MARITIMIDADE, HALIÊUTICA E A ARQUEOLOGIA DOS SAMBAQUIS

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Revista Tempos Acadêmicos, Dossiê Arqueologia Pré-Histórica, nº 11, 2013, Criciúma, Santa Catarina. ISSN 2178-0811

MARITIMIDADE, HALIÊUTICA E A ARQUEOLOGIA DOS SAMBAQUIS Gustavo Peretti Wagner1 Lucas Antonio da Silva2

RESUMO Ao longo dos últimos seis mil anos o litoral brasileiro vem sendo explorado intensivamente por populações pescadoras. O presente artigo tem como proposta a compreensão das sociedades pescadoras coletoras dos sambaquis enquanto comunidades costeiras, buscando a interface entre a arqueologia dos sambaquis e os estudos da antropologia marítima no Brasil.

Palavras-chave: Haliêutica. Populações Costeiras. Sambaquis. Sociedades Pescadoras.

ABSTRACT Since six thousand years, at least, the Brazilian coast has been explored extensively by different fishing communities. This article deal with the fishing-gatherer societies as coastal communities proposing an interface between shell sites archaeology and maritime anthropology.

Keywords: Halieutics. Coastal Populations. Sambaquis (shell-mounds). Fishing Societies.

Introdução O presente trabalho resulta das atividades de pesquisa dos autores em suas diferentes áreas de especialidade, os pescadores-coletores dos sambaquis e etnoarqueologia da pesca, nas quais a maritimidade caracteriza elemento estruturante das relações sociais e identitárias. Por razão do contato com bibliografia produzida sobre as populações pescadoras do litoral brasileiro nas ciências sociais (Antropologia, Sociologia, História e Arqueologia), as iniciativas coadunaram-se e circunscreveram-se no âmbito da haliêutica e sua materialidade. Tendo em vista que as ciências já estabeleceram uma série de categorias teóricas que expressam com sucesso os diferentes aspectos do amplo universo cultural que compõe as sociedades costeiras, as páginas que seguem propõem a sistematização das 1 2

PPGA/UFBA-CAPES/PNPD. E-mail: [email protected]. ICH/UFPel.

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categorias julgadas correlacionáveis à pesquisa em sambaquis. Neste sentido, são compreendidas enquanto problemáticas a serem contempladas sob o viés da cultura material, oportunizando a compreensão parcial da maritimidade. As pesquisas antropológicas dedicadas às populações pescadoras do litoral brasileiro têm contribuído sobremaneira para a compreensão das relações sociais internas, da especialização das atividades de gênero, processo de mecanização da pesca e valorização do conhecimento da haliêutica tradicional3. No entanto, são raros os esforços de sistematização do aparato material vinculado à pesca tradicional e indígena. São reais exceções os trabalhos de Câmara4, Lopes5 e Câmara-Cascudo6. É precisamente este o aspecto em que a Arqueologia, mais do que qualquer outra disciplina, pode contribuir.

Maritimidade e Pré-História A interação com os oceanos é parte integrante dos processos de expansão e povoamento humano sobre as terras emersas do planeta. Nos estágios iniciais do processo de hominização os oceanos definiram fronteiras. Contudo, em um dado momento, ainda desconhecido, o domínio das massas d’água através do uso de embarcações possibilitou a expansão das fronteiras, a conexão de continentes e a humanização de novas terras. Há mais de 50 mil anos o Homo Sapiens partiu do leste asiático e utilizou o Índico Sul para colonizar a Austrália e não há evidências de que uma passagem emersa entre ambos tenha existido ao longo de todo o Quaternário. No mundo Mediterrâneo há similaridades entre o acheulense do norte africano e do espanhol e sul italiano, denotando um fluxo de pessoas e objetos cruzando o mar7.

