Marxismo e metodologia da ciência social: aprendizados, limites e possibilidades

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Anais do IV Simpósio Lutas Sociais na América Latina ISSN: 2177-9503 Imperialismo, nacionalismo e militarismo no Século XXI 14 a 17 de setembro de 2010, Londrina, UEL GT 8. Marx e marxismos latino-americanos

Marxismo e metodologia da ciência social: aprendizados, limites e possibilidades Maciel Cover*

Introdução Este texto pretende organizar algumas reflexões sobre metodologia das ciências sociais, buscando considerar alguns aprendizados referentes à obra de Marx, incorporando criticas atuais ao marxismo, desde uma perspectiva interna do campo. Para tanto será exposto algumas categorias chaves para compreender metodologia a partir de Marx. Posteriormente será apresentando as criticas e por fim um breve balanço considerando possibilidades de utilização desta concepção particular de ciência na pesquisa sociológica atual. Aprendizados do Marxismo A obra de Karl Marx (1818 -1883) é multidisciplinar. Filósofo de formação, Marx escreveu importantes contribuições também para a economia e para a política. Sua preocupação central era política, participava ativamente dos movimentos operários da época. As fontes teóricas com *

Mestrando do Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal de Campina Grande/PB. End. eletrônico: [email protected]

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quem ele dialoga para interpretar a realidade e construir sua obra são a filosofia clássica alemã, a economia política inglesa e a política francesa. De maneira muito particular Marx vai apontando os limites de cada corrente de pensamento, ao mesmo tempo em que aproveita os conceitos centrais reelaborando a teoria do valor de Smith e Ricardo, invertendo a dialética idealista de Hegel, debatendo um caráter cientifico para o projeto de socialismo utópico criado no movimento operário europeu do século XIX. A interpretação teórica de Marx é intensa, com conceitos de um caráter bastante explicativo. Marx não escreveu nenhum texto especifico sobre metodologia. Porém, na Introdução de 1857 aos Gundrisse o autor faz anotações sobre o método da economia política, demonstrando com que bases organizou a reflexão de sua densa obra chamada “O capital: contribuição a critica da economia política”. Categorias como totalidade; concreto aparente e pensado; e contradição são centrais para compreender a metodologia das obras de Marx. Um primeiro aprendizado a extrair é a necessidade de observar a materialidade das relações sociais. Esse conceito que inclusive denomina o método de Marx (Materialismo Histórico Dialético) foi desenvolvido em debate com o a filosofia idealista de Hegel, que considerava que as idéias antecediam a ação humana. Marx discorda dessa concepção e na formulação a seguir, deixa claro que “não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas ao contrário, é o seu ser social que determina a sua consciência.” (MARX, 1974, pg.136). Porém o materialismo de Marx não é estático, que considera apenas que a realidade é anterior ao homem, e que a materialidade determina as idéias e ponto final. Em debate com o filosofo materialista Feuerbach, Marx considera a práxis e a subjetividade ativa como fundamental para compreender e transformar a realidade e formula que “os filósofos se limitaram a interpretar o mundo de diferentes maneiras; mas o que importa é transformá-lo” (XI Tese sobre Feuerbach - Marx, 2005, pg. 118). Considerando estas premissas, de que o real precede o ser social, e que o ser social transforma este real, é que Marx irá desenvolver sua obra. Na Introdução aos Gundrisse de 1857, onde o autor expõe uma resenha do que seria seu método de analise, escreve que: Se começasse, pois, pela população, teria uma representação caótica do conjunto e, precisando cada vez mais, chegaria analiticamente a conceitos cada vez mais simples; do concreto representando chegaria a abstrações cada vez mais sutis até alcançar determinações mais simples. Chegando a este ponto, haveria que empreender a viagem de retorno, até dar de novo GT 8. Marx e marxismos latino-americanos

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com a população, porém, desta vez não teria uma representação caótica de um conjunto senão uma rica totalidade com múltiplas determinações e relações (...). Este último é, manifestamente, o método cientifico correto. O concreto é concreto por que é a síntese de múltiplas determinações, portanto unidade de diverso. Aparece no pensamento como processo de síntese, como resultado, não apenas como ponto de partida, ainda que seja o efetivo ponto de partida, e, em conseqüência, o ponto de partida também da intuição e da representação. No primeiro caminho, a representação plena é volatilizada em uma determinação abstrata; no segundo as determinações abstratas conduzem à reprodução do concreto pelo caminho do pensamento (MARX, 1976, parte I, Parágrafo 3)

A primeira questão a ser considerada é que para Marx, a realidade é algo que se apresenta de maneira caótica. O concreto aparente que temos acesso através de nossos sentidos não permite que enxerguemos a totalidade das relações sociais, pois não temos como perceber a historicidade e o movimento que faz as transformações acontecerem. Assim, esse concreto aparente é um conjunto de informações: vemos os estudantes, a universidade, os pobres, os ricos, a indústria, o dinheiro, os bancos, as instituições, a polícia, os migrantes, as greves e etc., mas não temos, num primeiro momento uma explicação ou uma relação entre estas diversas unidades. São coisas aleatórias da realidade, do nosso cotidiano.

