MENEZES NETO, Geraldo Magella de. “Musas filhas de Apolo, tragam-me inspiração, para narrar uma guerra, de nação contra nação”: a literatura de cordel no ensino da Grécia Antiga, um relato de experiência em escolas públicas do Pará. Revista Sobre Ontens. 2016.

June 6, 2017 | Autor: Geraldo Menezes Neto | Categoria: Historia Antiga, Literatura de cordel, Ensino de História
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“MUSAS FILHAS DE APOLO, TRAGAM-ME INSPIRAÇÃO, PARA NARRAR UMA GUERRA, DE NAÇÃO CONTRA NAÇÃO”: A LITERATURA DE CORDEL NO ENSINO DA GRÉCIA ANTIGA, UM RELATO DE EXPERIÊNCIA EM ESCOLAS PÚBLICAS DO PARÁ1 Geraldo Magella de Menezes Neto 2

Resumo: O presente artigo socializa um relato de experiência no ensino da Grécia Antiga em turmas de 5ª série/6ª ano do ensino fundamental em escolas públicas do Pará. Ao tratar do tema da mitologia grega, utilizamos a literatura de cordel, que apresenta uma linguagem em versos rimados, de fácil compreensão para os alunos. Destacamos que o cordel pode ser um recurso didático interessante para o ensino de História, ao estimular a leitura e possibilitar a relação passado-presente. Palavras-chaves: Ensino de História; Grécia Antiga; Literatura de Cordel. Abstract: This article socialize a report of experience in the teaching of ancient Greece in class of 5th grade / 6th grade of elementary school in the public schools of Pará state, Brazil. When we discuss the Greek mythology theme, we use the cordel literature that presents a language in verse rhymed, easy to understand for students. We emphasize that the cordel literature can be an interesting educational resource to the history teaching, to encourage reading and to allow past-present relationship. Keywords: History teaching; Ancient Greece; Cordel Literature.

Introdução 1

Uma versão inicial deste trabalho foi apresentada no 2º Simpósio Eletrônico Internacional de Ensino de História, organizado pela UNESPAR, realizado de forma online entre os dias 7 e 11 de março de 2016. Agradeço ao Prof. Dr. André Bueno pelo convite para a publicação deste artigo. 2 Doutorando em História Social da Amazônia pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Professor da Faculdade Integrada Brasil Amazônia (FIBRA) e da Secretaria Municipal de Educação de Belém (SEMEC), distrito Mosqueiro. E-mail: [email protected]

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Musas filhas de Apolo Tragam-me inspiração Para narrar uma guerra De nação contra nação Derramando sobre mim A luz da imaginação. (VIANA, 2006, p. 1) Contá-la com perfeição Nessa hora é o que mais quero Portanto caro leitor Sua atenção eu espero Pra voltarmos à história Conforme narrou Homero. (VIANA, 2006, p. 3) As estrofes acima fazem parte do início da narrativa do folheto de cordel História de Helena e a guerra de Tróia, do poeta Antônio Klévisson Viana. Viana narra em forma de versos de cordel a história da Ilíada, cuja autoria é atribuída ao poeta grego Homero, sobre a guerra de Tróia. O folheto de Klévisson Viana se apresenta como um interessante recurso didático em sala de aula para tratar da temática da mitologia grega. Além disso, a linguagem em forma de versos pode tornar a leitura mais agradável para os alunos. Nesse sentido, o presente trabalho pretende socializar uma experiência da utilização de folhetos de cordel no ensino da Grécia Antiga. O texto será dividido em duas partes: na primeira, explicamos as características da literatura de cordel e como ela pode ser utilizada como recurso didático nas aulas de História; na segunda parte, relatamos a experiência do uso do folheto História de Helena e a guerra de Tróia, em turmas de 5ª série (6º ano) nas escolas Prof. Remígio

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Fernandez e Prof. Abel Martins e Silva, do estado do Pará, no distrito de Mosqueiro (Belém).3

