Marechal João Baptista de Mattos: Histórias e Memórias sobre a vida de um negro descendente de escravos no Rio de Janeiro.

July 22, 2017 | Autor: Alessa Passos | Categoria: Military and Politics, Pós-Abolição
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Marechal João Baptista de Mattos: Histórias e Memórias sobre a vida de um negro descendente de escravos no Rio de Janeiro. Alessa Passos Francisco1 No despertar do século XX veio ao mundo o menino João Baptista de Mattos, no dia 24 de junho de 19002, doze anos após o fim da escravidão no Brasil. Um menino negro, descendente de escravos que para esta pesquisa representa uma valiosa forma de estudar o negro no pós-abolição. Entendendo que ainda há muito o que se discutir sobre os rumos dos escravos e seus descendentes dentro da sociedade no pós-abolição, pois são histórias ainda pouco exploradas pelos pesquisadores e pouco conhecida pela nação. Resgatar a história do negro significa completar uma lacuna dentro da história nacional que por muito tempo foi ignorada. Marechal João Baptista de Mattos se tornou o objeto deste estudo por carregar em si e em sua trajetória uma história que tem início no cativeiro com a história de sua família, perpassando pelo período do pós-abolição. Indo além, traz momentos importantes da história do Brasil, até a Ditadura Militar. Através de sua história é possível acompanhar de perto a história de um negro com raízes na escravidão e descobrir a sua inserção na sociedade. Olhado inicialmente como um negro representante do grupo derivado das senzalas, sua história se torna muito maior do que o estudo através da ótica de raças. Sua história de família nos remete diretamente ao tempo do cativeiro. Como fonte de pesquisas foram utilizados arquivos do Colégio Pedro II, guardados pelo Núcleo de Documentação e Memória (NUDOM), do Arquivo do Exército e do acervo pessoal da família de João Baptista de Mattos. Trabalho que contou com o apoio e ampla colaboração de Umbelinade Mattos Lorena de Sant’Anna, filha de Mattos. Além disto, este trabalho contou com uma rica entrevista concedida por Umbelina, relato que se tornou principal fio condutor. A entrevista foi realizada em 1 2

Bacharel e licenciada em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. COLÉGIO PEDROII. Livro de registro de matrículas dos alunos do Externato. 1896-1914. 300p.

janeiro de 2013, a exposição englobou aspectos relacionados a vários âmbitos relacionados à vida de seu pai, João Baptista de Mattos. O acesso a tantas fontes transformaram esta pesquisa em uma espécie de biografia, o que inspirou uma série de cuidados fundamentais. Para guiar este estudo temos como grande ponto de reflexão as considerações feitas por Pierre Bourdieu em seu texto “A ilusão biográfica”, inserido no livro “Usos e abusos da história oral” que trata sobre o trabalho biográfico. Com isto é possível entender que jamais conseguiremos reconstruir todas as ações de um indivíduo em toda a pluralidade e complexidade de cada campo de sua vida, a cada instante. Mas muito além desta reconstrução complexa, Bourdieu fala sobre a ilusão biográfica, onde se torna necessário um cuidado, nunca excessivo, na maneira de olhar a vida e a trajetória dos indivíduos. Trata-se de um estudo baseado no método da micro-história. Os objetivos deste trabalho não são de esgotar todas as possibilidades de pesquisa, e nem poderia ser. A proposta é falar sobre alguns fatos sobre a vida do militar, traçando sua história de vida. Aqui irei apontar possibilidades de pesquisas, visto que é uma longa e rica trajetória, abrindo caminhos para que se possa ir além. Será possível acompanhar a trajetória de um negro oriundo de família escrava em sua inserção na sociedade e sua participação na mesma. Os avós de João Baptista de Mattos eram escravos da fazenda do Visconde de Taunay. Sua mãe, D. Umbelina da Glória, nasceu 9 anos depois da Lei do Ventre livre, em 1880, o que determinou sua condição livre. Mas não é difícil imaginar que a maior parte de sua vida D. Umbelina da Glória tenha passado na senzala, pois sua mãe só foi liberta em 1888 com a Lei Áurea. Sua trajetória nos oferece subsídios para estudar diversos momentos importantes da história do Brasil. Iniciando-se mesmo pela senzala, de onde vem sua origem materna, passa a ser também um importante referencial para o estudo do pós-abolição. Porém, o Marechal Mattos participa de outros momentos simbólicos para a historiografia nacional, em algumas ocasiões sua participação acontece de maneira direta e outras indireta. Dentre outros momentos podemos citar o tenentismo, a Era Vargas até a crise no final de 1954, também a novembrada e a renúncia de Jânio

