METÁFORAS PICTÓRICAS E MULTIMODAIS EM CAMPANHAS CONTRA A DENGUE NO BRASIL

May 29, 2017 | Autor: P. Gonçalves-Segundo | Categoria: Conceptual Metaphor Theory, Dengue fever, Multimodal metaphor
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METÁFORAS PICTÓRICAS E MULTIMODAIS EM CAMPANHAS CONTRA A DENGUE NO BRASIL Paulo Roberto Gonçalves-Segundo Universidade de São Paulo Resumo: Visamos, neste artigo, a analisar o papel persuasivo de metáforas pictóricas e multimodais em campanhas contra a dengue no Brasil a partir dos anos 2000. Para isso, selecionamos seis textos que mostravam duas tendências diferentes: o direcionamento da atenção para o papel do mosquito no processo e/ou para a periculosidade da doença (dengue, no caso), por um lado, e a ênfase na função do leitor e da comunidade no sucesso da campanha, por outro. No primeiro caso, as metáforas antropomorfizavam o mosquito, enquanto, no segundo, focalizavam a unidade e a articulação entre as pessoas. As análises foram baseadas, especialmente, na Teoria da Metáfora Conceptual e em seus desdobramentos (Lakoff & Johnson, 1980; Kövecses, 2010; dentre outros) e na abordagem pictórica da metáfora proposta por Forceville (2007; 2009). Palavras-chave: Metáfora. Multimodalidade. Linguística Cognitiva. Persuasão. Abstract: We propose to analyze, in this paper, the persuasive role of pictorial and multimodal metaphors in campaigns against dengue fever in Brazil from the year 2000 onwards. In order to do so, we selected six texts that showed two different tendencies: the directing of attention towards the role of the mosquito in the process and/or the danger of the disease (dengue fever, particularly), on the one hand, and the emphasis towards the role of the reader and his/her community in relation to the success of the campaign, on the other. In the first case, we determined the prevalence of metaphors that anthropomorphized the mosquito, whereas, in the second, we observed metaphors that focalized unity and articulation between the people. The analyses drew upon the Conceptual Metaphor Theory and its developments (Lakoff & Johnson, 1980; Kövecses, 2010) and the pictorial approach to metaphor proposed by Forceville (2007; 2009). Keywords: Metaphor. Multimodality. Cognitive Linguistics. Persuasion. Introdução Nosso objetivo, neste artigo, é analisar o papel estruturante das metáforas expressas visual e/ou linguístico-visualmente no que se refere ao processo de persuasão do leitor nas campanhas de combate ao mosquito Aedes aegypti no Brasil. Para isso, selecionamos um conjunto de 6 textos de campanhas municipais e estaduais em que prevaleciam metáforas multimodais.

Para a realização das análises, tomamos como base a perspectiva cognitivista da linguagem, considerando a metáfora como uma operação de construal decorrente da combinação da estratégia discursiva de enquadramento com o sistema conceptual de comparação, seguindo Hart (2014). As reflexões sobre o tema serão pautadas pela Teoria da Metáfora Conceptual (Lakoff & Johnson, 1980; Kövecses, 2010) e seus desdobramentos, como verificados nos trabalhos de Vereza (2010, 2013), Palumbo (2013), Hart (2014), Grady (2007), dentre outros. Além disso, assumimos como aporte complementar as reflexões de Forceville (2007; 2009) sobre metaforicidade pictórica. Na seção 1, apresentamos reflexões acerca do estatuto cognitivo da metáfora; em 2, tratamos da dimensão pictórica e multimodal da metáfora; em 3, expomos os resultados da análise do corpus; e, por fim, tecemos considerações finais.

1. Sobre metáfora e cognição A Teoria da Metáfora Conceptual, inicialmente formulada por Lakoff & Johnson (1980), consistiu em um divisor de águas para os estudos da metáfora, na medida em que questionou o caráter figurativo e eminentemente linguístico desse processo, propondo uma releitura cognitiva. Nesse sentido, a metaforização passa a ser entendida como um processo de projeção entre domínios cognitivos distintos — um domínio-fonte, usualmente mais concreto, associado a nossas experiências perceptivas e prioceptivas, e um domínio-alvo, mais abstrato —, em que o primeiro atuaria no sentido de estruturar a concepção do último. A expressão linguística, nesse sentido, seria apenas uma das formas de materialização dessa projeção, que poderia ocorrer por meio de outras modalidades semióticas. Os estudos avançaram e, como bem assinalam Kövecses (2010), Grady (2007) e Vereza (2010; 2013), a importância dos fatores sócio-históricos, culturais e discursivos no que tange ao processo de projeção foram ressaltados, minimizando o risco de leituras essencialmente naturalistas realizadas a partir da proposta inicial.

