, a lista atual compõe-se pelas seguintes áreas temáticas: Comunicação, representação e comportamento político estudos eleitorais e partidos políticos atitudes e cultura política

[1] 1 2

comunicação política e opinião pública

3

instituições participativas

4

Política institucional

[2]

estudos do Legislativo

5

relações Executivo-Legislativo

6

presidência e poder Executivo

7

relações intergovernamentais

8

sistemas eleitorais e sistemas partidários

9

sistemas governamentais

10

instituições governamentais específicas

11

análise do processo decisório

12

políticas públicas

13

Estado e sociedade civil

[3]

estrutura e transformação do Estado

14

política e economia

15

recrutamento político, jurídico e burocrático

16

classes sociais e grupos de interesse

17

organizações civis e atores coletivos

18

revoluções e conflitos civis

19

segurança pública

20

estudos do poder local

21

política, direito e judiciário

22

Teoria, métodos e ideias

[4]

teoria política medieval

23

P á g i n a | 10 teoria política clássica

24

teoria política moderna

25

teoria política contemporânea

26

teoria política democrática

27

história das ideias

28

metodologia

39

pensamento político brasileiro

30

ensino e pesquisa em CP e RI

31

Política internacional

[5]

integração regional e internacional

32

conflitos, guerra e paz

33

organizações internacionais

34

política externa do Brasil

35

relações internacionais, bilaterais e multilaterais

36

direito internacional

37

teorias de RI

38

Fonte: o autor. Nota: foram ressaltadas as áreas não discriminadas pela Capes ou na ABCP.

Abordagens teórico-metodológicas Uma “abordagem teórico-metodológica” refere-se (i) a um conjunto de ideias a respeito de um objeto e (ii) a procedimentos mobilizados para estudá-lo, entre eles métodos e fatores (ou “variáveis”) que o analista supõe, deduz ou infere, instintiva ou deliberadamente,ao estudar o objeto. Por exemplo: • • •

Uma abordagem culturalista, que estuda o comportamento de eleitores a partir de conjuntos de ideias, valores e esquemas cognitivos institucionalizados; Uma abordagem institucionalista, que estuda os resultados de uma eleição a partir do arranjo de regras do sistema eleitoral; Uma abordagem racionalista, que estuda o comportamento dosdeputados em função das estratégias elaboradas por cada parte, em função de um contexto de constrangimentos e possibilidades ao qual se ajustam aquelas estratégias.

Uma abordagem é uma composição de ideias e construções simbólicas que são, em si, fatos: fatos cognitivos (ideias) e ocorrências linguísticas (palavras, termos, expressões)6. Esses elementos têm uma expressão direta, isto é, os textos (artigos, papers, livros). Assim, podem ser observados ao nos referirmos diretamente os textos, tomados como dados da experiência.Em função de suas co-ocorrências e afinidades de sentido, estes ou aqueles elementos são abstraídos, formando constructos: “institucionalismo de escolha racional”, “pluralismo”, “culturalismo”, “realismo”, “marxismo” e por aí vai.

6 “At any rate, that theories are symbolic means that they do not share the ineluctability of fact. Every fact is sufficient unto itself: it is just what it is. Now a theory, like ant symbol, may also be taken as a matter of fact, a datum for the history of ideas or the sociology of knowledge” (Kaplan 1964: 296).

P á g i n a | 11 Assim como conceitos são apropriados como concepções individuais, na pesquisa real uma abordagem é apropriada individualmente, reduzindo-se o número deideias, conceitos, métodos, fatores e “variáveis” associados àquela abordagem a um arcabouço individual. O grau de “coesão” com que a apropriação individual se aproxima do constructodepende da instrução do analista (e assim de sua posição e trajetória no campo), bem como do objeto estudado. Na apropriação individual, pela instrução e pelo objeto, pode-se misturar elementos de abordagens distintas e, no limite, a combinação pode constituir algo original, ou não classificável. Quanto mais “coesa”, em relação ao constructo, é a abordagem real de um estudo, mais facilmente classificável ela é.Essaapropriação individual tem uma dimensão instintiva, prática, e pode ser consciente7. Uma abordagem também tem um caráter social. Ela possui eficácia social, no sentido de condicionar os esquemas cognitivos e a prática intelectual em função de um conjunto mais ou menos pré-delimitado de objetos, conceitos, teorias e métodos. Trata-se, portanto, de um fenômeno intelectual relativamente institucionalizado. Definição das abordagens teórico-metodológicas •