Para organizar estas informações em uma explicação da realidade, é necessário considerar que existe um processo histórico que constitui o nosso cotidiano; esse processo não é linear, mas se move a partir das contradições existentes na realidade. Enfim, é necessário relacionar estas múltiplas determinações, para se ter um concreto pensado, uma totalidade. Marx diferencia a investigação/pesquisa da exposição. Para Marx: A investigação (ou pesquisa) tem que se apropriar do material em detalhe, analisar suas diferentes formas de desenvolvimento e detectar o seu liame interno. Somente após a conclusão deste trabalho é que se pode passar para a exposição do movimento real-efetivo. (MARX apud MALAGODI 1993, pg. 56).

Isso implica dizer que é necessário fazer uma observação direta da realidade, examinando as partes isoladas, buscando os nexos invisíveis ao observador superficial, para depois recompor a realidade, desvelando o que não é possível ver a olho nu. Feito isso, o cientista social deverá ter um método didático para expor sua pesquisa. É necessário não confundir totalidade com uma essência da realidade, como nos moldes de do filosofo grego Platão, em que nunca teríamos GT 8. Marx e marxismos latino-americanos

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acesso a realidade, pois vivemos nas sombras. Na perspectiva teórico metodológica de Marx, a totalidade é “aberta e, portanto sempre provisória, que é uma totalidade pensada (mais ainda: inevitável para pensar) que reproduz esse conflito, essa tensão entre sua ‘abstração’ e suas determinações concretas”. (GRÜNER, 2007, pg. 124). Outro ponto importantíssimo da obra de Marx é considerar a contradição e o conflito como elementos centrais da realidade. Como aborda Mao Tse Tung, A concepção materialista-dialética entende que, no estudo do desenvolvimento de um fenômeno, deve-se partir de seu conteúdo interno, das suas relações com os outros fenômenos, quer dizer, deve-se considerar o desenvolvimento dos fenômenos como sendo o seu movimento próprio, necessário, interno, encontrando-se, aliás, cada fenômeno no seu movimento, em ligação e interação com os fenômenos que o rodeiam. A causa fundamental dos fenômenos não é externa, mas interna; ela reside no contraditório do interior dos próprios fenômenos. No interior de todo fenômeno há contradições, daí seu movimento e desenvolvimento. O contraditório no seio de cada fenômeno é a causa fundamental do respectivo desenvolvimento enquanto ligação mutua e ação recíproca entre os fenômenos não constituem mais do que causas secundarias. (TSÉ TUNG, 1999, pg.41).

Temos aqui, a partir da obra de Marx, três categorias importantes para a ciência social: a materialidade das relações sociais; a totalidade sempre renovada a partir da atualização da síntese de múltiplas determinações e, a contradição como inerente dos processos sociais. Mas, num contexto de Brasil, no século XXI, qual a validez destas categorias para interpretar a realidade? Quais os limites destas formulações para quem produz sociologicamente desde os países do Sul do mundo? É o que vamos analisar a seguir. Limites do Marxismo Certamente há varias maneiras para se criticar uma obra da envergadura de Karl Marx. Poderíamos partir de uma perspectiva mais comum, e considerar o marxismo como não cientifico e ultrapassado, por que carrega juízos de valor, por que não tem neutralidade, por que é panfletário, ou todas essas afirmações que ouvimos de maneira sutil nos bancos acadêmicos, evidentemente fundamentados por teorias coerentes; ou de maneira leviana, direta e objetiva nos editoriais e comentários dos grandes meios de comunicação social. Mas não é nesta perspectiva que buscaremos refletir.

