Marcos Piason Natali nasceu em Campinas em 1971 e é mestre e doutor em Literatura Comparada pela Universidade de Chicago. É professor no Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada da USP desde 2003.
As análises de três romances latinoamericanos — Pedro Páramo do mexicano Juan Rulfo, Paradiso do cubano José Lezama Lima, En estado de memoria da argentina Tununa Mercado —, conduzem a uma discussão do problema da representação da morte moderna e à exploração das conseqüências, para o pensamento, para a literatura, para a política e para a ética, de diferentes formas de se pensar a relação entre o presente e o passado e entre os vivos e os mortos.
A POLÍTICA DA NOSTALGIA ● Um estudo das formas do passado MARCOS PIASON NATALI
A segunda parte do estudo — os três capítulos seguintes — busca, através da leitura de alguns textos narrativos da literatura hispano-americana da segunda metade do século XX, identificar algumas maneiras de entender o lugar da nostalgia e do luto na modernidade. As análises de três romances latino-americanos — Pedro Páramo do mexicano Juan Rulfo, Paradiso do cubano José Lezama Lima, En estado de memoria da argentina Tununa Mercado —, conduzem a uma discussão do problema da representação da morte moderna e à exploração das conseqüências, para o pensamento, para a literatura, para a política e para a ética, de diferentes formas de se pensar a relação entre o presente e o passado e entre os vivos e os mortos.
A política da nostalgia
A
través da análise da nostalgia, este estudo examina o processo que levou à invenção e cristalização de uma maneira especificamente moderna de dar forma ao passado e ao relacionamento com os mortos. Primeiro, no capítulo inicial, reconstitui-se o nascimento da palavra e do conceito de nostalgia, desde sua criação pelo médico suíço Johannes Hofer em 1688 até sua consolidação como uma doença da memória na Europa dos séculos XVIII e XIX. O segundo capítulo, com base principalmente em leituras de alguns textos de Marx, busca mostrar como a nostalgia aos poucos se tornou um problema de outra natureza, com o afeto pelo passado sendo acusado de ser politicamente repreensível e empiricamente insustentável. As duas acusações dependem de uma maneira particular de entender o passado e a história: é só quando o movimento da história passa a ser visto como necessariamente emancipador, progressivo e racionalmente compreensível que o apego ao passado pode ser condenado como uma aberração política e um obstáculo irracional. Partindo dessa visão de mundo, vários discursos criariam fórmulas para definir a reação adequada à morte do outro, com linguagens diferentes freqüentemente reproduzindo uma mesma estrutura.
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