METODOLOGIA DE PROJETOS NA FORMAÇÃO DE BIÓLOGOS E OCEANÓGRAFOS EM UNIVERSIDADES NO RIO DE JANEIRO, BRASIL. Application of Project Methodology in the Formation of Biologists and Oceanographers in Universities located in Rio de Janeiro, Brazil

June 8, 2017 | Autor: Alexandre G. Pedrini | Categoria: Research Methodology
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Congresso Universidad, 2016, Havana (Cuba), 15-19 de fevereiro de 2016.

METODOLOGIA DE PROJETOS NA FORMAÇÃO DE BIÓLOGOS E OCEANÓGRAFOS EM UNIVERSIDADES NO RIO DE JANEIRO, BRASIL.

Application of Project Methodology in the Formation of Biologists and Oceanographers in Universities located in Rio de Janeiro, Brazil.

Alexandre de Gusmão Pedrini (Professor Associado) Laboratório de Ficologia e Educação Ambiental, Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rua São Francisco Xavier, 524, Pavilhão Haroldo Lisboa da Cunha, sala 525/1, CEP 20.550-220, Maracanã, Rio de Janeiro, RJ, Brasil; [email protected]; Docente Credenciado do Mestrado de Formação Científica para Professores de Biologia do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.

Resumo

Esse trabalho relata resultados da aplicação da metodologia de projetos no ensino de botânica marinha em dois cursos de graduação. Um de Ciências Biológicas e outro de oceanografia no Brasil. A metodologia de projetos foi desenvolvida, tendo por base o aprendizado do método científico, através do conteúdo de taxonomia de botânica marinha. Foram formulados cerca de 500 trabalhos na universidade privada e 580 na pública. Os trabalhos foram em grupos de 2-4 alunos. O objetivo foi inventariar taxonomicamente a flora ficológica bentônica preliminar de um ecossistema marinho ou estuarino do litoral do Rio de Janeiro e estados próximos. Os alunos foram da disciplina de Botânica VIII (Algologia) do curso de Ciências Biológicas da Universidade Santa Úrsula de 1975-1999. Ela foi oferecida com cerca de 60 alunos por duas vezes ao ano. A outra disciplina foi de Fundamentos de Biologia III (conteúdo Botânica) do curso de oceanografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro de 1981-2015. Ela foi oferecida uma vez ao ano com cerca de 50 alunos. Um miniprojeto foi formulado com cada grupo e ensinada a metodologia específica. O aluno planejou a amostragem, a fez, acondicionou as amostras e pode analisá-las. Organizou os dados em tabelas, alimentou planilhas, formulou gráficos e redigiu o relato em moldes científicos e apresentou a turma. Vários alunos decidiram submeter o trabalho para publicação e conseguiram publicá-lo. Foram tanto como resumo simples, estendido ou trabalho completo de evento e como artigo de periódico. Os alunos sempre elogiaram a adoção da metodologia de projetos. Palavras-Chaves: metodologia de projetos, biologia, oceanografia, universidade.

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Abstract This project reports results of the application of project methodology to the teaching of Marine Botany in two undergraduate courses in Brazil. One course is of Biological Sciences and the other, Oceanography. The project methodology was developed with the learning of scientific method as a base for the content of marine botanical taxonomy. Approximately 500 assignments were developed in a private university and 580 in a public university. The assignments happened in groups of 2-4 students and the objective was to preliminary taxonomic survey of benthic phycological flora of a marine or estuarine ecosystem off the coast of Rio de Janeiro and nearby states. The students came from Botany VIII (Algology) of the Biological Sciences course at Santa Úrsula University (between 1975 and 1999) which was offered twice a year to 60 students at a time and from Biological Fundamentals III (Botany) of the Oceanography course at Rio de Janeiro State University (between 1981 and 2015), which was offered once a year for 50 students at a time. A mini-project was developed with each group and specific methodology for each project was taught. Students planned and executed the sample collection, stored the samples and analyzed them. They organized the data in tables, spreadsheets and graphs, wrote the report according to scientific norms and presented it in class. Many students submitted and published the projects as simple abstracts, extended abstracts and full works at events as well as articles in scientific periodicals. Students have always praised the adoption of project methodology. Key-Words: Project Methodology; Biology; Oceanography; University. 2