Hart (2014), a partir de uma perspectiva discursiva, concebe o processo de metaforização ligado à estratégia discursiva de enquadramento, que, por sua vez, deriva da capacidade humana de comparar entidades e eventos, julgando seu grau de semelhança e disparidade. Tal atividade permite o agrupamento de entidades, eventos, propriedades ou situações em determinadas categorias, ligadas a dados domínios de conhecimento — multimodais por natureza — que podem ser associados de forma complexa com o objetivo de estruturar uma dada realidade. Lakoff & Johnson (1980) diferenciam três tipos de metáforas— as estruturais, as ontológicas e as orientacionais. As metáforas estruturais são aquelas em que o conhecimento do domínio-fonte é largamente projetado para a construção do domínio-alvo, de forma que a imagética da fonte passa a incorporar nossa concepção sobre o alvo. Por exemplo, o domínio de estruturado por uma fonte de

ESPAÇO,

TEMPO

é usualmente

conforme observamos em diversas

expressões linguísticas —Vai chegar a hora de a gente resolver essa situação ou O aniversário dele está próximo. Nelas, noções como

MOVIMENTAÇÃO

e

DISTÂNCIA,

tipicamente espaciais, são usadas para compreendermos fenômenos de ordem temporal. As metáforas ontológicas, por sua vez, não implicam tal transferência de conhecimento, mas realizam a importante função de atribuir um estatuto concreto a alvos abstratos, como podemos observar em Eu tenho medo de baratas ou Ele me levou à loucura, em que ESPACIAL.

EMOÇÃO É OBJETO POSSUÍDO1

e

EMOÇÃO É DESTINO

Metáforas dessa natureza potencializam as possibilidades de construção

gramatical. Por fim, as orientacionais organizam conceitos com base em referências espaciais — cima-baixo, centro-periferia, dentre outras —, conforme verificamos em construções como Eu estou em cima dele ou A situação está sob controle, em que

CONTROLAR É UMA RELAÇÃO CIMA-BAIXO

e

SER CONTROLADO É UMA

RELAÇÃO BAIXO-CIMA.

Apesar da subdivisão em três categorias básicas, são as metáforas estruturais que interessam mais ao analista do discurso ou ao linguista de texto, 1

A Linguística Cognitiva adota como convenção para a exposição analítica de uma relação metafórica a fórmula DOMÍNIO-ALVO É DOMÍNIO-FONTE, em versalete (small caps).

uma vez que elas estão fortemente associadas à persuasão e à possibilidade de uso ideológico. Focaremos, então, nessa categoria. Em termos de penetração cultural e de estatuto cognitivo-discursivo, as metáforas estruturais podem ser divididas em situadas, conceptuais e distribuídas. Segundo Vereza (2010; 2013), metáforas situadas são restritas a um texto, atuando online e de forma episódica, criando redes de sentido com função argumentativa. Metáforas conceptuais, por sua vez, têm maior distribuição cultural e estão de tal forma incorporadas que é complicado pensar no domínio-alvo sem utilizar a imagética da fonte. Tais metáforas atravessam diferentes discursos e têm consequências gramaticais, conforme mostram Kövecses (2010) e Lakoff & Johnson (1980). Já as metáforas distribuídas2 consistem em associações de domínios compartilhadas por grupos, com função ideológica, atuando de maneira a dar coesão às suas representações, legitimando estados de mundo e mobilizando determinadas atitudes (Gonçalves-Segundo & Zelic, no prelo). Isso posto, passamos às considerações acerca da metáfora pictórica e multimodal.

2. Sobre a metáfora pictórica e multimodal Apesar do estatuto cognitivo do processo de metaforização, que extrapola, portanto, a dimensão de sua expressão verbal, poucos estudos ainda se detiveram sobre a dimensão não verbal (pictórica, musical, etc.) e multimodal do fenômeno. Trata-se de uma lacuna danosa, na medida em que a configuração metafórica em outras modalidades pode apresentar nuances diferenciadas em relação à sua manifestação linguística, o que pode gerar generalizações enviesadas acerca do processo como um todo. Essa é a crítica que Forceville (2009: 21) realiza de forma bem pertinente: Clearly, to further validate the idea that metaphors are expressed by language, as opposed to the idea that they are necessarily linguistic in nature, it is imperative to demonstrate that, and how, they can occur non2

O termo é emprestado de Morais (2015), que aborda o fenômeno a partir de uma perspectiva que une cognição à Análise de Discurso pêcheuxtiana. Não realizamos, neste texto, o diálogo com tal perspectiva discursiva.

verbally and multimodally as well as purely verbally. Secondly, an exclusive or predominant concentration on verbal manifestations of metaphor runs the risk of blinding researchers to aspects of metaphor that may typically occur in non-verbal and multimodal representations only.