A literatura de cordel: recurso didático para o ensino de História Em primeiro lugar, o que é a literatura de cordel? O cordel é uma poesia em forma de versos rimados, com temáticas variadas. Márcia Abreu afirma que para adequar-se à ‘estrutura oficial’ da literatura de cordel, um texto deve ser escrito “em versos setessilábicos ou em décimas, com estrofes de seis, sete ou dez versos”. Deve seguir um “esquema fixo de rimas e deve apresentar um conteúdo linear e claramente organizado”. Deve, portanto, ter “rima, métrica e oração.” (ABREU, 1999, p. 119). O principal suporte do cordel é o ‘folheto’, que é impresso em papel pardo, de má qualidade, medindo de 15 a 17 x 11 cm. Nas capas se estampam o nome do autor, os títulos dos poemas, o nome da tipografia impressora e seu endereço. Algumas vezes, a data de publicação, o preço, a indicação do local de venda (TERRA, 1983, p. 23), além de uma imagem representando o tema da história. Em relação ao número de páginas, Joseph Luyten aponta que o folheto é feito a partir de uma folha tipo sulfite dobrada em quatro. Por isso, o número de páginas da literatura de cordel deve ser múltiplo de oito, já que cada folha sulfite dobrada em quatro dá possibilidade para oito páginas impressas. (LUYTEN, 2005, p. 45). Vários autores destacam que a literatura de cordel pode ser um recurso didático nas aulas de História. Lacerda e Menezes Neto apontam 3

Mosqueiro é um distrito pertencente a Belém, localizado cerca de 70 km da capital paraense.

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os chamados “folhetos de acontecido”, aqueles que tratam de informar sobre os “últimos acontecimentos” como “a melhor opção para os professores de História”. (LACERDA; MENEZES NETO, 2010, p. 226). Maria Ângela Grillo aponta que “inúmeros são os eventos do século XX contidos nos folhetos que relatam o cotidiano da nossa História e nos quais são dadas representações diversas das contidas nos livros didáticos” (GRILLO, 2006, p. 83). Não só eventos do século XX são abordados nos folhetos. A Antiguidade também é abordada pelos poetas, podendo ser também um excelente recurso didático nas aulas de História. 4 No presente relato de experiência, trabalhamos com o folheto de cordel História de Helena e a guerra de Tróia, do poeta cearense Klévisson Viana.5 A história possui 14 páginas, sendo uma releitura da obra Ilíada, de Homero. (MENEZES NETO, 2015). François Lefèvre afirma que, segundo a 4

Além do folheto de Klévison Viana, há outros folhetos sobre a Antiguidade, a exemplo de A Ilíada em cordel, A Odisséia em cordel e A Eneida em cordel, todos do poeta Stélio Torquato Lima, da editora Queima-Bucha, do Rio Grande do Norte. Além disso, o poeta Gonçalo Ferreira da Silva produziu várias biografias em cordel de personagens da Antiguidade, como Homero, Anaximandro de Mileto, Arquimedes, Hipócrates, Pitágoras e Sócrates. Esses folhetos podem ser consultados no site da Casa de Ruy Barbosa: 5 No breve texto Releituras da Ilíada: a Guerra de Tróia em versos de cordel, destacamos algumas particularidades do folheto de Klévisson Viana. No folheto, o poeta valoriza a personagem Helena, que dá nome ao título, além da sua imagem aparecer na capa do folheto ao lado do cavalo de madeira. No folheto de Viana, os deuses não aparecem na história, o poeta foca nas ações humanas. Desse modo, Viana explica que a origem da guerra de Tróia deve-se ao rapto de Helena por Páris. Os personagens citados por Viana são Helena, Menelau, Homero (narrou a Ilíada), Páris, Aquiles, Ulisses. O poeta não faz referências, por exemplo, a Agamenon, Heitor, Briseida (escrava de Aquiles) e Pátroclo. Há que se mencionar também que Aquiles é apresentado apenas na página 5. Depois não é mais citado, não sabe o que aconteceu com ele. O poeta valoriza mais os personagens Ulisses e Menelau. Podemos supor que a opção do poeta em não fazer referência aos deuses e ao limitar o número de personagens deve-se ao número de páginas da história, que são 14. Soma-se a isso o fato de Viana não ter o objetivo de contar toda a guerra nos seus detalhes, mas sim valorizar o rapto de uma mulher como originária de uma guerra, e a força do amor para recuperá-la. Assim, a história termina com o amor entre Helena e Menelau. (MENEZES NETO, 2015).