Introdução

A metodologia por projetos (MP) nasceu no século dezesseis, segundo Knoll (1997) como estratégia de ensino nos cursos de arquitetura do continente europeu. Ao longo do tempo ele foi sendo apropriado por diferentes correntes pedagógicas e campos do conhecimento humano, chegando até hoje em dia. Segundo Knoll (op. cit.) essa abordagem foi aperfeiçoada pelo filósofo William H. Kilpratrick pela obra “The Project Method”. Seguiram-se contribuições de John Dewey, dentre outros. No pós-guerra esse método renasceu como um modo de contribuir para soluções consistentes na vida escolar com a intenção de ser um método pedagógico da educação para a democracia. Ele pretende então considerar a realidade do aluno que passe a ser protagonista na solução de problemas do seu contexto através da formulação de um projeto. A perspectiva paradigmática pedagógica de Paulo Freire (2007) prevê que o docente enquanto mediador da aprendizagem do aluno precisa convidá-lo para o ato pedagógico. O aluno como ente singular deve se articular com seu cotidiano e o docente-facilitador considerar seus desejos e experiência.Com a participação do aluno na seleção de que trabalho e local ele pretenda desenvolver seu trabalho esse protagonismo é alcançado pelo aluno. Ele pode então iniciar-se no seu papel cidadão de sujeito crítico cumprindo seus deveres e exercendo seus direitos. Pode

então perceber que a relação do homem com o ambiente é regulada pelo governo e mediada pelo ator econômico. E poderá superar, caso ainda a tenha, a percepção ingênua de que as relações entre a natureza e o homem não são as ideais. Que o modelo capitalista ao qual estamos submetidos, entende que a natureza é um recurso inesgotável. Não consegue aprender que a natureza é um bem da humanidade a ser cuidadosamente cuidado, utilizado, reutilizado e recuperado permanentemente (Jacobi, 2005). A metodologia por projeto também tem sido adotada no ensino da Biologia. Krasilchik (2011) apresenta a metodologia de projetos como uma das modalidades que recomenda para o ensino de biologia no ensino médio brasileiro. Destaca como características primordiais dessa abordagem: a) desenvolvimento da iniciativa, b) capacidade de decisão, c) persistência na execução de uma tarefa. Caberia ao docente grande responsabilidade de orientação, que nessa abordagem teria que ser frequente. Porém, a autora considera que a competição entre os grupos que realizariam a mesma missão um problema a se considerar. Porém, ela considera essa metodologia adequada para ser desenvolvida quando o contexto escolar oferecer condições de trabalho experimental. Dentre as possibilidades de ser adotada a MP ela mencionou o levantamento da flora. Outro autor importante é Bozzato (2015) que identificou que a metodologia de projetos possibilita: a) a diversificação do trabalho; b) utilização de temáticas chamativas; c) necessidade de engajamento com outras disciplinas, d) intensificação de utilização da pesquisa; e) comprometimento com as atividades desenvolvidas; f) melhoria na convivência entre os sujeitos envolvidos; g) maior autonomia; h) construção de conhecimentos, i) contextualização dos conteúdos, j) trabalhar interdisciplinarmente; k) ampliar os espaços de aprendizagem, l) motivação para qualificação e mudanças no perfil do aluno e do professor. Bizzo (2007) salienta a importância do trabalho cooperativo. O grupo pode estimular a aprendizagem pela possibilidade do debate entre os membros do grupo formulador. O relator do grupo pode expressar a contribuição desse grupo ao resto da turma no dia da apresentação ao resto da turma. Suas ideias quando exaradas ao resto do coletivo podem ser comparadas e ser ressignificadas. O ensino de botânica no ensino médio como no superior tem sido tema pouco interessante ao alunado. Silva e Ghilardi-Lopes (2014) evidenciaram que docentes do estado de São Paulo não abordam adequadamente a botânica no ensino fundamental por terem aprendido mal esse conteúdo na sua formação universitária. Esse relato se repete ao longo dos anos e em variados contextos. Desse modo, o ensino de Botânica demanda metodologias mais instigantes nos cursos de graduação universitários. A metodologia de projetos pode colaborar nesse sentido. Associado a essa metodologia transformadora livros didáticos seriam fundamentalmente necessários, segundo Krasilchik (2011). Mas, na área da flora marinha brasileira havia até o século vinte, em português, apenas o manual taxonômico de Joly (1967). Apenas no século vinte e um é que duas cientistas marinhas botânicas brasileiras passaram a se interessar pela produção de obras didáticas. Publicaram livros sobre a flora bentônica marinha do nordeste brasileiro