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VERÍSSIMO, J., A pesca na Amazônia, 1970[1895]; LOPES, R., Pesquisa Etnológica sobra a Pesca Brasileira no Maranhão, 1938; CÂMARA-CASCUDO, L., Jangada: uma pesquisa etnográfica, 2002 [1954]; MOURÃO, F., Pescadores do litoral sul do Estado de São Paulo, 2003[1971]; LIMA, R., Pescadores de Itaipu: a pescaria da taínha e a produção ritual da identidade social, 1978; FURTADO, L. G., Curralistas e redeiros de Marudá: pescadores do litoral do Pará, 1987; MALDONADO, S., Mestres e Mares, espaço e indivisão na pesca marítima, 1994; DIEGUES, A., Tradition and change in brazilian fishing communities: towards a social anthropology of the sea, 1997; ______, A Pesca Construindo Sociedades, 2004; CASTELLUCCI JÚNIOR, W. Pescadores e roceiros: escravos e forros em Itaparica na segunda metade do século XIX, 1860-1888, 2008. 4 CÂMARA, A. A., Ensaio sobre as construções navais indígenas do Brasil, 1976 [1988]. 5 LOPES, R., Pesquisa Etnológica sobra a Pesca Brasileira no Maranhão, 1938. 6 CÂMARA-CASCUDO, L., op. cit., 2002 [1954]. 7 Cf. BORDES, F., In: Early Man in America, from a Circum – Pacific Perspective, edited by A. Bryan, pp. 1-9. Archaeological Researches International, Edmonton, p. 5-6, 1978.

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A colonização inicial do Novo Mundo talvez seja a problemática de pesquisa em que a maritimidade assuma maior responsabilidade. José de Acosta, ainda no século XVI, sustenta a origem ultramarina e monogenista dos ameríndios aqui encontrados8. Rivet9 admite uma origem múltipla através de migrações transpacíficas. A principal e mais intensa rota migratória seria a mongoloide via Estreito de Behring, acompanhada por migrações embarcadas utilizando as ilhas Aleutas como entrepostos. As frentes de povoamento Melanésio teriam atingido a costa Pacífica da América por meio das ilhas polinésias. Finalmente, ondas australianas teriam circunavegado a Antártica pelos mares do sul. Na necessidade de explicar a ausência de evidências paleoindígenas no Alasca, Fladmark10 retoma a hipótese de rotas migratórias alternativas por mar, propondo que as populações préhistóricas se deslocariam ao longo da costa do Alasca e Columbia Britânica rumo ao sul por cabotagem. Mais recentemente Bradley e Stanford11 propuseram que a origem tecnológica das pontas Clóvis residiria no Solutrense espanhol. A sequencial descoberta de sítios antigos na América do Sul e a presença de elementos colonizadores não mongólicos no Brasil Central têm confirmado a existência das rotas de povoamento transoceânicas12. Mesmo após o estabelecimento humano no Continente, as rotas marítimas parecem ser a únicas capazes de dotar as levas populacionais da agilidade necessária para cobrir a América desde o Canadá Boreal ao Chile Austral13, incluindo sítios em regiões de acesso limitado no interior da hileia amazônica14. O litoral brasileiro passou a ser efetivamente ocupado apenas no Holoceno Médio, séculos antes do máximo transgressivo holocênico, quando populações oriundas do interior atingiram a costa através de diversos eixos, provavelmente utilizando os principais vales fluviais. Há evidências de sambaquis com cronologias superiores, 8

MATTOS, A., A raça de Lagôa Santa: velhos e novos estudos sobre o homem fóssil americano, 1941; RIVET, P., As origens do homem americano, 1958; WILLEY, G,. Introduction to American Archaeology, 1966; SCHOBINGER, J., Prehistoria de Suramérica, 1969; LORENZO, J., Early Man Research in the American Hemisphere: Appraisal and Perspectives, 1978; LAVALLÉE, D., The First South Americans, 2000. 9 RIVET, P., op. cit., 1958. 10 FLADMARK, K. R., The feasibility of the Northwest Coast migration route for early man, 1978. 11 BRADLEY, B.; STANFORD, D., The north atlantic ice-edge corridor: a possible palaeolithic route to the new world, 2004. 12 NEVES, W. et al., Early Holocene Human Skeletal Remains from Santana do Early Holocene Human Skeletal Remains from Santana do Riacho, Brazil: implications for the settlement of the New World. Journal of Human Evolution, 2003. 13 Cf. DILLEHAY, T., The Late Pleistocene Cultures of South America, 1999. 14 ROOSEVELT, A. et al., Paleoindian Cave Dwellers in the Amazon: the Peopling of the Americas, 1996.