Trabalhos sobre a Ciência Política

A lista de abordagens foi construída com apoio na bibliografia sobre a Ciência Política.Usou-se o próprio campo como referência para produzir as categorias usadas para analisálo:diagnósticos sobre a Ciência Política, análise de sua situação, história, áreas, temas, e por aí vai. O ponto de partida foram manuais, como A New Handbook of Political Science (Goodin &Klingemann 1991) ou Politics(Heywood 2007). Combinou-se as categorias propostas nos manuais com trabalhos mais substantivos sobre a disciplina, focando-se a história das ideias. Assim, por exemplo, combinou-se trabalhos específicos sobre abordagens da área, como “The Theoretical Core of the New Institutionalism” (Immergut 1998) e (ii) sobre a história da disciplina, como Discipline and History (Farr e Seidelman 1993) ou “A emergência da Ciência Política no Brasil”, de Forjaz (1997). •

A própria amostra dos trabalhos analisados

A lista das abordagens foi revista e adaptada ao conteúdo dos trabalhos analisados. Procedeu-se assim para conseguir-se identificar abordagens ausentes nos trabalhos sobre Ciência Política. É um procedimento importante porque, além da distância histórica e as diferenças do contexto acadêmico e intelectual (como referências da Ciência Política americana analisando-se a produção brasileira), os trabalhos sobre a disciplina tendem a apresentar as abordagens mais estabelecidas, as que passaram por filtros suficientes para transformarem-se em objetos de discussão metodológica e representarem a disciplina. Ao produzir uma classificação atual, ajustada à produção, identificam-se as ideias frescas, correntes, filtradas por sua conformação à identidade da disciplina (objeto e ordens determinantes legítimas; teorias e métodos consagrados) e às exigências de um periódico, e não pelos pontos de vistas de acadêmicos mais ou menos legitimados. Esse procedimento permite uma classificação mais dinâmica, melhor ajustada ao fluxo real de ideias, objetos, teorias, métodos e argumentos em voga no momento da análise.Isso foi feito através de uma pesquisa piloto, uma dissertação de mestrado (Leite 2010) – e gostaríamos de acrescentar os trabalhos da ABCP ao esquema. 7 Neste caso tomando a forma de rótulos, podendo cumprir a função de delimitar divisões acadêmicointelectuais, estabelecer facções, ou distribuir vantagens ou prejuízos simbólicos, como “positivista”, “marxista”, “pós-moderno”, “quali”, “quanti”, etc., no contexto das ciências sociais.

P á g i n a | 12 A seguir, apresenta-se a lista das abordagens usada como referência para identificar as abordagens na produção acadêmica.Em cada abordagem, apresenta-se algumas referências. As referências fornecem um núcleoconceitual, em torno do qual se estende uma esfera de objetos, teorias e métodos mais ou menos ligados a esse núcleo. Espera-se (i) haver proximidade conceitual e/ou (ii) proximidade bibliográfica entre as referências bibliográficas dos trabalhos classificados e as referências da lista. Embora todas as abordagens listadas sejam parte do campo de produção da Ciência Política, elas foram agrupadas na tentativa de discriminar abordagens mais vinculadas a tal ou qual disciplina. Considerou-se o contexto das referências para deduzir essas distâncias. Uma discriminação rigorosa consideraria o vínculo disciplinar, mediante vínculo institucional, do autor (para o caso de referência substantiva) e dos autores aos quais o autor se refere (nos trabalhos sobre abordagens). Abordagem

Referências

8

Neoinstitucionalismo político

March e Olsen (2008) [1984], Linz (1994), Peters (1999; 2000), Shugart (2005), Amenta e Ramsey (2010). Shepsle (1989), Ostrom (1990), Tsebelis (1990a; 1990b), Shepsle e Weingast (1995), citados em Peters (1999); Weingast (2002), citado em Munck 2006.

Neoinstitucionalismo de escolha racional

Envolve institucionalistas econômicos (1990) e Eggertsson (1996).

como

North

Pode envolver estudos históricos, como North e Thomas (1973), citados em Mulhal e Morais (1998).

8

Neoinstitucionalismo histórico

Hall (1986); Steinmo, Thelen e Longstreth (1992), citado emPeters (1999, p. 63); Skocpol (1985), Ragin (1987), Goldstone (2003) e Hacker (1998), citados em Amenta e Ramsey (2010).

