Metodologia Cartográfica para Avaliação de Favorabilidade de Recarga de Aquíferos: estudo de caso para a Bacia do Rio Paracatu, Brasil
Vitor V. VasconcelosI; Paulo P. Martins JuniorII; Renato M. HadadIII I
Doutorando em Geologia, Universidade Federal de Ouro Preto, Mestre em Geografia, Especialista em Solos e Meio Ambiente, Bacharel em Filosofia, Técnico em Meio Ambiente, Técnico em Informática,
[email protected] II Universidade Federal de Ouro Preto (Professor), Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais - CETEC-MG (Pesquisador Pleno), Geólogo, Doutor em Ciências da Terra,
[email protected] III PUC-MG (Pró-Reitor), Programa de Pós-Graduação em Geografia - Tratamento da Informação Espacial (Professor), Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais, CETEC-MG (Pesquisador Pleno), Doutor em Ciência da Computação, Mestre em Ciência da Computação, Bacharel em Engenharia Mecânica,
[email protected]
Disponível em: http://pt.scribd.com/doc/176500792/Metodologia-cartografica-para-avaliacao-de-favorabilidade-de-recarga-de-aquiferos-estudo-de-caso-para-a-Bacia-do-Rio-Paracatu-Brasil
Versão para língua portuguesa do original publicado em: Vasconcelos, V.V.; Martins Junior, P.P.; Hadad, R.M. Cartographic methodology for assessing aquifer recharge potential: a case study of the Paracatu river basin, Brazil. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Naturais. V. 8. N. 2. May-Aug. 2013. Available at: http://www.museugoeldi.br/editora/bn/artigos/cnv8n2_2013/cartographic(vasconcelos).pdf, access in 16/10/2013
Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Cienc. Nat., Belém, v. 8, n. 2, p. 153-176, maio-ago. 2013
Metodologia cartográfica para avaliação de favorabilidade de recarga de aquíferos: estudo de caso para a bacia do rio Paracatu, Brasil Cartographic methodology for assessing aquifer recharge potential: a case study of the Paracatu river basin, Brazil Vitor Vieira VasconcelosI, Paulo Pereira Martins JuniorI, Renato Moreira HadadII I Universidade Federal de Ouro Preto. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil
II
Resumo: Este artigo apresenta a proposta de uma metodologia para delimitação e caracterização das zonas favoráveis à recarga de aquíferos. Toma-se como estudo de caso a bacia hidrográfica de Paracatu (SF-7). Utiliza-se, como fundamento, a inferência hidrogeológica pelas áreas altimetricamente mais elevadas em relação às surgências. A delimitação dessas áreas teve como base a elaboração de um plano de interpolação por krigagem da altitude das surgências. A caracterização quanto à favorabilidade da recarga teve como subsídio estudos de litoestratigrafia, geomorfologia, pedologia, dados climatológicos e a diferença altimétrica em relação às surgências e aos cursos d’água de jusante. Os mapas obtidos apontam que a porção oeste da bacia do Paracatu apresentaria maior potencial de recarga, seguida pelos planaltos e superfícies tabulares mais elevados. Esses produtos cartográficos apresentam-se úteis para integrar a gestão dos recursos hídricos com a gestão da ocupação territorial. Palavras-chave: Hidrogeologia. Recarga de aquíferos. Meio ambiente. Geoprocessamento. Recursos hídricos.
Abstract: This article presents a proposal for a methodology to demarcate and characterize areas that might be conducive to aquifer recharge. The guiding principle is the hydrogeological inference of areas uphill from springs. A kriging interpolation plane of the elevation of the springs is the basis for the delimitation of these areas. The characterization of recharge potential rests on lithostratigraphy, geomorphology, and soil studies, on climatological data, and on altimetric differential of springs and downstream watercourses. The maps suggest that the Western portion of the Paracatu basin would hold greater potential for recharge, followed by highland plateaus and table lands. These cartographic products may be useful to integrate the management of water resources and land use. Keywords: Hydrogeology. Aquifer recharge. Environment. Geoprocessing. Water resources.
____________________________________________ VASCONCELOS, V. V., P. P. MARTINS JUNIOR & R. M. HADAD, 2013. Cartographic methodology for assessing aquifer recharge potential: a case study of the Paracatu river basin, Brazil. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Naturais 8(2): 153-176. Autor para correspondência: Vitor Vieira Vasconcelos. Rua Goitacazes, 201/1402 – Centro. Belo Horizonte, MG, Brasil. CEP 30190-050 (
[email protected]). Recebido em 27/03/2013 Aprovado em 30/07/2013 Responsabilidade editorial: Hilton Tulio Costi
153
Cartographic methodology for assessing aquifer recharge potential: a case study of the Paracatu river basin, Brazil
INTRODUÇÃO A recuperação e manutenção do ciclo hidrológico, em
Scanlon et al. (2002, p. 19 e 33) sugerem que seja
termos quantitativos e qualitativos, são dependentes do
relação
correto planejamento sobre os impactos ambientais
hidrogeológicas. Além de permitir uma compreensão
quanto ao solo e à biota. Importante para a preservação
preliminar dos processos hidrogeológicos em curso,
dos recursos hídricos é a manutenção da cobertura
essa modelagem também ajuda na escolha e no
vegetal e do manejo dos solos nas áreas de predomínio
planejamento
de recarga de aquíferos, visto que isso irá viabilizar a
aprofundados de inferência indireta e/ou direta.