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alcançando 8.000 A.P., mas estas ainda devem ser vistas com reserva uma vez que os contextos culturais são ainda desconhecidos e as cronologias regionais ainda não suportam tal antiguidade15.

Maritimidade, Haliêutica e a Arqueologia dos Sambaquis A maritimidade é um fenômeno intrínseco a qualquer cultura arqueológica cujos sítios demonstrem a interação com o ambiente costeiro. A presença de valvas de moluscos marinhos e estuarinos acumulados em grandes quantidades conferiu aos pescadores coletores dos sambaquis a preponderância na exploração destes ambientes frente às demais culturas arqueológicas costeiras. Contudo, as fontes etno-históricas seiscentistas proporcionam vívidas descrições da intensa interação dos diversos grupos Tupi com as águas, bem como o elaborado arsenal de instrumentos e estratégias para o domínio do mar16 17. Neste sentido, parece correta a ideia expressa em Diegues18, onde declara que o oceano é uma referência ideológica comum a todas as populações que habitam a costa, a despeito do grau de dependência econômica que tenham para com ele. Mourão19 foi quem primeiro atentou para a distinção entre dois diferentes tipos de pescadores. Há aqueles pescadores cuja subsistência está relacionada às águas profundas, cuja interação com o mar se dá prioritariamente em mar aberto, na pesca de dormida onde passam dias sem retornar a terra, sejam eles artesanais ou mecanizados. Estes pescadores são marcados pela incerteza, pelo risco, suscetíveis à meteorologia e força do mar. Câmara-Cascudo20 textualiza vividamente este tipo de pescador no âmbito artesanal. De outra parte há aqueles pescadores que vivem em terra, atrelados a um complexo calendário de plantio e colheita, onde a pesca assume caráter litorâneo, sendo realizada principalmente em águas abrigadas ou no mar raso, perto da costa. No entanto, Mourão21 é categórico ao afirmar que falta a estes pescadores uma relação mais íntima 15

Para discussão mais detalhada desta temática ver WAGNER (no prelo). STADEN, H., A verdadeira história dos selvagens nus e ferozes devoradores de homens, 1999[1548]; THEVET, A., Singularidades da França Antártica, a que outros chamam de América , 1944[1554]; LERY, J., Viagem à terra do Brasil, 1960[1557]; GANDAVO, P., História da Província de Santa Cruz, Tratado da Terra do Brasil, 1964[1576]; CARDIM, F., Tratados da terra e gente do Brasil, 1939[1584]; SOUSA, G., Tratado descritivo do Brasil em 1587, 1971[1587]. 16

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Sínteses detalhadas sobre as estratégias e equipamentos de pesca indígenas podem ser encontradas em FRANCO, T., Prehistoric fishing activity in Brazil: a summary, 1998. 18

DIEGUES, A., op. cit., 1997. MOURÃO, F., op. cit., 2003[1971]. 20 CÂMARA-CASCUDO, L., op. cit., 2002 [1954]. 21 MOURÃO, F., op. cit., 2003[1971], p. 61. 19

