MEU CABELO É LUTA: RACISMO, RESISTÊNCIAS E EMPODERAMENTO NEGRO NO FACEBOOK 1

May 30, 2017 | Autor: Jessica Carneiro | Categoria: Race and Racism, Resistance (Social), Ethnicity, Black Power Movement
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MEU CABELO É LUTA: RACISMO, RESISTÊNCIAS E EMPODERAMENTO NEGRO NO FACEBOOK1 Jéssica de Souza Carneiro Pedro Renan Santos de Oliveira Universidade Federal do Ceará [email protected] Comunicação oral em Eixo 3 – Juventudes contemporâneas, participação política e territórios de resistência Os sites de redes sociais (SRS) têm se mostrado como campo de produção de múltiplas narrativas que se materializam imagética e verbalmente e que produzem tensionamentos de discursos e disputas identitárias. No intuito de entender as reatualizações do racismo e as opressões ligadas à cor e etnia na internet, este trabalho se propõe a compreender de que forma os movimentos de ciberativismo disparados pelos SRS, sobretudo o Facebook, produzem narrativas de identidade que impulsionam as lutas e disputas discursivas ligadas diretamente à resistência e ao empoderamento negro. Para fins de análise, o recorte empírico desta pesquisa – ainda em etapa inicial – tem o grupo de Facebook intitulado “No e Low Poo Iniciantes” como corpus, com corte temporal a análise das postagens realizadas entre os meses de janeiro e junho de 2016. O grupo consiste na reunião de novos adeptos à técnica “No e Low Poo” e, principalmente, pessoas que estão em processo de transição da química alisante aos fios naturais e/ou crespos. A técnica do “No e Low Poo” consiste no abandono de produtos que contenham substâncias nocivas à saúde capilar, como parafina, petrolatos e silicones insolúveis, e é praticada majoritariamente por pessoas com cabelos encrespados. Por tratar-se de um grupo que não reduz as discussões sobre a qualidade capilar e técnicas de manuseio do cabelo, mas por ampliar-se aos debates étnicos inerentes aos traços afrodescentes, ele se configura como produtor de identidade e, por estes motivos, é estratégico para os fins desta pesquisa. Ainda sobre as características do grupo, trata-se de uma modalidade de grupo fechado, com 215.786 membros, e 12 administradores, em que o ingresso está condicionado ao convite de alguém já participante. O material qualitativo é composto de retratos de tela das postagens veiculadas entre o período de análise, em que constam conteúdos não apenas voltados à técnica, mas relatos sobre o árduo “período de transição”, que consiste no abandono de processos de alisamento químico. Dentre os achados da pesquisa, percebeu-se no grupo uma rede de suporte de pessoas passam por situação de preconceito ao assumir os fios crespos naturais, e encontram nesta “transição” uma ferramenta de autoaceitação, autoempoderamento, e principalmente um instrumento para debates políticos sobre disputas étnicas e raciais. 1

Trabalho apresentado como Comunicação Oral, Eixo 3 - Juventudes contemporâneas, participação política e territórios de resistência, no IX Simpósio Brasileiro de Psicologia Política, entre 4 a 7 de outubro de 2016, em Natal-RN.

Deste modo, no tangente às disputas identitárias e movimentos de empoderamento, principalmente nas identidades étnicas que se apresentam como o cerne central deste trabalho, os SRS têm proporcionado o emergir dos discursos de resistências e, sobretudo, novos engendramentos éticos, estéticos e políticos, e que dimensionam a análise dessa Rede como espaço importante de (re)produção social. Palavras-chave: Racismo; Empoderamento; Resistência; Negro; Facebook.

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