O autor, ratificando a hipótese da invariância (Lakoff, 1990), segundo a qual é a imagética da fonte que estrutura o alvo, mas não o oposto, propõe uma tipologia de quatro metáforas pictóricas (Forceville, 2007): a. Metáfora Híbrida: ocorre quando um fenômeno, interpretado como uma gestalt, é composto por duas partes diferentes que pertencem a dois domínios distintos. A compreensão metafórica advém de uma dessas partes ser entendida com base na imagética da outra (fonte  alvo). b. Metáfora Integrada: acontece quando um fenômeno, interpretado como uma gestalt, é representado de forma a aparentar ser outro objeto mesmo sem pistas contextuais. Esse outro objeto, aparente, é a fonte que permite reconceptualizar o alvo com base no conhecimento que lhe está associado. c. Metáfora Contextual: ocorre quando um fenômeno, experenciado como uma gestalt, é compreendido como outro objeto, ligado a outra categoria, dado o contexto visual em que ele é representado. Em outros termos, o Fundo altera a concepção da Figura. d. Símile Pictórico: acontece quando dois fenômenos, experenciados como gestalts diferentes, são justapostos de forma que um deles passa a ser entendido a partir de propriedades do outro. Tais tipos devem ser vistos, na nossa perspectiva, de maneira fluida e não discreta, de modo que a uma mesma metáfora pode apresentar traços do tipo híbrido e contextual, por exemplo; além disso, devemos considerar que as definições são de fácil categorização apenas para os casos prototípicos. Por fim, precisamos mencionar que a sua distribuição está, certamente, ligada a coerções genéricas e efeitos retóricos. Forceville (2009) afirma, como resultado de estudo sobre metáforas pictóricas na publicidade, que há, nessa esfera, raras instâncias de metáforas híbridas, na medida em que há um que tal tipo de metáfora não deixaria

intacta a configuração do objeto a ser vendido, podendo invocar conotações de incompletude ou mutilação. Em animações, contudo, a hibridização é recorrente. Em termos de metáforas realmente multimodais, ou seja, aquelas que atravessam semioses — como, no caso, língua e imagem —, ainda há muito o que ser estudado para que possamos entender que tipos de relação são possíveis nessa interação. Nesse sentido, visamos, neste trabalho, a dar passos na direção desta articulação, considerando que, nas campanhas governamentais contra o Aedes aegypti, imagem e texto sempre dialogam. Assim, procuraremos verificar: a. o grau de (in)dependência de cada modalidade na configuração de uma metáfora; b. o grau de fluidez entre os tipos metafóricos.

3. Análise das metáforas nas campanhas de combate ao Aedes aegypti no Brasil Conforme mencionado anteriormente, o corpus selecionado para esta análise é composto de 6 textos de campanhas contra dengue, veiculados entre os anos de 2004 e 2014, em nível municipal (M) e estadual (E), coletados com base na instanciação de metáforas pictóricas ou multimodais. Serão apenas considerados para fins de análise as imagens e as chamadas das campanhas. A tabela abaixo explicita os dados do corpus em ordem cronológica (não de exposição): Quadro 1. Lista de campanhas coletadas N. 1

Nível – Localidade E – SP

Ano 2004

2

E – SC

2008

3, 4, 5 6

E – MT

2009

M – Vitória da Conquista (BA)

2014

Fonte http://www.ambiente.sp.gov.br/blog/2004/11/18/com-aparticipacao-de-todos-e-possivel-erradicar-o-mosquito-dadengue/ http://cip.ig.com.br/index.php/2008/11/17/dengue-vira-vilao-deterno-e-gravata-em-santa-catarina/ http://casadeimagens.blogspot.com.br/2009/11/campanha-mtcontra-dengue.html http://www.pmvc.ba.gov.br/dengue-indice-de-infestacao-predialcai-para-22-no-municipio/