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com o oceano, expressa naquilo que denominou “ideologia de pesca”. Veríssimo22 já retratou este tipo de pescador e extensas descrições podem ser encontradas em Lima23, Furtado24, Maldonado25 e Castellucci26. Sob a mesma orientação Diegues27, atenta para a dicotomia entre comunidades marítimas e comunidades costeiras, declarando errôneas as abordagens que as compreenda antagonicamente. As pesquisas ictioarqueológicas realizadas nos sambaquis das regiões Sul e Sudeste do País indicaram um domínio de todos os ambientes aquáticos costeiros, sejam eles fluviais, estuarinos, lagunares e lacustres28. As pesquisas em sambaquis no sul do Brasil têm demonstrado a intensa exploração dos ambientes florestados de influência tropical29, a criação de redes de comunicação em longas distâncias ao longo da costa (cf. MAZZ; LIMA, 2001) ou mesmo através do eixo interior-litoral30. Não há, no estágio atual das pesquisas em sambaquis, nenhuma evidência clara do domínio do mar aberto. As ocupações nas diversas ilhas das reentrâncias maranhenses31, Bahia32, Rio de Janeiro33, Paraná34 e Santa Catarina35, caracterizam-se, invariavelmente, por ilhas costeiras acessíveis por cabotagem. Mesmo os arquipélagos ao largo como Abrolhos, com distâncias não superiores a 50 km do Continente, não apresentam ocupações préhistóricas de qualquer natureza. 22

VERÍSSIMO, J., op. cit., 1970[1895]. LIMA, R., op. cit., 1978. 24 FURTADO, L. G., op. cit., 1987. 25 MALDONADO, S., op. cit., 1994. 26 CASTELLUCCI JÚNIOR, W. op. cit., 2008. 27 DIEGUES, A., op. cit., 1997. 28 GARCIA, C., Levantamento ictiológico em jazidas pré-históricas, 1970; FIGUTI, L., Estudos dos vestígios faunísticos do sambaqui Cosipa-3, 1989; BANDEIRA, D. R., Mudança na estratégia de subsistência. O sítio arqueológico Enseada I – um estudo de caso, 1992; HILBERT, L., Análise ictioarqueológica dos sítios: sambaqui do Recreio, Itapeva e Dorva, municípios de Torres e Três Cachoeiras, Rio Grande do Sul, Brasil, 2011. 29 Cf. SCHEEL-YBERT, R., Man and vegetation in the Southeastern Brazil during the Late Holocene, 2001. 30 DEBLASIS, P. et al., Sambaquis e paisagem: dinâmica natural e arqueologia regional no litoral sul do Brasil, 2007; GASPAR, M. et al., Sambaqui (Shell Mound) Societies of Coastal Brazil, 2008. 31 HARTT, C., Contribuições para a Ethnologia do Valle do Amazonas,1885; SIMÕES, M., Coletores-pescadores ceramistas do litoral do Pará, nota preliminar, 1981. 32 RATHBUN, R., Observações sôbre a Geologia, aspecto da Ilha de Itaparica, na Bahia de Todos os Santos, 1878. 33 LIMA, T., Dos Mariscos aos Peixes: um Estudo Zooarqueológico de Mudança de Subsistência na PréHistória do Rio de Janeiro, 1991; ______, Ocupações pré-históricas em ilhas do Estado do Rio de Janeiro, 1995; TENÓRIO, M., (Org.) Os fabricantes de machados da Ilha Grande, 1999; ______, O lugar dos aventureiros: identidade, dinâmica de ocupação, e sistema de trocas no litoral do Rio de Janeiro há 3.500 anos antes do presente, 2003. 34 EMPERAIRE, J.; LAMING, A., Les sambaquis de la côte méridionale du Brésil (campagnes de fouilles 1954-1956), 1956. 35 BRYAN, A., Resumo da arqueologia do forte marechal luz,1977; ______, The sambaqui at Forte Macheral Luz, State of Santa Catarina, Brazil, 1993; COMERLATO, F., As representações rupestres do litoral de Santa Catarina, 2005. 23