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(Soriano et al., 2009; Nassar, 2012). Em paralelo, a divulgação científica nessa especialidade também era incipiente (Pedrini, 2016). Havia apenas a obra emblemática de divulgação científica sobre a fauna das praias marinhas brasileiras de Rosa (1973). Ghilardi-Lopes et al. (2012) tendo por interesse produzir uma obra de base para seus trabalhos de educação ambiental formularam um livro contendo espécies mais comuns da flora e fauna bentônica marinha do litoral sudeste brasileiro. Porém, inexistiam manuais com chaves ilustradas no nível de gênero que pudesse alcançar toda a costa brasileira. Assim, Pedrini (2010, 2011 e 2013) apoiado por dezenas de cientistas botânicos marinhos importantes do Brasil se engajou na formulação da série Flora Marinha do Brasil. Essa série pretende apresentar aos professores das licenciaturas de biologia e ciências, além de graduandos em oceanografia e engenharia de pesca os gêneros mais comuns de macroalgas das praias brasileiras. As obras fornecem informações básicas da utilidade das principais espécies que ocorrem no Brasil e como identifica-las através de fotografias e chaves dicotômicas de identificação taxonômicas. No entanto, a maior parte dos docentes que atuam na formação de professores de biologia e ciências ou de oceanógrafos no Brasil abordam os táxons de algas nas suas aulas de modo tradicional. Ou seja, mostram apenas a morfologia de táxons que seriam emblemáticos de cada classe ou ordem taxonômica. Não mostram como se identificar taxonomicamente o exemplar. E o aluno apenas desenha o que observa de modo passivo. Outro motivo pode ser pelo fato de não serem especialistas em taxonomia da flora bentônica marinha e estuarina. Além disso, as espécies caracterizadas pela taxonomia morfológica vêm mudando muito por causa de novas abordagens como a taxonomia molecular (Oliveira e Milstein, 2010) ou a taxonomia química (Teixeira, 2010). Os docentes não especialistas não têm como acompanhar essas mudanças frequentes e complexas. Isso geralmente ocorre quando o docente não domina o conteúdo de algas marinhas, mesmo que seja ficólogo, porém de microalgas. Porém, a MP é uma abordagem de fácil aplicação, mas ainda de grande desconhecimento pelos docentes brasileiros. Ela, de fato, demanda uma maior qualificação científica dos docentes e livros-manuais atualizados. Porém, essas dificuldades podem ser minimizadas com relatos práticos como o do presente trabalho. Desse modo, o relato do presente trabalho poderá incentivar outros docentes a desenvolver essa metodologia em suas disciplinas. A seguir será apresentada, nesse artigo, uma breve síntese do que foi realizado nesses 40 anos de magistério na graduação universitária, adotando a metodologia de projetos.

Material e Métodos

A metodologia se baseia no aprendizado do método científico aos alunos de graduação dos cursos de Ciências Biológicas da Universidade Santa Úrsula de 1975-1999 e do curso de Oceanografia da Universidade do Estado do Rio de

