MERCADO E COMERCIALIZAÇÃO DE CARNE SUÍNA: ANÁLISE DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS, 1989 – 2011

June 15, 2017 | Autor: Elen Presotto | Categoria: Econometrics, Agribusiness, Exports
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MERCADO E COMERCIALIZAÇÃO DE CARNE SUÍNA: ANÁLISE DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS, 1989 – 2011 MARKETING OF SWINE MEAT: ANALYSIS OF BRAZILIAN EXPORTS, 1989 – 2011 Autor(es): Elen Presotto; Flávio Lima Janitschke; Nilson Luiz Costa Filiação: Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) E-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected] Grupo de Pesquisa: Trabalhos de Iniciação Científica Resumo Estudos da FAO mostram uma tendência de crescimento no consumo de alimentos, entre os quais, as proteínas de origem animal. Considerando que o Brasil já exporta carne, em especial suína, poderá majorar seus resultados no comércio exterior desse produto. Assim sendo, está se configurando uma janela de oportunidade para a intensificação da suinocultura brasileira. Com o propósito de quantificar as principais variáveis que explicam as exportações brasileiras de carne suína e calcular as elasticidades preço, renda e cambial das exportações, estimou-se um modelo econométrico de fluxo de comércio. Entre os principais resultados, destaca-se que a taxa de câmbio, o PIB asiático e o PIB brasileiro são as variáveis que, em tendência, explicarão a maior parte dos resultados futuros. Palavras-chave: Agronegócio, Econometria, Exportações, Carne Suína. Abstract FAO studies show an upward trend in food consumption, including the proteins of animal origin. Whereas Brazil has been exporting meat, especially pork, you can top up your results in the foreign trade of this product. So, is setting a opportunity for the intensification of Brazilian pig activities. In order to quantify the key variables that explain the Brazilian pork exports and calculate the price elasticities, income and foreign exchange from exports, we estimated an econometric model of trade flows. Among the main results, it is noteworthy that the exchange rate, the Asian Brazilian GDP and GDP variables are in trend, explain the majority of future results. Key words: Agribusiness, Econometrics, Exports, Pork.

1. Introdução Nas últimas décadas, a Organização Mundial para Agricultura e Alimentação no Mundo (FAO) tem apontado para a necessidade de elevação na produção de alimentos, uma vez que a população mundial tende a chegar ao quantitativo de 10 bilhões no ano de 2050 (FAO, 2009). Neste contexto, o presente trabalho consiste estimar um modelo econométrico de fluxo de exportações para avaliar a dinâmica do mercado de exportações de carne suína brasileira e quantificar a importância das variáveis preço, câmbio, renda doméstica e renda internacional para o mercado internacional de carne suína.

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Conforme Zini Jr. (1988) o estudo de funções de importação e exportação é útil para investigar o potencial comercial dos países e implantar políticas públicas de importação e exportação adequadas, auxiliando a análise de mercado entre países. Também, Zini Jr. (1988), Castro e Cavalcanti (1998) e Costa (2012), relatam que a análise do fluxo de exportações deve considerar o saldo comercial como uma variável explicada pelo preço do produto, pela da taxa real de câmbio, pela da renda interna e também pela renda internacional. O trabalho está dividido em quatro seções sendo a primeira delas a introdução. A segunda contempla a metodologia utilizada para a modelagem econométrica. Na terceira seção estão descritos e discutidos os resultados da pesquisa. Na quarta e última seção são apresentadas as considerações finais. Ao final, são apresentadas as referências bibliográficas. 2. Material e Métodos A partir do Modelo de Regressão Múltipla estimado pelo Método Generalizado dos Momentos (MGM) estimou-se uma equação para analisar as exportações brasileiras de carne suína a partir da mensuração da importância das variáveis preço, câmbio e renda. Uma das características do MGM é a escolha de coeficientes tal que os resíduos sejam ortogonais aos instrumentos utilizados. A Estatística – J será utilizada para validar os resultados do modelo. Neste contexto, quando a estatística – J se aproxima de zero, eleva-se a probabilidade de ortogonalidade dos instrumentos e, por consequência, esses passam a ser considerados válidos. [...] (COSTA, 2012, p.124). Por considerar que o MGM é robusto para corrigir problemas de autocorrelação, a Estatística d de Durbin Watson não foi utilizada. Zini Jr. (1988), Castro e Cavalcanti (1998) e Costa (2012) realizaram estudos em que foram analisados o fluxo de exportações a partir das variáveis preço, câmbio e renda. Seguindo a mesma perspectiva, o modelo econométrico ajustado para este trabalho indica que a função de exportação é dada pela Equação 1. (1) Em que: constante;

é a quantidade exportada de carne suína pelo Brasil em kg;

é o preço/kg da carne suína em US$ de 2011;

expressa em U$$ de 2011; Ásia em US$ 2011;

é a Taxa Real de Cambio

é o PIB do Brasil em US$ 2011;

são os parâmetros estimados;

é a

é o PIB da

é o termo de erro do modelo. Todas as

variáveis correspondem a uma série temporal que considera o período 1989 – 2011. Os dados de exportação e preço médio foram obtidos em Brasil (2012) e refletem informações referente às mercadorias classificadas na NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul) códigos 2032900 e 203290000. A TRC foi encontrada a partir da divisão do IPC-EUA (Índice de preços ao consumidor) pelo IGP-DI (Índice geral de preços de disponibilidade interna) multiplicado pela TNC (Taxa nominal de cambio):