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Aqui, busca-se apontar limites do marxismo desde autores de Universidades Latino-Americanas, que ao fazer uma critica a colonialidade do saber e ao eurocentrismo, inclui também o marxismo nesse conjunto de teorias elaboradas na Europa e que contribuíram no processo de colonização do chamado “terceiro mundo”. Cabe diferenciar as obras de Marx e as formulações posteriores chamadas de marxismo, sem isentar o primeiro das criticas. Por marxismo compreendemos a produção teórica de analise social desenvolvida posteriormente a Marx por autores como Lênin, Engels, Stalin, Kautsky, etc. Para descrever a colonialidade do saber e a crítica ao eurocentrismo nos ancoramos em Enrique Dussel e Anibal Quijano. Para estes autores as principais características do eurocentrismo são: a. As dualidades atrasado-moderno, superior-inferior, civilizado-barbaro: o processo de colonização das Américas mostra que os europeus, com auto-imagem de modernos e protagonistas da modernidade, portanto superior aos povos considerados bárbaros, primitivos. Esse sentimento faz com que os europeus, se sentissem na obrigação moral de desenvolver estes povos, impondo sua educação e se necessário utilizar a violência, pois o bárbaro tem culpa em não aceitar a modernidade, em não querer se civilizar. É uma perspectiva evolucionista e etnocêntrica. O não europeu é considerado atrasado. b. A não percepção do outro: a modernidade não considerou o índio sacrificado, o negro escravizado, a mulher oprimida, a criança e a cultura popular alienadas como seres iguais e sim como seres inferiores. c. O dualismo radical cartesiano: separação entre razão/sujeito e corpo, onde o corpo foi naturalizado como objeto. Essa separação é base das pretensões universalizantes de um saber científico que reivindica sua separação do subjetivo. E que vai considerar verdadeira e cientifica a objetividade. d. A idéia de raça: a classificação e hierarquização da sociedade entre europeus e não-europeus (negros, índios, mestiços) é social, porém foi naturalizada num conceito aparentemente biológico, mas que não é biológico é social. A obra de Marx foi desenvolvida neste contexto, dialogando com este universo cultural europeu, e se postula como cientifico/verdadeiro diante da reflexão dos socialistas franceses e ingleses (Saint Simon, Owen, Fourier e etc.) tidos como utópicos, e, portanto não científicos. GT 8. Marx e marxismos latino-americanos

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É necessário abordar que o marxismo é uma das criticas mais bem elaboradas da sociedade capitalista, e que inclusive o pensamento critico latino-americano se utilizou das categorias básicas do marxismo para analisar de maneira conseqüente a sociedade atual. Mesmo assim, faz-se necessário apontar limites para a reflexão. Os principais eixos do debate em torno ao eurocentrismo e colonialismo no marxismo gravita em torno das seguintes idéias, descritas por Lander (2007): 1. Marxismo como ciência positiva: a reflexão de Marx procura fazer uma critica ao capitalismo, numa vertente cientificista que incorpora de forma não questionada o modelo de produção de conhecimento característico da ciência positiva que privilegia um sujeito histórico particular e a construção de todos os outros como objetos do conhecimento. Reproduz, portanto a dissociação do sujeito razão com o objeto corpo. 2. Teoria Leninista da Verdade: compreende o desenvolvimento histórico como um processo natural e o socialismo como produto de uma análise estritamente cientifica das tendências da sociedade capitalista. A realidade existe fora de nós e podemos chegar a conhecê-la de maneira absoluta, tendo o marxismo como única ciência do conhecimento objetivo da realidade. Nas palavras de Lênin: “A única conclusão que se pode tirar da opinião, compartilhada pelos marxistas, de que a teoria de Marx é uma verdade objetiva, é a seguinte: indo pela senda da teoria de Marx, nos aproximamos cada vez mais da verdade objetiva [sem chegar nunca a seu fim]; indo por qualquer outra senda, não podemos chegar mais que à confusão e à farsa” (LENIN, 1908, pg. 145)

3. O desenvolvimento progressivo a ascendente das forças produtivas. A maior parte das produções marxistas e do próprio Marx, vê a tecnologia como neutra e compartilha com o imaginário liberal da possibilidade de crescimento da felicidade e da liberdade humana sobre a abundância material sempre ascendente, assumindo uma perspectiva dualista entre cultura e natureza, própria do pensamento eurocêntrico. 4. Metarrelato Histórico Eurocêntrico: A sucessão histórica de modos de produção (sociedade sem classes, sociedade escravista, sociedade feudal, sociedade capitalista, sociedade socialista) postula uma versão de historia universal a partir de uma interpretação da história paroquial européia. A perspectiva marxista não vê fora das relações de produção capitalistas, de suas forças produtivas e em seus sujeitos históricos, outras forças dinâmicas de transformação. Essa ordem teleológica entra em crise com a queda do socialismo realmente real (Lander, 2009) GT 8. Marx e marxismos latino-americanos