percolação da água, assegurando uma vazão mais
Todavia, em países em desenvolvimento, com poucas
estável para os corpos d’água superficiais, sobretudo,
bases de dados sistematizados e com poucos recursos
na estação das secas.
financeiros para campanhas de medições de campo,
elaborada uma modelagem conceitual de recarga em aos
atributos
de
fisiográficos
estudos
das
subsequentes
bacias
mais
O reconhecimento do processo hidrogeológico,
essa modelagem conceitual pode frequentemente ser a
portanto, apresenta-se como ummeio eficaz para a
única metodologia viável para trazer um mínimo de
integração entre a gestão de ocupação do solo e a
compreensão dos processos hidrogeológicos de uma
gestão dos recursos hídricos. Em especial, a análise da
região.
relação entre a diferenciação espacial atributos
Para a modelagem conceitual, Scanlon et al.
ambientais da bacia e os processo de recarga e
(2002, p. 19) referendam a classificação de unidades
descarga de aquíferos pode fornecer subsídios para o
hidrogeomórficas, propostas por Tóth (1963) e
planejamento de boas práticas para projetos agrícolas,
implementadas em vários estudos aplicados, tais como
obras de engenharia e outros usos da terra. A
Salama et al. (1994). Uma abordagem análoga, de
compreensão desses processos também é essencial para
unidades de paisagens hidrológicas, foi proposta por
uma gestão integrada dos recursos hídricos superficiais
Winter (2001) e implementada em Wolock et al.
e subterrâneos.
(2004). Tague & Grant (2004) relacionaram diversos
Entre as técnicas mais amplamente utilizadas para
padrões de recarga e descarga de aquíferos com as
análise de recarga de aquíferos, encontram-se os
características geológicas e geomorfológicas.
métodos de campo (com uso de piezômetros,
Lanni et al. (2011) ressaltam a necessidade de que
lisímetros, traçadores, entre outros) e os métodos por
a modelagem fisiográfica da infiltração da água da
inferência indireta (como balanço hídrico e avaliação
chuva inclua a avaliação da conectividade hidráulica
de hidrógrafas). O emprego de métodos de campo para
subsuperficial de forma interescalar (encosta/bacia),
grandes bacias, além de envolver custos elevados
considerando a flutuação do nível freático, umidade
quanto à rede de amostragem necessária, ainda gera
pré-chuva do solo e a descarga hídrica nas surgências e
incertezas em virtude da heterogeneidade espacial dos
cursos de água. Gharari et al. (2011) e Nobre et al.
processos hidrogeológicos. Ao passo que os métodos
(2011) exploram esse conceito em relação a critérios
indiretos, apesar de úteis para uma avaliação da recarga
geomorfométricos de altitude em relação às drenagens,
em bacias hidrográficas, ainda apresentam a lacuna de
obtendo resultados hidrológicos consistentes.
não avaliar as diferenciações dos atributos ambientais
No decorrer da modelagem conceitual preliminar,
(solo, geomorfologia e litoestratigrafia) intrabacia e
uma questão essencial é a delimitação de áreas
interbacias.
prováveis de maior potencial de recarga. Não se
Como uma etapa anterior ao emprego dos
pretende ignorar que, para um aquífero livre, toda a
métodos diretos e indiretos de estimativa de recarga,
superfície de terreno apresenta, em maior ou menor
154
Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Cienc. Nat., Belém, v. 8, n. 2, p. 153-176, maio-ago. 2013
grau, potencial de infiltração e percolação. Todavia, em
na manutenção da água disponível, tanto para
bacias de rios perenes, as áreas topograficamente mais
atividades antrópicas quanto para a manutenção dos
elevadas
processos ambientais.
em
relação
às
nascentes
geralmente
apresentam funções hidrogeológicas distintas daquelas à jusante, em especial no que diz respeito à
LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
predominância da função de recarga de aquíferos.
A bacia hidrográfica do rio Paracatu localiza-se quase
Crave & Gascuel-Odux (1997), recorrendo a modelos
integralmente na região noroeste do estado de Minas
integrados de fluxo superficial/subterrâneo e a
Gerais (Região Noroeste), com pequenas áreas de topo
validações de campo, demonstraram que as áreas
adentrando no estado de Goiás e no Distrito Federal
altimetricamente
às
(mapas das Figuras 1 e 2). A bacia possui 45.154 km2,
nascentes usualmente apresentam maior infiltração e
sendo a maior bacia dentre os afluentes diretos do rio
menor escoamento superficial, pois, em decorrência do
São Francisco.
movimento
mais
da
água
elevadas
em
relação
subterrânea/subsuperficial
Desde o ano de 1970, observa-se nessa bacia
direcionado pelo potencial hidráulico-gravitacional,
hidrográfica
constituem-se áreas com menor umidade superficial do
extensivos sistemas de irrigação (Rodriguez, 2004),
solo no momento pré-chuva e com maior profundidade
envolvendo diversos agricultores de forma associada.
da zona saturada. Dessa forma, o mapeamento focado
Caracteriza-se por uma agricultura que se utiliza de
nessas áreas torna-se um instrumento de gestão,
alto padrão tecnológico, incluindo o emprego frequente
orientando a ação conservacionista dos diversos
de pivôs circulares de irrigação. Em períodos de maior
usuários do solo e da água, planejadores públicos,
estiagem, chegou-se não raras vezes a conflitos locais
comitês de bacia, entre outros atores.