. Todos os índices estão

expressos em US$ 2011 e foram extraídos do banco de dados do IPEAdata (2012). Goiânia - GO, 27 a 30 de julho de 2014 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

As variáveis PIBBRA, Produto Interno Bruto do Brasil; PIBASIA, Produto Interno Bruto da Ásia e; PIBEU, Produto Interno Bruto da Europa foram estão expressas em Paridade do Poder de Compra (PPC) e foram obtidas em The World Bank (2012). 3. Resultados e Discussões Os resultados obtidos estão expressos na Tabela 1. A estatística-J e a probabilidade da estatística-J aos níveis de 1,07 e 0,30 atestam a ortogonalidade dos instrumentos. O coeficiente de determinação R-quadrado ajustado indica que de 97,53% das variações na quantidade exportada de carne suína são explicadas, conjuntamente, pelas variações no preço da carne suína, taxa real de câmbio, Produto Interno Bruto da Ásia, Produto Interno Bruto da Europa (variável instrumental) e Produto Interno Bruto do Brasil. Tabela 1. Resultado do Modelo Generalizado dos Momentos (Eviews) Variável dependente: QCS Exportada Variável C LOG(PCS) LOG(TRC) LOG(PIBASIA) LOG(PIBBRA) R-quadrado R-quadrado ajustado Desvio padrão da regressão Estatística Durbin-Watson Instrument rank

Coeficiente -57,28456 0,248963 1,424729 4,464515 -2,145422 0,979819 0,975334 0,203322 1,568854 6

Desvio Padrão Estatística - t 6,501605 -8,810834 0,208930 1,191607 0,303067 4,701030 0,417840 10,68475 0,585509 -3,664199 Média da variável dependente Desvio padrão var. dependente Soma dos quadrados dos resíduos Estatística – J Prob (Estatística - J)

Probabilidade 0,0000 0,2489 0,0002 0,0000 0,0018 18,43209 1,294594 0,744118 1,071071 0,300704

Fonte: dados da pesquisa. O sinal dos coeficientes estão de acordo com a teoria descrita em Zini Jr. (1988) e Costa (2012). Confirmou-se que elevações no preço de exportações estão diretamente relacionadas ao aumento na oferta de exportação. O mesmo acontece com a desvalorização cambial, que também estimula o aumento das exportações e com o crescimento da renda asiática, que provoca elevações nas exportações brasileiras. Todos os parâmetros β, exceto o associado à variável PCS, foram estatisticamente diferentes de zero ao nível de 1% de probabilidade. O parâmetro β associado à variável TRC indica a magnitude da elasticidade das exportações (QCS) em relação às variações na taxa de câmbio. Este indicador mostra que para cada desvalorização cambial de 1% espera-se um aumento de 1,42% nas exportações brasileiras, ceteris paribus. O parâmetro β associado à variável PIBBRA permite afirmar que para cada elevação de 1% na renda interna brasileira, espera-se uma redução de -2,14% nas exportações de carne suína, ceteris pabibus. O resultado é explicado na medida em que se associa maior renda interna a maior consumo doméstico e menor disponibilidade de produto para exportações. Diferentemente, parâmetro β associado à variável PIBASIA mostra que elevações na renda doméstica tendem a contribuir para as exportações brasileiras. Neste contexto, para cada 1% de elevação na renda asiática, espera-se aumento de 4,46% nas exportações brasileiras (QCS).

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4. Considerações Finais A análise econométrica de fluxo de comércio permitiu concluir que mais de 97,5% das variações nas exportações brasileiras foram explicadas, conjuntamente, pelo preço de exportação da carne suína, pela taxa real de câmbio e pelos níveis de renda doméstica e internacional. Destaca-se a importância do mercado asiático para o segmento de carne suína brasileira, uma vez que a renda do mesmo se constitui, isoladamente, como a principal fonte de crescimento das exportações brasileiras. Considerando isto e as negociações internacionais em curso, a tendência é que este também se constitua como o principal destino das exportações brasileiras de carne suína. Por fim, a metodologia aplicada mostrou-se robusta para entender a dinâmica e a relação de causalidade entre as principais variáveis relacionadas à oferta de exportação da carne suína brasileira. Referências Bibliográficas BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior - AliceWeb. 2012. Disponível em . Acesso em 24.11.2012. CASTRO, A. S.; CAVALCANTI, M. A. Estimação de equações de exportação e importação para o Brasil – 1955/95. Pesquisa e Planejamento Econômico, Rio de Janeiro, v. 28, n.1, p. 1-68, 1998. COSTA, N. L. Concentração de mercado e fluxo de exportações da cadeia produtiva da soja no Brasil. Tese (Doutorado em Ciências Agrárias/Agroecossistemas da Amazônia) – Universidade Federal Rural da Amazônia/Embrapa Amazônia Oriental, 2012ª FAO, Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação. How to feed the world in 2050. 2009. IPEAdata, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Banco de dados. 2012. Disponível em . Acesso em 01.12.2012. THE WORLD BANK. The World Bank Open . Acesso em 01/12/2012.

Data.

2012.

Disponível

em

ZINI Jr. A. A. Funções de Exportação e de Importação para o Brasil. Pesquisa e Planejamento Econômico, n. 18, p. 615-662, 1988.

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