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tradição, Homero é um aedo cego que viveu na Jônia no final do século IX ou no século VIII. A Ilíada, que contém cerca de 15 mil versos, narra a cólera de Aquiles, ocorrida no décimo ano da guerra de Tróia. (LEFÈVRE, 2013, p. 93). Segundo Pedro Paulo Funari, “as cidades citadas por Homero, escavadas pela Arqueologia, existiram realmente, mas os detalhes narrados são invenções poéticas.” (FUNARI, 2011, p. 21).

Imagem 1: Capa do folheto História de Helena e a guerra de Tróia. Acervo pessoal do autor. Na escolha do folheto História de Helena e a guerra de Tróia, levamos em conta o que diz Circe Bittencourt em relação ao uso de documentos no ensino de História: “é necessário lembrar que eles devem ser motivadores e não se podem constituir em texto de leitura que produza mais dificuldades do que interesse e curiosidade”. O objetivo, segundo Bittencourt, é “favorecer sua exploração pelos alunos de maneira

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prazerosa e inteligível, sem causar muitos obstáculos iniciais.” (BITTENCOURT, 2004, p. 330). Em relação a História Antiga na sala de aula, especificamente, concordamos com Pedro Paulo Funari, que aponta dentre as novas possibilidades analíticas, “a apresentação de uma Antiguidade construída pela historiografia, antes que uma História dada, acabada, a ser decorada pelo aluno”, além do “relacionamento entre a Antiguidade e o mundo contemporâneo em que vivemos.” (FUNARI, 2012, pp. 98-99).

O uso do folheto História de Helena e a guerra de Tróia em sala de aula: relato de experiência Nos anos de 2014 e 2015, utilizamos o folheto de cordel História de Helena e a guerra de Tróia em turmas de 5ª série (6º ano) para tratar do tema da mitologia grega. O objetivo principal era fazer com que os alunos conhecessem algumas histórias relacionadas aos deuses e heróis gregos chamando a atenção para a importância da mitologia na sociedade grega da Antiguidade. Cabe esclarecer que quando nos referimos a Grécia Antiga, não estamos falando de um Estado Nacional. Paul Cartledge aponta que a Grécia “era uma entidade cultural mais do que estritamente política”, definindo-se por:

uma ancestralidade comum (ora genuína, ora inventada); por uma língua comum (todos os que não falavam grego eram rotulados de “bárbaros” porque suas línguas eram constituídas de um “bar-bar”, ou

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seja, de um balbuciar de sons ininteligíveis); e por hábitos comuns – pelo menos rituais religiosos compartilhados. (CARTLEDGE, 2002, pp. 18-19). Por outro lado, há vários estudos que questionam a ideia de “Grécia Antiga” como uma unidade cultural.6 No entanto, por ser o termo mais utilizado no saber histórico escolar, bastante veiculado nos livros didáticos, preferimos manter a denominação “Grécia Antiga”, mesmo sabendo de suas generalizações. Segundo Richard Buxton, “a religião dos gregos estava tão imbricada na sociedade que a ideia de separar ‘igreja’ e ‘estado, tão fundamental para outras tradições religiosas, seria sem sentido no contexto da Grécia Antiga.” (BUXTON, 2002, p. 425). Pedro Paulo Funari afirma que “aos seus deuses, os gregos também reputavam histórias, aventuras, narrativas fantásticas – os mitos – que eram passadas, oralmente, de geração a geração”. Os gregos acreditavam que os mitos eram “relatos que provinham dos antepassados e, por isso mesmo, eram aceitos como acontecimentos de um passado distante.” (FUNARI, 2011, p. 58). Nesse sentido, relacionamos a abordagem da mitologia grega com o que é proposto pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) de História para o terceiro ciclo, destacando “as relações entre a sociedade, a

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Norberto Luiz Guarinello cita, por exemplo, Jonathan Hall, que em estudo de 1997 aponta que “a unidade cultural dos gregos não existiu desde sempre. A identidade dos gregos foi o resultado de um lento processo histórico de comunicação e conflito entre comunidades que falavam línguas semelhantes. Foi apenas aos poucos, e no confronto com outros povos, que se criaram os mitos e formas religiosas que produziram sua diferença identitária. Essa identidade nunca foi perfeita e mudou ao longo dos séculos.” (GUARINELLO, 2014, pp. 40-41).

