Memórias da Imprensa em Juiz de Fora – Um \" lugar de memória \" da imprensa juiz-forana 1

May 22, 2017 | Autor: Susana Reis | Categoria: Memory Studies, Press
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Memórias da Imprensa em Juiz de Fora – Um “lugar de memória” da imprensa juiz-forana1 REIS, Susana Azevedo (mestranda) 2 MAGALHÃES, Priscila Gonçalves (graduanda)3 MUSSE, Christina Ferraz (doutora) 4 Universidade Federal de Juiz de Fora/Minas Gerais Resumo: Este trabalho tem como objetivo analisar o website “Memórias da Imprensa em Juiz de Fora” buscando estudar como ele, através de informações sobre impressos da cidade, entrevistas com jornalistas e artigos científicos, visa se tornar um “lugar de memória”. Para isso, discutiremos conceitos de memória, recorrendo a autores como Andreas Huyssen, Pierre Nora, Pierre Lévy e Rosali Henriques. O site é capaz de fornecer conteúdo que contribuem para a construção da história dos jornais e de revistas da cidade, tornando acessível o contato de pessoas com essa memória recente de uma maneira mais fácil e ágil e ressignificando a memória da imprensa local. Descreveremos o site, procurando ressaltar as características e especificidades que o tornam um espaço de armazenamento e divulgação da história dos jornais e revistas da cidade, buscando caracteriza-lo como um “lugar de memória”.

Palavras-chave: Mídias Digitais, História, Memória, Imprensa, Juiz de Fora Introdução Tema de debates e discussões, os estudos sobre a memória ganham força e estão cada vez mais valorizados no âmbito acadêmico e midiático. Acervos estão sendo criados para documentar e registrar as mudanças socioeconômicas, ambientais e culturais de cidades, e projetos, que valorizam os depoimentos orais e as histórias de vida, vem sendo cada vez mais estimulados. Esses estudos sobre a memória são interdisciplinares e focados nas mais variadas teorias, conceitos e técnicas. A sociedade contemporânea está preocupada constantemente no 1

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Trabalho apresentado no GT de História da Mídia Digital, integrante do VI Encontro Regional Sudeste de História da Mídia – Alcar Sudeste, 2016. Jornalista e mestranda no programa de Pós Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora. Membro do grupo de pesquisa/ CNPQ Comunicação, Cidade e Memória. E-mail: [email protected] Graduanda da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora. Membro do grupo de pesquisa/ CNPQ Comunicação, Cidade e Memória. E-mail: [email protected] Jornalista, mestre e doutora em Comunicação e Cultura pela UFRJ. Professora da UFJF no curso de Jornalismo e no Programa de Pós-Graduação em Comunicação. Coordenadora do projeto Memórias da Imprensa de Juiz de Fora e do grupo de pesquisa/CNPQ Comunicação, Cidade e Memória. E-mail: [email protected]

resgate da memória e pesquisadores de vários campos do conhecimento, tais como História, Comunicação e Ciências Sociais estão em busca de acervos, representações e estudos que nos ajudem a compreender um pouco mais sobre as narrativas de nosso passado, cotidiano e tradições. Os avanços das mídias digitais e das novas tecnologias contribuíram para que o ato de registrar momentos da própria vida e do cotidiano se tornasse cada vez mais estimulado e facilitado. Tanto para a preservação da memória pessoal, com o armazenamento de fotografias e vídeos de família, quanto para resgatar a cultura de uma comunidade ou eternizar acontecimentos que marcaram a sociedade ao longo do tempo. Atualmente, resgatar e divulgar a memória se tornou uma ação necessária e menos complexa. O destino dos vestígios de memória nos faz refletir sobre como, no mundo contemporâneo, onde constantemente as mídias digitais estão presentes em nossas vidas, nossas memórias acabam realmente sendo abastecidas através da internet e através do que ela nos oferece. O artigo aqui apresentado tem como principal objetivo analisar o site Memórias da Imprensa em Juiz de Fora5 - desenvolvido na Universidade Federal de Juiz de Fora por alunas da faculdade de comunicação, sob a supervisão da professora Christina Ferraz Musse - como resultado do projeto Memórias da Imprensa em Juiz de Fora. O projeto é de pesquisa, financiado com bolsas, e teve uma duração de quatro anos, resultando em uma série de trabalhos, dentre elas o site. Queremos apontar as características que tornam o site instrumento de resgate e preservação da memória da imprensa da cidade, observando seu conteúdo e suas formas de armazenamento. A pesquisa teve como principal objeto de estudo os periódicos publicados no período de 1950 a 2015, complementando esse conteúdo por meio da história oral, no caso, entrevistas concedidas por jornalistas de Juiz de Fora que revelaram aspectos e acontecimentos relacionados à imprensa da cidade, vistos pela perspectiva desses profissionais que, de certa forma, ajudaram a consolidá-la. O projeto e o conteúdo do website também são vinculados ao Grupo de Pesquisa Comunicação, Cidade e Memória/CNPq, que desenvolve suas atividades em Juiz de Fora, e tem como linhas de pesquisa os temas: Mídia e Memória, Estudos de Memória Social e Cidade e Memória. 5