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abrindo perspectiva para se pensar outros processos, tendo possibilidades de futuro abertas. 5. A separação hierárquica dos âmbitos da vida social e do determinismo econômico “em ultima instancia”: Wallerstein (1996) aponta que a postulação da existência de âmbitos separados da vida histórico social - o passado e o presente; o moderno e o atrasado; o social e o econômico – é uma das construções mais potentes da concepção de mundo liberal. Lander (2007) considera que o marxismo não superou essa separação, ao contrario, reforçou com as categorias infra-estrutura e super estrutura e de determinação do econômico em ultima instancia. Outro limite da teoria marxista dentro dessa incorporação liberal é utilizar a categoria totalidade ignorando as heterogeneidades histórico-sociais existentes. É compreensível que seria impossível o marxismo surgir sem dialogar com o pensamento eurocêntrico. Para se validar o marxismo necessitava dialogar dentro das categorias teóricas existentes na sociedade européia industrial. Por vezes o marxismo rebateu, em outras reproduziu e incorporou o eurocentrismo em sua sociogênese. Porém aqui não cabe justificar essa relação sim constatar que para uma análise da sociedade contemporânea é necessário considerar essa reflexão sobre o marxismo e o eurocentrismo. Possibilidades e desafios Diante dos limites expostos, como aproveitar o marxismo como ferramenta conceitual para analisar a sociedade contemporânea? Utilizar o marxismo de maneira dogmática não é uma pista aconselhável. Gonzalez afirma que: Muito dano tem feito ao pensamento dogmático que converteu o marxismo em um corpo teórico acabado e auto-suficiente, com respostas inequívocas para todo tempo e lugar. Tal tipo de atitude parece mais própria dos livros de auto-ajuda que da tradição de pensamento vivo que Marx ajudou a fundar. (GONZALEZ, 2007, pg. 24)

Nessa mesma perspectiva é necessário considerar que, uma interpretação passiva do marxismo, reproduzindo de maneira acrítica os conceitos, não enriquece as analises, para Grüner: A estilo de interpretação (característico, por exemplo, da hermenêutica bíblica tradicional) chamaremos interpretação passiva, já que ao que ela conduz não é a produção de um novo conhecimento, mas sim a restauração de uma ‘realidade’ que na verdade sempre ‘esteve ali’, só que deformada pela mascara simbólica. (GRÜNER, 2007, pg. 119).

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Cremos que, utilizar as categorias de Marx, para estimular o pensamento, é uma alternativa viável, conforme nos indica Malagodi: O pensamento precisa ser entendido como instancia de criação, e não apenas de recriação das coisas já existentes. Um espaço do real – ainda que seja apenas do real pensado -, e não como sua pura projeção. Do contrario, de nada adianta nos livrarmos do platonismo para cair em um realismo que aprisiona arbitrariamente o pensamento e não encara suas questões porque as procura alhures, ou seja, fora de onde elas, por direito, deveriam estar. (MALAGODI, 1993, pg. 52).

Reinventar, estimular o pensamento, usar os conceitos como inspiração e não apenas reproduzir doutrinas são passos necessários para analisar a sociedade desde uma perspectiva critica e transformadora, sendo também críticos e transformadores no âmbito da teoria e da metodologia da ciência social. Bibliografia DUSSEL, Enrique. 1492: El encubrimiento del outro. Hacia el origem del mito de la modernidad. Nueva Utopia: Madri, 1992. GONZÁLEZ, Sabrina. Crônicas marxianas de uma morte anunciada. . In: BORON, A. et al. A teoria marxista hoje: problemas e perspectivas. CLACSO Livros/ Expressão Popular: São Paulo, 2007. GRÜNER, Eduardo. Leituras culpadas: Marx (ismos) e a práxis do conhecimento. In: BORON, A. et al. A teoria marxista hoje: problemas e perspectivas. CLACSO Livros/ Expressão Popular: São Paulo, 2007. LANDER, Edgardo. Marxismo, eurocentrismo e colonialismo. . In: BORON, A. et al. A teoria marxista hoje: problemas e perspectivas. CLACSO Livros/ Expressão Popular: São Paulo, 2007. LENIN, V.I. Materialismo y empiricismo. Notas criticas sobre una filosofia reaccionaria. Editorial Progresso: Moscou, 1908. MALAGODI, Edgard. Notas Epistemológicas e Metodológicas sobre a teoria dialética. Campina Grande/PB. UFPB, 1993. MARX, Karl & ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã: Feuerbach – a contraposição entre as cosmovisões materialista e idealista. Martin Claret: São Paulo, 2005. MARX, Karl. Elementos fundamentales para la critica de la economia política (Gundrisse) Siglo XXI: México, 1976.

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MARX, Karl. Para a critica da economia política. In Marx K. Manuscritos Economicos Filosóficos e outros textos escolhidos. Nova Cultural: São Paulo, 1974. TSÉ TUNG, Mao. Sobre a prática e sobre a contradição. Expressão Popular: São Paulo, 1999. WALLERSTEIN, Immanuel. Abrir las ciências sociales. Siglo XXI: México, 1996.

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