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cultura e a natureza, na História de povos do mundo em diferentes tempos”: mitos de origem do mundo e do homem; a natureza nos mitos, ritos e na religião; religiosidade, deuses zoomorfos, divindades femininas e masculinas e valores sobre a vida e a morte. (BRASIL, 1998, p. 59). Cabe ressaltar que os alunos já tinham um conhecimento prévio de alguns personagens da mitologia grega a partir de filmes, desenhos, jogos, a exemplo de: Hércules, Tróia, 300, Percy Jackson. A partir desse conhecimento prévio, fizemos uma abordagem inicial da mitologia grega, destacando suas características, os deuses e heróis principais, sua influência na sociedade grega. Nessa atividade inicial, utilizamos duas aulas de 45 minutos. Após essas aulas mais teóricas, passamos a trabalhar com o folheto História de Helena e a guerra de Tróia, de Antônio Klévisson Viana. A primeira atividade realizada, seguindo a sugestão de Ana Marinho e Helder Pinheiro foi a da leitura oral do folheto, considerada pelos autores como “indispensável”.

(MARINHO; PINHEIRO, 2012, p. 129).

Fizemos junto com os alunos a leitura do folheto, alternando as estrofes: na primeira lia as meninas, na seguinte os meninos, na terceira todos liam juntos. Para Marinho e Pinheiro, “diferentes e repetidas leituras em voz alta é que vão tornando o folheto uma experiência para o leitor.” (MARINHO; PINHEIRO, 2012, p. 129). A leitura oral do folheto foi bastante animada, com os alunos participando da atividade. Quando se deparavam com alguma palavra que não conheciam, fazíamos uma pausa para soletrar e explicar o significado da palavra, e logo em seguida retomávamos a leitura. Segundo Arievaldo

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Viana Lima, na leitura de um folheto, “o texto deve ser analisado e discutido por toda a classe, para que haja melhor aproveitamento.” (LIMA, 2006, pp. 57-58). Acreditamos que o folheto de cordel é um recurso didático que pode estimular a leitura. Nas turmas de 5ª série que trabalhamos, constatamos que a leitura não era um hábito corrente entre os alunos, o que prejudica na interpretação e entedimento das atividades. Diante disso, concordamos com Vitória Rodrigues e Silva, que afirma que os professores de História precisam estar comprometidos tanto em atingir objetivos que são próprios da sua disciplina, quanto com o “desenvolvimento da leitura e da escrita”. (SILVA, 2004, p. 71). Além da mitologia grega, o folheto de Viana possibilita relacionar o passado e o presente, a exemplo das estrofes abaixo:

Quanto ao “Cavalo de Pau” E sua imagem, então Entrou logo pra história Representando armação Pra tapear o inimigo E ganhar uma questão. (VIANA, 2006, p. 14) Quando você ganha algo Que lhe traz desassossego O nosso povo hoje em dia Dessa expressão faz emprego Quando o presente é ruim Diz: - ‘É Presente de Grego!’. (VIANA, 2006, p. 14)

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Essas estrofes remetem a expressões que são utilizadas hoje no diaa-dia. O “cavalo de pau” seria a ideia de enganar um inimigo. Durante a leitura do folheto, também chamamos a atenção para o termo “cavalo de tróia” relacionado à informática. ‘Cavalo de tróia’ são programas maliciosos que executam ações não autorizadas pelo usuário.7 O ‘Cavalo de Troia’ se passa por um programa ordinário, que abre as portas para que o hacker invada o computador, desencadeando uma serie de ações não autorizadas pelo usuário para excluir dados, bloquear dados, modificar dados, copiar dados e atrapalhar o bom desempenho do computador.8 Nesse sentido, a atribuição de tal termo tem uma óbvia inspiração na história da Ilíada. Outra expressão bastante comum é “Presente de Grego”, que se refere a um presente ganho que não se gosta. Inspirado no cavalo de madeira dado aos troianos pelos gregos, foi o presente que custou a derrota a Tróia, pois os gregos escondidos no cavalo puderam abrir os portões e atacar a cidade. Alguns alunos já conheciam a expressão. Também abordamos a expressão “calcanhar de Aquiles”, cuja referência é ao herói grego Aquiles, que segundo a narrativa da Ilíada, foi atingido por uma flecha no calcanhar, seu único ponto fraco. Com isso podemos fazer a relação passado-presente, destacando como a cultura da Grécia Antiga faz parte do cotidiano dos alunos. Nesse sentido, concordamos com Jaime Pinsky e Carla Bassanezi Pinsky, que afirmam que “as aulas de História