https://memoriasdaimprensajf.wordpress.com/

As mídias digitais como “lugares de memória” Os estudos da memória estão a cada dia mais se intensificando, seja na área acadêmica, nas mídias, na moda, no cinema, ou seja, em todos os meio que estudam, expressam ou produzem sentidos. O pesquisador Andreas Huyssen vê esse fenômeno, a emergência da memória, como “uma das preocupações culturais e políticas centrais da sociedade ocidental” (HUYSSEN, 2000, p.9). O autor desenvolve sua reflexão levando em conta que o pensamento Iluminista, que se baseava na esperança de um futuro promissor para uma humanidade racional e inteligente, começou a ruir, quando o racional foi levado ao extremo, na racionalização do extermínio exemplificado pela II Guerra Mundial. Desta forma, começamos a temer o futuro e nos focar no passado: “Quanto mais rápido somos empurrados para um futuro global, que não nos inspira confiança, mais forte é o nosso desejo de ir mais devagar e mais nos voltamos para a memória em busca de conforto” (HUYSSEN, 2000, p. 32). O Holocausto alemão e as ditaduras militares da América Latina foram momentos que comprovaram que o futuro não era tão promissor, que as pessoas não conseguiam refletir sobre o passado para não repeti-lo no presente. Regressar ao passado, buscar a memória foi um dos caminhos encontrados para podermos entender melhor nosso presente e procurarmos não repetir os mesmos erros, seja no âmbito local, ou global (HUYSSEN, 2000). Necessitamos da memória para termos um ponto de apoio e podermos compreender o mundo. Mas outra questão ganha destaque quando discutimos o estudo da memória no presente: o esquecimento, principalmente, quando o inserimos no contexto das novas tecnologias. Huyssen acredita que a memória transferida em dados para computadores, por exemplo, se tornou arriscada, pois o perigo da amnésia começou a assolar a sociedade. “Quanto maior é a memória armazenada em banco de dados e acervos de imagens, menor é a disponibilidade e a habilidade de nossa cultura de se engajar na rememoração ativa, pelo menos ao que parece” (HUYSSEN, 2000, p. 67). O autor demonstra o temor de que, com o apogeu das novas tecnologias, as pessoas parem de se preocupar em buscar a memória, pois não haverá dificuldades em seu acesso e elas poderão ficar inertes. Ao mesmo tempo, a velocidade e a rapidez com que esses vestígios de memória circulam e se inserem em nossas vidas podem criar um excesso de memória. Essa demasia de informação nos sobrecarrega e, dessa forma, é necessário selecionar aquilo que deve ou não

ser lembrado. Quem opera todo esse processo e nos ajuda, ou impõe, a lembrar ou esquecer, é a mídia. “Sabemos que a mídia não transporta a memória pública inocentemente; ela a condiciona na sua própria estrutura e forma” (HUYSSEN, 2000, p.22). A intensidade de informações com que nos deparamos em nosso dia a dia, as complexas interações da sociedade e as novas tecnologias são exemplos de mudanças temporais que modificaram nossa maneira de rememorar o passado e de selecionar nossas memórias. O esquecimento que notamos [...] é uma lenta e palpável transformação da temporalidade nas nossas vidas, provocada pela complexa interseção de mudança tecnológica, mídia de massa e novos padrões de consumo, trabalho e mobilidade social [...] muito disso é o deslocamento de um medo de um futuro nas nossas preocupações com a memória (HUYSSEN, 2000, p. 25).

As novas tecnologias, ao mesmo tempo em que nos fornecem o acesso à memória de maneira fácil, nos condicionam a selecionar aquilo que é importante ou não ser lembrado. Isto é, não rememoramos de forma inocente. Lembramos aquilo que nos é dito importante lembrar e da forma como as grandes corporações de mídia ou os poderosos, que dominam a economia e a política, narram o passado. Mas como esses vestígios de memórias são apresentados a nós? A memória pode ser estabelecida através de documentos e dados físicos, como também por depoimentos e histórias contadas oralmente. Segundo o historiador Michael Pollak (1989), se não podemos ter a memória testemunhada, buscamos os rastros da memória: em bibliotecas, museus, objetos arqueológicos, para, assim, nos enquadrarmos como seres humanos que possuem história e um lugar de pertencimento. A memória é assim guardada e solidificada nas pedras: as pirâmides, os vestígios arqueológicos, as catedrais da Idade Média, os grandes teatros, as óperas da época burguesa do século XIX e, atualmente, os edifícios dos grandes bancos. Quando vemos esses pontos de referência de uma época longínqua, frequentemente os integramos em nossos próprios sentimentos de filiação e de origem, de modo que certos elementos são progressivamente integrados num fundo cultural comum a toda a humanidade (POLLAK, 1989, p.10).