Cultura política

Almond e Verba (1963), Barnes e Kaase (1979), Inkeles (1950; 1959), Inglehart (1977, 1990), Putnam (1973; 1993), Schlozman e Verba (1979), Schlozman, Verba e Brady (1995), Verba e Ahmed (1973), Verba e Nie (1972), Verba, Nie e Kim (1978).

Escolha Racional

Downs (1957), Olson (1965), Elster (1989), Petracca (1991), Fiorina (1996), Ferejohn e Pasquino (2001).

Optou-se por fragmentar o “neoinstitucionalismo” em quatro correntes, neoinstitucionalismo político, neoinstitucionalismo de escolha racional, neoinstitucionalismo histórico e neoinstitucionalismo sociológico, os três primeiros classificados sob “Ciência Política” e o último em “Sociologia” (por estar, segundo Amenta e Ramsey (2010, pp. 18) institucionalmente vinculado à Sociologia).

P á g i n a | 13

Sistemas

Easton (1953; 1965), Almond (1956), Almond e Coleman (1960), Deutsch (1963).

Pluralismo

Dahl (1972), Polsby (1960), Rokkan (1966), Olsen (1983). Merriam (1925), Lasswell (1936).

Behavioralism

Inclui estudos que buscam reconstruir intenções dos indivíduos mediante observação do comportamento 9 individual .

Redes sociais

Laumann e Knoke (1987), Wellman e Berkowitz (1988), Emybayer e Goodwin (1994), Thompson (2003), Scherer-Warren (2005), Scott (2005), Hanneman e Riddle (2005), Marques (2006).

Teorias da accountability

Romm (2001), Frink e Klimonski (2004), Chapman e Hunt (2006), Bergsteiner (2012).

Empirismo politológico

Nicolau (2004; 2005); Santos (2004).

Teoria política clássica

Produção durante a Antiguidade clássica, sobretudo autores greco-romanos como Platão e Aristóteles.

Teoria política medieval

Produção entre o período clássico até Maquiavel.

Teoria política moderna

Maquiavel, Hobbes, Locke, Rousseau e outros.

Teoria política contemporânea

Teoria política do século XIX até hoje, incluindo autores como John Rawls, Carl Schmitt e outros.

Teoria democrática

Trabalhos teóricos envolvendo regimes ou valores democráticos. Relações Internacionais

International Society Theory

Bull e Hurrell (1980), Jackson (2000), Wheeler (2002), Buzan (2004).

Word-Systems Theory

Wallerstein (1974), Coleman e Sajed (2012).

9Uma

orientação mais sociológica, que foca atitudes e valores, constitui a abordagem da Cultura Política.

P á g i n a | 14

Interest Group Theory

Garceau (1958), McFarland (2010).

International Regimes Theory

Ruggie (1983), Krasner (1983).

Constructivism

Kratochwil (1989), Ruggie (1998a; 1998b), Onuf (1998), Wendt (1999).

Realismo

Morgenthau (1948), Waltz (1979), Keohane (1986).

Funcionalismo

Mitrany (1966), Sewell (1966), Wolf (1973).

Idealismo

Blum (1956). Sociologia/Sociologia Política

Elites

Mosca (1939), Wright-Mills (1956; 1963), Michels (1959), Schumpeter (1962), Verba (1987). Alguma referência à obra de Karl Marx.

Marxismo

Autores: K. Marx, F. Engels, V.I. Lênin, L. Trotsky, R. Luxemburgo, A. Gramsci, G. Lukács, L. Althusser, N. Poulantzas, G. Therborn, entre outros. Toma-se Gramsci (Thomas 2009) e Althusser (Motta e Serra 2014) como principais referências para o marxismo baseado no conceito de “ideologia” e formas simbólicas de dominação.

Modernização

Huntington (1968), Lipset (1960), Cardoso e Faletto (1970), Santos (1967), Lerner (1958), Deutsch (1961). Inclui teoria da dependência.

Organizações

Meyer e Rowan (1977), Powell e DiMaggio (1991). Para um panorama, cf. Amenta e Ramsey (2010, p. 15-21). Schmitter (1974), Berger (1981), Wiarda (1997).

Corporativismo

Praxiológica

Corrente paralela às teorias da organização, mais específica ao contexto de corporações. Elias (1965; 1991), Bourdieu (1980; 1984). Estudos que focam ação dependente de estruturas

P á g i n a | 15 sociais incorporadas. Weber (1968), Goffman (1970; 1974). Compreensiva/Interacionista

Estudos envolvendo ação imbuída de confrontada com expectativas e papeis sociais.

sentido

Garfinkel (1967; 2002). Etnometodológica

Estudos descritivos da experiência subjetiva. Estudos etnográficos são incluídos nesta categoria.