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Quadros. Mas em todos os momentos aqui estudados Mattos está de alguma forma envolvido. A família de João Baptista de Mattos não estava entre as mais ricas no período de sua infância. Mas apesar disto, e curiosamente, ele estuda como contribuinte em uma das Escolas mais conceituadas do Rio de Janeiro, o Colégio Pedro II3. Sua filha atribui tal feito ao esforço feito por Umbelina, sua avó em custear os estudos do menino e principalmente devido a todo o valor dispensado por esta a educação. Mas é importante salientar que a mãe de João Baptista de Mattos era uma mulher analfabeta, talvez não soubesse de fato e na prática os benefícios de uma educação escolar. De acordo com os relatos familiares foi na Escola Bolívia que, provavelmente, João Baptista de Mattos teve acesso ás primeiras letras. Segundo Umbelina Sant’Anna João teria tido a oportunidade de estudar ali com excelentes professoras. Assim, o jovem Mattos estudou alguns anos e ao final do curso, com idade aproximada de 12 anos, a professora fez um convite para D. Umbelina da Glória, conforme relata a entrevistada. Conta que considerando João bom aluno, a professora ofereceu um emprego de caixa do armazém do marido dela, ele teria a função de anotar a movimentação financeira do estabelecimento. Seria esta uma possibilidade de João ajudar nas despesas domésticas com o dinheiro que ganharia com esse trabalho. Afirma que D. Umbelina da Glória, sua mãe, não hesitou em exclamar: “Meu filho vai estudar!”. 4 Umbelina Sant’Anna conta que assim que terminou o curso na escola Bolívia, João juntamente com a sua mãe foi morar na rua Joaquim Martins, no Encantado. Neste momento, segundo os relatos da filha de Mattos, é que aparece a figura de Quintilhiano, sem sabermos então a data precisa em que este entrou na vida de D. Umbelina da Glória, tornando-se seu marido. Quintilhiano é um homem alfabetizado, “um mulato, um mulato, cabelo não muito crespo... Falava alto, era meio violento, meio brigão, era natural do Cantagalo”5. É fácil perceber a importância e participação de Quintilhiano de Mattos em alguns momentos cruciais na vida de Mattos.

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COLÉGIO PEDROII. Livro de registro de matrículas dos alunos do Externato. 1896-1914. 300p. Entrevista com D. Umbelina, realizada em janeiro de 2013. 5 Entrevista com D. Umbelina, realizada em janeiro de 2013. 4

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Terminando o curso na Escola Bolívia aos doze anos, já alfabetizado se matricula para o exame no Colégio Pedro II. Feito o exame, com média geral 8 nas avaliações admissionais,6 João Baptista de Mattos estudou todo o colegial nesta instituição, a qual Beatriz Boclin (2012) em seu texto aponta como instituição formadora de elites.Terminado o ciclo de estudos no Colégio, Conforme as informações prestadas por D. Umbelina Sant’Anna, João realizou exames para pleitear uma vaga no Colégio Militar. Em 2 de maio de 1918 sua “Caderneta de Official” guardada no Arquivo Histórico do Exército aponta que João Baptista de Mattos havia se tornado praça do Exército Brasileiro, voluntariamente. 7 João Baptista de Mattos vai para o Colégio Militar do Realengo. Lá ele estuda com pessoas que, muitos anos depois, seriam muito importantes para a política no Brasil. Dentre eles estão Castelo Branco e Costa e Silva. O primeiro, segundo os depoimentos de sua filha, não foi um grande afeto seu. Fato que ganha força quando, anos mais tarde, este mesmo colega de classe torna-se presidente da República, momento em que o marechal é posto na reserva. Somando-se a este fato, é possível considerar que a condição de João Baptista de Mattos ter se mantido como legalista em suas ações políticas, pode ter sido outro fator que contribuiu para a sua reserva em 1964. Esta inimizade existente entre os dois militares aparece como uma espécie de discriminação sofrida pelo Marechal dentro do Exército, segundo os relatos de sua filha. Mas em seu percurso pelo Exército encontramos nos depoimentos de Umbelina Sant’Anna outro momento em que o Marechal se depara com a discriminação racial, na década de 1940. Isto acontece no momento em que o Ministro da Guerra Dutra o impede de cumprir uma missão no exterior, no pós-Segunda Guerra Mundial por ser negro. Mas apesar destes dois momentos Umbelina não parece guardar nenhum ressentimento que apresente a trajetória do pai no Exército como momentos ruins. Muito pelo contrário, ela afirma categoricamente que ela e sua família são muito gratos ao Exército. Em sua trajetória no Exército o Marechal Mattos participou de momentos emblemáticos tanto de ordem militar quanto de ordem política. O primeiro deles que 6