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Janeiro de 198-2015, ambas instituições brasileiras. A metodologia foi uma transposição adaptada do trabalho rotineiro de um taxonomista da flora marinha bentônica. O projeto é exatamente igual ao de um projeto de pesquisa, porém realizado em microescala. Ele partiu de uma simples indagação. Qual é a composição taxonômica da flora bentônica marinha de uma praia? Ela varia do lado esquerdo ao direito ou de cima para baixo? Então foi construído com o aluno um miniprojeto e ensinado como se fazer a amostragem e acondicionamento das amostras no campo e laboratório. Em seguida, com auxílio de uma tábua de marés foi marcado um dia para amostragem. Todos os cuidados com a segurança da equipe foram ensinados. Ao aluno foi apresentada uma lista de praias rochosas marinhas ou estuarinas de acesso fácil, rasas e protegidas da energia das ondas para que ele escolhesse uma delas para ele realizar seu inventário florístico. Quando a disciplina se encerrava uma cópia do trabalho passava a pertencer ao acervo da disciplina e passava a ser fonte de informação para o semestre seguinte da mesma disciplina. Com as amostras acondicionadas elas foram identificadas taxonomicamente com auxílio de chaves ilustradas com desenhos ou fotografias de artigos de colegas brasileiros organizadas pelo próprio autor, em face da ausência de obras didáticas. Essas chaves tiveram os nomes taxonômicos atualizados nomenclaturalmente. No século 21 os alunos passaram a consultar as obras taxonômicas de Pedrini (2010, 2011 e 2013) e uma chave ilustrada atualizada de rodófitas de Pedrini (2014). Após identificados os gêneros alguns de seus exemplares, em melhor estado, foram desenhados ou fotografados e usados como figuras em pranchas para ilustrar o táxon identificado. Foram descritos com auxílio do livro de Joly (1967), de Pedrini (2011 e 2013), Nassar (2012) dentre outros. Uma chave dicotômica dos gêneros encontrados na praia era formulada e testada. Uma descrição simplificada dos gêneros era solicitada baseada no que os alunos viam. As referências usadas para conferência dos exemplares eram indicadas. Em seguida, todos os exemplares eram herborizados e exsicatas eram montadas com etiquetas de registro de herbário. Esse herbário era entregue, em anexo, ao texto para verificação da correção das identificações. O texto entregue continha os seguintes capítulos: a) título/autores; b) Resumo; c) Abstracts; d) Introdução; e) Área Estudada (com mapas); f) Material e Métodos; g) Resultados (Lista de gêneros com enquadramento taxonômico; descrição dos gêneros; ocorrência por áreas de coleta; ocorrência temporal; análise de similaridade; confecção de gráficos e dendrogramas); h) Discussão; i) Conclusões; j) Agradecimentos; k) Literatura Citada). Ao final os alunos apresentavam oralmente uma síntese de seu trabalho ao restante da turma. Além desses pressupostos, outros podem ser agregados. As exsicatas montadas em bom estado e que apresentavam alguma originalidade foram encaminhadas ao herbário das instituições respetivas. As amostras muito comuns ou em mal estado eram separadas para doação a alunos visitantes das universidades ou doadas para feiras de ciências. Os trabalhos eram feitos em grupos de 2-4 alunos. Na Universidade Santa Úrsula (privada) onde o método foi inicialmente aplicado a disciplina intitulava-se Botânica VIII (Algologia) e fazia parte do curso de licenciatura em Ciências

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Biológicas. Foi oferecida de 1975 a 1999 duas vezes ao ano e cada turma possuía cerca de 30 alunos. Na Universidade do Estado do Rio de Janeiro a disciplina intitula-se Fundamentos de Biologia III (conteúdo Botânica) e disciplina obrigatória do curso de oceanografia. Está sendo oferecida de 1981 até o momento (2015) uma vez ao ano com duas turmas de cerca de 25 alunos cada. O cálculo estimado do número de trabalhos desenvolvidos em cada disciplina foi variado. Para a disciplina optativa de Botânica VIII (Algologia) da USU foram 25 anos com cerca de 30 alunos e 2 vezes por ano, considerando cerca de 3 alunos por grupo. A disciplina embora não fosse obrigatória ela sendo optativa junto com outra obrigava aos alunos a fazer sempre uma delas o que terminava, fazendo com que pelo menos a metade dos alunos do curso fossem obrigados a fazê-la. Para a disciplina de Fundamentos de Biologia III (conteúdo Botânica) está sendo oferecida desde 1980 até o presente uma vez ao ano em duas turmas com cerca de 50 alunos no total por ano.

Resultados

A metodologia por projetos aplicada pelo autor de 1975-1999 na disciplina Botânica VIII do curso de Ciências Biológicas da Universidade Santa Úrsula produziu de modo estimado cerca de 500 trabalhos originais. Permitiu aos alunos o desenvolvimento de um projeto de pesquisa em taxonomia da flora bentônica marinha e estuarina. Abrangeu desde o planejamento amostral até a comunicação dos resultados, simulando um estágio num laboratório de pesquisa. O mesmo ocorreu na Universidade do Estado do Rio de Janeiro com a disciplina de Fundamentos de Biologia III (conteúdo Botânica) de 1980-2015. Supõe-se a produção estimada de cerca de 580 trabalhos disciplinares originais. Em ambas o conteúdo programático é o mesmo (Quadro 1).