entre os agricultores pelos recursos hídricos escassos
O objetivo deste artigo é propor uma metodologia
o
estabelecimento
progressivo
de
(Pruski et al., 2007).
que exponha, cartograficamente, as áreas mais favoráveis para a recarga de aquíferos. Conseguinte, os
CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA E
objetivos específicos deste artigo são: estabelecer um
HIDROGEOLÓGICA
método de estudo adequado para tratar com os topos do
Com base nos dados das estações pluviométricas e
relevo como uma das formas de se averiguar a
climatológicas
favorabilidade de ocorrência de recarga de aquíferos
(1996) e por Nunes & Nascimento (2004) é possível
subterrâneos em condições de drenagens efluentes;
deduzir uma forte correlação espacial entre os atributos
avaliar o caso do Vale do Paracatu, bacia SF-7, como
climáticos. Essa correlação se dá em concordância com
estudo aplicado; comprovar a utilidade prática desse
os aspectos de gênese climática, especialmente em
método como uma das formas de se tratar a questão das
virtude de a pluviosidade ser controlada pelas correntes
recargas, pesquisando-as qualitativamente em áreas
de ar perturbadas por sistemas climáticos a oeste,
amplas.
originadas
Os
resultados
aplicados
dessa
por
apresentados
linhas
de
por
RURALMINAS
instabilidade
tropical
metodologia
(RURALMINAS, 1996). As linhas de instabilidade se
apresentam utilidade premente para a gestão integrada
formam por depressões barométricas induzidas de
dos recursos hídricos, visto que o manejo de
dorsais de alta pressão (Gamache & Houze Junior,
conservação do solo e da água adquire maior
1982; Dias, 1987), habitualmente sobre os Estados de
relevância na proporção em que se acentua seu papel 155
Cartographic methodology for assessing aquifer recharge potential: a case study of the Paracatu river basin, Brazil
Figura 1. Mapa de localização da bacia do rio Paracatu.
Mato Grosso e Goiás, deslocando-se em rajadas de
décimos em João Pinheiro e Bonfinópolis de
vento para o oeste de Minas Gerais. Tais dados
Minas;
condizem com os ventos predominantes na direção E e
- as taxas de evapotranspiração potencial são
NE para a bacia (RURALMINAS, 1996).
crescentes, de 1.000mm para 1.350mm;
Em virtude do número de estações pluviométricas
- as taxas de evapotranspiração real são crescentes,
ser mais bem distribuído que o de estações
com 823,9mm em Cabeceira Grande e com
climatológicas, essa variação especial dos atributos
1.036,2mm em Cachoeira Paredão;
climáticos pode ser observada de forma integrada pelo
- o excesso hídrico diminui (na estação úmida), com
mapa de pluviosidade (Figura 3). Dessa forma,
738,3mm em Guarda-Mor e com 143,5mm em
Vasconcelos et al. (2012), analisando os dados
Porto Alegre (distrito próximo à foz da bacia);
climatológicos de Ruralminas (1996), detectaram que,
- o déficit hídrico aumenta (na estação seca), com
partindo dos limites das cabeceiras a noroeste, oeste e
132,1mm em Guarda-Mor e com 498,5mm em
sudoeste, seguindo na direção das sub-bacias a leste e
Porto Alegre.
da
Apresentam-se, nas figuras 4, 5, 6, 7 e 8, os mapas
foz
a
nordeste,
constatam-se
as
seguintes
tendências:
de altimetria, declividade, solos, geomorfologia e
- a temperatura média anual aumenta em apenas 2ºC
tipologia de aquíferos. A seguir, são explorados os
(de 22°C a 24°C), obedecendo a controle
principais aspectos desses atributos ambientais e suas
topográfico,
relações com os processos hidrogeológicos.
sem
variações
latitudinais
significativas;
Por meio do método gráfico de Barnes (1939), a
- a umidade relativa do ar média anual aumenta, de
Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais
69% para 79,4%;
(CETEC, 1981) estimou que, para a bacia do rio
- a insolação média anual é crescente, com 2.106,8
Paracatu, em diferentes pontos, há uma contribuição de
horas na cidade de Paracatu e com 2.596,1 horas
32% a 48% dos aquíferos para a manutenção da vazão
na cidade de João Pinheiro;
dos cursos d’água. Essa contribuição aumenta na
- a nebulosidade é decrescente; com média de 5,7
medida em que o curso d’água apresenta mais áreas de
décimos de céu descoberto em Paracatu e 5,2
recarga de arenitos cretácicos e de sedimentos de
156
Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Cienc. Nat., Belém, v. 8, n. 2, p. 153-176, maio-ago. 2013
cobertura
–
que
reduzida ou praticamente nula, quando comparada aos
a
aquíferos granulares supracitados. Ramos & Paixão
caracterização como áreas favoráveis para recarga. Em
(2004) também destacam a importância dos aquíferos
contrapartida, esses cálculos consideraram que a
sedimentares porosos para a perenização dos rios da
infiltração e contribuição proveniente das formações
bacia do São Francisco.
fundamenta
detrito-laterítica a
escolha
dessas
observação áreas
para
fraturadas e cársticas do aquífero Bambuí seria muito
Figura 2. Mapa Hidrográfico da bacia do rio Paracatu
157
Cartographic methodology for assessing aquifer recharge potential: a case study of the Paracatu river basin, Brazil
10m, embora excepcionalmente alcancem 30 metros (RURALMINAS, 1996, R3, v. 3, p. 10), havendo registro de até 80 metros (Mourão, 2001). As áreas de descarga principais situam-se ao sopé das elevações, ao longo do flanco ou rebordo das chapadas (Figura 9), no contato do aquífero poroso com o substrato impermeável. A superfície do aquífero freático obedece a um acentuado controle topográfico, com linhas de fluxo convergentes em direção aos drenos principais, indicando que os cursos d’água principais têm caráter efluente, ou seja, recebem contribuições das águas subterrâneas (CETEC, 1981, p.