Esses lugares e os pontos de referência de um determinado espaço acabam colaborando para o sentimento de pertencimento local, assim como certas referências de memória ganham significado mundial. Mas são muitas as narrativas do passado que não conseguem emergir, pois não são tão influenciadas pela memória oficial, das classes mais altas e do governo nacional. Para Pollak,

essas vozes marginais, submersas, de grupos dominados conseguem ser ouvidas no setor editorial, nos meios de comunicação, no cinema e na pintura. “Uma vez rompido o tabu, uma vez que as memórias subterrâneas conseguem invadir o espaço publico, reivindicações múltiplas e dificilmente previsíveis se acoplam a essa disputa de memória” (POLLAK, 1989, p. 5). Acreditamos que a internet surge hoje como uma possibilidade de revelar essas outras narrativas de memória, que começou a ganhar espaço, a partir do acesso mais fácil a web. Hoje é mais simples para o homem comum rememorar o seu passado, ele próprio criando os seus arquivos de memória. As novas tecnologias proporcionaram uma maior disseminação de arquivos na rede on-line. Podemos observar como a internet, por exemplo, nos possibilita visitar museus, observar obras de artes, ver filmes e visualizar documentos: “Alguns têm se voltado para a ideia de arquivo, como um contrapeso ao crescente passo da mudança, um lugar de preservação espacial e temporal. Do ponto de vista do arquivo, é claro, o esquecimento é a últimas das transgressões” (HUYSSEN, 2000, p.33). Afinal, podemos sempre ter acesso a esses arquivos. Mas ocorre a dúvida: As novas tecnologias se tornaram um espaço infinito de armazenamento de arquivos e dados, mas até quando? Confiamos nossas informações e nossa história à tecnologia, mas sempre há o risco de toda essa memória ser apagada por um erro ou por problemas futuros. As novas tecnologias de transporte e comunicação sempre transformaram a percepção humana da modernidade. Foi assim com a ferrovia e o telefone, com o rádio e o avião, e o mesmo será verdade com o ciberespaço e o cibertempo. As novas tecnologias e as novas mídias também sempre vêm acompanhadas de ansiedades e medos, os quais, mais tarde, se mostrarão injustificados ou até mesmo ridículos. A nossa época não será exceção (HUYSSEN, 2000, p.36).

Dessa forma, nos encontramos em um paradoxo, ao mesmo tempo em que as novas tecnologias ampliam nossos horizontes, elas criam um sentimento de medo e insegurança. Apenas com o tempo iremos comprovar se essa insegurança é real. A busca pela memória também surge como um dos tópicos procurados e discutidos no ambiente virtual, e é possível encontrar uma gama de sites, blogs e museus on-line que possuem a intencionalidade de disseminar a memória. Com diversos recursos para exposições de ideias e o resgate da cultura, as mídias digitais se tornaram um meio fácil e prático para que pesquisadores e também cidadãos em busca de resquícios de memória, tivessem acesso a um conteúdo digitalizado, nítido e de qualidade. Ficou mais prático encontrar imagens e

conteúdo em websites e blogs especializados, do que se deslocar a museus e bibliotecas. “Se eu sei onde estão as informações, eu posso consultá-las quando eu tiver necessidade” (LÉVY, 2006, p.272), comenta Pierre Lévy. Para ele, a memória é muito mais do que registrar, é “buscar, localizar, interpretar, sintetizar, selecionar, reler e até mesmo eliminar” (LÉVY, 2006, p.272). A memória é síntese, esquematização e interpretação. Lévy acredita que registros só se tornam memória de acordo com a maneira que os utilizamos e toma como exemplo a web, declarando-a como: [...] um suporte de memória, pois se trata de um imenso documento. Quando eu crio meu site, eu trago alguma coisa a esse documento, Quando eu construo meus laços (links), eu me pergunto o que mais vai se aproximar daquilo que é importante para mim ou ao meu propósito. Assim, eu contribuo para criar um imenso hiperdocumento desde o meu ponto de vista, com minha sensibilidade e atitude. E qualquer um que criar um site sobre o mesmo assunto poderá contribuir para a estrutura da Web com sua perspectiva (LÉVY, 2006, p.274).