Relações de gênero e teoria feminista

Classifica-se como “feminista” a abordagem de uma referência bibliográfica que tome como objeto a desigualdade entre gêneros ou relações de poder envolvendo categorias de gênero. Esses objetos são estudados à luz de (i) direitos legais e políticos, 10 normalmente em diálogo com teoria democrática ; (ii) relações entre capitalismo e subordinação de gênero; (iii) a divisão entre gêneros como divisão social fundamental; (iv) a sociedade patriarcal; (v) formas 11 alternativas de construção de gênero . Sociologia Histórica/História

Interpretativa

Tipos ideais

12

Macroestruturalista

Historiográfica

Chartier (1990), citado em Mulhall e Morais (1998). Weber (1949); Rogers (1969), Mouzelis (1986), Bendix (1996), citados em Mulhall e Morais (1998). Ragin (1987); Davies (1962), Brinton (1965), Gurr (1970), Paige (1975), Trimberger (1978), Skocpol (1979), Tilly (1981), Rueschemeyer, Stephens e Stephens (1992), Kiser e Schneider (1994), citados em Mulhal e Morais (1998). Braudel (1979), Knight (1986). Interpretação, narração e descrição pormenorizada do

10

Para um resumo dessa literatura e uma discussão mais substantiva, cf. Biroli (2013).

11

Além dos manuais de sociologia, a principal referência para mapear esses tópicos é Chesler (1997).

12

Há sobreposição entre o neoinstitucionalismo histórico e a abordagem dos tipos ideais. Alguns neoinstitucionalistas históricos aplicam conceitos e procedimentos que se assemelham com a metodologia envolvida nos “tipos ideais” (i.e., têm inspiração weberiana). O principal critério de distinção é a presença de instituições como variáveis dependentes ou independentes e de path dependence. Portanto, o neoinstitucionalismo histórico pode conter tipos ideais, mas os trabalhos considerados como Tipos ideais podem ser aplicados entre as instituições consideradasContudo, nem todos os trabalhos que aplicam “tipos ideais”

P á g i n a | 16 passado. Da perspectiva das ciências sociais, ocuparia o extremo idiográfico no contínuo ontológico idiográficonomotético. Economia

Econométrica

Aplicação da matemática e métodos estatísticos para interpretar dados econômicos.

Desenvolvimentismo

Trabalhos sobre o papel da intervenção estatal no desenvolvimento econômico nacional. Pode ser interpretado como uma versão periférica do keynesianismo em voga nos países ocidentais centrais a partir da crise de 1929. A principal referência são os trabalhos de Celso Furtado, como “Desenvolvimento e subdesenvolvimento” (Furtado 1961).

Hermenêutica

Heidegger (1962), Ricoeur (1984-1988), Dilthey (1996), Schleiermacher (1998), Gadamer (2004).

Contextualismo linguístico

Pocock (1962; 1972), Dunn (1968) e Skinner (1969; 1996; 2002), citados em Silva (2010).

História conceitual

13

Rothacker (1920), Richter (1969), Brunner (1972), Kosellack (1979; 1989).

Memória-Imaginário Político

Halbwachs (1968), Pollak (1989).

Análise de discurso

Johnson e Johnson (2000). Krehbiel (1991), Landa e Meirowitz (2009)

Informacional

Envolve teorias das redes digitais e ecologia dos meios de comunicação. Teóricos da “Escola de Frankfurt”, incluindo Habermas.

Teoria crítica Para um panorama, cf. Calhoun (1995).

Pós-moderna

Autores “pós-estruturalistas” e “pós-modernos”, como Jacques Derrida, Michel Foucault, Jean-François Lyotard, Gilles Deleuze e outros. Inclui “teoria pós-colonialista”

13 Para diferenças entre contextualismo linguístico e história conceitual, cf. Olesen (2011), comparando as abordagens de Quentin Skinner e Reinhart Koselleck.

P á g i n a | 17 Inclui teorias de universos digitais e “virtualidades”, com autores como Jean Baudrillard, Pierre Lévy, entre outros. Direito

Formalismo

Kelsen (1960), Fuller (1977). Schmitt (1921).