COLÉGIO PEDROII. Livros de exame de admissão. 1911-1915. 300p. AQUIVO HISTÓRICO DO EXÉRCITO. Setor Pessoal. João Baptista de Mattos. Indicação 28/209 A. Caderneta de Official. 7

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podemos citar é o tenentismo, movimento em que o Marechal em nenhum momento esteve ao lado dos militares sediciosos, na verdade esteve ao lado das forças de repressão. Participou ativamente na contenção de militares revoltados no Nordeste. Pouco tempo depois dos primeiros grandes levantes do tenentismo Mattos é promovido ao posto de 1° tenente, indicando o seu não envolvimento com os levantes ocorridos. Isto por que os militares envolvidos foram de alguma forma punidos, no entanto Mattos além de promovido só apresenta em sua Fé de Ofício menções de elogios, sem quaisquer anotações de punições sofridas. De acordo com o Boletim de Fé-de-Ofício do Tenente, João casa-se com D. Olga Braga Gomes, no dia 24 de setembro de 1923, na Capital Federal. Em entrevista D. Umbelina Sant’Anna apresenta sua mãe, Olga. Junto com D. Olga João teve sete filhos. Segundo os relatos de sua filha Umbelina, João Baptista de Mattos sempre foi um pai muito dedicado. No período Vargas, Mattos aparece distanciado da população que acreditou piamente nas mudanças prometidas durante o seu governo. Sua filha o declara como cético diante dos feitos de Vargas. No texto elaborado por Job Sant’Anna8 é citado uma frase onde Mattos declara que Vargas é uma figura muito discutia e só futuras gerações poderiam fazer algum juízo dele. Neste trecho, Mattos parece não esboçar opinião radical sobre o governo, mas é necessário avaliar em que momento do governo de Vargas esse comentário é escrito, o que pode variar a intensidade da frase. Mas de fato a frase atribuída ao Marechal procura evidenciar imparcialidade sobre a opinião dirigida ao presidente. Durante o primeiro governo Vargas, Em 1932 João Baptista de Mattos, já graduado no posto de capitão desde maio, esteve a frente das tropas federais contra os revoltosos da guerra civil constitucionalista que se instalou em São Paulo. Durante a guerra foi comandante da 8ª companhia do III Batalhão do 1° Regimento de Infantaria. Foram definitivamente dias difíceis para aquela companhia. Ao cessar os conflitos então capitão Mattos foi reconhecido por um de seus subalternos, sargento Arthur Santos Filho, por qualidades exemplares. Dizia que “o Capitão Mattos empolgava a todos os 8

ACERVO FAMILIAR. SANT’ANNA, Job Lorena. Baptista de Mattos, uma vida simples um exemplo nobre. IN: Separata da Revista do Exército Brasileiro. V. 125 – n°2 de abril/ junho de 1988. Comemorativo do Centenário da abolição.

