MD COBERTURA MIEC1.pdf
Descrição do Produto
A adição do edifício do Museu Internacional de Escultura Contemporânea à extensa ala barroca do Mosteiro de S. Bento onde se instalou o Museu Municipal Abade Pedrosa foi concebida, pelos arquitectos Eduardo Souto Moura e Álvaro Siza, pela justaposição de um paralelepípedo de cobertura vegetal. Desde muito cedo, a cobertura plana ajardinada, fez parte de um restrito lote de afirmações da proposta. A decisão atravessou serena, todas as fases de projecto. Não suscitava dúvidas. Nenhum ousava questionar. O edifício encontrava‐se implantado abaixo da cota de rua, sob a linha da cornija de beirado do mosteiro que por sua vez se encontrava abaixo da cota de assentamento da cidade de Santo Tirso. Configurava uma situação de indiscriminada exposição, cujo destaque da cobertura na percepção do edifício não admitia que fosse posta em causa, sem que a alternativa não fosse objeto de especial cuidado – Noblesse Oblige! Em fase de projecto de execução, e por razões de ordem estrutural, o projecto de estabilidade impôs que o (consensual) revestimento vegetal deveria ser leve e necessariamente de baixo perfil. Optou‐se por um tapete vegetal pré‐cultivado de Sedums, auto‐sustentável e regenerativo. Durante o período de assistência técnica à obra, as visitas dos autores findavam regularmente fora do estaleiro. Era da rua sobranceira aos museus, ao fim da tarde, de onde Siza e Eduardo perscrutavam a paisagem e de onde lançavam os últimos olhares, acrescentando alguns comentários, como que a interpelar a obra, sobre a sua adequação ao conjunto edificado. No silêncio a dúvida crescia. No limite do prazo para o início da execução da cobertura vegetal, um dos autores, pressentindo a inquietude da certeza do outro, questionou, consciente de que a singularidade do verde por entre coberturas de telha de barro, no futuro, se afirmaria pela antítese aos pressupostos conciliadores do objeto. A adesão foi imediata. A cobertura deveria manter‐se plana, sem interromper o recorte do perfil dos edifícios históricos adjacentes e deveria ter um revestimento de peças cerâmicas de cor idêntica aos demais telhados. Por analogia aos remates da cantaria de granito do frontão com a telha do mosteiro, propunham‐se obter um revestimento absolutamente plano, à face da base do capeamento de granito da platibanda do museu. Problema: ‐ Como elevar o revestimento até à superfície do capeamento sem transmitir sobrecargas à laje? ‐ Como permitir drenagem total e imediata do revestimento cerâmico sem formar um lençol de água que pudesse galgar o capeamento e verter águas pela fachada, levando mais cedo, ou mais tarde a água a degradar o revestimento térmico das fachadas e posteriormente conduzi‐ la ao interior do museu? ‐ Como fixar as peças cerâmicas de modo a aguentar o trafego pontual de pessoas e sem preencher as juntas por onde se deveria fazer a drenagem da superfície?
‐ Como executar um terraço que permitisse a manutenção, substituição, remoção parcial ou total de peças de revestimento, ou a manutenção das camadas de isolamento e impermeabilização sem exigir a sua destruição? ‐ Na hipótese de cada peça estar solta das demais, para responder aos requisitos anteriores, como estabilizar as peças no futuro e na fase de assentamento? ‐ Como obter um eficiente isolamento térmico e simultaneamente constituir um vazio capaz de conduzir rapidamente a água até aos pontos de escoamento? Estes entre outros problemas, nomeadamente o rigor financeiro e o facto das impermeabilizações já terem sido executadas à data da mudança, deveriam ser acautelados. A solução de revestimento com tijolo de terra e barro foi mudando, evoluindo ao longo de semanas, concentrou a atenção dos decisores da obra, sob um forte escrutínio de todas as partes, despertou animosidades até obter uma solução consensual, ainda assim carregada de reservas. A solução encontrada é uma cobertura invertida protegida por um pavimento drenante. A impermeabilização foi executada diretamente à laje, à qual tinha sido conferida pendente na fase de betonagem. Recobriram‐se as membranas betuminosas com uma manta pitonada de 10mm entre mantas de separação geotêxtis. Sobrepuseram‐se camadas de poliestireno extrudido, além dos 100mm projectados, preenchendo a inclinação da bacia da cobertura até 15 cm da superfície da platibanda. Carregou‐se um camada de brita de 50 mm para conferir peso, nivelamento e estabilidade ao instável conjunto inferior, de placas inclinadas de poliestireno ‐ a brita seria suficientemente pesada e porosa e permitiria a veloz percolação da água, até à caleira de escoamento submersa junto à fachada ‐ pensava. Sobre a camada de brita montou‐se uma rede de geogrelhas de PVC de perfil de 50 mm que acrescentaria uma sobre‐câmara para a temporária retenção do excesso de água que a brita não conseguisse imediatamente drenar. Por outro lado, uma vez os módulos de geogrelhas a funcionar em conjunto, constituiriam um substrato suficientemente plano e permeável para acomodar os blocos cerâmicos que por necessidade de permeabilidade seriam aplicados com junta seca de 5mm. Após sucessivas reprovações dos blocos artesanais que sucumbiam às exigências deste “terraço”, desenvolveu‐se um perfil cerâmico com … x …x … mm com um afastador em alto relevo. As peças foram dispostas com um desenho xadrez formado por … unidades. Porto, 28 de Fevereiro de 2016 José Caarlos Nunes de Oliveira
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