Figura 3. Mapa de Isoietas de precipitação anual média na bacia
105).
do Rio Paracatu (em mm).
Os aquíferos sedimentares terciário-quaternários
As unidades geológicas das formações Areado e por
mais recentes, que se localizam nas planícies de
aquíferos livres que fornecem significativa quantidade
baixada da bacia do rio Paracatu (Depressão São
de água por meio de fontes de encosta (CETEC, 1981,
Franciscana),
p. 102). São formadas por arenitos espessos (até 140
permeabilidade do Grupo Bambuí; é observada
metros) e repousam diretamente sobre substrato
frequentemente a exsudação na área de contato entre
impermeável
Eo-
essas duas litologias (CETEC, 1981, p. 104; Mourão,
Cambriano) (CETEC, 1981, p. 102-104). Entretanto, as
2001). Pela geomorfologia predominante de superfícies
mesofraturas subjacentes identificadas na formação
de aplainamento desse sistema aquífero (Andrade,
Bambuí podem aumentar a complexidade desses
2007), pode-se supor a existência de fluxos de base
aquíferos
através
aquíferos
locais e regionais, quando se verifica uma conexão
granulares
com
sotopostos
hidráulica entre esses aquíferos e os rios – dessa forma,
(Martins Junior et al., 2006). A formação Mata da
os aquíferos funcionam como reguladores das vazões
Corda, com até 100 metros de espessura, também
desses cursos d’água (CETEC, 1981, p. 105). Seu
forma aquífero poroso, sobreposto à formação Aerado
potencial de armazenamento de água é menor que nos
(RURALMINAS, 1996).
demais aquíferos porosos da bacia, em virtude da
Urucuia
(Período
do
Cretáceo)
grupo
da
caracterizam-se
Bambuí
combinação
aquíferos
(Período
de
fraturados
pouca
Morfologicamente, os aquíferos porosos de
recobrem
espessura
–
os
em
pelitos
média
de
de
5
baixa
metros
(RURALMINAS, 1996, R3, v. 3, p. 10, 40 e 44).
cobertura terciário-quaternária mais antiga jazem sob
Os
parte dos Planaltos Residuais do São Francisco,
litossomas
fissurados
correspondem
formando superfícies tabulares em cotas acima de
especialmente aos Grupos Bambuí e Canastra; e pelas
900m (Andrade, 2007). Na bacia do rio Paracatu, trata-
formações Paracatu, Vazante e Paranoá. Caracterizam-
se de superfícies tabulares pouco retrabalhadas, com
se por apresentar permeabilidade de fissuras e
praticamente ausência de drenagem, o que caracteriza
diáclases.
uma
armazenamento e circulação hídrica depende da
espessa
camada
sedimentar
com
elevada
A
potencialidade
continuidade
e
destas
rochas
interligação
para
capacidade de infiltração potencial (CETEC, 1981, p.
extensão,
dos
105). Esses aquíferos possuem espessura média de
fraturamentos, bem como da abertura ou volume de vazios no interior dessas estruturas. As possibilidades
158
Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Cienc. Nat., Belém, v. 8, n. 2, p. 153-176, maio-ago. 2013
de infiltração direta de água nestas rochas-reservatório
capeamento
a partir das águas pluviais são reduzidas, dado que as
quaternário, bem como pelos pontos de coincidência
descontinuidades
fratura-drenagem, ou seja, através dos leitos dos cursos
de
fraturas
constituem
feições
sedimentar
cretáceo
relativamente localizadas (Mourão, 2001). A recarga se
d’água
dá pela infiltração vertical descendente através da
(RURALMINAS, 1996, R3, v.3, p. 44).
camada de solo ou de infiltração mais profunda do
Figura 4. Mapa altimétrico da bacia do rio Paracatu
159
controlados
por
direções
e
terciário-
de
fratura
Cartographic methodology for assessing aquifer recharge potential: a case study of the Paracatu river basin, Brazil
Figura 5. Mapa de declividade na bacia do rio Paracatu
160
Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Cienc. Nat., Belém, v. 8, n. 2, p. 153-176, maio-ago. 2013
Figura 6. Mapa de distribuição de solos na bacia do rio Paracatu
161
Cartographic methodology for assessing aquifer recharge potential: a case study of the Paracatu river basin, Brazil
Figura 7. Mapa geomorfológico na bacia do rio Paracatu
162
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Figura 8. Mapa de tipologia de aquíferos na bacia do rio Paracatu
Figura 9. Áreas de descarga da formação das superfícies tabulares de altitude, na bacia do Paracatu. Projeto de Assentamento XV de Novembro (Ferreira Neto, 2005, p. 14).