A campanha 2 — exibida na sequência — apresenta traços de hibridismo e de contextualismo na formação da metáfora pictórica, que é enriquecida pela

construção linguística. É relevante ressaltarmos que a construção linguística da chamada em si não invoca a metáfora, mas atua na tensão entre uma leitura ligada à criminalidade e à patologia, acrescentando propriedades daquele domínio neste: Figura 1. Campanha de Santa Catarina (2008) - n. 2

Podemos falar em hibridismo na medida em que se amalgamam duas entidades diferentes — tem-se cabeça, patas e asas de mosquito, mas postura bípede e mãos humanas —; por outro lado, o fundo e a próprio placa geram um espaço que inserem a entidade primária em um contexto de fichamento criminal, o que condiz com a categoria de metáfora contextual. O resultado disso é a metáfora situada estrutural

AEDES AEGYPTI É CRIMINOSO FICHADO (E PROCURADO).

A projeção é

possível na medida em que a doença transmitida pelo mosquito pode matar, do mesmo modo que um criminoso perigoso. O traço de procurado advém do acréscimo linguístico — ele pode estar solto pelas ruas —, cancelando a leitura de que o inseto já se encontraria preso e, portanto, de que o perigo já teria passado. Nesse sentido, o efeito persuasivo da campanha reside na projeção do domínio do

CRIME

para o domínio da

DOENÇA,

ressaltando a eficiência homicida do

agente e sua possível proximidade em relação ao leitor. Tal aproximação associase a um efeito de medo, que deve ser combatido pela vigilância e pelo combate ao vetor. De alguma forma, a campanha acaba remetendo a um discurso vigilante, em que a população deve agir no combate ao crime, mas o transfere para uma outra esfera, em que tal procedimento, em tese, não sofre sanções éticas.

Em 1 e em 6, temos uma outra metáfora envolvendo o mosquito como figura. Observemos: Figura 2. Campanhas de SP (2004) e de Vitória da Conquista (BA) (2014) – n. 1 e n. 6

Em ambos os casos, temos uma hibridização — as patas do mosquito são transformadas em braços e pernas, que possuem a capacidade de carregar malas, ativando conhecimento associado a mudança (ou fuga) de uma dada localidade. As expressões faciais do vetor podem conduzir a uma interpretação diferenciada em cada caso — no primeiro, remete-se à sensação de medo/pânico, e o fato de os pertences estarem aparecendo para fora da mala sinalizam pressa na arrumação, ao passo que, no segundo, as lágrimas e a expressão cabisbaixa remetem à sensação de tristeza, além de o fato de o mosquito estar andando parecer indicar uma atitude de mudança indesejada. Nesse sentido, temos, respectivamente, AEDES AEGYPTI É PESSOA EM FUGA e AEDES AEGYPTI É PESSOA DE MUDANÇA.

Um padrão interessante para destacarmos nos dois exemplos é o fato de que a chamada linguística não trata do mosquito em si, mas da doença que é causada por ele: a dengue. Verificamos, assim, em ambas as campanhas, um caso de metonímia conceptual

EFEITO POR CAUSA.

O texto verbal centraliza a doença, o que

parece estar orientado a efeitos persuasivos. Ao combatermos o mosquito, evitamos a emergência da doença, essa a verdadeira causadora dos graves transtornos à saúde que observamos intensamente nos últimos anos. Torná-la primeiro plano enfatiza o perigo real enfrentado pelo público-alvo. Em termos de processos

cognitivos, o que vemos nesses exemplos são, no fundo, instâncias de metaftonímias multimodais. Vejamos, agora, os exemplos 3, 4 e 5, campanhas do governo do estado do Mato Grosso, que apostam no domínio-fonte esportivo para a geração do efeito persuasivo: Figura 3. Campanhas de MT (2009) – n. 3, n. 4 e n.5

Os textos que compõem a campanha de combate ao Aedes Aegypti no Mato Grosso baseiam-se na metáfora situada COMBATER A DENGUE É JOGAR FUTEBOL, cujo domínio-alvo é estruturado via metonímia, uma vez que o que se combate, de fato, é o vetor da doença: o mosquito. Nesse sentido, há novamente uma metaftonímia. O grau de dependência da interação texto-imagem para a depreensão da metáfora varia nos três textos em escala decrescente. No primeiro, só sabemos de que jogo se trata pela imagem do mosquito esmagado pela bola em primeiro plano, além da possível leitura do enunciado A dengue mata. O gramado e o formato da bola permitem inferirmos que o jogo é de futebol e de que o Aedes aegypti é o adversário. Tal relação fica explícita no segundo texto, em que o letreiro explicita os oponentes do jogo, como vemos nos estádios e na televisão: Cuiabá x Dengue. O termo clássico remete a um confronto esportivo que opõe times rivais, de grande tradição, em geral, com torcidas com relações recíprocas não amistosas. Nesse sentido, vemos um efeito persuasivo de transferir para o combate ao mosquito as paixões ligadas aos confrontos esportivos do esporte de maior penetração no país.