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De fato, o domínio do mar de fora foi possível apenas após a introdução de novas tecnologias náuticas europeias, como o atrelamento da vela latina às jangadas e pirogas e o estabelecimento da pesca mecanizada e mercantil. Marcgrave, talvez, o primeiro a registrar iconograficamente a presença de navegação à vela apenas para meados do século XVII36, e a indústria pesqueira desenvolve-se apenas a partir da década de 196037. Como resultado, destaca-se o que se entende aqui como cultura costeira, são aquelas onde o oceano é componente parcial, somando-se os ambientes límnicos e mixohalinos, bem como as terras emersas por onde as populações pré-históricas dispersaram-se ao longo de todo o Holoceno, onde as relações materiais e simbólicas são construídas e expressas, onde a atividade humana confere à passividade das águas a dimensão social intrínseca. Do ponto de vista da cultura material, a relação com o mar expressa-se através da haliêutica, aspecto constituinte do universo cultural vinculado àquele fenômeno social, mais amplo. Os pescadores-coletores dos sambaquis não podem, de fato, ser situados nas categorias “cultura marítima”38, ou “gente do mar” termo já empregado em Calippo39. Ao contrário, a cultura arqueológica dos sambaquis é, sobretudo, uma cultura eminentemente costeira. É necessário ressaltar, entretanto, que o vocábulo haliêutica tem origem grega e intitula os poemas clássicos de Ovídio e Oppiano, onde a arte da pesca é tratada enquanto atividade eminentemente marítima, expressa através do prefixo hali: sal. Como consequência, haliêutica e maritimidade são categorias historicamente relacionadas, embora seja imprescindível tomá-las genericamente, de forma a incorporar os ambientes aquáticos costeiros e emersos relacionados40. Mas foi apenas a partir da virada das décadas de 1960 e 70 que teve início o paulatino desligamento das abordagens conceituais aplicadas às sociedades agrícolas e/ou rurais como forma de compreensão das populações pesqueiras Nacionais. A construção dos referenciais teóricos específicos para a pesca foi notadamente impulsionado pelos estudos antropológicos realizados nas regiões Sudeste e Nordeste,

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CÂMARA-CASCUDO, L., op. cit., 2002 [1954]. DIEGUES, A.C., A Pesca Construindo Sociedades, 2004. 38 Cf. DIEGUES, A., Tradition and change in brazilian fishing communities: towards a social anthropology of the sea, 1997, p. 4. 39 CALIPPO, F. R., Sociedade sambaquieira, comunidades marítimas, 2010. 40 TIAGO, G., Mito das águas, cultura haliêutica e seus poderosos significantes ancestrais, 2010. 37

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com destaque para os trabalhos de Kottak41, Forman42, Mourão43, Diegues44, Duarte45 e Lima46. Naquele momento começaram a ser construídas categorias analíticas que permitem a compreensão dos papéis sociais dos diferentes personagens que atuam no mundo da pesca. Tais categorias são consideradas aqui chave para a decodificação e análise dos processos de construção e coesão social e possibilitam contemplar os pescadores-coletores dos sambaquis enquanto halieutas costeiros.

Conhecimento tradicional, práticas de pesca e mestrança Partindo da ideia de que pescadores do litoral possuem uma cultura voltada para a exploração desse ambiente específico, Diegues47 demonstrou que o modo de vida das comunidades marítimas está circunscrito ao ambiente físico do mar, caracterizado por mudanças sazonais, alterações bruscas de tempo – que ocasionam eventualmente tempestades -, etc. Paralelamente o modo e vida das comunidades costeiras depende do domínio sobre as águas interiores e do “mar raso”, com apoio na exploração dos recursos de terra. Os recursos naturais renováveis retirados das águas são móveis, invisíveis e obedecem aos padrões biológicos de cada espécie. Contudo, o domínio exploratório, sobre esse ambiente complexo e imprevisível das águas, exige conhecimento profundo da navegação, das movimentações de massas de ar, dos hábitos da fauna, das mudanças climáticas e, principalmente, das diversas técnicas específicas que, em última análise, são responsáveis pela efetividade da prática da pesca48

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. Todo esse “saber fazer” é chamado de conhecimento tradicional, que

engloba as práticas cognitivas, culturais e as habilidades que garantem a sobrevivência de um modo de vida altamente especializado50. É necessário destacar que o conhecimento tradicional é uma habilidade repassada através da reprodução da experiência, da observação aos mais velhos e, principalmente, através da oralidade nos 41