163
Cartographic methodology for assessing aquifer recharge potential: a case study of the Paracatu river basin, Brazil
Os aquíferos cársticos da bacia do Paracatu correspondem
predominantemente
a
em relação aos atributos fisiográficos que conferem
áreas
favorabilidade aos processos de recarga de aquíferos.
geomorfológicas de cristas e vertentes encaixadas
Por fim, são utilizadas
ponderações sobre os
(Andrade, 2007) de declividade acentuada. Como se
parâmetros fisiográficos, para elaborar a mapeamento
distribuem pela Zona de Deformação das Cristas de
de um índice qualitativo da favorabilidade geral de
Unaí, submetida a forte tectonismo (falhamentos de
recarga.
empurrão, falhas transcorrentes e estruturas de
Partiu-se da informação altimétrica dos pontos de
dobramentos), admite-se um alto grau de fraturamento.
surgência, de modo a demarcar a linha de transição
Ademais, a presença de dolinas, cavernas e sumidouros
entre o predomínio dos processos de recarga e os de
indica um desenvolvimento endocárstico. Em vista
descarga de aquíferos. Os pontos de localização das
disso, pressupõe-se que tais aquíferos possam permitir
surgências foram locados a partir da base de
um fluxo hidrogeológico significativo. Todavia, em
cartográfica do IBGE (1971), em escala de 1:100.000,
função da expressividade do escoamento em dutos
sendo um total de 5.413 surgências (8,34 por km2). A
inerentes às formas cársticas evoluídas, seus aquíferos
altimetria de cada ponto foi obtida pela interpolação
apresentariam coeficiente de recessão mais acentuado,
das curvas de nível e pontos altimétricos de um
esgotando-se mais rapidamente e provendo, pois,
Modelo de Elevação Hidrologicamente Consistente -
menos água às nascentes durante o ápice do período de
MEDHC. O MEDHC foi elaborado com base no
estiagem.
tratamento da topografia SRTM (JARVIS et al., 2008)
Os aquíferos de depósitos aluviais do quaternário
e da hidrografia da carta de 1:100.000 do IBGE (1971),
são encontrados de forma generalizada ao longo da
recondicionados com a extensão Hydrotools para
rede de drenagem, nas planícies de inundação e
ArcGis 10 e com os algoritmos de pré-processamento
terraços. Constituem zonas ativas de troca de água,
do software Saga 2.0.8.
recebendo recarga dos rios nos períodos de águas altas,
A altimetria de cada nascente serviu de base para
com restituição nos períodos de estiagem (Mourão,
a elaboração de um plano tridimensional com a
2001).
interpolação geoestatística por krigagem ordinária gaussiana com 2 a 5 vizinhos por quadrante (45o). O
Nas áreas de transição entre os planaltos residuais e a depressão são franciscana, na bacia do Paracatu,
método de krigagem, bem como seus parâmetros,
dominam as feições geomorfológicas retrabalhadas de
foram escolhidos e otimizados interativamente pelo
colinas e vertentes, onde assume-se o papel
algoritmo da extensão Geostatistical Analyst, do
hidrogeológico de áreas de transiência (ou áreas de
programa ArcGis 10.1. Esse plano krigado foi
transporte). Não obstante, cabe lembrar que toda
subtraído do modelo de elevação digital por álgebra de
superfície com manto de intemperismo contribui em
mapas, tendo como produto as áreas altimetricamente
parte para a recarga dos aquíferos freáticos.
mais elevadas em relação às nascentes. O
funcionamento
geral
dos
sistemas
MATERIAIS E MÉTODOS
hidrogeológicos e das principais áreas de recarga
A metodologia proposta compreende três etapas
ocorrentes no vale do São Francisco e do noroeste de
principais. Na primeira etapa, são delimitadas as áreas
Minas Gerais são apresentados nos estudos do
altimetricamente
às
Planoroeste II (CETEC, 1981) e em Ramos & Paixão
nascentes. Em seguida, essas áreas são caracterizadas
(2004). O estudo mais regionalizado das zonas de
mais
elevadas
em
relação
recarga da bacia do Paracatu foi realizado por
164
Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Cienc. Nat., Belém, v. 8, n. 2, p. 153-176, maio-ago. 2013
RURALMINAS (1996) e Martins Junior (2009). Esses
Nunes & Nascimento (2004). A cartografia de
estudos foram importantes por indicar quais unidades
pluviometria foi obtida por meio da soma das bases de
geoambientais
litoestratigrafia,
pluviosidade do semestre seco e do semestre chuvoso,
geomorfologia, pedologia e pluviometria) serão mais
de Nunes & Nascimento (2004), interpoladas pelo
importantes para recarga dos aquíferos da bacia do
método do vizinho natural.
(conjugando
Paracatu. Como base nos estudos supracitados, adotou-
A partir das bases cartográficas disponíveis,
se a seguinte tipologia que caracterizaria a maior
elaborou-se um índice ponderado de favorabilidade de
favorabilidade à recarga de aquíferos localizados em
recarga dos aquíferos. O método escolhido foi o da
áreas altimetricamente mais elevadas em relação às
modelagem baseada em conhecimento, consistindo no
nascentes dessa bacia:
acesso a especialistas e à bibliografia consolidada.
- Litoestratigrafia: aquíferos porosos.