Mais do que um “suporte de memória”, acreditamos que a web se tornou um “lugar de memória”. Para Pierre Nora, buscam-se tanto traços de memória, porque ela não existe mais, pois sempre se estabeleceu na espontaneidade, carregada por grupos vivos e em permanente evolução, suscetível ao esquecimento, usos e manipulações, “se alimentando de lembranças vagas telescópicas, globais ou flutuantes, particulares ou simbólicas, sensíveis a todas as transferências, cenas, censuras e projeções” (NORA, 1993, p.9). O que percebemos hoje é que “os lugares de memória”, “nascem e vivem do sentimento de que não há memória espontânea, que é preciso criar arquivos, que é preciso manter aniversários, organizar celebrações, pronunciar elogios fúnebres, notariar atas, porque essas operações não são naturais” (NORA, 1993, p.13). A memória que se apresenta hoje, arquivística, busca o mais concreto, o mais material, aquilo que pode ser registrado. A memória tornou-se sacralizada À medida que desaparece a memória tradicional nós nos sentimos obrigados a acumular religiosamente vestígios, testemunhos, documentos, imagens, discursos, sinais visíveis do que foi, como se esse dossiê cada vez mais prolífero devesse se tornar prova em não se sabe que tribunal da história. (NORA, 1993, p.15).

O “lugar de memória” se apresenta com a intenção de apresentar as fontes diretas, aquilo que está inserido em algum documento, por exemplo, e as fontes indiretas, os testemunhos e depoimentos de indivíduos que viveram essa história (NORA, 1993).

A historiadora Rosali Henriques, em tese defendida em 2014, acredita que as redes sociais se tornaram um “lugar de memória”, pois o compartilhamento de algum arquivo nas redes sociais pode gerar viralização e possibilitar a maior preservação dos registros: O Facebook seria um “lugar de memórias”, tal como preconiza Nora (1994), pois é um lugar de encontro, de afetividades, de trocas e, sobretudo, de memória. [...] o Facebook é um lugar dessa memória efêmera, produzida, registrada e compartilhada em tempo real. O conteúdo gerado por esta imensidão de perfis nas redes sociais está sendo armazenado em seus servidores, possibilitando aos pesquisadores fazer uma espécie de arqueologia digital dessa memória registrada (HENRIQUES, 2014, p. 131).

Assim, considerando que as redes sociais são lugares de memória, nos apropriamos do conceito de “lugar de memória” para qualificar sites que possuem essa concepção de arquivar e ressignificar a nossa história, sendo um espaço para resgatar registros de memória e laços de identificação entre as pessoas. “Os lugares da memória, tal como defendido por Nora, nos transportam para as memórias de outros tempos, de outros acontecimentos. O autor pensa os lugares de memória como algo sacralizado e como o único espaço possível para a memória nos dias de hoje” (HENRIQUES, 2014, p. 24). Acreditamos assim que o site Memórias da imprensa em Juiz de Fora se constitui como um “lugar de memória”, buscando trazer à atualidade uma memória através de arquivos digitalizados e depoimentos de indivíduos que podem contar a sua versão da história de momentos passados. Além disso, o site promove esse encontro entre pessoas do passado e histórias, criando um espaço que busca não deixar o passado ser esquecido. Memórias da Imprensa em Juiz de Fora como “lugar de memória” O projeto de pesquisa Memórias da Imprensa em Juiz de Fora, a partir de uma pesquisa em bibliotecas e acervos pessoais na cidade de Juiz de Fora, mapeou os jornais e revistas impressos, que circularam no município, de 1950 a 20156, realizando uma cartografia dessa produção. O objetivo do projeto de pesquisa é registrar o máximo possível de publicações dentro da cidade. A pesquisa documental foi realizada no acervo da Biblioteca Municipal Murilo Mendes, no Arquivo Municipal de Juiz de Fora, no Arquivo da

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Utilizamos o período de 1950 a 2015, principalmente pelo interesse em desenvolver um estudo que também fosse baseado em depoimentos orais. Nesse caso, recorremos à memoria recente dos impressos de Juiz de Fora, para que tivéssemos acesso à um numero maior de entrevistados, e para que encontrássemos dados mais concretos sobre os periódicos que pretendíamos mapear.

Universidade Federal de Juiz de Fora e em acervos pessoais de jornalistas e intelectuais. Buscaram-se jornais e revistas que foram produzidos por empresas privadas e públicas de comunicação, universidades, instituições e associações populares. O projeto, que tem sido desenvolvido há cerca de quatro anos, na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora, foi idealizado pela jornalista e professora Christina Ferraz Musse, e produzido pelas alunas de graduação Susana Reis, Priscila Gonçalves, Isabella Gonçalves e Luiza Quinet, através de bolsas de iniciação cientifica (Bic e Pibic / CNPq). O site Memórias da imprensa em Juiz de Fora começou a ser desenvolvido em dezembro de 2015, com o intuito de divulgar e disponibilizar os resultados dessa pesquisa. Especificamente, o website, foi produzido por Susana Reis e Priscila Gonçalves. O site também faz parte das atividades do grupo de pesquisa certificado pelo CNPQ Comunicação, Cidade e Memória (SOBRE, 2015). As informações coletadas e disponibilizadas onli-ne foram obtidas por meio de depoimentos orais, busca em bibliotecas e em acervos pessoais de jornalistas que fizeram parte da construção da identidade dessa imprensa local.