Constitucionalismo Para um panorama, cf. Waluchow (2007). Shapiro (1993). Jurisprudência política

Envolve análise processual “judicialização da política”.

e

trabalhos

de

Político-societal, empírico-teórico Há duas hipóteses principais. A primeira afirma que o campo da Ciência Brasileira está estruturado em função de duas divisões: (i) estudar a política institucional (as instituições formais da political society) ou estudar o “poder” ou fenômenos políticos externos à política institucional; (ii) fazêlo teoricamente ou empiricamente. Isto é: há uma oposição político-societal e outra empíricoteórica. São feitos mapas da estrutura intelectual e organizacional. Esses mapas são as “variáveis dependentes”.A seguir, deduz-se, nesses mapas, os princípios de divisão. Identificam-se dois princípios: político-societal e empírico-teórico.Esses princípios são as “variáveis independentes” das estruturas intelectual e organizacional, representadas pelos mapas. Em primeiro lugar, vamos ilustrar a oposição político-societal, verificando os títulos dos GTs e ATs do Congresso da SBS, do Encontro da Anpocs e do Encontro da ABCP. Em cada grupo, verificou-se a presença de cientistas políticos14 nos GTs ou ATs nos quais apresentaram seus trabalhos. A seguir, verificou-se, subjetivamente, onde o GT ou AT se posicionaria em relação a um núcleo: a política institucional15. Gráfico 1. Societalismo: Grupos de Trabalho do Congresso da Sociedade Brasileira de Sociologia (2011)

14

Que declararam “Ciência Política” em suas “Ááreas de Atuação”, no currículo Lattes.

15Política

institucional é o arranjo de organizações e a estrutura de regras, princípios e procedimentos formais responsáveis pelo exercício do poder político (poder sobre as outras formas de poder) – incluindo as “instituições informais” em prática no interior desse arranjo. Envolve a competição pela posse de posições governamentais e pelo controle dos recursos sob a tutela do governo, bem como a deliberação em torno de sua aplicação em forma de políticas públicas. É uma categoria fundamental para definir o que chamamos de “politicismo”: tomar a política institucional como objeto de estudo, inscrevendo-se na visão de Ciência Política que toma a política institucional como objeto legítimo de estudo.

P á g i n a | 18

Fonte: o autor. Na SBS, veja-se como não se toca na política institucional. Tem-se uma sociologia política que trata da “política” em sentido amplo – do poder, dos fenômenos políticos em sentido amplo, uma Ciência Política – se o termo é apropriado – chamado de “societal”. Gráfico 2. Transição do societalismo ao politicismo.Grupos de Trabalho do Encontro da Anpocs (2009)

Fonte: o autor.

P á g i n a | 19 Surgem temáticas típicas da Ciência Política em sentido estrito, ressaltadas na cor azul. Agora ao Encontro da ABCP: Gráfico 3. “Áreas Temáticas” (ATs) do Encontro da ABCP (2012)

Fonte: o autor. Mesmo nas ATs com objetos societais, ressaltados, estabelece-se um contato ou proximidade com a política institucional, através depolicy, canal direto entre a política institucional e o universo social circundante. O resultado é intuitivo e ilustrativo do que se poderia obter com métodos mais rigorosos. Como essas oposições seriam verificadas na produção dos papers da ABCP? Veja-se em uma análise de correspondência, feita a partir de 364 artigos de cientistas políticos analisados entre 2004 e 2008, dos periódicos Dados, Revista Brasileira de ciências Sociais, Brazilian Political Science Review, Opinião Pública, Lua Nova e Revista de Sociologia e Política.

P á g i n a | 20 16

17

18

Gráfico 3. Análise de correspondência entre periódicos , abordagens , áreas temáticas e formas de Ciência Política*

Fonte: o autor. * Primeira dimensão com alfa de Cronbach de 0,828 e inércia de 0,659; segunda dimensão com alfa de Cronbach de 0,817 e inércia de 0,646.

As “definições de Ciência Política” nos dizem o seguinte: “strictu sensu” é tomar a política institucional como objeto de estudo. “S. sensu derivada” é uma fronteira entre a política institucional e a sociedade, como eleições e comportamento eleitoral. “Latu sensu” é o fenômeno político em sentido amplo.