Desse modo, a ponderação mescla um ordenamento
- Geomorfologia: áreas tabulares aplainadas formadas
qualitativo a um quantitativo. Foram tomados como
por processos de pedimentação.
base os mapeamentos de litoestratigrafia e pedologia
- Pedologia: neossolos quartzarênicos.
(Martins
Junior,
2006),
pluviosidade
(Nunes e
Com o cruzamento (overlay) entre as bases
Nascimento, 2004), declividade, da altimetria obtida
cartográficas de litoestratigrafia, geomorfologia e
por radar do projeto SRTM (JARVIS et al., 2008),
pedologia, é possível mapear todas as formas de
diferença altimétrica em relação ao nível de nascentes e
combinações (sobreposições) entre essas diferentes
altitude em relação ao curso d’água à jusante, com base
características favoráveis à recarga. Dessa forma, os
no SRTM e na hidrografia do IBGE (1971).
locais em que ocorra a favorabilidade concomitante
Foi utilizado o software Saga 2.0.8 para o cálculo
entre as três bases cartográficas seriam as áreas de
da diferença altimétrica em relação ao curso d’água à
maior potencial para a recarga dos aquíferos. Por
jusante, aplicando-se o algoritmo descrito em Rennó et
conseguinte,
al. (2008).
as
áreas
com
sobreposição
de
favorabilidade de duas bases cartográficas (dentre as
As classes de solo foram ordenadas em função de
três utilizadas) teriam um potencial de recarga maior
sua drenagem, de acordo com a tipologia proposta pela
do que as áreas com favorabilidade em apenas uma das
Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (Santos et al.,
bases cartográficas. Por fim, as áreas situadas
2005), a partir dos dados primários do levantamento de
altimetricamente
solo da região (CETEC-MG, 1981).
mais
elevadas
em
relação
às
nascentes, e que não apresentam nenhum dos atributos
Desse modo, a ordenação de drenagem dos solos
favoráveis anteriormente citados, seriam as de menor
para a bacia do Paracatu, do mais bem drenado para o
potencial para a recarga dos aquíferos.
menos
Com
a
digitalização
da
litoestratigrafia,
drenável,
foi:
neossolos
quartzarênicos,
latossolos, cambissolos, solos de horizonte B textural,
geomorfologia e pedologia da região por Martins
neossolos
Junior (2006), a partir das bases do Planoroeste II
litoestratigráficas, por sua vez foram agrupadas em
(CETEC, 1981), tornou-se possível a caracterização
aquíferos
cartográfica das áreas de recarga em escala de detalhe
sedimentares rasos, cársticos, cársticos-fraturados e
de 1:250.000. Os produtos cartográficos foram
fraturados, assim ordenadas da mais relevante para a
cotejados aos dados das estações climatológicas e
menos relevante, em relação à capacidade teórica de
pluviométricas, presentes em RURALMINAS (1996) e
recarga do fluxo subterrâneo. 165
litólicos,
gleissolos.
sedimentares
As
profundos,
classes
aquíferos
Cartographic methodology for assessing aquifer recharge potential: a case study of the Paracatu river basin, Brazil
Para os tipos de solo, a referência balizadora foi o
altimétrica em relação às nascentes e aos cursos de
sistema Hydrology of Soil Types – HOST – (Boorman
água, com base nos critérios altimétricos utilizados por
et al. 1995), adotado pelo Reino Unido, conjugando
Rennó et al. (2008) e Gharari et al. (2011), classificada
estimativas quantitativas aos critérios de drenagem de
nos termos de recarga, transigência e descarga (Souza e
solos, profundidade permanente ou sazonal do aquífero
Fernandes, 2000). As ponderações tomaram por base
freático e presença de camada impermeável ou
estudos extensivos realizados em encostas, referentes a
semipermeável. Para uso no Brasil, realizamos a
padrões de condutividade hidráulica (Lewis et al.,
correspondência entre a tipologia HOST e o Sistema
2011), umidade superficial pré-chuva (Crave e
Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA,
Gascuel-Odoux, 1997; Famiglietti et al., 1998; Brocca
1999) levando em conta as taxas de infiltração típicas
et al., 2007) e profundidade do nível freático (Nobre et
para essas classes de solo (Rocha & Daltrozo 2008;
al., 2011).
Mendonça et al. 2009; Rawls et al. 1982; Bouwer,
As ponderações são apresentadas no Quadro 1.
1999) e as estimativas de coeficientes que relacionam
Para a pluviosidade, a ponderação se deu diretamente
as taxas de escoamento superficial (Carvalho 2009).
na
Estes últimos coeficientes também foram utilizados
interpolada para cada quadrícula raster.
como referência para a influência da declividade na
da
precipitação
(em metros/ano)
O critério de cálculo de totais parciais se dá por
recarga dos aquíferos.
multiplicação dos índices de cada atributo. A
Quanto à influência do potencial do aquífero (classes
estimativa
consideradas,
recomendações de Clarke (2009), Tucci (2009) e
preliminarmente, as regressões de litoestratigrafia
Naghettini e Pinto (2007) para a modelagem
sobre fluxo de base de Bloomfield et al. (2009),
hidrogeológica e hidrológica. Parte-se do pressuposto
complementadas pelas estimativas de vazão de poços
teórico de que se modela um fluxo contínuo de água
em diversos sistemas de rochas portadoras de aquíferos
(da precipitação à surgência), que será potencializado
(Rebouças 2008, p. 23-26; Mente 2008, p. 38-47).
ou restringido quantitativa e qualitativamente pelas
Foi
litoestratigráficas),
utilizada
a
foram
modelagem multiatributo por multiplicação segue as
abordagem
de
unidades
características ambientais, incluindo efeitos iterativos
hidrológicas de paisagem para tratar a diferença
(USEPA, 1986).