Quadro 1 – Nome das disciplinas ministradas, suas respectivas instituições e número de produtos pedagógicos produzidos. Disciplinas

Botânica VIII (Algologia); (1975-1999).

Fundamentos de Biologia III (conteúdo Botânica); (19802015).

Instituição

Universidade Santa Úrsula

Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Número aproximado de trabalhos

500

580

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Desses trabalhos apresentados algumas vezes os próprios alunos o apresentam ainda que no nível de gêneros das algas em eventos da área de oceanografia como no evento estudantil Semana Nacional de Oceanografia ao Trabalhos. Ou nos profissionais como o Congresso Brasileiro de Oceanografia. Os trabalhos no nível genérico podem ser os mesmos formulados exclusivamente em sala de aula e os que demandam a classificação específica demandam mais algumas visitas ao laboratório de pesquisa quando se entrosaram com os alunos de Ciências Biológicas. Nesses casos, aumentam as autorias e há um congraçamento entre alunos da universidade. O quadro 2 apresenta alguns trabalhos bem recentes aprovados em eventos da área de oceanografia. O trabalho publicado no periódico alemão “Botanica Marina” citado no quadro 2 é o de Pedrini et al (1989). Ele foi o primeiro inventario florístico da flora marinha dessa ilha oceânica. Essa efeméride foi possível porque os alunos autores conseguiram autorização da Marinha do Brasil. Ela era para passaram um dia coletando amostras para o trabalho da disciplina. O segundo foi da aluna U. Vidal que iria passar férias na lindíssima praia tropical do litoral baiano e planejamos que coletasse amostras para o trabalho (Pedrini e Vidal, 1987).

Quadro 2 – Dados de dois dos trabalhos recentes publicados em periódicos e eventos científicos derivados dos que foram feitos por metodologia de projetos pelos alunos de Ciências Biológicas da USU. Nome dos periódicos/Anais Botanica Marina

Nome do trabalho A survey of marine algae from Trindade Island, Brazil

Anais da III Reunião Lista das Macroalgas Bentônicas da Praia do Forte, Mata Brasileira de Ficologia de São Joao, Bahia

O quadro 3 apresenta os trabalhos publicados em eventos científicos derivados dos trabalhos feitos por alunos do curso de oceanografia UERJ. O que gerou o trabalho sobre a praia de Areias Negras próximo tem grande importância pois é próxima a uma área com intensa exploração de petróleo offshore (Macaé). Lá foram encontradas duas novas referências de algas marinhas para o estado do Rio de Janeiro, segundo Pedrini et al. (2015). O segundo trabalho levantou, preliminarmente, a flora marinha da praia das Conchas que, hoje em dia, foi abrangido pelo Parque Estadual da Costa do Sol, segundo Paixão et al. (2014).

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Quadro 3 – Dados dos trabalhos publicados em eventos científicos derivados dos trabalhos feitos por metodologia de projetos por alunos do curso de oceanografia UERJ. Nome dos anais dos eventos

Nome do trabalho

XXVI Semana Nacional de Oceanografia

Inventário taxonômico preliminar da flora bentônica Marinha da Praia de Areias Negras, Rio das Ostras, RJ, Brasil.

VI Congresso Brasileiro de Oceanografia

Inventário taxonômico preliminar das algas bentônicas marinhas da Praia das Conchas, Cabo Frio, (Parque Estadual da Costa do Sol), RJ, Brasil.

Vale ressaltar que algumas praias não foram inventariadas taxonomicamente por pesquisas feitas por ficólogos profissionais até hoje. Exemplos são a praia das Conchas (Cabo Frio) e de Areias Negras (Rio das Ostras). Além do seu patrimônio científico estar identificado taxonomicamente (mesmo que demandando revisão) suas amostras herborizadas encontram-se guardadas no patrimônio do Herbário da UERJ (HRJ).