Ao todo foram 44 impressos

mapeados: um folheto, 23 jornais e 20 revistas. Além disso, até o momento, foram publicadas no site 17 entrevistas feitas com jornalistas de Juiz de Fora, e 20 artigos científicos sobre a imprensa local, escritos por membros do grupo de pesquisa Comunicação, Cidade e Memória. O conteúdo armazenado no site está dividido em cinco abas principais de acesso, que levam ao conteúdo interno do mesmo, são elas: Sobre, Impressos de Juiz de Fora, Entrevistas, Artigos do Grupo e Contato. As abas dispostas na barra superior da Homepage levam a outras páginas e divisões internas, que serão explanadas mais à frente. A página principal, Sobre, e o post que leva o nome do site, fixado no topo da página, possuem informações que explicam e contextualizam o trabalho desenvolvido, ou seja, nelas estão presentes informações sobre o projeto, objetivo do site, métodos de pesquisa e obtenção do conteúdo. A segunda aba principal de acesso, intitulada Impressos de Juiz de Fora, serve de direcionamento para a página Exemplares, que, por sua vez, se subdivide em três seções: Boletins e Folhetos, Jornais e Revistas.

Imagem 1 – Barra de Menu do site Memória da Imprensa em Juiz de Fora

Organizados em ordem alfabética, todos os periódicos mapeados possuem páginas próprias, onde estão dispostas as informações gerais do impresso, na maioria dos casos, acompanhadas da fotografia e de um exemplar do periódico. As informações principais em sua página de acesso são: Data de Lançamento, Data de Encerramento, Fundador, Endereço da Redação, Endereço da Gráfica, Formato (standard7 ou tabloide8), Editorias, Imagens (coloridas ou pretas e brancas), Número de páginas, Periodicidade, Tiragem, Publicidade e Distribuição. A categorização utilizada na análise dos jornais mapeados e publicados no website foi baseada na estrutura utilizada por Melo (1998) no livro Identidade da Imprensa Brasileira no Final do Século. Logo, segue a História do impresso, um pequeno resumo da trajetória do jornal ou revista. O jornal Tribuna de Minas, por exemplo, foi publicado pela primeira vez em 1981 e permanece em atividade até os dias atuais. No resumo sobre o jornal, publicado no site, são apontadas as principais características do periódico, como e por quem ele foi criado, os jornalistas que fizeram ou fazem parte de sua história, dentre outros detalhes de sua trajetória: O Tribuna de Minas surgiu em 1981, e tinha como premissa ser um veículo apolítico, voltado para os problemas da cidade. A primeira edição ocorreu em 1º de setembro de 1981. O jornal foi criado pelo empresário e médico, Juracy de Azevedo Neves, e tinha como principal objetivo oferecer ao leitor uma diversidade de serviços e criar um espaço para o debate dos mais 7

Standard: É o formato mais utilizado pelos grandes jornais. As medidas podem variar de jornal para jornal, mas sua mancha gráfica mede por volta de 52,5 x 29,7, chegando à uma área total de 56 x 32 cm, após sua impressão. 8

Tabloide: Equivale à metade do tamanho de um jornal Standard. As medidas podem variar de jornal para jornal, mas geralmente sua mancha gráfica mede por volta de 26,5 x 29,7 cm. O formato tabloide se tornou uma das marcas registradas da imprensa alternativa da década de 1970, mais especificadamente, após o AI 5 em 1968, sendo adotado por quase todos os jornais alternativos. (Kucinski, 2003, p.13).

variados assuntos. Paulo César Magella, atual editor geral da Tribuna, é o único jornalista que está no jornal desde a sua implantação. É impresso desde o início no formato standard. Em 1983 o Tribuna se tornou o principal jornal da cidade, com o fechamento do Diário Mercantil (...) (TRIBUNA DE MINAS, 2016)