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subordinados pelas suas qualidades de caráter, bravura, lealdade e invulgar conhecimento profissional. Com ele iríamos a qualquer parte. ”.9 Já em fevereiro de 1954, quando Getúlio Vargas enfrentava tempos difíceis de seu governo, para tentar equilibrar a situação Vargas faz uma renovação ministerial. Para o ministério da guerra indica Zenóbio da Costa. Ele era legalista e a intenção de colocá-lo no ministério era acalmar os ânimos no Exército, conforme afirma Boris Fausto. Zenóbio, talvez para se apoiar, indica o tenente-coronel João Baptista de Mattos para o seu aparato ministerial na secretaria de guerra. Esta indicação do Tenente-coronel pode ser mais um fator que pese para a afirmação da posição de Mattos como legalista. Apesar de não apoiar abertamente o governo Vargas aparentemente se punha ao lado da legalidade como meio de livrar ser seu governo da crise que já vinha dando sinais. Com a morte de Vargas era preciso substituir a presidência, ficando nas mãos de João Fernandes Campos Café Filho, vice-presidente. Café Filho logo renova seu ministério contando com a maioria dos ministros da oposição udenista. Exclui-se deste quadro apenas o novo ministro da guerra nomeado, Henrique Batista Duffles Teixeira Lott, considerado legalista, que por sua vez, confirma no cargo de secretário o Coronel Mattos. E desde então começou a se articular as próximas eleições que definiriam o novo presidente do Brasil. O PSD lançou Juscelino Kubitschek para dar continuidade à política getulista, enfrentando Ademar de Barros e Juarez Távora (e ainda, pelos integralistas, Plínio Salgado). Outro momento importante de participação política e militar de Mattos está no movimento conhecido como Novembrada, em 1954.Aqui, ao que tudo indica, participou indiretamente nos momentos de deflagração do contragolpe, podendo ser identificado através de pessoas ligadas diretamente a ele. Pois o grande mentor e executor do ato foi Henrique Duffles Teixeira Lott, militar que fazia parte de seu círculo de amigos desde os tempos em que era aluno do Colégio Militar, quando foi um de seus instrutores. O trabalho com Lott no Ministério da Guerra indica uma possível parceria em termos de posicionamento político.

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ACERVO FAMILIAR. SANT’ANNA, Job Lorena. Baptista de Mattos, uma vida simples um exemplo nobre. IN: Separata da Revista do Exército Brasileiro.

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Somando-se a isso, no momento posterior à Novembrada, o Brasil entrou em estado de Sítio, onde Mattos foi diretamente atuante. Mattos foi delegado do Executor do estado de Sítio de Mato Grosso e por lá esteve para verificar a situação do estado durante o período. Atuação que corrobora com a alegação de sua filha ao afirmar a posição de Mattos como “eminentemente legalista”, pois o contragolpe é realizado em defesa

da

legalidade

constitucional,

para

garantir

a

posse

do

presidente

democraticamente eleito, Juscelino Kubitschek. Anos mais tarde o Brasil se encontra à beira de uma nova crise política, desencadeada pela renúncia do presidente Jânio Quadros. Quinze dias antes do ocorrido, Mattos, que ainda se encontrava envolvido com o trabalho no gabinete do Ministério da Guerra, se afasta deste cenário político e se apresenta para o trabalho na 9ª Região Militar. Os reais motivos para esse afastamento ainda não foram identificados, porém, sabemos que o Ministro da Guerra que entra em cena com o governo Jânio é um militar, que mais tarde, se apresentará claramente por não defender a bandeira do legalismo, o general Odílio Denys. Dentre as possibilidades, o afastamento de Mattos pode estar diretamente ligado a alguma forma de divergência política, ou até mesmo por perceber o fracasso em que se encontrava este governo. Alguns anos depois o Brasil vive um golpe militar, onde o poder é tomado por militares, que passam a se revezar na presidência da República. O primeiro presidente militar a estar no poder é Castelo Branco, citado no início como um desafeto seu desde os tempos de Colégio Militar. De fato, poucos meses depois de Castelo Branco assumir a presidência, Mattos é conduzido para a reserva. Porém, ao declarar proximidade entre Costa e Silva e Mattos, D. Umbelina afirma que Mattos acreditou no governo Costa e Silva. Mas não sabemos em que medida isso acontece, pois Mattos vem a falecer pouco tempo depois da posse de Costa e Silva. Todos estes momentos em que Mattos participou do cenário político brasileiro me levam a considerar que em muitas oportunidades esteve ao lado do que julgava estar a lei. Não encontrei qualquer indício de envolvimentos de Mattos em alguma rebelião ou outro movimento revolucionário que contestasse o governo e as leis vigentes. Ao contrário disto, Mattos esteve lutando diretamente nas Forças Legalistas e de repressão em muitos momentos de embates políticos, inclusive combates armados. Porém, é 7