166
Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Cienc. Nat., Belém, v. 8, n. 2, p. 153-176, maio-ago. 2013
Quadro 1 – Ponderação dos atributos utilizados para avaliar a Drenagem de Solos e o Potencial de Recarga de Aquíferos Neossolos Quartzarênicos
6 Aquíferos porosos profundos 3 Plano 0-3% 2,5
Abaixo de -5 metros Descarga 0,7 Abaixo de 10 metros Descarga 0,7
Solos (drenagem) Cambissolos Neossolos litólicos Solos de horizonte B textural ou plíntico 2,5 1 0,6 Litoestratigrafia (recarga do aquífero) Aquíferos porosos Carste Cárstico/fissurado rasos 2,2 1,4 1,1 Declividade (infiltração) Suave-Ondulado Ondulado Forte-Ondulado 3-8% 8-20% 20-45% 1,5 1 0,5 Pluviosidade Metros de chuva / ano. Altitude em relação ao nível de nascentes De -5 a 5 metros De 5 a 20 metros Flutuação do contato freático Transiência 0,85 1,6 Altitude em relação ao curso d’água de jusante De 10 a 20 metros De 20 a 40 metros Flutuação do contato freático Transiência 0,85 1,6 Latossolos
Solos hidromórficos e aluviais 0,3 Fissurado 0,7 Escarpado > 45% 0,25
Acima de 20 metros Recarga 2,25 Acima de 40 metros Recarga 2,25
Os mapas das unidades de paisagem hidrológica
RESULTADOS E DISCUSSÃO O resultado da delimitação da favorabilidade de
referentes à diferença altimétrica relacionada às
recarga de aquíferos pode ser observado na Figura 10.
nascentes e aos cursos d’água estão nas Figuras 11 e
Essa
parâmetros
12. A classificação da diferença altimétrica em relação
otimizados pela interpolação por krigagem, junto aos
aos cursos d’água mostrou-se mais adaptada ao
mapas da interpolação e de seu desvio-padrão de
microrrelevo da bacia, enquanto a diferença altimétrica
predição, bem como um mapa auxiliar que extende a
em relação às nascentes mostrou-se mais adaptada ao
caracterização para toda a área da bacia.
macrorrelevo da bacia. O pareamento dos valores
figura
também
apresenta
os
A caracterização da favorabilidade de recarga da
ponderados dos dois critérios topográficos está na
Figura 10 apresenta apenas o potencial dos atributos de
Figura 13, transmitindo a informação pareada das duas
solo, rocha e geomorfologia. Para uma noção mais
formas de abordagem.
acurada da recarga efetiva dos aquíferos, é preciso
A análise do potencial conjugado das diferenças
contrapor esse mapa à distribuição espacial dos
altimétricas relativas com os fatores de solo, geologia,
parâmetros climáticos da bacia hidrográfica. Nesse
relevo, pluviosidade pode ser avaliado pelo índice de
aspecto, apesar de as características pedológicas,
favorabilidade de recarga, da Figura 14. Os resultados
geomorfológicas e geológicas indicarem que as áreas
ainda mostram a maior favorabilidade da recarga nas
mais favoráveis encontrar-se-iam a leste da bacia, os
bordas da metade leste da bacia, embora se destaquem
parâmetros climáticos são mais favoráveis à recarga
também os potenciais nas chapadas ao sul da bacia e
dos aquíferos na região oeste da bacia.
nos planaltos a noroeste.
167
Cartographic methodology for assessing aquifer recharge potential: a case study of the Paracatu river basin, Brazil
Figura 10. Mapa de caracterização de áreas com Favorabilidade de Recarga na bacia do Rio Paracatu. As cores das classes de favorabilidade se aplicam tanto ao mapa com as áreas mais elevadas em relação às nascentes quanto ao mapa geral para toda a área da bacia. 168
Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Cienc. Nat., Belém, v. 8, n. 2, p. 153-176, maio-ago. 2013
Figura 11. Mapa de distribuição das unidades hidrológicas de paisagem com referência à diferença altimétrica em relação às nascentes.
169
Cartographic methodology for assessing aquifer recharge potential: a case study of the Paracatu river basin, Brazil
Figura 12. Mapa de distribuição das unidades hidrológicas de paisagem com referência à altitude em relação ao curso d’água de jusante.
170
Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Cienc. Nat., Belém, v. 8, n. 2, p. 153-176, maio-ago. 2013
Figura 13. Mapeamento do Índice resultante da ponderação entre as unidades hidrológicas de paisagem de diferença altimétrica em relação ao nível das nascentes e ao curso d’água de jusante.
171
Cartographic methodology for assessing aquifer recharge potential: a case study of the Paracatu river basin, Brazil
Figura 14. Mapa de potencialidade de recarga dos sistemas aquíferos nas áreas altimetricamente mais elevadas em relação às nascentes da bacia do rio Paracatu. As cores das classes de favorabilidade se aplicam tanto ao mapa com as áreas mais elevadas em relação às nascentes quanto ao mapa geral para toda a área da bacia.