Em alguns casos, foram disponibilizados links de acesso para artigos científicos escritos por integrantes do grupo de pesquisa Comunicação, Cidade e Memória e que tinham relação direta com o impresso mapeado, servindo de complementação ao conteúdo, como acontece nas páginas destinadas ao jornal Bar Brazil (1976 - 1977) e a revista D’lira (1983 1984). Na seção de Boletins e Folhetos, podem - se encontrar informações sobre o único material mapeado e publicado nessa seção, o folheto Abre Alas (1981- Indeterminado) produzido, a partir do ano de 1981 em Juiz de Fora. Além disso, foram disponibilizados três exemplares do folheto e um artigo científico que possui relação direta com o periódico. Os 23 jornais mapeados e publicados no site, até o momento, são: A Tarde (1920 Indeterminado), Bar Brazil (1976-1977), Binômio (1958-1964), Correio da Mata (19421987), Correio da Manhã (1987 - indeterminado), Diário da Tarde (1942 -1983), Diário Mercantil (1912-1983), Diário Regional (1970 – Dias atuais), Folha Mineira (1905-1977), Gazeta Comercial (1924-1976), Gazeta Jovem (1970-1976), Imprensa de Minas (1967 – Indeterminado), JF Hoje (2007-2010), Jornal de Estudo (1965-2015), Jornal Sete (30/05/1970 – 17/10/1970), Mantiqueira (1974 – Indeterminado), O Lampadário (19261973), Panorama (2003-2008), Ter Notícias (2001- Indeterminado), Tribuna da Tarde (19861992), Tribuna de Minas (1981 – Dias atuais), Unibairros (1980-1989) e Urgente (1973Indeterminado). Em uma disposição semelhante à dos jornais, as 20 revistas mapeadas e publicadas no site, até o momento, são: A3 (2011 – Dias atuais), AC – Revista da Associação Comercial (1964 - Indeterminado), Agora (2001-2011), Almanak (2006 - Indeterminado), AZ – Revista de Cultura (1997-1999), Bizzú (1982 - Indeterminado), D’Lira (1983-1984), Em Voga (1984 – Dias atuais), Lar Católico (1891-1892 / 1912-1986), Momento (1974- 1976), Mundo Pangea (2004/2005 - Indeterminado), O Lince (1912-1979), Objetiva (1954 - Indeterminado), Pauta Econômica (2013 – Dias atuais), Ponto de vista (2005 – Indeterminado), Razões (1973 Indeterminado), Revista da Biblioteca Municipal (1970 - Indeterminado), Revista Rural do Brasil (05/2006 – 12/2006), Testemunho (1980 - Indeterminado), Torre de Marfim (1951 -

Indeterminado). A data de encerramento indeterminado significa que ainda não se pode encontrar a data exata do final da produção do impresso. A pesquisa continua para a conclusão dessa etapa do processo produtivo do site, que está em constante atualização para informações mais completas. A terceira aba de acesso, intitulada Entrevistas é subdividida em duas seções, Memórias Possíveis e Outras entrevistas. Na primeira seção encontram-se entrevistas do projeto Memórias possíveis – Jornalistas9, realizado pelo grupo de pesquisa Comunicação, Cidade e Memória e pelo Museu de Arte Murilo Mendes da UFJF, com o apoio do Museu da Pessoa de São Paulo10. Nessa página é possível ter acesso à transcrição completa de 12 entrevistas concedidas por jornalistas de Juiz de Fora, ao grupo de pesquisa, que abordavam aspectos de suas carreiras no jornalismo impresso e a memória da imprensa da cidade. Como possui convênio com a UFJF, o site do museu também disponibiliza essas entrevistas. O projeto Memórias possíveis – Jornalistas, assim como o trabalho desenvolvido pelo Museu da Pessoa, caracterizam-se pelo interesse em documentar Histórias de vida. Por meio de entrevistas e depoimentos coletados, o projeto tem como objetivo documentar a história de vida dos entrevistados, contada por eles mesmos, ou seja, a partir de um roteiro de entrevista, são preparadas perguntas que levem o entrevistado a contar fragmentos de sua própria história, podendo abordar aspectos de sua carreira ou detalhes da infância, por exemplo. Entrevistas que têm como foco principal documentar histórias pessoais, geralmente tornam o material coletado ainda mais rico, por possuir uma abrangência de temas e aumentar as possibilidades de obter histórias tão ricas em detalhes, que possivelmente poderão ser usadas como material para diversos outros trabalhos (HENRIQUES, 2014). Sendo assim, no projeto Memórias possíveis, as entrevistas concedidas por jornalistas juiz-foranos perpassam por diversas questões como: elementos da própria infância, adolescência ou vida adulta do entrevistado, a carreira, aspectos da cidade de Juiz de Fora no passado, aspectos da imprensa local ou nacional, dentre outras lembranças e impressões 9

O projeto "Memórias Possíveis", coordenado pela professora Christina Musse na Faculdade de Comunicação da UFJF, tem como objetivo de registrar e divulgar as memórias de moradores e figuras emblemáticas da cidade de Juiz de Fora, através da gravação de depoimentos de história de vida e da formação de alunos na metodologia de história oral do Museu da Pessoa. A entrevista de Jorge Sanglard foi realizada no primeiro módulo: "A Memória da Imprensa em Juiz de Fora", teve início em outubro de 2013 e gravou 12 depoimentos de jornalistas. 10