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http://brazil.kaspersky.com/internet-security-center/threats/trojans http://www.mundotecnoweb.com.br/tecnologia/350-cavalo-de-troia-entenda-o-que-e-o-virus-deorigem-grega-que-ataca-sua-maquina.html 8

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serão

muito

melhores

se

conseguirem

estabelecer

um

duplo

compromisso: com o passado e o presente”. (PINSKY; PINSKY, 2012, p. 23). Após a leitura oral, realizamos um questionário sobre a história do folheto para estimular a interpretação do texto. Perguntas como: Explique os motivos para a guerra entre gregos e troianos; Quem era Helena? Qual a fraqueza de Aquiles? Explique a ideia de Ulisses para terminar a guerra, etc. Tratando-se de alunos de 5ª série, muitos com dificuldades de leitura e escrita, não poderíamos elaborar questões muito complexas. Por outro lado, o fato do cordel ser uma linguagem em forma de versos rimados torna o texto mais compreensível para os alunos. Assim, sobre Helena, o cordel aponta que “Não havia em todo o mundo/Beldade mais cobiçada” (VIANA, 2006, p. 2); já em relação a fraqueza de Aquiles, “Se algum opositor/Usasse de sutileza,/Ferindo seu calcanhar/O matava com certeza” (VIANA, 2006, p. 5); Nosso objetivo com o questionário era que os alunos identificassem os principais pontos da narrativa para entendê-la melhor. Podemos dizer que a maioria conseguiu responder as questões de forma correta e entender a narrativa. Para a leitura do folheto e a atividade do questionário utilizamos três aulas. A última atividade realizada foi a elaboração de desenhos a partir do folheto. Arievaldo Viana Lima sugere, por exemplo, “pedir a cada aluno que escolha uma estrofe para ilustrar e depois montar uma exposição sequenciada dos desenhos, conforme o texto.” (LIMA, 2006, p. 59). Nesse sentido, solicitamos aos alunos que escolhessem as principais partes do cordel História de Helena e a guerra de Tróia para desenhar.

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Imagem 2: Desenho de aluna da 5ª série sobre o folheto História de Helena e a guerra de Tróia. Acervo pessoal do autor, 2015.

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Imagem 3: Desenho de aluna da 5ª série sobre o folheto História de Helena e a guerra de Tróia. Acervo pessoal do autor, 2015.

A maioria dos alunos desenhou o rapto de Helena por Páris, as batalhas entre gregos e troianos, a construção do cavalo de madeira por Ulisses e a derrota de Tróia. Entendemos que o desenho pode ser uma atividade que ajuda a reforçar a compreensão do texto pelos alunos, além de ser um exercício que foge da rotina da escrita nas aulas de História. Nesta atividade final do desenho, utilizamos duas aulas.

Considerações finais Este breve relato de experiência buscou chamar a atenção para a potencialidade da literatura de cordel enquanto recurso didático nas aulas de História. Além de utilizar uma linguagem em forma de versos rimados, de fácil compreensão aos alunos, o cordel tem o mérito de estimular a leitura. Portanto, mesmo um tema aparentemente distante da realidade dos alunos, como a mitologia grega, pode ser trabalhado de uma maneira mais atrativa para os alunos, visando uma aprendizagem mais efetiva. No total, foram cinco aulas com o recurso da literatura de cordel. Deixamos de lado alguns assuntos? Não demos “todo o conteúdo” de Grécia Antiga? A resposta para essas perguntas é sim, e estamos satisfeitos com isso, pois acreditamos que essas cinco aulas foram mais significativas e atrativas para os alunos do que se simplesmente continuássemos a copiar no quadro a matéria, já que as escolas não dispunham de livro didático. O texto fica aqui como objeto de crítica e discussão aos leitores.

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Referências Folheto de cordel: VIANA, Antônio Klévisson. História de Helena e a guerra de Tróia. 2 ed. Fortaleza: Tupynanquim Editora, dez. 2006. 15

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