Discussão

A presente metodologia de projetos apresentada no contexto abordado se identifica profundamente com a perspectiva pedagógica freiriana (Freire, 2007). Por exemplo, o aluno participa da seleção do tipo de ecossistema costeiro que ele deseja realizar seu inventário taxonômico (manguezal, estuário, laguna costeira ou praia rochosa). Associado a essa escolha ele decide o local geográfico onde ele deseja desenvolver seu projeto. Esse protagonismo é incentivado para ser alcançado pelo aluno, desde o começo. Enquanto ele realiza suas tarefas detalhadamente planejadas ele vai crescendo na sua capacidade de organização. Expande também suas habilidades interativas e colaborativas, pois o trabalho mormente é em grupo. Vivencia regras de convivência pacifica para que o trabalho em grupo possa ser produtivo. Em campo, nas amostragens o aluno encarou as pressões antrópicas presentes, claramente ou não, nos ecossistemas estudados. Com os resultados biológicos devidamente comparados com a literatura da própria área ou próxima pode ou não comprovar se a flora marinha ou estuarina estava depredada. Nessa ocasião, sua conexão com os atores sociais predatórios é articulada, conferindo ao aluno a percepção de que a mediação fiscalizatória governamental não se efetiva. E que ele como um profissional de nível superior qualificado em assuntos do mar tem seu papel a cumprir no contrato social da ciência (Guston e Keninston, 1994). Pode protagonizar como gerador de

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informações da situação da flora marinha e estuarina e ser parceiro na fiscalização socioambiental. O aluno do ensino superior como de biologia ou de oceanografia, na universidade brasileira tem sua responsabilidade como agente de aprendizagem gratuita que lhe é atribuído pela sociedade. Participando interessadamente de disciplinas apoiadas por metodologias participativas como a de projetos ele terá um aprendizado teórico-prático mais dinâmico que aulas tradicionais (Bizzo, 2007; Krasilchik, 2011). Cerca-se então, o aluno, de atributos para exercer plenamente seu papel de sujeito crítico cumprindo seus deveres e exercendo seus direitos. Ele percebe então que a relação utilitarista do homem com o ambiente é regulada pelo governo e realizada pelo ator econômico. O aluno educado se capacita, pela metodologia de projetos, para que no seu cotidiano exerça sua função de cidadão crítico e fiscal do ator governamental e econômico quanto ao uso do ambiente. Conclusão A metodologia de projetos ensejou o aluno universitário a aprender botânica marinha através de uma abordagem dinâmica e motivadora. O aluno teve acompanhamento do professor-orientador que manteve conhecimento aprofundado sobre o conteúdo teórico-prático abordado nas duas disciplinas. Referências BIZZO, N.M.V. Ciências: fácil ou difícil? São Paulo: Editora Ática, 2007. BOZZATO, P. Pedagogia de Projetos: (Re) Significando o Ensino de Ciências e Biologia em uma escola pública estadual. In: ANPED SUL, 10., Anais... Florianópolis, outubro de 2014, 12 p. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 35°ed. São Paulo: Paz e Terra. 2007. GHILARDI-LOPES, N. P.; HADEL, V. F.; BERCHEZ, F. Guia para Educação Ambiental em Costões Rochosos. Porto Alegre: Artmed, 2012, 220 p. GUSTON, G.; KENINSTON, K. The Fragile Contract: Introduction. In: GUSTON, G.; KENINSTON, K. The Fragile Contract. Massachusets, MIT Press, p. 7-25, 1994. JACOBI, P. R. "Educação ambiental: o desafio da construção de um pensamento crítico, complexo e reflexivo. Educação e Pesquisa, v. 31, n.2, p. 233-250, 2005. JOLY, A. B. Gêneros da flora marinha da costa Atlântica latinoamericana. São Paulo: EdUSP, 1967. KRASILCHIK, M. Prática de Ensino de Biologia. 4a ed. São Paulo: EdUSP, 2011, 199 p. KNOLL, M. The Project Method: Its Vocational Education Origin and International Development. Journal of Industrial Teacher Education, v. 34, n. 3, p. 59-80, 1997. Disponível em: http://scholar.lib.vt.edu/ejournals/JITE/v34n3/Knoll.html; acesso em: 03 nov. 2015.

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