KOTTAK, C., The Structure of Equality in Brazilian Fishing Community, 1966; _______, An Assault on Paradise, 1983. 42 FORMAN, S., The Raft Fishermen: Tradition and Change in the Brazilian Peasant Economy, 1970. 43 MOURÃO, F., op. cit., 2003[1971]. 44 DIEGUES, A., A Pesca no Litoral Sul de São Paulo, 1973. 45 DUARTE, F. D., As redes do suor: a reprodução social dos trabalhadores da produção do pescado em Jurujuba, 1978. 46 LIMA, R., op. cit., 1978. 47 DIEGUES, A.C., op. cit., 2004. 48 SILVA, L., Pescadoras da Barra do João Pedro, um estudo etnoarqueológico, 2012. 49 Entende-se por práticas de pesca a aplicação de um conhecimento tradicional para o desenvolvimento de uma atividade pesqueira, como por exemplo, limpeza do peixe, localização de pesqueiros, despesca, descarte das vísceras, localização de cardumes, manufatura de redes, etc. 50 DIEGUES, A.C., op. cit., 2004.

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ambientes de sociabilidade. Neste sentido, o papel desempenhado pelo mestre51 enquanto condutor da embarcação e da própria pescaria, assume posição de destaque na mestrança, pois ele é o personagem que detém a experiência necessária para a superação eficaz dos desafios que as instáveis águas das lagoas, estuários ou mar encerram. Da mesma forma, é dele a responsabilidade de repassar aos mais jovens a mestrança necessária para o sucesso da pesca, perpetuado nas práticas cotidianas.

Territorialidade e marcação A marcação caracteriza-se como uma prática social e produtiva, sendo esta dividida em dois níveis distintos. O primeiro deles é a técnica, que se caracteriza pela navegação e pela escolha de um território, pois esses elementos são fundamentais para um bom resultado nas pescarias. O segundo é o nível simbólico, sendo este caracterizado pela construção social da mestrança, ligando-se, portanto, a processos hierárquicos e morais. Ambos os níveis, tanto ação prática quanto ação simbólica, são práticas universais no modo de vida pescador52. Considerada elemento universal e fundamental do modo de vida pescador, a marcação atua na construção e manutenção do território. Sendo assim, cada grupo constrói seu território de um modo diferente, pois as características do meio ambiente explorado, juntamente com os ensinamentos passados de geração para geração, são fatores que influenciam a marcação. Os territórios de pesca são mais do que espaços delimitados. São lugares conhecidos, nomeados, usados e defendidos. Cada grupo possui uma familiaridade com essas áreas criando territórios que são incorporados à tradição cultural. Portanto, esses territórios, ou espaços de subsistência e sociabilidade, são delimitados para a manutenção do modo de vida pescador. Em outras palavras, o que se propõe é que em se tratando de sociedades pescadoras, território é conhecimento. Entretanto, como a própria autora destaca posteriormente, a condição de patrimônio compartilhado do mar, ou águas interiores (demais ambientes aquáticos costeiros) implica na sua indivisibilidade e ausência de apropriação formal e contínua sobre o meio53. Contudo, para fins produtivos, os pescadores dividem os ambientes

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O termo vem de mestrança, que segundo Diegues (2000, p.76) é um conjunto de qualidades, conhecimentos e práticas que marcam a figura do pescador que tem autoridade no bote. 52 MALDONADO, S., op. cit., 1994. 53 MALDONADO, S., O caminho das pedras: percepção e utilização do espaço marinho na pesca simples, 2000.

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aquáticos em áreas de pesca54, pesqueiros ou pedras, as quais são marcadas mentalmente e mantidas em segredo pelo pescador. Destaca-se, contudo, que a marcação dos pesqueiros tende a se dar com auxílio de fatores externos, como o alinhamento da embarcação com uma montanha ou ilha (marcadores naturais), ou através de fatores internos, como as pedras no fundo d’água ou boias artificiais. A identificação de pontos de pesca, assim como as demais atividades do pescador, compõe o espectro de saberes necessários à mestrança. Neste sentido, a marcação é qualidade indispensável ao mestre de embarcação ou pescador, pois o sucesso da pescaria depende de escolhas eficientes do mestre55.