O Museu da Pessoa é um museu virtual e colaborativo de histórias de vida fundado em São Paulo, em 1991. Desde sua origem tem como objetivo registrar, preservar e transformar em informação histórias de vida de toda e qualquer pessoa da sociedade.

compartilhadas com os entrevistadores. Além dos temas básicos de uma história de vida, tais como infância, adolescência, colégios, espaços públicos e privados da cidade de Juiz de Fora, emergiram dos depoimentos temas específicos sobre a imprensa na cidade. Entre eles, destacamos: o cotidiano da reportagem, o dia a dia das redações, a censura na época da ditadura, as mudanças tecnológicas no processo de impressão dos jornais, etc. (MUSSE; HENRIQUES;THOMÉ, 2015, p. 11)

Os jornalistas entrevistados foram escolhidos por sua participação ativa na produção de boa parte dos periódicos estudados no projeto e pela importante contribuição desses profissionais para a imprensa juiz-forana nos últimos 50 anos. Os jornalistas entrevistados pelo projeto foram: Daniela Arbex, Geraldo Muanis, Humberto Nicoline, Ismair Zaguetto, Ivanir Yasbeck, Jorge Sanglard, Kátia Dias, Laerte Braga, Tuca Prazeres, Paulo César Magela, Roberto Dornelas e Wilson Cid. Na segunda subdivisão, intitulada Outras entrevistas, estão armazenados depoimentos coletados por integrantes do Grupo de Pesquisa com jornalistas da cidade, e que também revelam muitas informações sobre os jornais mapeados e estudados pelo projeto. Dentre esses profissionais entrevistados, estão: Adail de Oliveira, Fernando Fiorese, Flávio Cheker, Gilvan Procópio, Ivanir Yazbeck, Jorge Sanglard e Luiz Egypto. Desses depoimentos, seis foram coletados pessoalmente, com entrevistas focadas em discutir assuntos de jornais específicos, e uma foi realizada via Skype, pois era impossível o encontro pessoal. Os depoimentos foram focados mais nos impressos que esses jornalistas trabalharam, como o Bar Brazil, Sete e O Lince. A quarta aba de acesso do site, intitulada Artigos do grupo, diz respeito aos trabalhos científicos produzidos por integrantes do grupo de pesquisa Comunicação, Cidade e Memória. Após uma breve apresentação das linhas de pesquisa do grupo e suas atividades, como seminários, cursos, e encontros semanais, está à disposição dos visitantes do site, uma lista de artigos científicos sobre jornalismo impresso. Já o espaço destinado aos contatos do grupo disponibiliza o endereço da Fanpage nas redes sociais e do blog oficial Comunicação, Cidade e Memória11, onde o visitante pode ter acesso aos trabalhos escritos e publicados pelo grupo, bem como: artigos científicos, dissertações, monografias, teses, e textos, que são escritos por seus integrantes e publicados semanalmente. 11

https://pesquisafacomufjf.wordpress.com

Ao disponibilizar informações sobre o conteúdo jornalístico produzido em Juiz de Fora durante os últimos 65 anos, o website contribui, principalmente, para que parte da história da imprensa juiz-forana não se perca. O site também facilita o acesso dessa história para que alunos, professores e pesquisadores, além daqueles que possuem curiosidade sobre o tema, possam ter acesso a essas informações de uma maneira mais fácil e mais próxima, afinal, a maior parte desses impressos está arquivada no acervo de Memória da Biblioteca Municipal Murilo Mendes, em Juiz de Fora, mas quase todo o material teve que ser consultado no local, pois poucos jornais e revistas foram digitalizados. Além disso, existiu um grande esforço de encontrar novos periódicos para serem inseridos no site como, por exemplo, os jornais Bar Brazil e Sete. O primeiro foi doado pelo músico Márcio Gomes e o segundo emprestado pelo jornalista Ivanir Yasbeck. Ambos foram digitalizados e inseridos no site. Até então, nenhum exemplar desses periódicos estava disponível para consulta pública. Levando em consideração o formato do site Memórias da Imprensa em Juiz de Fora e a disposição de seu conteúdo, podemos apontar, como principal característica, sua função de armazenamento e seu claro objetivo de resgatar e preservar parte da memória da imprensa da cidade e ser “um lugar de memória”. Ao reunir impressos, entrevistas, e artigos em um único espaço, o site busca destacar a história da cidade de Juiz de Fora, através de fontes diretas e indiretas, arquivando e possibilitando o acesso a essa memória local. Dessa forma, o site se torna um lugar onde a memória está guardada. Vestígios da imprensa da cidade foram selecionados e divulgados em um espaço de lembranças e ressignificados de um passado não tão distante, mas que pode ser esquecido se não existir um trabalho de rememoração e destaque para essa história. O meio digital se torna esse espaço para essa arquivação da memória, que surge da necessidade de sempre relembrarmos, para evitar o esquecimento. Considerações Finais A transmissão da memória, de um indivíduo para o outro, já ocorreu de diversas formas. A memória já foi contada de geração para geração pela oralidade, através de mitos, parábolas e ensinamentos, da palavra escrita e do audiovisual e agora, as novas tecnologias também exigem seu espaço para propagar a memória. Arquivos e histórias que, antes, só encontrávamos em bibliotecas e museus, livros, vídeos de depoimentos e fotografias, podem