172
Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Cienc. Nat., Belém, v. 8, n. 2, p. 153-176, maio-ago. 2013
Sem embargo, os mapeamentos das Figuras 10 e
evidenciar a variabilidade espacial dos fatores que
14 demonstram uma diversidade da favorabilidade da
envolvem a favorabilidade da recarga dos aquíferos no
recarga em toda a bacia, tornando possível selecionar
estudo de caso proposto. A delimitação das áreas
as áreas mais favoráveis para cada região, inclusive as
altimetricamente
localizadas nas áreas onde ocorram os maiores
nascentes, pelo método de krigagem, seguida de sua
conflitos pelo uso da água, conforme as demandas para
caracterização por atributos de favorabilidade de
a gestão dos recursos hídricos. Em uma perspectiva de
recarga de aquíferos, cotejada ainda pelos dados
planejamento territorial, empreendimentos com maior
climatológicos, evidencia que a recarga de aquíferos
uso de água subterrânea poderiam ser instalados
não pode ser encarada como indistinta em sua
preferencialmente
recarga,
distribuição espacial na bacia hidrográfica.Em virtude
assegurando a sustentabilidade das reservas hídricas.
da cobertura extensiva de hidrografia e altimetria do
No caso da bacia do Paracatu, as áreas de maior
IBGE e da altimetria SRTM para o território brasileiro,
recarga que estejam localizadas sobre aquíferos
a delimitação das áreas altimetricamente mais elevadas
porosos profundos também são a que apresentariam,
em relação às nascentes pela técnica de krigagem
teoricamente, a maior capacidade de armazenamento.
apresenta-se com fácil replicabilidade para as demais
Nessas áreas de maior favorabilidade de recarga,
bacias
também potencializam-se os efeitos das ações de
identificar as áreas de provável maior recarga. Destaca-
manejo do solo e das águas, tais como barragens de
se a inovação da análise conjugada da altimetria em
retenção e infiltração de águas pluviais, plantio direto
relação às nascentes e aos cursos d'água, criando um
e/ou em nível, terraceamento, entre outros.
indicador topográfico unificado dos processos de
nas
áreas
de
maior
Salienta-se que o trabalho de identificação e delimitação dessas áreas foi baseado em estudos de
mais
hidrográficas,
elevadas
como
em
passo
relação
inicial
às
para
recarga e descarga que incorpora as informações dos dois critérios de diferença altimétrica relativa.
referência, dados secundários, análise cartográfica e
A caracterização dos atributos favoráveis à
técnicas de geoprocessamento. Para uma caracterização
recarga emprega mapeamentos temáticos básicos
mais precisa das áreas de recarga seriam necessários
usualmente
estudos hidrogeológicos mais detalhados, com maior
hidrográficas, especialmente as que já possuem plano
abundância de dados primários, provenientes de
diretor
estudos de perfuração de poços, traçadores e análises
favoráveis, a serem utilizadas para destaque no
químicas das águas superficiais e subterrâneas (Arraes,
mapeamento, podem ser readaptadas conforme a
2008). Esses dados necessitariam ser conjugados a
cartografia disponível e o contexto hidrogeológico de
estudos mais detalhados de geologia estrutural, linhas
cada bacia. Neste exemplo, a base de declividade,
de potencial piezométrico, identificação de fácies
extraível da topografia, pôde ser usada em substituição
hidrogeoquímicas de águas superficiais e subterrâneas,
ao mapeamento geomorfológico. Essa flexibilidade
bem como balanços hidroclimatológicos. Tais estudos
apresenta-se como um dos pontos fortes para potencial
poderiam identificar e quantificar melhor os prováveis
replicabilidade da metodologia aqui proposta.
fluxos das águas subterrâneas.
de
disponíveis
bacia.
para
Inobstante,
diversas
as
bacias
características
O método cartográfico proposto também é valido para aplicação em diversas escalas de análise,
CONCLUSÕES
bastando, como pressuposto, a existência de bases
A metodologia apresentada mostrou-se capaz de
cartográficas planialtimétricas e temáticas em escala
173
Cartographic methodology for assessing aquifer recharge potential: a case study of the Paracatu river basin, Brazil
compatível com a área de estudo proposta, seja para
JUNIOR, 2012) que possibilitaram a realização deste
perspectiva regional, seja para perspectiva de detalhe.
artigo. Este artigo vincula-se aos trabalhos de
Os resultados obtidos para a bacia do rio Paracatu demonstraram
que,
embora
ressalve-se
que
doutoramento do Programa de Pós-Graduação em
as
Evolução
Crustal
e
Recursos
Naturais,
do
características climatológicas mais favoráveis à recarga
Departamento de Geologia da Escola de Minas da
encontrem-se a oeste, a favorabilidade dos atributos de
Universidade Federal de Ouro Preto. Agradecimentos
recarga é mais acentuada na porção leste da bacia –
pessoais a Prof. Dra. Leila Nunes Menegasse
legando às chapadas ao sul da bacia e aos planaltos a
Velásquez,
noroeste uma posição de importância intermediária.
Universidade Federal de Minas Gerais, pela revisão
Os produtos cartográficos servem como subsídio relevante
para
a
gestão
territorial
do
Departamento
de
Geologia
da
prévia e sugestões de aprimoramento ao artigo.
sustentável,
abarcando a gestão hídrica, ambiental e econômica em
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