16

BCSR = Brazilian Political Science Review; RBCS = Revista Brasileira de Ciências Sociais; RSP = Revista de Sociologia e Política; LN = Lua Nova; OP = Opinião Pública. 17 As abordagens foram reunidas em classes: politológicas, sócio-econômiccas, históricas, político-teóricas, idealistas, subjetivistas, culturalista, jurídica e empiricista. A classificação é de 2008, donde a defasagem para a classificação proposta neste trabalho. 18 Significado das siglas das Áreas Temáticas (triângulos verdes): DIP = desempenho das instituições políticas e sua influência sobre a qualidade da democracia e dos processos de governo; CPD-PE = Comunicação política, democracia e processos eleitorais; VAP-P = Valores, atitudes, participação e política; ES-PG = Estado, sociedade e políticas de governo; RI = Relações internacionais; TP-HI = Teoria política, análise de conceitos e história das ideias; VAP-P = Valores, atitudes, participação e política.

P á g i n a | 21 A seguir confere-se o que se chamou de “contínuo empírico-teórico”, isto é, o grau de correlação entreperiódicos, áreas temáticas e abordagens, de um lado, e “empírico” ou “teórico”. Gráfico 4. Contínuo empírico-teórico

Fonte: o autor

Considera-se que o argumento de um trabalho é “empírico” quando o objeto apresentado é de natureza empírica (observacional ou um constructo) e as evidências apresentadas também são de caráter empírico (observa-se e mede-se efetivamente o objeto). O trabalho é “teórico” quando o objeto é de natureza ideal ou simbólica (uma ideia, um símbolo) e as evidências mobilizadas são de natureza bibliográfica. Conclusão As categorias de análise, isto é, esse “retrato” da produção, fornecem dados para testar a seguinte hipótese: a produção veiculada pelos Encontros da ABCP está estruturada em função de dois princípios: (i) estudar a política institucionalizada ou estudar fenômenos políticos externos a ela; (ii) fazê-lo de uma forma empírica ou teórica.

P á g i n a | 22 O procedimento para testar essas hipóteses é o seguinte. Constrói-se um “mapa” dos trabalhos. Isso é feito usando-se análise de correspondência. Esses mapas são tratados como a “variável dependente”. Com esses mapas em mãos, identificam-se dois “contínuos”:politicismosocietalismo e empirismo-teoricismo. O primeiro é o grau de correlação entre as categorias da produção, como abordagens teórico-metodológicas e áreas temáticas, e “societal” ou “político”. O outro é o grau de correlação com “teórico” ou “empírico”. As posições mostradas pela análise de correspondência, que mede a distância relativa entre as categorias (por exemplo, a proximidade relativa entre as abordagens institucionalistas e o uso da estatística, ou a proximidade da área de estudos legislativos e abordagens empiricamente orientadas, entre outros), são então transpostas para a análise de correlação. Resta, contudo, conseguir os papers, o que se apela à comunidade da ABCP. É imprescindível obter e analisar esses trabalhos, já que, como dito, a ABCP é o primeiro estágio de legitimação e um “difusor” da produção de Ciência Política. O método apresentado, contudo, pode ser aplicado a qualquer tipo de produção escrita e, nesse sentido, são muito bem vindas as críticas e sugestões para depurá-lo. Referências Bibliográficas Almond, G. 1956. Comparative Political Systems. Journal of Politics, 18, pp. 391-409. Almond, G.;Coleman, J.S.1960. The Politics of the Developing Areas. Princeton: Princeton University Press. Almond, G.; Verba, S. 1963. The Civic Culture: Political Attitudes and Democracy in Five Nations. Beverly Hills: Sage Publications. Amenta, E.; Ramsey, K.M. 2010. Institutional Theory. In:Leicht, K.T.; Jenkins, J.C.(eds.) Handbook of Politics: State and Society in Global Perspective. New York: Springer. Bendix, R. 1996. Construção Nacional e Cidadania. São Paulo: Edusp. Barnes, S.; Kaase, M. 1979. Political Action.Mass Participation in Five Western Democracies. Beverly Hills: Sage. Berger, S. (ed.). Organizing Interests in Western Europe. Cambridge: Cambridge University Press. Blum, J.M. 1956. Woodrow Wilson and the Politics of Morality. Upper Saddle River: Pearson. Biroli, F. Democracia e tolerância à subordinação: livre-escolha e consentimento na teoria política feminista. Revista de Sociologia e Política, 21 (48), pp. 127-142. Bourdieu, P. 1980. The Logicof Practice. Stanford: Stanford University Press. _____. Distinction. A Social Critique of the Judgment of Taste. Cambridge, MA. : Harvard University Press. Braudel, F. 1979. Civilization and Capitalism, 15th–18th Centuries. New York: Harper and Row. Brinton, C. 1965. The Anatomy of Revolution. New York: Vintage Books.

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