ser encontradas hoje na internet, onde há um grande espaço para nossa história passada ser disseminada e não esquecida. A possibilidade de esquecer fragmentos da própria memória, citada por Huyssen, (2000) e a necessidade de acumular vestígios, reforçada por Nora (1993), são fatores que contribuíram para que a sociedade criasse e continue criando constantemente formas de eternizar sua própria história. Com o avanço tecnológico e a globalização, diversas formas de armazenamento da memória e maneiras de registrar os próprios rastros se fizeram possíveis. Hoje, é possível registrar momentos marcantes da vida através das lentes de câmeras filmadoras ou fotográficas, e por intermédio de diversos aparelhos eletrônicos, como celulares, tablets e computadores. Nos dias de hoje, com todos os aparatos tecnológicos, sobretudo com o avanço da internet, e a utilização de blogs, sites e redes sociais para armazenamento e propagação de conteúdo, tornou-se possível a criação de espaços coletivos de compartilhamento, maior acessibilidade de informações e valorização da memória em acervos digitais on-line, ou seja, tais acervos on-line podem tornar-se instrumentos de preservação do que entendemos como memória, seja ela política, cultural, histórica ou social de uma comunidade ou segmento da sociedade. Arquivar, registrar e ressignificar a memória é o maior objetivo do site Memórias da Imprensa em Juiz de Fora. O site busca tornar rápido e simples o acesso desses impressos, das entrevistas com jornalistas e dos artigos científicos, fazendo com que a memória da cidade seja difundida para o maior número de pessoas possível. Foi criado um “lugar de memória”, um espaço em que os rastros de memória foram selecionados e divulgados, para que esse passado não seja esquecido ou abandonado. A internet é usada dessa forma como um contrapoder, expondo ao público as narrativas que não ganhariam visibilidade na grande mídia. Ao mesmo tempo, esses sites podem pautar a grande mídia, como aconteceu com o site Memórias da Imprensa em Juiz de Fora, que foi divulgado por alguns meios de comunicação da região. Sendo assim, o site manifesta-se como um importante recurso para os interessados na memória da cidade, que procuram adquirir através dos arquivos publicados, resquícios esquecidos da história recente de Juiz de Fora.

Referências Bibliográficas HENRIQUES, Rosali Maria Nunes. Metodologia de História oral: a experiência do Museu da Pessoa. 2014. _____________________________. Os rastros digitais e a memória dos jovens nas redes sociais. Tese (doutorado) – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Centro de Ciências Humanas e Sociais. 2014 HUYSSEN, Andreas. Seduzidos pela memória – arquitetura, monumentos, mídia. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2000. KUCINSKI, Bernardo. Jornalistas e Revolucionários. Nos tempos da imprensa alternativa. 2º Edição revisada e ampliada. São Paulo. Editora da Universidade de São Paulo. 2003. LEVY, Pierre. A memória como processo do tempo presente. In: CASALEGNO, Federico. Memória cotidiana: comunidades e comunicação na era das redes. Porto Alegre: Sulina, 2006. p. 90-104. MUSSE, Christina Ferraz; HENRIQUES, Rosali Maria Nunes; THOMÉ, Cláudia. Memórias Possíveis: o depoimento audiovisual e a ressignificação da história recente da imprensa de Juiz de Fora. In:10º Encontro Nacional de História da Mídia, 2015, Rio Grande do Sul. Anais 10º Encontro – 2015. Disponível em< http://www.ufrgs.br/alcar/encontros-nacionais-1/encontros-nacionais/10oencontro-2015/gt-historia-da-midia-audiovisual-e-visual>. Acesso em: 18 de julho de 2016 NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Projeto História, São Paulo, n.10, dez. 1993. POLLACK, Michael. Memória, esquecimento, silêncio. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, 1989. SOBRE. In: Memórias da Imprensa em Juiz de Fora Disponível https://memoriasdaimprensajf.wordpress.com/>. Acesso em: 20 de junho de 2016

em:

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TRIBUNA DE MINAS. In: Memórias da Imprensa em Juiz de Fora. Disponível em: . Acesso em: 20 de junho de 2016

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