A afirmação a vitória depende de você insere o leitor na luta, como se ele fosse um jogador do time de Cuiabá, o que fica explícito no terceiro texto da campanha, em que um jogador aponta diretamente para o leitor, convocando-o para a partida, o que é, intertextualmente, necessário para se vencer a epidemia na região — Você foi escalado para jogar contra a dengue.

Considerações finais O objetivo deste trabalho foi apresentar reflexões sobre o processo cognitivo de metaforização em textos imagéticos e na interação entre texto e imagem. Para isso, realizamos uma sintética revisão da noção cognitiva de metáfora, seguida da proposta de Forceville (2007, 2009) para a análise do fenômeno em textos visuais. Posteriormente, realizamos a análise de dados, buscando pensar na articulação entre metáfora e persuasão. Diferente das três primeiras, a campanha do Mato Grosso desfocaliza o mosquito para enfatizar a participação coletiva, apaixonada pela cidade/estado, invocando o domínio do futebol. O processo persuasivo associa-se, portanto, a um valor de associação, visto que o inimigo é construído como inegavelmente perigoso — A dengue mata —, requisitando unidade de todos para a vitória. O domínio do FUTEBOL

colabora, na medida em que se trata de um esporte coletivo que exige

articulação ótima entre os jogadores para o alcance da vitória. Já nas três primeiras, é o mosquito o agente enfocado, embora em situações distintas: na primeira, sua periculosidade é colocada em primeiro plano, incitando vigilância contínua, enquanto, nas duas últimas, é sua “derrota” que é focalizada, visto que ele se encontra em movimento de saída da comunidade/da casa do leitor, saída essa provocada pela atitude — subentendida — desse mesmo consumidor textual, o que se associa a sensações de segurança. Em outros termos, na primeira, temos um construal (Langacker, 2008) que desloca a atenção para a causa do combate, enquanto, nas outras duas, a atenção se volta às consequências — o sucesso da mobilização.

Referências bibliográficas FORCEVILLE, Charles. A course in Pictorial and Multimodal Metaphor. 2007. Disponível em: http://semioticon.com/sio/courses/pictorial-multimodal-metaphor/ FORCEVILLE, Charles. Non-verbal and multimodal metaphor in a cognitivist framework: Agendas for research. In: FORCEVILLE, Charles; URIOS-APARISI, Eduardo (org.) Multimodal Metaphor. Berlin: Mouton de Gruyter, 2009, p. 19-42. GONÇALVES-SEGUNDO, Paulo Roberto; ZELIC, Helena Capriglione. RELACIONARSE É INVESTIR: ideologia, cognição e metáfora no discurso sobre relacionamento em revistas femininas para o público adolescente, no prelo. GRADY, Joseph E. Metaphor. In: GEERAERTS, Dirk; CUYCKENS, Hubert (org.) The Oxford Handbook of Cognitive Linguistics. New York: Oxford University Press, 2007, p. 188-213. HART, Christopher. Discourse, Grammar and Ideology: Functional and Cognitive Perspectives. London: Bloomsbury, 2014. KÖVECSES, Zoltán. Metaphor: a practical introduction. 2ª edição. New York: Oxford University Press, 2010. LAKOFF, George; JOHNSON, Mark. Metaphors we live by. Chicago: The University of Chicago Press, 1980. LAKOFF, George. The Invariance Hypothesis: is abstract reason based on imageschemas? Cognitive Linguistics, 1 (1), 1990, p. 39-74. LANGACKER, Ronald. Cognitive grammar: a basic introduction. New York: Oxford University Press, 2008. MORAIS, Argus Romero Abreu. O pensamento inatingível: discurso, cognição e metáforas emergentes distribuídas. Tese de doutoramento – Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2015. PALUMBO, Renata. Referenciação, metáfora e argumentação no discurso presidencial. Tese de doutoramento — Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2013. VEREZA, Solange. O lócus da metáfora: linguagem, pensamento e discurso. Cadernos de Letras da UFF – Dossiê: Letras e Cognição n. 41, p. 199-212, 2010. VEREZA, Solange. “Metáfora é que nem...”: Cognição e discurso na metáfora situada. Signo, v. 38, n 65, p. 02-21, 2013.

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