preciso que este estudo prossiga e ganhe maior profundidade para precisar com eficácia o seu posicionamento político. Pois uma grande indagação que fica deste estudo é até que ponto vai a atuação política de Mattos como um legalista. Merecidamente tem lugar de destaque nestes momentos finais do trabalho a distinção apresentada por Mattos no empenho acadêmico. Sua formação inclui um diploma de Bacharel em direito, especialização de alto comando no Exército no Curso de Estado Maior, participação na Escola Valenciana de Letras entre outras. Atenção que se deve voltar é que de uma família humilde, com mãe analfabeta e pai condutor de trens, nasceu um grande estudioso que dedicou aos monumentos brasileiros importante atenção, ao escrever uma coleção de livros, intitulada “Os monumentos Nacionais”. A memória do marechal João Baptista de Mattos não foi guardada apenas nos documentos e na memória de sua filha. Sua família tentou em diversos momentos construir uma memória do Marechal na sociedade. A exemplo disto está um documento diversas vezes citado durante o desenvolvimento deste trabalho, um artigo escrito por seu genro Job Lorena de Sant’Anna para o a Revista do Exército Brasileiro, na ocasião do centenário da abolição. Por sua família o Marechal é lembrado como um ícone da perseverança e da capacidade do negro que carregava em si as opressões da escravidão. Os esforços para a construção da memória de um negro com a vida exemplar não foram pequenos. O próprio título do texto de Job Sant’Anna se refere à vida do Marechal como “Uma vida simples, um exemplo nobre”. Além disto, sua família realizou várias cerimônias para festejar e lembrar o centenário de seu nascimento. Mas apesar de todos os esforços feitos por sua família, não conseguimos identificar grandes repercussões para o seu nome em nossa época. O que temos hoje é uma escola pública estadual que levou o nome do Marechal, na zona Norte da cidade do Rio de Janeiro. O movimento negro parece inclusive desconhecer a trajetória do primeiro negro a ser condecorado no Brasil com o título de Marechal, apesar de apresentar uma trajetória notável. O mais relevante na história de João Baptista de Mattos é justamente por apresentar uma trajetória que vai por caminhos diversos aos apresentados pela historiografia. Os libertos não saíram simplesmente da senzala para as favelas e lá permaneceram. Muito pelo contrário. O trabalho aqui apresentado é mais uma prova de 8

que os negros e suas famílias no pós-abolição saíram das senzalas e procuraram compor a sociedade das mais diversas maneiras possíveis. Neste caso foi através de uma ascendente carreira militar, caminho pelo qual perpassou por ilustres reconhecimentos em seu meio. Com isto, a vida do Marechal Mattos fez com que as hipóteses levantadas no início do estudo estivessem frustradas, pois esperava identificar algo que revelasse as permanências do período da escravidão.

Referências Bibliográficas BOURDIEU, Pierre. A ilusão biográfica. In: AMADO, Janaína e FERREIRA, Marieta de Moraes. Usos e abusos da história oral. - 8ª edição – Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006, pp. 183-191. CUNHA, Olivia Maria Gomes da e GOMES, Flavio dos Santos (Orgs.). Quasecidadão: Histórias e antropologia da pós-emancipação no Brasil. Rio de Janeiro, Editora: FGV, 2007. SANTOS, Beatriz Boclin Marques dos. O Colégio Pedro II: Origens e formação do currículo das escolas secundárias brasileiras. Anais do X colóquio sobre Questões Curriculares & VI Colóquio Luso-brasileiro de currículo. Belo Horizonte – MG. Setembro de 2012.

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