Considerações Finais As páginas escritas aqui encerram em si o intuito de buscar a compreensão do universo da pesca e das atividades técnicas empreendidas na costa do Brasil. De fato a reunião da ampla gama de práticas de pesca encontradas no litoral de dimensões continentais do País sob as categorias analíticas expressas acima exige, notadamente, pesquisa e sistematização de dados de dimensão equivalente. A proposta limita-se à busca dos elementos associados às práticas pesqueiras e, sobretudo, daqueles elementos que motivaram a confecção e uso dos equipamentos de pesca presentes nos sambaquis. Neste sentido, as relações com os ambientes aquáticos costeiros materializados nos sítios devem ser abordados no âmbito de uma haliêutica pré-histórica. Enquanto fenômeno social a haliêutica traduz atividades produtivas e relações simbólicas no âmbito da vida cotidiana. As atividades produtivas dependem dos saberes técnicos tradicionais relativos, basicamente a confecção e manuseio dos equipamentos e embarcações, mas também de uma série de conhecimentos não expressos materialmente. A mestrança é a categoria que reúne tais pré-requisitos, incorporando as noções de espacialidade, marcação e domínio dos territórios e pesqueiros, domínio sobre a meteorologia, bem como a navegação, seja de mar ou de costa (águas costeiras interiores). No cotidiano das atividades são estabelecidas e expressas, por um lado, as relações identitárias e de pertença e, por outro, é construído e vivido o universo simbólico do mundo da pesca.

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Segundo Begossi (2004), área de pesca é o espaço aquático usado por indivíduos ou por uma comunidade específica, enquanto os pesqueiros são locais específicos de pesca que possuem algum tipo de apropriação e conflito por sua utilização. 55 MALDONADO, S., op. cit., 1994; SILVA, L., op. cit., 2012.

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O que se propõe é que o universo ideológico que envolve a pesca atua como um fator de coesão social e, para utilizar uma expressão cunhada com sucesso por Diegues56, o que se propõe é perceber teoricamente “a pesca construindo sociedades”. Destaca-se, entretanto, que não se trata de construir uma abordagem teórica através da qual sejam compreendidos os grupos de pescadores coletores dos sambaquis. Os conceitos apresentados não devem ser encarados como marcos de uma abordagem, mas antes como problemas de pesquisa a serem contemplados pelo viés da cultura material, oportunizando a compreensão parcial das relações com os ambientes costeiros, aspecto pontual na trajetória bicentenária da Arqueologia dos Sambaquis.

Agradecimentos Os autores agradecem inicialmente às respectivas Instituições de Ensino Superior e Pesquisa onde atuam, bem como à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / CAPES pelo apoio dado através da concessão de bolsas de Mestrado para Lucas Antonio da Silva e Pós-Doutorado (PNPD) para Gustavo Peretti Wagner.

REFERÊNCIAS BANDEIRA, D. R. Mudança na estratégia de subsistência. O sítio arqueológico Enseada I – um estudo de caso. Dissertação (Mestrado), Universidade Federal de Santa Catarina, Santa Catarina. 1992. BRYAN, A. Resumo da arqueologia do forte marechal luz. Arquivos do Museu de História Natural, Belo Horizonte, (11). p. 11-30 1977. BRYAN, A. The sambaqui at Forte Macheral Luz, State of Santa Catarina, Brazil. In: Bryan, A.; Gruhn, R. Brazilian studies. p. 1-114, 1993. BORDES, F. In: Early Man in America, from a Circum – Pacific Perspective, edited by A. Bryan, pp. 1-9. Archaeological Researches International, Edmonton, p. 5-6 1978. BRADLEY, B.; STANFORD, D. The north atlantic ice-edge corridor: a possible palaeolithic route to the new world. World Archaeology, 36(4): p. 459-478, 2004. CALIPPO, F. R. Sociedade sambaquieira, comunidades marítimas. 2010. Tese (Doutorado em Arqueologia) - Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010. CÂMARA, A. A. Ensaio sobre as construções navais indígenas do Brasil. São Paulo: Brasiliana, 1976 [1888]. 56

DIEGUES, A.C., op. cit., 2004.

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